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GRUPOS OCUPACIONAIS E QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

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GRUPOS OCUPACIONAIS

E QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO

NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

1

Paula Montagner2 Margareth Izumi Watanabe3

A qualificação para o trabalho tem sido apontada como uma das principais formas de garantir a inserção ocupacional para diferentes segmentos da população. No entanto, quando se trata de avançar na compreensão deste tema, ainda há muitas lacunas a serem preenchidas. Aceitando-se o pressuposto de que este é um dos aspectos associados ao problema recentes enfrentados pelo mercado de traba-lho brasileiro, notadamente quanto ao descompasso entre o perfil da mão-de-obra existente e as novas necessidades impostas pela transfor-mação substancial da base tecnológica e das formas de gestão dos negócios, muitas questões se colocam a respeito de qual a qualificação efetivamente necessária para as diferentes ocupações hoje conhecidas; da nova articulação a ser desenvolvida entre o aprendizado formal e o decorrente do processo de trabalho; e dos papéis que devem desempe-nhar as instituições sociais já envolvidas nesses processos: a escola, a empresa, os centros de capacitação para o trabalho e os demais órgãos responsáveis pela gestão de um sistema público de formação profissio-nal4.

1 Este artigo apresenta parte do Relatório Final do Convênio SEADE e Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo. A qualificação para o Trabalho na Região Metropolitana de São Paulo: os limites para a reconversão, São Paulo, Dezembro de 1997 que utilizou dados dos questionários comple-mentares levados a campo em 1996 e 1997, parcialmente financiados pela Secre-taria da Educação do Estado de São Paulo e pela FINEP. As autoras agradecem a cessão dos dados para a elaboração deste artigo.

2 Economista, analista da Fundação SEADE. 3 Socióloga, analista da Fundação SEADE.

4 Para uma análise em busca articular este aspecto a outros igualmente importan-tes, ver Dedecca (1997).

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Em mercados de trabalho como o brasileiro, com elevada flexibilidade de contratação e demissão e com população caracterizada por escolaridade e organização social relativamente baixas, o tema da qualificação e capacitação para o trabalho envolve um paradoxo rela-tivamente conhecido: como há elevada rotatividade, voluntária ou involuntária, dos trabalhadores, é pequeno o incentivo aos emprega-dores para realizarem investimentos com vistas a melhorar a qualifi-cação de seus empregados, reforçando assim um círculo vicioso através do qual apenas os trabalhadores com alguma qualificação tendem a apresentar maiores oportunidades de inserção ocupacional, enquanto para a grande maioria há crescente dificuldade em estabelecer traje-tórias profissionais mais consistentes.

No Brasil, a abertura econômica e a introdução de um novo padrão tecnológico e gerencial parece ter implicado, ao longo dos anos 90, importante redução do emprego industrial em empresas de maior porte, mas, tal como em outros países, as alterações na estrutura produtiva ainda parecem bastante modestas. Estudos setoriais recen-tes, realizados junto a empresas exportadoras das indústrias metal-mecânica e alimentar no Brasil, Chile, Colômbia e México, são ilustrativos da baixa difusão de processos de reorganização da produ-ção – mensurados, por exemplo, pela introduprodu-ção de Controle

Estatís-tico da Qualidade (CEQ), procedimentos de just-in-time, kaizen

(melhoria contínua do processo produtivo) e células produtivas (Abra-mo, 1997).

Neste contexto, ainda parece localizada a imagem, fre-qüentemente tomada como paradigmática, de que as empresas inse-ridas no processo de racionalização produtiva necessitariam alterar recorrentemente as funções e tarefas que cada trabalhador realizaria, o que implicaria, por decorrência, que estes fossem capazes de se adaptar, de forma contínua, às mudanças do processo de trabalho pela capacitação para realizar múltiplas tarefas. Os estudos disponíveis até agora mostram, contudo, que teria prevalecido a tendência oposta, representada pela simplificação das tarefas e não a ampliação da

rotação destas entre os ocupados.5

5 Segundo Abramo, entre 1993-1997, a reorganização produtiva observada teria provocado a simplificação de tarefas em 60% das empresas metal-mecânicas, enquanto a ampliação de tarefas e a rotação teria ocorrido em 35% e 48% dos casos, respectivamente.

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Por outro lado, a crescente ampliação de ocupações nos serviços e no comércio, segmentos em que predominam empreendimen-tos de pequeno porte e com variadas formas de inserção – muitas das quais se associam mais a estratégias de sobrevivência dos indivíduos do que à organização de novos segmentos produtores de serviços necessários à vida urbana e ao apoio da produção –, levam a que sejam valorizados aspectos bastante diversos daqueles anteriormente comentados, notada-mente a capacitação gerencial e a iniciativa individual na busca de soluções inovadoras para atender demandas específicas dos clientes, tal como ocorre nos bancos, nas escolas, nos hospitais e no comércio.

A diversidade de situações encontradas obriga, portanto, a que seja empreendido um esforço de articulação das informações relativas ao comportamento do mercado de trabalho, de forma cada vez mais detalhada, para permitir a identificação das principais carac-terísticas das ocupações geradas, do tipo de mão-de-obra disponível para a realização do trabalho e das possibilidades de se aproveitar a experiência acumulada na definição do papel dos diversos agentes deste processo, buscando assim enfrentar o desafio representado pelo atendimento simultâneo das novas demandas da reconversão produ-tiva e das necessidades de geração de novas oportunidades de inserção ocupacional para os indivíduos, na quantidade e qualidade adequadas. Este estudo tem como objetivo subsidiar a compreensão deste processo, detalhando a evolução do mercado de trabalho da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, nos anos 90, através de novos indicadores relativos às oportunidades de trabalho geradas e das principais áreas nas quais trabalhadores têm ampliado sua capa-citação. Estas informações procuram representar os efeitos recentes das transformações em curso, da ótica do trabalhador, na medida em que são provenientes de pesquisa domiciliar (Pesquisa de Emprego e Desemprego) realizada pela Fundação SEADE e pelo DIEESE.

Para permitir este recorte, o artigo foi dividido em duas partes. Na primeira, após descrever, de forma sintética, os procedi-mentos metodológicos para gerar os indicadores que permitem iden-tificar os grupos de ocupação característicos da região, foi analisada a sua evolução, nos anos 90, tornando possível indicar como a rotativi-dade nos postos de trabalho atingiu os diversos grupos de ocupações. Na segunda parte, serão indicadas as principais áreas de qualificação para o trabalho buscadas pelos ocupados, através da

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definição de áreas de formação complementar que tendem a ser apontadas como importante elemento da reconversão dos trabalhado-res nos diferentes grupos de ocupação. A partir desta compreensão mais apurada, procurou-se captar em que medida a capacitação pro-fissional, obtida através de cursos e treinamentos, foi reconhecida como válida, por parte do trabalhador, para o desempenho de sua ocupação no momento de sua entrevista, ao longo do ano de 1997. Pretende-se, assim, contribuir para explicitar as dificuldades a serem enfrentadas no sentido de adequar as características da mão-de-obra às demandas do padrão de organização produtivo da região.

AS CARACTERÍSTICAS DAS OCUPAÇÕES DA RMSP NOS ANOS 90

Procedimentos metodológicos

Os limites impostos para a utilização das estatísticas dis-poníveis sobre a evolução das ocupações podem ser resumidos em dois tipos. De um lado, uma representação parcial do mercado de trabalho obtida nas informações empresariais presentes nos registros adminis-trativos da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, com cober-tura mais adequada entre as empresas de maior porte e os empregados com vínculo formalizado pelo registro legal do contrato de trabalho. De outro lado, a dificuldade de trabalhar com informações amostRAIS captadas nas pesquisas domiciliares, que envolvem erros amostRAIS não desprezíveis, mesmo quando superadas outras dificuldades, como as descrições adequadas das tarefas e funções e a elaboração de um sistema de classificação mais próximo da realidade.

A principal forma de superar as dificuldades impostas pela utilização de pesquisas amostRAIS consiste em encontrar critérios que permitam a agregação das informações relativas às ocupações. Neste caso, a utilização de agrupamentos de famílias ocupacionais, tal como implícito no atual sistema de classificação, que as associa por grupos de atividade, vem se tornando crescentemente inadequado diante da redefinição das atividades realizadas pelas empresas que buscam reorganização produtiva de suas atividades. Isto significa que, ao focalizar suas atividades, empresas que antes eram classificadas no setor industrial, por exemplo, a depender do critério utilizado,

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pode-riam passar a ser classificadas como prestadoras de serviços e vice-ver-sa. Como este processo continua em desenvolvimento, há pouco con-senso quanto aos trânsitos intra e intersetoriais predominantes e sobre quais dentre estes levariam a trajetórias profissionais com possibilidade de crescimento ou mesmo continuidade.

Neste sentido, tornou-se fundamental estabelecer crité-rios pelos quais as informações relativas às ocupações fossem agrupa-das, privilegiando aspectos da qualificação para o trabalho. Uma vez que o objetivo deste exercício era encontrar ocupações que envolves-sem indivíduos com habilidades relativamente inter-cambiáveis, uma primeira aproximação pôde ser obtida através dos requisitos educacio-nais associados a cada ocupação.

Segundo trabalho recente, realizado por Pryor, Shaffer (1997) seria possível associar a cada ocupação uma determinada média de anos de escolaridade, que corresponderia àquela encontrada entre os ocupados com idades entre 25 e 49 anos que nelas atuassem. A escolha de indivíduos nesta faixa etária visaria encontrar um grupo de profissionais que, tendo completado sua formação escolar básica, tenderiam a representar profissionais que exerceriam tarefas condi-zentes com as descrições associadas àquelas famílias ocupacionais. Ao agregar ocupações que apresentam médias semelhantes, seria possível determinar grupos de ocupações que delimitariam horizontes de pos-sibilidades de inserção ocupacionais mais amplos, por ultrapassarem as divisões ocupacionais e setoriais usuais, e que permitiriam virtual-mente aproveitar de modo mais completo a habilitação básica desen-volvida a partir da escolaridade mínima encontrada em cada região.

Aceitando os limites impostos pelas implicações da utiliza-ção deste tipo de hipótese – que pode, em seu limite extremo, ser entendida como a desvalorização de saberes específicos acumulados nas diferentes ocupações/profissões, em favor de uma abstração, se-gundo a qual seria possível reaproveitar vários tipos de experiências de trabalho e conformá-los em novos grupos ocupacionais –, foi reali-zado um exercício para indicar o comportamento dos diferentes grupos de ocupações presentes na RMSP. Neste trabalho foram estabelecidos quatro grupos de ocupações, com base nas médias de anos de escola-ridade das ocupações encontradas no biênio 1995-1996 nesta região: as de nível superior, que agregam ocupações com escolaridade média superior a 13,5 anos; as de nível médio, que incluem aquelas cuja média encontrava-se entre 10,6 e 13,5 anos; as de nível fundamental,

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referentes àquelas cuja média estava entre 7,6 e 10,5 anos; e as de nível inferior ao fundamental, que correspondem a todas as ocupações cuja média encontrada foi inferior a 7,5 anos.

Uma vez que a escolaridade média dos ocupados ainda é relativamente baixa, verificou-se que havia elevada proporção de ocupados no último grupo, com nível de escolaridade inferior ao fundamental (Tabela 1). Foram desagregadas as ocupações com esco-laridade média inferior ao básico em quatro subgrupos: com sete anos de escolaridade, com seis anos, com cinco anos e com até quatro anos de escolaridade. Como há lógica bastante diversa entre trabalhar em tarefas de limpeza junto a empresas ou junto a famílias, os empregados domésticos foram destacados do grupo com até quatro anos de escola-ridade.

Tabela 1

DISTRIBUIÇÃO DAS OCUPAÇÕES, SEGUNDO ANOS MÉDIOS DE ESCOLARIDADE

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO 1995/1996

Grupos de ocupações 1995-1996

Total (1) 100,0

Ocupações de nível superior 6,6

Ocupações de nível médio 23,0

Ocupações de nível básico 24,6

Ocupações com escolaridade inferior

ao nível fundamental 45,7

Ocupações com 7 anos de estudo 18,2 Ocupações com 6 anos de estudo 8,6 Ocupações com 5 anos de estudo 4,7 Ocupações com 4 anos de estudo (2) 14,1 Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego

e Desemprego – PED.

(1) Exclusive ocupações mal definidas ou que não tiveram registro de caso no biênio de 1995-1996.

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Para maior precisão dos resultados, foram discriminadas informações relativas às ocupações cuja codificação não se mostrou precisa no que diz respeito ao tipo de tarefa exercida e que, por isto, constituíram o grupo de Ocupações Mal Definidas. Vale destacar que a média de escolaridade encontrada para os integrantes deste grupo equivalia, em 1995-1996, a 7,6 anos, o que os coloca no limite entre as ocupações com nível inferior ao fundamental e de nível fundamental, sugerindo que representem, pelo menos parcialmente, dificuldades de codificação decorrentes do aumento de ocupações diversas das asso-ciadas ao padrão produtivo que deu origem à classificação ocupacional utilizada. Descreve-se, a seguir, a composição dos principais grupos ocupacionais definidos:

O grupo de ocupações com nível superior de escolari-dade compõe-se daquelas pessoas com mais de 13,5 anos de estudo, correspondendo a cerca de 7% do total de ocupados da RMSP (Tabela 1). A maior parte das ocupações refere-se a profissionais cuja atividade está regulamentada por conselhos profissionais de grande tradição nas áreas jurídica, de saúde (medicina, enfermagem, psicologia), de enge-nharia, de ensino (de nível médio e superior), de contabilidade e auditoria. Um grupo relativamente novo é o constituído pelos Analis-tas de Sistemas, que tem ampliado crescentemente sua participação no conjunto das ocupações, como reflexo das novas necessidades geradas pela difusão da informática.

Neste grupo, incluem-se também, sob a denominação de Outras Ocupações na Área de Humanas, ocupados que atuam como sociólogos, demógrafos, antropólogos, historiadores, geógrafos, biblio-tecários, economistas, famílias ocupacionais que desagregadas pos-suem baixa representatividade no conjunto dos ocupados.

Nas famílas ocupacionais formadas por diretores e chefes, apenas aqueles da Administração Pública e dos Serviços de Crédito e Financiamento, apresentaram escolaridade média acima de 13,5 anos, sendo agregados nas ocupações de nível superior, enquanto os demais diretores, gerentes e chefes foram classificados nas ocupações de nível médio indicando a ainda relativa baixa instrução dos quadros de direção e gerência observada nos demais ramos de atividade da RMSP. As ocupações de nível médio agregam aquelas com uma média de 10,6 a 13,5 anos de estudo, sendo que sua participação no conjunto das ocupações equivalia a cerca de 23% do total da região

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(Tabela 1). A explicação para esta participação relativamente elevada pode ser encontrada na predominância de ocupações associadas à administração, gerenciamento e planejamento de negócios e empre-sas, além dos serviços públicos, característica que já marcava o mer-cado de trabalho regional desde a segunda metade dos anos 80.

Neste grupo foram destacadas 20 famílias ocupacionais, a maior parte em atividades associadas à prestação de serviços, embora possam ser encontrados profissionais em outras atividades. Destacam-se assim os escriturários e auxiliares de escritório, os assistentes administrativos, gerentes e administradores, os corretores, compra-dores e representantes comerciais, os professores de ensino funda-mental e da pré-escola, além dos chefes e outros encarregados de seções no serviço público. Destaca-se, ainda, a participação dos ocupa-dos que realizam tarefas técnicas em atividades industriais – mecâni-ca, eletroeletrônimecâni-ca, química – mas também nos serviços – conta-bilidade, desenho, análises laboratoriais, entre outras.

O grupo das ocupações associadas ao nível

funda-mental foi formado pelas famílias ocupacionais com médias de

esco-laridade entre 7,6 e 10,5 anos, que correspondiam, no biênio 1995-1996, a 17% das ocupações da RMSP (Tabela 1).

Neste grupo destaca-se a presença de 12 famílias ocupa-cionais, parte das quais relacionadas ao segmento industrial, incluindo aquelas que, notadamente, vêm sendo objeto de intensa transforma-ção, como as chefias intermediárias, os inspetores de qualidade e

categorias que chegaram a apresentar algum tipo de status social entre

os trabalhadores qualificados da Região, como a dos ferramenteiros e os modeladores e cortadores de roupas.

Por outro lado, encontram-se também neste grupo os vendedores, os promotores de vendas, as recepcionistas, os enfermei-ros sem diploma de terceiro grau, caixas e auxiliares de contas, famílias de ocupações que envolveriam grau de instrução semelhante, ainda que habilidades expressivamente diversas daquelas observadas entres as ocupações do setor industrial, parte das quais vem sendo eliminada, seja pelo processo de simplificação dos níveis hierárquicos, seja pela automatização de alguns procedimentos.

Entre as ocupações que mostram ampliação – tal como vendedores que representavam mais de 40% deste grupo –, além de predominar o contato com o público e de supor maior desenvoltura em

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transmitir informações através da comunicação verbal, verifica-se ainda diversidade de oportunidades no que diz respeito às características individuais, não devendo ser desconsiderado o aumento de competição individual propiciado pelo fato de estas ocupações oferecerem maior oportunidades de trabalho para mulheres, ao contrário do que ocorria na maioria das ocupações que tendem a diminuir no setor industrial. Um desafio considerável a ser enfrentado quando se pensa em requalificar indivíduos neste grupo e naqueles com nível de instrução inferior (ver Salm, 1997), em que concentram as ocupações menos qualificadas e que tenderiam a ser reformuladas ou virtualmente eliminadas.

As ocupações associadas a nível de instrução

infe-rior ao fundamental constituem cerca de 50% das existentes na

RMSP. É relativamente óbvio que estas ocupações, que tendem gra-dualmente a incorporar indivíduos com escolaridade mais elevada que a atribuída a este grupo, apresentam condições de trabalho mais desfavoráveis, seja pelo tipo de tarefas e do esforço físico envolvido, seja pelo padrão de remuneração, seja ainda pela desvalorização social dirigida a seus ocupantes.

No período em análise, decresceu a participação das ocu-pações com até três anos de escolaridade e daquelas com sete anos de estudo, enquanto aumentou a participação das ocupações com quatro anos de escolaridade, e permaneceu praticamente estabilizada a da-quelas com cinco e seis anos de escolaridade.

Observando a composição do grupo de ocupações com

até três anos de escolaridade, verifica-se que duas famílias

ocupa-cionais, a dos trabalhadores braçais e a dos pedreiros, representam 90% deste subgrupo. Já no subgrupo de ocupações com quatro

anos de estudo, os trabalhadores em atividades de limpeza e

conser-vação de empresas e de domicílios representam 95% destes. Vale lembrar que, neste último, os empregados domésticos tendem a ser principalmente mulheres, enquanto nas demais ocupações predomi-nam homens.

O subgrupo de ocupações com cinco anos de

escola-ridade, que correspondia, em 1995-1996, a 5,0% das ocupações na

RMSP, apresenta maior diversidade de famílias ocupacionais (Tabela 1). Entre aquelas com maior representatividade, destacam-se os pin-tores e caiadores, os cozinheiros e os garçons e atendentes, que compreendiam a 61% das ocupações deste subgrupo.

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Note-se, porém, a expressiva participação de ocupações típi-cas do setor industrial – soldadores, funileiros, montadores de estruturas, operadores de máquinas em indústrias de borracha e plásticos e de prensas mecânicas, trabalhadores na indústria de alimentos –, que têm, no entanto, isoladamente contingentes menores (Tabela 6).

No subgrupo de ocupações com seis anos de

escolari-dade, que correspondia a 9% das ocupações da região no biênio em

análise, verifica-se situação semelhante. Formado por uma variedade maior de famílias ocupacionais que os subgrupos de ocupações com até quatro e cinco anos de escolaridade, já que 15 alcançam repre-sentatividade estatística, quatro famílias – manobreiros e sinaleiros nos transportes, carcereiros e vigilantes, alfaiates e costureiras, tra-balhadores em caldeiras e bombas – reúnem 60% do subconjunto.

O subgrupo constituído pelas ocupações com sete anos

de escolaridade, que representavam 18% do total das ocupações,

verificou-se menor dispersão: são sete as famílias ocupacionais que o compõem, destacando-se a representatividade de três delas: eletricis-tas de instalações, cabeleireiros e manicures, e trabalhadores nas atividades de contagem de estoques e de despacho de mercadorias, que respondiam por 57% das ocupações neste subgrupo.

Comparando os resultados encontrados nos dois biênios em análise, verificou-se que a menor participação deste subgrupo decorreu, principalmente, do decréscimo na participação de ocupados na metal-mecânica, que atingiu de forma mais acentuada as famílias ocupacionais formadas por mecânicos, fresadores de metais, furado-res, retificadores e torneiros mecânicos que, entretanto, ainda repre-sentam importantes contingentes de ocupados na RMSP. Tal como comentado quando analisado o grupo de ocupações com nível básico, ocupações que envolvem habilidades distintas são as que tendem a substituir as ocupações do setor industrial e gradualmente constituir a base das ocupações com nível básico, uma vez que com a maior escolarização da população, parte destas ocupações deve atingir este nível de escolaridade média.

Este tipo de exercício permite uma avaliação da forma como vem ocorrendo o aproveitamento de ocupados com escolaridade superior à atribuída aos diversos grupos de ocupações. Uma vez que não há indicações explícitas de quais sejam as ocupações que envolvem conhecimentos de nível fundamental, médio ou superior, os limites

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utilizados para definir cada grupo de ocupação buscaram uma aproxi-mação com a estrutura de ensino vigente no país. Segundo este procedimento, foi considerado como fundamental a escolaridade cor-respondente a 8 anos de estudo, médio a 11 anos e, superior, acima de 13 anos de estudo. Vale lembrar, no entanto, que as habilidades envolvidas em cada grupo de ocupação não estão, necessariamente, associadas a um nível de ensino específico, e ainda assim verificou-se elevado descompasso entre as necessidades educacionais atribuídas aos grupos de ocupações utilizados e a escolaridade dos indivíduos que neles se inserem.

No que diz respeito aos ocupados inseridos no grupo de ocupações de nível médio, cerca de 25% apresentavam escolaridade superior a 13,5 anos, o que indica elevada proporção de indivíduos que, tendo possivelmente atingido formação de nível superior, não se encontravam ocupados em atividades em que predominassem pessoas com a mesma formação. A situação reaparece de forma mais acentuada entre os ocupados inseridos em ocupações de nível fundamental. Entre estes, 32,5% possuem escolaridade superior a 10,5 anos de escolarida-de, sugerindo que pelo menos um terço dos ocupados nestas atividades, mesmo concluindo o ensino médio, não tiveram oportunidades de inserir-se de forma mais condizente com seu novo nível educacional ou, o que pode ser igualmente desfavorável, tendo trabalhado em ocupações que envolviam este tipo de conhecimentos, apresentou um trânsito ocupacional desfavorável entre o último emprego e o atual.

A hipótese levantada para as ocupações de nível funda-mental pode ser estendida em relação a parte das ocupações que envolvem cinco, seis e sete anos de escolaridade média, uma vez que a elevada rotatividade de trabalhadores nestas ocupações novamente mostram que cerca de um terço de seus integrantes apresentavam escolaridade superior àquela associada ao grupo de ocupações em que estes se encontravam. Esta situação, em boa medida está associada ao estreitamento do mercado de trabalho regional nos anos 90 definido pela diminuição de novas oportunidades de trabalho e aumento do contingente de desempregados, o que ampliou o uso da escolaridade como critério de seleção dos ocupados.

Apresentadas as limitações impostas por estes indicado-res, que espelham apenas parcialmente a qualificação do trabalhador, procura-se a seguir indicar o comportamento desses diferentes grupos de ocupações ao longo dos anos 90.

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A evolução dos grupos ocupacionais na Região Metropolitana na São Paulo

Entre os principais aspectos que caracterizaram o compor-tamento do mercado de trabalho na RMSP durante os anos 90, destaca-se o aumento do desemprego, a redução do ritmo de geração de postos de trabalho, notadamente dos postos de trabalho assalaria-do, o decréscimo do contingente de ocupados no setor industrial e a geração de novas ocupações em empreendimentos de menor porte no Comércio e nos Serviços Privados. No que diz respeito ao desempenho dos diversos grupos de ocupação, pode-se observar que a criação de novas ocupações ocorreu de forma a espelhar a transformação da especialização da RMSP, em termos das atividades que nela permane-cem e do tipo de ocupações que mais se ampliaram.

De um lado, observa-se que diminui o ritmo de geração das ocupações com nível inferior ao fundamental (escolaridade de até 7,5 anos em 1995-1996, excetuadas aquelas que formam o grupo das mal definidas). Ainda que ampliado em 214 mil novos postos de trabalho entre 1988-1989 e 1995-1996, a participação deste grupo no total dos ocupados decresceu de 44,4% para 42,4%. Este desempenho pode ser associado, principalmente, ao declínio da ocupação na Indústria e na Construção Civil.

Com desempenho igualmente fraco, pode-se apontar o grupo de ocupações com nível médio, cujo aumento de 147 mil novas ocupações, ocorreu em ritmo inferior ao do conjunto dos ocupados. Este resultado parece associado predominantemente aos processos de modernização dos escritórios e a diminuição do emprego público observado na região durante o período (Tabela 2).

Por outro lado, o grupo de ocupações que apresentou melhor desempenho corresponde àquele com nível superior que, tendo gerado 141 mil novas ocupações, aumentou sua participação no total dos ocupados de 4,7% para 6,1%, entre 1988-1989 e 1995-1996.

As ocupações de nível fundamental, que correspondiam em 1988-1989 a cerca de 22,5% do total, mantiveram sua participação praticamente estabilizada ampliando o contingente de ocupados, en-tre aquele biênio e o de 1995-1996, em cerca de 202 mil novos postos de trabalho, crescendo com intensidade pouco superior à do conjunto dos ocupados.

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Já as ocupações mal definidas, que em 1995-1996 apresen-tavam 7,6 anos de escolaridade, expandiram-se com maior intensida-de, ampliando em 98 mil pessoas o contingente dos que exerciam tarefas pouco especificadas ou que não tinham codificação prevista, representando 7% dos ocupados nesta região (Tabela 2).

Em seu conjunto, este desempenho sugere que, mantida a evolução observada na primeira metade dos anos 90, tenderiam a se ampliar na RMSP oportunidades para aqueles ocupados que pudessem se inserir em ocupações de nível fundamental, mesmo que atualmente sejam consideradas como mal definidas, e de nível superior, enquanto as ocupações de nível médio e inferior ao fundamental poderiam apresentar maiores dificuldades de expansão.

Tabela 2

ESTIMATIVA DOS OCUPADOS,

SEGUNDO GRUPOS DE OCUPAÇÃO E SUAS VARIAÇÕES REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

1995-1996

(em 1.000 pessoas)

Grupos de ocupação 1988-1989 1995-1996 Variações

Absolutas Relativas (%)

Total dos ocupados 6.349 7.153 804 12,7

Grupo de ocupação de nível superior 298 439 141 47,3 Grupo de ocupação de nível médio 1.378 1.525 147 10,7 Grupo de ocupação

de nível fundamental 1.429 1.631 202 14,1

Grupo de ocupação

de nível inferior ao fundamental 2.819 3.034 215 7,6

Grupo de ocupações mal definidas 425 523 98 23,1

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De modo a qualificar de forma mais adequada este com-portamento, buscou-se utilizar as informações relativas à trajetória ocupacional dos integrantes da População em Idade Ativa, captada através de questionário complementar realizado pela PED entre abril

e dezembro de 1997.6

Segundo estas informações, cerca de 71% dos indivíduos em idade ativa haviam tido experiência no mercado de trabalho

durante os anos 90. Como a taxa de participação7 da População

Economicamente Ativa do período não chegou a ultrapassar 62%, pode-se identificar a existência de um importante fluxo de indivíduos entre a atividade e a inatividade. Este é um dos aspectos menos estudados do funcionamento do mercado de trabalho mas que permite ilustrar a dimensão alcançada pela ampliação da participação

femini-na, em contrapartida à diminuição da taxa de participação masculifemini-na,8

e o decréscimo da participação de jovens em contrapartida à ampliação de adultos em faixas etárias mais avançadas, observado neste período na região.

A partir das informações deste questionário complemen-tar, também foi possível detectar outros aspectos da rotatividade dos indivíduos no mercado de trabalho. Em relação aos entrevistados no período entre abril e dezembro de 1997, foi possível identificar se, quando ocupados, tinham estabilidade no posto de trabalho ou não; as características do último posto ocupado, caso tivessem mudado de emprego nos anos 90; os que se encontravam em seu primeiro emprego e os que tinham se reinserido no mercado de trabalho depois de terem permanecido inativos ao longo dos anos 90. No período em análise, cerca de 58% dos ocupados indicaram ter mudado pelo menos uma vez de emprego, proporção que equivalia a cerca do dobro dos que manti-veram a mesma ocupação (28%), entre 1990-1996 (Tabela 3).

6 As informações relativas a este questionário complementar foram analisadas no Relatório de Pesquisa Mobilidade Ocupacional – Interação entre Experiência e Escolaridade (Relatório... 1997).

7 A taxa de participação da População Economicamente Ativa corresponde à pro-porção de ocupados e desempregados (População Economicamente Ativa) no conjunto de pessoas com dez anos e mais (População em Idade Ativa).

8 A taxa de participação feminina corresponde à proporção de mulheres ocupadas e desempregadas no total de mulheres com dez anos e mais e a taxa de participação masculina à proporção de homens ocupados e desempregados no total de homens de dez anos e mais da RMSP.

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Quanto às diferenças observadas, segundo grupos de ocu-pações, entre os ocupados que permaneceram no emprego e aqueles que mudaram de emprego nos anos 90, verificou-se, como esperado, que a proporção de ocupados que permaneceu no mesmo emprego atuava em ocupações de nível superior e médio, o que correspondeu a 43% do total de ocupados nesta condição. Embora menor, é expressiva a proporção daqueles inseridos em ocupações de nível fundamental ou em ocupações mal definidas (26%) que se mantiveram no mesmo posto de trabalho. Entre as ocupações com nível inferior ao fundamental, que respondem por pouco mais de 30% dos ocupados que puderam manter seu emprego, destaca-se o fato de cerca da metade encontrar-se em ocupações com sete anos de escolaridade média, sendo decrescente a participação daquelas com menor escolaridade (Tabela 4).

Tabela 3

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

COM EXPERIÊNCIA DE TRABALHO NOS ANOS 90, SEGUNDO FLUXOS ENTRE CONDIÇÃO DE ATIVIDADE

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ABRIL A DEZEMBRO DE 1996

(em porcentagem) Fluxos entre condições de atividade Total Ocupados

População em Idade Ativa com experiência 100,0

Ocupados 73,6 100,0

Ocupados com mudança 42,9 58,2

Ocupados sem mudança 20,3 27,6

Ocupados no 1º emprego 6,5 8,9

Ocupados com experiência anterior aos anos 90 3,9 5,3

Desempregados 11,1

Inativos 15,3

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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Em contrapartida, a proporção de ocupados que mudaram de emprego pelo menos uma vez nos anos 90 e que atuavam em ocupações com nível de escolaridade inferior à fundamental corres-ponde a cerca de 49% dos que se encontravam nesta condição, sendo que mais de 60% destes atuavam em ocupações com, no máximo, seis anos de escolaridade. Estes resultados reafirmam a constatação de que são maiores as dificuldades dos indivíduos inseridos em ocupações que demandam menor escolaridade, pois além de estarem sujeitos a ren-dimentos médios menores, estes tendem a não se ampliar. Para isto contribui o fato de ser ainda pequena a proporção do ocupados que conseguem permanecer no mesmo posto de trabalho e que, em tese, poderiam ser incentivados a ampliar sua qualificação, seja pelo próprio empregador, seja por iniciativa própria.

Tabela 4

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS COM MUDANÇA DE EMPREGO NOS ANOS 90,

SEGUNDO GRUPOS DE OCUPAÇÃO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

ABRIL A DEZEMBRO DE 1996

(em porcentagem) Grupos de ocupação

Distribuição dos ocupados Total Sem mudançade emprego Com mudançade emprego

Total (1) 100,0 100,0 100,0

Grupo de ocupação de nível superior 6,3 10,6 4,4

Grupo de ocupação de nível médio 21,9 32,9 17,7

Grupo de ocupação de nível fundamental 22,3 21,6 21,9 Grupo de ocupação de nível inferior

ao fundamental 42,5 30,2 48,6

Ocupações com 7 anos de escolaridade 16,5 14,6 18,0 Ocupações com 6 anos de escolaridade 7,9 5,0 8,9 Ocupações com 5 anos de escolaridade 4,4 3,2 5,1 Ocupações com até 4 anos de escolaridade 5,4 2,3 7,3

Serviços domésticos 8,3 5,1 9,3

Grupo de ocupações mal definidas 7,1 4,6 7,4

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Exclusive os que não declararam grau de instrução e/ou código de ocupação.

(17)

À primeira vista pode-se afirmar que a possibilidade de manter-se por um período mais longo no mesmo posto de trabalho, além de restrita a um grupo pequeno de ocupados, está associada aos grupos de ocupações com maiores níveis educacionais. De forma complementar, pode-se constatar que é maior a rotatividade dos trabalhadores inseridos nos grupos de ocupação associados à menor qualificação. No entanto, não deixam de ser relativamente elevados os percentuais de ocupados que, mesmo inseridos em grupos ocupacio-nais de maior qualificação, tiveram mudanças de emprego. Uma vez que pelo menos parte das ocupações pode ter sido afetada pelas transformações do processo de trabalho, possivelmente sofrendo alte-rações no conteúdo das funções e/ou perda de importância na nova forma de organização vigente no mercado de trabalho regional, torna-se importante aprofundar a análitorna-se dos indicadores referentes aos ocupados com mudança de emprego no período em pauta.

Um indicador sugestivo das transformações recentes do mercado de trabalho regional pode ser obtido comparando a trajetória ocupacional daqueles que mudaram de emprego nos anos 90. Dispon-do-se de informações sobre o grupo de ocupação do trabalho anterior e o atual, foi possível verificar a complexidade da mobilidade ocupa-cional ocorrida na RMSP no período em análise, ao quantificar a proporção dos que obtiveram nova inserção em grupos de ocupação que envolvem qualificação superior, igual ou inferior à anterior. Entre os ocupados que mudaram de emprego nos anos 90, verificou-se que parte significativa destes o fez no mesmo grupo de ocupações, suge-rindo a possibilidade de aproveitamento da experiência anterior como fator favorável à manutenção de sua condição de empregado. Isto ocorreu predominantemente entre os ocupados com maior qualifica-ção – inseridos em grupos de ocupaqualifica-ção de nível superior (64%) e médio (61%) –, mas também entre aqueles que se encontrariam nas ocupa-ções menos qualificadas, representadas pelo emprego em Serviços Domésticos (67%) e nas ocupações com até 4 anos de escolaridade (56%).

É notável o percentual dos que originalmente inseriam-se em grupos ocupacionais de maior qualificação e que, ao mudarem de ocupação, ingressaram em outros grupos, associados a uma qualifica-ção inferior à do grupo de origem. Se o elevado percentual de indiví-duos com nível superior nessa situação (36%) pode ser, pelo menos em parte, associado ao fato de a maioria dos cargos de direção e gerência

(18)

privada apresentarem nível médio, devido ao grande percentual de gerentes e empresários de empresas de pequeno porte que não têm ainda escolaridade superior, relativizando este resultado, reflete tam-bém a subutilização da escolaridade mais elevada de parte da popula-ção. Já para aqueles que se inseriam anteriormente em ocupações de nível médio, o mesmo não ocorre. Para um terço destes verificou-se inserção em ocupações associadas, no máximo, ao nível fundamental, sugerindo uma desvalorização da experiência de trabalho pregressa e subutilização de sua escolarização (Tabela 5).

Tabela 5

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS COM MUDANÇA DE EMPREGO NOS ANOS 90,

SEGUNDO TRAJETÓRIA ENTRE O GRUPOS DE OCUPAÇÃO ANTERIOR E O GRUPO DE OCUPAÇÃO ATUAL

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ABRIL A DEZEMBRO DE 1996

(em porcentagem)

Grupos de ocupação

no trabalho anterior Total(1)

Escolaridade média do grupo de ocupação Atual superior à anterior Atual igual à anterior Atual inferior à anterior Grupos de ocupação de nível superior 100,0 (2)– 64,1 35,9 Grupos de ocupação de nível médio 100,0 6,3 60,6 33,2 Grupos de ocupação de nível fundamental 100,0 19,5 50,8 29,7 Grupos de ocupação de nível inferior

ao fundamental

Ocupação com 7 anos de escolaridade 100,0 19,6 54,3 26,1 Ocupação com 6 anos de escolaridade 100,0 31,9 45,2 22,9 Ocupação com 5 anos de escolaridade 100,0 31,6 35,2 33,2 Ocupação com até 4 anos de escolaridade 100,0 43,9 56,1 (2)–

Emprego doméstico 100,0 33,3 66,7 (2)–

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Exclusive os que não declararam grau de instrução e/ou código de ocupação. (2) Fenômeno não captado.

(19)

Para os grupos de ocupação com predominância de ocupa-dos com sete e oito anos de escolaridade, por outro lado, a proporção dos que obtiveram reinserção no mesmo grupo atinge apenas pouco mais da metade dos que se encontravam nesta condição. No entanto, para ambos, a ascensão a grupos de ocupação com maior qualificação atingiu cerca de 20% de seus respectivos contingentes, enquanto a proporção dos que se reinseriram em ocupações que aparentemente correspondiam a menor qualificação foi de 30% entre os com nível fundamental e de 26% entre aqueles com sete anos de escolaridade (Tabela 5).

Uma situação ainda mais controversa pode ser encontrada entre os ocupados que atuavam originalmente em grupos de ocupação com cinco e seis anos de escolaridade. Para ambos verificam-se as menores proporções dos que obtiveram reinserção no mesmo grupo ocupacional, 35% e 45%, respectivamente. Também verificaram-se elevadas proporções de ocupados cuja atual ocupação correspondia a qualificação relativamente superior à da ocupação anterior. Uma vez que nestes grupos verifica-se escolaridade relativamente baixa, pode-se presumir que este tipo de troca de trabalhadores, voluntária ou involuntária, nestas ocupações tenderia a prescindir da qualificação formal, podendo estar associada à experiência pregressa ou a outras formas de aquisição de conhecimento para o exercício do trabalho.

Para explicar estes movimentos, podem ser apontados dois fatores: de um lado a diminuição de ocupações industriais, que tem relevância nestes grupos, e, de outro, a elevada rotatividade presente em ocupações associadas aos níveis inferiores de escolaridade, inclu-sive nos semelhantes à média dos ocupados (8,5 anos). Dentre aqueles com maior escolaridade, a possibilidade de reinserção em ocupações com escolaridade média superior, ainda que existente, tende a ser menos provável que a de incorporar-se em ocupações de mesmo tipo que a anterior ou naquelas que envolvem menor qualificação. Isto deve ser tanto mais verdadeiro quanto maior for o tempo de permanência em desemprego.

A partir das informações analisadas, pode-se concluir que, efetivamente, são nas ocupações que envolvem menor qualificação que existem maiores probabilidades de eliminação de postos de trabalho e/ou de apresentar maior rotatividade. Como conseqüência, os riscos de exclusão tenderiam a ser maiores para estes indivíduos. No entanto, transcorrida toda a primeira metade dos anos 90, verifica-se que a

(20)

Indústria e a Construção Civil permanecem como sendo os setores que mais oferecem postos de trabalho capazes de incorporar indivíduos com escolaridade inferior à fundamental. Na indústria, a maior con-centração de ocupados encontra-se nos grupos de ocupação com sete anos de escolaridade (36% dos ocupados do setor), enquanto na Cons-trução Civil verifica-se que os ocupados atuam majoritariamente (53%) em ocupações com no máximo quatro anos de escolaridade (Tabela 6).

Resultados como estes sugerem que políticas setoriais direcionadas a ampliar o nível de atividade destes setores podem apresentar impactos importantes do ponto de vista de alongar os

Tabela 6

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS POR SETOR DE ATIVIDADE, SEGUNDO GRUPOS DE OCUPAÇÃO

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO 1995-1996

(em porcentagem)

Grupos de ocupação Total

Setor de atividade

Indústria Serviços Comércio Constr. Civil

Total (1) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Grupos de ocupação de nível superior 6,1 3,5 10,5 0,7 5,0 Grupos de ocupação de nível médio 21,3 16,4 27,2 22,9 13,8 Grupos de ocupação de nível básico 22,8 27,5 17,1 45,7 8,6 Grupos de ocupação

de nível inferior ao básico 42,4 47,8 35,4 24,0 69,3 Ocupação com 7 anos de escolaridade 16,9 35,8 12,8 12,0 7,5 Ocupação com 6 anos de escolaridade 8,0 7,4 9,7 8,0 6,4 Ocupação com 5 anos de escolaridade 4,4 2,6 6,9 1,0 (2)– Ocupação com até 4 anos de escolaridade 5,3 2,0 6,0 2,9 52,7

Emprego doméstico 7,8

Ocupações mal definidas 7,3 4,9 9,9 6,7 (2)–

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Exclusive os que não declararam grau de instrução e/ou código de ocupação. (2) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

(21)

prazos para que estas ocupações possam ser reconvertidas, mesmo que seja pela simplificação das tarefas, o que permitiria o reaproveitamen-to destes ocupados. Como pode ser observado a partir das descrições das famílias ocupacionais que compõem cada um dos grupos, a sua diversidade envolve habilitações bastante distintas, além de importan-tes segmentações associadas a características dos indivíduos que as integram.

Nas ocupações que envolvem maior qualificação, verifica-se a preverifica-sença mais acentuada de mulheres, ao contrário do que verifica-se observava nas ocupações com menor qualificação e que envolvem maior esforço físico, com exceção do emprego doméstico, no qual as mulheres são maioria absoluta e representam 18% das ocupações destas. Em 1995-1996, as mulheres já correspondiam a 41% dos ocupados, verificando-se participação superior a esta média nas ocu-pações de nível superior (44%) e de nível médio (46%), que corres-pondiam a 30% dos postos de trabalho femininos (Tabela 7).

Tabela 7

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS, POR SEXO, SEGUNDO GRUPOS DE OCUPAÇÃO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

1995-1996

(em porcentagem)

Grupos de ocupação Total Homens Mulheres

Total (1) 100,0 100,0 100,0

Grupos de ocupação de nível superior 6,1 5,7 6,7

Grupos de ocupação de nível médio 21,3 19,5 23,9

Grupos de ocupação de nível fundamental 22,8 23,1 22,4 Grupos de ocupação de nível inferior ao fundamental 42,4 44,2 39,9 Ocupação com 7 anos de escolaridade 16,9 21,6 10,2

Ocupação com 6 anos de escolaridade 8,0 9,1 6,4

Ocupação com 5 anos de escolaridade 4,4 3,7 5,3

Ocupação com até 4 anos de escolaridade 5,3 9,0 (2)–

Emprego doméstico 7,8 0,8 17,9

Grupo de ocupações mal definidas 7,3 7,5 7,1

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Exclusive os que não declararam grau de instrução e/ou código de ocupação. (2) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

(22)

Vale destacar, ainda, que nos demais grupos de ocupação, a proporcionalidade entre homens e mulheres continua desfavorável às mulheres, sendo de 25% e 34%, respectivamente, a participação feminina nas ocupações com sete e seis anos de escolaridade. Inde-pendentemente de sua maior escolaridade, os rendimentos médios pagos às mulheres são sistematicamente inferiores aos encontrados entre os homens de escolaridade idêntica ou nos mesmos grupos

ocupacionais.9

Outra característica importante a ser considerada diz res-peito às faixas etárias dos ocupados que, na RMSP, apresentaram redução acentuada da participação de jovens nos anos 90. Em 1995-1996, a participação dos ocupados na faixa etária de 18 e 24 anos era pouco inferior a 20%, predominando indivíduos com idade entre 25 e 39 anos (42%) e com 40 anos e mais (32%). Vale notar que apenas entre os ocupados muito jovens ou com idade mais avançada ainda predo-minam ocupados com escolaridade inferior ao nível básico, sendo que estes últimos concentram-se em ocupações com sete anos de escolari-dade.

As dificuldades a serem enfrentadas em relação aos traba-lhadores em faixas etárias mais avançadas não inseridos em ocupações mais qualificadas coloca um problema importante, uma vez que estes, em proporção não desprezível, não encontram amparo na rede de proteção social ainda bastante reduzida, ou dependem de proventos previdenciários bastante reduzidos, o que tenderia a fazer com que continuassem a pressionar o mercado de trabalho em busca de algum rendimento adicional.

Entre os jovens, os dados sugerem que sua atual escolari-dade não garante continuiescolari-dade na condição de ocupados nem a valo-rização de alguma trajetória ocupacional, tornando importante complementar sua formação de modo a ampliar suas chances compa-rativamente aos adultos com maior qualificação, identificada seja pela escolaridade formal, seja pela experiência de trabalho. Além disso, destaque-se o fato de cerca de 14% deles atuarem em ocupações que envolvem no máximo quatro anos de escolaridade.

9 Para detalhamento da condição de ocupação das mulheres na RMSP, ver SEADE (1997). E para o caso brasileiro, Lavinas (1997).

(23)

Aspectos da qualificação dos ocupados — cursos realizados e sua a mobilização para o desempenho do trabalho

A partir das indicações apreendidas através da análise da evolução dos diferentes grupos ocupacionais, procurou-se identificar quais os principais cursos buscados pelo ocupados para a ampliação de seu espectro de possibilidades de inserção pela realização de um curso livre. Entre março e novembro de 1997, a PED captou informações relativas à realização de cursos complementares de interesse para a vida profissional da População em Idade Ativa na RMSP, através de questionário suplementar.

Este levantamento procurava identificar a busca por ou-tras formas de capacitação que não as obtidas no sistema educacional regular. Nesse sentido, entendeu-se como cursos complementares aqueles que estendem a formação obtida na escola, inclusive para os indivíduos que não a freqüentaram, e os cursos e treinamentos reali-zados de forma complementar ao aprendizado obtido na prática do

trabalho10. Outro cuidado observado foi o de considerar apenas os

cursos concluídos, sobre os quais eram informadas as datas de conclu-são. Exceções feitas somente àqueles de longa duração, com níveis intermediários de aprovação, tal como os cursos de língua estrangeira. Uma vez identificados os cursos através de nome ou tema, e aceitando a indicação de que aquele curso era considerado pelo indivíduo como o mais importante para a ampliação de seus conheci-mentos para a vida profissional, estes foram agregados segundo sua proximidade em relação às diferentes famílias de ocupações. Não foi possível averiguar carga horária e o conteúdo ministrado ou se os mesmos conferiam alguma forma de certificação.

Os diferentes cursos foram agregados posteriormente se-gundo áreas de conhecimento mobilizadas, de modo a detectar os

10 Ficou explícito ao entrevistado que entendia-se por curso complementar todo o processo sistemático de aquisição de conhecimentos, excluídos seminários, pales-tras e conferências. Estes cursos deviam, ainda, ser ministrados por professor ou instrutor, contar com material de apoio e local específico destinado a sua realiza-ção, distinto do posto de trabalho. Assim, foram desconsiderados o aprendizado obtido na prática ou exercício do trabalho, ou aquele decorrente de conhecimentos transmitidos por instruções verbais por chefe direto e/ou supervisores no local de trabalho.

(24)

núcleos específicos de formação, diferenciando-os sempre que possível daqueles de caráter geral. Devido ao restrito número de trabalhos realizados com este propósito no país, desenvolveu-se um exercício exploratório utilizando como referência a classificação francesa de áreas de formação, que vigorou até 1992, quando foi substituída por uma nova grade mais sofisticada de grupos de especialidades de formação. O resultado deste procedimento foi a definição de 26 novas

áreas,11 discriminadas em Anexo 1. Através dos cursos

complementa-res realizados pelos ocupados procura-se identificar, núcleos específi-cos de formação ou áreas de conhecimentos e habilidades que pudessem apresentar valor mais geral.

Vale lembrar que a identificação destas áreas, no entanto, não responde se estes cursos propiciaram de fato maior capacitação para o desempenho do trabalho atual. A mobilização dos conhecimen-tos adquiridos nestes cursos complementares pode ou não estar dire-tamente relacionada à atual ocupação, sendo importante verificar em que medida as diferente formas de obtenção de conhecimento e habi-lidades se combinam e quais foram consideradas as mais importantes para o desempenho da atual ocupação, segundo os grupos ocupacionais definidos na sua parte inicial.

A realização de cursos complementares pelos ocupados

Entre os ocupados da RMSP, entrevistados entre março e novembro de 1997, 44,1% haviam concluído pelo menos um curso com o objetivo de complementar a sua capacitação para a vida profissional e cerca de 60% deles haviam realizado mais de um curso. Observe-se que a proporção dos que realizaram cursos complementares é muito elevada entre os que integram ocupações de nível superior, e decresce substantivamente à medida que diminui a escolaridade associada aos grupos ocupacionais (Tabela 8). Enquanto nas ocupações de nível superior 84% de seus atuais integrantes concluiu pelo menos um curso considerado relevante para a vida profissional, nas ocupações com no máximo quatro anos de escolaridade e no emprego doméstico, a proporção dos que nunca haviam realizado nenhum curso superava 85%. Entre os ocupados com maior escolaridade, 64% realizaram mais

11 Maiores detalhes sobre a classificação francesa das especialidades de formação pode ser encontrada em Minni, Vernies (1994).

(25)

de um curso, diminuindo este percentual para 43% nas ocupações de nível médio e para 28% e 10% nas ocupações de nível básico e inferior ao básico, respectivamente.

Quanto à distribuição destes cursos segundo as áreas de formação (Tabela 9), destaca-se o percentual elevado daqueles cujos conhecimentos e habilidades referem-se a um campo de conhecimen-tos de aplicabilidade geral, como nas áreas de Tratamento Eletrônico da Informação, secretariado e datilografia e Formação Literária e Lingüística, que agregam mais de 38% dos ocupados que concluíram cursos complementares.

Tabela 8

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS

POR REALIZAÇÃO DE CURSOS PARA A VIDA PROFISSIONAL, SEGUNDO GRUPO DE OCUPAÇÕES

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO MARÇO A NOVEMBRO DE 1997

(em porcentagem)

Grupos de ocupação Total

Realização de cursos para a vida profissional

Sim

Não Um curso Vários

cursos

Total (1) 100,0 18,8 25,3 55,9

Grupos de ocupação de nível superior 100,0 12,5 63,5 24,0 Grupos de ocupação de nível médio 100,0 19,7 42,8 37,6 Grupos de ocupação de nível fundamental 100,0 26,1 27,7 46,2 Grupos de ocupação de nível inferior ao fundamental 100,0 15,8 10,2 74,0 Ocupação com 7 anos de escolaridade 100,0 21,9 17,0 61,1 Ocupação com 6 anos de escolaridade 100,0 15,6 10,3 74,0 Ocupação com 5 anos de escolaridade 100,0 12,6 6,3 81,1 Ocupação com até 4 anos de escolaridade 100,0 8,4 (2)– 88,3

Emprego doméstico 100,0 10,8 3,2 86,1

Ocupações mal definidas 100,0 16,5 17,3 66,2

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Exclusive os que não declararam grau de instrução e/ou código de ocupação. (2) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

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Tabela 9

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS

QUE REALIZARAM CURSO COMPLEMENTAR PARA VIDA PROFISSIONAL, SEGUNDO PRINCIPAIS ÁREA DE FORMAÇÃO

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO MARÇO A NOVEMBRO DE 1997

(em porcentagem)

Áreas de formação complementar

Tipo de ocupação

Total Superior Médio Funda-mental ao Funda-Inferior mental

Total (1) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Tratamento eletrônico da informação 21,1 22,8 30,3 20,1 9,2

Secretariado e datilografia 11,5 (2) 11,5 13,2 12,7

Saúde, serviços paramédicos e sociais 6,2 19,2 2,3 8,0 3,5 Formações literárias e lingüísticas 5,5 12,2 8,8 3,4 (2)

Mecânica geral 5,1 (2) 2,0 6,5 9,6

Eletrônica, eletricidade e eletromecânica 4,5 (2) 2,5 8,3 4,4 Técnicas administrativas e jurídicas 4,3 12,3 7,0 (2) (2) Organização do trabalho,

gestão e controle de produção 3,9 (2) 3,8 3,7 4,2

Comércio e distribuição 3,7 (2) 5,5 5,6 (2)

Segurança e vigilância 3,6 (2) 3,2 (2) 9,1

Metalurgia e transformação de metais 3,6 (2) (2) 5,3 6,3

Serviços pessoais 3,4 (2) (2) 7,6 3,6

Têxtil e vestuário 2,9 (2) (2) (2) 7,7

Condutores de veículos terrestres 2,5 (2) (2) (2) 8,2

Ensino 2,2 (2) 5,1 (2) (2)

Desenhistas 1,8 (2) (2) (2) (2)

Informação, documentação

e relações públicas 1,4 (2) (2) 2,4 (2)

Alimentação 1,4 (2) (2) (2) 4,2

Topografia, edificações e engenharia 1,3 (2) (2) (2) 3,1 Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

(1) Excluídos os sem declaração de curso ou de ocupação. (2) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

(27)

A área de Tratamento Eletrônico da Informação, na qual predominam os cursos de informática, é considerada a mais importan-te pelo maior número de ocupados (21%). A procura por esimportan-te tipo de curso é sugestiva dada a difusão crescente e generalizada da informá-tica como instrumento tido como fundamental para o exercício do trabalho nos diversos grupos de ocupação.

Cursos na área de datilografia e secretariado permanecem com participação expressiva (11,5%), em especial os de datilografia, responsáveis por 81% dos cursos realizados nesta área. A procura por este tipo de curso pode estar indicando uma busca de aquisição de habilidades relacionadas ao uso de teclados de modo rápido, o que também o associaria à disseminação do uso do computador.

Entre os cursos relacionados à área de Formações Literá-rias e Lingüísticas, citados como o mais importante por 5,5% dos ocupados, destacam-se os de línguas estrangeiras, responsáveis pela quase totalidade dos cursos nesta área.

Outras áreas representativas abrangem cursos voltados a núcleos mais específicos de formação, destacando-se na RMSP aqueles nas áreas de Saúde, Serviços Paramédicos e Sociais (6,2%), os de Mecânica Geral (5,1%), Eletrônica, Eletricidade e Eletromecânica (4,5%) e os que permitem a atualização de conhecimentos em Técnicas Administrativas, Jurídicas, Financeiras e Contábeis (5,5%).

Uma área relativamente nova é formada por cursos sobre as novas formas de organização do trabalho, gestão e controle da produção. Apesar de recentes, 3,9% dos ocupados já os identificaram como importantes. Seus conteúdos abrangem técnicas de controle de qualidade, novos conhecimentos sobre gerenciamento e liderança, segurança no trabalho e dinâmica de grupo.

Os cursos da área de Comércio e Distribuição foram con-siderados importantes por 3,7% dos ocupados. Entre estes destacam-se os cursos em técnicas de vendas, responsáveis pela quadestacam-se totalidade dos cursos realizados nesta área, possivelmente associáveis ao proces-so de reestruturação das atividades comerciais e, por conseqüência, à necessidade de profissionais mais capacitados para o atendimento de clientes e fornecedores. Os cursos na área de Informação, Documen-tação e Relações Públicas também mostraram representatividade (1,4%), sendo que cerca de 60% destes estavam voltados para técnicas de atendimento a clientes. Tal como no caso anterior, estes cursos

(28)

provavelmente também estariam respondendo a mudanças no relacio-namento entre consumidores e produtores.

Segundo Grupo de Ocupações, por outro lado, verifica-se que entre os que se encontram no nível superior cerca de 64% haviam concluído mais de um curso e menos de um quarto não havia realizado nenhum curso complementar (Tabela 8). Entre os cursos considerados como os mais importantes para a vida profissional do entrevistado, destacam-se os das áreas de Tratamento Eletrônico da Informação e de Formação Literária e Lingüística, responsáveis por cerca de 35% do total dos cursos concluídos pelos ocupados deste grupo. Os cursos de informática e de línguas estrangeiras foram os mais representativos nestas áreas.

Dada a maior participação de administradores e gerentes de empresas, auditores, contadores e advogados neste grupo ocupacio-nal, os cursos na área de Técnicas Administrativas e Jurídicas apre-sentam uma participação significativa. Cerca de 12% dos ocupados que indicaram ter concluído este tipo de curso pertenciam a esta família de ocupações. Da mesma forma, os cursos na área de Saúde, Serviços Paramédicos e Sociais apresentam uma participação expressiva (19,2%) devido à elevada presença de médicos, dentistas e enfermeiros diplomados neste grupo de ocupações e da necessidade permanente de reciclagem observada entre os profissionais desta área.

Como nem todos os cursos realizados estão diretamente associados ao desempenho da atual ocupação, podendo relacionar-se com o aperfeiçoamento de uma área de interesse pessoal ou à mudança de ofício, por exemplo, procurou-se identificar em que medida o curso realizado teve aplicabilidade para o desempenho da atual ocupação. Entre os ocupados que realizaram curso complementar, cerca de 82% consideraram que os conhecimentos obtidos foram utilizados para o desempenho da atual ocupação, proporção expressivamente superior à encontrada para o total dos ocupados (Tabela 10).

A maior parte dos indivíduos em ocupações de nível médio (63%) havia concluído pelo menos um curso complementar, sendo que destes a grande maioria (84%) também havia concluído mais de um curso, tal como os inseridos em ocupações de nível superior (Tabela 8). Destaque-se, no entanto, que era de 38% o percentual de ocupados que não concluíra qualquer curso, cerca de 14 pontos percentuais maior que o encontrado nas ocupações de nível superior.

(29)

Cerca de 30% do total de cursos concluídos neste grupo eram da área de Tratamento Eletrônico da Informação, o maior observado entre todos os grupos de ocupações. Destaque pode ser dado, ainda, ao percentual expressivo de ocupados deste grupo que realizou cursos na área de Formação Literária e Lingüística, responsáveis por 8,8% dos total de cursos realizados (Tabela 9).

Entre os cursos voltados a núcleos específicos de formação, a incidência mais elevada foi dos associados à administração de negó-cios e empresas, realizados nas áreas de Técnicas Administrativas e Jurídicas, Organização do Trabalho, Gestão e Controle da Produção, que respondem a 11,8% do total de cursos concluídos neste grupo ocupacional. A participação expressiva neste grupo de ocupações de

Tabela 10

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS

QUE REALIZARAM CURSOS PARA A VIDA PROFISSIONAL

POR UTILIZAÇÃO DOS SEUS CONHECIMENTOS NA ATUAL OCUPAÇÃO, SEGUNDO GRUPO DE OCUPAÇÕES

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ABRIL A DEZEMBRO DE 1996

(em porcentagem)

Grupos de ocupação Total

Realizou curso complementar e utiliza os conhecimentos na atual ocupação e não utiliza os conhecimentos na atual ocupação Total (1) 100,0 61,8 38,2

Grupo de ocupação de nível superior 100,0 81,5 18,5

Grupo de ocupação de nível médio 100,0 68,9 31,1

Grupo de ocupação de nível fundamental 100,0 62,6 37,4 Grupo de ocupação de nível inferior

ao fundamental 100,0 45,5 54,5

Ocupações com 7 anos de escolaridade 100,0 56,8 43,2 Ocupações com 6 anos de escolaridade 100,0 39,8 60,2 Ocupações com 5 anos de escolaridade 100,0 41,2 58,8 Ocupações com até 4 anos de escolaridade 100,0 (2)– 76,8

Serviços domésticos 100,0 (2)– 90,5

Ocupações mal definidas 100,0 49,4 50,6

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) Excluídos os sem declaração de curso ou de ocupação.

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escritório, como as de secretárias, digitadores e auxiliares, provavel-mente explica a grande incidência de cursos complementares na área de secretariado e datilografia, responsável por 11,2% do total de cursos concluídos neste grupo ocupacional.

Pode-se também destacar a participação de cursos na área de Comércio e Distribuição (5,4%) e de Ensino (5,1%), que se relacio-nam com ocupações significativas deste grupo, como são os casos dos representantes comerciais, compradores e corretores e diretores e supervisores de ensino. Já para os cursos na área de segurança e vigilância, apesar de sua proporção relativamente elevada, não se verifica uma relação direta com nenhuma família ocupacional de nível médio.

Os conhecimentos obtidos nos cursos complementares fo-ram utilizados na atual ocupação para cerca de 69% dos que atuam em ocupações de nível médio. Apesar de inferior ao observado para o grupo de nível superior, este percentual elevado indica que a maioria dos cursos resultou em maior capacitação para o desempenho da ocupação atual. O fato de cerca de 31% terem indicado que não utilizam os conhecimentos obtidos na atual ocupação pode estar relacionado ao processo de alteração das trajetórias ocupacionais iniciadas no passado e que não tiveram validação pela mudança de ocupação, voluntária ou involuntária, que não mobilizam estes conhe-cimentos (Tabela 9).

Pouco mais da metade (54%) dos indivíduos que atuavam em ocupações de nível fundamental realizaram pelo menos um curso complementar, dos quais a metade (51%) havia concluído mais de um curso. Neste grupo, a proporção dos que não realizaram nenhum curso é substantivamente maior que nos anteriores, atingindo 46% dos ocupados, o dobro da proporção encontrada entre os que atuam em ocupações de nível superior (Tabela 8).

Neste grupo de ocupações é expressiva a participação de famílias ocupacionais que atuam em tarefas em que é crescente o uso de computador, como recepcionistas, caixas, contínuos e estoquistas, justificando a também elevada incidência de cursos nas áreas de Tratamento Eletrônico da Informação e de secretariado e datilografia. Cerca de 33% do total de cursos realizados pelos ocupados deste grupo foram nestas áreas (Tabela 9). A maior diversidade de ocupações observada neste grupo em relação aos grupos de nível superior e médio

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– incluindo eletricistas, torneiros mecânicos, enfermeiros sem diploma universitário, cabeleireiros, manicures, promotores de vendas e ven-dedores – explica a presença de cursos voltados a núcleos mais especí-ficos de formação, como os das áreas de Eletrônica, Eletricidade e Eletromecânica; Metalurgia e Transformação de Metais; Saúde, Ser-viços Paramédicos e Sociais; SerSer-viços Pessoais; Mecânica Geral; de Comércio e Distribuição e de Informação, Documentação e Relações Públicas. Do total de ocupados desse grupo, 41% realizaram pelo menos um curso nestas áreas.

Ainda em relação a este grupo, cerca de 63% dos ocupados consideraram que o aprendizado obtido nos cursos complementares foi útil na atual ocupação. Note-se que este percentual é apenas pouco inferior ao verificado para o grupo de ocupações de nível médio (69%), indicando que, também neste contingente, a maioria dos cursos efeti-vamente teria permitido o aumento da capacitação para o desempenho da ocupação atual (Tabela 10).

No grupo de Ocupações de Nível Inferior ao Básico, apenas pouco mais de um quarto dos ocupados concluiu algum curso destina-do a complementar os conhecimentos para a vida profissional. A grande maioria (74%), além de estar inserida em ocupações que envolviam baixa escolarização, não realizou qualquer tipo de aprendi-zado complementar, estando concentrados entre aqueles subgrupos de menor escolaridade (Tabela 8). Do total de ocupados que indicaram ter concluído cursos complementares neste grupo, 58% estavam inse-ridos em ocupações com sete anos de escolaridade. A participação dos ocupados de grupos com menor nível de escolaridade é bem menor: 18%, para as ocupações com seis anos de escolaridade, 7% para as de cinco anos, 6% para as de quatro anos e de 11% para o emprego doméstico, cujo tempo médio de escolaridade equivalia a quatro anos. Entre os cursos realizados por este contingente, destacam-se os das áreas de destacam-secretariado e datilografia (12,7%) e de Tratamento Eletrônico da Informação (9,6%), cuja aplicabilidade é mais genérica, e nas áreas de Mecânica Geral e Metalurgia (15,9%), Segurança e Vigilância (9,7%) e Condutores de Veículos Terrestres (8,2%), devido à elevada participação de ocupados que atuam em ocupações que necessitam deste tipo de conhecimentos (Tabela 8). Os cursos de datilografia, informática, torneiro mecânico e mecânica, vigilância e tiro, direção de veículos, costura, preparação de alimentos e de enfer-magem correspondem a 56,5% do total de cursos concluídos neste

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grupo, em sua maior parte (63%) realizados por indivíduos em ocupa-ções com sete anos de escolaridade.

Neste grupo de ocupações observa-se maior descompasso entre os cursos realizados e sua utilização no desempenho da atual ocupação. Apenas 55% dos ocupados que os concluíram indicaram mobilizar os conhecimentos adquiridos para o exercício de sua atual ocupação. Os maiores percentuais de inadequação ocorrem no grupo dos empregados domésticos e nas ocupações de menor escolaridade (91% e 77%, respectivamente). Apenas entre os ocupados no grupo com sete anos de escolaridade a maioria (57%) utiliza tais conhecimen-tos na atual ocupação (Tabela 10).

Estes resultados são esclarecedores das dificuldade de acesso a informações adequadas por parte dos ocupados com menor escolaridade que, no entanto, buscam, em geral por iniciativa própria, ampliar seus conhecimentos, freqüentemente incorrendo em equívo-cos que poderiam ser atenuados através de uma política de acesso à informação sobre as qualificações necessárias para obter inserção profissional de melhor qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste projeto era o de realizar experiências que permitissem a elaboração de novos indicadores sobre os rumos do processo de reconversão da economia regional, gerando subsídios para as políticas de qualificação para o trabalho a serem implementadas.

Para atender a este objetivo, esta pesquisa elaborou dois grandes conjuntos de indicadores, utilizando informações do próprios ocupados e desempregados da região e representando assim a ótica pela qual os trabalhadores vêem o problema do emprego e da qualifi-cação para o trabalho. De um lado, procurou-se traçar as principais tendências da ocupação ao longo dos anos 90 utilizando como indicador grupos de ocupações diferenciadas segundo nível de escolaridade. De outro, aliar as diferentes evoluções dos grupos de ocupação à realiza-ção de cursos complementares descrito segundo as grandes áreas de conhecimento mobilizadas.

Entre as principais conclusões derivadas deste estudo, pode-se elencar:

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• a crescente especialização da RMSP em ocupações que envolvem maior qualificação, expressa no crescimento mais acentuado dos grupos que envolvem nível superior, em contrapartida ao aumento cada vez menos intenso das ocupações de nível inferior ao básico;

• entre os ocupados que permaneceram no emprego ao

longo da primeira metade dos anos 90, a inserção em ocupações de maior nível de instrução foi predominante. No entanto, chama a atenção o fato de estas concentra-rem-se nas atividades de serviços, setor de atividade que apresentou importante expansão nas oportunidades de emprego geradas;

• entre os ocupados que mudaram de emprego, pelo

con-trário, verificou-se maior proporção dos que encontra-vam-se inseridos em ocupações com nível de escolaridade inferior ao básico. No entanto, esta situação decorre principalmente do fato de os principais segmentos que geravam este tipo de ocupação – o setor industrial e da construção civil – terem diminuído substantivamente seus contingentes;

• uma vez que parece cada vez mais claro que os postos de

trabalho eliminados nestas atividades tendem a não mais serem recriados, ou caso isto ocorra tenderão a deman-dar trabalhadores com maior escolaridade e experiência, torna-se fundamental explicitar as dificuldades a serem enfrentadas no sentido de proporcionar algum tipo de requalificação para estes indivíduos;

• vale lembrar que além de menos instruídos, os

segmen-tos que se caracterizam por apresentar escolaridade in-ferior à básica incluem elevada proporção de indivíduos em faixa etária mais avançada – 33% encontrava-se com 40 anos e mais – mas pelo menos 25% dentre eles são jovens com idade inferior a 25 anos;

• tal como esperado, a análise das áreas mais procuradas

para complementar conhecimentos adquiridos na escola mostrou estar associada a conhecimentos de caráter mais genérico – tratamento eletrônico das informações, conhecimentos básicos de datilografia e digitação e de

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