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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Reitor

Prof. MSc. Pe. José Romualdo Desgaperi

Pró-Reitor de Graduação

Prof. MSc. José Leão

Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Prof. Dr. Pe. Geraldo Caliman

Pró Reitor de Extensão

Prof. Dr. Luiz Síveres

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA VIRTUAL

Diretor Geral

Prof. Dr. Francisco Villa Ulhôa Botelho

Diretoria de Pós Graduação e Extensão

Prof.ª MSc. Ana Paula Costa e Silva

Diretoria de Graduação

Prof.ª MSc. Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro

Coordenação de Informática

Weslley Rodrigues Sepúlvida

Coordenação de Apoio ao Aluno

Prof. Esp. Núbia Rosa

Coordenação de Pólo e Relacionamento

Francisco Roberto Ferreira dos Santos

Coordenação de Produção

Maria Valéria Jacques de Medeiros da Silva

Equipe de Produção Técnica

Analista

Profª Doutoranda Sheila da Costa Oliveira

Profª Drª Wilsa Ramos

Editoras de Conteúdo

Cynthia Rosa

Marilene de Freitas

Web Designers

Edleide Freitas

Conteudistas 5º Semestre

Prof. Dr Gentil José de Lucena Filho

Profª MSc Margarita Morales

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Sumário

Ementa... 6

::: Parte 01 ::: ... 9

Aprendizagem para a vida e ... 9

Teoria do Observador... 9

Aula 01 – Introdução ao Empreendedorismo ... 11

INTRODUÇÃO ... 11

CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS ... 12

Aula 02 – Distinções de Aprendizagem ... 15

DISTINÇÕES DA APRENDIZAGEM ... 15

Aula 03 – A Teoria do Observador ... 19

A TEORIA DO OBSERVADOR ... 19

TIPOLOGIAS DO OBSERVADOR : OS ENFOQUES ÚNICO E MÚLTIPLO ... 24

Aula 04 – Domínios Constitutivos do Observador... 27

INTRODUÇÃO ... 27

OS TRÊS DOMÍNIOS CONSTITUTIVOS ... 27

Aula 05 – O Observador e a ação ... 33

INTRODUÇÃO ... 33

NOÇÃO DE PESSOA ... 34

NOÇÃO DE MAESTRIA ... 37

TIPOLOGIA DE AÇÕES... 39

O OBSERVADOR DENTRO DA VISÃO DA NOVA SISTÊMICA ... 41

::: Parte 02 ::: ... 45

Competências Empreendedoras ... 45

Aula 01 – Competêcias Empreendedoras... 47

DISTINÇÃO DE COMPETÊNCIATINÇÃO DE COMPETÊNCIA... 47

Aula 02 – Competências Empreendedoras... 55

COMPETÊNCIA PARA OS RELACIONAMENTOS ... 55

Aula 03 – Competências Empreendedoras... 65

COMPETÊNCIAS PARA A AÇÃO... 65

Glossário ... 71

Referências Bibliográficas ... 81

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Empreendedorismo

Ementa e objetivos

Ementa

O propósito básico deste curso é desenvolver competências empreendedoras. Se assenta na idéia de que empreendedorismo é essencialmente uma questão de atitudes e de valores e, com base nisso, se propõe, tipicamente, a fazer desabrochar no(a) aluno(a) seu espírito empreendedor, proporcionando-lhe distinções (ie., conceitos, idéias, conhecimentos,...) e habilidades (uso de ferramentas, métodos, técnicas,...) através das quais possa por em prática , em benefício da Sociedade, seus talentos, motivações e sonhos de cidadania. Dito em outros termos, assume-se que competência é fruto de uma combinação de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores e que, portanto, a idéia da disciplina é desenvolver competências empreendedoras , que não são exclusivamente uma questão de talento, mas algo que, também, pode ser aprendido e desenvolvido.

Esta curso lhe oportunizará:

Ampliação crítica do conhecimento a respeito dos temas:

• Empreendedorismo

• Características do emprendedor • Teoria do Observador

• Aprendizagem

• O empreendedor como um observador

• Competências empreendedoras

Reflexão criativa sobre:

• Características pessoais

• O empreendedor que você é

• O observador que você é

• Competências empreendedoras que você possui

Mudança ou consolidação da práxis em relação a:

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• Empreendedor • Aprendizagem • Observação • Metas pessoais • Competências • Avaliação

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::: Parte 01 :::

Aprendizagem para a vida e

Teoria do Observador

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Aula 01 – Introdução ao Empreendedorismo

Nessa primeira aula, vamos apresentar as características do empreendedor e as suas capacidades básicas.

INTRODUÇÃO

Um dito popular afirma que “os empresários nascem, não se fazem”. Este dito nos toca de diversas maneiras ao abordar o tema do empreendedorismo. De forma geral, a noção de

empreendedorismo é associada com as noções de ter ou desenvolver um empreendimento e de ser um empresário. Comumente associamos aspectos positivos ou negativos à

imagem do empreendedor, como por exemplo, o lado positivo é ser audacioso, persistente

e ter uma clara visão de futuro; e o lado negativo é ser uma pessoa esquisita, que gosta de correr riscos e que se ocupa só consigo mesmo e com o dinheiro. Compartilhamos parcialmente com estas idéias porque pensamos que o empreendedor é isso e muito mais.

Entendemos o empreendedorismo como uma atitude, uma postura perante a vida, um estado de espírito que nos motiva e impulsiona para sonhar e agir, para sermos AGENTES DE MUDANÇA e transformação. Um grande pensador e empreendedor contemporâneo, FERNANDO FLORES(1995), diz que o ser humano alcança sua plenitude não na sua reflexão abstrata, mas quando atua se envolvendo com a mudança, inovando-a no cotidiano e principalmente quando se torna conscientemente o protagonista da sua história. Este ser humano na plenitude do seu ser, é consciente do seu papel na comunidade à qual pertence e se sente responsável pelo passado e pelo futuro que têm em comum.

Assim, retornando ao dito popular mencionado no começo, poderíamos contrapor outro assim: “empreendedores nascemos e nos fazemos”. O desafio de nos tornarmos empreendedores é o desafio de sermos responsáveis pelo nosso futuro e pelo futuro da comunidade em que vivemos. Por isso, existem empreendedores criando empresas e gerando empregos, participando dos processos de governo com responsabilidade, realizando atividades sociais, enxergando oportunidades nos momentos de crise, desempenhando seu trabalho com altos níveis de inovação, agenciando programas educativos e de conscientização ambiental, aprendendo na organização, promovendo uma melhor qualidade de vida nas organizações, entre outros.

Entendemos o empreendedor como um agente de mudanças, onde quer que ele esteja. Empreendedor não diz respeito somente àquelas pessoas que criam novas empresas, é um termo mais abrangente que se refere a uma atitude, a uma postura diferenciada diante das situações da vida.

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 01

CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS

Vejam as principais características do empreendedor:

Aceitação do risco - O empreendedor aceita riscos, ainda que seja, muitas vezes, cauteloso e

precavido. A verdade é que ele os aceita em alguma medida.

Autoconfiança - O empreendedor tem autoconfiança, isto é, acredita em si mesmo. Se não

acreditasse, seria difícil para ele tomar iniciativas. Acreditar em si mesmo faz o indivíduo arriscar mais, ousar, oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais empreendedor. • Automotivação e entusiasmo - Pessoas empreendedoras são capazes de se automotivarem

com desafios e tarefas em que verdadeiramente acreditam. Não necessitam de prêmios externos, como recompensação financeira, por exemplo. São capazes de se entusiasmarem com suas próprias idéias e projetos.

Controle e influência - O empreendedor acredita que sua realização depende de si mesmo e

não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê como capaz de controlar a si mesmo e de influenciar o meio de tal modo que possa atingir seus objetivos.

Decisão e responsabilidade - O empreendedor não fica esperando que os outros decidam por

ele. Ele toma as decisões e se responsabiliza pela decisão tomada e pelas conseqüências.

Energia - Há situações que requerem uma dose de energia para se lançar em novas realizações,

que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O empreendedor dispõe dessa reserva de energia, vinda provavelmente de seu entusiasmo e motivação.

Iniciativa - A iniciativa, enfim, é a capacidade daquele que, tendo um objetivo

qualquer, age: “arregaça as mangas” e parte para a solução, sem esperar que os outros (o governo, o empregador, o parente, o padrinho etc) venham resolver os seus problemas. Os empreendedores são pessoas que começam coisas novas. • Otimismo - O empreendedor é otimista, o que não quer dizer “sonhador” ou

iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, acredita na possibilidade de solução dos problemas, acredita no potencial de desenvolvimento da vida.

Persistência - O empreendedor, por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas

possibilidades, é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar adequadamente. • Sem temor do fracasso e da rejeição - O empreendedor fará tudo o que for necessário para

não fracassar, mas não é atormentado pelo medo paralisante do fracasso. Pessoas com pouco amor próprio e medo do fracasso preferem não tentar correr o risco de errar - ficam, então, paralisadas.

Voltado para equipe - O empreendedor em geral não é um fazedor, no sentido obreiro da

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Empreendedorismo, uma Questão de Atitude

FILION, (1993) um dos principais pesquisadores sobre empreendedorismo no Canadá, define o empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Nós concordamos com esta noção porque, segundo ela, um empreendedor pode ser uma pessoa que inicia projetos sociais e comunitários; um colaborador que desafia seu próprio tempo e recursos, introduzindo inovações e provocando a expansão da empresa; um gestor público que mobiliza sua equipe ou gera novas políticas governamentais; e mesmo aquele que gera um auto-emprego como profissional autônomo.

No Brasil, para além das distinções empresariais vinculadas ao empreendedorismo de um modo geral, há um movimento orquestrado pelo Governo no setor de tecnologias da informação no qual se destaca o trabalho do FERNANDO DOLABELA

(1999), professor da UFMG. A alavancagem da indústria de software no Brasil passa pela influência do trabalho deste autor que, há cerca de uma década, quando teve início o ainda hoje prioritário programa de governo Softex, vem se dedicando ao desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil.

FLORES (1995), afirma que o ser humano vive em plenitude quando é empreendedor. Esta idéia nos atrai mais porque vê o ser humano não como um consumidor da vida, mas como um criador de mundo. Esse empreendedor é consciente de sua vida na comunidade e isso requer compartilhar o passado e o futuro e exercer solidariedade.

A totalidade dos textos pesquisados, seja na Internet, em livros, ou em cursos promovidos por instituições brasileiras, invariavelmente apresenta o empreendedor como aquele que se torna empresário. Nós, por outro lado, acreditamos que ser empreendedor é desenvolver um potencial que todo ser humano tem, independentemente de se a pessoa é um empresário ou não.

Ser empreendedor é uma questão de atitude e, por isso, o empreendedorismo é fundamental para qualquer maneira de ganhar a vida, seja como funcionário ou como dono de empresa. Ser empreendedor não é uma questão de talento só para alguns escolhidos. Estamos convencidos que é uma qualidade em potencial que, ao contrário do que se pensa, é muito comum entre a população em geral.

Para se definir um perfil empreendedor, a profissão é um critério irrelevante. Qualquer pessoa - desde que se oriente pela ação e por resultados, que perceba o mundo como um imenso e inesgotável espaço de possibilidades, que tenha visões, imaginação e que, ao longo de sua existência, construa um histórico de realizações - pode ser considerada um empreendedor.

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 01

A capacidade de observação diferenciada do mundo - Isto é, a capacidade de tomar a

iniciativa, buscar soluções inovadoras e agir no sentido de realizar objetivos pessoais ou comunitários. Essa capacidade está marcada por um sentimento de “querer fazer” antes mesmo do fazer propriamente dito. O empreendedorismo, nesse sentido, é uma questão de atitude. • A capacidade de realizar ações significativas - Uma vez instalado o querer fazer, atitude

imprescindível e necessária para a ação exitosa, empreender também compreende o “sentido de realização”, ou seja, o sentido de realizar a ação, sem a qual o sentimento anterior do querer, da atitude, se tornaria inócuo.

A capacidade de gerar resultados úteis para a sociedade - Observação privilegiada e ações

significativas não bastam por si só. Empreendedorismo também requer a geração de resultados úteis para a sociedade. O empreendedorismo, nesse sentido, é uma questão de consciência social e, mesmo que não estejamos enfatizando a atividade, estaremos, nesta

disciplina, discutindo o papel do empreendedor como co-responsável social.

Como Observamos o Empreendedor?

Este será um mapa de rota que iremos ampliando e completando no transcurso da unidade, para falar do empreendedor. Pretendemos com ele fazer um ponto de checagem e resumo dos conteúdos no transcorrer das unidades.

Conclusão:

As noções de observação privilegiada, ações significativas e resultados conseqüentes, além de situarem o empreendedorismo sugerindo uma visão diferenciada, também trazem consigo a noção de aprendizagem. Isso porque não se nasce com as capacidades de observar, agir e obter resultados; essas capacidades são aprendidas ao longo da vida da pessoa.

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Aula 02 – Distinções de Aprendizagem

Nessa segunda aula, apresentaremos a aprendizagem como um fenômeno humano, os níveis de aprendizagem e os desafios da aprendizagem. Tenha uma boa aula!

DISTINÇÕES DA APRENDIZAGEM

A aprendizagem é tanto uma arte quanto uma disciplina: enquanto arte, requer sensibilidade para dar matizes, para ser audaz, para lidar com incertezas; requer humildade e firmeza de propósito para superar o fracasso, e também a capacidade para respeitar-se sempre, em qualquer condição; enquanto disciplina, é um processo que tem características estruturais, que se assenta no passado (história), se realiza no presente (com a ação, com a prática) e nos permite desenhar o futuro (fazer história, criar). Tudo isso é aprendizagem. E aprendizagem continuada é desenvolvimento.

A aprendizagem tem um papel fundamental nos resultados que obtemos, tanto no domínio pessoal quanto organizacional. Referimo-nos à aprendizagem como um processo que permeia todos os domínios da vida e não só aquele associado ao “aprendizado de sala de aula”. A vida nos apresenta situações nas quais não sabemos o que fazer, nem com os quais sabemos lidar. Coloca-nos diante do desconhecido e exige que atuemos com alto grau de efetividade. Você se lembra de como se sente quando é pego sem saber como fazer algo? É nesses momentos que ter a noção de ser aprendiz converte tais situações em oportunidades para expandirmos nossa consciência e nossas competências.

As reflexões de Fernando Flores (1995) sobre o fenômeno da aprendizagem nos dizem que nela podemos identificar dois tempos: um tempo inicial, no qual não sabemos fazer algo e um tempo final, no qual podemos declarar que sabemos fazer esse algo. Existem três condições para que possamos dizer que sabemos: primeiro, que isso que aprendi posso fazê-lo com autonomia, ou seja, sem precisar da ajuda de outros; segundo, que posso fazê-lo com efetividade, ou seja, com eficácia e eficiência; e terceiro, que consigo resultados positivos recorrentemente.

Os Níveis de Aprendizagem

Existem níveis escalonados no processo da aprendizagem. Desde o momento em que nascemos, estamos aprendendo. Por isso, ainda hoje, como em qualquer outro momento de nossas vidas, identificamos situações nas quais somos “experts” e outras em que somos simplesmente principiantes. Em resumo, somos aprendizes durante toda a vida.

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 02

Fernando Flores (1995) compreende o desenvolvimento da aprendizagem das pessoas num processo progressivo através de seis níveis de competências. Esta progressão vai desde o nível do principiante até o nível do mestre. Vejamos, a seguir:

Principiante - Neste nível, o aprendiz começa a desenvolver habilidades seguindo as regras e

distinções dadas por um manual. O principiante não tem condições para antecipar a maneira como vai agir em situações em que não existam as regras que ele aprendeu. Seu trabalho será rotineiro e terá dificuldades em responder a situações novas. Palavras-chave: segue regras. • Principiante avançado - Neste nível, o aprendiz começa a demonstrar capacidade de atuar em

domínios novos, ainda que sob supervisão. Embora não confie em si mesmo para atuar independentemente, já demonstra ter experiência em usar regras e começa a distinguir sintomas nas situações. Seu mundo expande-se, na medida em que valoriza cada vez mais a experiência e a sabedoria adquirida para reconhecer e antecipar problemas que estão além de sua competência atual. Palavras-chave: reconhece situações.

Competente - Neste nível, o aprendiz trabalha com independência, podendo antecipar e lidar

com problemas sem muita deliberação sobre o que tem que fazer e, em conseqüência, não precisa mais seguir regras ou instruções. Seu desempenho é considerado bom, embora não consiga ainda lidar com situações inesperadas que estejam fora de suas práticas padrões. Palavras-chave: Sabedoria prática.

Especialista - Neste nível, o aprendiz é reconhecido por outras pessoas pela sua destreza com o

assunto. Os resultados que obtém são acima da média. Ele consegue rapidamente identificar novas situações e tem experiência para se adaptar às novas circunstâncias. O especialista está em condições de ensinar a outros, mesmo que ainda não seja líder ou inovador nesse campo. Palavra-chave: Excelência.

Virtuoso - Neste nível, o aprendiz sabe executar sua tarefa com excelência e ainda aumenta a

efetividade das pessoas que estão à sua volta. Observa seus próprios limites e os limites da sua disciplina e se esforça para superá-los. Palavras-chave: supera limites.

Mestre - Neste nível, já não é mais aprendiz porque possui excelência histórica. Ou seja, ele não

só consegue se desempenhar no seu domínio, mas também é capaz de criar uma revolução na história desse domínio. Sabe se deparar com as anomalias da disciplina, observando-as e criando possibilidade de reconstituição substancial. Palavra-chave: reinventando a disciplina.

Modelo de Aprendizagem

Jacques Delors, no Relatório feito para a UNESCO sobre Educação para o século XXI, apresenta os Quatro Pilares da Educação: conhecer, fazer, ser e conviver. Posteriormente, a própria UNESCO, através de seus dirigentes, passará a se referir a um quinto pilar da Educação: o saber-aprender. Essa comissão pensa

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que cada pilar deverá ser objeto do ensino estruturado para que a educação seja uma experiência global, que se realiza ao longo da vida, tanto nos planos cognitivo e prático quanto no plano do indivíduo como pessoa e membro de uma sociedade.

Uma nova concepção de Educação visa a realização da pessoa na sua totalidade, em que todos possam descobrir, estimular e fortalecer o potencial criativo. Em outras palavras, revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Assim se ultrapassa a visão da aprendizagem puramente instrumental e chega-se a uma visão de aprendizagem integral e presente durante a vida toda.

Aprender a conhecer - O aprender a conhecer visa, mais que adquirir um repertório

determinado de conhecimentos, desenvolver o domínio dos instrumentos do conhecimento. Por instrumentos do conhecimento entendemos aprender a refletir, procurar, inquirir, propor e interpretar, exercitando a atenção, a memória e o pensamento de análise e síntese.

Aprender a conhecer aproxima-se de dois objetivos: um meio e outro fim: o objetivo meio, vai permitir à pessoa compreender o mundo, desenvolver suas capacidades profissionais e interagir na sociedade; e, o objetivo fim, vai permitir à pessoa experimentar o prazer do conhecer, o deleite de descobrir novos mundos. O processo de aprendizagem do conhecimento nunca estará acabado e pode se enriquecer com qualquer experiência.

Aprender a fazer - Ligado com a idéia de aprender a conhecer, o aprender a fazer vai além de

adquirir o simples conhecimento do quê e do porquê das coisas; aprender a fazer tem a ver com realizar a tarefa, executar a ação propriamente dita, tendo em vista o contexto de oportunidade e efetividade em que a ação se insere. É no fazer que a ação significativa se realiza, e com esta realização é que se atinge o resultado desejado.O aprender a fazer também está relacionado com a noção de educação profissional e a educação para a realização de atividades informais. Por um lado, está relacionado à formação profissional e ao desempenho de atividades formais, como Medicina, Direito, Engenharia etc., nas quais existem conhecimentos e maneiras específicas de fazer. Por outro lado, está relacionado ao exercício de atividades informais, como nas áreas de comércio, artesanato e, em geral, o setor de serviços que não estão associados a uma profissão formal e que, em países em desenvolvimento como os da América Latina, são muito freqüentes. • Aprender a conviver - Aprender a conviver visa a descobrir progressivamente o outro e atuar

em projetos com interesses comuns com esse outro. Sem dúvida, esta aprendizagem é um dos desafios mais importantes não só para o sistema educativo, mas para nós mesmos, agora. De maneira natural, nos acostumamos a valorizar mais as nossas qualidades e as qualidades do grupo a que pertencemos, seja este político, religioso, cultural. Temos dificuldades em valorizar o outro e suas qualidades diferentes. Isso é estimulado até mesmo pelo sistema educativo, com o clima de competição que prioriza sucesso individual. Aprender a conviver significa ver o outro

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 02

possível quando conseguimos perceber-nos como diferentes e legítimos. Então, é possível estabelecer comunicação entre os membros de grupos diferentes, abrindo um espaço de respeito e legitimidade mútua. Aprender a conviver significa sentirmo-nos co-responsáveis e co-autores das realidades sociais e encontrar os objetivos comuns, criar projetos comuns em beneficio dos outros, que abram espaços para a cooperação e até para a amizade.

Aprender a ser - Aprender a ser visa ao desenvolvimento

total da pessoa. Todo ser humano deve ser educado e preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos, formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como atuar nas diferentes circunstâncias da vida. Aprender a ser é um complemento do aprender a conviver. Aprender a ser é um processo que começa pelo conhecimento de nós mesmos, de nosso

potencial e complexidade, numa viagem de maturação contínua como indivíduo, membro de uma comunidade, inventor de realidades e criador de sonhos. Aprender a ser significa o desenvolvimento do espírito e do corpo, da inteligência, da responsabilidade pessoal e social, da sensibilidade, do sentido estético e da espiritualidade. Aprender a aprender é uma meta-aprendizagem. É o saber que permeia os outros quatro pilares e que significa aprender a se beneficiar das oportunidades oferecidas ao longo da vida, em todos os domínios do ser, anteriormente mencionadas. Aprender a aprender supõe uma atitude aberta aos acontecimentos e experiências na vida.

Como Observamos o Empreendedor ?

Conclusão: O empreendedor adquire as

capacidades que o diferenciam a partir do desenvolvimento dos pilares da educação. Ele aprende a conhecer e a fazer certas coisas; aprende a ser o dono da sua realidade e aprende a conviver com responsabilidade e participação.

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Aula 03 – A Teoria do Observador

Nesta aula você estudará a teoria do observador, suas distinções básicas e importância.

A TEORIA DO OBSERVADOR

Pretendemos, de agora em diante, fazer um mergulho em novos conceitos sobre o tipo de observador que somos. Vamos apresentar-lhe as distinções do observador.

Distinções do Observador

Observar é o resultado dos atos de perceber e distinguir. Neste tópico, vamos introduzir as distinções do observador; portanto, pedimos a sua abertura e entusiasmo para esta viagem que o levará a lugares desconhecidos. Vejamos as distinções:

Somos Observadores Diferentes

A primeira e mais importante distinção é que somos observadores diferentes. Leia o texto que você redigiu na atividade 1 (EU SOU). Cada um de nós tem experiências diferentes, ninguém poderá escrever esse mesmo relato, ainda que tenha passado por situações iguais. Damos maior ênfase e atenção a certas coisas e a outras não. Tem quem fale de si mesmo a partir de sua vida profissional, outros a partir de sua vida familiar, ou a partir da trajetória acadêmica, ou de seus sonhos e crenças. Outros falam a partir dos costumes do lugar onde nasceram e outros pelas perdas que teve de seres amados. Qualquer

que seja, todos estamos falando a partir do observador que somos e das coisas que são importantes para nós. Isto nos faz definitivamente diferentes.

Mas por que somos diferentes? Vamos observar com lupa o relato do EU SOU para descobrir outras coisas.

Somos diferentes porque temos distinções diferentes. Uma mesma situação é observada de forma diferente, segundo as distinções de cada pessoa nessa mesma situação. Se vamos juntos a um mesmo restaurante e eu sou um freguês, mas você é um chefe de cozinha, as observações que você poderá fazer a respeito do preparo e apresentação da comida serão muito mais sofisticadas que as de um simples freguês. Por sua vez, eu poderei fazer observações acerca do meu gosto particular de tempero,

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 03

Segundo o tipo de distinções, possuímos um conjunto de ações possíveis, o que para outros, que não as possuem, são impossíveis. Veja o exemplo do neurocirurgião. Ele, com as distinções que tem, pode fazer intervenções no cérebro de outro ser humano com expectativa de sucesso. Essas ações estão fora das possibilidades de uma pessoa que não tenha conhecimento em neurocirurgia, que não compartilha dessas distinções, e isso a faz diferente. Observe que existem ações que você consegue realizar na sua vida porque tem distinções específicas que diferenciam dos outros, como, por exemplo, as decisões que você toma no seu trabalho, na sua família, as conversações que você tem com colegas ou amigos, etc. Esta é outra distinção essencial do observador, a capacidade de fazer juízos, o que corresponde ao posicionamento que o observador assume ao usar as distinções. O anterior nos remete também a que, como observadores, somos afetados pelo que nos acontece, e isto nos leva a tomar partido e fazer juízos diferentes. Minha opinião sobre o que me acontece faz com que aprecie mundos de possibilidades diferentes. Se tiver o juízo de que, com o novo Governo, o Brasil vai mudar, então minha maneira de apreciar as mudanças será aberta e vai facilitar que novas coisas aconteçam. Se meu juízo é de que no serviço público nada muda e tudo o que acontece é devagar, então qualquer iniciativa será considerada como apenas mais uma. Não nos interessa discutir qual juízo é melhor ou pior e, sim, mostrar que qualquer que seja o juízo que se tenha, estão se abrindo ou fechando possibilidades. Os juízos com os quais observamos o que acontece à nossa volta orientam nossas ações a rumos diferentes. Observe os juízos presentes no seu relato da atividade 1 e reflita sobre as ações que lhe são possíveis e não são possíveis.

Outra coisa que podemos observar na história do EU SOU são as narrativas. Observe a maneira como você entrelaçou as diferentes distinções e juízos, ou seja, os acontecimentos vivenciados por você, gerando um sentido de coerência e significados entre as distinções que fez. O papel da linguagem, na maneira como construímos explicações e narrativas sobre o que nos acontece, também nos faz ser observadores diferentes. Lembre-se do último filme que assistiu com algum amigo ou amiga. Após a sessão, num Café, conversando sobre o que chamou sua atenção no filme, descobre que o outro observou coisas muito diferentes de você, e a maneira como explica a trama ou como fala sobre o que o diretor queria mostrar naquela cena dá a impressão de que estão falando de filmes diferentes. Lembre-se da última notícia sobre o Governo ou sobre futebol comentada no escritório. Não falta quem faça uma narrativa completamente diferente e, mesmo que você discorde, para o outro narrador ela faz sentido. Com nossas narrativas, nós damos significados diferentes às coisas que observamos e, com isso, constituímos mundos diferentes. É como se, para cada observador, existisse um mundo diferente.

O Observador Inventa e Constrói sua Própria Realidade.

A terceira distinção é que o observador inventa e constrói sua própria realidade. Essa distinção é complexa, mas vamos tentar avançar de uma maneira simples e cuidadosa. Estamos seguros de que você já participou ou presenciou discussões intermináveis em temas de controvérsia como política, esporte, religião etc. E você se dá conta de que, depois de todo o sufoco e esquentamento, no melhor dos casos, a conversa termina num acordo de respeito pela diferença de opiniões, mesmo quando algum

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dos participantes mude de idéia. E, no pior dos casos, temos testemunhado discussões que terminam em mágoas entre amigos, separações de casais, demissões, vinganças, mortes e até guerras.

Se refletirmos sobre esses tipos de situações, poderemos ver que o que está por trás delas é um apelo à verdade, numa tentativa de conseguir convencer aos outros de que a nossa verdade é fiel à realidade. Achar que possuímos a verdade, ou, correspondentemente, que não a possuímos, é uma postura costumeira nos nossos relacionamentos; de alguma maneira achamos que as nossas opiniões coincidem com o fato de como as coisas realmente são e, como vimos no exemplo acima, conseqüências funestas têm acontecido devido a essa postura. Mas não devemos pensar que esta seja uma postura propositada das pessoas; pelo contrário, é algo tão transparente que não conseguimos vê-lo, a não ser que alguém nos mostre. Ou seja, nos relacionamentos que construímos, damos por estabelecido que alguém possui a razão, mas nunca passa pela nossa cabeça que talvez todos ou nenhum a tenham.

Existem dois fatores que contribuem para que isso ocorra: o consenso e a efetividade. • Consenso

É quando todos coincidem numa mesma observação e ninguém discorda dela. Por exemplo, poderíamos afirmar que o ano tem doze meses, a começar no dia primeiro de janeiro e a terminar no dia 31 de dezembro. É muito fácil achar que é assim mesmo, sem duvidar, mas esse calendário, numa comunidade muçulmana ou judaica, não faz nenhum sentido, pois, nessas culturas, a noção de calendário construída é diferente da nossa. Ou seja, as "realidades" podem mudar ou serem reconstruídas, dependendo da comunidade ou do tempo histórico em que vivemos.

Efetividade

É quando a maneira de observar e atuar gera os resultados esperados e, obviamente, nesses momentos achamos que estamos certos. Por exemplo, existe um chuveiro elétrico em todas as casas. Ele é um aparelho efetivo no que diz respeito a nos oferecer água quente rapidamente, a um custo que é adequado para o serviço que oferece. Por consenso e efetividade, continuaremos a instalar chuveiros elétricos até o dia em que uma mudança de contexto faça com que esse aparelho não seja mais eficiente. Uma mudança dessas pode ser um racionamento de energia como aquele que vivemos no Brasil, no ano 2001, ou uma crise econômica que nos obrigue a economizar.

Nesse momento, o chuveiro não é mais eficiente, e nos vemos na necessidade de procurar alternativas que sejam econômicas. Ou seja, as "realidades" podem mudar ou serem reconstruídas, dependendo das mudanças do contexto. No exemplo, essa mudança foi externa, mas também poderá ser interna ao observador.

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 03

Como observadores, só podemos falar do que observamos. Mesmo que nas nossas observações nos façam pensar que a realidade é como a vemos, seja pelo consenso ou seja pela efetividade, como seres humanos não podemos fazer tal afirmação. Durante séculos, discussões filosóficas muito complexas têm tido o objetivo de discernir se a realidade existe ou não. Não queremos adentrar nessa discussão; o que queremos afirmar é que, como seres humanos, temos vários filtros que, de alguma forma moldam nossa percepção e nossas distinções do mundo. Um desses filtros é, por exemplo, nossa biologia. Este é um exemplo bem prático do que estamos falando. Por sermos biologicamente como somos, existem diferenças na maneira como percebemos o mundo comparado com outras espécies de seres vivos. Sabemos da maior capacidade auditiva que tem o cachorro, a capacidade visual que tem a águia durante o dia, ou a coruja durante a noite. Cada ser vivo tem seus próprios limites biológicos. Imaginem neste momento qual será o som da realidade. Quantos sons, além dos que conseguimos escutar, estão presentes agora ao nosso redor. Pensemos ainda em algo mais próximo, nas diferenças entre nós, homens e mulheres da mesma espécie. Há aqueles que têm miopia, aqueles que são surdos, daltônicos, baixos, altos, saudáveis, doentes, obesos, adictos etc. Nossa biologia define e filtra a maneira como percebemos o universo.

Não só observamos com os olhos, mas também com as emoções, com nossas distinções básicas, com nossos juízos. Essas emoções, distinções, juízos etc, também funcionam como filtros, assim como acontece com nossa biologia. Segundo as distinções de uma pessoa com relação ao futebol e sua opinião acerca do futebol brasileiro, ela vai interpretar, ou seja, observar, de maneira particular, os comentários e reportagens feitos nos jornais esportivos. Mas, como já foi dito, só se pode falar do que é observado, ou seja, essa pessoa não tem como falar de como o futebol brasileiro realmente é.

Já foi feita a reflexão de que somos diferentes, mas agora estamos acrescentando que ser diferente nos faz observar mundos diferentes. E agora temos nas mãos uma "batata quente". Como vamos nos relacionar com os outros, se não existe realidade? Como vai ser definido o que é certo e errado? Sem um critério de verdade, tudo parece possível! Como vamos lidar com isso?

Pensemos por um momento. Hoje, no tipo de sociedade em que vivemos, tudo está sendo possível. É possível, como falamos anteriormente, mentir, enganar, ignorar e até eliminar; como também é possível negociar, respeitar, confiar, cooperar etc. Existe algo que produz uma diferença entre um e outro. Parece que o paradigma atual de verdade e realidade que persistimos em manter não é aquilo que garante que possamos viver num mundo melhor e mais seguro.

Se reconhecemos que somos observadores diferentes e que vivemos em mundos diferentes, a alternativa que nos resta para uma convivência ética e harmoniosa é o respeito pelo outro e pela legitimidade de sua diferença. A razão de ser dessa postura ética e dessa legitimação do outro, na verdade, decorre de um processo de auto-respeito e de autolegitimação, por dois motivos complementares: por um lado porque somos semelhantes no compartilhamento da forma de ser, que é ser humano; por outro lado, sendo humanos, somos diferentes enquanto indivíduos. Esse paradoxo aparente, de sermos iguais e diferentes ao mesmo tempo, é o que torna possível ao ser humano uma convivência de respeito.

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Desta maneira, propomos um tipo de relacionamento entre seres humanos baseados no respeito pelo outro e reconhecimento da legitimidade das diferenças mútuas. Isso não significa que qualquer comportamento é legítimo só porque é o comportamento de um observador. Não, o que estamos dizendo é que o comportamento, para ser legítimo, é aquele no qual se reconhece a legitimidade própria e se reconhece a legitimidade do outro.

O observador Pode Observar a Si Mesmo

Aceitar as duas distinções anteriores - a de que somos observadores diferentes e a de que a maneira como observamos o mundo é só a forma como o observamos - nos leva a introduzir a terceira distinção, a de que o observador pode observar a si mesmo. Com esta distinção, nos capacitamos a nos perguntar pelo tipo de observador que somos.

Faz parte da condição humana a ação reflexiva de observar o observador que se é. Ao introduzir as distinções acerca do observador, estamos possibilitando que você se torne um observador particular, digamos com mais poder, no sentido de possuir uma nova e maior capacidade de ação, o poder daquele que consegue observar a si próprio. Até agora, você está em condições de ver suas distinções, alguns juízos e narrativas, mas, principalmente, está em condições de começar a se perceber diferente do outro e perceber o outro com admiração pela diferença que existe entre vocês.

Como seres humanos, estamos em constante mudança e transformação. Estamos em permanente interação com o mundo e com outros seres humanos. Estas interações acontecem de maneira aleatória e, em conseqüência, o observador que somos vai se transformando. De maneira nenhuma somos estáveis. Você não é o mesmo que era há dez anos, nem aquele antes de começar a fazer este curso.

Possuir as distinções do observador, isto é, poder observar o observador que se é, dá ao indivíduo a possibilidade de intervir positivamente no seu próprio processo de transformação, percebendo-se nos movimentos e nos aprendizados. Nos tópicos adiante, estaremos introduzindo mais distinções a respeito do observador, aperfeiçoando a teoria e abrindo possibilidades para uma prática consciente de mudança de si próprio e do mundo que observa.

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 03

Conclusão:

As capacidades do empreendedor: observar privilegiadamente e atuar significativamente estão intimamente ligadas ao tipo particular de observador que ele é. O empreendedor constrói realidades, atribui significados às suas ações e intervêm no seu próprio processo de transformação.

TIPOLOGIAS DO OBSERVADOR : OS ENFOQUES ÚNICO E

MÚLTIPLO

Tipologias do observador segundo o enfoque único ou múltiplo

Característica 1 - Observador de enfoque único

Essa pessoa acredita que a maneira como ela vê as coisas num dado momento é a maneira correta e única válida. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião, é porque elas não estão conseguindo ver da sua maneira. Quando é necessário atuar em conjunto, esta pessoa tenta convencer, subordinar, ameaçar e, em último caso, até eliminar as pessoas que observam de maneira diferente. O ideal ético é a tolerância, que está relacionada com a censura ao outro e a paciência temporal dela própria.

Característica 2 - Observador de enfoque múltiplo

Essa pessoa acredita que a maneira como ela vê as coisas num dado momento é só uma dentre infinitas formas de vê-las. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião, é porque elas estão vendo de maneira diferente, o que é perfeitamente legítimo. Quando é necessário atuar em conjunto, essa pessoa tenta convencer, seduzir e mostrar as possibilidades às pessoas que observam de maneira diferente. O ideal ético é o respeito, que está relacionado com o reconhecimento à diferença e legitimidade do outro.

Característica empreendedora

Observador com enfoque único e enfoque múltiplo. Essa pessoa consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. Tem um enfoque único: sabe quando sua observação é poderosa e, mesmo que outros não a compartilhem, toma decisões assertivas e persiste em seus objetivos. Ao mesmo tempo, tem um enfoque múltiplo: compreende que outras pessoas podem fazer

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observações importantes e, ao mesmo tempo, diferentes das dele. Gosta de se surpreender com o outro. O seu ideal ético é o respeito pela diferença.

Os Paradigmas Metafísico e Ontológico

Característica 1 - Paradigma Metafísico

Essa pessoa acredita que, como ser humano, existe dentro dela algo que é imutável. Igualmente acha que existe uma verdade fora de si mesma e que deve ser descoberta. Existe uma única realidade à qual pode fazer referência porque, de alguma maneira, tem acesso a ela. Exclui ou tenta convencer aquele que não compartilha da sua realidade.

Característica 2 - Paradigma Ontológico

Essa pessoa acredita que, como ser humano, é mutável e pode inventar a si próprio. Acha que não existe uma verdade, mas múltiplas interpretações. Sabe que não tem acesso à realidade como ela é e só pode fazer referência às suas particulares observações. Inclui todos aqueles que observam de maneira diferente porque ele mesmo é um observador diferente.

Característica empreendedora - O empreendedor ontológico

Neste curso, propomos o desenvolvimento do empreendedor ontológico. Acreditamos que este paradigma seja mais coerente com o tipo de ações e relacionamentos que desejamos construir. Mesmo assim, e por ser ontológico, não nos vemos no direito de desqualificar o empreendedor metafísico que outros cursos possam oferecer.

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Aula 04 – Domínios Constitutivos do Observador

Nesta aula trabalharemos os três domínios básicos do observador: a linguagem, a emocionalidade e a corporalidade .

INTRODUÇÃO

O Observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a emocionalidade e a

corporalidade. Esta seção apresenta as características de cada um desses domínios, com o objetivo de continuar ampliando as noções a respeito do observador.

Primeiramente, apresentamos uma contextualização acerca de como os domínios estão relacionados; na seqüência, apresentamos cada um dos três em separado e, em todos, estaremos referenciando permanentemente a observação do observador que você é.

OS TRÊS DOMÍNIOS CONSTITUTIVOS

Dizemos que o observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a emocionalidade e a corporalidade. Todos nós conseguimos perceber esses três domínios. Pense em você agora. Como estão se manifestando seus três domínios neste exato momento? Você está numa emocionalidade apropriada para estudar e aprender; do contrário, nem teria conseguido se sentar para entrar no site do curso. Sua corporalidade também está presente. Pode ser que esteja relaxado ou com fome, mais seu atuar agora é ler e acompanhar esta fala. E sua linguagem é quem o faz distinguir a condição na qual se encontra e principalmente observar em você mesmo os três domínios.

Estes três domínios são considerados com igual importância; isto significa que é tão importante o pensar, quanto o sentir e o atuar. Por muito, tempo tentaram explicar o ser humano a partir da sua natureza racional. Somente os aspectos da linguagem, do pensar e da razão eram considerados importantes e a ele eram subordinados os outros dois domínios. Mas, nas últimas décadas do século passado, grandes avanços aconteceram, com os quais foi reconhecida principalmente a importância da emocionalidade. A corporalidade vem sendo reconhecida aos poucos, por movimentos alternativos da medicina e de terapias corporais, mas ainda é precário o status desse domínio no meio organizacional.

Além de serem igualmente importantes, esses domínios são coerentes entre si. Por exemplo, nossa emocionalidade se manifesta no nosso corpo e na nossa linguagem. Imagine alguém com muita raiva (sentir), com o corpo deitado (atuar) e lendo um livro (pensar); você conseguiu? É improvável que

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Empreendedorismo

Parte 01 - Aula 04

experimentando raiva (sentir), nosso corpo está tenso e ágil, grunhindo ou bufando, com movimentos rápidos (atuar) e, definitivamente, falando rápido, remoendo e tentando explicar o que aconteceu (pensar).

Esses domínios também estão interconectados; isto significa que, ao mudar um deles, necessariamente os outros dois vão estar afetados. Por exemplo, se estou preguiçoso sem conseguir me mexer (atuar) e recebo uma ligação de alguém de quem gosto muito (sentir) e conversamos sobre assuntos que me motivam (pensar), é provável que no meio do papo eu já esteja em pé, querendo fazer alguma coisa. Isto abre possibilidades para observar o observador que somos e pensar em alternativas para mudanças em algum domínio.

Finalmente, esses três domínios também interagem com o sistema (ou entorno) . A família, amigos, colegas, entre outros, constituem o sistema social no qual nos movimentamos. Nosso pensar, sentir e atuar não pode ser compreendido apenas através da observação do indivíduo como ser único. Por um lado, o sistema, ou seja, o meio em que vivemos, está permanentemente nos estimulando para desenvolver novas emoções, atitudes, posturas, idéias etc., que produzem mudanças em nós. E ainda, com nossas opiniões, sentimentos e formas de agir, também estamos produzindo estímulos e mudanças no sistema. Indivíduo e sistema interagem e se afetam mutuamente, num continuum.

Linguagem

Quando pensamos, o que pensamos? Como pensamos? Estas são algumas das perguntas interessantes que podemos fazer relacionadas a esse domínio. O tempo todo, nossa mente está com idéias, imagens mentais, opiniões, conceitos, associações etc., e acontece com tanta facilidade que às vezes se torna “transparente”, ou seja, não percebemos que estamos pensando, acontece

sem que “eu pense que vou pensar”. Vamos tirar o pensar dessa transparência e “trazer o fenômeno à sala” (lembrem que definimos esta expressão com a idéia de observar o fenômeno, neste caso, o pensar, e

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juntos observá-lo e destrinchá-lo) para que possamos fazer novas distinções a respeito do pensar.

Este é o nosso fenômeno: Pensamos numa garrafa de refrigerante plástica. Achamos que são melhores do que aquelas garrafas de vidro antigas, porque esses tipos de garrafas oferecem maior segurança no caso de acidentes em casa e porque aparentemente são mais higiênicas.

Vamos fazer uma análise do nosso fenômeno, e você, igualmente, no seu caso particular. Vamos ver em que dá isto.

No nosso fenômeno, estamos fazendo distinções de um objeto: uma garrafa de refrigerante plástica. Mas estamos utilizando outras distinções para falar dela, como, por exemplo: garrafa de refrigerante de vidro, vazio, antigo, segurança, acidentes, casa, higiene - as distinções nos permitem nomear as coisas que vemos no mundo. As distinções também são compartilhadas na comunidade. Se eu chego perguntando por uma “botella”, só as pessoas que tem distinções compartilhadas do idioma espanhol saberão que estamos falando exatamente do mesmo objeto.

No mesmo exemplo, vamos ver os juízos: é muito melhor do que aquelas garrafas de vidro antigas; oferece maior segurança no caso de acidentes em casa; é mais higiênica. Com os juízos, nos posicionamos a respeito do que estamos distinguindo, ou seja, da garrafa, neste caso. Os juízos também falam de nós. Poderíamos nos perguntar por que é tão importante para esta pessoa a segurança. Será que tem crianças em casa, ou terá sofrido algum acidente no passado etc.? Os juízos falam do que opinamos do mundo, mas também falam do que nos importa.

A narrativa, por sua vez, é a maneira como “costuramos” as distinções e os juízos que fazemos do mundo. Neste exemplo, a narrativa fala de alguém que valoriza o avanço tecnológico porque garante um maior bem-estar para sua vida. Um ambientalista, por exemplo, poderia estar falando exatamente o contrário, com o objetivo de gerar uma maior consciência ambiental, dizendo que nenhuma garrafa é melhor que outra, pelos processos de reciclagem dos componentes e o nível de contaminação que deixam no planeta. Já um empresário poderia estar tentando seduzir um potencial investidor para sua empresa de distribuição de refrigerantes. A narrativa tem em si uma noção de poder. Este poder, entendido como poder de ação, identifica-se pela capacidade que você tem de fazer as coisas acontecerem nas suas interações com equipes, famílias etc. A narrativa é poderosa quando faz sentido para as pessoas e faz com que coisas aconteçam.

Emocionalidade

Quando sentimos, o que sentimos? Como sentimos? Estas são algumas perguntas muito interessantes que podemos fazer relacionadas a esse domínio. Lembre-se das últimas 5 horas. Procure distinguir os sentimentos que surgiram ao longo deste período. Teve recordações, lembrou de cenas agradáveis, sentiu raiva, esteve

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Parte 01 - Aula 04

alguém e se sentiu feliz? Se qualquer dessas coisas aconteceu, então você tomou contato com o domínio da emocionalidade.

Observemos, em primeiro lugar, que a emocionalidade flui de um estado a outro. Num curto período de tempo, podemos identificar um grande fluxo de emoções que serão mais conturbadas ou tranqüilas, dependendo do nível de agitação e estresse do dia. Numa hora, estamos tranqüilos, logo depois, ansiosos, à espera de algo e, depois, felizes porque aquilo que esperávamos aconteceu. É um fluir interminável.

Dizemos também que a emocionalidade é contagiosa: naturalmente ficamos felizes, tristes ou sentimos ternura se alguém próximo de nós tem esses sentimentos. Principalmente, estamos mais expostos a este contágio quando alguma das pessoas que amamos vivencia alguma emocionalidade em particular. Isto é muito interessante porque líderes e empreendedores sabem disto, eles com sua própria emocionalidade conseguem contagiar grupos, povos e nações com uma emocionalidade específica. A emocionalidade é contagiosa e predispõe para a ação.

Vejamos o exemplo de emocionalidades contagiosas em alguns empreendedores mundiais: por um lado, Gandhi, através da emocionalidade da paz e do amor, contagiou, conseguiu predispor o povo indiano para que mudanças acontecessem. Por outro lado, Hitler predispôs o povo alemão para a guerra e a luta pela supremacia germânica. No nosso caso, quando precisamos desempenhar uma ação com efetividade, devemos nos perguntar se estamos com a emocionalidade adequada para obter sucesso na tarefa. Não será possível me concentrar para estudar um texto se estou em “clima de paquera” num barzinho. Também não poderei escutar atentamente meu filho se estou esperando que passe na TV o informe do valor do dólar.

Todas as nossas observações acontecem num espaço emocional. Uma mesma situação observada por dois observadores levará a resultados diferentes, dependendo do estado emocional em que se encontre cada um. Se virmos uma mulher batendo num menino, um observador que esteja se sentindo triste provavelmente vai ficar mais desanimado ainda, sentindo que nada pode fazer para mudar o mundo. Por outro lado, diante da mesma situação, se outro observador estiver com compaixão, provavelmente vai se aproximar respeitosamente e oferecer ajuda a ambos.

Assim como dissemos que os pensamentos aparecem de três formas (distinções, juízos ou narrativas), no sentir podemos distinguir duas formas: emoções e estados de ânimo. No nosso quadro acima, podemos identificar claramente as emoções, porque elas são superficiais e passageiras e sempre estão relacionadas a algum acontecimento concreto, e, como vimos, mudam contínua e rapidamente. Se você, ao fazer o exercício, não conseguiu identificar o evento que desencadeou uma emocionalidade, então provavelmente estamos diante de um estado de ânimo. Os estados de ânimo são mais profundos e recorrentes e chegam a caracterizar as

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pessoas. Você conhece pessoas que são tristes ou pessoas que são preocupadas? Ou pessoas que estão sempre sorrindo, de bom humor? Todos nós temos estados de ânimo que nos caracterizam; em geral, estamos nele, mesmo que tenhamos momentos com emoções diferentes, logo que passam, voltamos ao nosso recorrente estado de ânimo.

Corporalidade

Quando atuamos, o que fazemos? Como atuamos? Você observa seu corpo? Seu corpo lhe envia sinais como dores, enfermidades, alergias, momentos de contração ou descontração, suores, odores, secreções etc. Ele está permanentemente interagindo e acompanhando as nossas ações, emoções e pensamentos. O domínio da corporalidade é o domínio com o qual temos menor nível de contato e consciência. Em geral, facilmente identificamos os nossos pensamentos e as nossas emoções, mas grande parte da nossa corporalidade passa inadvertida para nós mesmos. Por um lado, é interessante quando nos vemos em algum filme familiar gravado em VHS ou similar, e não reconhecemos nossos movimentos ou nossa postura. É como se nos acháramos diferentes. Por outro lado, é interessante que, quase sem nenhum esforço consciente e mesmo de longe, reconhecemos as pessoas pela sua maneira de caminhar ou seu jeito de se movimentar.

A corporalidade nos remete tanto ao corpo quanto à postura corporal. Podemos caracterizar o nosso corpo pela sua biologia, estrutura, estado de saúde ou histórico de doenças; podemos também nos referir ao relacionamento que temos com ele, o quanto o aceitamos e cuidamos, como o alimentamos, exercitamos e limpamos etc. Também podemos caracterizar a postura de nosso corpo pelo nível de energia, ritmo e rotinas que são recorrentes. Reflita sobre as anotações da atividade anterior e faça uma caracterização da sua postura. Poderá ver que em situações similares, a postura é a mesma.

Em particular, nos interessa aprofundar a reflexão quanto à postura. Se, por um lado, temos uma estrutura que nos condiciona e limita, como é o caso do corpo, por outro lado, temos uma postura que nos caracteriza e nos afeta na vida. Pela nossa biologia, podemos realizar certas ações e outras não, isto é, alguns de nós poderiam ser profissionais de futebol, de boxe ou ginastica, mas cada um desses esportes requer certas características estruturais da nossa biologia. Pela nossa postura, seja presunçosa ou altiva, tímida ou segura, relaxada ou frouxa, algumas ações, oportunidades ou dificuldades são possíveis de acontecer, e outras não.

Observadores diferentes adotam uma postura diferente, segundo o espaço onde se encontram. Como você pode ver no exercício, dependendo do local onde você se encontre e do nível de segurança que você perceba, seu corpo tem uma postura particular. Pessoas diferentes reagem com sua postura de maneira diferente, segundo seus hábitos, padrões e costumes sociais.

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Parte 01 - Aula 04

postura foi aprendida da nossa família, amigos e pessoas que admiramos. Quantas vezes nos falam que somos iguais a alguém da família, mas, se formos observar, a semelhança se apresenta mais no corpo que na postura.

Sendo assim, e acreditando que a postura nos afeta na vida, então, podemos incorporar novas posturas e criar novas ações e possibilidades para nós.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão:

O empreendedor reconhece em si mesmo e nos outros sua maneira de pensar, sentir e atuar na vida. Esses três domínios são coerentes com sua visão empreendedora.

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Aula 05 – O Observador e a ação

Nesta aula apresentaremos as distinções básicas da ação. Você irá reconhecer a relação entre o observador e a ação humana e adquirir

as distinções de transparência e quiebre.

INTRODUÇÃO

A ação é tão importante quanto o observador e, nesta unidade de empreendedorismo, consideramos esta distinção fundamental para o futuro desenvolvimento de competências empreendedoras.

Temos apresentado aspectos que consideramos mais importantes no observador e, neste tópico, vamos iniciar a apresentação da noção de "ação" que consideramos igualmente importante à do observador. A importância da ação pode ser resumida em dois aspectos: primeiro, a ação determina os resultados que obtemos na vida e, segundo, que a ação depende do tipo de observador que somos. CHRIS ARGYRIS(1992) nos oferece uma maneira de entender a relação entre o observador, a ação e os resultados. Vejam figura a seguir:

Todo e qualquer resultado que obtenhamos na nossa vida, seja no trabalho ou no âmbito pessoal, é conseqüência das ações que realizamos. Por sua vez, toda ação realizada é feita por um observador.

A ação tem como efeito alterar o que é possível. A ação se realiza porque temos a expectativa de que algo novo aconteça. Fazer uma ligação, enviar uma mensagem, fazer um projeto, preparar uma comida, qualquer coisa que fazemos altera a realidade e faz com que outras coisas se tornem possíveis. Inclusive, não atuar pode ser uma ação que estamos realizando, mas com o mesmo interesse de provocar uma mudança. Nas ocasiões em que as mudanças esperadas não acontecem apesar de nossas ações, costumamos dizer que “não fizemos nada”.

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Parte 01 - Aula 05

Dizemos que o atuar é o princípio ativo de nosso “ vir-a-ser”. Por um lado, nós atuamos conforme somos, ou seja, o ser precede à ação. Isto significa que se eu observo as ações de uma pessoa, poderei conhecê-la. Se eu participo de programas de beneficência, você poderá concluir que sou solidário; se você observa que mantenho uma rotina de trabalho bem estabelecida, você pode achar que sou disciplinado e, concluindo de outra forma, se você vir que sempre estou envolvido em atividades esportivas, você dificilmente vai considerar que sou sedentário.

Mas, por outro lado, também somos conforme atuamos, ou seja, mais precisamente, a ação gera o ser. Se mudarmos nossas ações, estaremos influindo no processo de geração de nosso ser, transformando-o; se mudo meus hábitos alimentícios e me alimento melhor e sou cuidadoso na preparação dos alimentos, necessariamente vou adquirir novas distinções, e

isso me fará diferente; se realizar esta disciplina desenvolvendo um rigoroso processo de aprendizagem, então vou me tornar especialista. A ação é um caminho para mudar o observador que somos.

Vamos abordar o observador e a ação a partir de uma perspectiva sistêmica. Como apresentamos em aula anterior, a teoria do observador está enquadrada numa corrente de pensamento chamada construtivista. Essa visão construtivista, por sua vez, surge numa linha de pensamento ainda maior, chamada sistêmica. Ou seja, o construtivismo é uma ramificação do pensamento sistêmico. Nosso propósito ao apresentar este conteúdo é que a teoria do observador seja compreendida num amplo contexto. Veremos, brevemente, alguns dos fundamentos da nova sistêmica, que consideramos relevantes para o estudo do empreendedorismo e, na seqüência, as reflexões que a nova sistêmica faz sobre o fenômeno da aprendizagem. Nessa reflexão, apresentam-se as distinções de aprendizagem de 1ª, 2ª e 3ª ordem, com as quais encerraremos o estudo da Teoria do Observador.

NOÇÃO DE PESSOA

A noção de pessoa considera com igual importância tanto o tipo de observador que somos quanto as nossas ações. Somos pessoas tanto pelos pensamentos e emoções quanto pelas ações que realizamos. Poderíamos pensar em alguém que só é o que pensa? Ou, de outra forma, poderia conhecer você sem conhecer sua maneira de pensar, de sentir e de atuar? Somos o observador que somos, somado às ações que realizamos.

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Isto parece evidente, mas nos comportamos no mundo observando as ações dos outros, e fazendo juízos sem nos deter a perguntar pelo observador que fez aquilo, como no caso de alguém que atua de uma maneira inesperada, reagindo com violência e batendo nas paredes. Julgamos precipitadamente as ações, as quais achamos erradas e, dificilmente, nos questionamos sobre a coerência que está por trás dessa pessoa, do observador que fez o que fez. Não estamos querendo legitimar as ações violentas, queremos observar o observador que somos, que só observa as ações dos outros, sem nos perguntarmos pelo que levou essa pessoa a atuar de determinada maneira.

Independente da resposta que você deu no exercício anterior, observe que a sua resposta está sendo gerada por você, está em você e não no Rubem. Nada pode nos dizer o que faz Rubem caminhar. O que realmente faz Rubem caminhar é algo que ele movimenta do fundo de sua alma, algo que nem ele mesmo é capaz de expressar com clareza. Esse “algo que nos move”, que nos faz agir e partir para a ação propriamente dita é o que chamamos de inquietude. Outra maneira de fazer a pergunta do exercício acima é: qual é a inquietude do Rubem, que o faz caminhar todo dia de manhã?

A inquietude é um tipo particular de distinção, porque ela é a única que relaciona diretamente o observador e a ação. Costumamos dizer que a inquietude é o cordão umbilical que nutre e mantém unidos a ação e o observador; ou também como vínculo entre o criador e a criatura: o observador é o criador que traz a inquietude, e a criatura é a ação que nasce dela. As outras distinções da linguagem (distinções, juízos e narrativas) não são suficientes para motivar a pessoa a atuar; é necessário que exista a inquietude para que os atos aconteçam.

Enquanto um observador não age, dizemos que a inquietude ainda não se manifestou. A noção de inquietude, mesmo que resida no observador, só se revela quando acontece uma ação. No caso do diálogo acima, Ruben tinha explicações e opiniões médicas sobre a importância de caminhar, mas algo acontecia até então, a inquietude não surgia para fazê-lo agir.

Nem sempre é possível desvendar a inquietude. Nem sempre temos uma resposta clara para dizer que a inquietude do Ruben era a preocupação com a saúde. No diálogo, ele mesmo não sabia. Neste sentido, como observadores, temos nossos limites. Como já sabemos, o máximo que podemos fazer é observar,

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Mas sabemos algumas coisas sobre as inquietudes. Sabemos que cada vez que uma inquietude surge, há por trás o juízo de que algo falta no mundo, de que há algo que desejamos e de que precisamos intervir, ou seja, de que é preciso atuar para que essa carência seja suprida, porque, no caso de não atuar, o mundo vai continuar do jeito que está. Para Ruben, está faltando saúde, juventude, beleza etc., não sabemos com certeza, mas algo falta no seu mundo e, se ele continuar agindo de forma sedentária, o que falta não vai acontecer.

Tipologias do Observador Segundo as Inquietudes que Promovem a Ação

Característica 1 - Observador que atua em função das suas próprias inquietudes

Essa pessoa está interessada nos seus propósitos, sonhos ou desejos. Tem energia para batalhar pelos seus objetivos. Dificilmente percebe as inquietudes dos outros. Geralmente, não compreende porque o outro se interessa por coisas diferentes das dele.

Característica 2 - Observador que atua em função das inquietudes do outro

Essa pessoa sempre pensa no que o outro deseja. É solidário, generoso e dificilmente se recusa a pedidos, mesmo quando não quer ou não pode realizá-los. Dificilmente percebe seus profundos desejos ou sonhos. Não compreende como há pessoas que só pensam em si mesmas.

Característica empreendedora - O empreendedor constrói inquietudes compartilhadas

Essa pessoa consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. Não se esquece dos seus sonhos e propósitos, mas constrói empreendimentos que vão ao encontro também das inquietudes dos outros. É uma característica fundamental para o trabalho em equipe.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão: O empreendedor é consciente

do seu papel na comunidade à qual pertence e é protagonista da sua historia; por isso, as principais inquietudes do empreendedor o levam a realizar ações significativas e com responsabilidade social.

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NOÇÃO DE MAESTRIA

Trazemos a noção de maestria porque ela está intimamente relacionada com a ação. Chamamos mestre àquele que domina uma técnica ou é competente para fazer certas coisas. O regente de orquestra é aquele que consegue sintonizar e harmonizar um grupo de intérpretes junto com vários tipos de instrumentos conforme uma música escolhida. Não é uma tarefa fácil, mas ele tem conhecimentos, habilidades e atitudes para desempenhar essa coordenação de ações. O interesse em estudar esta noção consiste em reconhecer que existem alguns domínios nos quais somos mestres e em outros não.

Na teoria da maestria de HEIDEGGER (1971), ele postula que uma pessoa é mestre no momento em que seu ser é igual ao seu fazer. Para entender este postulado vamos destacar dois pontos. Primeiro, que ser mestre não é algo permanente. Eu não posso dizer que sou mestre em tudo, mas, sim, posso dizer que sou mestre em vendas. Ser mestre acontece em alguns momentos e em algumas ações em particular. Eu posso

ser mestre dançando forró, mas no tango não. Segundo, o ser mestre acontece quando atuamos e somos, ao mesmo tempo, sem esforço.

Ser mestre é quando entramos livremente em interação com uma situação; é esse momento em que o ser é igual ao atuar. Por exemplo, quando somos aprendizes de dirigir carro, não entramos livremente em interação com o trânsito. Estamos tensos, querendo antecipar movimentos e com medo de não ter a habilidade para atuar corretamente a qualquer momento. Mas, depois de uma prática contínua, a insegurança começa a desaparecer e, um dia, inesperadamente, percebemos que aquela tensão passou. A partir desse momento, dirigir não é mais algo que nos estressa, dirigir acontece simplesmente. Então, estamos interagindo livremente, nossa atenção não está no ato de dirigir, dirigir é “transparente” porque nossa atenção está no ato de interagir com o trânsito.

Noções de Transparência

Preste atenção à distinção de transparência, porque há duas noções associadas: uma associada à noção de maestria e outra à noção de ignorância pura.

Transparência associada à noção de maestria

Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem enfocar nossa atenção no processo de atuar. São estes os momentos em que somos mestres, porque são aqueles momentos em que não fazemos esforço algum para atuar. No exemplo do carro, quando entro nele e arranco, eu não penso na chave, na embreagem, na marcha etc. Quando escrevo no computador, minha atenção não está no teclado, ou no mouse. Minha atenção está posta na interação com aquilo que escrevo ou com o site que estou visitando.

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Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem observar, ou seja, sem perceber nem distinguir a ação que estamos realizando. São estes momentos em que somos ignorantes, porque são aqueles momentos em que não temos consciência alguma ao atuar. Um exemplo disso é quando vamos a um concerto de música medieval do qual gostamos, mas fica transparente para nós a harmonia, a estrutura e até o contexto em que essa música foi composta, porque somos ignorantes nessa área.

A transparência, seja qual for, muitas vezes é percebida só quando é “quebrada”. Quando algo falta ou algo sobra, essa transparência é interrompida. A maneira como chamamos essa ruptura da transparência tem conservado seu nome em espanhol, em que costumamos chamá-la de quiebre. Esta é outra distinção importante. Quando não achamos a chave do carro, quando o pneu está furado, quando o mouse não responde, quando a água da torneira sai com muita força, quando alguém nos fala de música medieval e nos ensina a escutá-la, então percebemos que essas coisas existem. Dizemos que a transparência foi quebrada e que esses objetos saem da transparência.

Dependendo de como seja interpretado o quiebre, este poderá ser um problema ou uma oportunidade. Temos falado várias vezes que o observador dá sentido às coisas que acontecem no mundo. Muitas vezes, o que observamos no mundo são precisamente quiebres. Dependendo do estado de ânimo em que nos encontremos e dos juízos que tenhamos do quiebre, este poderá se constituir em problema ou oportunidade. Por exemplo, se tiver planejado um vôo, para mim são transparentes os procedimentos de segurança e manutenção do avião; mas, com certeza será um quiebre se o vôo atrasar. Ficar no aeroporto por duas horas pode ser um problema enorme e algo muito desgastante se eu estiver ansioso e tiver o juízo de que o aeroporto é muito chato e não oferece nada para fazer. Por outro lado, pode ser uma oportunidade, se eu estiver tranqüilo e tiver o juízo de que nesse tempo posso fazer muitas coisas, ver lojas de livros, procurar um presente que tinha esquecido, ou ler aquele artigo de revista que sempre estou adiando.

Diante dessas novas distinções, podemos nos perguntar: que postura típica tem um empreendedor frente aos quiebres? Frente aos quiebres, posso ter uma postura empreendedora, me perguntando pelo que falta ou sobra para que eles voltem à transparência. Com esta postura, estarei sendo responsável e estarei abrindo possibilidades para a mudança. Observo muitos quiebres no mundo, no Brasil, na universidade, no trabalho, em casa, em mim mesmo. O que fazer com esses quiebres? Se no ambiente de trabalho um quiebre que temos observado é a falta de maiores oportunidades de negócios, uma postura empreendedora ou pró-ativa frente a esse quiebre é responder à pergunta: o que falta ou o que sobra nesta empresa para ter maiores oportunidades de negócio? Ou, o que poderíamos fazer para que as oportunidades de negócios fossem transparentes e elas sempre estivessem ali?

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