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Artigo
original
Os
comportamentos
sexuais
dos
universitários
portugueses
de
ambos
os
sexos
em
2010
Marta
Reis
∗,
Lúcia
Ramiro,
Margarida
Gaspar
de
Matos
e
José
A.
Diniz
Centrodeestudosdeeducac¸ãoparaasaúde,FaculdadedeMotricidadeHumana,UniversidadeTécnicadeLisboa, CruzQuebrada,Portugalinformação
sobre
o
artigo
Historialdoartigo: Recebidoa7defevereirode2012 Aceitea11dedezembrode2012 On-linea6demarzode2013 Palavras-chave: Comportamentossexuais Saúdesexualereprodutiva Jovensuniversitários Portugal
r
e
s
u
m
o
Oimpactocausadopelainfec¸ãodoVIH/SIDA,juntando-seaoutrosriscosligadosàatividade sexual,comoagravideznãodesejada,fezcomqueasexualidadepassasseaserconsiderada umaquestãodeurgênciasocialeumfatorquepodeterumforteimpactonegativoaonível dasaúde,considerando-seosjovensadultoscomoumgrupoespecialmentevulnerávelem termosdesaúdesexualereprodutiva.Estainvestigac¸ãoavaliouoscomportamentos sexu-aisdosjovensuniversitáriosportuguesesdeambosossexos.Aamostradoestudonacional HBSC/SSREUéconstituídapor3278jovens,entreos18eos35anos.Osresultadosobtidos demonstramqueamaioriajáteverelac¸õessexuais,teveasuaprimeirarelac¸ãosexualaos 16anosoumaiseutilizoucomoprimeiracontracec¸ãoopreservativo.Osmétodos contrace-tivosescolhidoshabitualmenteporestesjovenssãoopreservativoeapílulacomintenc¸ão deprevenir,querumainfec¸ãosexualmentetransmissível,querumagravidezindesejada. Oshomenstiveramaprimeirarelac¸ãosexualmaiscedoqueasmulheresemais frequen-tementenãoutilizaramqualquermétodocontracetivo,oquesugereumelevadoriscopara contrairumagravideznãodesejadaouumaIST.Oshomenseosjovensmaisvelhos referi-rammaisfrequentementeterrelac¸õessexuaiscomoutrapessoaduranteorelacionamento amoroso,parceirossexuaisocasionais,maisde3parceirossexuaisocasionaisnoúltimoano erelac¸õessexuaissoboefeitodoálcooloudrogas.Osresultadosrefletemanecessidadede implementarpolíticaseducacionaisnoâmbitodasexualidade,visandoaorientac¸ãodos jovensquantoàspráticassexuaissaudáveis.Éimprescindíveltornarosjovensmais res-ponsáveisemaisatentosquantoaoscuidadoscomasuasaúdesexual,bemcomocoma dosseusparceiros.
©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos direitosreservados.
Sexual
behaviours
of
Portuguese
university
students
of
both
sexes
in
2010
Keywords: Sexualbehaviour
Sexualandreproductivehealth
a
b
s
t
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c
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TheimpactcausedbyHIV/Aidsandotherrisksrelatedtosexualactivity,suchas unplan-nedpregnancy,isresponsibleforsexualitytobeconsideredasamatterofsocialpriority andafactorthatmayhaveastrongnegativeimpactintermsofhealth,thereforeranking ∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:reispsmarta@gmail.com(M.Reis).
0870-9025/$–seefrontmatter©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2012.12.001
Universitystudents Portugal
youngpeopleasanimportanttargetgroupintermsofsexualandreproductivehealth.This researchassessedthesexualbehaviorsofuniversitystudentsofbothsexesinPortugal.The sampleofthenationalHBSC/SSREUstudyconsistsof3278youngpeoplebetween18and 35yearsold.Thefindingsshowthemajorityhashadsexualintercourse,hadtheirfirst sexualintercourseat16oronwardsandusedeitheracondomoracontraceptivepill.The contraceptivemethodschosenareusuallythecondomandthepillintendedtopreventboth asexuallytransmittedinfectionandanunwantedpregnancy.Menreporthavinghadtheir firstsexualintercourseearlierthanwomenandreportmorefrequentlynothavingusedany contraceptivemethod,whichsuggestsariskybehaviourbothintermsofunwanted preg-nancybeinginfectedwithanSTI.Menandolderyoungpeoplereportedmoreoftenhaving sexualintercoursewithanotherpersonduringtheromanticrelationship,occasionalsexual partners,morethanthreesexualpartnersinthelastyearandsexualintercourseunderthe influenceofalcoholordrugs.Theresultsreflecttheneedtoimplementeducationalpolicies inthecontextofsexuality,aimingatguidingyoungpeopleabouthealthysexualpractices. Itisessentialtomakeyoungpeoplemoreawareandmoreresponsibleforissuesrelatedto theirsexualhealth,aswellastheirpartners’.
©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights reserved.
Introduc¸ão
Osindivíduossexuadosalcanc¸amasuaidentidadee autono-mianaadolescência1.
Aadolescênciaéumafasedavidaemqueoserhumano passaporprofundastransformac¸õesevivencianovas experi-ênciasnoquedizrespeitoàsexualidade.Nestafaseéhabitual aconteceremasprimeirasrelac¸õesamorosas,queapesarde não serem sempre planeadas, muitas vezes terminam na primeiraexperiênciasexual2,3.Nãoéumprocesso harmoni-oso,poisamaturidadeemocionalnemsempreacompanhaa maturidadefísica,oquetornaaadolescênciaumaetapade extremavulnerabilidadeariscosligadosàatividadesexual, taiscomoagravidezindesejada,oaborto,oVIH/SIDAeoutras infec¸õessexualmentetransmissíveis(IST),quepodem com-prometeroprojetodevidaouatémesmoaprópriavidado adolescente1,4.
DeacordocomaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde,em ter-mosmundiais,cercade15milhõesdeadolescentessãomães anualmente5e21,6milhõesdeabortosocorreramem2008em mulherescomidadeentreos15eos44anos6.EmPortugal,no anode2010,4052adolescentesentreos13eos19anosforam mães7 e noanode 2010,realizaram-se 19151interrupc¸ões voluntáriasdagravidezemmulherescomidadeentreos15 eos44anos,masamaioriaocorreuemjovensentreos15e os29anos(55%)8.
SegundoorelatóriodaUNAIDS9,34milhõesdepessoas, em todo o mundo, vivem com VIH/SIDA. Em 2010, foram infetadasmundialmente2,7milhões depessoase42% dos novoscasosdeinfec¸ãopeloVIHocorreramemjovensentreos 15eos24anos9.EmPortugal,osdadosde2010doCentrode VigilânciaEpidemiológicadasDoenc¸asTransmissíveis com-provaramatendênciadosúltimosanos,istoé,doaumento donúmerodeheterossexuaisinfetadosbemcomodos indi-víduoscomidadescompreendidasentreos20eos49anos, oque significaqueumnúmero significativoterácontraído a infec¸ãoainda durante a adolescência ouinício da idade adulta10.
Assim,a populac¸ãoadolescenteeosjovensadultossão consideradosgruposderelevâncianapráticadeac¸ões pre-ventivaseeminvestigac¸õesnoâmbitodoscomportamentos sexuais, identificando-se ouso inconsistente ouo nãouso depreservativos,aexistênciadeparceirossexuaisocasionais, bemcomoaassociac¸ãoentreoconsumodeálcoole/oudrogas eaatividadesexualcomofatoresecomportamentosderisco aprevenireaanalisar11–14.
Édeconhecimentopúblicoqueousodopreservativoéo únicométodoquepermiteumaduplaprevenc¸ão,tantopara asISTquantoparaagravidezindesejada.Noentanto, ape-sardoaumentodafrequêncianousodopreservativoentre osjovens2,15,ousoinconsistenteaindaéfrequente, principal-mentenasrelac¸õeseventuaisenãoplaneadas11–14.
Porém,ousodopreservativoedemétodoscontracetivos não estánecessariamente associado aoconhecimento. Um menoríndicedeusodemétodoscontracetivosnãoestá rela-cionadodiretamentecomafaltadeinformac¸ão16,17.
A eficácia douso dopreservativo e de outros métodos contracetivos, para além do conhecimento, está sujeito a outros fatores psicológicos fundamentais, tais como a efi-cácia e intenc¸ão do jovem para usá-lo(s), a percec¸ão que este tem da atitude dos pares e a sua própria capaci-dadedeassertividade17–19.Eéaindaimportanteaveriguara queméqueosjovensrecorremparaterinformac¸ãoeacesso face aosmétodoscontracetivos, umavezqueestespodem representarverdadeirosobstáculosqueimpedemoseuuso20. EmPortugal,aprevalênciadeusodosmétodos contrace-tivos éalta, porém concentradanouso da pílula,utilizada por85%dasmulheres21.Entreosadolescentesportugueses, osmétodosmaisutilizadossãoopreservativomasculinoea pílula22.Nomundo,asestatísticassugeremquemaisde60% dosjovensdaEuropaocidental,centraledeleste2edos Esta-dosUnidos15usampreservativo.SegundooestudodePirotta eSchor16,realizadoaestudantesuniversitáriosdeSãoPaulo, os métodosmaisutilizadossãoopreservativomasculinoe a pílula, relacionando-se o seu uso com o tipo de relacio-namento (esporádicoou namoro), emque o uso da pílula aumentaouousodopreservativoésubstituídonosjovens
quereferiamterumarelac¸ãomaisestávelequedesignavam denamoro.
Optou-sepordesenvolver umestudonacional comuma amostrada populac¸ãodejovensadultos, poisporumlado estesencontram-senumperíodoimportantedetransic¸ãoda vida,eporoutroladohánecessidadedemaiorconhecimento científicoemrelac¸ãoaoscomportamentossexuais.Deentre osjovensadultos,considerou-seosubgrupodosjovensque frequentamo ensinosuperior dadaaelevadapercentagem dosmesmos(entre30-35%,segundooEACEA23)eporseruma amostramaisfácilderecolherdemodosistemáticoe contro-lado.
Écrucialexistireminvestigac¸õessobreocomportamento sexual dos universitários para orientar o planeamento de ac¸õesnaáreadasaúdeeeducac¸ãosexualdessesjovens.
Destemodo,éobjetivodopresenteestudoaprofundaro conhecimentodasexualidadedosjovensuniversitários por-tugueses,nomeadamente:1)caracterizara1.arelac¸ãosexual,
comportamentosrelativosàcontracec¸ão(informac¸ão,acesso eutilizac¸ão)ecomportamentossexuaisderisco;2)analisar diferenc¸as entre géneros face às variáveis mencionadas; e 3)analisardiferenc¸asentregruposdeidadeparaautilizac¸ão de métodos contracetivos e comportamentos sexuais de risco.
Método
Amostra
AamostradoestudonacionalHBSC/SSREUéconstituídapor 3278estudantesuniversitáriosportugueses,entreos18eos 35anos,selecionadosaleatoriamentedosjovensque frequen-tavamoensinosuperiorportuguêsnoanoletivo2009/2010. A amostra incluiu 30,3% do género masculino e 69,7% do génerofeminino(distribuic¸ãoestaqueéaproximadamente aencontradanapopulac¸ãouniversitáriaportuguesa24),com umamédiade idadesde21 anos(DP=3,00).Amaioria dos participantesédenacionalidadeportuguesa(97,3%),de reli-giãocatólica(71,9%),solteira(95,5%)erefereserheterossexual (96,4%).
Procedimento
O estudo nacional «Saúde sexual e reprodutiva dos estu-dantesuniversitários» (HBSC/SSREU) foi feitopelaprimeira vezem 2010– éuma extensãodo estudoHBSC. O Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) é um estudo feitoemcolaborac¸ãocomaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde (www.hbsc.org)quepretendeestudaroscomportamentosde saúdeemadolescentesemidadeescolareestáinscritonuma redeinternacionaldeinvestigac¸ãoconstituídapor43países europeus,entreosquaisPortugal,atravésdaequipadoProjeto AventuraSocial,daFaculdadedeMotricidadeHumana25.
Demodoaobterumaamostrarepresentativadapopulac¸ão quefrequentaoensinosuperioremPortugal,efetuou-seuma selec¸ãoaleatória,estratificadapelas5regiõesdopaís,das uni-versidadeseinstitutospolitécnicos,querdoensinopúblico querdoprivado.
Atécnicaderecolhadaamostrafoia«clustersampling», considerando-seaturmao«cluster»ouunidadedeanálise. Assim, recolheram-se questionários em 124 turmas num total de 3278 alunos inscritos no ano letivo de 2009/2010. A administrac¸ão dosquestionários realizou-seno contexto da sala de aula e o preenchimento dos questionários foi supervisionado pelo investigador responsável pelo estudo. Antes do preenchimento, os estudantes foram informados que arespostaao questionárioera voluntária,confidencial e anónima. O tempo de preenchimento do questionário situou-seentreos60eos90min.
Estapesquisanacionalfoirealizadaem2010parao Minis-tériodaSaúdeeparaaCoordenac¸ãoNacionalparaaInfec¸ão doVIH/SIDA.Teveaaprovac¸ãodeumaComissãoCientífica, da ComissãoNacional deÉtica eda ComissãoNacional de Protec¸ãodeDadoseseguiuàriscatodasasrecomendac¸ões deHelsínquiaparaaimplementac¸ãodainvestigac¸ão.
Medidas
O questionário internacionaldo HBSC/OMSé desenvolvido numa lógicade cooperac¸ãopelosinvestigadoresdospaíses queintegramarede.Oquestionário«Saúdesexuale reprodu-tivadosestudantesuniversitários»(HBSC/SSREU)26utilizado nesteestudoresultoudoprotocolointernacionalnoquediz respeito às questões aplicáveis a nível demográfico, bem comonasrelacionadascomocomportamentosexual, atitu-deseconhecimentosfaceaoVIH/SIDA25.Paraalémdessas, acrescentaram-seoutras,nomeadamentenoquedizrespeito aosconhecimentoseatitudesfaceàcontracec¸ão,àsatitudes sexuais,àscompetênciasrelativasaopreservativoeaos com-portamentosderisco,eacrescentaram-se,também,questões sobreeducac¸ãosexual.
Doquestionário,foramselecionadasparaesteestudo espe-cíficoasseguintesquestões:1)terrelac¸õessexuais,2)primeira relac¸ãosexual(idade,utilizac¸ão,escolhademétodo contra-cetivo usado pelo próprio ou pelo parceiroe motivos para ter a primeira relac¸ão sexual), 3) comportamentos face à contracec¸ão e preservativo (fontes de informac¸ão, acesso, utilizac¸ão de métodos contracetivos e frequência do uso dopreservativo) e4) comportamentossexuais derisco (ter relac¸õessexuaiscomoutrapessoaduranteorelacionamento amoroso, ter parceirossexuais ocasionais, número de par-ceirossexuaisocasionaisnoúltimoano,terrelac¸õessexuais associadasaoálcooleàsdrogas,terumaIST,terefetuadouma IVGeterengravidadosemdesejar).
Análisededados
As análises e procedimentos estatísticos foram efetuados atravésdoprogramaStatisticalPackageforSocialSciences(SPSS, versão19.0 paraWindows).Utilizou-seumaestatística des-critiva(comapresentac¸ãodefrequênciasepercentagenspara descreverasdiferentes variáveisnominais) e,paraanalisar asdiferenc¸asentregénerosegruposdeidade,utilizou-seo testedo qui-quadrado- 2 (com análisede residuais
ajus-tadosparalocalizac¸ãodosvaloressignificativos).Onívelde significânciaestatísticafoideterminadoparap≤0,05.
Resultados
Primeirarelac¸ãosexual–Diferenc¸asentregéneros
Verificou-se que do total da amostra, 83,3% (n=2730) dos jovensuniversitáriosdeambosossexosmencionaramjáter tidorelac¸õessexuais.Oshomens(88,6%)relatarammais fre-quentementedoqueasmulheres(81%)quetiveramrelac¸ões sexuais(2(1)=29,15,p=0,000).Dosjovensuniversitáriosde
ambosossexosquemencionaramtertidorelac¸õessexuais, 79,2%referiramquetiveramasuaprimeirarelac¸ãosexualaos 16oumaistardee90,3%usoucontracec¸ãonaprimeirarelac¸ão sexual,designadamenteopreservativo(86,8%).
Foramencontradasdiferenc¸asestatisticamente significa-tivas entre os géneros para a idade da primeira relac¸ão sexual (2(3)=60,05; p=0,000)epara a utilizac¸ão eescolha
dométodocontracetivo(preservativoepílula) (2(1)=59,10,
p=0,000;2(1)=18,56;p=0,000;2(1)=91,19;p=0,000,
respe-tivamente)naprimeirarelac¸ãosexual.
Osresultadosmostraramqueapesardeamaioriaquerde homens(72%)querdemulheres(82,5%),ter tidoaprimeira relac¸ão sexual aos 16 aos ou maistarde,os homens mais frequentemente mencionaram ter iniciado mais cedo (aos 11anosoumenos,entreos12eos13anos,eentreos14e 15anos).
Quantoàutilizac¸ãoounãodemétodocontracetivona pri-meirarelac¸ão sexual(usadopelo própriooupeloparceiro), homens(84%)emulheres(93,3%)usaram-no,masoshomens (16%)maisfrequentementequeasmulheres(6,7%)referiram nãousar.
Relativamenteàescolha dométodocontracetivo(usado peloprópriooupeloparceiro)naprimeirarelac¸ãosexual,as mulheres(88,7%,26,2%)maisfrequentementequeoshomens (82,7%,10,2%)mencionaramopreservativoeapílula.
Quandoinquiridossobreasrazõesparaaprimeirarelac¸ão sexual, os jovens de ambos os sexos que referiram já ter tido relac¸ões sexuais afirmaram maioritariamente que foi umadecisão porconsentimento mútuo (74%), emespecial as mulheres ([77,8%], [2(1)=42,08, p=0,000]). Destacou-se,
ainda,estaremmuitoapaixonado/as(30,7%),novamenteem particularasmulheres([35,4%],[2(1)=57,51,p=0,000]).Estas
mencionamainda, emaisfrequentementequeoshomens, que tiveram aprimeira relac¸ão sexual porquese sentiram pressionadas([3,2%],[2(1)=7,85,p=0,005]).Oshomensmais
frequentemente mencionaram ter tido a primeira relac¸ão sexualporacaso(14,7%)etomaremelesprópriosainiciativa (10,1%)(2(1)=70,72,p=0,000;2(1)=70,73,p=0,000,
respeti-vamente)(tabela1).
Comportamentosfaceàcontracec¸ãoepreservativo: informac¸ão,acessoeutilizac¸ãopeloprópriooupelo parceiro–Diferenc¸asentregéneros
Quandoinquiridosacercadasdiferentesfontesonde obtive-raminformac¸ão sobreos métodoscontracetivosque costu-mamutilizar,amaioriaapontouostécnicosdesaúde(58,9%), folhetos/livros(52,9%)eamigos(52,2%). Foramencontradas diferenc¸as estatisticamente significativas entre os géneros para asseguintesfontes de informac¸ão:técnicosde saúde
(2(1)=281,76; p=0,000), comunicac¸ão social (mass media)
(2(1)=37,61;p=0,000),mãe(2(1)=13,05;p=0,000),Internet
(2(1)=13,21;p=0,000),professores(2(1)=16,64;p=0,000),pai
(2(1)=134,45;p=0,000)eassociac¸ões(2(1)=5,28;p=0,022).
As mulheres maisfrequentemente referiram utilizar os técnicos de saúde(69,8%) ea mãe (42,6%)como fontes de informac¸ão, aopassoqueoshomensmaisfrequentemente referiramutilizaracomunicac¸ãosocial(massmedia)(50,1%), aInternet(43,1%),osprofessores(42,4%),o pai(31,6%)eas associac¸ões(7,7%).Nãoseverificaramdiferenc¸as estatistica-mentesignificativasentreosgénerosparaosamigosnempara osfolhetos/livros.
Relativamenteàquestãosobreoacessoàcontracec¸ãoe ao preservativo,a maioria dosjovensinquiridos de ambos os sexos adquiriu os métodoscontracetivos queutiliza na farmácia (70,1%). Em relac¸ão a este local, não se cons-tataram diferenc¸as estatisticamente significativas entre os géneros. Noentanto,foramencontradasdiferenc¸as estatis-ticamente significativasentreos génerospara osseguintes locais: supermercado (2(1)=76,38; p=0,000), planeamento
familiar(2(1)=111,09;p=0,000),centrodesaúde(2(1)=15,73;
p=0,000)emédicodefamília(2(1)=39,97;p=0,000).
Os homens adquiriram os métodos contracetivos mais frequentementenosupermercado(38,8%)easmulheresno planeamentofamiliar(29,3%),centrodesaúde(21%)emédico defamília(11,9%).Estasdiferenc¸asrelativamenteaolocalde acessodosmétodoscontracetivospossivelmentedevem-seao tipodemétodousadopelosjovensserdiferente,ouseja,os preservativospodemcomprar-seemsupermercados,ao con-tráriodapílula.
Quantoaosmétodoscontracetivosusadoshabitualmente (peloprópriooupeloparceiro)a,amaioriadosjovensdeambos ossexosmencionou apílula(70,4%)eopreservativo(69%). Foramencontradasdiferenc¸asestatisticamentesignificativas entre os géneros emrelac¸ão à pílula e ao preservativo(2
(1)=63,60,p=0,000;2(1)=4,41,p=0,036,respetivamente).
As mulheres (75,2%) referiram usar a pílula com mais frequênciadoqueoshomens(60,3%).Enquantooshomens mencionaram mais frequentemente o uso dopreservativo (71,7%)doqueasmulheres(67,7%).
Na questão efetuada para avaliar a frequência do uso do preservativo durante as relac¸ões sexuais nos últimos 12meses,amaioriadosjovensdeambosossexos mencio-nounãousarsempre(67,4%)enãoseverificaramdiferenc¸as estatisticamentesignificativasentreosgéneros(tabela2).
Utilizac¸ãodemétodoscontracetivos–Diferenc¸asentre gruposdeidade
A análise das diferenc¸as entre os 3 grupos de idade e a utilizac¸ão de métodos contracetivos revelou diferenc¸as estatisticamente significativas para a pílula e o pre-servativo (2(1)=26.604, p =0,000; 2(1)=81.356, p=0,000,
respetivamente).
aNota:Nestaquestãofoiditoaosrespondentesquedeveriam considerarousodetipodecontracetivoporsioupelo/a parceiro/a.
Tabela1–Diferenc¸asentregéneroseaprimeirarelac¸ãosexual
Homens(n=993) Mulheres(n=2285) Total(n=3278) 2
N % N % N %
Relac¸õessexuais
Sim 880 88,6 1850 81,0 2730 83,3 29,15***
Não 113 11,4 435 19,0 548 16,7
Homens(n=880) Mulheres(n=1850) Totala(n=2730) 2
N % N % N %
Jovensquejátiveramrelac¸õessexuais(n=2730)
Idadeda1.arelac¸ãosexual(n=2730)
11anosoumenos 14 1,6 2 0,1 16 0,6 60,05***
12e13anos 44 5,0 39 2,1 83 3,0
14e15anos 188 21,4 282 15,2 470 17,2
16anosoumais 634 72,0 1527 82,5 2161 79,2
Usodemétodoscontracetivospeloprópriooupeloparceirona1.arelac¸ãosexual(n=2730)
Nãousou 141 16,0 124 6,7 265 9,7 59,10***
Usou 739 84,0 1726 93,3 2465 90,3
Métodoscontracetivosescolhidospeloprópriooupeloparceirona1.arelac¸ãosexual(%dejovensqueresponderamsim)
Preservativo 728 82,7 1641 88,7 2369 86,8 18,56***
Pílula 90 10,2 484 26,2 574 21,0 91,19***
Coitointerrompido 13 1,5 34 1,8 47 1,7 0,46
Motivosparatertidoasua1.arelac¸ãosexual(%dejovensqueresponderamsim)
Decisãoporconsentimentomútuo 582 66,1 1439 77,8 2021 74,0 42,08***
Muitoapaixonados 185 21,0 654 35,4 839 30,7 57,51***
Foiporacaso 129 14,7 96 5,2 225 8,2 70,72***
Parceirotomouainiciativa 51 5,8 130 7,0 181 6,6 1,46
Oprópriotomouainiciativa 89 10,1 48 2,6 137 5,0 70,73***
Sentiu-sepressionado 12 1,4 59 3,2 71 2,6 7,85**
*p≤0,05;**p≤0,01;***p≤0,001.
Anegritoosvaloresaquecorrespondeumresidualajustado≥|1,9|.
a Onúmerototaldifereconsiderandoquealgunsjovensnãoresponderamaalgumasquestões.
Ogrupode jovenscom idadesentre os20 eos 24anos (74,1%)referiuusarapílula commaisfrequênciadoqueo grupo de jovens mais novos (18 e 19 anos) e maisvelhos (entreos 25eos35anos).Eo grupodejovensmaisnovos (18 e 19 anos) mencionou mais frequentemente o uso do preservativo(78,9%)doqueosoutros2gruposdejovensmais velhos.
Na questão efetuada para avaliar a frequência do uso do preservativo durante as relac¸ões sexuais nos últimos 12meses,foramencontradasdiferenc¸asestatisticamente sig-nificativasnos3gruposdeidade(2(1)=71.499,p=0,000).Os
jovensmaisnovosmencionaramcommaisfrequênciausar sempre(43,4%)eosoutros2gruposdejovens maisvelhos referirammaisfrequentementenãousarsempre(70e81,1%, respetivamente)(tabela3).
Comportamentos
sexuais
de
risco
– Diferenc¸as
entre
géneros
e
grupos
de
idade
Considerandoospotenciaiscomportamentossexuaisderisco, osresultadosmostraramexistirumaminoriadejovensem riscoqueafirmaramtertidorelac¸õessexuaiscomoutrapessoa duranteorelacionamentoamoroso(7,7%),parceirossexuais ocasionais(33%),relac¸õessexuaisassociadasaoálcool(35,5%)
eàs drogas(5,7%), umainfec¸ão sexualmentetransmissível (3,3%), umagravidez indesejada(4,2%) e ter efetuadouma interrupc¸ãovoluntáriadagravidez(3,2%).
Foram encontradas diferenc¸as estatisticamente signifi-cativas entre os géneros para ter tido relac¸ões sexu-ais com outra pessoa durante o relacionamento amo-roso (2(1)=136,73; p=0,000), parceiros sexuais ocasionais
(2(1)=333,11; p=0,000), número de parceiros sexuais
oca-sionais no últimoano(2(1)=63,60;p=0,000)eter relac¸ões
sexuais associadas ao álcool e às drogas (2(1)=166,52;
p=0,000;2(1)=57,22;p=0,000,respetivamente).
Consideradas as diferenc¸as entre os géneros, são os homensquemmaisreferiramtertidorelac¸õessexuaiscom outrapessoaduranteorelacionamentoamoroso(16,6%), par-ceirossexuaisocasionais(57,4%),maisde3parceirossexuais ocasionaisnoúltimoano(33,3%)erelac¸õessexuaisassociadas aoálcooleàsdrogas(53,1e10,7%,respetivamente)(tabela4). A análise das diferenc¸as entre os 3 grupos de idade e os comportamentos sexuais de risco revelou diferenc¸as estatisticamente significativaspara ter tido relac¸ões sexu-ais com outra pessoa durante o relacionamento amoroso (2(2)=14.615; p=0,001), parceiros sexuais ocasionais
(2(2)=24.258; p=0,000), ter relac¸ões sexuais associadas
ao álcool eàs drogas(2(2)=29.239; p=0,000; 2(2)=22.420;
Tabela2–Diferenc¸asentregénerosecomportamentosfaceàcontracec¸ãoepreservativo(informac¸ão,acessoeutilizac¸ão)
Homens(n=880) Mulheres(n=1850) Totala(n=2730) 2
N % N % N %
Fontesdeinformac¸ãodosmétodoscontracetivos(n=2730)
Técnicosdesaúde 317 36,0 1292 69,8 1609 58,9 281,76***
Folhetos/Livros 472 53,6 971 52,5 1443 52,9 0,32
Amigos 468 53,2 957 51,7 1425 52,2 0,50
Comunicac¸ãosocial(massmedia) 441 50,1 698 37,7 1139 41,7 37,61***
Mãe 311 35,3 788 42,6 1099 40,3 13,05***
Internet 379 43,1 663 35,8 1042 38,2 13,21***
Professores 373 42,4 635 34,3 1008 36,9 16,64***
Pai 278 31,6 240 13,0 518 19,0 134,45***
Associac¸ões 68 7,7 101 5,5 169 6,2 5,28*
Localdeobtenc¸ãodosmétodoscontracetivos(n=2730)
Farmácia 621 70,6 1292 69,8 1913 70,1 0,15
Supermercado 341 38,8 420 22,7 761 27,9 76,38***
Planeamentofamiliar 97 11,0 542 29,3 639 23,4 111,09***
Centrodesaúde 129 14,7 389 21,0 518 19,0 15,73***
Médicofamília 38 4,3 220 11,9 258 9,5 39,97***
Métodocontracetivousadopeloparticipanteoupeloparceiro(%dejovensqueresponderamsim)
Pílula 531 60,3 1392 75,2 1923 70,4 63,60***
Preservativo 631 71,7 1253 67,7 1884 69,0 4,41*
Coitointerrompido 62 7,0 166 9,0 228 8,4 2,90
Frequênciadopreservativoduranteasrelac¸õessexuaisnosúltimos12meses(n=2584)
Usousempre 283 34,5 559 31,7 842 32,6 2,03
Nãousousempre 537 65,5 1205 68,3 1742 67,4
*p≤0,05;**p≤0,01;***p≤0,001.
Anegritoosvaloresaquecorrespondeumresidualajustado≥|1,9|.
a Onúmerototaldifereconsiderandoquealgunsjovensnãoresponderamaalgumasquestões.
transmissível (2(2)=23.861; p=0,000), ter efetuado uma
interrupc¸ãovoluntáriadagravidez(2(2)=25.379;p=0,000)e
terengravidadosemdesejar(2(2)=69.514;p=0,000).
Verificou-se, ainda, que o grupo de jovens mais velhos (dos 25 aos 35 anos)mais frequentemente mencionou ter tidorelac¸õessexuaiscomoutrapessoaduranteo relaciona-mentoamoroso(12,1%),parceirossexuaisocasionais(41,2%), relac¸ões sexuais associadas ao álcool e às drogas (42,7 e 11,3%,respetivamente),umainfec¸ãosexualmente transmis-sível(5,7%),umagravideznãodesejada(13,1%)eterefetuado umainterrupc¸ãovoluntáriada gravidez (7,4%). O grupode jovensmais novosmencionou ter menos comportamentos derisco(tabela5).Discussão
Opresenteestudotevecomoobjetivocentralconhecera sexualidadedosjovensestudantesuniversitáriosportugueses deambosossexos,designadamentecaracterizaraprimeira relac¸ãosexual,comportamentosrelativosàcontracec¸ãoeao preservativo (informac¸ão, acesso e utilizac¸ão) e comporta-mentos sexuais de risco, analisar diferenc¸asentre géneros faceàsvariáveismencionadaseanalisardiferenc¸asentre gru-pos deidade para a utilizac¸ão demétodos contracetivose comportamentossexuaisderisco.
Os resultados permitem-nos afirmar que a maioria dos jovens universitários de ambos os sexos mencionou já ter tidorelac¸õessexuais,teveasuaprimeirarelac¸ãosexualaos 16anosoumaistardeeutilizoucomoprimeiracontracec¸ão
Tabela3–Diferenc¸asentreosgruposdeidadeseautilizac¸ãodemétodoscontracetivospeloprópriooupeloparceiro
18-19anos(n=795) 20-24anos(n=1612) 25-35anos(n=323) 2
N % N % N %
Métodocontracetivousadopeloparticipanteoupeloparceiro(%dejovensqueresponderamsim)
Pílula 524 65,9 1195 74,1 204 63,2 26.604***
Preservativo 627 78,9 1089 67,6 168 52,0 81.356***
Coitointerrompido 64 8,1 138 8,6 26 8,0 0,225
Frequênciadopreservativoduranteasrelac¸õessexuaisnosúltimos12meses(n=2584)
Usousempre 328 43,4 456 30,0 58 18,9 71.499***
Nãousousempre 427 56,6 1066 70,0 249 81,1
*p≤0,05;**p≤0,01;***p≤0,001.
Tabela4–Diferenc¸asentregénerosecomportamentossexuaisderisco
Homens(n=880) Mulheres(n=1850) Totala(n=2730) 2
N % N % N %
Duranteoseurelacionamentoamorosoteverelac¸õessexuaiscomoutrapessoa(n=2666)
Sim 140 16,6 66 3,6 206 7,7 136,73***
Não 702 83,4 1758 96,4 2460 92,3
Parceirossexuaisocasionais(n=2669)
Sim 484 57,4 396 21,7 880 33,0 333,11***
Não 359 42,6 1430 78,3 1789 67,0
Parceirossexuaisocasionaisnoúltimoano(%apenasjovensqueresponderamsim)(n=722)
1 131 30,7 156 52,9 287 39,8 63,60***
Entre2a3 154 36,1 111 37,6 265 36,7
Maisde3 142 33,3 28 9,5 170 23,5
Tertidorelac¸õessexuaisassociadasaoálcool(n=2658)
Sim 446 53,1 497 27,3 943 35,5 166,52***
Não 394 46,9 1321 72,7 1715 64,5
Tertidorelac¸õessexuaisassociadasàsdrogas(n=2565)(n=2565)
Sim 88 10,7 58 3,3 146 5,7 57,22***
Não 731 89,3 1688 96,7 2419 94,3
Tertidoumainfec¸ãosexualmentetransmissível(n=2647)
Sim 28 3,4 59 3,3 87 3,3 0,02
Não 807 96,6 1753 96,7 2560 96,7
Terefetuadoumainterrupc¸ãovoluntáriadegravidez(n=2553)
Sim 30 3,7 51 2,9 81 3,2 1,04
Não 783 96,3 1689 97,1 2472 96,8
Terengravidadosemdesejar(%doparticipanteouparceiro)(n=2581)
Sim 33 4,3 76 4,2 109 4,2 0,004
Não 741 95,7 1731 95,8 2472 95,8
*p≤0,05;**p≤0,01;***p≤0,001.
Anegritoosvaloresaquecorrespondeumresidualajustado≥|1.9|.
a Onúmerototaldifereconsiderandoquealgunsjovensnãoresponderamaalgumasquestões.
o preservativo. Estes resultados confirmam as tendências encontradasnoutrosestudos2,15,22.
Aanálisecomparativaentre génerosdemonstrou existi-remdiferenc¸asestatisticamentesignificativasemrelac¸ão à idade,aousodemétodoscontracetivos,àescolhadométodo contracetivoeaos motivosparater tidoaprimeira relac¸ão sexual.Verificou-sequemaisfrequentementeoshomens tive-ramaprimeirarelac¸ãosexualmaiscedoqueasmulherese nãoutilizaramqualquermétodocontracetivo,oquesugere umelevadoriscoparacontrairumaISTouumagravideznão desejada.
Relativamenteàescolhadométodocontracetivopelo par-ceirooupelopróprionaprimeirarelac¸ãosexual,asmulheres maisfrequentementequeoshomensreferiramopreservativo eapílula.Emrelac¸ãoàpílula,comoéamulherqueengravida eéestaqueatoma,aceita-sequesejaelaademonstrarmaior preocupac¸ãoeresponsabilidadecontracetiva.Quantoao pre-servativo,apesardeserohomemausá-lo,osestudosapontam paraadificuldadedoshomensrecusaremterrelac¸ões sexu-aissemopreservativoeasmulheresmencionaremmelhores competênciasnosentidodeconvenceremoparceiroausaro preservativoounaausênciadepreservativoarecusaremter relac¸õessexuais,peloqueasmulherestêmdemonstradomais competênciastambémfaceàprevenc¸ãodasIST27.
Quantoàsrazõesparaaprimeirarelac¸ãosexual,osjovens adultosdeambosossexos,emespecialasmulheres, afirma-rammaioritariamentequefoiumadecisãoporconsentimento mútuo.Noentanto,háumaminoriadejovensareferirque a tiveram por acaso (mais frequentemente os homens) e queforampressionados(maisfrequentementeasmulheres), denotando-seumapossívelinfluênciadoduplopadrão,istoé, queoshomensmaisfrequentementeprocuremterrelac¸ões sexuais, independentemente de terem umarelac¸ão afetiva enquanto seesperaqueasmulheresmaisfrequentemente nãoqueiramenvolver-seemrelac¸õessexuaispoispriorizamo envolvimentoemocional28.Daquidecorreanecessidadedese realizaremintervenc¸õesespecíficas,adaptadasaosgéneros, no âmbito das competênciaspessoais esociais, nomeada-mente no que diz respeito ao planeamento do futuro, à importânciadasquestõespsicoafetivaseàeficáciae assertivi-dadenarecusadasrelac¸õessexuaisindesejadas.Estesdados corroboramosencontradosnoutrosestudos18,19.
Noqueserefereaoscomportamentosfaceàcontracec¸ãoe aopreservativo,amaioriaapontaostécnicosdesaúde, folhe-tos/livros eamigos como principais fontes ondeobtiveram informac¸ão sobreos métodoscontracetivosquecostumam utilizar. Mas, as mulheres mais frequentemente que os homensrecorreramaostécnicosdesaúde,sugerindo,mais
Tabela5–Diferenc¸asentreosgruposdeidadesecomportamentossexuaisderisco
18-19anos(n=795) 20-24anos(n=1612) 25-35anos(n=323) 2
N % N % N %
Duranteoseurelacionamentoamorosoteverelac¸õessexuaiscomoutrapessoa(n=2666)
Sim 42 5,4 126 8,0 38 12,1 14.615***
Não 738 94,6 1446 92,0 276 87,9
Parceirossexuaisocasionais(n=2669)
Sim 210 26,9 541 34,4 129 41,2 24.258***
Não 572 73,1 1033 65,6 184 58,8
Parceirossexuaisocasionaisnoúltimoano(%apenasjovensqueresponderamsim)(n=722)
1 61 32,1 189 43,6 37 37,4 9.456
Entre2a3 73 38,4 155 35,8 37 37,4
Maisde3 56 29,5 89 20,6 25 25,3
Tertidorelac¸õessexuaisassociadasaoálcool(n=2658)
Sim 217 28,0 592 37,7 134 42,7 29.239***
Não 557 72,0 978 62,3 180 57,3
Tertidorelac¸õessexuaisassociadasàsdrogas(n=2565)
Sim 28 3,8 84 5,5 34 11,3 22.420***
Não 708 96,2 1443 94,5 268 88,7
Tertidoumainfec¸ãosexualmentetransmissível(n=2647)
Sim 6 0,8 63 4,0 18 5,7 23.861***
Não 764 99,2 1500 96,0 296 94,3
Terefetuadoumainterrupc¸ãovoluntáriadegravidez(n=2553)
Sim 11 1,5 47 3,1 23 7,4 25.379***
Não 736 98,5 1450 96,1 286 92,6
Terengravidadosemdesejar(%doparticipanteouparceiro)(n=2581)
Sim 14 1,9 56 3,7 39 13,1 69.514***
Não 740 98,1 1473 96,3 259 86,9
*p≤0,05;**p≤0,01;***p≤0,001.
Anegritoosvaloresaquecorrespondeumresidualajustado≥|1,9|.
umavez,queasmulherestêmmaiorpreocupac¸ão contrace-tiva,profiláticaemaiorfamiliaridadecomosprofissionaise servic¸osdesaúde26,27.
Relativamenteàsquestõessobreoacessoeusohabitual dosmétodoscontracetivos,amaioriadosjovensinquiridos mencionouadquirirosmétodoscontracetivosqueutilizana farmáciae,habitualmente,usarapílulaeopreservativo.Estes resultados confirmam as tendências encontradas noutros estudos2,15,16,22. Porém, amaioria dosestudantes universi-tários portugueses de ambos os sexos mencionou usarde formainconsistenteopreservativo.Estesdadoscorroboram osencontradosnoutrosestudos14.
Aanálise comparativaentre os3 gruposde idade reve-loudiferenc¸asestatisticamentesignificativasparaautilizac¸ão demétodos contracetivoseafrequênciadousodo preser-vativo durante as relac¸ões sexuais nos últimos 12 meses. Ogrupodejovenscomidadesentreos20eos24anosrefere usarapílulacommaisfrequênciadoqueogrupodejovens maisnovos(18 e19 anos)emais velhos(entre os25 eos 35anos).Eogrupodejovensmaisnovos(18e19anos) men-ciona maisfrequentemente o uso do preservativoe o uso consistente do preservativo nos últimos 12 meses do que os outros 2 grupos, o que sugere que os jovens no início dasrelac¸õesamorosasrecorremaopreservativoe,àmedida que a durac¸ão do relacionamento aumenta, existe uma mudanc¸anaescolhadométodocontracetivo.Asinvestigac¸ões
apontamparaofactodequequandoosjovensestão envolvi-dosemrelacionamentoscomumadurac¸ãomaislonga,isso podeconstituirumabarreiraàpromoc¸ãode comportamen-tos sexuais saudáveis eseguros uma vez que, nesta área, pareceexistirumaassociac¸ãoentreoenvolvimentoafetivo ea desvalorizac¸ãodoscomportamentosde prevenc¸ão face àdoenc¸a,talvezporqueacreditemqueaosolicitaremaum parceiro delonga dataa utilizac¸ãodopreservativo,poderá gerar-seumsentimentodedesconfianc¸aemrelac¸ão à fide-lidadedocasal16.
Para além disso, acresce que a fase de jovem adulto caracteriza-seporumestabelecimentoestáveldaidentidade pessoalesexual,umacertaindependênciadospaisemarcao iníciodafundac¸ãodeumaescaladevaloresouumdecódigo éticoprópriodesenvolvidoatravésdocontextosociocultural emqueessejovemcresceu.
Relativamente aos comportamentos sexuais de risco, observou-sequeumaminoriadosparticipantes mencionou ter relac¸ões sexuais com outra pessoa durante o relaci-onamento amoroso, parceiros sexuais ocasionais, relac¸ões sexuaissoboefeitodoálcooloudrogas,umainfec¸ão sexual-mentetransmissível,umagravidezindesejadaeterefetuado umainterrupc¸ãovoluntáriadagravidez.
Acomparac¸ãoentreosgéneroseosseuscomportamentos sexuaisatuaisreveloudiferenc¸asestatisticamente significati-vas,emqueoshomensapresentarammaiscomportamentos
derisco,poismaisfrequentementemencionamterrelac¸ões sexuais com outra pessoa durante o relacionamento amo-roso,parceirossexuaisocasionais,maisde3parceirossexuais ocasionaisnoúltimoanoerelac¸õessexuaissoboefeitodo álcool ou drogas. Estes resultados estão de acordo com a literatura11–13.
Consideradas as diferenc¸as entre os grupos de idade, são os jovens do grupo de idades mais velho (25 aos 35 anos) que mencionam ter mais comportamentos sexu-aisderisco,nomeadamenteterrelac¸õessexuaiscomoutra pessoaduranteorelacionamentoamoroso,parceirossexuais ocasionais,relac¸õessexuaissoboefeitodoálcooloudrogas, umainfec¸ãosexualmente transmissível, umagravideznão desejadaeterefetuadoumainterrupc¸ãovoluntáriada gra-videz.Porsuavez,ogrupodejovensmaisnovosmencionou ter menos comportamentos de risco. Face a estes resulta-dos,observa-sequetemosumaminoriadejovensemrisco eissosugerequeoscomportamentossexuaissaudáveisnão são consistentes ou são abandonados ao longo dotempo. Depreende-setambémqueosjovensadultosportugueses con-tinuamaconstituir,naatualidade,umgrupoprioritárioanível deprevenc¸ãoemtermosdesaúdesexualereprodutiva.
Considerac¸õesfinais
Osresultadosrefletem anecessidadedeimplementar polí-ticas educacionais no âmbito da sexualidade, visando a orientac¸ãodosjovensquantoàspráticassexuaissaudáveis comoobjetivodereduziraincidênciadeISTegravidezesnão desejadasnestapopulac¸ão.Éimprescindíveltornarosjovens maisresponsáveisemaisatentosquantoaoscuidadoscoma suasaúdesexual,bemcomoadosseusparceiros.
Dadaagrandediversidadedosmétodoscontracetivos dis-poníveis, os jovens precisam de ser esclarecidos sobre as vantagens e desvantagens de todos os métodos de forma apoderem escolher o métodoque melhorse adequa asi. Eporquenemtodososjovensuniversitáriosvãoaoscentros desaúde,éimperativocriarumespac¸onauniversidadepara essatrocadeinformac¸õesdapopulac¸ãoestudantilemgeral. O desenvolvimento de estratégias mais voltadas para esta populac¸ão,comoporexemplo,ousodaInternet,a existên-ciadegabinetesprópriosparaesclarecimentoeascampanhas desensibilizac¸ão(quernocampusuniversitárioquernas resi-dências)devemsersistemáticasecontínuas,poispodemser recursosvaliosos.
É necessário desenvolver a responsabilidade indivi-dual e grupal para que sejam possíveis mudanc¸as de comportamento, baseando-se em aceitac¸ão e não em obrigac¸ão. É importante a educac¸ão sexual sistematizada, que desmistifica ascrenc¸as negativas e associa o uso dos métodoscontracetivosaoprazerresultantedaseguranc¸aque elesproporcionam.Aspessoasprecisamdesersensibilizadas quantoaosriscosreais queelascorrem, paraqueocorram mudanc¸asdecomportamentoseatitudes.
Espera-sequeestainvestigac¸ãopossatercontribuídopara acompreensão da sexualidade dos jovens estudantes uni-versitáriosportuguesese,sobretudo,paraanecessidadede sensibilizara comunidade nogeral, para a importânciada promoc¸ãodaeducac¸ãoparaasaúdeesexualidade.
Conflito
de
interesses
Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.
b
i
b
l
i
o
g
r
a
f
i
a
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