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O Faial no relacionamento entre Portugal, os Estados Unidos e a França entre finais do século XVIII e inícios do século XIX

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JORGE MARTINS RIBEIRO

O FAIAL NO RELACIONAMENTO ENTRE PORTUGAL,

OS ESTADOS UNIDOS E A FRANÇA

(2)
(3)

O

Faia1 no relacionamento entre Portugal, os Estados Unidos

e a França entre finais do século XVIII

e inícios do século XIX

por Jorge Mn~tiris Ribeiro

De acordo com o Prof. Vitorino Magalhães Godinho, a partir do século XVIII, os intei-esses portugueses centram-se no espaço Atlântico que este historiador classifica como sendo "numa outra escala, um Mediterrâneo às avessas". Deste iiiodo,

"a Madeira e os Açores ocupavani um lugar significativo nas trocas entre o espaço

português e a América do Norte." 1

As ilhas açorianas tiiiham um papel inipoitante no coinércio entre a América do Norte Britânica, tanto antes como depois da independêiicia, até porque constituíam

pontos de apoio iinportantes à navegação. Aliás, a colonização destas regiões do

continente americaiio auiiieiitara o valor econóinico do arq~iipélago, oiide se podiam

obter alimentos, água potável, apetrechos navais e equipainento. Neste contexto, o poi-to da Horta vai ter uma particular iinportância, uma vez que a í se realizavam negócios vantajosos. Era uiii poiito de eiicontro para as embarcações que atravessavaiii o Atlântico carregadas com vários produtos, eiitre os quais se contavam bacalhau, madeira, cereais, aduelas e óleo de peixe da Nova Inglaterra, tornaiido-se um entreposto para trocas coiiierciais e baldeação. De facto, o volume do coinércio com a Ainérica do Norte aumentou constanteliieiite, a partir de ineados do século XVII, cliegando, segundo Bentley Duiican, a tornar-se um dos mais significativos dos Açores, pelo que veio a desempenhar uin papel crucial nos séculos XVIII e XIX. Aliás, lia opinião deste autor, a Hoita era o porto inais cosinopolita e proeiniiiente da esfera transatlântica. A geografia conferia-lhe unia posição excepcional, o Pico produzia o produto que

'

DUNCAN. T. Beiiiley - Ailriiiiic i.~l<rii<l.s. M<i<lciirr. i1icA.- ore.^ es~,rirlIQe Cape Vem1e.s in S<~i,e,iree~,rl,-Cc~trt~~y Cotiiieerce ni,dNrii,igriiioit. Cliicnço iind London: Tlie Uiiiversity of Cliicago Press, 1972. pp. 142: 154.157: RIBEIRO, J0rg.c Manirel Mwlins - Cr>ii,Clr.io e Dil>lr>ii,ricio ,,os relo(.fies Iirso-ur!leirc<!t,ur (1776-1822). Dissci.ia$io dc Douioni~iicnio,

(policopiodo, p. 47

(4)

J o i ~ e Mai.tiii.s Riheim

animava o coinércio, o vinlio, conliecido, tia América Britâiiica, tal coino o de São Jorge, sob a designação de "Fynll" ou "Ficil Wiites".

Por outro lado, o Pico e o Faial dependiaiii das aduelas da Nova Inglaterra para o fabrico de pipas, seiido os seus vinlios essencialtilente exportados para esta região. Contudo, iiiais unia vez, de acordo coin o já referido Beiitley Duiican, a ligação eiitre estas duas ilhas e a região iiordeste da América Briiânica era mais próxima, taiito psicológica coiiio ecoiioiiiicaiiieiite. Este inesiiio aiitoi; coiitudo, ainda vai iiiais loiige, ao afirmar que este intercâmbio de produtos e iiina certa harniotiia psíquica

só teriiiiiiaram coiii o fim da pesca à baleia iio século XIX. Um outro aspecto do

coinércio do Faial tiiilia a ver coiii as einbarcações que, de Iiiglatei-ra se dirigiain às índias Ocideiitais, pois descarregavaiii iia Horta têxteis e prodiitos iiianufactui-ados e aí carregavam vinhos. Nas Iiidias Ocidentais Iiiglesas apeiias a cerveja, os viiihos e outras bebidas alcoólicas pagivaiii direiios allàiidegários, seiido, assiin, a principal fonte de reiidiiiieiiio destas colótiias.

Tiido o que acabáiiios de dizer explica a presença de coiiierciantes estraiigeiros

i10 Faial a partir da seguiida iiietade do século XVII, iiomeadaiiiente Iiigleses, bem

como Fraiiceses e Holandeses?. Daí, iião ser de esimiiliar o facto dos Estados Uiiidos

e da Fraiiça tereiii representantes coiisulares na ilha.

'

O Coiigresso noiiieou, a 5 de Agosto de 1790, John Sti-eet, um inglês iiascido

iia ilha, mas naturalizado norte-ainericaiio, seu vice-cônsul tio Faial. Foi substituído por John Bass Dabiiey, o qual chegou 5 ilha nos filiais de 1806, tendo dese~iipeiihado

estas funções desde 1807 até ?i sua inoile eiii 1826. Este que, após o seu desapareciiiiento,

foi substituído pelo filho Cliarles, ociipou o posto nunia época particularmente agitada e difícil, tanto para Portiigal coiiio para a Europa e até para os Estados Unidos. Basta lembraniio-tios da invasão do tei-ritório contiiiental poituguês pelas tropas napoleóiiicas, da partida da corte para o Brasil, da guerra anglo-aiiiericana de I8 12- I8 14, da Revolução de I820 e da turbulêiicia política que se lhe seguiii. No decurso do conflito eiitre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha houve api-esainentos de barcos ainericanos,

por parte da Roynl N ~ ~ J J J , tendo o episódio tiiais grave ocorrido no porto da Horta,

aquando da destruição, em 26 de Setembro de 18 14, do navio corsário americano

Geriernl Ar~izstrorzg, por parte d e uin esquadrão de três navios iiigleses4.

Aliás, de acordo coin o vice-cônsul John Bass Dabney, espectador

privilegiado de toda esta situação, os faialenses queriam poder Gozar os benefícios

*.

da situação saída da Revolução Liberal de 1820, pois pretendiam separar-se da administração da ilha Terceira, que os sobrecarregava com iinpostos. No entanto, a

I I de Maio de 1821, chegaram ?i Horta 2 brigues de guerra, etiviados de Lisboa, tendo

deste facto resultado a proclaniação da Constituição tia ilha e a formação de um

RIBEIRO; J o i g M;irlins - O /iol~i>cl <l<j.s <r>srqrril>él«.go.~ <Ir,.~A<owr e </<r iM<rrleii-o rio rekicio,~rriiieizro liio-riiacrimi~o

i,or,fii,<ii.s do sécsl,, X V I I I e irzícios </o séclrlo XIX. pp. 301-302. RIBEIRO, locse Manuel Marlins - Coii~éirio e

Dil>lo,,ij<iciri ,,os iei<icfies Is.so-nii,ericrriios (1776-1822). Disseria$fto de Doutorameiito. policopiada. pp. 924-926.

RIBEIRO: Jocse Maiiins - O ~>opl>e/ </os oiqlripél<rg.ns <losAsorcs e <Ia Mrir1eir.o !,o iel<ici<iri<iriieizi<i 11<so-oiileiic<iim

ijosJiitais do séailu X V I I I e i,,ícir,s rio sécirlo XIX., pp. 301-302. RIBEIRO. Jorge Mniiuel Maciins

-

Coiliércio e

Diploi>racia iwr ,rl<ic<ier Irrso-<in~eiicrri,ns (1776-1822). Disscria$Bo dc Dauiora~iienta. policopiada, pp. 924-926.

RIBEIRO: Jorge Manins - O 1>01>~1 r10.s rirqtril>éI<tgrgos dos Acoi-cs e cio iM<!rleiir, rto i - e l < r c i o t ~ < t Iri.sr,-oiiiei-icoilo

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O Fnrnl rio i~clr~ciorianierito ci~trc PoU~ignl, os Esrnrlos Uriidos e a Frnriçn ...

governo provisório de 7 inzmbros. Além disto, foi enviada h capital uma comissão, a fim de informar o governo do ocori-ido. Na vizinha ilha do Pico, o texto constitucional foi adoptado entre 18 e 19 de Maio de 18215.

Tal como os Estados Unidos também a França vai nomear um vice- cônsul para o Faial. Temos conhecimento, que um membro da família Street d'Arriaga foi em 1776 provido nessas funçóes. Este era sobrinho de José Street d'Arriaga, o qual era taiiibém primo de John Street, vice-cônsul dos Estados Unidos. O referido José Street d'Arriaga era um homem influente, coin bons contactos na corte de Lisboa e possuidor de unia fortuna considerável. Isto terá inclusive criado certas expectativas no agente consular americano, o qual, devido a estas ligações familiares alimentara a ainbição de se candidatar ao lugar de cônsiil do seu país na capital portuguesa. Tal,

no entanto, não se chegou

a

verificai.6.

E, logo na primeira inissiva, enviada ao cônsul, informava que o iiavio Allinnce de Bordéus, que havia partido a 23 de Fevereiro de 1775 de Port-au-Prince, ilha de S. Domingos, fora obrigado a entrar no porto da Horta a fim de ser reparado, por estar a meter água7. Parece que, por volta de 1778, o agente consular, a propósito do perdão coticedido pelo iei de França a todos os tnarinlieiros desertores, diz não existir nenhum iiessas condições no Faial, não residindo na ilha nenhum Francêss. O facto do porto da Horta, no meio do Atlântico, servir para fazer aguada e ser um

local de descanso, de substituição de marinheiros e onde estes podiain ter acesso a

assistência iiiédica e hospitalar, bem como receber correspondência e abastecerem- se explica a necessidade dzstas duas potências em terem aí uiii agente consular. A tiido isto, obviaiiiente, há que sotiiar a sua importância comercial? Tornava-se deveras essencial ter uin agente consiilar em cada uina das ilhas açorianas mais imporiantes, como, aliás, ein outros portos de ineiior relevo dos contiiientes europeu e americatio. Isto explica-se, dadas as dificiildades e as deinoi-as nas coiiiuiiicaçóes pelo que era iiecessário ter localinente alguéiii capaz de solucionar assuntos ligados a acidentes, iiaufrágios ou problemas alfandegários, até porque o Faial era uin local propício ao

j Niiiioci;il Arcliivcs iiiicl ReçordsAd~iiiciisli.;ilion. Geriçlnl Ilecortls oi'ilie Dcp;iilliieiit oiS1;iic. Ccii1i;il lilcr. Despiiiçhi~

li.uiii Uciiied Svulcs coiisiils i i i F~y;il. 1795-1897. vol. I ( M i i x l i 4. 1795 - Ni>veciihcr 28. 1832). (Natiori;il Arçliives iiiiciolil~ii niil>lic;iiiori. T203. rolo I I. . Vcsn;icho , do ç6liri~l Joliri Bass Dahiiçu , ti;iiii

.

o Sccrcl6rio de Estado Juliii Oiiiiicv

.

, Arlaliis. datar10 rio Piiiiil. 21 e 29 rlc Evl;ii« <Ic 1821: RIBEIRO. Jo2e Maiiiicl Martiii - CoiiiZwi,, <, »i~,/<ir~~<icio ii<rr

~~l<i(lic>.s /i~,~~~-~irii~ric<11~~t.s,/177~./11??l, p. 930.

(IMiciistèl-c <Içs Al.liiii-es Etrangères. Cciiiic <lcs Accliivcs diplo~iiiiii<li~es de N;iiiies. Aii.liii,cs dir <oiirii/<ri <I<, Fiiriicc fi Lisboiliie. r h i e 0. A - A,qcrxer r~iinal<iims. ,l,qritc<er coiisiil<iire.s I/<,.! A(or.ex : ?/c djlir Foirrl ( I 778-1903). Cartas do vicc-côiisiil João Sireei d'Awiaga p;irii o c6nsiil da Pmiica cili Lisboa. Fraiicois Pliilipiic Rrocliiei, dai;idas do Faial. 22 ilc M;iiu de 1776 c I I dc Dczciiibro de 1777: RIBEIRO. Jowe Evianiicl Miiriiiis - Coiiiiwio c Di~>ioii,oci<i

!,<ir i.cl<i(ries 1~i.su-ri~iieil~oizm (1776.1822). pp. 927-928.

A paiiirdc ;igoi;i MinisiSrc dcs Alfiiiirs Eiwiigèvcs. Cciiirc dcs Aicliives dililoiiiiiiiqiies <lç Niaics. p;iss;i a dcsigllar- se peln 8brcvi;itura MAEICADN.

MAUCADN. Arcbii,<,.s dtd coesri/<ir de Froi!r.e fi Li.vhoerie, siric I?. d - ilgeiircs cor,.si,l<iiipr. A,qericr..s r.oitsi/<iiirr

</c.s/l~ore.~: ilc </ti I.iii~~/(1778-1903). Ciiri;i do vice-c6iisul João Stirci d'Airi;iga p:ini o cônsul <li! Fmaiqa em I.isboa. Fraii$ois Philippe Bracliiei, diiiii&i do F s i ~ i l , 22 dc Maio dc 1776.

Idcm, ibi<icii,, Cai-ia do vice-c6nsul João Strcei d'Aii.iiig;i p;,i.a o cUiisii1 &i Fr;inv eii, Lisboii. Fraciqais Pliilippc B~.ocliier. datada do Feiol. I 1 de Dezeialiro dc 1777.

RIBEIRO: Jorge Mai-lins - O />o/Jc/ d<>x <irr,rii,~<'/<igo,.s <lo.rA(.orer e M~<rieiirr i,,, i?.locir,ii<ii>reiiio /zi.so-urriei;cni,<i iiosfiiloir do .S6(.il/> XVIII e iiiícior r10 .S!CI,/<J XIX, pp. 302-303.

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c o n t r a b a n d ~ ~ ~ ' . Tudo estrí bem docuineiitado, numa carta do ageiite consular Francês, datada de I5 de Noveiiibro de 1778, de acordo com a qual o coinandante do beigantim

Nossrr Serzhorn c10 Livrniizerzto teria obtido, através de pagamentos às autoridades,

permissão para zarpar para Lisboa, após ter dado aos oficiais da alfândega um s~iborno

eqiiivalente a 2% do valor da carga. O objectivo final era o de poder transportar trigo,

o que não era perinitido".

Por ocitro lado, no decurso da Guerra da 1iide.pendência dos Estados Unidos o porto vai ser frequentado por corsários iiigleses, que aí vão chegar coin presas

francesas. Tal é o caso do corsário inglês Ln Rcrfelwe de Liverpool, coin prisioneiros

gauleses a bordo, tendo João Street d9Arriaga procurado obter a sua libertação e eiivio para França, junto do cônsul britânico e do capitão da referida embarcação. Tal, contudo, não foi possível, pois este tinha ordens para não se "desfazer" de nenliuiii prisioneiro Francês. No entanto, o coinandante britânico acabou por libertar o capitão e três meinbros da tripulação, tendo-se uni outi-o lançado ao inar e conseguido chegar a terra". Ein relação aos prisioneiros a bordo de um outro navio de corso britâtiico

o Drngoi?, o cônsul do Reino Uiiido no Faial propôs uma troca. Os Franceses seriain

soltos, se o ageiite gaulês conseguisse a liberdade de um núinero igual de ingleses iiiiina próxima vez que uma einbarcação Francesa, coin detidos britânicos, fundeasse tia Hortal3.

O probleina dos apresaiiientos corsários e das despesas do vice-cônsul com

os prisioneiros franceses, desembarcados na Hoita, é uma coiistante na correspondência

mantida entre João Sti-eet d'Arriaga e o côiisul Francês em Lisboa, François Philippe Brochier, durante a Guerra de Iiidependência dos Estados Unidos, o último grande conflito franco-britânico, antes das guerras da Revoliição e do Iinpério. Esta era, no entanto, uina situação coin que o cônsiil ein Lisboa tainbém se debatia, pois, ein Janeiro de 1780, queixava-se de estar subnierso pelo afluxo de marinheiros e outros Franceses que os ingleses haviam deixado eiii Lisboa, não conseguindo repatriá-los ein navios ~ i e u t r o s ~ ~ ,

Os cônsules aléin de ajudarein à repatriação de prisioneiros ou marinheiros

que por razões várias se eiicontravatn em dificuldades também einprestavaiii, por

vezes, dinheiro aos capitães de navios. O coinandante do brigue Le Seiperzr, Guerpel

de Bar, qoe ambara ao Faial coni uina avaria e a quem João Street d'Arriaga emprestara

RIBEIRO: Jorgc Mariinr - O pol~ei c/os <~rqcri/>Jl<'i<'~os rios Arores c </<i Mo<lciirr iio irl<icioizaiiin~lo h<.so-oriieric<ii,o

iris fiii<ii.~ cio sécicrrlo X V i l l e inirio\ r10 stciilo XIX, pp. 302-303: RIBEIRO. Jorge Mailins

-

O coipo conis~rl~ir-po>iit,y~~ê,s

iio iluinesrc ~ ~ o r n ( g , r i iio.f">ol <ir> .stcrrl<i XVilI. Hier<iiqrrirrs e <li.sri-iD~ri(.?i,> rci?ilori<ri. In «Aniculations des territoircs

diiils I;! Phiitisule Ibçriqucn: IVe loiirii6es dBtiidcs Nord du Portugal-Aquitaine (CENFA). Tentos iruniilos c iiprcsenlsidos par Frnnçois Giiicliaid. Bordeaux: Moiroi, ries Poyr IDér.i<iirc.s, 2001, col. dc 1.1 Maisoii des Pays Ibéi-iques, p. 135.

i I MAWCADN. AirAiijcr rlir cori.s~rl~tl rlc Fi-oizce ir Li,sDorirte, série B, A - Ageizce.~ co?,i,siii<,ii.es, Agei?ccs corimlriiies

<lesA(nre.r : ?/e dlr F<!i<!l(1778-1903). Carta do \-ice-cônsul Joáo Sireet d' Arriaga pam o ciinsul da Fiansa em Lisboa, François Pliilippe Brochiel; datada do Faial, 15 dc Novcmbro de 1778.

l 2 Id.. ibid. Carta d o vice-ciinsul Jo3o Street d3Arringa. datada da Fuial, 29 de Dczembro de 1778. l 3 Id.. iDi<i Cana do vice-cbnsul 1030 Sticet <Arria@ para a cônsul da FrnnTa em Lisboa, Fnn~oisPhiIipppe ~ ~ Bracliier, daludn do Faial. 8 deluncirode 1779.

l 4 LABOURDETTE, Jcan-Fran~ois - L<( N<rlioiz Fi-<iii$<!i~e ir LirDor~ize de i 6 6 9 ii 1790 eririe ColDertirrrte c1

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O Fui01 fio >rlnciorznii7ento entre Purt~~gnl, os E.~tac/os Ufzidos e n Frririçn

...

6.715$419 é um exemplo. Este montante foi saldado pelo referido comandante através

de uma letra de câmbio sobre o tesoureiro da marinha, St. James, à ordem de Bonifns

Frères e: Cie, de Lisboa15.

O lugar de vice-cônsul de França no Faial irá posteriormente ser ocupado por um comerciante, natural da ilha, Sérgio Pereira Ribeiro, o qual, em petição dingida ao Juiz de Fora solicitava a sua noineação como vice-cônsul da França, dado João Street d'Arriaga estar ausente. Esta solicitação foi aceite por José Filipe Ferreira Cabral, Juiz Conservador dos Direitos Reais da Alfândega e Juiz de Fora do Faial, em 31 de Outubro de 1784, o qual a propósito escreve que:

"em nrtefzçEo no ex/~eizdiclo izestci l~eriçEo: éporqzie nliris

estorc befiz ~~eisliadiclo por infommções que terei, ria nptidr?o

do src]q)licnrzte Sirgio Pereirn Ribeiro paro I~eiiz, e

cnbnli~zente efzcher coi71 clesefizl~eizho nsfLiizç2íes de i~ice-

cônslil dn ~znsçfio Frcz~lcezo, por possliir perfeifaiize~ite

nqnelln lífzgrtn, peln grni~de iittelligerzcin qrte tefiz do contercio, e por ser nzuito ccipni de ~ ~ r o v e r de toclo o

necessdrio q~tcrlql~er ftcivio clcr ditn i~nsção." $ 6

E, em 8 de Junlio de 1785, escrevia ao então cônsul geral eni Lisboa. o

cavaleiro Meyronet de Saint Marc, agradecendo-lhe a preferência que lhe demonstrara para ocupar o posto de agente consular de França na Horta, quando João Street d'Arriaga se demitissel7. Esta, de facto, veio a verificar-se após a reiiúncia do referido vice-cônsul, tendo em Janeiro de 1788, Sérgio Pereira Ribeiro passado a ocupar o referido posto por nonieação do côiisul geral ein Portugal, o cavaleiro de Saint- Didiei.18.

Posteriormente, ein 1801, o já referido Sérgio Ribeiro será nomeado agente

da República Francesa, com a missão tarnbéin de proteger os iiiteresses da Repíiblica

Italiana, os dos Piemonteses e dos habitantes do Valais, zonas eiitão na posse de Napoleão. Nesta altura, nenhuin Francês habitava no Faial, o único que aí residira,

natural de Paris,

j6

havia partido para o seu país. Por outro lado, os navios gauleses

que aqui aportavain, faziam-no apenas, por necessidade, existindo nesta altura muito pouco comércio com a FrançaL? Sérsio Ribeiro foi mantido neste posto, por ter

MAEICADN. A~1rii.e.~ </$i corisirlrir <Ir. Finiice ii Lishrmire, $Crie B. A - A g c i ~ e i . r-<ii,riil<riri.s. A,yri!c<,r coiis,ilriiir.s

<le.sA(.oi-e<. : fie diii Iiri<rl (177~7-1903) Cnila de Roi~ihs Frèrcs c1 Coiiipngiiic para o vice-c6nsi1l loZo Sircei (1'Aii-i;ign.

daliidii dc Lisboa. 7 ilc Jiilho de 1783.

I 6 Id.. ihid Piihlicn foriiiii <Ic José Filipc Feircirii Cabral. Jitir Conserv;idor dos Dircilos Reois da AIf;iiide.ii e Juiz de Fora do Faial, dain<ki do Faial. 31 de Ouiiibm de 1784.

l 7 ld., ihid Carta de Sérgio Pereira Ribciro paira o c6nsiil ;cr;ll. c;iv;ileim Mcylo~iel <Ic Saiiii Marc. diiiiiiki do Faial. 8 de Jiinlio de 1785.

l8 Id.. ibid. C;ii.iii de noliieaçBo dc Séroio Pcreir;i Ribeiro pelo çavalciro de Snilii Diclier, <iaiada dc Lisboa. 12 dc Janeiro de 1788.

l 9 Id., ibid Ofício de Sérgio Pcrcirii Ribciro. tigente da República Frnnccsa [parsi o Coinissirio Gcriil das Ilçlnçõcs da Rcpúhlicn Fi-inccs;~, eoi Lishozi, diitntlo do Filial. 30 do Rini5rio do ano I I.

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Jorge Mcii?bis Ribeiro

sempre protegido e ajudado todos os cidadãos Franceses, que prisioneiros dos ingleses ou náufragos haviam, desde que começara a exercer fuiições, aportado 2s illias do

Faial, Pico e Flores, conforme é atestado por várias autoridades portuguesas, inclusivé,

por João Street d3Aii.inga. cônsul dos Estados Unidos daAmérica2". Por oiitro lado, Sérgio Pereira Ribeiro concessa-se titn admirador da França, qiiaiido em carta dirigida

ao Comissário Geral escreve :

"Je iize,flcrirc. ciroyei? coiiiiiii.sscrire clrie I'crrr,iii.s clorts votre cidniiizistrcition I'cii~nntcrge ele sotisfirire /e coiiiiiiissnrint géiiércrl coii~iiie j'cri tciche de le,fciire c1epiti.s 11r2.s (/e i~iizçt nnizée.~, c/rie j'cri I'lioiiiierrr de servir Lo Notioii Frcriiçcrise iilêiiie pei~ckirzr In giierre nvec le Portirgcil; et Je 11 'ciifoit eii

celtr pre sriii~re les ilioriiieriieriis ele iiioiz C ( I I ~ I I . P ~ L I ~ ~ e l ~ e ~ r / > l e

cpi esr I'nrlinircitioii c111 iiioizcle. Vorts porivez tloiii Ciro)viz Co~iiiiiissoire G&riércil coiilpter stir iiioil ~~nifirii elévoueiiieiii ei S I I ~ 111e.s ~eiztiiiieiifs 11011r I>O/IV l>er.soi~iie~~ ."

Esta adiniração pela Fraiiça e os seus represeiitantes, levou inesino Sérgio Pereira Ribeiro a enviar para o cônsul Francês ein Lisboa, coino presente, (rês caixas coin vinhos e aguardeiites faialenses, uiiia coin vinho seco, outra coin viiiho doce e urna terceira com aguardente, tudo prodiitos das suas propriedadesz.

Refim-se, ainda, que viera viver para o Faial urn refugiado de S. Domiiigos,

cliamado Biiiet. Tratava-se de um homein de cerca de 40 anos, que tudo perdera, mas que chegara 2 ilha com cartas de recoinendaçio do seu priino o general Andreassy. Na Horta, segundo a docuriieiitação, por nós consultada, dava lições aos filhos do vice-cônsul Sérgio Pereira Ribeiro. No entanto, náo sabemos se as suas octipações

seriaiii tão inocerites, pois, em Setembro de 1802, escreve uma carta ao representaiite

Fraiicês em Lisboa, recomeiidando-lhe, para Agente das Relações Coinerciais da República Francesa na ilha das Flores, uin certo Caetano Martius, residente nessa ilha. Este, segundo Biriel, havia ajudado muitos Franceses, quer fornecendo-lhes vestuário, quer alojando-os na casa da sua própria ~ n ã e ? ~ .

Apesar de infelizmente não terinos encontrado dociiineiitação para o período das invasões francesas, nern da giierra anglo-americana de 18 12- 18 14, sabemos que, apesar das mudanças de regime, tanto em Portugal como na França, Sérgio Pereira

20 1d.. ibid. Carta de GuilkiuiiieThiers para Sérgio Pereira Ribeira, agente d;i Rcpúblicn Francesa, datada do Havre. 4 do Praiial do iiiio 10. Docuincnto de JasETeles Machado, go\,ernadai interino das illiiis do Faial e do Pico, daindo

da Horia. 31 dC Março de 180?: docuiiicnto de Jaige Bruni Terra c Silveira, Juiz Propiietúrio da AIWndega, datado da Horia, 31 de Março de 1802; Carta do vice-côlisul dos Estados Unidas, Jo3o Strcct d'Arrisiça. sid.

2 1 Id., ib;<l. Ofício do vicc-cdiisul Sérgio Pcreira Ribciro. agçiite da República Fl;mces;i para o Comissdrio Geral das Relações d a R e p ú b l i c a Frances;i, clii Lisboa, d a t a d o do Faial, 30 de Novcrnbro de 1803. 22 Id.. ibid Olicio do vicc-cônsul Sérgio Percira Ribeira, agente d.1 República Francesa pam o Cornissdrio Gerd das Relucões do Reoública Francesa. cm Lisboa. datado do Faial. 20 da Nivoo. sid.

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O Fninl rio r-elricioiitrriieriro eriiir Porfirgnl, os Esttrrlos Uiiiílos e n Frariqo ...

Ribeiro, manteve-se nas funções de agente consular francês no Faial. Em 22 de Janeiro de 1816, escrevia ao então cônsiil em Lisboa, Lesseps, lembrando que exercera as

funções de agente consular no Faial, desde 1784, até à Revolução Francesa, a contento

dos governos Português e Francês. Durante o governo de Napoleão tinha mantido a confiança das autoridades portuguesas, as quais lhe haviam mesmo ordenado que

ajudasse todos os Franceses, náufragos ou não, que aportassem à ilha. Deste modo,

pedia para ser reconduzido nas funções qiie exercera anteri~rmente?~.

No período da intervenção Francesa em Portugal, Sérgio Pereira Ribeiro teve de entregar, i s autoridades portuguesas, todos os docuinentos ein seu poder25. Tal como anteriormente, continuou com a prática de enviar presentes ao cònsul de França em Lisboa. De facto, ein 18 18, enviou um caixa conteiido duas dúzias de garrafas de

vinhos licorosos e de um vinho que imitava o da Madeiralo. Contudo, ein 1817, num

ofício enviado ao cônsul Lesseps escrevia qlie o governador-geral dos Açores não o

deixava exerces as f u n ~ ò e s consulares, sein antes apresentar a patente. Contudo,

assegurava sei; de momento, o primeiro Seiznrlor da Ilha, estando também encarregado da administração da Justiça.

No entanto, o porto da Horta, tornara-se pouco frequentado pelos navios Franceses, desde qiie a França perdera a ilha de S. domingo^'^. De facto, em Março de I81 8, o vice-cônsul afirinava qiie desde 22 de Dezembro do ano aiiterioi-, qiiando

o brigue Afi-icnir? aportara à ilha, iienhiirna outra embarcação gaulesa fundeara no

porto da Horta's. O AJi.icrriiz era proveniente do Senegal, dirigiiido-se para Orieiite.

Aportara à ilha pai-a se abastecer, tendo descarregado cera. Perante este panorama,

Sérgio Ribeiro laineiitava não poder prestar inais serviços a iiina iiação que sempre

apreciara e à qual dera provas inequívocas de esti~na'~.

De acordo com uma lista apresentada pelo agente consular entre Agosto cle 18 17 e Dezembro de I81 8, houve oito entradas de einbarcações inercantes francesas no porto da Horta, eiiibora uiiia delas, a já referida Afiicniri aí tivesse apostado duas vezes, uiiia ein Agosto de I8 17 e outra ein Agosto de I8 18. Contudo, apenas diias,

o Perir A~cgiisre, oriundo do Havre e o Messnger tle Lo Roclielle, pinveniente do posto

de La Rochelle tinliaiii coino destino final o Faial, o prinieiro traiisposlava agiiardeiites

e inei-cadorias secas e o segiiiido deseinbarcou 20 pipas de aguardente. O Petit Aiigci.ste

regressou ao Havre coiii 162 pipas de vinho e o Messngtr de La Roclzelle corn tim

carregainento de lasanjas. Uiii outro, Le Dn~il~hirr rIe Cíi1ni.s tiiilia deixado 39 Iàrdos

'4 Id.. ihid Olicio do vice-c6esol SLic~io IPcieiia 1liliiii.o. para I.cssii>s. côiisiii FiriricEs ç i i i Lishoii. &;irada cio Fai:~l.

22 de Jaiieiro de 1816.

" Ici, ii>i</. Ofício do \ice-cA<isul Sergio Pçieiin 1RiIicii.0, p a u Lçssçps. cüiisiil Fi;iiici.s çiii Lisboa. d;iladu do Fnial.

5 <Iç Dezciiibro de 1818.

Id., ibid Ofício do rio-cArisiil SL'rgiii Pcrcirn Rihcirii. liavi Lçrsips. cUiisiil Fraiices çrii ILisbon. dal;ldo do rZii;ii. 5 de Dcírciobro dc 1818.

27 Id.. ;/i;</. Ofício <lu ice-cAiisiil Sérgio Pei-cim Riheim, [para Lessciis. ç6iisiil FraiiiçEs ciir Lisboa. il;iiiirlo dii fiiial. ?OdeAhiii<ic 1817.

''

Id.. ihili. Ofício do vicç-côiisiii Sérgio Pereira IRibçiio. poni Lçssçps. ç6iisiil 1:riiiicí.s ein Lisboa. daindo do Faial. 5 de Dczciiii>ro ilc 1818.

29 ld.. ibid Ofício do vice-cdlisiil Sérgio Percira Ribeiro, iiaiii Lesscps. c6iisul Fr;~iicZs eni Lisi>oa, <liiitido do Fs'iai.

(10)

Jorge Mrir-riris Ribeiro

de algodâo, afim de pagar as despesas que fizera durante a sua estada3(].

De qualquer inodo, as actividades corsárias, nomeadamente as einbarcações

americanas, qiie com cartas de corso do patriota iir~iguaio General Artigas, operavain

no Atlântico, atacando os navios lusos, eram uma preocupação para o ageiite coiisular, tendo os barcos mercantes portugueses de ser acompanhados por vasos de guerra, como era o caso de uin veleiro proveiiiente da Iiidia, qiie na altiira se encontrava

fiiiideado na Horta,

i

espera de escolta3'.

Coiiforme acabáinos de ver, o comércio do Faial com a América do Norte

revelava-se lucrativo, devido à exportação do vinho. O porto da Horta era o local

ideal para servir de entreposto a trocas, fazer baldeação, aguada, para o descanso das

ti-ipulações e até proceder 2 substitiiição de elemeiitos das equipagens. Já para o

comércio e iiavegação franceses não parece ter tido tanto relevo, tendo o seii significado

declinado, ainda inais, quando a França perdeu o controle da ilha de S. Domiiigos.

Era, coiitudo, siificientemente inipoi-tante para que os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha ai mantivessem agentes consulares e cônsules, os quais além dc se ocuparein de assuntos de canicter coinercial, cuidavam de todos os que apostavam

i ilha, quer como náufragos, quer corno prisioneiros, foi-neceiido-lhes agasalho e

cuidando do seu repatriamento.

30 Id., i6id Liste des batiments Frnngais abordés a Faial d e p u i nion emploi jusqu'ati e décembrc 1818.

192

j i ld., ibid Oficio do vice-c6nsul Sérgio Pereira Ribeiro, para Lesseps, c0nsiil Frances em Lisboa. datado do Fziiil,

Referências

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