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Disclosure das contingências tributárias no setor de utilidade pública da BM&FBOVESPA

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Priscila Alano da Rosa

DISCLOSURE DAS CONTINGÊNCIAS TRIBUTÁRIAS NO SETOR DE UTILIDADE PÚBLICA DA BM&FBOVESPA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Contabilidade.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Murilo Petri

Florianópolis 2016

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Priscila Alano da Rosa

DISCLOSURE DAS CONTINGÊNCIAS TRIBUTÁRIAS DO SETOR DE UTILIDADE PÚBLICA

Esta Dissertação foi julgada ____________ para obtenção do Título de “Mestre”, e _______________ a em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Contabilidade.

Florianópolis, 31 de outubro de 2016.

___________________________ Prof. José Alonso Borba, Dr.

Coordenador do Curso Banca Examinadora:

_____________________________ Prof. Sérgio Murilo Petri, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

_____________________________ Prof.ª Iara Regina dos Santos Parisotto Universidade Regional de Blumenau, Dr.ª

________________________ Prof. Luiz Felipe Ferreira, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Suliani Rover, Dr.ª Universidade Federal de Santa Catarina

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AGRADECIMENTOS

A Deus por minha vida, saúde e fé.

Aos meus pais pelo incentivo à educação e busca de conhecimento. A minha família pelo apoio e compreensão pela minha ausência.

Aos professores pela dedicação e incentivo ao ensino e desenvolvimento do pensamento crítico, em especial ao Prof. Petri, pela oportunidade de trabalho em conjunto e ao Prof. Luiz Felipe, que desde a graduação me incentivou a desenvolvimento de estudos na área tributária.

Aos colegas pela oportunidade de aprendizado em conjunto e pelas amizades.

A Sandra, secretária do departamento do CCN, pela amizade e cafezinhos maravilhosos.

A Maura pelo apoio administrativo na secretaria do PPGC.

Ao PPGC e ao coordenador Prof. José Alonso Borba, pela oportunidade de estudo e aprendizado.

A Universidade Federal de Santa Catarina pela oportunidade de aprendizado e conhecimento durante o processo de formação profissional.

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Eu sei o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro, e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer.

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RESUMO

Existem transações contábeis que não estão incluídas nas Demonstrações Contábeis, uma vez que há incertezas sobre seu valor e sua ocorrência. Tais operações são denominadas Operações fora do balanço ou Off-Balance Sheet. O objetivo desta pesquisa é verificar como está ocorrendo a evidenciação dos passivos contingentes tributários do setor de Utilidade Pública da BM&FBOVESPA e realizar análises, conforme proposto nos objetivos específicos: (i) identificar elementos divulgados sobre os passivos contingentes tributários em notas explicativas e formulário de referência; (ii) comparar as informações disponibilizadas nas Notas Explicativas e Formulário de Referência quanto às informações requeridas no CPC 25 e IN da CVM n°480/09; (iii) verificar se as empresas de auditoria, em seus pareceres, fizeram ressalvas relacionadas aos passivos contingentes. A metodologia da pesquisa é de natureza descritiva e exploratória, e os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa. As empresas que compuseram a amostra são as do setor de Utilidade Pública da BMF&BOVESPA e os documentos utilizados foram as Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) e o Formulário de Referência (FR), do período de 2011 a 2015, com uma amostra efetiva de 41 empresas com Passivos Contingentes Tributários. Os resultados desta pesquisa demonstram que o embasamento para o julgamento do critério a ser adotado no momento de reconhecimento ou não dos passivos contingentes é em sua maioria de responsabilidade dos consultores jurídicos e administração. Do montante envolvido de passivos contingentes, o subsetor de gás, água e saneamento e energia elétrica possuem em média respectivamente, 2%, 4% e 96%. Constatou-se também que os passivos contingentes tributários referem-se a aproximadamente a 64% do total divulgado em formulário de referência e que os processos tem em média 6,69 anos desde o início da ação. O atendimento ao requerido em notas explicativas foi de 77,08% pelas companhias, já em relação ao formulário de referência, apenas 54,16% da amostra atendeu ao solicitado no item 4.3 dos processos em que fazem parte. Em relação ao atendimento do CPC 25 e IN CVM n° 480/09, apenas 43,75% das empresas observaram na integra essas duas normativas. Não foi observado ressalvas nos pareceres das companhias relacionadas aos passivos contingentes. Dentre as Big Four, destacam-se PricewaterhouseCoopers e DeloitteTouche Tohmatsu.

Palavras-chave: Passivos Contingentes. Passivos Contingentes Tributários. CPC 25; IN. CVM n° 480/09.

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ABSTRACT

There are accounting transactions that are not included in the Financial Statements, since there are uncertainties about their value and their occurrence. These operations are called Balance Sheet or Off-Balance Sheet Operations. The objective of this research is to verify how the disclosure of the contingent liabilities of the Public Utility sector of BM & FBOVESPA is performing and to carry out analyzes, as proposed in the specific objectives: (i) to identify elements disclosed on tax contingent liabilities in explanatory notes and reference form ; (Ii) to compare the information provided in the Explanatory Notes and Reference Form regarding the information required by CVM CPC 25 and IN of CVM nº 480/09; (Iii) verify that the audit firms, in their opinions, made contingencies related to contingent liabilities. The methodology of the research is descriptive and exploratory, and the data were analyzed qualitatively and quantitatively. The companies that compose the sample are those of the Public Utility sector of the BMF & BOVESPA and the documents used were the Standardized Financial Statements (DFP) and the Reference Form (FR), from 2011 to 2015, with an effective sample of 41 companies With Contingent Tax Liabilities. The results of this research demonstrate that the basis for judging the criterion to be adopted at the time of recognition of contingent liabilities is mostly the responsibility of the legal advisors and administration. Of the amount involved in contingent liabilities, the subsector of gas, water and sanitation and electricity has, on average, respectively, 2%, 4% and 96%. It was also found that tax contingent liabilities refer to approximately 64% of the total disclosed in the reference form and that the processes have averaged 6.69 years since the beginning of the lawsuit. The compliance with the requirement in explanatory notes was 77.08% by the companies, in relation to the reference form, only 54.16% of the sample met the one requested in item 4.3 of the cases in which they are part. Regarding compliance with CPC 25 and IN CVM No. 480/09, only 43.75% of the companies observed these two regulations in their entirety. No exceptions were noted in the companies' reports related to contingent liabilities. Among the Big Four are PricewaterhouseCoopers and DeloitteTouche Tohmatsu.

Keywords: Contingent Liabilities. Tax Contingent Liabilities. CPC 25; IN. CVM n ° 480/09.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de empresas analisadas X Quantidade de

empresas com provisões tributárias ... 62 Tabela 2 – Provisões Tributárias ... 63 Tabela 3 – Análise Vertical por subsetores do período de 2011- 2015 . 64 Tabela 4 – Evolução dos Passivos Contingentes Tributários ... 66 Tabela 5 – Estatística Descritiva da Amostra ... 69 Tabela 6 – Evidenciação dos Depósitos Judiciais referente aos Passivos Contingentes Tributários ... 70 Tabela 7 – Atendimento ao CPC 25 - Passivos Contingentes ... 72 Tabela 8 - Quantidade de processos versus chance de perda ... 76 Tabela 9 - Atendimento a In CVM n° 480/09 – Passivos Contingentes 77

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Home page da Companhia Petrobras ... 28

Figura 2 – Enquadramento Metodológico da Pesquisa ... 53

Figura 3 – Processo para análise da amostra ... 56

Figura 4 – Design da Pesquisa ... 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação das Contingências Passivas ... 41 Quadro 2 – Processos não sigilosos relevantes, In. CVM n° 280/09 .... 44 Quadro 3 – Amostra da Pesquisa ... 54 Quadro 4 – Checklist para as Notas Explicativas ... 57 Quadro 5 - Checklist para Formulário de Referência ... 59 Quadro 6 – Evidenciação de Passivos Contingentes com possibilidade de Perda Remota ... 70 Quadro 7 – Frequência da atuação das empresas de auditoria nos

relatórios da amostra ... 77 Quadro 8 - Divulgação de Atualização dos Valores envolvidos ... 79

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Empresas X Provisões Globais e Tributárias ... 62 Gráfico 2 – Responsáveis pelo julgamento em condições de incertezas dos Passivos Contingentes Tributários ... 64

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA- Agência Nacional de Águas

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis BM&FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CVM – Comissão de Valores Mobiliários DFPs – Demonstrações Financeiras Padronizadas IAS – International Accounting Standard

IFRS - International Financial Reporting Standards FMI - Fundo Monetário Internacional

NYSE - New York Stock Exchange PIB - Produto Interno Bruto

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 27 1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA E PERGUNTA DE PESQUISA ... 30 1.2 OBJETIVOS ... 32 1.3 JUSTIFICATIVA ... 32 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 35 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 35 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS ... 37 2.1 TEORIAS DO DISCLOSURE ... 37 2.2 PASSIVOS CONTINGENTES ... 39

2.2.1 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes no Pronunciamento Técnico CPC 25.... 39

2.2.2 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes na Comissão de Valores Mobiliários. ... 42

2.3 ESTUDOS ANTERIORES ... 45

2.3.1 Provisões e Contingências Passivas ... 45

2.3.1 Provisões e Contingências Passivas Tributárias ... 48

3TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ... 51

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ... 51 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 54 3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ... 56 4 RESULTADOS ... 61

4.1EVIDENCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS NAS NOTAS EXPLICATIVAS ... 61

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4.2 EVIDENCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS NO FORMULÁRIO DE REFERÊNCIA ... 75 4.3 EVIDENCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS NOS PARECERES DOS AUDITORES ... 79 4.4 COMPARAÇÃO DAS INFORMAÇÕES EVIDENCIADAS NAS NOTAS EXPLICATIVAS E FORMULÁRIO DE

REFERÊNCIA... 80 5 CONCLUSÃO ... 83 REFERÊNCIAS ... 87

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1 INTRODUÇÃO

As Demonstrações Contábeis representam a posição financeira e patrimonial de uma sociedade em determinado período, conforme o CPC 26 (R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2011), além de ser parte do conjunto de informações prestada aos usuários para tomada de decisão. As Sociedades Anônimas (S.A.) de Capital Aberto devem observar: as informações divulgadas sob orientação do CPC, atentar-se para as resoluções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, para os setores regulados por agência específica, as informações solicitadas por tais autarquias.

Dentre o conjunto informacional prestado à CVM, as Notas Explicativas (N.E) estão previstas no § 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976, as quais complementam as Demonstrações Contábeis quando necessários esclarecimentos da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

Algumas operações não estão incluídas nas Demonstrações Contábeis, uma vez que há incertezas sobre seu valor e sua ocorrência. Tais operações são denominadas Operações fora do balanço ou Off-balance Sheet.

Essas operações já foram a causa de algumas crises financeiras no mundo. A crise de 2008 nos Estados Unidos foi motivada pela securitização de hipotecas imobiliárias, com o intuito de alavancar a economia interna do país, incentivando o consumo e aquecendo o mercado. Os derivativos, que culminaram a crise nos Estados Unidos também afetaram grandes empresas no Brasil, como a Sadia, que em função de um prejuízo elevado fez fusão com a Perdigão, hoje BRF. O mesmo ocorreu com a Aracruz e a VCP, hoje Fibria.

Após a adoção das International Financial Reporting Standards (IFRS) a CVM nos demonstrativos publicados em 2010 questionou algumas companhias sobre a provisão ou não de passivos, tais informações estão publicadas em uma entrevista com o diretor geral da CVM, Alexsandro Broedel, no jornal Valor Econômico (TORRES, 2011). Oito pontos foram citados para maior observação no processo de fiscalização da CVM, dentre eles a divulgação sobre provisões e passivos contingentes.

Recentemente, no Brasil o caso da companhia Samarco, com o desastre de Mariana, no qual uma barragem se rompeu em 2015, teve como consequência a paralisação das atividades da empresa por tempo indeterminado, acarretando riscos a descumprimento de cláusulas

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contratuais, e o possível surgimento de multas e passivos contingentes que afetam indiretamente a liquidez da empresa, de acordo com notícia publicada pelo G1.Globo (D’AGOSTINO, 2015). Em função deste fato, o Rating da companhia foi reduzido de BB + para BB-, sendo estes valores utilizados para escalonar o grau de investimento com qualidade utilizado pelos stakeholders.

O abalo ocasionado na companhia Samarco com a redução de Rating pode ser verificado também na Petrobras. Em reportagem de Carrança (2016) no Jornal Valor Econômico, o rating caiu 3 degraus, passando de Ba3 para B3. Segundo a empresa que classifica tal risco, a Moody’s, tal rebaixamento se deve a liquidez da empresa, fluxo de caixa negativo, alto nível de endividamento, risco de desvalorização do real e desafios operacionais no atual ambiente econômico do Brasil.

Na home page da Companhia Petrobras, conforme figura 1, é possível verificar que a mesma, está adotando uma política de transparência uma vez que está oferecendo esclarecimentos a usuários externos referente a estratégias e desafios em função dos desvios financeiros e abalo da credibilidade.

Figura 1: home page da companhia Petrobras

Fonte: Home page Petrobras (2016).

Essa transparência e divulgação de informações sem uma exigência legal, também é verificada em outras companhias. Tal prática é adotada para despertar confiança e dar credibilidade às empresas, uma vez que a qualidade da informação prestada depende tão somente dos usuários detentores de tais informações.

A divulgação de informações no mercado financeiro deve ser evidenciada com cautela. Os stakeholders buscam informações para análise financeira da companhia a curto e longo prazo. Quando há

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divulgação de informações que permitam ao usuário externo confiança na companhia ou quando o mesmo está disposto a correr riscos para prêmios futuros, a assimetria informacional é reduzida, pois a companhia fez suas divulgações obrigatórias ao mercado, fez divulgações extras e satisfez a necessidade do usuário externo.

Diversas informações contábeis divulgadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros BM&F e Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&BOVESPA) são exigidas por força de lei ou instruções normativas da própria CVM que regula e fiscaliza o mercado acionário. Porém, as operações que não estão dispostas em lei, como as operações fora do balanço, especificamente os passivos contingentes, há orientações e instruções normativas para padronização da divulgação de tais informações, com o intuito de demonstrar transparência ao usuário externo e possibilitar a comparabilidade de tais informações.

Para Farias (2004, p.83), “os passivos contingentes são um dos elementos patrimoniais de maior dificuldade para a contabilidade, principalmente no que se refere à atribuição de valor”. Pois, sabe-se que ocorreu um fato que gerou um passivo contingente, mas há incertezas sobre o valor e tempo de reconhecimento e pagamento do mesmo quando da liquidação, (XAVIER, 2007). Logo, são riscos que a empresa está sujeita, motivados por agentes internos ou externos (BALDOÍNO E BORBA, 2015). Com as normas internacionais de contabilidade, o Brasil editou o CPC 25 que é equivalente ao IAS 37 os quais abordam orientações sobre as provisões, passivos contingentes e ativos contingentes.

O surgimento de um passivo contingente de qualquer natureza pode ocorrer a qualquer momento e, são comumente encontrados nas companhias. Os de cunho ambiental como no caso da Samarco, de origem trabalhista, regulatória, tributária, entre outras. Para que estas operações estejam dispostas corretamente nas Notas Explicativas, às orientações para divulgação das informações referentes aos passivos contingentes que estão relacionadas no CPC 25 sugerem que sejam aplicados os critérios de reconhecimento e mensuração apropriados a provisões, passivos e ativo contingentes, permitindo aos usuários externos o conhecimento dessas operações, suas origens, critérios de mensuração e possíveis chances de ocorrência. Há também a Instrução Normativa da CVM n° 594/2009 que orienta sobre a disposição de tais informações no Formulário de Referência.

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1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA E PERGUNTA DE PESQUISA Com a implementação das International Financial Reporting Standards (IFRS) as quais sobrepõe a essência ao invés da forma, a responsabilidade do critério de julgamento foi transferida para o Contador, responsável pela elaboração das Demonstrações Contábeis. Porém, mais informações são exigidas com o intuito de garantir a qualidade da informação, transparência e divulgação adequada.

A evidenciação e o reconhecimento das provisões e dos passivos contingentes, conforme o CPC 25 (2009), está relacionada a incerteza de reconhecimento em função do prazo ou do valor a serem registrados, o que acarreta em tipos de evidenciação diferenciados. Se um evento for considerado como sendo provável que ocorra deve ser reconhecido no balanço patrimonial como passivo, por meio de provisão. Caso o evento seja caracterizado como possível de ocorrer, então será somente divulgado em notas explicativas. E quando o evento possuir uma chance remota de ocorrência nenhuma evidenciação é exigida nem qualquer reconhecimento. Porém, nada impede que a companhia divulgue informações sobre as contingências passivas com chance remota de ocorrência, uma vez que no decorrer do processo a incerteza quanto ao reconhecimento ou não pode ser alterada.

Conforme os autores Baldoino e Borba (2015), o Brasil é um dos países que mais publicam as contingências passivas, sendo que em média 67% dos passivos contingentes das empresas são de cunho tributário. Quando se refere aos continentes, a América Latina também se destaca pelas contingências tributárias, fortemente influenciada pelo Brasil e também em função do sistema legal code law.

Rosa (2014) destaca que os processos tributários representam 69% do total de passivos contingentes, uma vez que o sistema tributário brasileiro é complexo, que existem frequentes mudanças na legislação, e que a quantidade de obrigações acessórias é ampla. Devido à complexidade da legislação tributária, as empresas possuem divergências de entendimento com o fisco. O aumento da carga tributária não sinaliza que as contingências aumentam, porém levam as empresas a praticarem planejamentos tributários mais agressivos, podendo ocasionar autuações fiscais não registradas anteriormente (MARTINEZ e SONEGHETI, 2015).

Hanlon e Heitzman (2010) destacam que os efeitos fiscais afetam potencialmente as decisões reais, tais como investimento e estrutura de capital, que por sua vez afetam a atividade econômica e têm implicações

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na estrutura e eficácia da política fiscal. No que se refere as contingências tributárias, os autores Martinez e Sonegheti (2015), as definem como possíveis ônus de caráter tributário, decorrente de reclamações ou litígio fiscal cujo êxito, ou não, somente serão confirmados no futuro. Assim, o descumprimento ou interpretação da legislação divergente entre o fisco e os contribuintes podem ocasionar grandes prejuízos fiscais, gerando eventos futuros incertos, denominados de “contingências”.

Para Ribeiro et al. (2013) as obrigações quanto a tributos não são nítidas o que acarreta discussões administrativas e/ou judiciais. A complexidade da legislação tributária é conhecida pela quantidade de tributos e legislações existentes que diariamente são editadas, tendo que os responsáveis nas empresas seja pelos riscos, apurações de tributos ou apoio jurídico despender de muito tempo em função da quantidade de normas. Não bastasse a quantidade, interpretações distintas da redação da legislação podem culminar para a origem das contingências tributárias.

Diante da representatividade dos passivos contingentes, destaca-se que é papel da auditoria examinar e fiscalizar as demonstrações contábeis e posteriormente emitir uma opinião quanto a veracidade das informações prestadas pelas companhias. A auditoria é um dos instrumentos de controle e fiscalização exigidos pela CVM, que por sua vez, tem como propósito (2013, p. 1) “zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteção dos investidores”. Destaca-se ainda como resultados a proteção aos investidores, garantia de acesso do público a informações tempestivas e de qualidade.

Neste contexto de transparência das informações que não estão dispostas no Balanço Patrimonial, da assimetria informacional envolvida na relação entre os agentes detentores ou não das informações dos passivos contingentes e a representatividade dos passivos contingentes tributários no cenário brasileiro, elaborou-se a seguinte questão-problema desta pesquisa:

Como estão sendo evidenciadas as informações referentes aos passivos contingentes tributários das companhias listadas no setor de Utilidade Pública da BM&FBOVESPA?

Para responder tal indagação elaborou-se o objetivo da pesquisa, conforme item 1.2.

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1.2 OBJETIVOS

Na incumbência de responder a indagação que norteia a pesquisa, tem-se como objetivo da pesquisa: Verificar a evidenciação dos passivos contingentes tributário do setor de Utilidade Pública da BM&FBOVESPA e realizar análises conforme proposto nos objetivos específicos:

i. Identificar elementos divulgados sobre os passivos contingentes tributários em notas explicativas e formulário de referência;

ii. Comparar as informações disponibilizadas nas Notas Explicativas e Formulário de Referência quanto às informações requeridas no CPC 25 e IN da CVM n°480/09;

iii. Verificar se as empresas de auditoria fizeram ressalvas relacionadas aos passivos contingentes em seus pareceres. Propostos os objetivos específicos que culminaram para a concretização do objetivo da pesquisa, tem-se a justificativa da realização de tal estudo no item 1.3.

1.3 JUSTIFICATIVA

Diante do atual cenário econômico brasileiro, no qual uma das maiores empresas nacionais no segmento de óleo, gás natural e energia está em processo de investigação em função de fraudes, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015 registrou queda de 3,8%, sendo que 2 a 2,5% refere-se a Petrobras, e da cadeia de gás e petróleo, conforme Lima (2016), na revista Época. Complementando, o jornal Valor Econômico divulgou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu relatório sobre a Estabilidade Financeira Global, afirma que a Petrobras pode ter afetado a capacidade de pagamento do Governo, caso os passivos contingentes sejam reconhecidos (BASILE; LAMUCCI, 2016). Neste caso da Petrobras é possível a compreensão da magnitude dos passivos contingentes mesmo estes não sendo reconhecidos no Balanço Patrimonial. Os passivos contingentes caso sejam avaliados pela equipe jurídica das companhias como apenas possíveis de ocorrência são divulgados em notas explicativas, sem qualquer provisão de tais valores.

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Logo, observa-se que tal afirmação e critério de reconhecimento é estabelecido pelo julgamento de juristas por meio de um laudo, cabendo à administração e auditoria a contabilização ou não, conforme Ribeiro (2012). Quando da confirmação de que o reconhecimento se dará como passivos contingentes pouco se expõe aos stakeholders. Alguns estudos como de Ribeiro et. al. (2013, p.48) afirmam que “a conta de provisões é cheia de subjetividades e a legislação complexa gera possibilidade altíssima de GR”, entende-se como GR, gerenciamento de resultados, corroboram com tal afirmação (ROSA, 2014; COSTA, 2013).

Portanto, há diversas consequências com o reconhecimento ou não dos passivos contingentes: assimetria informacional, subjetividade no julgamento quanto ao critério de reconhecimento, alterações nas Demonstrações Contábeis, veracidade e fidedignidade das informações divulgadas e riscos que a companhia poderá suportar por tal decisão. Logo, explorar esses elementos pode contribuir com o mercado financeiro para a criação de novas formas de fiscalização ou alerta quanto a magnitude de implicações no valor da companhia (MURCIA, 2009). Para tanto, é relevante o disclosure dos passivos contingentes, conforme orientação do CPC 25 e Instrução Normativa CVM n° 594/09, esta para as Sociedades Anônimas de capital aberto, objeto deste estudo.

A contabilidade como ferramenta gerencial deve identificar, analisar e preparar informações para auxiliar os gestores (HORNGREN, SUNDEM, STRATTON, 2004), com as quais a administração fundamentará suas decisões desde o planejamento, avaliação até o controle organizacional. Ora, se a informação contábil e financeira “é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível”, conforme (CPC 00 (R1), 2011, p. 14). Caso contrário sua utilização pode trazer riscos a companhia.

Atrelado à relevância das informações contábeis, os pareceres dos juristas devem estar fundamentados, quanto a valores, reais possibilidades de perda, além da sustentação legal. Já a administração e a contabilidade quando do reconhecimento, ao IAS 37 ou CPC 25. É papel da auditoria realizar avaliações e examinar as Demonstrações Contábeis para certificar ao mercado financeiro a veracidade dos valores e procedimentos adotados pela companhia estejam de acordo com os padrões aceitáveis.

E vê-se a possibilidade de ainda serem recorrentes as pesquisas neste tema, pois dados de pesquisas relatam que as empresas não se

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enquadram completamente a norma, conforme Fonteles et al. (2013) apenas 32% do normativo CPC 25 foi evidenciado na amostra analisada, já Castro, Vieira e Pinheiro (2015) observaram que as empresas constantes de sua amostra quanto as contingências ativas estão cumprindo o CPC 25 em média no montante de 50% e as passivas em média de 60%. É possível que o total cumprimento da norma, CPC 25, não seja alcançada uma vez há indícios de que essas operações fora do balanço podem ser meio de realização de gerenciamento de resultado, conforme Ribeiro (2012). E, pelo critério de julgamento transferido para a administração da empresa, contador e juristas.

Nota-se que as pesquisas no âmbito das provisões e passivos contingentes estão em desenvolvimento, mas não foram identificados estudos que se aprofundem ou abordem exclusivamente as provisões e contingências tributárias no Brasil. Mesmo que estas tenham no Brasil a maior participação das contingências totais. Nos estudos de Baldoíno e Borba (2015) representaram 67% em média do total de contingências. Os autores sugerem que entre as causas estão a complexidade do sistema tributário brasileiro, a quantidade de obrigações acessórias que as empresas devem cumprir, o que acarreta uma discussão quanto aos valores devidos. Corroboram com tal assertiva Ribeiro, Ribeiro e JreigeWeffort (2013); Rosa (2014); Magro et al. (2017).

Quanto à contribuição que esta pesquisa pretende oferecer a comunidade acadêmica destaca-se o aprofundamento do estudo das contingências passivas tributárias referentes ao montante em litígio de cada imposto, taxa e contribuições de melhoria, além da comparação das informações dispostas no formulário de referência confrontado com as notas explicativas. Umas das motivações a realização deste estudo é que as empresas não estão atendendo em sua totalidade o requerido pelo CPC 25 em notas explicativas (TONETTO FILHO e FREGONESI, 2010; FONTELES ET AL., 2013; SUAVE ET AL., 2013; PINTO ET AL., 2014; SILVA, CARRARO, SILVA, 2014; FERREIRA, BORBA, ROSA, 2014; CASTRO, VIEIRA, PINTO, 2015). Diante dos estudos anteriores, pretende-se verificar se no formulário de referência as informações entregues à CVM estão de acordo com o requerido no CPC 25 e em consonância com as notas explicativas.

Tão logo, disposto da justificativa da realização desta pesquisa, tem-se a delimitação para a realização deste estudo no item 1.4.

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1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa fica delimitada pelos fatores:

Considera-se amostra desta pesquisa as companhias de capital aberto dispostas na BM&FBOVESPA em função da acessibilidade aos dados necessários para apuração dos resultados. Abarcou-se o ano de 2011 a 2015 para coleta e análise dos dados. Pretendendo verificar o afirmado por Costa (2013), ao declarar que as contingências em função de estarem aguardando julgamento administrativo ou mesmo jurídico não possuem característica de mutações em curto prazo. Portanto, não são esperadas oscilações relevantes de 2011 a 2015. Os documentos que foram analisados: Demonstração Financeira Padronizada (DFP) e Formulário de Referência.

A pesquisa delimita-se como amostra o setor da BM&FBOVESPA de Utilidade Pública, destacando-se no estudo de Rosa (2014), pois, este setor possui cerca de 34% das provisões totais das empresas na BM&FBOVESPA, e as tributárias representaram cerca de 69% do total de contingências. Ressalta-se que a maior parte das empresas desta amostra são as do segmento de energia elétrica e segundo os autores Fonteles et al. (2013) este segmento possui um dos maiores níveis de evidenciação das contingências passivas, além da regulação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Nos achados de Murcia e Santos (2009), o segmento de energia elétrica apresentou o maior nível de evidenciação de disclosure voluntário, os mesmos também afirmaram tal resultado pode ser influenciado pela regulação específica pela ANEEL. Por isso, além da contemplação do segmento de energia elétrica, estendeu-se a pesquisa para o segmento de água, regulamentada pela Agência Nacional de Água (ANA) e saneamento e, o segmento de gás, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Determinado a abrangência desta pesquisa, o item 1.5 apresenta a estrutura da organização e disposição da pesquisa.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

Esta pesquisa está estruturada da seguinte forma: No capítulo 1 são apresentadas as considerações iniciais sobre o tema Provisões e Passivos Contingentes Tributários, justificando tal estudo com a importância do tema, apresentação da pergunta que norteia esta pesquisa, o objetivo

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proposto, seguido da motivação e contribuição além das delimitações. No Capítulo 2, são abordadas perspectivas teóricas que elucidam a Teoria do Disclosure, além de apresentação da orientação nacional e internacional sobre a temática provisões e passivos contingentes, e, estudos correlatos a esta pesquisa, sejam por passivos contingentes no âmbito geral ou de forma restrita com as contingências tributárias. O Capítulo 3 compreende a metodologia utilizada para a efetivação da pesquisa, ou seja, o caminho seguido para o alcance dos objetivos propostos, além da caracterização da população e amostra aqui referidas. No Capítulo 4, comtempla os resultados e análise dos dados da pesquisa. E, no Capítulo 5 a conclusão desta pesquisa seguida das referências aqui utilizadas.

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2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS

Esta seção abrange a literatura nacional do tema de estudo, teoria de base de sustentação da pesquisa, além de estudos correlatos.

2.1 TEORIAS DO DISCLOSURE

Disclosure deriva da palavra disclose, significando o ato de divulgar, evidenciar, tornar algo evidente, público. No âmbito corporativo, o termo disclosure está ligado ao conceito de transparência corporativa, relacionado à evidenciação de informações, que tanto pode ser obrigatória, quando exigida em leis, contratos ou normativos; como voluntária ou discricionária, quando se trata de informações suplementares (MURCIA et. al. 2011).

Nesse sentido, o disclosure obrigatório se faz presente por força da legislação, como meio garantidor de mais confiabilidade e padronização das informações divulgadas, assegurando-se que sejam supridas as necessidades informacionais dos usuários (GONÇALVES e OTT, 2002). Todavia, quando voluntário, o disclosure não se caracteriza, essencialmente, pela presença de regulamentos norteadores de suas práticas, de maneira que a divulgação de informações suplementares pode ser percebida como uma possível vantagem competitiva, (MURCIA et al., 2011).

Avelino (2013) comenta que o disclosure é um canal de comunicação entre os gestores e acionistas. Hendriksen e Van Breda (1999) definem a divulgação como um meio de conduzir a informação. Segundo os autores, o disclosure pode ser divido em três tipos de divulgação: (i) quando há divulgação adequada, ou seja, o mínimo requisitado pela norma; (ii) justa, quando é divulgada informação ética e imparcial; e, (iii) completa, ou seja, toda informação relevante é divulgada. Sendo o objetivo principal da exposição das informações financeiras de permitir que os investidores tenham condições de analisar a capacidade financeira da empresa. Lanzana (2004) completa que o ideal é que usuários interno e externo detenham da mesma informação, ainda que ela seja endógena.

Segundo a teoria da divulgação de Verrecchia (2001), as informações que não são divulgadas podem ser entendidas como informações desfavoráveis, e ainda, que a tendência é de divulgar o que é mais vantajoso, ou seja, apresentando melhor desempenho para a empresa.

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A teoria do disclosure discricionário ou voluntário ou ainda teoria da divulgação baseada no julgamento foi proposta por Verrecchia em 2001, porém há estudos datados de 1983 do mesmo autor já discutindo aspectos desta teoria. Ainda que Dye (2001, p. 184) afirma que esta teoria deve ser amadurecida para ter status de teoria.

No Brasil, diversos autores já fundamentaram seus estudos na teoria do disclosure discricionário em diversos setores da economia brasileira, (MAPURUNGA et al., 2011; MURCIA; SANTOS, 2009).

Há outras diversas as teorias que abordam a divulgação voluntária. Segundo Shehata (2014), estas teorias tentam explicar práticas voluntárias de divulgação, são elas: teoria da agência, teoria da sinalização, capital need theory e teoria da legitimidade.

Dentre estas, é possível relacionar a teoria de sinalização com esta pesquisa no aspecto de que a transparência informacional reduz a assimetria informacional, devendo os gestores sinalizar informações aos stakeholders gerando uma melhor qualidade e compreensão. Esta teoria defende que quanto maior sinalização aos acionistas maior o investimento na companhia (DALMÁCIO et al., 2013).

Conforme Machado e Otto (2015) a teoria da legitimidade é um incentivo para os administradores, uma que podem gerenciar a legitimidade da empresa alterando a percepção da sociedade sobre como a organização está agindo.

Logo, tais teorias se relacionam com a divulgação e transparência de informações voluntárias, sendo estas um dos pilares da Governança Corporativa.

Conforme o CPC 00 R1 (2011, p. 18) “para representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro”. Portanto, para que a informação seja útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível, (CPC 00 (R1), 2011). Então, toda a informação é relevante e deve ser divulgada quando for influenciar decisões. A informação quando for relevante, deve ser completa, neutra, livre de erro, comparável, tempestiva e compreensível.

Dye (1985) defende que a explicação plausível para a não divulgação esteja fundamentada em três situações: (i) de que os investidores não tenham certeza de quais informações a administração detém, logo, isso pode levar aos gestores suprimir algumas informações; (ii) informações não podem ser divulgadas ao mercado por serem sigilosas; (iii) problema entre o agente (gestor) e o principal (acionista).

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As informações que devem ser divulgadas com base em Lei ou normativa, aqui referidas à Instrução Normativa n° 480/09 da CVM e CPC 25, partem de um julgamento, seja da Administração da companhia, de jurista ou do contador para serem divulgadas. Logo, parte-se dos detentores da informação dos passivos contingentes, a divulgação completa ou não e das incertezas atreladas a ele.

2.2 PASSIVOS CONTINGENTES

As sustentações legais desta pesquisa estão dispostas no CPC 25, na Deliberação CVM n° 594/09 e na Instrução CVM n° 480/2009, as quais orientam sobre a divulgação, das contingências passivas, por meio de critérios adotados quando do reconhecimento e mensuração das provisões, passivos e ativos contingentes e dos processos que os envolve. 2.2.1 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes no Pronunciamento Técnico CPC 25.

O CPC 25 estabelece critérios que devem ser adotados pelas companhias quando do reconhecimento e mensuração das provisões, passivos e ativos contingentes. O desenvolvimento de tal pronunciamento converge com as Normas Internacionais de Contabilidade IAS 37, com o intuito de que as informações publicadas nas notas explicativas possam permitir que os usuários entendam a natureza, oportunidade e valor dos itens divulgados.

Hendriksen e Van Breda (1999) definem a divulgação como um meio de conduzir a informação. Segundo os autores, o objetivo principal da exposição das informações financeiras é permitir que os investidores tenham condições de analisar a capacidade financeira da empresa. Pois, as empresas possuem necessidade de crescimento e, dessa forma, precisam analisar seus investimentos e relações com os stakeholders. Com isso, cada vez mais são exigidas das empresas práticas de Governança Corporativa. Essas práticas almejam, principalmente, a redução da assimetria informacional, criando assim, a expectativa de que as companhias tenham maior evidenciação das informações (LIMA, 2007).

Os passivos contingentes são possíveis obrigações que tiveram suas origens em eventos passados e que aguardam eventos futuros para a sua confirmação. Porém, estes eventos futuros são incertos quanto ao aspecto de ocorrência. Logo, é uma obrigação presente, porém, não é

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provável que ocorra saída de recursos ou ainda não há base para a mensuração de tal obrigação.

Portanto, as provisões se diferem do passivo contingente uma vez que é provável que ocorra a saída de recursos. Ainda que no decorrer do aguardo pelo evento, haja alterações de probabilidades, a obrigação deve ser reconhecida. Além disso, há possibilidade de estimar o valor devido quando da concretização de tal evento. Quando estas características forem satisfeitas, então deve haver o reconhecimento da obrigação, pela melhor estimativa de desembolso, trazendo a valor presente o montante provável devido na data do Balanço.

É relevante salientar que a estimativa de desembolso a valor presente na data do balanço e o efeito financeiro são de responsabilidade da administração da companhia, que pode ser melhor fundamentada com outras obrigações semelhantes ou peritos independentes. Dentre este poder de julgamento atribuído à companhia há risco e incertezas devendo obedecer às características qualitativas da informação contábil-financeira (CPC 00 R1, 2011).

A informação deve ser relevante, ou seja, é essencial sua divulgação para a tomada de decisões dos usuários externos e material, quando a distorção da mesma pode influenciar decisões. Logo, o critério de julgamento da melhor estimativa de divulgação das provisões, ativos e passivos contingentes deve buscar a precisão e melhor critério, visto que há valores relevantes em processos sendo discutidos administrativamente, arbitralmente e judicialmente.

Com o intuito de retratar a realidade da companhia, as informações divulgadas devem ser constantemente reavaliadas e caso seja necessário, alterar o risco de ocorrência de desembolso, conforme CPC 25.

Ainda sobre as provisões, passivos e ativos contingentes, a divulgação de tais informações ocorrerá da seguinte forma, conforme Quadro 1.

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Quadro 1 – Classificação das Contingências Passivas.

São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados, pode haver uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos futuros na liquidação de:

(a) obrigação presente; ou

(b) obrigação possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade.

Há obrigação presente que provavelmente requer uma

saída de recursos.

Há obrigação possível ou obrigação presente que

pode requerer, mas provavelmente não irá requerer, uma saída de

recursos.

Há obrigação possível ou obrigação presente cuja probabilidade de uma saída de recursos é

remota. A provisão é reconhecida. Nenhuma provisão é

reconhecida.

Nenhuma provisão é reconhecida. Divulgação é exigida para

a provisão.

Divulgação é exigida para o passivo contingente.

Nenhuma divulgação é exigida.

Fonte: CPC 25 (2009).

O CPC 25 orienta que as provisões sejam reconhecidas e divulgadas, já os passivos contingentes e ativos contingentes são apenas divulgados em notas explicativas e as obrigações cujos eventos com probabilidade de saída de recursos igual a remota nada é exigido.

No que compete a divulgação dos passivos contingentes o CPC 25 exige, conforme item 86:

A menos que seja remota a possibilidade de ocorrer qualquer desembolso na liquidação, a entidade deve divulgar, para cada classe de passivo contingente na data do balanço, uma breve descrição da natureza do passivo contingente e, quando praticável:

(a) a estimativa do seu efeito financeiro, mensurada;

(b) a indicação das incertezas relacionadas ao valor ou momento de ocorrência de qualquer saída; e (c) a possibilidade de qualquer reembolso. Para o cumprimento do objetivo específico n° 1, no que compete as notas explicativas, os itens supracitados foram verificados se as empresas do setor de Utilidade Pública da BMF&BOVESPA, estão realizando a divulgação mínima exigida por esta orientação.

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A pesquisa de Almeida e Lemes (2012) procurou identificar as interpretações de auditores quanto a quatro pronunciamentos contábeis sendo eles: CPC 20, CPC 32, CPC 04 e CPC 25. A análise foi realizada por meio de um questionário adaptado dos autores Chand, Patel e Patel (2010) com o intuito de verificar o tamanho da empresa; familiaridade com as IFRS; experiência com auditoria; e experiência com as IFRS. Os autores observaram interpretações distintas para todas as variáveis testadas, o que pode resultar em relatórios distintos e não comparáveis.

Rosa (2014) objetivou identificar o panorama das contingências passivas e demonstrar os efeitos de sua reconfiguração. O ano de análise foi 2012 e as empresas analisadas, foram as empresas que negociavam ações negociadas na BM&FBOVESPA, excluídas as financeiras, com um total de 311 companhias. Quanto aos itens requeridos pelo CPC 25 apenas 72% em média dos itens estavam sendo divulgados; Todos os processos nas esferas judiciais e administrativa totalizaram R$ 498 bilhões, sendo 69% relacionados a passivos contingentes tributários.

Hanlon e Heitzman (2010) destacam que os efeitos fiscais afetam potencialmente as decisões reais, tais como investimento e estrutura de capital, que por sua vez afetam a atividade econômica e têm implicações na estrutura e eficácia da política fiscal.

No que se refere as contingências tributárias, os autores Martinez e Sonegheti (2015), as definem como possíveis ônus de caráter tributário, decorrente de reclamações ou litígio fiscal cujo êxito, ou não, somente serão confirmados no futuro. Assim, o descumprimento ou interpretação da legislação divergente entre o fisco e os contribuintes podem ocasionar grandes prejuízos fiscais, gerando eventos futuros incertos, denominados de “contingências”.

Portanto esta pesquisa está voltada para os passivos contingentes tributários nos aspectos de divulgação nas notas explicativas.

2.2.2 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes na Comissão de Valores Mobiliários.

A Deliberação CVM nº 594/2009, aprovou e revogou a Deliberação 489/05, tornando obrigatória para as companhias abertas, estrangeiras e incentivadas a aplicação do CPC 25 a partir de dezembro de 2010.

Dentre as informações divulgadas pela CVM o Formulário de Referência (FRE) é considerado a principal fonte de informações das companhias aos usuários. A obrigatoriedade de envio deste documento está disposta no art.° 24 da Instrução CVM n° 480/2009, p. 13.

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Art. 24. O formulário de referência é documento eletrônico cujo conteúdo reflete o Anexo 24. § 1º O emissor deve entregar o formulário de referência atualizado anualmente, em até 5 (cinco) meses contados da data de encerramento do exercício social.

§ 2º O emissor deve reentregar o formulário de referência atualizado na data do pedido de registro de distribuição pública de valores mobiliários. § 3º O emissor registrado na categoria A deve atualizar os campos correspondentes do formulário de referência, em até 7 (sete) dias úteis contados da ocorrência de qualquer dos seguintes fatos:

(...)

IX – alteração nas projeções ou estimativas ou divulgação de novas projeções e estimativas; XII – comunicação, pelo emissor, da alteração do auditor independente nos termos da regulamentação específica.

Entende-se por categoria A e B, conforme art. 2°, p.1 da referida instrução normativa:

Art. 2º O emissor pode requerer o registro na CVM em uma das seguintes categorias: I – categoria A; ou II – categoria B.

§ 1º O registro na categoria A autoriza a negociação de quaisquer valores mobiliários do emissor em mercados regulamentados de valores mobiliários. § 2º O registro na categoria B autoriza a negociação de valores mobiliários do emissor em mercados regulamentados de valores mobiliários, exceto os seguintes valores mobiliários:

I – ações e certificados de depósito de ações; ou II – valores mobiliários que confiram ao titular o direito de adquirir os valores mobiliários mencionados no inciso I, em consequência da sua conversão ou do exercício dos direitos que lhes são inerentes, desde que emitidos pelo próprio emissor dos valores mobiliários referidos no inciso I ou por uma sociedade pertencente ao grupo do referido emissor.

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O Formulário de Referência objetivo reunir as principais informações das companhias, o qual é arquivado junto a CVM e atualizado quando houverem alterações relevantes.

A responsabilidade de verificação das informações divulgadas cabe a Superintendência de Relações com Empresas (SEP), a qual deve dentre as principais atividades a análise das informações societárias e contábeis.

Logo, as informações sobre as provisões, passivos contingentes e ativos contingentes devem ser divulgadas obrigatoriamente pela orientação da Deliberação CVM nº 594/2009 dentro dos padrões exigidos pela Instrução CVM n° 480/2009, dispostas no Quadro 2.

Quadro 2 – Processos não sigilosos relevantes, In. CVM n° 480/09.

4.3. Descrever os processos judiciais, administrativos ou arbitrais em que o emissor ou suas controladas sejam parte, discriminando entre trabalhistas, tributários, cíveis e outros: (i) que não estejam sob sigilo, e (ii) que sejam relevantes para os negócios do emissor ou de suas controladas, indicando: a. juízo

b. instância

c. data de instauração d. partes no processo 6

e. valores, bens ou direitos envolvidos f. principais fatos

g. se a chance de perda é: i. provável

ii. possível iii. remota

h. análise do impacto em caso de perda do processo

4.3.1. Indicar o valor total provisionado, se houver, dos processos descritos no item 4.3

4.4. Descrever os processos judiciais, administrativos ou arbitrais, que não estejam sob sigilo, em que o emissor ou suas controladas sejam parte e cujas partes contrárias.

6 Em relação aos processos judiciais sujeitos à apreciação da Justiça do

Trabalho, devem ser indicadas apenas as iniciais dos nomes das partes. Fonte: IN. CVM 480/09.

Portanto, os processos de qualquer natureza devem estar dispostos no subitem 4.3 – processos não sigilosos relevantes, inclusive os de natureza arbitral. É fato, que o formulário de referência solicita especificações não dispostas no CPC 25, como: juízo, instancia, data de

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instauração, partes no processo, uma vez que tal documento tem o caráter de especificar os riscos em que a companhia está vulnerável.

A responsabilidade por tais informações recai sobre o diretor de relações com investidores e o presidente da companhia e declaram no item 1 do mesmo formulário que as informações prestadas atendem a Instrução CVM n° 480, do Anexo 24, p. 103 conforme disposta a seguir:

Os diretores acima qualificados, declaram que: a. reviram o formulário de referência;

b. todas as informações contidas no formulário atendem ao disposto na Instrução CVM nº 480, em especial aos arts. 14 a 19;

c. o conjunto de informações nele contido é um retrato verdadeiro, preciso e completo da situação econômico-financeira do emissor e dos riscos inerentes às suas atividades e dos valores mobiliários por ele emitidos (Anexo 24, Instrução CVM nº 480, de 7 dezembro de 2009).

Logo, é de inteira responsabilidade das companhias e seus respectivos representantes legais a integridade e fidedignidade das informações prestadas aos usuários externos. Além da revisão periódica para alterações que venham a ocorrer com o intuito de mitigação dos riscos relacionados a não divulgação completa das informações.

2.3 ESTUDOS ANTERIORES

Diversos autores também estudaram as provisões e contingências passivas relacionado com: o CPC 25; conservadorismo dos profissionais que devem fazer ou não a contabilização das provisões ou quando apenas deve-se citar em notas explicativas a existência dos mesmos; procurando informar aos demais usuários informações relevantes, já que os mesmos são operações off balance sheet. Portanto, nessa subseção são apresentados alguns estudos relacionados às pesquisas que tendem a contribuir com a comunidade científica no âmbito das provisões e passivos contingentes e serão brevemente relatados.

2.3.1 Provisões e Contingências Passivas

As contingências e provisões passivas podem ter diversas origens, uma vez que “o ambiente em que a empresa está inserida sofre influência

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interna (exemplo, um sistema de controle) e externa (governo, fornecedores, etc.). Como resultado desses fatores tem-se ameaças e oportunidades, as quais não devem ser ignoradas” (BEUREN, CZESNAT E SILVA, 2013, p. 382). As mais frequentes que as empresas relatam são de origem: trabalhista, tributária, cíveis e de ordem regulatória.

Xavier (2007) pesquisou se haviam indícios para atestar que bancos comerciais poderiam estar praticando algum tipo de gerenciamento de resultados nas operações com: ágio em investimentos em controladas e coligadas; títulos e valores mobiliários; provisões para operações de créditos e passivos contingentes. No que se refere as contingências passivas, os resultados não permitiram afirmar que tais contingências são utilizadas para gerenciamento de resultados, o que se afirmou são que as trabalhistas não fazem parte das operações para realização de tais gerenciamentos.

Tonetto Filho e Fregonesi (2010) investigaram as empresas do setor de alimentos processados, com relação aos seus instrumentos financeiros, arrendamento mercantil e as provisões e contingências no ano de 2008. Concluíram que 50% das empresas não cumpriram o solicitado na legislação; quanto aos índices liquidez e endividamento variaram em média 10,43% para mais ou menos.

Silva et al. (2010) estudaram a influência do incentivo ao conservadorismo nas escolhas contábeis relacionadas ao reconhecimento de provisão e contingências passivas. O estudo utilizou o método experimental, procurando observar o comportamento de estudantes de ciências contábeis ao simular um ambiente real e outro com o uso de um chamariz em situação de seleção adversa. Os resultados apontam que há influência das questões do ambiente no comportamento dos estudantes.

Fonteles et al. (2013) analisaram uma amostra de 308 companhias também no ano de 2010 e também procuraram verificar prováveis determinantes para a evidenciação de provisões e passivo contingentes, portanto complementam o estudo de Pinto et al. (2014), porém com a aplicação da ferramenta estatística regressão linear múltipla. Os resultados apontaram que apenas 32% das empresas haviam aderido aos requisitos solicitados pelo CPC 25, corroborando com os resultados de Farias (2006) e Caetano (2010), conforme citam os autores deste artigo. A mesma pesquisa aponta que os setores de energia elétrica e de telecomunicações divulgam uma quantidade maior de informação no que se refere as provisões e contingências passivas.

Scarpin, Macohon e Dallabona (2014) pesquisaram se havia variabilidade nos índices de endividamento em relação à adição dos passivos contingentes no grupo do passivo não circulante das empresas

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listadas nos diferentes níveis de governança corporativa da BM&FBovespa nos períodos de 2010 e 2011. Os pesquisadores utilizaram estatística descritiva e o teste t para amostras emparelhadas. Os resultados sugerem que há diferenças significativas quanto aos índices de endividamento.

Os autores Silva, Carraro e Silva (2014) observaram as companhias de mineração, siderurgia e metalurgia, no ano de 2011, e que compunham o nível 1 de governança corporativa da BM&FBPVESPA. Apesar na amostra restrita de 5 empresas os autores declaram que as empresas deste setor não reconhecem a totalidade dos passivos e provisões contingentes, apenas parte dela; utilizam o termo provisão de forma imprópria; em relação ao reconhecimento e mensuração, apesar de estarem cientes da orientação do CPC 25 não divulgam corretamente os informações exigidas; não cumprindo de fato com que a norma se propõe a fazer que é efetivamente a transparência das informações aos usuários das informações contábeis.

Ferreira, Borba e Rosa (2014) estudaram as contingências ambientais, objetivando verificar a divulgação no formulário 20F da NYSE, o período analisado foi 2011 com uma amostra de 129 empresas. Os achados apontam que 69,76% das empresas que compõe a amostra não aviam divulgadas quaisquer informações sobre contingências passivas ambientais. Das empresas que evidenciaram as contingências 23% não apresentaram probabilidade de ocorrência dos riscos inerentes e valores estimados, ainda que essas contingências somadas afetassem o lucro líquido em 17%. Não se deve esquecer que estes estudos avaliam uma ou duas formas de contingências, sendo que a empresa está sujeita a diversas que em sua totalidade tomam consistência e representatividade.

Castro, Vieira e Pinheiro (2015) verificaram se as empresas que negociam suas ações na The New York Stock Exchange (NYSE) e concomitantemente na BM&FBVESPA possuem diferenciação na informação relatada quanto aos passivos e ativos contingentes, por meio dos informativos: Relatório Anual e Relatório 20F; sendo o período de análise o ano de 2013 e a amostra composta de 25 empresas. Os autores identificaram que 40% das empresas possuem diferenças na evidenciação das informações comparativamente com os dois relatórios observados, as contingências ambientais são as menos evidenciadas pelas empresas. Tais resultados sugerem assimetria informacional para com os mercados financeiros envolvidos.

Maragno e Borba (2016) observaram as companhias estrangeiras listadas na NYSE, com o intuito de verificar as origens e classificações

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das contingências passivas. Constataram que há diferenças entre os países com os sistemas legais common law, code law e mistos. Na América destacam-se as contingências tributárias e trabalhistas, corroborando com os achados de Baldoino e Borba (2015).

Magro et al. (2017) estudaram as empresas do setor de material básico da BM&FBOVESPA. Com uma amostra de 40 empresas e observando o período de 2011 e 2012, os autores concluíram que: houve um crescimento nos valores de passivos contingentes, aproximadamente 35% no período analisado; o segmento com maior evidenciação foi o de siderurgia com 56,49% em média; as contingências com maior representatividade foi as tributárias com 41,93% em 2011 e 43,64% em 2012.

Observa-se que tem ocorrido contribuições no âmbito dos passivos contingentes nos últimos dez anos no Brasil e destaca-se a não observação da forma como deve ser evidenciada as informações relacionadas a este tema pelas empresas de capital aberto.

2.3.1 Provisões e Contingências Passivas Tributárias

Referente as contingências tributárias, os autores Gleason e Mills (2002) observaram os fatores que as empresas utilizam ao divulgarem as contingências tributárias. Os mesmos verificaram que as empresas divulgam conforme a materialidade dos passivos contingentes e que a probabilidade de divulgação aumenta com a expectativa de perda esperada.

Beuren, Czesnat e Silva (2013) abordaram a Controladoria nas empresas do agronegócio quanto as contingências identificadas nos relatórios anuais. No que se refere às contingências tributárias, das sete empresas do setor da Bovespa, duas se manifestaram afirmando que procuram acompanhar as contingências tributárias por meio de um setor jurídico ou por um setor específico que trata destas informações e que evitam as mesmas por meio de planejamento tributário além da informação espontânea repassada ao fisco. Para as demais contingências observou-se um papel importante da controladoria no auxílio da contingência, para reparação da contingência gerada ou para prevenção que demais ocorram.

Com o objetivo de verificar se a evidenciação dos passivos contingentes tributários possui relação com o valor de mercado das companhias listadas na BM&FBVESPA, os autores Pinto et al. (2014) procuraram explicar tal problema de pesquisa por meio da aplicação de

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estatística descritiva, análise fatorial, regressão logística e dados em painel em 65 companhias listadas no Ibovespa de 2010. Os achados destes autores apontam que quanto maior o lucro por ação, endividamento e provisão por ação as empresas tendem a divulgar mais informações sobre os passivos contingentes em relação ao setor que estão inseridas.

Rosa et al. (2016) buscaram identificar o nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários das companhias do setor elétrico da BM&FBOVESPA. Observaram que os passivos contingentes tributários não são atendidos em sua totalidade pelas empresas; havendo divergência nas informações divulgadas em notas explicativas e formulário de referência, sendo que apenas as notas explicativas são auditadas. As empresas não estão informando: detalhes dos processos as quais estão envolvidas, atualização dos valores monetários, mudança de chance de ocorrência do evento futuro incerto. A evidenciação dos passivos contingentes é influenciada pelas variáveis: níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBOVESPA, empresas auditadas por bigfour; endividamento e receita líquida.

A abordagem que será executada nesta pesquisa consiste em: o consiste em analisar apenas passivos contingentes

tributários, como também realizado por Ribeiro, Ribeiro e JreigeWeffort (2013); Gleason e Mills (2002); Rosa et al. (2016)

o comparar as informações divulgadas nas notas explicativas e formulário de referência, quanto as exigências do CPC 25 e Instrução CVM n° 480/09, conforme sugerido no estudo de Rosa (2014) e Castro, Vieira e Pinheiro (2015), estes quando compararam os relatórios Relatório Anual e Relatório 20F;

o verificar se há indícios da auditoria em seus pareceres referente a estas operações de provisão e passivos contingentes tributários.

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3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Esta seção é dedicada ao enquadramento metodológico, ao procedimento de coleta e análise dos dados e limitações da pesquisa. 3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Entende-se por pesquisa um esforço organizado despendido para a solução de um problema (GIL, 1999), ou ainda, a validação de uma teoria (GRAY, 2012). Com o intuito de demonstrar a trajetória metodológica desta pesquisa, foi caracterizada quanto ao enquadramento dos seguintes aspectos: natureza dos objetivos; abordagem do problema; coleta de dados, procedimento técnico e resultados.

Quanto à natureza do objetivo a pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois busca a descrição do fenômeno ou variáveis envolvidas, além de observá-lo, analisá-lo e correlacioná-lo com as variáveis existentes sem que haja manipulação dos dados (GIL, 1999; CERVO E BREVIAN, 2002; BEUREN, 2009). Ou seja, a descrição da evidenciação dos passivos contingentes tributários.

É também exploratória, haja vista que pretendeu-se aproximar-se de um assunto pouco explorado pela comunidade acadêmica, no que compete os passivos contingentes, especificamente os tributários.

Os dados utilizados na pesquisa são secundários, pois as informações foram adquiridas de conteúdos já disponibilizados e que de alguma forma já foram analisados (GIL, 1991; GRAY, 2012).

Na abordagem do problema, realizou-se as tipologias de pesquisa qualitativa e quantitativa. Qualitativa, justificando-se, pois, é desenvolvida a partir de abordagens construtivistas, sendo os resultados analisados a partir de alegações e conhecimentos gerados por experiência própria e pela sociedade, (CRESWELL, 2007), além de poder descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais (RICHARDSON, 1999). Quantitativa, pois, empregou-se ferramentas estatísticas para análise dos dados, (BEUREN, 2009), além da busca para garantir a precisão dos resultados, a fim de evitar distorções de análise e interpretação (BEUREN, 2009).

O resultado da pesquisa é aplicado, justificando-se, pois, a geração de conhecimento deu-se pela aplicação prática, na busca de solucionar ou responder um questionamento.

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Na classificação dos procedimentos técnicos utilizados para coleta de dados, aplicou-se a pesquisa bibliográfica e documental, justificando-se pela primeira, pois, conforme Cervo e Brevian (2002, p. 65) “procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos”. E, documental, uma vez que, neste tipo de pesquisa são utilizados materiais que ainda não auferiram tratamento aprofundado, sendo objeto de pesquisa a extração de informações para agregar algum valor (SILVA E GRIGOLO, 2002). Na Figura 2 é apresentado um resumo das características do enquadramento metodológico desta pesquisa.

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Figura 2 - Enquadramento metodológico da pesquisa. Fonte: Adaptado de Enssslin e Ensslin (2008).

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3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Entende-se por população desta pesquisa, todas empresas que possuem as contingências passivas tributárias. Porém, devido a impossibilidade de observâncias de todos os fatos e dados foram definidos alguns aspectos de observância para que se possa realizar a seleção da amostra.

A amostra desta pesquisa é composta pelas empresas do segmento de utilidade pública da BM&FBOVESPA. As empresas estão dispostas nos subsetores de Gás, Água e Saneamento e Energia Elétrica.

A escolha por este segmento, deu-se em função de que: (i) estudos apontam que o subsetor de Energia Elétrica possui representatividade significativa no mercado acionário brasileiro (PRADO, 2014); (ii) por serem subsetores regulamentados: Energia Elétrica pela ANEEL; Gás pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Água e Saneamento pela Agência Nacional de Águas (ANA). Salienta-se que o subsetor de Energia Elétrica possui regras próprias quanto às provisões e passivos contingentes desde 2001, conforme resolução ANEEL N° 444/2001.

Totalizou-se 70 empresas inicialmente, das quais, 16 foram excluídas da amostra em função da atividade principal ser Holding, as quais tem participações em outras sociedades, possibilitando que as informações coletadas pudessem ficar duplicadas no do banco de dados ou ainda sem o devido detalhamento de quem pertence tais passivos contingentes. Logo, 54 empresas foram analisadas conforme Quadro 3. Quadro 3 – Amostra da pesquisa

SETOR: UTILIDADE PÚBLICA / SUBSETOR: GÁS CIA DISTRIB DE GAS DO RIO DE JANEIRO-CEG

CIA GAS DE SAO PAULO - COMGAS

SETOR: UTILIDADE PÚBLICA / SUBSETOR: ÁGUA E SANEAMENTO CIA ÁGUAS DO BRASIL - CAB AMBIENTAL

CIA CATARINENSE DE AGUAS E SANEAM.-CASAN

CIA SANEAMENTO BASICO EST SAO PAULO

CIA SANEAMENTO DE MINAS GERAIS-COPASA MG CIA SANEAMENTO DO PARANA - SANEPAR SANESALTO SANEAMENTO S.A. SETOR: UTILIDADE PÚBLICA / SUBSETOR: ENERGIA ELÉTRICA AES ELPA S.A.

AES SUL S.A. AES TIETE S.A.

AFLUENTE GERAÇÃO DE

Referências

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