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Caracterização de redes de Bragg volumétricas em cristal de fluoreto de lítio

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PROGRAMA DE P ´

OS GRADUAC

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AO EM ENGENHARIA EL ´

ETRICA E

INFORM ´

ATICA INDUSTRIAL

LARISSA NUNES DA COSTA

CARACTERIZAC

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AO DE REDES DE BRAGG VOLUM ´

ETRICAS EM

CRISTAL DE FLUORETO DE L´ITIO

TESE DE DOUTORADO

CURITIBA

(2)

CARACTERIZAC

¸ ˜

AO DE REDES DE BRAGG VOLUM ´

ETRICAS EM

CRISTAL DE FLUORETO DE L´ITIO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P´os Graduac¸˜ao em Engenharia El´etrica e Inform´atica Industrial da Universidade Tecnol´ogica Federal do Paran´a como requisito parcial para obtenc¸˜ao do grau de ”Doutor em Ciˆencias” − ´Area de Concentrac¸˜ao: Fotˆonica em Engenharia.

Orientador: Prof. Dr. Hypolito Jos´e Kalinowski

Co-orientador: Prof. Dr. Ismael Chiamenti

CURITIBA 2019

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Costa, Larissa Nunes da

Caracterização de Redes de Bragg volumétricas em cristal de fluoreto de lítio [recurso eletrônico] / Larissa Nunes da Costa.-- 2019.

1 arquivo texto (120 f.) : PDF ; 19,6 MB.

Modo de acesso: World Wide Web

Título extraído da tela de título (visualizado em 29 ago. 2019) Texto em português com resumo em inglês

Tese (Doutorado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pro-grama de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial, Curitiba, 2019

Bibliografia: f. 113-120

1. Engenharia elétrica - Teses. 2. Redes de Bragg. 3. Fotônica. 4. Lí-tio. 5. Lasers de femtossegundos. I. Kalinowski, Hypolito José. II. Chia-menti, Ismael. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pro-grama de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial. IV. Título.

DD: Ed. 23 -- 621.3 Biblioteca Central da UTFPR, Câmpus Curitiba

(4)

Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

TERMO DE APROVAÇÃO DE TESE Nº 198

A Tese de Doutorado intitulada“Caracterização de redes de Bragg volumétricas em cristal de fluoreto de lítio”, defendida em sessão pública pelo(a) candidato(a) Larissa Nunes da Costa, no

dia09 de agosto de 2019, foi julgada para a obtenção do título de Doutor em Ciências, área de concentração Fotônica em Engenharia, e aprovada em sua forma final, pelo Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial. BANCA EXAMINADORA:

Prof.(a) Dr.(a) Ricardo Canute Kamikawachi - Presidente – (UTFPR) Prof.(a) Dr.(a) Maria Aparecida Gonçalvez Martinez – (CEFET-RJ) Prof.(a) Dr.(a) Ismael André Heisler – (UFPR)

Prof.(a) Dr.(a) Ilda Abe – (UTFPR)

Prof.(a) Dr.(a) Ismael Chiamenti – (UTFPR)

A via original deste documento encontra-se arquivada na Secretaria do Programa, contendo a assinatura da Coordenação após a entrega da versão corrigida do trabalho.

(5)
(6)

Aos Professores Dr. Hypolito Jos´e Kalinowski e Dr. Ismael Chiamenti pela orientac¸˜ao.

Aos pesquisadores do C.R. ENEA Frascati DraRosa Maria Montereali, DraFrancesca Bonfigli, Dra Maria Aurora Vincenti, e Dr Massimo Francucci, por ter me recebido t˜ao calorosamente e me orientado no meu est´agio de doutoramento.

Ao CNPq, CAPES e Fundac¸˜ao Arauc´aria pelo fomento deste trabalho.

`

A minha m˜ae Albaci e meu pai Walter por todo amor, compreens˜ao e confianc¸a.

Aos amigos de laborat´orio: Prof. Dr. Valmir de Oliveira, Dra. Patr´ıcia Loren In´acio, MsC. Jean Kuhne, T´ec. MsC. Gustavo Macioski, Camila C. Moura, Dra. Ilda Abe, Renan Portela, e demais amigos de laborat´orio pelos momentos e caf´es compartilhados.

Ao Gabriel Goetten de Lima por todo apoio, carinho e encorajamento durante todo este per´ıodo.

Aos amigos Marcio, Maria Christina por estarem presentes todos esses anos.

`

A todos os professores do Grupo de Fotˆonica da UTFPR.

`

(7)

myself in now and then finding a smoother pebble or a prettier shell than ordinary, whilst the great ocean of truth lay all undiscovered before me.”

— Sir Isaac Newton; David Brewster, Memoirs of the Life, Writings, and Discoveries of Sir Isaac Newton (1855)

(8)

COSTA, Larissa N. CARACTERIZAC¸ ˜AO DE REDES DE BRAGG VOLUM ´ETRICAS EM CRISTAL DE FLUORETO DE L´ITIO. 123 f. Tese de Doutorado – Programa de P´os Graduac¸˜ao em Engenharia El´etrica e Inform´atica Industrial, Universidade Tecnol´ogica Federal do Paran´a. Curitiba, 2019.

Este trabalho discute a produc¸˜ao e caracterizac¸˜ao de redes de Bragg volum´etricas (VBG) em cristal de fluoreto de l´ıtio produzidos com interferˆometro de Talbot e laser de femtossegundos. Foram obtidas VBGs com diferentes caracter´ısticas de gravac¸˜ao: potˆencia, velocidade e tempo de exposic¸˜ao ao laser. Medidas de fluorescˆencia usando excitac¸˜ao laser com banda de emiss˜ao centrada em 450 nm permitiram identificar centros de cor F2 e F3+ nas regi˜oes das VBGs.

Microscopia confocal por varredura laser permitiu determinar as dimens˜oes e efeitos produzidos durante a gravac¸˜ao. Comparac¸˜oes da fotoluminescˆenca com os parˆametros de potˆencia x velocidade de gravac¸˜ao indicam um comportamento com equac¸˜ao de terceira ordem, com dependˆencia da m´ascara de fase utilizada. Degradac¸˜ao do centro de cor F2em 12 das 14 VBGs

foi mensurado.

Palavras-chave: 1. Fotˆonica. 2. Redes de Bragg Volum´etricas. 3. Fluoreto de L´ıtio. 4. Centros de cor. 5. Laser de Femtosegundos. 6. Propriedades ´oticas. 7. Vidro

(9)

COSTA, Larissa N. CHARACTERIZATION OF VOLUMETRIC BRAGG GRATINGS IN LITHIUM FLUORIDE CRYSTAL. 123 f. Tese de Doutorado – Programa de P´os Graduac¸˜ao em Engenharia El´etrica e Inform´atica Industrial, Universidade Tecnol´ogica Federal do Paran´a. Curitiba, 2019.

This work reports the production and characterization of volumetric Bragg gratings (VBG) in lithium fluoride crystal produced with Talbot interferometer and femtosecond laser. Four groups of VBG were analysed based on the different characteristics of power, speed and time of exposure to laser. Fluorescence measurements using wavelengths of 450 nm in the blue region allowed the identification of F2 and F3+ colour centres in the VBG region. Confocal

microscopy via laser scan allowed the evaluation of the dimensions and effects produced during the recording. Comparisons of photoluminescence with recording parameters of power x speed shows a behaviour of third order with dependence of the phase mask. Degradation of F2color

center in 12 out of 14 VBGs.

Keywords: 1. Photonics. 2. Volumetric Bragg Gratings. 3. Lithium Fluoride. 4. Color Centers. 5. Femtosecond Laser. 6. Optical Properties. 7. Glass

(10)

FIGURA 1 Esquem´atico do arranjo de caracterizac¸˜ao da fibra ´otica por reflex˜ao de Bragg. . . 23 –

FIGURA 2 Ilustrac¸˜ao do experimento SMI, onde BS ´e o divisor de feixes, que separa a emiss˜ao do laser diodo, parte para o sistema ´otico L1 e L2, direcionado

para o alvo em movimento. A porc¸˜ao da luz que volta retorna `a cavidade laser, que modula em amplitude e fase. A VBG capta o sinal refletido da amostra e produz a filtragem de frequˆencia para intensidade, acoplando no fotodiodo para detecc¸˜ao do sinal. . . 26 –

FIGURA 3 Montagens experimentais de um laser de Yb: KYW utilizando uma VBG. 26 –

FIGURA 4 Ilustrac¸˜ao da estrutura molecular de um cristal de LiF. . . 32 –

FIGURA 5 ´Ion deslocado a uma regi˜ao intersticial (Frenkel) e ´ıon deslocado `a superf´ıcie (Schottky). . . 33 –

FIGURA 6 Diversos tipos de defeitos no interior da matriz cristalina. . . 34 –

FIGURA 7 Ilustrac¸˜ao demonstrando vacˆancias aniˆonicas e catiˆonicas que podem estar presentes em alguns centros de cor. . . 38 –

FIGURA 8 Bandas de absorc¸˜ao e emiss˜ao de alguns centros de cor em LiF a temperatura ambiente, ´e poss´ıvel observar o Stokes deslocamento. . . 40 –

FIGURA 9 Estrutura reticular do centro F. . . 41 –

FIGURA 10 Ciclo ´otico de um centro F com forte acoplamento el´etron-estrutura. . . 43 –

FIGURA 11 Ciclo ´otico de um centro com acoplamento fraco com a estrutura. . . 44 –

FIGURA 12 Diversos centros de cor intr´ınsecos n˜ao agregados (F e α), e agregados (Vk, H e M.). . . 45 –

FIGURA 13 Configurac¸˜oes iˆonicas do centro de cor F2 em alcalinos terrosos, em (a) e

(b) duas configurac¸˜oes diferentes. . . 46 –

FIGURA 14 N´ıveis baixos singletos e tripletos de centros F2, e algumas transic¸˜oes entre

eles, onde flechas (− − −−) indicam transic¸˜oes n˜ao-radiativas. . . 47 –

FIGURA 15 Configurac¸˜oes iˆonicas do centro de cor F3+em alcalinos terrosos. . . 48 –

FIGURA 16 Diagrama de n´ıveis de energia do CC F3+. Transic¸˜oes radiativas (—), n˜ao radiativas (− − −−) e relaxamento (· · · ). . . 48 –

FIGURA 17 Esquema ilustrativo de um guia de onda de Bragg. . . 50 –

FIGURA 18 Esquema ilustrativo de uma FBG e uma BWG. . . 50 –

FIGURA 19 Esquema da VBG considerada. . . 51 –

FIGURA 20 Esquem´atico de um feixe incidindo em uma VBG em duas configurac¸˜oes. Em (a) o feixe ´e refratado pela segunda face, e em (b) parte do feixe ´e refratado na mesma face de incidˆencia. . . 51 –

FIGURA 21 Ilustrac¸˜ao do esquema de gravac¸˜ao presente no IPHT-JENA, em (i) o detalhe do posicionamento do cristal de LiF com o feixe incidente. . . 55 –

FIGURA 22 Ilustrac¸˜ao da ´area de interferˆencia gerado pelo interferˆometro de Talbot em formato de diamante, na regi˜ao de sobreposic¸˜ao dos feixes. . . 56 –

FIGURA 23 Esquema da montagem experimental para bombeio `a 90◦ em relac¸˜ao a normal da face superior do cristal de LiF. . . 57 –

(11)

FV-1200 dispon´ıvel no CMCM na UTFPR – Campus Curitiba. . . 60 –

FIGURA 26 Espectros de transmiss˜ao em excitac¸˜ao e emiss˜ao para os filtros no sistema do CLSM presente na UTFPR. Em (a) referente ao CC F+3, e m (b) referente ao CC F2. . . 62

FIGURA 27 Diagrama do caminho ´otico do microsc´opio confocal Nikon Eclipse 80i-C1 utilizado no C.R. ENEA – Frascati, It´alia. A linha azul ´e o laser de iluminac¸˜ao acoplado a uma fibra monomodo (1) na porta de entrada; as linhas vermelha e verde s˜ao a luz de fluorescˆencia proveniente da amostra observada, acoplada a uma fibra multimodo de alta eficiˆencia (8) na porta de sa´ıda. (2) lentes de colimac¸˜ao; (3) espelho dicroico; (4) espelhos de varredura; (5) lente de varrimento; (6) coleta de lente; (7) ´ıris. . . 63 –

FIGURA 28 Espectros de transmiss˜ao dos filtros no sistema do CLSM presente na C.R ENEA - Frascati. Valores t´ıpicos de fotoluminescˆencia para F2 e F+3. . . 64

FIGURA 29 Montagem experimental para medida de fotoluminescˆencia de CC, posicionando as VBGs de maneira perpendicular (a) ou colinear (b) com o feixe do laser. . . 66 –

FIGURA 30 Esquema nomeando as regi˜oes do cristal. . . 69 –

FIGURA 31 Cristal de LiF transparente com redes de Bragg Volum´etricas gravadas no IPHT-JENA. . . 70 –

FIGURA 32 Imagens da lateral do cristal de LiF indicando as VBG D1 a D7 utilizando microsc´opio de transmiss˜ao. Em (a) na superf´ıcie do cristal, em (b) com o foco no interior do cristal. . . 71 –

FIGURA 33 Vis˜ao superior da VBG A3. Em colorac¸˜ao alaranjada a sobreposic¸˜ao dos filtros AF488 e AF594, em vermelho AF594, em verde. Imagem realizada na UTFPR. . . 72 –

FIGURA 34 Imagens dos planos de vis˜ao XYZ da regi˜ao central VBG A3 com os filtros AF488, AF594 e a sobreposic¸˜ao dos dois. Imagem realizada na UTFPR. . 73 –

FIGURA 35 Imagens do grupo A por microscopia confocal por fluorescˆencia com alto ganho. Imagem realizada no ENEA C.R.. . . 74 –

FIGURA 36 Vis˜ao superior da VBG C2. Em amarelo a sobreposic¸˜ao dos filtros AF488 e AF594, em vermelho AF594, em verde AF488 e a imagem no microsc´opio de transmiss˜ao. Imagem realizada na UTFPR. . . 75 –

FIGURA 37 Vis˜ao superior da VBG C2. Em amarelo a sobreposic¸˜ao dos filtros AF488 e AF594, em vermelho AF594, em verde. Imagem realizada na UTFPR. . 75 –

FIGURA 38 Imagens do grupo C por microscopia confocal por fluorescˆencia com alto ganho. Imagem realizada no ENEA C.R.. . . 76 –

FIGURA 39 Imagem do grupo D por microscopia confocal por fluorescˆencia utilizando (a) alto e (b) baixo ganho. A variac¸˜ao na intensidade nas intersecc¸˜oes entre imagens ´e devido `as variac¸˜oes no laser de bombeio durante as varreduras da amostra. Imagem realizada no ENEA C.R.. . . 78 –

FIGURA 40 Distˆancias entre gravac¸˜oes do Grupo D da profundidade em Z (vis˜ao lateral XY ) das gravac¸˜oes 5 `a 8. Imagem realizada na UTFPR com sobreposic¸˜ao dos filtros AF488 e AF594. . . 79 –

FIGURA 41 Imagens dos planos de vis˜ao XYZ da regi˜ao central das VBGs D7 e D8 com a sobreposic¸˜ao dos filtros AF488, AF594. Imagem realizada na UTFPR. . 80 –

(12)

FIGURA 43 Variac¸˜ao do ˆangulo de incidˆencia na VBG D7 utilizando laser de He-Ne. . 83 –

FIGURA 44 Picos de intensidade versus ˆangulo de difrac¸˜ao para a VBG D7 em pontos pretos, em linha vermelha a curva gaussiana. . . 83 –

FIGURA 45 Ilustrac¸˜ao da medida angular na imagem confocal da VBG A1. Imagem realizada na UTFPR. . . 84 –

FIGURA 46 Densidade ´otica dos grupos A, C e D e regi˜ao sem VBGs no cristal de LiF. 85 –

FIGURA 47 Densidade ´otica dos grupos A, C e D excluindo os efeitos do cristal de LiF. 86 –

FIGURA 48 Densidade ´otica das VBGs do grupo A. . . 87 –

FIGURA 49 Densidade ´otica das VBGs do grupo C. . . 87 –

FIGURA 50 Densidade ´otica das VBGs do grupo D. . . 88 –

FIGURA 51 Gr´afico da leitura espectrosc´opica da fluorescˆencia bombeado com laser azul e coletando a 90◦ dos CCs F2 e F3+ da VBG D7 em a). Em b) os

ajustes polinomiais aos picos em cada banda de CC. . . 89 –

FIGURA 52 Intensidade por energia da amostra D7 bombeada com laser verde a 90◦em a). Ajuste polinomial referente ao CC F2em b). . . 90

FIGURA 53 Medidas perpendiculares `a esquerda, e colineares `a direita para os CCs da VBG A1. . . 91 –

FIGURA 54 Medidas perpendiculares `a esquerda, e colineares `a direita para os CCs da VBG A1. . . 93 –

FIGURA 55 Espectro de emiss˜ao da VBG A-3 na configurac¸˜ao experimental perpendicular nas potˆencias laser m´ınima (3 mW) e m´axima (23 mW). Os dados experimentais (—) foram ajustados com a soma (· · · ), das curvas Gaussianas (− − −). . . 93 –

FIGURA 56 Medidas colineares `a esquerda, e perpendiculares `a direita para as VBGs do grupo A. . . 94 –

FIGURA 57 Variac¸˜ao da PL para as VBGs do grupo A nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2e F3+. . . 95

FIGURA 58 Variac¸˜ao da PL para as VBGs do grupo C nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2e F3+. . . 96

FIGURA 59 Variac¸˜ao da PL para as VBGs do grupo D nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2e F3+. . . 97

FIGURA 60 Valores da Tabela 10 ajustados em escala logar´ıtmica. . . 98 –

FIGURA 61 Variac¸˜ao do comprimento de onda de pico para as VBGs do grupo A nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2e F3+. . . 99

FIGURA 62 Variac¸˜ao do comprimento de onda de pico para as VBGs do grupo C nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2eF3+. . . 100

FIGURA 63 Variac¸˜ao do comprimento de onda de pico para as VBGs do grupo D nas posic¸˜oes perpendicular e colinear, para os CCs F2e F3+. . . 102

FIGURA 64 Relac¸˜ao entre o produto da potˆencia com velocidade de gravac¸˜ao (µmWs−1) pela potˆencia incidente de emiss˜ao dos CCs por fotoluminescˆencia, para F2e F3+para o experimento perpendicular. . . 103

FIGURA 65 Relac¸˜ao entre min·mW de gravac¸˜ao com potˆencia incidente de emiss˜ao dos CCs por fotoluminescˆencia medida, para F2e F3+ para experimento na

posic¸˜ao perpendicular. . . 104 –

FIGURA 66 Relac¸˜ao entre µmWs−1de gravac¸˜ao com potˆencia incidente de emiss˜ao dos CCs por fotoluminescˆencia, para F2 e F3+ para o experimento colinear do

(13)

CCs por fotoluminescˆencia, para F2 e F3+ para o experimento colinear do

grupo D. . . 106 –

FIGURA 68 Relac¸˜ao entre min ∗ mW de gravac¸˜ao com potˆencia incidente de emiss˜ao dos CCs por fotoluminescˆencia medida, para F2 e F3+ para o experimento

colinear. . . 107 –

FIGURA 69 Imagens obtidas por microscopia confocal das VBGs nos grupos A e C ap´os 3 anos da sua gravac¸˜ao. . . 108 –

FIGURA 70 Imagens obtidas por microsc´opio confocal das VBGs no grupo D ap´os 3 anos da sua gravac¸˜ao. . . 109 –

FIGURA 71 Intensidade por energia da amostra D7 bombeada com laser verde `a 90◦, indicando uma predominˆancia do CC F3+. . . 110 –

FIGURA 72 Comparac¸˜ao da intensidade por energia da amostra D7 bombeada com laser azul `a 90◦, medida somente com o laser na Figura 51(a). As datas s˜ao referentes ao dia de realizac¸˜ao da medida. . . 110

(14)

TABELA 1 Principais caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas do LiF. . . 36 –

TABELA 2 Descric¸˜ao da notac¸˜ao de Mulliken para representac¸˜oes irredut´ıveis de grupos de ponto de mol´eculas. . . 37 –

TABELA 3 Caracter´ısticas espectrosc´opicas dos CCs em LiF. . . 41 –

TABELA 4 Dados das estruturas gravadas. . . 69 –

TABELA 5 Comprimentos das VBGs do grupo A obtidos com o software ImageJ. . . 72 –

TABELA 6 Comprimentos das VBGs do grupo C obtidos com o software ImageJ. . . 77 –

TABELA 7 Comprimentos das VBGs do grupo D obtidos com o software ImageJ. . . 79 –

TABELA 8 Largura a meia altura da difrac¸˜ao em diversos comprimentos de onda medidos. . . 82 –

TABELA 9 Angulos medidos nas VBG utilizando microscopia confocal. . . 85ˆ –

TABELA 10 Valores calculados para W1/W2no CC F3+. . . 98

TABELA 11 M´edia de FWHM da banda de emiss˜ao do centro F2 e F3+ obtido pelo

melhor ajuste. Os valores para a FWHM (conforme Tabela 3) em emiss˜ao do CC F2 ´e de 0,16 eV e para o CC F3+ de 0,29 eV. . . 101

TABELA 12 Equac¸˜oes polinomiais de terceira ordem para ajuste dos pontos relacionados ao grupo C da Figura 66. . . 105 –

TABELA 13 Equac¸˜oes polinomiais de terceira ordem para ajuste dos pontos relacionados ao grupo D da Figura 67. . . 105 –

TABELA 14 Grupo de ponto D2hreferente ao CC F2. . . 123

(15)

LiF Fluoreto de L´ıtio

CC Centros de Cor

FBGs Fiber Bragg Gratings VBG Volumetric Bragg Gratings vidro PTR Vidro Foto-Termo-Refrativo FWHM Full width at half maximum BWG Bragg waveguide

(16)

λBragg Comprimento de Onda de Bragg

F2 Centro de cor F2

F3+ Centro de cor F3+

kB Constante de Boltzmann kB= 1, 38 × 10−23J· K−1

Ev Energia necess´aria para levar um ´atomo da rede cristalina dentro do cristal para a

superf´ıcie

T Temperatura

N N´umero de ´atomos

n N´umero de vacˆancias em equil´ıbrio

El Energia necess´aria para remover um ´atomo ligado para uma posic¸˜ao intersticial e− El´etron livre

} Constante de Plank reduzida } = 1, 055 × 10−34Js ν Frequˆencia da transic¸˜ao

ne f f ´Indice de refrac¸˜ao efetivo do modo contra propagante da rede de Bragg Λ Modulac¸˜ao peri´odica da rede de Bragg

m Ordem da rede de Bragg θi Angulo do feixe incidenteˆ

θR Angulo do feixe refratadoˆ

θT Angulo do feixe transmitidoˆ

∆λ Largura espectral

(17)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 19

1.1 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA . . . 21

1.1.1 Laser de Femtossegundos . . . 21

1.1.2 Redes de Bragg Volum´etricas em Substratos Diel´etricos . . . 22

1.1.3 Centros de Cor em Fluoreto de L´ıtio . . . 28

1.2 OBJETIVOS GERAIS . . . 30

1.3 OBJETIVOS ESPEC´IFICOS . . . 30

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA . . . 31

2.1 PROPRIEDADES GERAIS DOS HALOGENETOS ALCALINOS . . . 31

2.1.1 Defeitos Pontuais em Halogenetos Alcalinos . . . 32

2.2 FLUORETO DE L´ITIO . . . 35

2.3 ESTRUTURAS MOLECULARES DOS CENTROS DE COR . . . 35

2.3.1 Centros de cor em Fluoreto de L´ıtio . . . 37

2.3.2 Centro F . . . 40

2.3.3 Centros de Cor Agregados . . . 45

2.3.4 Centro de Cor F2 . . . 46

2.3.5 Centro de Cor F3+ . . . 47

2.4 REDES DE BRAGG . . . 49

2.5 REDES DE BRAGG VOLUM ´ETRICAS . . . 50

3 MATERIAIS E M ´ETODOS . . . 54

3.1 GRAVAC¸ ˜AO DAS REDES DE BRAGG VOLUM ´ETRICAS . . . 54

3.2 MEDIDAS DE FLUORESC ˆENCIA DE CENTROS DE COR . . . 56

3.3 INSPEC¸ ˜AO VISUAL . . . 57

3.4 MONTAGEM EXPERIMENTAL DE MEDIDA DE DIFRAC¸ ˜AO . . . 58

3.5 MICROSC ´OPIO CONFOCAL DE FLUORESC ˆENCIA . . . 59

3.5.1 Olympus Fluoview FV-1200 . . . 59

3.5.2 Nikon Eclipse 80i . . . 63

3.6 MEDIDAS DE TRANSMIT ˆANCIA . . . 65

3.7 FOTOLUMINESC ˆENCIA . . . 65

3.8 AJUSTE MATEM ´ATICO DO CICLO ´OTICO DO CENTRO F3+ . . . 66

4 RESULTADOS E DISCUSS ˜AO . . . 68

4.1 GRAVAC¸ ˜AO DAS REDES DE BRAGG VOLUM ´ETRICAS . . . 68

4.2 INSPEC¸ ˜AO VISUAL . . . 71

4.3 AN ´ALISE CONFOCAL . . . 71

4.3.1 Grupo A . . . 72

4.3.2 Grupo C . . . 74

4.3.3 Grupo D . . . 77

4.4 DIFRAC¸ ˜AO DE VBG EM MATERIAIS DIEL ´ETRICOS . . . 80

4.4.1 Vidro . . . 80

4.4.2 LiF . . . 82

(18)

4.7.1 Baixas Potˆencias . . . 88

4.7.2 Altas Potˆencias . . . 90

4.8 ESTUDO DA RELAC¸ ˜AO ENTRE OS PAR ˆAMETROS DE GRAVAC¸ ˜AO COM A SATURAC¸ ˜AO DA PL DOS CCS . . . 104

4.9 DEGRADAC¸ ˜AO . . . 107

5 CONCLUS ˜OES E TRABALHOS FUTUROS . . . 111

5.1 TRABALHOS FUTUROS . . . 114

REFER ˆENCIAS . . . 115

(19)

1 INTRODUC¸ ˜AO

As primeiras observac¸˜oes de imperfeic¸˜oes na estrutura atˆomica de cristais se iniciaram no s´eculo XIX, se consolidando como uma ´area de estudos na d´ecada de 1930 com a an´alise de defeitos pontuais. Tais defeitos podem ser definidos como cristais que possuem a sua cadeia homogˆenea interrompida por um ´atomo deslocado, ou removido da cadeia cristalina deixando uma lacuna, entre outros tipos. Os defeitos pontuais s˜ao os mais simples entre as imperfeic¸˜oes em cristais, os quais podem gerar efeitos macrosc´opicos no cristal como propriedades ´oticas, conduc¸˜ao el´etrica e difus˜ao (HODDESON et al., 1993).

Em 1830 comec¸aram os estudos de descolorac¸˜ao em cristais, como o cloreto de s´odio (NaCl) e cloreto de pot´assio (KCl), os quais no formato de cristais de sal ou na sua forma natural, podem ser azuis ao inv´es de transparentes. A descoberta da condutividade iˆonica e eletrˆonica em s´olidos isolantes por Michael Faraday levou ao desenvolvimento da f´ısica de defeitos pontuais (FARADAY, 1833; WHEATON, 2012). Por volta de 1860 foi descoberto que tal colorac¸˜ao azulada pode ser obtida qu´ımica ou eletronicamente ao fundir cristais transparentes com certos metais gerando assim, grande interesse na pesquisa nesta ´area. Lenard (1904) demonstrou os prim´ordios dos conceitos de centros de cor, onde materiais com luminescˆencia estimulada por raios cat´odicos geravam emiss˜ao de el´etrons como radiac¸˜ao secund´aria (HODDESON et al., 1993).

O interesse inicial era puramente est´etico, onde as pedras tornaram-se “maravilhosamente fosforescentes”, com uma luz que “n˜ao pode ser extinta pela ´agua e, ao mesmo tempo, t˜ao et´erea e pura que n˜ao pode incendiar nada”(SZYMBORSKI, 1984). Raios-X, tamb´em chamados de raios de R¨ontgen foram utilizados por v´arios pesquisadores para estudar a interac¸˜ao entre a radiac¸˜ao e s´olidos, onde foram testadas cerca de 1800 substˆancias qu´ımicas, entre compostos naturais e artificiais, buscando um brilho fluorescente.

A Primeira Guerra Mundial interrompeu os esforc¸os cient´ıficos, sendo resumidos na d´ecada de 1920 no estudo de colorac¸˜oes cristalinas “aditivas”(por adic¸˜ao estequiom´etrica de metais alcalinos em cristais alcalinos terrosos) e “subtrativas”(quando submetidas `a radiac¸˜ao

(20)

ionizante) (SZYMBORSKI, 1984). As pesquisas em alcalinos terrosos continuaram em 1924, obtendo curvas de absorc¸˜ao com espectros entre 186 e 2000 nm, em quartzo, fluorita e cristais de sal. Medidas de rendimento quˆantico (o n´umero de vezes no tempo que um evento ocorre pelo n´umero de f´otons absorvidos), s˜ao proporcionais ao comprimento de onda, sugerindo que as bandas de absorc¸˜ao apresentam um comportamento `a n´ıvel quˆantico. A teoria de que a luz era absorvida por “centros excitados”passou a ser a mais aceita, de forma que os centros “n˜ao-excitados”passaram a ser nomeados como centros F, e os centros “excitados”como centros F’, abreviac¸˜ao do nome originada da palavra alem˜a Farbe (cor) (GYULAF, 1925). V´arios outros tipos de centros de cor foram descobertos ap´os este per´ıodo como os centros U e V, por´em, os centros F s˜ao os mais relevantes para este trabalho.

Nos anos recentes, elementos fotˆonicos integrados apresentam especial interesse, como as redes de Bragg Volum´etricas (VBGs), que s˜ao utilizadas como seletores de ˆangulo e espectro com ajuste preciso e alta flexibilidade (CONTRERAS et al., 2017; CHUNG et al., 2006b). VBGs podem ser encontradas em aplicac¸˜oes combinando lasers, estreitamento e selec¸˜ao de comprimento de onda. VBGs s˜ao fabricadas com processos de interferˆencia, como m´ascara de fase, e utilizando materiais sens´ıveis `a radiac¸˜ao laser (VENUS et al., 2016). Permite selecionar parˆametros como comprimento de onda central, ˆangulos incidentes e refrativos e largura espectral, de acordo a estrutura da VBG e aplicac¸˜ao (ZHANG et al., 2014).

Para tais estruturas, materiais diel´etricos s˜ao amplamente utilizados. Dentre eles se encontra o fluoreto de l´ıtio (LiF), que ´e um cristal do tipo halogeneto alcalino e o principal material de estudo neste trabalho. Entre suas diversas aplicac¸˜oes, o LiF ´e utilizado em fontes de luz e lasers que emitem na banda no vis´ıvel (GELLERMANN, 1991), motivado por suas caracter´ısticas ´unicas. Possui temperatura de derretimento acima dos 800 oC, alta dureza e transparente para uma ampla faixa espectral (BOEHLER et al., 1997). Alterac¸˜oes estruturais permitem produzir no LiF um meio oticamente ativo, produzindo centros de cor (CC). Entre os centros oticamente ativos em LiF, os mais estudados s˜ao os do tipo F2 e F3+,

com banda de absorc¸˜ao centrada em 459 nm e bandas de emiss˜ao centradas em 539 nm e 670 nm, respectivamente (TSUBOI; TER-MIKIRTYCHEV, 1995; BALDACCHINI, 2002; KUROBORI et al., 2007).

Este trabalho descreve a produc¸˜ao e caracterizac¸˜ao de VBG em cristais de LiF e em vidro de borosilicato, em termos da capacidade de selec¸˜ao de comprimento de onda, al´em da caracterizac¸˜ao estrutural. Neste cap´ıtulo ´e realizada uma revis˜ao bibliogr´afica com os principais t´opicos relevantes, seguido dos objetivos do trabalho. O cap´ıtulo 2 apresenta a fundamentac¸˜ao te´orica, tratando sobre as propriedades gerais e defeitos pontuais em halogenetos alcalinos,

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especificamente do LiF, seguido por definic¸˜oes te´oricas de centros de cor encontrados em LiF. Tamb´em s˜ao descritos os mecanismos envolvendo guias de onda de Bragg e redes de Bragg volum´etricas. O cap´ıtulo 3 diz respeito aos materiais e m´etodos, e descreve o processo de gravac¸˜ao das VBGs em LiF e em vidro de borosilicato.

Tamb´em ´e abordada a t´ecnica de inspec¸˜ao visual das amostras, e a an´alise por microscopia confocal das estruturas em LiF. S˜ao descritas as montagens experimentais para medida de fluorescˆencia dos CCs e as medidas de variac¸˜ao da difrac¸˜ao do feixe de laser em relac¸˜ao `a rede, realizadas nas estruturas em LiF e vidro. O cap´ıtulo 4 apresenta os resultados obtidos. S˜ao apresentadas imagens de microscopia de transmiss˜ao e confocal por fluorescˆencia. Tamb´em s˜ao investigados os ˆangulos gerados durante a gravac¸˜ao das VBGs em LiF. Comprimentos de onda difratados em vidro, e a capacidade de selec¸˜ao de comprimento de onda por VBGs em LiF s˜ao investigadas. Medic¸˜oes das fluorescˆencias dos centros de cor presentes nas estruturas gravadas em LiF analisadas. S˜ao discutidos os resultados de difrac¸˜ao das VBGs inscritas nos dois materiais utilizados. O Cap´ıtulo 5 apresenta as conclus˜oes obtidas a partir dos resultados, e relaciona os trabalhos futuros para a continuac¸˜ao do projeto.

1.1 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA

Nesta sec¸˜ao ´e discutido o estado da arte dos assuntos essenciais para a elaborac¸˜ao deste trabalho. Primeiramente ´e explorado o uso de laser de femtossegundos para aplicac¸˜oes em diel´etricos na sec¸˜ao 1.1.1. Em seguida s˜ao analisadas publicac¸˜oes sobre redes de Bragg Volum´etricas em substratos diel´etricos, como o LiF e o vidro, tratados neste trabalho na sec¸˜ao 1.1.2. A gerac¸˜ao de CC ocorre atrav´es da exposic¸˜ao do cristal de LiF ao laser de femtossegundos, suas aplicac¸˜oes e trabalhos recentes s˜ao tratados na sec¸˜ao 1.1.3. Os objetivos gerais e espec´ıficos importantes para este trabalho s˜ao listados e descritos respectivamente nas sec¸˜oes 1.2 e 1.3.

1.1.1 LASER DE FEMTOSSEGUNDOS

Radiac¸˜oes ionizantes podem causar a criac¸˜ao de centros de cor em cristais, entre eles lasers de estado s´olido com gerac¸˜ao de pulsos ultracurtos emitidos com pulsos na ordem dos femtossegundos (fs). Entre os diversos tipos de laser fs, existem os baseados em fibra ´otica (BUCKLEY et al., 2008), em corantes (DENNIS et al., 2008) e de semicondutores (DRUON et al., 2002), por´em o mais reportado na literatura ´e um tipo de laser de estado s´olido com um cristal de Ti:Safira, que consegue chegar a intensidades de pico na ordem de TW/cm2, que

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resultam em alta absorc¸˜ao n˜ao linear da energia focalizada nos materiais. Ap´os alguns pico segundos de exposic¸˜ao do material, a energia ´e transferida para a rede cristalina, permitindo uma modificac¸˜ao permanente no material (SPENCE et al., 1991). Formando regi˜oes com ´ındice de refrac¸˜ao superior ao restante da amostra, esta pode ser deslocada utilizando motores de alta precis˜ao, o que permite o desenvolvimento de estruturas tridimensionais, as quais n˜ao eram poss´ıveis empregando outras t´ecnicas como a fotolitografia (VALLE et al., 2009).

Este trabalho utiliza laser de fs para realizar modificac¸˜oes estruturais em cristais diel´etricos. Tais modificac¸˜oes levam em considerac¸˜ao a energia emitida pelo laser, que pode superar ou n˜ao, os limites do material irradiado. Ao utilizar energias pouco acima do limite de modificac¸˜ao, na ordem de 100 nJ para lasers de 100 fs, 800 nm e focalizado com objetivas de 0,6 N.A, se torna poss´ıvel observar uma mudanc¸a do ´ındice de refrac¸˜ao uniforme, o que ´e atribu´ıdo `a densificac¸˜ao do material pela r´apida tˆempera do vidro que derrete na regi˜ao focal do laser. Com as mesmas condic¸˜oes anteriores, e variando as energias entre 150 e 500 nJ, mudanc¸as do ´ındice de refrac¸˜ao birrefringente s˜ao observadas em s´ılica fundida, devido `as nanoestruturas peri´odicas causadas pela interferˆencia do laser e o plasma de el´etrons induzido. Nesse caso s˜ao observadas camadas peri´odicas que alternam o ´ındice de refrac¸˜ao, perpendiculares `a polarizac¸˜ao da escrita do laser. Para energias al´em de 500 nJ, deformac¸˜oes maiores que o m´odulo de Young s˜ao formadas no ponto focal, criando uma onda de choque depois de os el´etrons terem transferido sua energia para os ´ıons. Esse efeito forma um n´ucleo oco menos denso, dependendo das propriedades do material (YE, 2005).

A curta durac¸˜ao do laser de fs permite que os materiais expostos absorvam energia suficiente sem estresse t´ermico, que ocorre devido `a processos n˜ao-lineares e pode causar alterac¸˜oes n˜ao desejadas, como rachaduras (KAWAMURA et al., 2000; RAJESH; BELLOUARD, 2010). Uma das aplicac¸˜oes s˜ao alterac¸˜oes peri´odicas do ´ındice de refrac¸˜ao em substratos cristalinos diel´etricos, denominadas de redes de Bragg. Tais estruturas podem ser fabricadas por outros m´etodos al´em da exposic¸˜ao laser, como litografia e corros˜ao.

1.1.2 REDES DE BRAGG VOLUM ´ETRICAS EM SUBSTRATOS DIEL ´ETRICOS

As redes de Bragg podem ser inscritas em cristais, vidros e em fibras ´oticas. A modulac¸˜ao peri´odica inscrita no interior de uma fibra ´otica pode ser utilizada em diversas aplicac¸˜oes, entre as principais podemos citar o sensoriamento de temperatura e press˜ao (MOURA et al., 2017), inclusive aplicac¸˜oes in-vivo devido ao seu formato compacto (KARAM et al., 2012).

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Figura 1: Esquem´atico do arranjo de caracterizac¸˜ao da fibra ´otica por reflex˜ao de Bragg.

Fonte: Krug et al. (1995).

de medic¸˜ao de ´ındice de refrac¸˜ao, como em Krug et al. (1995), no qual a FBG utilizada no trabalho foi gravada com laser exc´ımero de XeCl em 240 nm com 1 mJ/pulso. As medidas feitas na FBG utilizaram um laser de He-Ne, com potˆencia de 6 mW, incidindo com ˆangulo θi

em relac¸˜ao `a normal transversal ao eixo de propagac¸˜ao da fibra. A Figura 1 ilustra a refrac¸˜ao na superf´ıcie externa, onde o feixe de luz se propaga na casca com um ˆangulo θc e no n´ucleo da

fibra em θ0, com ´ındice de refrac¸˜ao m´edio n0 . Os feixes transmitido e refletido deixam a fibra

em direc¸˜oes opostas, com ˆangulos ± θr

sinθr= sinθi= ncsinθc= n0sinθ0=

ne f fλ λBragg

. (1)

sendo λ o comprimento de onda de iluminac¸˜ao e ne f f ´e o ´ındice de refrac¸˜ao efetivo da fibra

´otica no comprimento de onda de Bragg λBragg= 2ne f fΛ, com Λ sendo o per´ıodo da rede.

Redes de Bragg podem ser gravadas na superf´ıcie de materiais, no interior de substratos, como guias de onda planares (SIRLETO et al., 2002) ou em canal, onde o comprimento da rede de Bragg ao longo do canal ´e muito maior que sua dimens˜ao transversal. Redes de Bragg volum´etricas (Volumetric Bragg Gratings - VBG ) s˜ao redes de Bragg com seu comprimento total de mesma ordem que as suas dimens˜oes transversais (TJ ¨ORNHAMMAR et al., 2013b).

Quando expostas a uma fonte de luz incidindo paralelamente com a normal do plano de modulac¸˜ao do ´ındice de refrac¸˜ao, a periodicidade da estrutura reflete um espectro em um comprimento de onda de Bragg ( λBragg) por difrac¸˜ao na estrutura inscrita. De

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forma que, quando a luz incide sob um determinado ˆangulo com a normal, parte desta luz ´e difratada no mesmo ˆangulo. A alta refletividade, podem ser utilizadas em cavidades ´oticas e espelhos seletores de comprimentos de onda. Variando o ˆangulo de incidˆencia da luz, uma VBG pode atuar como um filtro espectral sintoniz´avel atrav´es da transmiss˜ao de uma faixa estreita do espectro eletromagn´etico com um comprimento de onda central, sendo acess´ıvel comercialmente em vidro foto-termo-refrativo (vidro PTR), de forma que a maior parte das aplicac¸˜oes de VBGs s˜ao com esse material.

Diversos trabalhos encontrados na literatura utilizam o vidro PTR, que segundo Ivanov et al. (2015), ´e um material altamente homogˆeneo e transparente, de liga de sil´ıcio, alum´ınio, zinco e s´odio dopado com prata, c´erio, fl´uor e bromo, que possui ´ındice de refrac¸˜ao em 587,5 nm de 1,4959. Devido `a sua estrutura cristalina, ocorre muito espalhamento, o que ´e contornado controlando seus processamentos espec´ıficos, como temperatura, comprimento de onda de exposic¸˜ao e respectiva durac¸˜ao.

VBGs fabricadas em PTR podem ter uma eficiˆencia de difrac¸˜ao de at´e 99% nos modos de operac¸˜ao em reflex˜ao e transmiss˜ao, onde a relac¸˜ao de porcentagem indica a potˆencia difratada sobre a potˆencia incidente no comprimento de onda refratado. Tal eficiˆencia ´e mantida enquanto a divergˆencia angular e a largura a meia altura (FWHM) s˜ao da ordem de 0,1 mrad e 20 pm, respectivamente. Al´em disso, VBGs neste material permitem estabilidade t´ermica para at´e 400 ◦C, e limite de dano de laser de 40 J/cm2, onde ocorre alterac¸˜ao do ´ındice de refrac¸˜ao sem erodir o material, para pulsos de 8 ns e tolerˆancia `a radiac¸˜ao laser cont´ınuo no infravermelho (WANG et al., 2010). Estas caracter´ısticas das VBGs se traduzem em baixas perdas e permite a aplicac¸˜ao destas estruturas para selec¸˜ao de comprimentos de onda e para estreitamento de bandas espectrais em osciladores ´oticos param´etricos, que s˜ao amplificadores param´etric (MIROV; BASIEV, 1995), em laser de diodo (VOLODIN et al., 2004), e em lasers de estado s´olido (CHUNG et al., 2006a; MCCOMB et al., 2008).

Zhang et al. (2014) reportaram o uso de vidro PTR exposto `a laser de He-Cd em 325 nm e 50 mW para inscrever as VBGs, modificando os ´ıons de prata presentes no vidro em ´atomos de prata. Um padr˜ao de interferˆencia ´e ent˜ao gravado nas amostras, e expostas `a temperaturas entre 480◦C e 590◦C de 4-6 h para promover a cristalizac¸˜ao do vidro. O ´ındice de refrac¸˜ao ´e determinado pela cristalizac¸˜ao e concentrac¸˜ao de cristais de NaF no vidro. Um feixe laser de fibra em 1080 nm, 1 kW, 1274 W/cm2foi utilizado para incidir sobre a VBG, e um segundo laser de YAG a 535 nm e 2 W foi utilizado para monitorar a eficiˆencia de transmitˆancia da VBG e chegava na amostra no ˆangulo de Bragg, e a temperatura foi monitorada por 250 s. As amostras preparadas com temperaturas mais elevadas apresentaram maior eficiˆencia de difrac¸˜ao, por´em,

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a transmitˆancia ´e maior nas que foram expostas `a temperaturas mais baixas.

O trabalho de McComb et al. (2008) fabricou VBGs de vidro PTR via processo hologr´afico com 0,6◦ de inclinac¸˜ao, obtendo reflex˜ao de 95% para um laser com 2051,5 nm e FWHM de 550 pm, a qual foi utilizada para selecionar comprimentos de onda de um laser de fibra ´otica de dopada com Tm, com largura espectral de sa´ıda final do laser abaixo dos 300 pm.

Uma VBG de vidro PTR foi utilizada em Chung et al. (2006a) para substituir espelhos de sa´ıda da cavidade de um laser de Ti:Safira e Cr:LiSAF (cristal de colquirita dopado com cromo), de modo a convergirem para dentro da cavidade somente as reflex˜oes de Bragg a 4◦ da normal. Esta aplicac¸˜ao permitiu a emiss˜ao de um espectro de largura espectral 2,5 pm. O feixe laser de sa´ıda resultante ´e similar `a emiss˜ao laser quando utilizado dentro da cavidade um espelho de revestimento diel´etrico. A amostra n˜ao apresentou sinais de degradac¸˜ao durante 30 h de exposic¸˜ao ao laser de Ti:Safira em regime cont´ınuo a 500 mW.

VBGs podem ser aplicadas para detecc¸˜ao de sinal modulado em frequˆencia e ent˜ao converter para modulac¸˜ao em intensidade utilizando um laser diodo em 405 nm, uma t´ecnica conhecida como “self-mixing interferometry”(SMI), captando a onda eletromagn´etica refletida por uma amostra para dentro da cavidade laser, e utilizando as frequˆencias e amplitude de campo ´otico para medir deslocamentos com exatid˜ao de λ /2. A VBG de vidro PTR da empresa OptiGrate Corp, no trabalho de Contreras et al. (2017) foi utilizada como uma rede de difrac¸˜ao, melhorando a relac¸˜ao sinal-ru´ıdo das medidas obtidas, e intensificando o sinal em at´e 9 × em comparac¸˜ao com m´etodos sem a utilizac¸˜ao de VBGs. A Figura 2 apresenta a ilustrac¸˜ao da montagem experimental, detalhando os componentes utilizados para uma modulac¸˜ao de amplitude e frequˆencia produzidas utilizando a VBG quando uma pequena frac¸˜ao da sa´ıda do laser proveniente do alvo em movimento ´e retroespalhada na cavidade do laser.

Outra aplicac¸˜ao de VBGs ´e a obtenc¸˜ao de imagens externas utilizando imageamento hiperespectral por varredura (ECKHARD et al., 2015). Tal t´ecnica utiliza o espectro eletromagn´etico para promover uma filtragem espectral da irradiˆancia da cena em uma dimens˜ao espacial da imagem, de forma que, ao varrer os comprimentos de onda se obt´em diversos planos da cena, que podem ser ent˜ao processados em uma ´unica imagem. Tal t´ecnica ´e utilizada em minerac¸˜ao, dermatologia e agricultura. Duas VBGs com diferentes modulac¸˜oes foram posicionadas dentro de uma cˆamera capaz de adquirir dados entre 400 e 1000 nm com resoluc¸˜ao espectral de 2 nm, captando a luz da cena por uma lente colimadora, que atravessa espelhos para filtragem da luz, de forma que parte da luz ´e refletida para as VBGs, e outra parte ´e direcionada para um sensor para adquirir os dados para formar a imagem.

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Figura 2: Ilustrac¸˜ao do experimento SMI, onde BS ´e o divisor de feixes, que separa a emiss˜ao do laser diodo, parte para o sistema ´otico L1e L2, direcionado para o alvo em movimento. A porc¸˜ao

da luz que volta retorna `a cavidade laser, que modula em amplitude e fase. A VBG capta o sinal refletido da amostra e produz a filtragem de frequˆencia para intensidade, acoplando no fotodiodo para detecc¸˜ao do sinal.

Fonte: Adaptado de Contreras et al. (2017).

produiza em cristal de Nd:GdVO4, onde o comprimento de onda de 1063 nm foi suprimido.

A potˆencia m´axima desse sistema chegou foi de 0,5 W, por´em, a temperatura durante a ac¸˜ao laser chegou a 156◦C para 1070,7 nm.

Figura 3: Montagens experimentais de um laser de Yb: KYW utilizando uma VBG.

Fonte: Jacobsson et al. (2007a).

Como j´a dito anteriormente, ´e poss´ıvel utilizar uma VBG em uma cavidade laser. Na Figura 3, Jacobsson et al. (2007a), utilizaram uma VBG de vidro PRT como um dispotivo

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retrorefrator para um laser de Yb:KYW. A VBG foi posicionada com ˆangulo de incidˆencia entre 63◦ e 77◦ na Figura 3(A) e perpendicular ao espelho diel´etrico, onde foi obtido um feixe de 4,5 W e largura espectral de 0,1 nm a 1029,6 nm. A VBG possui refletividade em incidˆencia normal de 93% a 1063,5 nm e FWHM de 0,55 nm. Para obter o comprimento de onda de Bragg, a VBG foi posicionada conforme Figura 3(B) onde se obteve um feixe de 3 W e largura espectral de < 0,05 nm, que em comparac¸˜ao com a potˆencia m´axima do laser de 3,8 W e largura espectral de 0,1 nm, obtidos com a cavidade de referˆencia que utiliza um espelho diel´etrico, demonstrando um estreitamento espectral sem perdas.

Outro experimento feito com uma premissa semelhante foi a aplicac¸˜ao de uma VBG em uma cavidade de um laser de Ti:Safira em Hemmer et al. (2009) gravada `a 0,2◦ das faces do vidro PTR, com refletividade de 99% `a 852,8 nm e largura espectral de 180 pm, foi utilizada para estreitamento espectral entre 785 nm e 852 nm, com uma largura de 10 pm. Em comparac¸˜ao, uma cavidade Fabry-Perot emite com uma largura espectral de ∼=0,5 nm.

Diversos trabalhos utilizam VBGs dispon´ıveis comercialmente, por´em, outros grupos de pesquisa produzem em laborat´orio suas pr´oprias redes, de modo a obter a VBG com as caracter´ısticas desejadas para o projeto. Um dos m´etodos utilizados para se obter uma VBG ´e gravar primeiramente um guia de onda utilizando a t´ecnica de gravac¸˜ao mais indicada para o tipo de material e aplicac¸˜ao final (GROBNIC et al., 2006). Neste artigo, redes de Bragg foram gravadas em canais de guias de onda em LiNbO3 com 40 mm de comprimento utilizando um

laser de Ti:Safira centrado em 800 nm, 125 fs, 100 Hz, com potˆencia entre 450-750 µJ. As redes de Bragg foram gravadas posicionando os guias de onda 7 mm ap´os a m´ascara de fase de per´ıodo 4,28 µm posicionadas ap´os lente cil´ındrica de regi˜ao focal de 30 mm. As redes de Bragg alcanc¸aram refletividade de 50%, com resposta em transmiss˜ao entre -0,5 e -3,5 dB e ne f f atrav´es do guia de onda de 2,14. Entretanto, as amostras apresentaram pontos de ablac¸˜ao

laser e n˜ao s˜ao uniformes.

A versatilidade das VBGs permite que sejam aplicadas n˜ao somente operando no espectro do vis´ıvel, como tamb´em no infravermelho. Foram fabricadas por Martyshkin et al. (2012) VBGs baseadas em centros de cor F2 (670 nm) e F3+ (530 nm) em cristais de LiF

previamente irradiado com raios-γ. A gravac¸˜ao das VBGs foi feita utilizando um laser de Ti:Safira em 790 nm com potˆencia m´edia de 400 mW e operando a 1 kHz e taxa de repetic¸˜ao de 35 fs. As redes foram gravadas com per´ıodo de 12 µm e 24 µm. A fotoluminescˆencia do cristal diminuiu em intensidade na regi˜ao espectral correspondente ao centro de cor F2.

Houve formac¸˜ao de centros de cor F2+, com emiss˜ao na regi˜ao de 900 nm, por´em, como este CC ´e sens´ıvel `a temperatura, a emiss˜ao/absorc¸˜ao diminuiu de intensidade depois de 12 h,

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favorecendo a fluorescˆencia do centro de cor F2, que passou a ter mais intensidade. As estruturas

descritas foram analisadas utilizando difrac¸˜ao de Raman-Nath com um laser de He-Ne e o segundo harmˆonico de um laser de Nd: YAG em 532 nm. A difrac¸˜ao de Raman-Nath se diferencia da difrac¸˜ao de Bragg por produzir feixes refratados em at´e segunda ordem, em vez de somente um feixe com ˆangulo de refrac¸˜ao relativo ao ˆangulo de incidˆencia na difrac¸˜ao de Bragg (MOHARAM; YOUNG, 1978). A eficiˆencia das redes foi em m´edia de 2-5 % utilizando o comprimento de onda de 1560 nm para iluminar a amostra. A eficiˆencia de difrac¸˜ao ficou na ordem de 2 e 5 × 10−4.

1.1.3 CENTROS DE COR EM FLUORETO DE L´ITIO

Centros de cor tamb´em podem ser chamados de centros de el´etrons, caracterizado como defeitos reticulares encontrados na estrutura peri´odica e ordenada de um cristal, capazes de absorver energia vis´ıvel. Diversos cristais iˆonicos, como o NaCl, KCl e o LiF possuem uma banda proibida de energia da ordem de 6 eV sendo, portanto, transparentes `a luz vis´ıvel. A presenc¸a de defeitos pontuais faz com que estes cristais se tornem coloridos. A alterac¸˜ao estrutural produz nos n´ıveis eletrˆonicos uma banda de energia proibida entre a banda de valˆencia e a banda de conduc¸˜ao, dando lugar a uma banda de absorc¸˜ao no espectro vis´ıvel, que pode incluir a colorac¸˜ao da estrutura cristalina. Dentre os materiais capazes de produzir centros de cor, o LiF ´e o mais estudado. Diversas t´ecnicas podem ser aplicadas para sua produc¸˜ao, dentre elas a colorac¸˜ao aditiva. Esta t´ecnica resulta em um cristal n˜ao estequiom´etrico, e os defeitos pontuais resultam num excesso de um dos componentes, halogeneto ou alcalino, perdendo a proporc¸˜ao correta conforme a Lei de Proust (WYMAN BEALL FOWLER, 1968; BASSANI; GRASSANO, 2000).

Os CCs produzidos em LiF s˜ao utilizados em diversos formatos e aplicac¸˜oes fotˆonicas. Dentre elas, ´e poss´ıvel citar os amplificadores ´oticos; lasers de centro de cor no vis´ıvel e infravermelho pr´oximo em temperatura ambiente, nos formatos de guias de onda planares; guias de onda em canais e filmes finos (BALDACCHINI, 2002). S˜ao sens´ıveis a radiac¸˜oes ionizantes como raios-X, raios-γ, el´etrons, pr´otons, part´ıculas-α e ´ıons pesados, que podem fazer cessar a emiss˜ao de alguns tipos de CC, e realc¸ar a ac¸˜ao de outros CCs. Em (GELLERMANN et al., 1987) foi utilizado feixe de el´etrons para bombear centros F2+ em LiF e transform´a-los em centros F2−, de modo a investigar seu uso para ac¸˜ao laser.

Os principais centros de cor produzidos em LiF s˜ao dois: o F2, que consiste em dois

el´etrons presos em uma vacˆancia iˆonica com pico de emiss˜ao em 670 nm, e o segundo ´e o CC F3+ composto de dois el´etrons presos em trˆes vacˆancias iˆonicas e possui pico de emiss˜ao

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em 535 nm. Ambos os CCs possuem sua banda de absorc¸˜ao em torno de 450 nm (NAHUM; WIEGAND, 1967), e s˜ao tratados com mais detalhes no pr´oximo cap´ıtulo, nas sec¸˜oes 2.3.4 e 2.3.5 respectivamente.

Como as bandas de emiss˜ao em ambos os CCs se sobrep˜oem fortemente, especialmente em temperatura ambiente h´a diversos estudos sobre o efeito que a temperatura pode causar sobre as concentrac¸˜oes de defeitos, j´a que em baixas temperaturas a concentrac¸˜ao de CC F2 ´e menor que em temperatura ambiente (BALDACCHINI et al., 2000b). Utilizando

temperaturas consideradas baixas durante a irradiac¸˜ao do cristal de LiF proporciona uma formac¸˜ao est´avel priorit´aria ao CC F3+, gerando assim uma reduc¸˜ao proporcional dos centros F2(BALDACCHINI et al., 2000a).

O CC F2some da estrutura cristlina quando exposto `a radiac¸˜ao UV, mantendo somente

os CCs F3+. O aumento da temperatura no cristal resulta em um deslocamento do pico central para o vermelho (BALDACCHINI et al., 2000b). Baldacchini et al. (2001) mediram um tempo de decaimento do centro F2na ordem de 17 ns, sem a interferˆencia dos centros F3+ em cristais

de LiF irradiados com feixe de el´etrons a 3 MeV e 213 K em temperatura ambiente com doses de at´e 1018cm−3, e demonstraram emiss˜ao laser eficiente no comprimento de onda na banda do vermelho. As baixas concentrac¸˜oes coincidem com o tempo de vida do estado excitado.

Filmes de LiF podem ser aplicados como sensores de radiac¸˜ao ionizante e podem crescer na forma de filmes policristalinos com diferentes substratos, feitos por evaporac¸˜ao t´ermica com determinadas geometrias, espessuras e tamanhos. Tais estruturas s˜ao aplicadas em caracterizac¸˜ao de raios-X, como em dos´ımetros. No trabalho de Tomassetti et al. (2004), interferometria de dois feixes em linhas peri´odicas em cristal de LiF foram obtidas utilizando laser de raios-X com pulsos de 1,7 ns com 46,9 nm, 0,3 nJ, e 0,2 Hz. O espac¸amento das linhas ´e da ordem de 0,4 µm e produziu eficientemente os padr˜oes por absorc¸˜ao linear dos centros de cor.

Em Piccinini et al. (2017) foram estudados filmes finos irradiados por feixes de pr´otons com 3 e 7 MeV para produzir CC agregados F2e F3+. As intensidades de emiss˜ao dos centros

de cor foram mensuradas utilizando um microsc´opio de fluorescˆencia para medir sua resposta e obter um mapa de dosagem. Foi obtida uma resposta linear da relac¸˜ao da dose com a resposta da fotoluminescˆencia dos CCs, indicando que a aplicac¸˜ao para dos´ımetros para doses acima dos 103Gy podem ser adequadas, assim como para imagens transversais de alta resoluc¸˜ao.

Sendo assim o LiF, halogeneto alcalino tratado neste trabalho, foi escolhido perante as suas caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas ´unicas, entre elas a capacidade de produzir defeitos do tipo centros de cor. Estes podem ser obtidos atrav´es da irradiac¸˜ao por laser de femtossegundos. J´a as

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VBGs s˜ao muito aplicadas para modulac¸˜ao de frequˆencia. A combinac¸˜ao do LiF como material e a VBG como uma estrutura peri´odica ainda permite complementac¸˜ao, perante o escasso n´umero de trabalhos nesta ´area. Sendo assim podemos definir os objetivos deste trabalho.

1.2 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral dessa tese ´e colaborar para a produc¸˜ao de cavidade ´otica para aplicac¸˜ao em laser de centro de cor integrado utilizando cristal de fluoreto de l´ıtio, com potencial emiss˜ao laser abrangendo as bandas de emiss˜ao dos centros F2e F3+.

1.3 OBJETIVOS ESPEC´IFICOS

Os objetivos espec´ıficos envolvendo o tema geral dessa tese s˜ao conforme listados abaixo:

1. Caracterizar estruturalmente as VBGs gravadas;

2. Investigar a potencial aplicac¸˜ao das VBGs como seletor de comprimento de onda;

3. Analisar a fluorescˆencia dos centros de cor utilizando os comprimentos de onda do verde e do azul para bombeio;

4. Investigar a transmitˆancia das regi˜oes do cristal de LiF com centros de cor;

5. Estudo da relac¸˜ao entre potˆencia, velocidade e do comprimento de onda do laser de gravac¸˜ao, e a gerac¸˜ao de centros de cor em fluoreto de l´ıtio.

(31)

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA

Neste cap´ıtulo s˜ao descritos os fundamentos te´oricos relevantes para a compreens˜ao e continuidade deste trabalho.

Na sec¸˜ao 2.1 s˜ao descritas as propriedades gerais dos halogenetos alcalinos (AH, Alkali Halide), categoria na qual o fluoreto de l´ıtio (LiF) se encaixa. Dentre as propriedades dos AH est´a a capacidade de produzir defeitos pontuais ao ser exposto `a radiac¸˜ao ionizante ou n˜ao ionizante, como laser de femtossegundos, sendo um assunto comentado na sec¸˜ao 2.1.1.

O LiF ´e o principal material tratado neste trabalho, portanto, na sec¸˜ao 2.2 s˜ao descritas suas propriedades especificas. Para an´alises das estruturas dos defeitos s˜ao utilizados conceitos moleculares, que s˜ao expostos na sec¸˜ao 2.3. Um dos tipos de defeitos que podem ser criados neste cristal s˜ao chamados centros de cor, e a sec¸˜ao 2.3.1 introduz os principais tipos, em especial o centro F na sec¸˜ao 2.3.2, em seguida sobre os centros de cor agregados na sec¸˜ao 2.3.3. O centro de cor F2 e F3+ s˜ao os principais CCs criados em LiF com laser de femtossegundos,

suas principais caracter´ısticas s˜ao descritas nas sec¸˜oes 2.3.4 e 2.3.5 respectivamente.

Por fim, outro t´opico relevante para o desenvolvimento deste trabalho ´e abordado na sec¸˜ao 2.4, que descreve sobre redes de Bragg, e a sec¸˜ao 2.5 apresenta a teoria sobre redes de Bragg volum´etricas.

2.1 PROPRIEDADES GERAIS DOS HALOGENETOS ALCALINOS

Os halogenetos alcalinos s˜ao compostos inorgˆanicos formados a partir da ligac¸˜ao entre elementos dos grupos I e VII da tabela peri´odica. Um metal alcalino apresenta baixa energia ionizante e alta afinidade eletrˆonica e, por consequˆencia, tais metais tˆem facilidade de doar el´etrons aos halogenetos, formando c´ations (´ıons positivos A+) e ˆanions (´ıons negativos H−) respectivamente. Esses ´ıons interagem eletrostaticamente atrav´es de potencial Coulombiano; a cristalizac¸˜ao (adensamento) abaixa a energia total do sistema em comparac¸˜ao com os elementos isolados. O princ´ıpio da exclus˜ao de Pauli permite explicar que os cristais formados n˜ao

(32)

permitem a possibilidade de sobreposic¸˜ao devido `as suas caracter´ısticas repulsivas em curtas distˆancias: se a distribuic¸˜ao de cargas de um el´etron A se sobrep˜oe `a de um ´atomo B pr´oximo, este tende a completar os estados j´a ocupados dos el´etrons do pr´oximo ´atomo B, que devido `a natureza fermiˆonica desses elementos serem impedidos de existir no mesmo estado. Isso implica que a sobreposic¸˜ao eletrˆonica aumenta a energia do sistema provocando desestabilizac¸˜ao e aumentando a repuls˜ao entre os ´atomos (KITTEL, 2005).

A configurac¸˜ao eletrˆonica desses ´ıons que constituem um cristal iˆonico ´e similar `a de um g´as nobre. No caso do LiF

Li : 1s22s , F : 1s22s22p5 → Li+ : 1s2, F− : 1s22s22p6

As configurac¸˜oes eletrˆonicas finais do Li+e F−correspondem, respectivamente ´as dos ´atomos de He e Ne. A Figura 4 ilustra as ligac¸˜oes moleculares que foram o cristal de LiF.

Figura 4: Ilustrac¸˜ao da estrutura molecular de um cristal de LiF.

Fonte: Autoria pr´opria

2.1.1 DEFEITOS PONTUAIS EM HALOGENETOS ALCALINOS

Defeitos s˜ao imperfeic¸˜oes na estrutura atˆomica de um cristal, e para estabelecer as diferenc¸as entre eles, ´e conveniente separ´a-los em grupos: o de deslocamento, os defeitos volum´etricos, e os pontuais s˜ao os principais tipos (WYMAN BEALL FOWLER, 1968; BASSANI; GRASSANO, 2000). Os defeitos de deslocamento podem ser caracterizados como imperfeic¸˜oes envolvendo regi˜oes de v´arias ligac¸˜oes covalentes. O grupo de deslocamento, pode ser ramificado em outros dois grupos espec´ıficos. Um deles ´e chamado de defeito de linha,

(33)

definido por filas da estrutura cristalina que apresentam uma disposic¸˜ao anˆomala; o segundo ´e chamado de defeito em plano, que diz respeito `a planos cristalinos que apresentam imperfeic¸˜oes. Os defeitos volum´etricos s˜ao produtos dos aglomerados de diversos defeitos pontuais. H´a ainda outras caracter´ısticas dos materiais que s˜ao relevantes para ocorrer defeitos, entre elas a condutividade el´etrica, colorac¸˜ao, maleabilidade, entre outros fatores.

Os defeitos pontuais correspondem `as imperfeic¸˜oes localizadas em uma regi˜ao com dimens˜oes da ordem de poucos ´atomos, e se distinguem em intr´ınseco e extr´ınseco (KITTEL, 2005). Do primeiro grupo fazem parte as vacˆancias reticulares, tamb´em chamadas de defeitos de Schottkynos quais um ´ıon ou um ´atomo ´e removido de seu lugar no interior do cristal, se alojando na superf´ıcie. Outro defeito intr´ınseco ´e chamado defeito intersticial ou defeito de Frenkel, composto de uma vacˆancia e um ´ıon correspondente, onde o ´ıon se desloca a outra regi˜ao intermedi´aria n˜ao ocupada da estrutura cristalina, deixando uma vacˆancia (BASSANI; GRASSANO, 2000). A Figura 5 mostra uma ilustrac¸˜ao desses dois tipos de defeitos pontuais intr´ınsecos.

Figura 5: ´Ion deslocado a uma regi˜ao intersticial (Frenkel) e ´ıon deslocado `a superf´ıcie (Schottky).

Fonte: Kittel (2005)

Os defeitos extr´ınsecos podem ser identificados na ilustrac¸˜ao da Figura 6, e ocorrem quando ´atomos ou ´ıons s˜ao substitu´ıdos por elementos com camadas de valˆencias diferentes dos presentes no material, mudando a estequiometria do cristal. A neutralidade de carga neste caso ´e reestabelecida com a presenc¸a de defeitos que atraem el´etrons para as lacunas do cristal. Os defeitos intr´ınsecos e extr´ınsecos promovem novos estados entre a banda de valˆencia e de conduc¸˜ao do cristal.

(34)

Figura 6: Diversos tipos de defeitos no interior da matriz cristalina.

Fonte: WYMAN BEALL FOWLER (1968)

Em um cristal real em equil´ıbrio t´ermico existe sempre um certo n´umero de vacˆancias reticulares promovendo um aumento da entropia com a presenc¸a de desordem na estrutura. A probabilidade da existˆencia de uma regi˜ao com vacˆancia ´e proporcional `a constante de Boltzmann kB = 1, 38 × 10−23m2kg s−2K−1. Para o equil´ıbrio t´ermico: P = exp(−Ev/kBT)

onde P ´e a press˜ao sob a qual o cristal ´e submetido, Ev ´e a energia necess´aria para levar um

´atomo da rede cristalina dentro do cristal para a superf´ıcie e T a temperatura. Se N for o n´umero de ´atomos com n vacˆancias em equil´ıbrio, onde n  N (BASSANI; GRASSANO, 2000), ent˜ao n N ∼ = exp  − Ev kBT   (2)

Se Ev ≈ 1 eV , T ≈ 1000 K, ent˜ao n/N ≈ 10−5. Da mesma forma, para temperaturas

baixas a concentrac¸˜ao de vacˆancias cai, j´a para uma variac¸˜ao brusca de temperatura, saindo de um valor alto e sendo resfriado rapidamente, as vacˆancias permanecem fixas nos seus lugares, como que “congeladas” (BASSANI; GRASSANO, 2000).

Nos cristais iˆonicos, ´e energeticamente mais favor´avel manter a neutralidade da carga el´etrica com iguais concentrac¸˜oes de cargas positivas e negativas. Neste caso, no que diz respeito `a concentrac¸˜ao de defeitos do tipo Frenkel no equil´ıbrio, com excec¸˜ao para quando n foi muito menor que o n´umero de vacˆancias reticulares N e do n´umero de defeitos intersticiais N0, o n´umero n de defeitos Schottky pode ser formulado como

(35)

n ∼= √ NN0exp  − El 2kBT   (3)

onde El ´e a energia necess´aria para remover um ´atomo ligado para uma posic¸˜ao intersticial.

Cristais do tipo AH apresentam defeitos do tipo Schottky, que diminuem com a densidade do cristal, que ´e, por sua vez, inversamente proporcional ao seu volume. J´a defeitos de Frenkel n˜ao modificam a densidade e s˜ao mais comuns em halogenetos de prata (BASSANI; GRASSANO, 2000).

2.2 FLUORETO DE L´ITIO

O Fluoreto de L´ıtio ´e um composto halogeneto alcalino de estrutura molecular linear, formado por um ´atomo de l´ıtio e um de fl´uor. Entre os halogenetos alcalinos o LiF ´e um dos materiais mais vers´ateis devido `as suas caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas. Sua estrutura cristalina ´e do tipo isotr´opico com simetria c´ubica de face centrada, e pode ser clivado ao longo do plano {100} e ao longo de {110}. ´E um cristal n˜ao radioativo, diel´etrico, n˜ao higrosc´opico e duro.

As dimens˜oes de raios iˆonicos, referente ao raio do ´atomo ap´os ser ionizado, s˜ao de 0,6 ˚A para Li+ e 1,36 ˚A para F−. Outros parˆametros importantes de serem notados s˜ao: a distˆancia entre os primeiros vizinhos ˆanion-c´ation, igual a 2,013 ˚A; o ponto de fus˜ao do LiF ´e de 842◦C, sendo um dos valores mais baixos em comparac¸˜ao com outros AH. Outra caracter´ıstica not´avel ´e seu ´ındice de refrac¸˜ao de 1,392 em 600 nm, que ´e um dos menores na natureza, assim como a sua banda proibida de aproximadamente 14 eV, sendo assim oticamente transparente entre 120 nm e 6000 nm, com ampla aplicac¸˜ao em janelas ´oticas. Essas e outras caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas do LiF s˜ao listadas na Tabela 1 (PALIK, 1985).

2.3 ESTRUTURAS MOLECULARES DOS CENTROS DE COR

A fluorescˆencia pode ser caracterizada por uma absorc¸˜ao inicial de energia que leva a mol´ecula a um estado eletrˆonico excitado, e ocorre em alguns nano segundos depois da radiac¸˜ao de excitac¸˜ao cessar. A energia absorvida pode ser parcialmente transferida para mol´eculas vizinhas por relaxac¸˜ao vibracional, de forma n˜ao radiativa, chegando at´e o n´ıvel excitado menos energ´etico. Caso as mol´eculas vizinhas n˜ao recebam essa energia remanescente o tempo de vida do estado excitado ´e prolongado, permitindo que a mol´ecula emita a energia excedente em forma de radiac¸˜ao (ATKINS; De Paula, 2006).

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Tabela 1: Principais caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas do LiF.

Fluoreto de L´ıtio

Estrutura reticular fcc

Distˆancia entre primos vizinhos 2,013 ˚A

Peso molecular 25,94 u.m.a

N´umero de mol´eculas por cm3 6,13 X 1022/cm3 Densidade no estado s´olido a T = 25◦C 2,639 g/cm3

Densidade no estado l´ıquido 1,79 g/cm3

Temperatura de fus˜ao 842◦C

Tens˜ao de vapor 10−1Torr

Calor espec´ıfico a T = 10◦C 0,373 cal/g◦C

Dureza Knoop 102-113

Solubilidade a T = 18◦C 0,27 g / 100 g H2O

Coeficiente de expans˜ao t´ermica a T = 0/100◦C 37 ×10−6/◦C Condutibilidade t´ermica a T = 41◦C 270×10−4cal/cm s◦C

´Indice de refrac¸˜ao a λ =650 nm 1,3912

Constante diel´etrica a 25◦C 9,1

Fonte: Palik (1985), Baumeier et al. (2008).

Mol´eculas, de maneira simplificada, consistem em el´etrons e n´ucleos carregados eletricamente que, dentre outras caracter´ısticas, interagem com a oscilac¸˜ao dos campos el´etricos e magn´eticos da luz e absorvem a energia recebida. No entanto, somente com a incidˆencia ou absorc¸˜ao de um f´oton que carrega a quantidade certa de energia ´e poss´ıvel promover a mol´ecula de um n´ıvel discreto de energia para outro. Por exemplo, quando um dos ´atomos de uma mol´ecula absorve a energia necess´aria para fazer a transic¸˜ao do n´ıvel fundamental e o primeiro estado excitado.

A degenerescˆencia (n´umero de estados com a mesma energia) de cada n´ıvel aumenta proporcionalmente com a simetria. Quanto mais sim´etrica for uma mol´ecula, menor o n´umero de diferentes n´ıveis de energia ser˜ao poss´ıveis, e maior sua degenerescˆencia e, consequentemente, mais a degenerescˆencia ser´a associada aos seus estados eletrˆonicos, rotacionais e vibracionais. O estudo da simetria simplifica a an´alise, pois permite determinar os poss´ıveis estados de energia da mol´ecula de forma indireta. Tamb´em permite identificar quais transic¸˜oes entre n´ıveis de energia s˜ao poss´ıveis, de forma que uma mol´ecula somente ir´a absorver uma energia compat´ıvel com dois n´ıveis degenerados se a simetria for compat´ıvel.

Cristais apresentam simetrias espec´ıficas, que quando s˜ao conhecidas propriedades importantes podem ser conhecidas sem a necessidade ou c´alculos. Assim, diversos modelos quˆanticos foram desenvolvidos para descrever suas propriedades ´oticas, el´etricas, t´ermicas, magn´eticas e mecˆanicas. Os propriedades de simetria dos materiais podem ser analisadas pelo

(37)

formalismo denominado teoria de grupos (POWELL, 2010). A movimentac¸˜ao na estrutura cristalina pode ser resolvida como a sobreposic¸˜ao de um n´umero limitado de movimentos fundamentais chamados modos de vibrac¸˜ao nos graus de liberdade em x, y e z. Desta forma, cada n´ıvel normal de vibrac¸˜ao vai formar a base para uma representac¸˜ao irredut´ıvel no grupo de ponto da mol´ecula.

Nesse trabalho ´e tratado sobre a interac¸˜ao da luz vis´ıvel com os defeitos pontuais gerados na estrutura cristalina formada por mol´eculas de LiF, utilizando a notac¸˜ao de Mulliken, descrita em detalhes na Tabela 2, para descrever as transic¸˜oes eletrˆonicas dos centros de cor F2

e F3+. Esta notac¸˜ao ´e apresentada nas tabelas de grupos de ponto, os quais podem ser definidos como colec¸˜oes de operac¸˜oes de simetria que utilizam a notac¸˜ao de Schoenflies (HUHEEY et al., 2006), e indicam comportamentos poss´ıveis das func¸˜oes matem´aticas atreladas `a geometria da mol´ecula, sendo arranjadas em classes para cada representac¸˜ao irredut´ıvel. A dimens˜ao de uma representac¸˜ao irredut´ıvel ´e a dimens˜ao das suas matrizes (HARRIS; BERTOLUCCI, 1989).

Tabela 2: Descric¸˜ao da notac¸˜ao de Mulliken para representac¸˜oes irredut´ıveis de grupos de ponto de mol´eculas.

S´ımbolo Propriedade

A Representac¸˜ao unidimensional, sim´etrica (+1) em relac¸˜ao `a rotac¸˜ao em torno do eixo rotacional principal.

B Representac¸˜ao unidimensional, antissim´etrica (-1) em relac¸˜ao `a rotac¸˜ao em torno do eixo rotacional principal.

E Representac¸˜ao bidimensional. Tamb´em representado como a matriz identidade. (Alem˜ao: entartet para ’Degenerado’)

subscrito 1 Sim´etrica em relac¸˜ao a um plano de espelho vertical perpendicular ao eixo principal

subscrito 2 Antissim´etrica em relac¸˜ao a um plano de espelho vertical perpendicular ao eixo principal

subscritos g, u Identificac¸˜ao da simetria de invers˜ao, isto ´e, o comportamento da func¸˜ao de onda quando ´e invertida atrav´es do centro da mol´ecula (o centro de invers˜ao). (g para sim´etrico (Alem˜ao: gerade para ’Par’), u para antissim´etrico (Alem˜ao: ungerade para ’´Impar’), na invers˜ao no centro)

mA,mB,mE S´ımbolos de esp´ecies para estados eletrˆonicos ou vibrˆonicos de

mol´eculas n˜ao lineares (m = 2S + 1); tamb´em para ´atomos em cristais. Para S=0 caracteriza singleto, e S=1 para tripletos

E∗ Representac¸˜ao para componentes imagin´arias.

Fonte: Mulliken (1955, 1956), Powell (2010), Atkins e De Paula (2006), Huheey et al. (2006)

2.3.1 CENTROS DE COR EM FLUORETO DE L´ITIO

A formac¸˜ao de defeitos na estrutura atˆomica de cristais pode ser produzida quando submetidos a raios-γ, feixes de el´etrons de alta energia, feixes de pr´otons ou raios-X. Tamb´em

(38)

s˜ao formados pela introduc¸˜ao de excesso de ´ıons met´alicos, e por eletr´olise.

A carga de uma vacˆancia iˆonica negativa pode ser balanceada por uma vacˆancia iˆonica positiva. Mas tamb´em pode ser balanceada por uma ligac¸˜ao com um el´etron, atra´ıdo pelo centro carregado positivamente, onde o ´ıon negativo deveria estar. Um defeito na estrutura eletrˆonica que absorve luz no comprimento de onda do vis´ıvel ´e um centro de cor, j´a que concede cor a um cristal que, de outra forma seria incolor.

O centro de cor mais simples ´e o centro F, constitu´ıdo de um el´etron agregado a uma vacˆancia aniˆonica, conforme ilustrac¸˜ao na Figura 7. Um centro F pode se agregar com outro do mesmo tipo e uma vacˆancia aniˆonica formando defeitos intr´ınsecos F2e F3+ segundo o seguinte

processo

Figura 7: Ilustrac¸˜ao demonstrando vacˆancias aniˆonicas e catiˆonicas que podem estar presentes em alguns centros de cor.

Fonte: Autoria Pr´opria

• F + F → F2

• F2+ vacˆancia aniˆonica → F3+

Se um centro F se liga com uma impureza catiˆonica, duas impurezas catiˆonicas ou uma impureza aniˆonica, se formam centros extr´ınsecos FA, FBe FH, respectivamente

(39)

• F + impureza catiˆonica → FA

• F + duas impurezas catiˆonicas → FB

• F + impureza aniˆonica → FH

Em geral, a formac¸˜ao de centros neutros como F2 e F3 ´e precedida pela formac¸˜ao de

centros ionizados (NAHUM, 1967; NAHUM; WIEGAND, 1967). Os centros F2+ se formam quando um centro F se liga a uma vacˆancia aniˆonica α que se difunde no cristal: α + F → F2+. A formac¸˜ao do centro F2se d´a mediante o processo

• F2++ e−→ F2,

caso existam el´etrons livres ( e−). O centro F3+pode se formar dos seguintes processos:

• α + F2→ F3+,

• F + F2+→ F3+.

Na presenc¸a de excesso de el´etrons que possam se ligar ao centro F3+, ocorre a mudanc¸a para centros de cor F3pelo processo

• F3++ e−→ F3.

Essa reac¸˜ao ocorre espontaneamente (NAHUM, 1967). Os centros ionizados F3+ e F2+ podem se transformar em F3− e F2− com a captura de dois el´etrons respectivamente, mas ocorrem em menor quantidade devido `a baixa probabilidade de capturar dois el´etrons. Centros F4 ocorrem a partir da uni˜ao de um centro F3+ com um centro F e captura de um el´etron, e

ocorre em altas temperaturas.

Apesar de o LiF e suas propriedades espectrosc´opicas estarem sendo estudadas por muitos anos (NAHUM, 1967), suas propriedades ainda n˜ao s˜ao totalmente conhecidas (REALE et al., 2008) como a sobreposic¸˜ao de bandas de absorc¸˜ao e emiss˜ao associados aos diversos centros de cor, se tornando dif´ıcil a identificac¸˜ao das bandas e suas contribuic¸˜oes. Algumas bandas s˜ao ilustradas na Figura 8.

A Tabela 3 apresenta, para cada centro de cor que podem ser encontrados em LiF, a energia de pico de absorc¸˜ao e de emiss˜ao, respectivamente Eae Ee e FWHM a largura a meia

(40)

Figura 8: Bandas de absorc¸˜ao e emiss˜ao de alguns centros de cor em LiF a temperatura ambiente, ´e poss´ıvel observar o Stokes deslocamento.

Fonte: Baldacchini (2002)

altura da respectiva banda. As principais bandas de absorc¸˜ao para o CC F3+ s˜ao as R1e R2. J´a

as bandas de absorc¸˜ao N1e N1est˜ao relacionados aos CCs F4.

Os ´ındices nos valores apresentados s˜ao referˆencias dos valores: aRef (HUGHES et al., 1967) , bRef (BALDACCHINI et al., 2000b), cRef (BALDACCHINI et al., 2001; TER-MIKIRTYCHEV; TSUBOI, 1996) ,dRef (PEREZ et al., 1976; BALDACCHINI et al., 2000b),

eRef (MONTECCHI et al., 1999), fRef (NAHUM, 1967),gRef (BALDACCHINI et al., 2000b;

TER-MIKIRTYCHEV; TSUBOI, 1997) .

Os centros listados s˜ao associados `a banda de absorc¸˜ao centrada em 248 nm, chamada banda F, enquanto a banda M ´e centrada em 450 nm e ´e atribu´ıda a sobreposic¸˜ao das contribuic¸˜oes dos centros agregados F3+ e F2, onde os parˆametros ligados das bandas de

absorc¸˜ao e emiss˜ao s˜ao obtidos com medic¸˜ao de absorc¸˜ao e fotoluminescˆencia.

2.3.2 CENTRO F

O centro de cor F ´e o defeito eletrˆonico mais simples (BASSANI; GRASSANO, 2000; KITTEL, 2005). ´E definido como uma vacˆancia de um ´ıon positivo que se liga a um el´etron por atrac¸˜ao Coulombiana, formando um sistema hidrogen´oide. A Figura 9 esquematiza a estrutura geom´etrica de um centro F no cristal.

(41)

Tabela 3: Caracter´ısticas espectrosc´opicas dos CCs em LiF. Centro Ea(eV) λa(nm) HWa (eV) Ee(eV) λe(nm) HWe(eV) F 5.00a 248 0.76a F2 2.79b 444 0.16b 1.83b 678 0.36b F3+ 2.77b 448 0.29b 2.29b 541 0.31b F2+ 1.92c 645 0.433c 1.36c 912 0.29c F2− 1.29c 960 0.21c 1.11c 1117 0.17c F3(R1) 3.92d 316 0.52e 1.94d 640 F3(R2) 3.31d 374 0.66e 2.34d 530 F3−  R01  1.88d 660 F3−R02 1.55d 880 0.190d 1.38d 898 0.331d F4(N1) 2.40f 517 0.21e F4(N2) 2.26f 549 0.22e F4- like 1.91g 648 0.19g 1.69g 735 0.16g

Fonte: Diversos autores

Figura 9: Estrutura reticular do centro F.

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