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Avaliação ergonômica aplicada à area de logística operacional com o suporte da ferramenta NIOSH by OCRA

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Academic year: 2021

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PAULA CAROLINA POLAKOSKI

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA APLICADA À AREA DE LOGÍSTICA OPERACIONAL COM O SUPORTE DA FERRAMENTA NIOSH BY OCRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2015

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AVALIAÇÃO ERGONÔMICA APLICADA À AREA DE LOGÍSTICA OPERACIONAL COM O SUPORTE DA FERRAMENTA NIOSH BY OCRA

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de Bacharelado em Educação Física, do Departamento Acadêmico de Educação Física – DAEFI – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Educação Física.

Orientadora: Prof. Dra. Leandra Ulbritcht Co-orientadora: Esp. Daiane Bortoluzzi

CURITIBA 2015

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“Seja como for a grandiosa Revolução Humana de uma única pessoa, irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país, e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.

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Durante esta caminhada, algumas pessoas tiveram fundamental importância para que meu trabalho de conclusão de curso e Bacharelado fossem concluídos. Entre tantos, não posso deixar de agradecer á:

Meus pais, Maria Inez e José Luiz, por todo o apoio e amor incondicional que só pais sabem dar.

Meus irmãos, Bruno, Mayra e Evelyn e minha tia Denise, pelo carinho, paciência e conselhos.

Minhas sobrinhas Marcela e Maria Luisa, pela bagunça, alegria, carinho, descontração e brincadeiras.

Meus professores e mestres, em especial minha orientadora, professora Leandra Ulbricht, pelas lições, interesse, ensinamentos e paciência.

Minha co-orientadora, ergonomista Daiane Bortoluzzi, pelo conhecimento aplicado ao software utilizado na pesquisa, bom humor e disponibilidade.

Meus colegas de faculdade, em especial Marilys Boçon, Michelle Varea de Paula e Caroline Z. França, por serem amigas para a vida, as mais importantes desta caminhada.

Meu amigo Marcelo Conselvan, pelo auxílio na estatística e abstract. Meus colegas de trabalho, fisioterapeuta Tatiana Carvalho, ergonomista Rafaela Ader, engenheiro químico Laércio Zgoda e enfermeira Cariolândia Soares Viana, pelo aprendizado diário e oportunidade de crescimento profissional e pessoal.

A todos que acreditaram,

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POLAKOSKI, Paula C. Avaliação Ergonômica aplicada à área de logística operacional com o suporte da ferramenta NIOSH by OCRA, 2015. 71fl. Projeto de monografia (Trabalho de Conclusão de Curso). Departamento de Educação Física. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015. O aumento no número de trabalhadores afastados de suas atividades laborais devido às doenças músculo esqueléticas, cujos fatores desencadeantes são desconformidades ergonômicas em seus locais de trabalho provocam enorme impacto sobre a saúde pública. Esta pesquisa tem como objetivo analisar as condições de trabalho dos operadores de trem de abastecimento de uma empresa do ramo automotivo. A metodologia utilizada foi a da pesquisa de caráter descritivo. Para mensurar a percepção subjetiva de esforço da ótica do operador, nível de cansaço após a jornada e relação de possível DORT entre os funcionários, foi utilizado questionário aprovado pelo comitê de ética desta instituição. Também foi utilizado o método NIOSH by OCRA, para realizar a análise ergonômica dos postos de trabalho e tabulação dos dados. Como principais resultados foram detectadas condições inadequadas de trabalho como peso excessivo de referências, alta freqüência de repetições, distâncias verticais e horizontais de pega inadequadas. Verificou-se também que estas condições possuem relação com as queixas dos operadores. Este resultado foi classificado pelo software como “condição crítica para o trabalhador”, necessitando de melhorias imediatas no posto de trabalho. Para a adequação destas irregularidades foram listadas prescrições como a necessidade de alterar altura de prateleiras e trilogics; não ultrapassar o peso máximo de 12 kg por referência e implantar rodízio entre funções. Desta forma, a análise ergonômica realizada pode auxiliar na prevenção de futuros casos de DORT entre os operadores de trem de abastecimento desta empresa.

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operating with the support of NIOSH by OCRA tool, 2015. 71pg. Project monograph (Completion of course Work). Department of Physical Education. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015.

The increase in the number of employees away from their work activities due to musculoskeletal diseases, whose triggers are nonconformities ergonomic in their workplaces cause huge impact on health public. This research aims to analyze the working conditions of supply train operators of an automotive company. The methodology used was the descriptive research. To measure perceived exertion optical operator, level of tiredness after the journey and MSDs relationship among employees, it used questionnaire approved by the committee ethics of the institution. It was also used by the NIOSH by OCRA method to perform ergonomic analysis of workstations and data tabulation. As primary outcomes were detected inadequate working conditions as weight excessive references, high-frequency vertical and horizontal distances handle inadequate. It was found that these conditions are related to the complaints of operators. This result was classified by the software as "critical condition for worker", requiring immediate improvements in the workplace. To the these irregularities suitability requirements are listed as the need to change height of shelves and trilogics; not exceed the maximum weight of 12 kg reference and deploy rotation between functions. Thus, the ergonomic analysis held can help prevent future cases of MSDs among operators supply train of this company.

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Figura 01: Somatória dos efeitos da fadiga e necessária recuperação...

Figura 02: Variáveis consideradas na equação NIOSH... 31

Figura 03: Keys Enter parte I... 33

Figura 04: Keys Enter parte II... 34

Figura 05: Keys Enter parte III... 34

Figura 06: Dados de Produção... 35

Figura 07: Organização parte I... 36

Figura 08: Organização parte II... 36

Figura 09: Descrição do posto... 37

Figura 10: LI parte I... 38

Figura 11: LI parte II... 38

Figura 12: Idade dos colaboradores... 43

Figura 13: Tempo de trabalho do operador na empresa... 44

Figura 14: Tempo de trabalho do operador na área de logística... 44

Figura 15: Tempo de trabalho do operador na função “operador de trem de abastecimento”... 44

Figura 16: Identificação da intensidade dos sintomas relacionados ao fim da jornada de trabalho... 46

Figura 17: Sintomas relacionados ao fim da jornada de trabalho – escore vs percepção... 46

Figura 18: Sintomas relacionados ao fim da jornada de trabalho – escore vs intensidade... 48

Figura 19: Área de logística – abastecimento... 49

Figura 20: Área de logística – abastecimento... 49

Figura 21: Trem de abastecimento... 50

Figura 22: Mapa de Riscos Ambientais... 53

Figura 23: Risk Assessment – condições entre mercado logístico e trem de abastecimento... 54

Figura 24: Risk Assessment – condições entre trem de abastecimento e linha de produção... 55

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1 INTRODUÇÃO... 10 1.1 JUSTIFICATIVA... 12 1.2 QUESTÃO DE PESQUISA... 12 1.3 OBJETIVO GERAL... 12 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 14 2.1 ERGONOMIA... 14 2.2 BIOMECÂNICA... 17

2.2.1 Trabalho Estático e Trabalho Dinâmico... 18

2.2.2 Posturas Corporais... 19

2.3 SOBRECARGA E FADIGA... 20

2.3.1 Definição de Cargas... 24

2.4 ANTROPOMETRIA... 27

2.5 MÉTODO NIOSH BY OCRA... 29

2.6 AMBIENTE LOGÍSTICO... 38 3 METODOLOGIA DE PESQUISA... 41 3.1 TIPO DE ESTUDO... 41 3.2 PARTICIPANTES... 41 3.2.1 Critérios de Inclusão... 41 3.2.2 Critérios de Exclusão... 41 3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS... 41 3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS... 42

3.5 ANÁLISE DOS DADOS... 42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 43

4.1 AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRABALHO... 48

4.1.3 NIOSH by OCRA... 50

4.2 DIAGNÓSTICO... 53

4.3 RECOMENDAÇÕES... 56

5. CONCLUSÃO... 59

REFERÊNCIAS... 60

ANEXO A – Autorização para Realização da Pesquisa... 65

ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 66

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1. INTRODUÇÃO

A ergonomia desenvolve uma abordagem holística do homem, onde este é apresentado simultaneamente em suas dimensões fisiológicas, cognitivas e sociais. As condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência são eliminadas adaptando-se às capacidades e limitações físicas e psicológicas do homem e assim, evitando o surgimento de lesões crônicas que podem ser causadas devido a esforços, movimentos repetitivos ou qualquer outro fator diretamente ligado ao desempenho da função de cada trabalhador (FALZON, 2007. DUL; WEERDMEESTER, 2004). Assim, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA - The International Ergonomics Association), definiu oficialmenteque:

A ergonomia é uma disciplina científica responsável pelo entendimento da interação entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e a aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de aperfeiçoar o bem estar humano e o desempenho global do sistema (ABERGO, 2014, s.p.).

Conhecimentos de diversas áreassão empregados na criação desses métodos para adaptar o ambiente ao trabalhador, entre eles: antropometria, biomecânica, fisiologia e psicologia (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Segundo o Ministério da Previdência Social, no Brasil (BRASIL, 2011) foram registrados 711.164 acidentes e doenças do trabalho, entre os trabalhadores assegurados da Previdência Social (que não inclui os trabalhadores autônomos e empregados domésticos). Estes eventos provocam enorme impacto social, econômico e sobre a saúde pública no Brasil. Entre esses registros contabilizou-se 15.083 doenças relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e doenças tiveram como consequência o afastamento das atividades de 611.576 trabalhadores devido à incapacidade temporária (309.631 até 15 dias e 301.945 com tempo de afastamento superior a 15 dias), 14.811 trabalhadores por incapacidade permanente, e o óbito de 2.884 cidadãos.

Em virtude deste quadro, que gera uma enorme queda na produtividade das empresas, o mundo corporativo tem se preocupado cada vez mais com a saúde do trabalhador, e isso é comprovado quando a empresa assume o

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compromisso com a diminuição de riscos à saúde e segurança ocupacional de seus colaboradores. A criação de certificações voltadas à excelência de produção aliada com as boas práticas voltadas à saúde laboral faz com que os olhos dos empresários se voltem mais para questões sustentáveis dentro das empresas, além de abrir mais portas (nacionais e internacionais) para as mesmas (PINTO; SILVA; VIEIRA, 2014).

As novas exigências da produção industrial e as inovações tecnológicas advindas da Revolução Industrial causaram uma grande mudança na forma do trabalhador exercer sua função e consequentemente trouxeram um aumento nos casos de distúrbios ocupacionais, entre elesos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), sendo aspectos físicos, psicológicos, sociais, biomecânicos, de organização no posto de trabalho são os principais fatores que podem desencadeá-los. Eles caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, geralmente nos membros superiores, tais como dor, sensação de peso e fadiga, e abrangem quadros clínicos do sistema musculoesquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008; COUTO, 1995; BRASIL, 2014).

Assim, uma das aplicações da ergonomia seria em ações que buscam evitar o surgimento desses distúrbios adequando às atividades realizadas pelos indivíduos durante sua jornada de trabalho, melhorando a segurança, o conforto e a eficiência no trabalho (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Oliveira (1998) sugere ainda que os programas de prevenção das DORT devem buscar o aprimoramento das condições ergonômicas dos ambientes de trabalho, onde saúde e segurança neste ambiente podem ser considerados como fatores que influenciam nessa prevenção.

Um dos trabalhos que pode ser afetado por DORT é a função de operador logístico, geralmente realizado na posição em pé, pois conta com frequentes deslocamentos no local de trabalho e com aplicação de grandes forças (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Assim, o objetivo deste estudo é o de analisar as condições de trabalho dos operadores de trem de abastecimento de uma empresa do ramo automotivo.

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1.1 JUSTIFICATIVA

No Brasil, em 2006, 48,2% dos benefícios previdenciários por doença do trabalho foram concedidos por causa das DORT. Em decorrência da importante carga de incapacidade gerada, esses agravos causam expressivo impacto social e econômico, representado por baixa qualidade de vida dos trabalhadores incapacitados, perda de produtividade, dias de trabalho perdidos, custos com assistência médica e pagamentos de compensação previdenciária (SOUZA; SANTANA, 2011).

Na empresa avaliada, nos dois primeiros meses de 2014 houve quatro queixas informais e uma formal – gerando dois dias de trabalho perdidos – de funcionários do setor de logística de abastecimento relacionados à distúrbios osteomusculares. Por ocasião da finalização deste estudo em junho de 2015, não existiam trabalhadores deste setor afastados em razão de qualquer enfermidade. A empresa selecionada possui equipe de ergonomistas e realiza análises ergonômicas dos postos de trabalho. Entretanto, os estudos referentes à área de logística estão em fase de pesquisa, ainda não concluídos.

Em vista disso torna-se relevante identificar e discutir os principais pontos de sobrecargas musculoesqueléticas relacionadas ao cargo de operador logístico de trem de abastecimento, para que possam ser elaboradas prescrições para melhorias neste posto de trabalho, caso sejam observadas não conformidades, possibilitando ao ergonomista responsável pela área, instruir os operadores quanto às boas práticas de postura, adequação das cargas e outras condições de trabalho que apresentarem discrepâncias quanto ao método NIOSH by OCRA.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

As condições ergonômicas da área de logística da empresa selecionada para o estudo estão adequadas segundo o método NIOSH by OCRA?

1.3 OBJETIVO GERAL

Analisar as condições de trabalho dos operadores de trem de abastecimento de uma empresa do ramo automotivo.

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1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Pesquisar a percepção de esforço do operador de trem de abastecimento;

• Avaliar o peso e condições de pega a serem manipuladas no transporte manual de cargas;

• Identificar as principais queixas relacionadas á realização do trabalho sob a ótica dos operadores;

• Avaliar os riscos ergonômicos e de lesões musculoesqueléticas a partir da correlação entre os dados e medidas obtidos com o método NIOSH by OCRA.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ERGONOMIA

A Associação Internacional de Ergonomia (1998, apud RIO; PIRES, 2001) define que ergonomia é ao mesmo tempo a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios dados e métodos, e projetos que visam aperfeiçoar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. Wilson (1995, apud RIO; PIRES, 2001) define ainda que ergonomia é o que diz respeito ao design para uso humano.

A ergonomia contribui para melhorar a eficiência, a confiabilidade e a qualidade das operações industriais. Isso pode ser feito basicamente por três vias: aperfeiçoamento do sistema homem-máquina-ambiente (que pode ocorrer tanto na fase de projeto de máquinas, equipamentos e postos de trabalho como na modificação em sistemas já existentes, adaptando-os à capacidade e limitações do organismo humano), organização do trabalho (procurando reduzir fadiga e monotonia principalmente pela eliminação de ritmos mecânicos e falta de tomada de decisões imposta ao operador) e melhoria nas condições ambientais de trabalho (IIDA, 2005).

Falzon (2007) considera que existem três áreas de especialização na ergonomia: a física, a cognitiva e a organizacional. A ergonomia física trata da anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica relacionando o homem com a atividade física, sendo as posturas de trabalho, a manipulação de objetos, os movimentos repetitivos, os problemas osteomusculares entre outros os principais temas estudados por ela. A ergonomia cognitiva estuda o raciocínio, a memória e as respostas motoras relacionando todos os componentes de um sistema com o indivíduo, sendo seus principais focos de estudo as tomadas de decisões, as cargas mentais e o estresse profissional. Já a ergonomia organizacional busca aperfeiçoar sistemas de trabalho, tendo como foco a comunicação, a concepção e os horários do trabalho e as organizações virtuais.

Wisner (1987) define cinco formas básicas da ergonomia, sendo elas a ergonomia do produto (voltada para a concepção do produto ergonomicamente

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adequado para a utilização de seus usuários), a ergonomia da produção (aplicada aos processos produtivos, ao estudo do trabalho em ação), ergonomia de correção (visa a correção de inadequações ergonômicas existentes nos meios e processos de trabalho), ergonomia de concepção (atua na concepção de produtos e processos do trabalho, visando sua concepção de acordo com os conhecimentos ergonômicos) e a ergonomia de mudança (relaciona-se a um processo ergonômico contínuo numa organização).

Como teoria tecnológica substantiva, a ergonomia busca por meio de pesquisas descritivas e experimentais, sobre limiares, limites e capacidades humanas (a partir de dados da fisiologia, neurofisiologia, psicofisiologia, psicopatologia, biomecânica, anatomia e antropometria) fornecer bases racionais e empíricas para adaptar ao homem bens de consumo e de capital, meios e métodos de trabalho, planejamento, programação e controle, processos de produção e sistemas de informação. Tais conflitos se expressam através de custos humanos do trabalho para o operador – fadiga, doenças profissionais, lesões temporárias ou permanentes, mutilações, mortes – e de acidentes, incidentes, erros excessivos, paradas não controladas, lentidão e outros problemas de desempenho, assim como danos e má conservação das máquinas e equipamentos, que acarretam decréscimos na produção, desperdício de matérias primas, baixa qualidade dos produtos – o que acaba por comprometer a produtividade e a qualidade do sistema homem-máquina (MORAES; MONT’ALVÃO, 2009).

A saúde é condição primordial para o desempenho e a produtividade ótimos, onde fatores como motivação treinamento e comprometimento compõem junto com a mesma o conjunto de condições que permite às pessoas tornarem o trabalho um diferencial competitivo da mais alta importância estratégica para as organizações (RIO; PIRES, 2001).

O bem estar e a saúde dos colaboradores que integram as organizações devem ser encarados como um fator diferenciado para a obtenção de melhores resultados de produtividade das empresas, onde a aplicação de metodologias laborais tem o objetivo de reduzir a ocorrência de doenças relacionadas ao trabalho. A prevalência de doenças musculoesqueléticas entre trabalhadores é alta, e estudos recentes apontam uma tendência de crescimento deste tipo de

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enfermidade entre os colaboradores da empresa, fazendo com que estudos na área da ergonomia sejam relevantes para diminuir estes índices (ESTEVES et al, 2014a. ESTEVES et al, 2014b).

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um meio que visa melhorar as condições de trabalho focadas na saúde dos trabalhadores, aplicando os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho. Foi criada na França e representa um exemplo de ergonomia de correção. A mesma divide-se em cinco etapas: análise da demanda, análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações (GUÉRIN et al, 2001).

Ela atua como um processo de descrição de todas as fases de trabalho que visa comparar a diferença entre o que é prescrito e o que realmente é executado, resultando em recomendações que irão melhorar o conforto e produtividade do trabalhador (MARTINS, 2005).

Neste processo são analisadas as tarefas e as atividades do indivíduo, que são classificadas como o que é prescrito pela empresa para o trabalhador realizar o objetivo e o que de fato é feito pelo trabalhador para atingir o objetivo de sua tarefa, então chamada de atividade (FALZON, 2007).

Grandjean (1998, p.56) preconiza que a investigação ergonômica deve seguir os seguintes objetivos:

• Ajustar as exigências do trabalho às possibilidades do homem, com o fim de reduzir a carga externa.

• Conceber as máquinas, os equipamentos e as instalações pensando na maior eficácia, precisão e segurança.

• Estudar cuidadosamente a configuração dos postos de trabalho, com o intuito de assegurar ao trabalhador uma postura correta. • Adaptar o ambiente (iluminação, ruído, etc.) às necessidades físicas

do homem.

A relevância das questões referentes à saúde do trabalhador por meio da ergonomia fez com que surgisse no Brasil a Norma Regulamentadora 17 (NR17). Essa norma caracteriza os aspectos que devem ser visualizados em

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uma AET para que esta seja mais bem utilizada na promoção de saúde e segurança dos trabalhadores, contribuindo com a produtividade da empresa e adaptando os postos de trabalho à características psicofisiológicas dos colaboradores que nele executam suas tarefas (BRASIL, 2002; MONTEIRO et al, 2014).

No Brasil, as empresas estão abarcando a ergonomia com grande ênfase para, além de facilitar a interação entre o homem e o trabalho, permitir que o ambiente de trabalho seja favorável à execução das tarefas e benéfico aos colaboradores. Porém, fica evidenciado que as empresas muitas vezes investem em práticas ergonômicas sem considerar o ambiente de trabalho, não realizando uma intervenção ergonômica adequada e sem avaliar as dores e queixas dos funcionários, o que limita estas práticas a meros redutores do problema, não produzindo a solução do mesmo. Melhorar as condições de saúde e segurança ocupacional proporciona aumento na produtividade dos trabalhadores e contribui para a diminuição do custo final dos produtos e serviços em razão do decréscimo significativo em números relacionados à doenças ocupacionais e acidentes de trabalho (MARQUES et al, 2010; FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008; PINTO; SILVA; VIEIRA, 2014).

2.2 BIOMECÂNICA

A biomecânica é a ciência que estuda o movimento humano através da análise da física dos sistemas biológicos (BAUER, 1999). Amadio e Barbanti (2000) ensinam que a biomecânica pode ser dividida em forças internas e externas, sendo as forças internas compostas pelas forças musculares, articulares e outras forças; enquanto que as forças externas constituem-se da força da gravidade, da força de reação no solo e outras. Os autores explicam que as forças internas relacionam-se com o ato motor e com as cargas mecânicas executadas pelos membros inferiores, representados pelo estresse, resultando no desenvolvimento e crescimento das estruturas do corpo, onde o conhecimento das forças internas torna-se necessário para o aperfeiçoamento da técnica de movimento, assim como, na determinação de cargas excessivas

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durante as atividades físicas em esportes de alto nível ou em atividades laborais do cotidiano.

Partindo destes princípios, as funções do sistema osteomuscular do ser humano podem ser interpretadas como um sistema de alavanca: o segmento rígido é o osso, o ponto de apoio é a articulação, a potência é exercida pelos músculos e a resistência é o peso do segmento corpóreo, ou mesmo um peso que esteja sendo levantado (COUTO, 1995). Ainda segundo o autor, o tipo de alavanca mais frequentemente encontrada no corpo humano é a alavanca interpotente, onde a potência é exercida entre a resistência e o fulcro, e o braço de potência é sempre menor que o braço de resistência, fazendo com que a força necessária para mover a alavanca seja sempre maior que o valor da resistência. Apesar da desvantagem representada pela necessidade de fazer maior força do que o peso do objeto, essa alavanca apresenta a vantagem de poder trabalhar com velocidade e de obter ângulos de flexão amplos com pequena contração muscular.

A segunda alavanca citada por Couto (1995) é a alavanca interfixa, cujo ponto de apoio está localizado entre a potência e a resistência, fazendo com que fisiologicamente esta alavanca esteja relacionada ao equilíbrio.

A terceira e última alavanca citada por Couto (1995) é a inter-resistente, onde a resistência localiza-se entre a potência e o fulcro, e o braço de resistência é maior que o braço de potência, sendo que a força necessária para vencer a resistência é sempre menor do que o valor da potência. Este tipo de alavanca praticamente não é encontrado no corpo humano, mas é o aplicado em carrinhos de mão para transporte de cargas.

Segundo Iida (2005), para cada movimento realizado por este sistema de alavancas, há pelo menos dois músculos que trabalham antagonicamente (quando um se contrai, outro distende), sendo que para evitarmos movimentos bruscos, a contração e distensão do par de músculos devem ocorrer de forma coordenada, de modo que um vá contraindo e outro se distendendo.

2.2.1 Trabalho estático e trabalho dinâmico

No trabalho estático não há relaxamento da musculatura, onde os músculos permanecem em estado de tensão. Não há, portanto, a possibilidade

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de expressão deste trabalho em termos do produto do encurtamento muscular pela força desenvolvida. O aporte sanguíneo é desfavorável em função da ausência de períodos alternados de relaxamento muscular e da ação bombeadora dos músculos em atividade rítmica (RIO; PIRES, 2001). Um trabalho estático com aplicação de 50% da força máxima pode durar no máximo 1 minuto, enquanto as aplicações com menos de 20% da força máxima permitem manter as contrações musculares estáticas durante um tempo maior (IIDA, 2005).

O trabalho dinâmico caracteriza-se por sequências alternadas de contração e relaxamento muscular, sendo que neste caso o trabalho dos músculos pode ser descrito em termos do produto de encurtamento dos músculos pela força desenvolvida. O aporte sanguíneo é bastante favorável para a musculatura, não apenas pela facilidade de fluxo durante a relaxamento, como pela ação rítmica de bombeamento sanguíneo exercida pelos músculos em atividade (RIO; PIRES, 2001).

Iida complementa estas definições dizendo que:

Portanto, o trabalho estático, sendo altamente fatigante, deve ser evitado sempre que possível. Quando isso não for possível, deve ser

aliviado, permitindo mudanças de postura, melhorando o

posicionamento das peças e ferramentas ou providenciando-se apoios para partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas nos músculos. Em fábricas, podem ser tomadas vários tipos de providências, como o uso de carrinhos para substituir o transporte manual de cargas (IIDA, 2005, p. 70).

2.2.2 Posturas corporais

Postura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros no espaço (IIDA, 2005). As posturas adotadas pelas pessoas na vida cotidiana, no trabalho e fora dele podem produzir cargas adequadas para a manutenção da saúde do sistema musculoesquelético, ou podem ser excessivas ou mesmo insuficientes, levando a distúrbios neste sistema (RIO; PIRES, 2001).

Existe certo tipo de postura que pode ser considerado mais adequado para cada tipo de tarefa. Muitas vezes projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas

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inadequadas. Se estas forem mantidas por um longo tempo podem provocar fortes dores localizadas no conjunto de músculos solicitados na conservação dessas posturas (IIDA, 2005).

Rio e Pires descrevem:

A postura principal (ou postura base) é aquela adotada pelo indivíduo durante a execução de suas atividades, sendo determinada pelas exigências das atividades e pelo desenho do posto de trabalho. Existem também as posturas secundárias, que as pessoas utilizam para variar as exigências musculoesqueléticas (às vezes inconscientemente). A flexibilidade postural permite ao sistema musculoesquelético variar as posturas corporais, alternando os focos de exigência ao mesmo tempo em que propicia mobilidade para esse sistema (Rio; Pires, 2001, p. 30).

A posição em pé apresenta vantagem de proporcionar grande mobilidade corporal, facilitando o uso dinâmico de braços, pernas e tronco. Porém, os autores ressaltam que a posição parada em pé é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter a posição, apesar de o corpo não ficar totalmente estático e sim oscilando, exigindo frequentes reposicionamentos e dificultando a realização de movimentos precisos. Neste caso, o coração encontra maior resistência para bombear o sangue para extremos do corpo e o consumo de energia torna-se elevado.

Já a posição sentada possui menor mobilidade articular, impondo carga biomecânica significativa sobre os discos intervertebrais. A carga estática sobre certos segmentos corporais, caso seja prolongada e associada à inércia musculo ligamentar pode produzir fadiga e dificultar a circulação sanguínea em membros inferiores (IIDA, 2005, RIO; PIRES, 2001).

A mudança de postura durante o trabalho é de grande importância para a saúde do sistema musculoesquelético, possibilitando variação do uso de articulações e segmentos musculo ligamentares, além da redução de cargas estáticas (RIO; PIRES, 2001).

2.3 SOBRECARGA E FADIGA

Pode-se definir sobrecarga como o excesso de esforço empregado para realizar determinada ação, seja ele físico, cognitivo ou mental, e sua análise

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consiste em avaliar os constrangimentos que a atividade gera no trabalhador. Quando há sobrecarga ativa durante a atividade laboral, as DORT estão mais suscetíveis a aparecer (FALZON, 2007).

A sobrecarga pode ser constatada por meio da fadiga. A mesma é definida por Pinheiro e França (2006, p. 4) como:

A consequência de trabalhos ininterruptos, com carga acima do normal, que causa enfraquecimento à um órgão ou organismo e, consequentemente, uma redução radical do rendimento e aumento da fadiga de um trabalhador (PINHEIRO; FRANÇA, 2006, p. 4) Grandjean (1998, p. 135) cita ainda que “quando a sobrecarga está presente na rotina diária do trabalhador, a mesma pode gerar perda de motivação para a realização de atividades”.

Quando a fadiga está constantemente presente na rotina do indivíduo, o mesmo fica suscetível a desenvolver uma fadiga crônica, trazendo agravos à saúde (FALZON, 2007). A fadiga crônica tem como principais sintomas: dores de cabeça, irritabilidade fácil, tonturas, sudoreses súbitas, perda do apetite, sensação de desgosto, sensação de cansaço, relutância em trabalhar, alterações no sistema digestivo e dores musculares. (COUTO, 1995).

Os principais fatores que podem ocasionar o aparecimento da fadiga crônica (e consequentemente sobrecarga) são: a intensidade e duração do trabalho físico e mental, condições ambientais (luz, ruído e clima), alteração no ritmo circadiano pelo trabalho em turnos (noite/dia) e doenças e/ou dores (GRANDJEAN, 1998). A fadiga é um sinal de alerta o qual indica que está havendo uma sobrecarga sobre o trabalho físico ou intelectual, de acordo com a figura 01 (PINHEIRO; FRANÇA, 2006).

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Figura 01: Somatória dos efeitos da fadiga e necessária recuperação.

Fonte: Grandjean (1998, p. 142)

Couto (1995) expõe alguns fatores que tendem a causar sobrecargas físicas e fadiga: posturas inadequadas, posição inadequada dos membros, sustentação de cargas, manuseio, movimentação e levantamento de cargas, contrações isométricas mantidas por muito tempo contra pequena resistência, entre outros.

O aumento na duração do trabalho, na carga de trabalho ou a manutenção postural por muito tempo podem comprometer a musculatura. Uma atividade muscular muito intensa acarreta um desequilíbriometabólico e consequentemente oesgotamento das reservas de energia, contudo se essa atividade não superar certo limite, o esgotamento pode ser revertido apósperíodo de descanso. Esses intervalos devem ser feitos tanto durante a jornada de trabalho quanto o repouso diário, feito após o término da mesma e durante as horas de sono. Essa recuperação deve ser dosada de maneira suficiente, pois um tempo de repouso inadequado tornará a fadiga acumulativa e com o decorrer do tempo ela irá se transformar em um problema crônico. O resultado da predisposição aumentada às doenças é o aumento do

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absenteísmo, principalmente aquele de pequenos períodos, deixando evidente que a causa é a necessidadeimediata de repouso (PINHEIRO; FRANÇA, 2006; GRANDJEAN, 1998).

Os problemas, distúrbios, dores e lesões gerados pela sobrecarga muscular são classificados em primeiro e segundo grau. Asclassificadas no primeiro grau são aquelas em que o descanso ou o encerramento da atividade muscular findam também as dores e a fadiga. Elas ocorrem geralmente nos tendões e na musculatura e sãoreversíveis. As classificadas no segundo grau além de afetarem os músculos e tendõestambém se prolongam para as articulações econtinuam incomodando o trabalhador após o trabalho. Algumas posturas ou movimentos são realizados de maneira dolorosa e as dores permanentes levam ao aparecimento de processos inflamatórios nos tecidos afetados (GRANDJEAN, 1998).

A diminuição na qualidade de vida acarreta diversos problemas no que se refere não só a um possível mal estar e perda de qualidade de vida, mas também em relação aos defeitos que tem nas limitações causadas na vida cotidiana pessoal e no elevado custo para a sociedade e para o indivíduo, traduzindo-se em horas perdidas de atividade laboral. Com a modernização dos processos tecnológicos, o aumento de efeitos negativos sobre o corpo humano durante o processo está aumentando. Operadores de indústrias estão sujeitos à estresse mental por ter alta responsabilidade quanto ao processo de trabalho, aumentando a fadiga e afetando a parte cognitiva do operador. É necessário identificar e avaliar estes riscos para ajudar o operador a manter um bom desempenho no trabalho. Este trabalho de administração ergonômica deve ser aplicado e ajustado de acordo com o processo de trabalho do sujeito em questão (LACERDA et al, 2011. KALKIS; KALKIS; ROJAS, 2014).

Com o constante avanço da tecnologia e informatização dos processos de trabalho, os processos mentais se tornam menos eficientes com o decorrer do tempo, e se um estímulo de carga mental muito elevado for mantido por um longo período de tempo, a fadiga mental pode ser desenvolvida, da mesma forma como ocorre com as sobrecargas musculares (GRANDJEAN, 1998).A fadiga mental pode ocorrer devido a exigências emocionais, cognitivas eorganizacionais, sendo que qualquer fator que prejudique de alguma forma a

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troca de informação tende a se tornar uma sobrecarga mental. (IIDA, 2005; RIO; PIRES, 2001).

Além das sobrecargas cognitivas e musculares há ainda a sobrecarga emocional, que pode ocorrer devido a falta de reconhecimento dos superiores, a falta de supervisão, ainsatisfação com o trabalho, a falta de estabilidade no emprego, entre outros fatores (RIO; PIRES, 2001). A sobrecarga organizacional, ocorre quando muita informação é necessária, havendo excessiva necessidade de tomada de decisão, aceleração do ritmo de trabalho acima da capacidade do trabalhador, trabalho que utilize muita memória, interrupções frequentes, etc. Todos esses fatores levam também ao aparecimento de sobrecargas mentais (COUTO, 1995).

Como forma de fadiga, pode-se citar ainda a monotonia. Pode ser ocasionada por diversos fatores, entre eles: trabalho noturno, alto grau de formação e conhecimento para uma função não tão exigente. Essa situação pode gerar no trabalhador sintomas como: cansaço, sonolência, indisposição e redução da atenção (RIO; PIRES, 2001). Pode-se combater a monotonia com o rodízio, onde os trabalhadores são treinados para realizarem diversas funções e se alternarem para a realização das mesmas (IIDA, 2005).

Sendo assim, o trabalho realizado deve ser adequado à capacidade de cada trabalhador, sem carga de trabalho excessiva para não gerar fadiga (e consequentemente DORT) ou uma carga de trabalho muito monótona e que não exija o mínimo da capacidade intelectual do indivíduo. Essa questão deve ser bem observada porque qualquer alteração do método de trabalho pode criar uma nova situação de fadiga, seja por um aumento da competência do operador que poderá deixar seu trabalho monótono, seja pelo aumento da complexidade da tarefa deixando o trabalho muito exigente (FALZON, 2007).

2.3.1 Definição de cargas

A movimentação manual de cargas provoca dois tipos de reações corporais que podem vir a causar desconforto, fadiga e dores: sobrecarga fisiológica nos músculos da coluna e dos membros inferiores; e o contato entre a carga e o corpo pode provocar estresse postural. Durante o transporte manual de cargas, a coluna vertebral deve ser mantida também, ao máximo

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possível, na vertical. Deve-se também evitar pesos muito distantes do corpo ou cargas assimétricas, que tende a exigir um esforço adicional da musculatura dorsal para manter o equilíbrio (IIDA, 2005).

Segundo a equação NIOSH, uma referência de 23kg que corresponde à capacidade de levantamento no plano sagital, de uma altura de 75cm do solo para um deslocamento vertical de 25cm, segurando à carga a 25cm do corpo é aceitável para 99% dos homens e 75% das mulheres sem provocar nenhum dano físico em trabalhos repetitivos. Essa carga deve ser reduzida de acordo com a ocorrência de características desfavoráveis, porém não se recomendam cargas unitárias muito leves, pois isso estimularia o carregamento simultâneo de vários volumes, podendo ultrapassar os 23kg. É preferível fazer poucas viagens com cargas maiores do que muitas viagens com cargas menores (IIDA, 2005; DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Para Grandjean (1998), a configuração dos locais de trabalho é de extrema importância para atividades realizadas em pé. Se a área de trabalho tem condições de pega de referências muito altas, frequentemente há compensação de carga na musculatura dos ombros, o que pode acarretar dor e desconforto na região trapezoidal. Se a área de trabalho tem condições de pega de referências muito baixas, as costas ficam excessivamente curvadas, o que sobrecarrega a coluna e pode alterar estruturas anatômicas funcionais (discos intervertebrais, por exemplo). Os limites estudados pela biomecânica não devem ser superados para não induzir a danos biológicos a cada estrutura que compõem a coluna em seu conjunto (MARRAS, 2008).

O Memorando de Ergonomia da empresa analisada possui o referencial para manipulação de pesos na equação NIOSH, e determina que o peso das referências manipuladas não deva ser superior a 12kg, porém, o mesmo permite manipulação de cargas até 23kg para homens, com frequência reduzida em excelentes condições de pega.

A pega das referências manipuladas deve estar entre 500mm e 1500mm para referências até 4kg (sendo a janela ergonômica ideal entre 700mm e 1300mm), entre 700mm e 1400mm para referências entre 4kg e 9kg (sendo a janela ergonômica ideal entre 750mm e 1200mm) e entre 700mm e 1100mm

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para referências acima de 9kg (sendo a janela ergonômica ideal entre 1000mm e 1100mm).

A distância horizontal entre o operador e a referência não deve ser maior que 500mm para peças até 9kg e de 300mm para referências acima de 9kg. Dentro destes referenciais, se a frequência de preensão e de colocação das peças é igual ou superior a 100 vezes por hora, deve-se obrigatoriamente usar a janela ergonômica ideal. As alturas de pega de retorno de caixas vazias (peso inferior a 3kg) são permitidas entre 0mm e 500mm e entre 1500mm e 1800mm.

As caixas para transporte de referências devem ser preferencialmente dotadas de alças ou furos laterais para criar a pega do tipo “agarras” e evitar a pega em formato de pinça. Enquanto os manuseios do tipo pinça suportam 3,6kg com o uso das duas mãos, aquela do tipo agarrar suporta 15,6kg. Além disso, a superfície de contato entre a pega e as mãos deve ser rugosa ou emborrachada, para aumentar o atrito (IIDA, 2005).

Grandjean (1998) sugere boas práticas para um correto levantamento de peso:

• A carga deve estar segura e levantada com as costas retas e os joelhos dobrados;

• A carga deve ser levantada o mais próximo possível ao corpo; • O início do levantamento deve ser, sempre que possível, na altura

dos joelhos, já que a força máxima de levantamento ocorre entre 500 e 750mm do chão;

• Quando faltarem alças, os prolongamentos artificiais dos braços devem ser usados na forma de cordas, cintos ou ganchos.

• Enquanto o levantamento ocorre, deve-se evitar a rotação simultânea do tronco;

• Para o manuseio de cargas, usar sempre que possível: carrinhos, rodízios ou dispositivos de levantamento mecânicos.

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2.4 ANTROPOMETRIA

Antropometria é a ciência que trata das medidas físicas do corpo humano. Ela determina as grandezas médias da população, como pesos, estaturas, variações e os alcances de movimentos (IIDA, 2005). A antropometria procura estipular medidas representativas de parcelas estatisticamente significativas de comunidades humanas, e com isso enfrenta sérias dificuldades de variabilidade individual, raças e as decorrentes de desníveis econômicos (RIO; PIRES, 2001).

A antropometria está dividida em (IIDA, 2005, p. 97):

• Funcional: são as medidas antropométricas relacionadas com a execução de tarefas específicas, onde cada parte do corpo não se move isoladamente, mas há a conjunção de diversos movimentos para se realizar uma função;

• Estática: é aquela em que as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos. Ela deve ser aplicada ao projeto de objetos sem partes móveis ou com pouca mobilidade, como no caso de mobiliário em geral. O seu uso não é recomendado para projetos de máquinas e postos de trabalho com partes que se movimentam.

• Dinâmica: mede os alcances dos movimentos. Os movimentos de cada parte do corpo são medidos mantendo-se o resto do corpo estático.

As medidas antropométricas devem ser realizadas tomando-se uma amostra significativa de usuários. Na concepção de postos de trabalho, especificamente, é de grande importância o uso de dados antropométricos confiáveis. Modelos de comportamento dos trabalhadores e exigências específicas do trabalho são frequentemente levadas em consideração. Estes dados são muito importantes na determinação de diversos aspectos relacionados ao ambiente de trabalho no sentido de se manter uma boa postura (BRASIL, 2014; GRANDJEAN, 1998).

A primeira providência é definir para que e onde serão usadas as medidas antropométricas, decorrendo as variáveis a serem medidas, a

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aplicação da antropometria dinâmica ou estática e os detalhamentos ou precisões com que estas devem ser realizadas. A seleção da amostra deve ser representativa do Universo onde serão aplicados os resultados. Devem ser determinadas as características biológicas, inatas e adquiridas. O tamanho da amostra varia de acordo com a variabilidade da medida e da precisão desejada (IIDA, 2005; RIO; PIRES, 2001; PINHEIRO; FRANÇA, 2006).

Recomenda-se que, segundo Iida (2005, p. 98):

• No uso de dados antropométricos, o projetista deve verificar qual a tolerância aceitável para acomodar as diferentes dimensões encontradas na população de usuários e providenciar os ajustes estáticos, dinâmicos e funcionais;

• Os objetos e espaços de trabalho podem ser dimensionados para a média da população (50%) ou um dos seus extremos (5% ou 95%). • Os objetos e espaços de trabalho devem permitir uma acomodação de

pelo menos 90% da população de usuários.

• O dimensionamento do posto de trabalho está intimamente relacionado com a postura e não deve ser considerado separadamente.

A antropometria deu origem à ergonomia moderna e hoje os estudos antropométricos estão bastante disseminados a ponto de permitirem a definição de distâncias e alturas corretas na fase de projeto, que é a ocasião de melhor aplicação prática dos conceitos antropométricos.

No Brasil, a falta de medidas antropométricas da população tem levado a falhas de projeto em postos de trabalho. Para melhorar a qualidade dos produtos industriais e das condições de trabalho nas empresas, o Instituto Nacional de Tecnologia – INT que atua na área de ergonomia desde meados da década de 70, tem trabalhado com ênfase na área de antropometria e na realização de pesquisas antropométricas. O INT realizou o único levantamento antropométrico existente no Brasil há mais de 40 anos, e recentemente anunciou que pretende repetir esta pesquisa com um aparelho de medição 3D, possibilitando levantar dados antropométricos dos brasileiros a partir de uma amostra representativa da população adulta. Estes dados serão a base para o

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correto dimensionamento dos produtos com os quais a população brasileira interage cotidianamente, podendo trazer melhorias para a segurança, qualidade e conforto do usuário, entre eles a adequação de postos de trabalho para a realidade do brasileiro (BRASIL, 2014).

2.5 MÉTODO NIOSH BY OCRA

O método OCRA (Occupational Repetitive Actions) foi desenvolvido por Occhipinti e Colombini, em 1998, a pedido da Associação Internacional de Ergonomia (IEA).

O método OCRA foi criado para fazer prevenção de distúrbios musculoesqueléticos de membros superiores e tem como objetivos avaliar condições de risco de lesões de membros superiores em função da atividade exercida, adequar os postos de trabalho, mensurando repetitividade e o esforço muscular, prever número de trabalhadores acometidos, propor soluções práticas e exequíveis e exercer produtividade sem riscos (OCRA, 2014, s.p.).

O objetivo desse método é obter um índice quantitativo, que represente os riscos associados aos movimentos repetitivos dos membros superiores, e estabelecer um número recomendado de movimentos por minuto considerando algumas variáveis, entre elas: posturas dos membros superiores, esforço físico, e pausas durante a jornada de trabalho. Neste método, os fatores de risco quantificados são: o tempo de duração do trabalho, a frequência de ações técnicas executadas, a força empregada pelo operador, as posturas inadequadas para membros superiores, a repetitividade, a carência de períodos de recuperação fisiológica e os fatores externos como temperatura elevada, ruído, vibração, uso de luvas, compressão mecânica e condições de pega dos objetos a serem manuseados (FALCÃO, 2007; COLOMBINI; OCCHIPINTI; FANTI, 2005).

Os procedimentos para avaliação de um posto de trabalho segundo o OCRA são (OCCHIPINTI; COLOMBINI, 1999):

• Identificar as tarefas típicas do trabalho, incluindo aquelas que correspondem a ciclos repetitivos no posto, de duração expressiva de tempo;

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• Verificar a sequência de ações técnicas nos ciclos representativos de cada tarefa;

• Descrever e classificar os fatores de risco dentro de cada ciclo (repetitividade, força, postura, fatores adicionais);

• Reajustar os dados nos ciclo de cada tarefa para modificação total do trabalho, levando em consideração a duração e sequências de diferentes tarefas e períodos de recuperação;

• Produção de uma síntese, avaliação estruturada dos fatores de risco para o trabalho como um todo.

O National Institute for Occupational Safety and Health – EUA (NIOSH) criou uma equação desenvolvida com base em critérios fisiológicos, biomecânicos e psicofísicos, cujo objetivo é calcular cargas máximas em condições desfavoráveis, a fim de reduzir ou prevenir a ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas (FALCÃO, 2007).

As variáveis que compõem esta fórmula são: PLR = peso limite recomendável

H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (em cm) V = distância vertical na origem da carga (em cm)

D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino (em cm) A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus. F = frequência média de levantamento em levantamentos / minuto C = qualidade da pega.

PRL = 23 x (25/H) x (1 – 0,003 |V-75|) x (0,82 + 4,5/D) x (1 – 0,0032 x A) x F x C

As variáveis consideradas na equação NIOSH podem ser visualizadas na figura 02:

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Figura 02: Variáveis consideradas na equação NIOSH. Fonte: Iida (2005).

Com a junção destes dois métodos de avaliação ergonômica surgiu o método NIOSH by OCRA, que tem sua última versão de software lançada em 2012, e têm como objetivo identificar os riscos relacionados ao levantamento e manipulação de cargas, confeccionando um mapeamento de riscos específico para trabalhos que exijam sobrecarga lombar e para o levantamento e manipulação de carga (BRASIL, 2014). Ele permite ao avaliador fazer a análise da função exercida pelo trabalhador em todo seu turno de trabalho criando uma linha do tempo com todas as medidas, pesos e frequências por ele manipuladas/acessadas. O software conta com seis etapas, sendo elas:

Keys enter;

• Dados de produção; • Organização;

• Descrição do posto;

• LI (avaliação final do risco);

• Transporte empurra-puxa masculino/feminino; • Síntese final.

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O NIOSH by OCRA permite a avaliação de postos com até oito horas diárias de trabalho e possui quatro etapas de classificação de urgência de risco para que sejam tomadas ações.

Após todo o processo de trabalho ser medido, pesado e cronometrado e todas as pausas e demais variáveis serem consideradas, os dados são lançados no software NIOSH by OCRA e resulta numa planilha, onde é apontado se o posto de trabalho é adequado ou não de acordo com gênero e idade do trabalhador e quais as melhorias que devem ser realizadas caso haja não conformidades.

Diferente do outros métodos ergonômicos, o NIOSH by OCRA permite a avaliação de mais de uma origem e destino em cada ação realizada, além de mais de um peso por ação. Por abranger mais variáveis e determinantes que os outros métodos ergonômicos para avaliação de manipulação de cargas, o NIOSH by OCRA acaba sendo mais completo.

A ferramenta NIOSH by OCRA foi desenvolvida por Daniella Colombini, Enrique Alvarez-Casado, Marco Cerbai, Enrico Occhipinti, Marco Placci e Thomas Walters, uma equipe multidisciplinar composta principalmente de médicos do trabalho e desenvolvedores de softwares. O modelo utilizado nesta pesquisa foi traduzido, adaptado e atualizado por Edoardo Santino e Ruddy Facci (COLOMBINI; OCCHIPINTI, 2012).

As variáveis utilizadas no software são: altura de pega vertical na origem e destino da referência, distância horizontal entre referência e tronco do operador no momento da pega, assimetria (rotação de tronco), peso da referência, frequência (quantidade de vezes de manipulação da referência em determinado período de tempo) e duração de tempo de manipulação de referências (quanto tempo o operador carrega as referências, entre outros).

O software conta com sete etapas. A sexta e a sétima etapas referem-se ao transporte puxar-empurrar, que não se aplica á este estudo já que este tipo de operação não é realizada pelos operadores em questão. Durante todo o processo á balões nomeados “help”, indicando o que o pesquisador deve fazer a seguir para que o resultado seja fidedigno.

A primeira parte do software, ou “Keys Enter”, conta com os dados gerais do setor analisado e identificação do avaliador (figura 03). O setor 1a,

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“Keys Enter”, pergunta se há manipulação de peso acima de 3kg no setor analisado. Caso não haja, o software não permite o prosseguimento da análise, visto que o peso presente nas referências é baixo e não representa risco significativo. Caso o peso das referências tenha menos que 3kg e frequência de repetição de movimento alta, por exemplo, são indicados outros métodos de avaliação ergonômica mais adaptada para este tipo de operação.

Figura 03: Keys Enter parte I Fonte: software NIOSH by OCRA

A próxima etapa, ainda na aba “Keys Enter”, chama-se “Quick Assessment” (figura 04), e conta com as condições gerais extremas encontradas durante a avaliação. Aqui, há duas fases: as condições críticas (situações extremas prejudiciais) e condições de aceitabilidade, onde se todas as condições estiverem aceitáveis não será necessário prosseguir com a avaliação. Nesta aba há características do ambiente de trabalho e dos objetos levantados onde a análise ergonômica está sendo realizada (figura 05). São apresentadas condições não adequadas para o levantamento e o transporte manual de cargas por apresentarem risco á segurança do operador (carga instável, altas temperaturas, etc.).

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Figura 04: Keys Enter parte II Fonte: software NIOSH by OCRA

Figura 05: Keys Enter parte III Fonte: software NIOSH by OCRA

Na segunda aba do software, temos os “Dados de Produção”. Aqui serão inseridas as informações a respeito de peso de referências e frequência de manipulação. Preenchendo as colunas a e b, o software automaticamente calcula o número de objetos levantados pelo grupo homogêneo e também o

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cálculo de massa acumulada. O ideal é que as referências não possuam mais de 9,9 kg.

Figura 06: Dados de Produção Fonte: software NIOSH by OCRA

A terceira aba, intitulada “Organização”, conta com o tempo de duração de cada tarefa ao longo da jornada de trabalho, sendo preenchida hora a hora da rotina diária do trabalhador (atividades sem levantamento de peso, levantamento manual de transporte de cargas e puxar-empurrar). Variáveis como pausas programadas dentro de seu horário de trabalho estão inclusas neste item. A descrição do intervalo de duração e frequência de levantamento é calculada automaticamente pelo software.

frequência = número de peças levantadas no turno a duração (min) do levantamento manual no turno

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Figura 07: Organização parte I Fonte: software NIOSH by OCRA

Figura 08: Organização parte II Fonte: software NIOSH by OCRA

A quarta aba, “Descrição do Posto”, dá o resultado dos cálculos das etapas anteriores a esta e correlaciona as alturas verticais de pega com as distância horizontais de manipulação de referências tanto na origem quanto no destino das referências, conforme figura 09.

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Figura 09: Descrição do posto Fonte: software NIOSH by OCRA

O software define que as condições ruins de pega de referência de medida vertical acontecem entre 10 cm e 50cm e entre 125 e 175cm, sendo a janela ergonômica ideal a altura compreendida entre 51 cm e 125 cm. Relacionado á distância horizontal, a distância considerada ideal entre referência e tronco é entre 25 cm e 40 cm, a aceitável entre 41 cm e 50 cm, a ruim entre 51 cm e 63 cm, e a inaceitável acima de 63 cm.

Na última aba utilizada nesta pesquisa, a quinta, intitulada “LI”, tem-se os resultados finais das condições encontradas no posto analisado de acordo com o dado inserido, sendo eles: avaliação final do risco, risk assessment (que determina qual o risco do posto para homens e mulheres), e índices de levantamentos finais (que indica se a condição final é aceitável para determinado gênero e idade), representados nas figuras 10 e 11:

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Figura 10: LI parte I

Fonte: software NIOSH by OCRA

Figura 11: LI parte II

Fonte: software NIOSH by OCRA

2.6 AMBIENTE LOGÍSTICO

A logística operacional é essencial em qualquer empresa, pois é ela que trata do recebimento da matéria prima, do abastecimento interno e do envio da mercadoria finalizada para o cliente. A busca por eficiência tem como pré-requisito a alta qualidade dos serviços prestados ao cliente final; no entanto, para atingir plenamente estes objetivos, é fundamental que exista alto nível de

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integração e coordenação entre todos os processos logísticos presentes nas empresas (SILVA; FLEURY, 2000; BALLOU, 2012).

O ambiente logístico é significativo nas avaliações ergonômicas pela exigência de seus operadores no transporte de cargas. As empresas costumam contar com um local específico para o armazenamento da matéria prima (chamado de Mercado), onde os estoques são transbordados pelos operadores de recebimento, para que o operador de abastecimento tenha o item necessário na quantidade certa, sempre à disposição. No trem de abastecimento, objeto deste estudo, o operador deve realizar dois manuseios de carga por item de abastecimento, onde no primeiro momento ele retira o item do mercado e abastece o trem e no segundo momento, ele retira o item do trem e abastece a linha de produção. As rotas e frequências são pré-definidas pela equipe de gestão responsável.

O manuseio de cargas, em especial o levantamento de cargas, deve ser considerado como trabalho pesado. Mesmo que geralmente o consumo de energia não esteja aumentado significativamente, a carga nas costas é frequentemente tão elevada que podem surgir lesões e doenças relacionadas ao trabalho. O problema principal do manuseio de cargas é o desgaste dos discos intervertebrais. As doenças de coluna levam a um alto nível de absenteísmo e figuram entre as principais causas de aposentadoria por invalidez prematura. Algumas profissões, especialmente as expostas a este problema (trabalhadores de serviços pesados, trabalhadores de transporte, etc.) apresentam mais frequentemente distúrbios nos discos intervertebrais. Durante o transporte de carga manual, é conveniente mantê-la em uma linha vertical próxima do centro de gravidade do corpo sem que as costas estejam curvas, sem rotações de tronco maiores que 45°. Ass im, o trabalho é reduzido e as exigências musculares de natureza estática diminuída. Sempre que necessário, deve-se ainda utilizar recursos alternativos – luvas, correias, cordas – para facilitar o trabalho (GRANDJEAN, 1998; PINHEIRO; FRANÇA, 2006; ABERGO, 2014).

A condução do trem de abastecimento, como qualquer atividade de condução veicular, exige intensamente o canal visual e a atenção do condutor, visto que o ato de conduzir necessita de um tratamento cognitivo variado,

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requerendo do condutor uma gestão de risco contínua. Segundo Falzon (2007, p. 558) a condução é decomposta em três níveis hierárquicos:

• Tarefas de controle do veículo (ajuste de velocidade e trajetória de maneira contínua);

• Tarefas situacionais (manobras);

• Tarefas de navegação (itinerário e orientação).

As tarefas relativas à navegação são pré-definidas, porém as tarefas de controle do veículo e tarefas situacionais devem ser constantemente observadas para evitar erros e acidentes de trabalho. Os controles de qualquer máquina logística podem ocasionar acidentes quando acionados de forma acidental ou inadequadamente. É importante que estejam bem localizados e possam ser acionados com segurança, sem apresentar saliências no painel. Devem possuir também alerta auditivo para indicação de manobras e presença no que diz respeito ao aviso (PINHEIRO; FRANÇA, 2006).

No exercício da condução do trem de abastecimento, o operador fica exposto às vibrações, que são definidas como qualquer movimento que um corpo ou parte dele executa em torno de um ponto fixo. Os efeitos da vibração sobre o corpo humano podem ser graves, levando á degeneração de órgãos e tecidos humanos. As vibrações mais danosas ao organismo são as de frequência mais baixas (01 a 80 Hz), e podem provocar lesões em ossos, juntas e tendões. As frequências intermediárias (30 a 200hz) podem provocar doenças cardiovasculares, e as frequências altas (acima 300hz) podem apresentar no trabalhador dores agudas e distúrbios neurovasculares. Dependendo da frequência da vibração, os tempos indicados para exposição do trabalhador à esta condição variam de um minuto a doze horas/dia (IIDA, 2005).

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3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 TIPO DE ESTUDO

A presente pesquisa foi de natureza descritiva, definida como o tipo de pesquisa que descreve características, propriedades ou relações existentes no grupo ou na realidade em que foi realizado o estudo (MATTOS; ROSSETO JR; BLECHER, 2008).

3.2 PARTICIPANTES

Participaram do estudo funcionários operadores de trens de abastecimento do setor de logística de uma empresa do ramo automotivo situada na cidade de Quatro Barras. O universo foi composto por seis funcionários, sendo 50% deste total atuante no primeiro turno (horário compreendido entre 06h00 e 15h00) e 50% atuante no segundo turno (horário compreendido entre 15h00 e 23h40).

3.2.1 Critérios de Inclusão

Para participar do estudo o indivíduo deveria ser funcionário efetivo da empresa selecionada e exercer a função há mais de três meses.

3.2.2 Critérios de Exclusão

Como critérios de exclusão têm-se: funcionários substitutos, terceirizados, estagiários. O(s) funcionário(s) que estiver(em) dentro dos critérios de inclusão e não assinar(em) o termo de consentimento livre e esclarecido também foi(foram) excluído(s).

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

O procedimento adotado no estudo é a análise ergonômica por meio do método NIOSH by OCRA, próprio para identificar os riscos relacionados ao levantamento e manipulação de cargas (OCRA, 2014). Para analisar a percepção subjetiva do esforço, nível de cansaço após a jornada e relação de

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DORT entre os funcionários, foi utilizado questionário aprovado pelo comitê de ética desta instituição.

3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS

Riscos:

• Possível constrangimento perante aos demais funcionários, já que a pesquisa será realizada no local de trabalho.

Benefícios:

• Prevenir o aparecimento de distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho pela adequação de possíveis irregularidades encontradas;

• Evitar possível absenteísmo por DORT no futuro. 3.5 ANÁLISES DOS DADOS

A análise de dados e resultados foi realizada por meio do software NIOSH by OCRA. Os operadores também responderam a um instrumento de pesquisa que contava com três etapas: Questionário Nórdico Padrão, questões a respeito de DORT e questionário padrão da empresa avaliada a respeito de percepções de sintomas ao final da jornada de trabalho. Este instrumento de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da UTFPR e encontra-se disponível no anexo C deste trabalho.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os entrevistados são operadores de trem de abastecimento, do gênero masculino e possuem entre 25 e 43 anos de idade, conforme demonstrado na figura 12:

Figura 12: idade dos colaboradores

Entre os entrevistados, o colaborador contratado a menos tempo atua na empresa a apenas um ano, e o operador com o maior tempo de atuação na empresa está contratado há 08 anos. Dois entrevistados nunca haviam atuado na área de logística antes de assumirem a função nesta empresa, os demais já haviam trabalhado na mesma área em outras fábricas na região. O operador com mais tempo de trabalho na área de logística soma 13 anos de experiência em seu currículo, tendo atuado em diversas funções neste meio tempo (operador de empilhadeira, operador de transbordo, operador de abastecimento, etc...).

Um dos colaboradores nunca havia trabalhado na área de logística antes de trabalhar como operador nesta empresa, sua decisão de mudar sua área de atuação foi motivada por melhores condições de ganhos em relação á função que exercia anteriormente, a de operador multifuncional de produção, como demonstrado nas figuras 13, 14 e 15:

17% 50% 17% 16% 25 anos 29 anos 32 anos 43 anos

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Figura 13: tempo de trabalho do operador na empresa

Figura 14: tempo de trabalho do operador na área de logística

Figura 15: tempo de trabalho do operador na função “operador de trem de abastecimento” 17% 33% 17% 17% 17% 1 a 2 anos 2 a 3 anos 3 a 4 anos 4 a 5 anos Acima 5 anos 17% 33% 50% 2 a 3 anos 4 a 5 anos Acima 10 anos 33% 33% 17% 17% 6 meses a 1 ano 2 a 3 anos 4 a 5 anos Acima 5 anos

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De acordo com o questionário nórdico aplicado, os funcionários deveriam responder a perguntas referentes aos últimos doze meses de trabalho. Um funcionário relatou ter sentido dores em ombros, região lombar, quadril e coxas e joelhos, e dois funcionários relataram ter sentido dor em punhos ou mãos nos últimos doze meses, sendo que um destes relatou ainda que a dor em punhos estava presente nos últimos sete dias de trabalho. Ainda assim, não houve relatos de que estes problemas tenham impedido-os de realizar suas atividades normais (trabalhar, realizar atividades domésticas e de lazer, por exemplo) ou que tenha havido necessidade de consulta a um profissional da área da saúde nos últimos 12 meses em função dos problemas citados.

Na segunda etapa do questionário, nenhum dos entrevistados relatou ter realizado qualquer tratamento para DORT, nem ter faltado ao trabalho, nesta empresa e função. Porém, cinco funcionários relataram sentir cansaço durante a jornada de trabalho e um funcionário relatou sentir desconforto relacionado ao calor em dias muito quentes. A predominância destes sintomas é ao fim da jornada de trabalho.

A terceira etapa do questionário conta com um quadro que a empresa selecionada para o estudo costuma utilizar em sua rotina de ergonomia (figura 16). Este quadro indica alguns sintomas que podem vir a ocorrer durante a jornada de trabalho do operador e o mesmo deve preenchê-la de acordo com o nível de intensidade sentida ao fim de sua jornada de trabalho.

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Figura 16: Identificação da intensidade dos sintomas relacionados ao fim da jornada de trabalho.

Fonte: empresa estudada.

Para quantificar o resultado desta tabela usou-se o recurso estatístico de média ponderada, demonstrado na figura abaixo:

Referências

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