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Dinâmicas da taxa de desemprego na área do euro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E GESTÃO

DINÂMICAS DA TAXA DE DESEMPREGO NA ÁREA DO EURO

Dissertação de Mestrado em Economia

DANIELA LUZIA SILVESTRE CARVALHO

Trabalho efetuado sob a orientação de: Prof.ª Doutora Leonida Amaral Tomás Correia

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E GESTÃO

DINÂMICAS DA TAXA DE DESEMPREGO NA ÁREA DO EURO

Dissertação de Mestrado em Economia

DANIELA LUZIA SILVESTRE CARVALHO

Trabalho efetuado sob a orientação de: Prof.ª Doutora Leonida Amaral Tomás Correia

Composição do Júri:

Prof. Doutor José Manuel Melo Vaz Caldas

Prof.ª Doutora Patrícia Sofia Figueiredo Martins

Prof.ª Doutora Leonida Amaral Tomás Correia

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Economia, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo desta dissertação vários foram aqueles que contribuíram para a sua realização através do apoio e motivação incondicional que me concederam. A todos eles quero expressar aqui o meu profundo e eterno agradecimento.

Todavia, gostaria de expor a minha gratidão em especial às seguintes pessoas/instituições:  À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do seu reitor, Professor

Doutor António Augusto Fontaínhas Fernandes, pelo apoio institucional referente à disponibilização de meios para a realização deste trabalho;

 À minha orientadora, Professora Doutora Leonida Correia, pelos preciosos conselhos, pelo encorajamento, pela motivação e pelas suas preciosas críticas construtivas. A sua colaboração e orientação foram fulcrais para a realização deste trabalho desde o primeiro momento, prontificando-se sempre a partilhar o seu elevado conhecimento e experiências. Obrigada pelo seu extremo profissionalismo e pela disponibilidade concedida, apesar do seu horário sempre preenchido;

 À Senhora Dona Manuela Mourão, Assistente Administrativa do DESG, pela sua preciosa colaboração na formatação do texto final;

 À empresa onde trabalho e às minhas colegas que sempre me apoiaram e me concederam o tempo por mim solicitado;

 Aos meus amigos pelo seu forte espírito de encorajamento, paciência e dedicação que tiveram para comigo, por me ouvirem sempre e pelo tempo “roubado” para me dedicar a este trabalho.

E, finalmente, a toda a minha família, em particular aos meus pais e à minha irmã, pelo seu incentivo e apoio absoluto desde o início e, também, pela compreensão e paciência durante este período de elaboração da dissertação.

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RESUMO

Estudar o comportamento da taxa de desemprego torna-se no presente momento importante para a economia nacional e europeia. Avaliar a sua evolução e ver a relação entre os ciclos do produto interno bruto e os da taxa de desemprego é também essencial.

Desde cedo se percebeu a dicotomia que existe na economia entre taxa de desemprego e inflação. Controlar eficientemente estes dois valores de forma a evitar desequilíbrios nas economias torna-se mais difícil ainda. Esta situação torna-se mais crítica aquando da criação da área do euro, onde os diversos países são regidos por políticas comuns. Durante a década de setenta foram sentidos os primeiros aumentos de desemprego devido a dois motivos: aumento do preço do petróleo e diminuição do crescimento da produtividade total dos fatores. Nas décadas seguintes a sua evolução continuou crescente e o papel das instituições, na tentativa de proporcionar melhores salários e apoios estatais para nova entrada no mercado de trabalho, fez com que os países registassem mais desempregados. Com o desencadeamento da atual crise, a área do euro tem vindo a registar máximos históricos de desemprego e aumento da heterogeneidade nos vários membros no que diz respeito aos valores registados de desemprego.

Neste trabalho fazemos uma análise da evolução da taxa de desemprego na área do euro para dois períodos, 1956 a 1998 e 1999 a 2013, para que assim se tenha em conta a entrada em funcionamento da moeda única, uma vez que este é considerado um momento de relevância na história da UE. É, também, feita uma análise no segundo subperíodo para antes e durante a crise económica europeia. E, por fim, associa-se a relação existente entre os ciclos do produto e da taxa de desemprego, através dos coeficientes de correlação de Spearman para os doze países que inicialmente constituíram a área do euro. O período amostral decorre de 1970 a 2012, tendo uma análise para todo o período e por subperíodos: antes e depois do euro.

Concluímos que a evolução da taxa de desemprego registou um aumento ao longo do período analisado. Existem discrepâncias na média da taxa de desemprego, tornando-se assim, evidente que as medidas implementadas não produzem os mesmos efeitos em todos os países. Após a recente crise, a maioria dos países viu a sua taxa de desemprego aumentar, sendo que Portugal não foi exceção.

Dos resultados obtidos para as correlações entre os ciclos económicos e os ciclos da taxa de desemprego para todo o período amostral concluímos por um comportamento contracíclico e sincronizado na maioria dos países. O grau de correlação revela-se estatisticamente significativo e contracíclico, com valores moderados a elevados. Da análise efetuada para os subperíodos registam-se algumas diferenças, nomeadamente, um grau de correlação de valor superior no período após a entrada do euro.

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ABSTRACT

Studying the behavior of the unemployment rate becomes important in this moment for national and European economies. Evaluate its progress and see the relationship between cycles of gross domestic product and the unemployment rate is also essential.

Since earlier became apparent the existence of a dichotomy in the economy between unemployment and inflation. Controlling efficiently these two values in order to avoid imbalances in the economies becomes even harder. This situation becomes more critical when euro area was created and where several countries are governed by common policies. During the seventies were felt the first increases in unemployment due to two reasons: increasing of the oil prices and the decrease of the growth’s total factor productivity. In the following decades its evolution has been growing and the role of institutions in an attempt to provide better wages and public support to re-enter the labor market, has made countries have more unemployed. With the trigger of the current crisis the euro area has been experiencing highs levels of unemployment and increased of heterogeneity in the various members in what respects to registered unemployment values.

In this study we analyze the evolution of the unemployment rate in the euro area for two periods, 1956 to 1998 and 1999 to 2013, so that it takes into account the start-up of the single currency, since this is considered a time of relevance in EU history. It is also made an analysis in the second sub-period for before and during the European economic crisis. Finally we join the relationship between product cycles and unemployment, through the Spearman correlation coefficients for the initial twelve countries of the euro area. The sample period runs from 1970 to 2012, with an analysis for the entire period and sub-periods: before and after the euro.

We conclude that the evolution of the unemployment rate has increased over the period analyzed. There are discrepancies in the average of the unemployment rate, thus making it clear that the measures taken do not produce the same effects in all countries. After the recent crisis, the most countries saw their unemployment rate increase, and Portugal was not an exception.

From the results of the correlations between economic cycles and cycles in the unemployment rate for the entire sample period we conclude a countercyclical and synchronized behavior in most countries. The correlation’s degree proves to be statistically significant and countercyclical, values moderate to high. From the sub-periods analysis performed come some differences records, namely, a degree of correlation of higher value the period after the introduction of the euro.

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ÍNDICE

LISTADEFIGURAS ... II

LISTADEQUADROS ... III

LISTADEABREVIATURAS ... IV

CAPÍTULO I ...1

1.INTRODUÇÃO ... 2

CAPÍTULO II ...5

2.DINÂMICASDODESEMPREGO:REVISÃODALITERATURARELEVANTE ... 6

2.1. A nível europeu ... 6

2.2. O caso particular de Portugal ... 12

2.3. Considerações Finais ... 17

CAPÍTULO III ... 19

3. ANÁLISEDAEVOLUÇÃODATAXADEDESEMPREGONAÁREADOEURO:1956 –2013 ... 20

3.1. Evolução da taxa de desemprego na área do euro: 1956 – 1998... 20

3.2. Evolução da taxa de desemprego na área do euro: 1999 – 2013... 23

3.2.1. Análise para todo o subperíodo ... 23

3.2.2. Análise antes e durante a crise económica europeia ... 25

3.3. Perspetivas para 2014 – 2015: breve descrição ... 32

3.4. Caracterização sucinta do desemprego português ... 34

3.5. Considerações Finais ... 39

CAPÍTULO IV ... 41

4. ASSOCIAÇÃOENTREOSCICLOSDOPRODUTOEDATAXADEDESEMPREGO ... 42

4.1. Introdução ... 42

4.2. Dados e métodos ... 43

4.3. Análise gráfica dos ciclos das séries... 45

4.4. Amplitude dos ciclos... 48

4.5. Sincronização entre os ciclos do PIB e da taxa de desemprego ... 49

4.6. Considerações Finais ... 53 CAPÍTULO V ... 54 5.CONCLUSÃO ... 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 58 ANEXOS ... 63 ANEXO I–DADOS ... 64

ANEXO II–GRÁFICOS DOS CICLOS DAS SÉRIES, FILTRO HP ... 65

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Evolução da taxa de desemprego de Portugal, 1956 – 1998... 23

Figura 2. Comparação da taxa média de desemprego antes e durante a crise económica... 26

Figura 3. Taxa de desemprego de Portugal, 1999 – 2013 ... 27

Figura 4. Comparação do desvio padrão antes e durante a crise económica ... 28

Figura 5. Comparação da taxa de desemprego entre os países do sul e os restantes países da área do euro: 1999 – 2007 e 2008 – 2012 ... 31

Figura 6. Perspetivas da taxa de desemprego para os países da zona euro: 2014 e 2015... 33

Figura 7. Taxa de desemprego de Portugal: total e por sexo, 1990 – 2013 ... 35

Figura 8. Taxa de desemprego de Portugal: total e por grupo etário, 1990 – 2013 ... 36

Figura 9. Taxa de desemprego de Portugal: total e por nível de escolaridade completo, 1998 – 2013 ... 37

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Estatísticas sumárias da taxa de desemprego, em %... 21 Quadro 2. Estatísticas sumárias da taxa de desemprego, em %... 24 Quadro 3. Desvio padrão dos ciclos, filtro BK, 1970 – 2012, em % ... 48 Quadro 4. Coeficientes de correlação entre o ciclo do PIB (Xt) e o ciclo da taxa de desemprego (Yt+i),

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LISTA DE ABREVIATURAS

BCE Banco Central Europeu

BK Baxter e King

DEO Documento de Estratégia Orçamental

EUA Estados Unidos da América

FMI Fundo Monetário Internacional

HP Hodrick e Prescott

INE Instituto Nacional de Estatística

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PAEF Programa de Assistência Económica e Financeira

PIB Produto Interno Bruto

PNE Plano Nacional de Emprego

UE União Europeia

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas a maioria dos países da União Europeia experimentou taxas de desemprego elevadas, com carácter de persistência. A recente crise económica e financeira, que se fez sentir na União Europeia desde 2008, agravou o problema do desemprego, que disparou em alguns países para valores sem precedentes. Foi o caso de Portugal, que historicamente registava valores da taxa de desemprego dos mais baixos da Europa. Desde 1999, data em que Portugal aderiu à área do euro, a taxa de desemprego aumentou de 4,4% para 16,3% em 2013 (Banco de Portugal, 2013a)1, constituindo hoje um dos principais problemas económicos do país e um dos mais preocupantes. O Boletim Económico de Inverno 2013 do Banco de Portugal perspetiva que para 2014 e 2015 a atividade económica portuguesa desenvolva uma recuperação moderada, muito devido à evolução projetada para o setor privado. Contudo, é expectável, também, que a taxa de desemprego de longa duração aumente.

Estudar as dinâmicas da taxa de desemprego na área do euro, e em particular para o caso português, impõe-se, assim, como um tema de enorme relevância e atualidade.

Para explicar o aumento da taxa de desemprego na União Europeia têm sido apontadas duas possíveis causas. A primeira refere-se aos fatores de rigidez existentes no mercado de trabalho (como, por exemplo, a legislação de proteção ao emprego e o forte poder sindical) e, também, a ineficiência de políticas fiscais e sociais. Estes fatores fizeram com que os salários reais não baixassem, implicando um aumento da taxa natural de desemprego ao longo do tempo.

A segunda causa atribui às políticas monetárias praticadas a responsabilidade pelo aumento do desemprego na área do euro. Seriam as políticas monetárias contracionistas adotadas para combater a inflação as criadoras dos valores elevados registados no desemprego.

O desemprego é um “mal” macroeconómico juntamente com a inflação. E, politicamente, permanece sempre uma questão para a qual não existe uma resposta certa e imediata: combater a subida contínua e generalizada do nível geral de preços ou combater o aumento do desemprego? Este é um dilema que suscita inúmeras dúvidas quanto ao objetivo principal da política macroeconómica (Correia, 2000).

1

Para o ano de 2013 a taxa de desemprego da área do euro era de 12%, bastante inferior ao valor da taxa portuguesa.

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Ao longo dos últimos anos, desde a adesão ao euro, que as medidas implementadas deram especial preferência ao combate à inflação.

O Tratado de Maastricht (1992) não referencia o emprego e o desemprego em nenhum dos seus critérios de convergência, aparecendo apenas enunciados de forma muito genérica2. Posteriormente, vários documentos oficiais da União Europeia, apontaram algumas medidas tendo como objetivo o emprego3. Nestes havia o reconhecimento que o crescimento económico não era suficiente para resolver o problema do desemprego. Adicionalmente tornava-se indispensável que houvesse crescimento sustentável que gerasse postos de trabalho mas ao mesmo tempo que não aumentasse a taxa de inflação. O Tratado de Amesterdão (1997), por sua vez definiu o emprego como um dos fins da UE, considerando-o do interesse para toda a Europa. Mas, ainda assim, não se verificaram grandes mudanças nas políticas europeias.

Desta forma, é importante estudar a evolução da taxa de desemprego pois este é um problema coletivo que, do ponto de vista económico, pode colocar em causa a capacidade produtiva de um país, para além de representar o não correto funcionamento do sistema económico e social. Daí ser útil estudar esta problemática e saber quais as medidas a tomar para reduzir os valores da taxa de desemprego sem prejudicar outras variáveis económicas importantes para o bom funcionamento da economia.

Neste trabalho pretendemos analisar o comportamento da taxa de desemprego para doze países que inicialmente constituíram a área do euro, destacando o caso específico de Portugal. Assim, no capítulo II, apresentamos uma revisão da literatura relevante sobre os principais desenvolvimentos evidenciados pela taxa de desemprego, suas causas e efeitos na Europa, dando ênfase ao caso português. No capítulo III é analisada a evolução dos valores do desemprego, comparando o comportamento antes e após a adesão à área do euro. No capítulo IV estima-se a relação empírica entre o ciclo da taxa de desemprego e o ciclo do produto para os mesmos doze países, primeiramente através de uma visualização gráfica e, posteriormente, avaliando a amplitude e o nível de correlação dos ciclos do

2

Os quatro critérios de convergência são: estabilidade dos preços; situação das finanças públicas (défice público anual e dívida pública); taxas de câmbio; e taxas de juro a longo prazo (Tratado de Maastricht, 1992).

3

Como por exemplo, a Decisão do Conselho relativa às orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros (Conselho da União Europeia, 2003).

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produto e da taxa de desemprego, para assim, perceber a relação existente entre as duas variáveis.

O capítulo V contém as conclusões principais retiradas ao longo do trabalho, apresentando as dificuldades que foram sentidas ao longo da sua elaboração. Mencionamos, também, propostas para investigação futura acerca deste tema, a fim de se perceber este fenómeno da taxa de desemprego e sobretudo as suas consequências económicas e sociais.

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2. DINÂMICAS DO DESEMPREGO: REVISÃO DA LITERATURA RELEVANTE

Ao longo deste capítulo realizamos uma sinopse histórica sobre os principais desenvolvimentos da taxa de desemprego, bem como as suas causas e respetivos efeitos. Dá-se particular atenção à situação a nível europeu, destacando-se, sempre que possível, o caso português.

2.1. A nível europeu

Durante os “30 anos gloriosos” – período pós Segunda Guerra Mundial até inícios de 1970 – o desemprego registado para a União Europeia a 15 países (UE-15)4

era baixo e inclusive menor do que nos Estados Unidos da América (EUA). Esta foi uma época caracterizada por um rápido progresso tecnológico e forte crescimento económico. No entanto, ao longo das últimas décadas, a taxa de desemprego europeia tem vindo a registar uma tendência crescente e um caráter de persistência. Este aumento do desemprego é um fenómeno que causa bastante preocupação social, pois é um facto que não é apenas penalizador para o desempregado mas também para toda a sociedade, dado que representa uma perda de produção e de rendimento, e dada a instabilidade social que produz. Um indivíduo ao ficar sem emprego significa que não vai participar na atividade produtiva e, portanto, irá ser excluído do mercado de trabalho, perdendo o seu estatuto, o seu poder de compra e adquirindo um stress emocional muito forte pelo que poderá, até, perder ou deteriorar as suas capacidades (Antunes, 2005).

Num artigo acerca do desemprego europeu, Blanchard (2005) refere que o aumento do desemprego sentido na década de 1970 se deve a dois choques. O primeiro consiste em dois súbitos aumentos do preço do petróleo – primeiramente em 1973 – 1974 devido ao embargo árabe e, posteriormente, em 1979 com a revolução iraniana e a guerra Irão-Iraque em 1980. O segundo choque baseia-se na diminuição do crescimento da produtividade total dos fatores. O autor argumenta que, nesta década, as taxas de juro baixas e, por vezes, até negativas, conseguiram amortizar inicialmente o impacto destes choques. Com todos estes acontecimentos, seria de esperar uma desaceleração dos salários reais. Contudo, tal não se verificou pois estes choques sucederam-se a um período de forte agitação laboral e

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O agregado UE-15 corresponde à constituição da União Europeia antes do alargamento de 2004, nomeadamente pelos seguintes 15 Estados-membros: Áustria, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Grécia, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Suécia e Reino Unido.

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com diversas greves gerais em vários países europeus, onde os sindicatos e trabalhadores solicitavam salários mais generosos, e, ao consegui-lo, aumentaram também a rigidez salarial. A par deste crescimento salarial, os governantes mantiveram um sistema social generoso, na tentativa de minimizar os efeitos dos choques adversos.

A procura por melhores salários e a generosidade do “estado social” continuaram durante mais algum tempo, o que contribuiu para que, na década de 1980, o desemprego continuasse a aumentar. Nesta fase, o foco sobre a causa do elevado desemprego mudou -se dos choques para o papel das instituições e para os efeitos adversos do “estado social”, pois já não se acreditava que os choques sentidos na era de 1970 produzissem consequências tão duradouras. Blanchard (2005) defende que, na primeira metade da década de 1980, o desemprego tem uma explicação relativamente simples. Em resposta aos choques adversos, os governantes acomodaram a política monetária, o que levou a um enorme aumento da taxa de inflação.

Posteriormente os governos de vários países europeus e os bancos centrais, com o intuito da formação da União Monetária, implementaram uma política monetária restritiva. O objetivo de reduzir a inflação foi alcançado mas, em contrapartida, o desemprego aumentou consideravelmente. O autor defende, inclusive, que se as entidades responsáveis tivessem adotado inicialmente uma política monetária mais neutra, o aumento do desemprego teria sido mais elevado inicialmente mas de curta duração pois, desta forma, os efeitos dos choques iniciais não teriam efeitos tão prolongados.

Apesar de no continente europeu a tendência ter sido de aumento do desemprego, houve países que conseguiram baixar o valor do desemprego. Foi o caso do Reino Unido e dos Países Baixos. No Reino Unido, o governo de Margareth Thatcher conseguiu enfraquecer o poder dos sindicatos através da legislação e implementou uma redução da assistência social e dos benefícios aos desempregados. Por outro lado, nos Países Baixos, os sindicatos e empregadores cooperaram e acordaram uma moderação salarial em 1982, que dura até aos dias de hoje, onde o governo cortou nos impostos e estabeleceu para o emprego a tempo parcial um tratamento fiscal mais favorável (Burda e Wyplosz, 2011). A experiência destes países provou, desta forma, que é possível alterar os valores do desemprego com uma outra atitude política.

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As instituições moldaram os efeitos dos choques sobre o desemprego. O facto de nos anos 1970 e 1980 os governos continuarem a oferecer um sistema social generoso para atenuar os efeitos dos choques adversos teve efeitos contraproducentes, pois o desenvolvimento da rede de segurança social proporcionou desincentivos aos trabalhadores para regressarem ao mercado de trabalho, dado que o subsídio de desemprego constituía uma alternativa ao emprego. Por outras palavras, se um indivíduo aufere mensalmente um bom subsídio por se encontrar desempregado, ele não terá incentivo para procurar um emprego onde irá receber um salário equivalente. Isto conduziu a um aumento da taxa de desemprego de longa duração, na grande maioria dos países europeus.

É preciso, no entanto, ter em atenção de que existem na Europa países com uma segurança social desenvolvida, como é o caso da Noruega, em que o desemprego de longa duração permaneceu baixo. Assim, pode-se concluir que a causa das discrepâncias verificadas nos níveis de desemprego nos países europeus não se deve por si só à existência de uma rede de segurança social. É importante que essa rede exista para apoiar quem fica desempregado, mas que, simultaneamente, não proporcione desincentivos aos trabalhadores, tal como aconteceu na maioria dos países europeus (Burda e Wyplosz, 2011).

Nos anos 1990 emergiu um consenso alargado de que tanto os choques adversos como as instituições eram os responsáveis pelo contínuo e persistente aumento do desemprego. Por exemplo, Blanchard e Wolfers (2000)constataram estatisticamente que havia uma relação entre os choques e as suas respetivas interações com as medidas das instituições do mercado de trabalho entre os países, e que as diferenças no desemprego eram causadas por desigualdades nas instituições do mercado de trabalho (por exemplo, a proteção ao emprego e os montantes do subsídio de desemprego). Daí que na Europa vários choques semelhantes tenham produzido efeitos antagónicos nos valores do desemprego. A razão pela qual tal aconteceu foi as diferenças dos apoios sociais e não, como já foi referido anteriormente, a existência de uma rede de apoio social per si.

A este propósito, Blanchard e Portugal (2001) apontaram os EUA e a Espanha como dois exemplos extremos, já que os Estados Unidos tinham instituições que minimizaram os efeitos dos choques sobre o desemprego e as instituições em Espanha pareciam tê-los ampliado. Dentro da Europa, outros exemplos desta dicotomia foram também apontados. Tal é o caso da comparação entre Espanha e Portugal (Blanchard e Portugal, 2001).

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Durante o período analisado (década de setenta) enquanto que o primeiro país registava elevados números no desemprego, Portugal apresentava valores baixos, tendo as duas economias características semelhantes e sofrido os mesmos choques.

A partir dos anos 1990, os investigadores e decisores políticos começaram a perceber que eram necessárias reformas nas instituições do mercado de trabalho e programas de política ativa para se alcançar uma redução do desemprego. Uma das mudanças sugeridas foi a alteração da rigidez existente no mercado de trabalho.

A rigidez, a fraca mobilidade do trabalho e a elevada duração do estado de desempregado provocam custos económicos e podem levar à “esclerose” do mercado de trabalho (isto é, podem levar à estagnação deste mercado, conduzindo a períodos difíceis com altas taxas de desemprego e pouca criação de emprego). Durante os anos 1990, a explicação para haver desemprego de longa duração continuava a ser justificada pelo sistema social bastante generoso (quer em termos do montante, quer em termos da duração do subsídio de desemprego), o que faz adiar a entrada no mercado de trabalho por parte das pessoas desempregadas. Esta forte proteção ao emprego é, verosimilmente, uma das principais causas do desemprego europeu de longa duração.

Feldmann (2009) utilizando dados de 73 economias, para os anos de 2000 a 2003, relativos ao efeito da regulamentação do trabalho sobre o desemprego em todo o mundo, concluiu que a existência de uma regulamentação mais rígida tende a aumentar o desemprego quer na força de trabalho total, como também, entre as mulheres e os jovens. Observou ainda, que uma negociação coletiva mais centralizada tende a aumentar os valores da taxa de desemprego, assim como regras menos flexíveis de contratação e demissão dos trabalhadores estão por norma associadas a números de desemprego mais elevados.

Neste estudo são comparados dois países: os EUA, que são caracterizados por uma flexibilização no mercado de trabalho, e a Itália que, por sua vez, tem níveis bastante mais rígidos. Segundo as estimativas apuradas ao longo do estudo, caso a Itália funcionasse com maior flexibilidade na regulação do mercado de trabalho, com maior descentralização na negociação coletiva e com a mesma flexibilidade na contratação e demissão que vigora nos Estados Unidos, teria níveis inferiores de desemprego, ceteris paribus.

Como já foi referido anteriormente é fundamental que a rede de apoio aos desempregados seja eficiente no combate ao desemprego e não o estimule. Alguns estudos económicos,

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tais como Katz e Meyer (1990) e Meyer (1990), revelam que generosos subsídios de desemprego tendem a aumentar o desemprego, uma vez que pode reduzir a vontade do desempregado de aceitar ofertas de emprego, dado que o montante do subsídio reduz o custo económico do desemprego. Por outro lado, também se pode argumentar que os subsídios de desemprego generosos podem diminuir o desemprego porque os trabalhadores podem ver no subsídio um incentivo para procurar um emprego mais adequado ao seu perfil e ao seu gosto, o que reduzirá futuramente a probabilidade da pessoa pedir demissão ou ser demitido (Borjas, 2013; Atkinson e Micklewright, 1991; Gruber, 1997). Contudo, em termos gerais, a maioria da literatura empírica que analisa esta questão conclui que os países que atribuem maior generosidade aos subsídios têm taxas de desemprego mais elevadas.

A implementação de reformas parciais no mercado de trabalho (com a aplicação de legislação intrusiva e que distorce as medidas de incentivo aplicadas), resultam numa proteção ao emprego desigual, com sistemas de subsídio de desemprego desajustados e em políticas ativas do mercado de trabalho ineficientes (Boeri, 2011).

Nos últimos anos, muitos países europeus têm enfrentado problemas de elevados níveis de desemprego. Espanha, França, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal têm vindo a registar um crescimento do PIB muito fraco, sobretudo devido ao baixo consumo privado e ao forte abrandamento do setor da construção civil. Desde que rebentou a “bolha imobiliária” que o emprego caiu muito neste setor em vários países europeus, principalmente em Espanha e Portugal. Devido à crise económica instalada e aos elevados défices e dívidas públicas, várias são as medidas contracionistas que estão a ser implementadas em alguns países da área do euro. Alguns deles, como a Grécia, Irlanda e Portugal, viram-se mesmo obrigados a recorrer à assistência financeira da Troika (formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI)) para as suas economias, sendo que a Espanha também já recebeu fundos para resgatar a banca.

As medidas restritivas na Europa estão a conduzir a uma elevada diminuição da criação de emprego, que afeta principalmente os jovens. Várias são as empresas a fechar e o consumo privado é cada vez mais baixo. Desde 2008 que a tendência da taxa de desemprego é crescente em vários países como Portugal e a perspetiva futura não é muito animadora, dado que o principal objetivo dos governantes é a estabilização das contas públicas.

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Uma outra característica atual do mercado de trabalho europeu é a sua segmentação. Na maioria dos países desenvolvidos, os indivíduos com contratos por termo indeterminado beneficiam de critérios de despedimento rígidos e com elevadas indemnizações. Esta forte proteção levou à introdução de várias reformas destinadas a aumentar a flexibilidade no mercado de trabalho. Estas reformas foram essencialmente a adoção de contratos a prazo, que têm custos menores de despedimento. No entanto, estas reformas foram aplicadas apenas aos novos contratos de trabalho não sendo extensíveis a todos os trabalhadores, gerando assim a segmentação nos mercados de trabalho europeus (Boeri, 2011). Desta forma, existe uma maior rotatividade por parte dos trabalhadores do estado de empregados para desempregados e vice-versa. Esta situação trava o crescimento e desenvolvimento económico uma vez que o investimento em educação e em tecnologia é penalizado. Os países perdem o seu capital humano instruído para outros países que ofereçam melhores condições, fomentando assim a emigração de trabalhadores que procuram retorno do seu investimento na sua educação (Goldin e Katz, 2008). Uma economia marcada por contratos a termo entra num ciclo vicioso de baixas remunerações do capital humano o que provoca baixa produtividade do trabalho, levando a um fraco crescimento potencial da atividade do país.

Existem, no entanto, países europeus que registam crescimento do produto interno bruto e uma diminuição da taxa de desemprego, como é o caso da Alemanha – a maior e mais ativa economia da área do euro. Entre 2002 e 2005, a Alemanha implementou reformas no mercado de trabalho, quer no regime de prestações sociais quer na inserção profissional de pessoas desempregadas em idade ativa. Desta forma, conseguiu diminuir a taxa de desemprego e “resistir” melhor à crise económica e financeira iniciada em 2008/2009. Têm havido, contudo, algumas vozes críticas a estas reformas por terem provocado estagnação nos salários, mais desigualdades salariais e mais postos de trabalho com salários mais baixos. Mas todos estes factos já vinham a ser registados antes da implementação da reforma. A mudança mais notória prendeu-se com o maior número de trabalho temporário e dos chamados “miniempregos”, onde cada pessoa tem mais que uma ocupação (Knuth, 2014). Contudo, a verdade é que duas alterações fundamentais nas instituições – alteração na idade da reforma e decrescente força vinculativa dos acordos coletivos – fizeram da economia alemã uma das melhores da Europa.

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Segundo o relatório do BCE (2014), na área do euro, a inflação tem vindo a diminuir desde finais de 2011 e várias economias, especialmente as que detêm taxas de desemprego maiores, viram as suas taxas de inflação bastante reduzidas. Também, o Relatório Geral sobre a Atividade da UE de 2013 (Comissão Europeia, 2014b) salienta a recuperação da economia europeia apesar de muitos Estados-membros continuarem a ter fortes problemas de desemprego, especialmente nos jovens.

O atual contexto económico da Europa é problemático com os países fortemente endividados, elevados números de desemprego, desaceleração da produtividade e débil crescimento económico. A alta e persistente taxa de desemprego europeia é um motivo de preocupação por diversas razões, começando pelas suas fortes consequências negativas para o bem-estar dos indivíduos e o seu impacto orçamental nos diversos países, dado que reduz a receita e aumenta as despesas (Levine, 2012). É, por isso, fundamental combater os elevados valores da taxa de desemprego atuais.

2.2. O caso particular de Portugal

No caso particular da economia portuguesa, a evidência relativa ao passado recente mostra que, no início da década de 1970, havia um elevado e sustentado crescimento real do produto, refletindo a abertura da economia nacional ao exterior e o forte crescimento europeu. Logo após a “Revolução dos cravos”, a economia estremeceu e registou valores elevados da taxa de inflação e da taxa de desemprego, associados a taxas de crescimento real do produto bem mais moderadas. Nos primeiros anos de democracia, a economia portuguesa ressentiu-se devido aos efeitos da recessão europeia, relacionada com os choques petrolíferos e com a instabilidade económica do país. Foi, também, nesta década que os portugueses regressaram das colónias, o que implicou um aumento substancial da taxa de desemprego. Decorreram, simultaneamente, alterações no quadro institucional do mercado de trabalho, nomeadamente, o estabelecimento de relações laborais e um aumento nas remunerações totais. Em 1979, Portugal pediu ajuda pela primeira vez ao FMI, para reequilibrar as contas externas, e foram implementadas políticas restritivas de crédito e dos salários e uma contenção do défice orçamental português. Esta era, portanto, a caracterização dos primeiros anos de vida da democracia portuguesa: instabilidade económica e política com aplicação de medidas restritivas para equilibrar o orçamento ao mesmo tempo que vigorava inflação elevada (Fonseca, 2008).

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Durante a década de 1980, mais precisamente em 1983, o FMI volta a intervir em Portugal pelas mesmas razões. A taxa de desemprego sofre um novo aumento, tal como a taxa de inflação devido aos aumentos do preço do petróleo.

Ainda assim, nas décadas de 1980 e 1990, o desemprego apresentava uma taxa baixa comparativamente à maioria dos restantes países europeus. Em Portugal vigorava uma significativa flexibilidade dos salários reais o que permitia um ajustamento destes aquando das variações na taxa de desemprego. Vários estudos (Marques, 1990; Modesto et al, 1992; Luz e Pinheiro, 1993; Gaspar e Luz, 1997) concluíram que as flutuações do desemprego português tinham uma natureza cíclica, ou seja, flutuavam de acordo com o ciclo económico. Alguns investigadores (como Luz e Pinheiro, 1993), defendiam que Portugal deveria preservar a flexibilidade na negociação salarial e no ajustamento das vagas de emprego e dos trabalhadores à procura de emprego, se pretendia manter os baixos níveis de desemprego.

A flexibilidade dos salários reais em Portugal era, assim, a principal razão invocada para justificar as baixas e contracíclicas taxas de desemprego e a pouca persistência deste, uma vez que os salários evoluíam de forma ajustada com os níveis do desemprego – acelerando quando a taxa de desemprego estava baixa e desacelerando em períodos de muito desemprego. Este era o único mecanismo de ajustamento utilizado já que Portugal, tal como os restantes países da União Europeia, tinham grandes dificuldades na mobilidade de recursos humanos dentro do espaço de trabalho europeu. Esta imobilidade europeia devia -se a barreiras existentes na língua e na cultura, e também, devido às características do mercado da habitação e do sistema de segurança social (Correia, 2000).

Se Portugal nesta época exibia, a nível macroeconómico, uma flexibilidade dos salários reais que permitia defender-se de choques assimétricos negativos, já as características microeconómicas não revelavam a mesma flexibilidade. Vários estudos realizados no fim da década de 1990, como são exemplo Portugal e Dias (1997) e Gaspar e Luz (1997), analisaram do ponto de vista microeconómico o mercado de trabalho e concluíram existir rigidez, tal como nos outros mercados europeus.

Em Portugal vigorava uma legislação laboral mais protetora do emprego comparativamente aos restantes países europeus, fortes barreiras à mobilidade geográfica e mecanismos de garantia ao rendimento (salário mínimo, subsídio de desemprego e o

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rendimento mínimo garantido) que levavam a que pessoas desempregadas não aceitassem ofertas de trabalho com baixas remunerações.5

Nos finais da década de 80, Portugal começou a adotar políticas de estabilização, principalmente para combater a elevada inflação, preparando, assim, a sua entrada para a União Económica e Monetária (UEM). Nesta fase, o PIB decresceu e o desemprego aumentou, embora continuando este último inferior aos níveis europeus. Nos anos 1990, o país gozava de uma estabilidade governativa convergindo economicamente com a Europa, em termos nominais e reais. Nesta década, os fluxos de mercadorias foram liberalizados (o que aumentou as trocas comunitárias), constataram-se entradas de investimento direto estrangeiro e vários fundos estruturais, e também se iniciou a definição europeia de políticas comuns para convergência dos Estados membros (Fonseca, 2008).

Desde 2002, altura em que o euro entrou em circulação, que a taxa de desemprego portuguesa começou a aumentar continuamente, tendo atingido valores historicamente elevados nos últimos anos, sobretudo a partir de 2008, data de início da crise económica internacional. Com a adesão à UEM, Portugal tornou-se mais vulnerável, uma vez que a sua economia não era tão competitiva como as restantes, e ficou sem o controle da política monetária para poder desvalorizar a moeda quando necessário. Várias foram as consequências, como seja a falência de muitas empresas, a ocorrência de baixas taxas de crescimento e inclusive uma recessão no ano de 2003. Todos estes fatores contribuíram ainda mais para a não criação de emprego no país.6

Com o objetivo de renovar e intensificar o impulso às reformas necessárias para que Portugal criasse maior riqueza e mais empregos, o Governo lançou um Plano Nacional de Emprego (PNE), para o período 2005 – 2008, inserido na Estratégia de Lisboa. As intervenções deste plano eram diversas e com vários programas para qualificar os jovens e a população em idade ativa mas com baixa escolaridade. No âmbito deste objetivo, só no caso do segundo domínio prioritário deste Plano, que evidenciava o combate ao

5

De salientar, no entanto, que apenas em 1985 o subsídio de desemprego ficou bastante mais generoso em Portugal. Tal como referido anteriormente, dois mercados de trabalho frequentemente comparados em estudos são o espanhol e o português. Entre outras semelhanças, eram apontados os seus generosos subsídios de desemprego. Contudo, após aumentar o valor do subsídio, Portugal continuou a exibir baixas taxas de desemprego, não se verificando o mesmo no país vizinho.

6

Portugal (2008) caracteriza o mercado de trabalho português como um caso extremo de “eurosclerose”, com uma elevada duração média do desemprego, devido à fraca intensidade dos fluxos entre os estados de emprego e desemprego.

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desemprego em grupos com maiores dificuldades de integração no mercado de trabalho, foi implementado um conjunto de programas que conseguiu abranger cerca de 300 mil desempregados em 2006 (Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, 2006). Não obstante tais medidas, as taxas de desemprego foram aumentando progressivamente. Em 2008, “rebentou” a crise mundial, iniciada nos EUA aquando da falência do Lehman Brothers em 2007 a qual provocou nos anos seguintes um aumento ainda mais acentuado do desemprego e uma diminuição da produtividade e do crescimento.

Alguns Boletins Económicos do Banco de Portugal (Banco de Portugal, 2012; 2013b) evidenciam o mau momento que a economia portuguesa atravessa. Em 2012, a taxa de desemprego registou valores nunca antes alcançados. Muitas são as justificações deste aumento, a começar pelo processo de ajustamento da economia portuguesa. Tal implica, por exemplo, restrições ao financiamento das empresas ampliando, desta forma, os efeitos sobre o emprego. Outra causa é o facto de o setor de bens não transacionáveis – como o setor da construção e imobiliário – estar a registar fortes aumentos de desemprego, e este desemprego não ser absorvido pelo setor de bens transacionáveis, mais ligado às exportações. Uma outra explicação é a rigidez no mercado de trabalho que implica mais custos nos períodos de recessão (Banco de Portugal, 2013b). Portugal é apontado como tendo um sistema de segurança social que disponibiliza generosos subsídios de desemprego, os quais são vistos como responsáveis por uma forte quebra do produto e elevado aumento do desemprego7.

No ano de 2012, a evolução da economia portuguesa não era muito animadora, já que estava inserida num “contexto de restritividade das condições monetárias e financeiras e de manutenção da orientação contracionista da política orçamental.” (Banco de Portugal, 2012). No último trimestre do ano de 2012 a taxa de desemprego era de 16,9%, sendo a população desempregada de 923,2 mil pessoas. Estes valores representam aumentos substanciais homólogos relativamente ao mesmo trimestre de 2011 (2,9 p.p) e também relativamente ao terceiro trimestre de 2012 (1,1 p.p). De realçar que, em 2012, a taxa de desemprego subiu muito por causa da reforma na função pública, que envolveu o despedimento de funcionários públicos devido à queda do PIB e à necessidade de cortar nas despesas.

7

Segundo a análise evolutiva das pensões, desemprego, doença e parentalidade do Ministério das Finanças, Ministério da Economia e Emprego e Ministério da Solidariedade e Segurança Social (2012), o número de beneficiários de subsídios de desemprego tem vindo a oscilar, mas a sua tendência é de crescimento.

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O governo, no seu relatório provisório em junho de 2012, perspetivava que futuramente houvesse uma estabilização da taxa de desemprego dado as medidas que tinham vindo a ser tomadas para reduzir a rigidez do mercado de trabalho, tornando-o mais flexível. Defendia a criação de condições económicas para aumentar o investimento e para aumentar os níveis de produtividade da economia e retomar, assim, o crescimento económico sustentável, e paralelamente, conseguir uma redução dos níveis do desemprego (Ministério das Finanças, Ministério da Economia e Emprego, Ministério da Solidariedade e Segurança Social, 2012). Também, o Boletim Económico de Outono 2012 (Banco de Portugal, 2012), referia que eram necessárias melhorias das condições de funcionamento do mercado de trabalho para que se conseguisse criar novos empregos e diminuir a taxa de desemprego, que teve como média anual de 2012 um valor de 15,7% (INE, 2013).

Porém, 2013 começou com uma diminuição das exportações portuguesas e com o aumento do desemprego, tendo este último atingido no primeiro trimestre o valor mais elevado no ano de 2013 (17,7%). Contudo, após o segundo trimestre de 2013 registaram-se melhorias devido ao ligeiro aumento do emprego e à redução gradual da taxa de desemprego, e verificou-se uma inversão de tendência contudo, mantém-se níveis históricos elevados. Esta diminuição acompanhou a evolução da economia com um aumento da atividade económica devido a uma recuperação da procura interna e pelo desempenho das exportações. Esta recuperação económica não foi suficiente para reduzir os valores do desemprego e a taxa de desemprego em 2013 situou-se em 16,3%, um nível superior ao registado em 2012 com o número de desempregados a aumentar 1,8% em 2013 (Banco de Portugal, 2014a).

Durante o ano de 2013 a economia portuguesa permaneceu no seu processo de correção dos desequilíbrios macroeconómicos, o que potenciou muita destruição de emprego em termos líquidos (Banco de Portugal, 2014b), tendo havendo uma primeira evidência de recuperação da economia. A economia portuguesa registou uma queda mais moderada da atividade económica em 2013 (1,4%), comparativamente a 2012 (3,2%), (AICEP, 2014). De acordo com dados publicados pelo INE8, o PIB aumentou, em termos homólogos, no último trimestre de 2013 cerca de 1,7%, prevendo-se uma recuperação9, embora que ligeira da economia portuguesa nos próximos anos, mesmo que sejam baseadas na exigência de

8

INE (2014a).

9

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redução da despesa publica, consolidação orçamental e implementação de mais medidas de autoridade advindas do programa de assistência financeira.

O governo português, dando continuidade ao processo de consolidação orçamental, como previamente definido no quadro do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) estabeleceu-se um défice orçamental de 4,9%, em 2013 (Banco de Portugal, 2014a). O aumento da atividade económica desde o segundo trimestre de 2013 deveu-se essencialmente à gradual recuperação da procura interna e pelo forte desempenho positivo das exportações portuguesas. Também, em conformidade com a boa execução da atividade portuguesa, foi possível obter um aumento do emprego, reduzindo-se ligeiramente a taxa de desemprego, que mesmo assim se mantém em níveis muito elevados. O mesmo boletim económico refere que a evolução do mercado de trabalho português manteve alguns dos traços que o caracterizam nos últimos tempos, como o aumento dos contratos a termo certo e também o aumento do desemprego de longa duração.

2.3. Considerações Finais

Como foi destacado na análise anteriormente efetuada, quer em Portugal quer na maioria dos países europeus, a taxa de desemprego foi aumentando gradualmente com o decorrer dos anos. Os líderes responsáveis pelas decisões políticas tinham as suas atenções “desviadas” deste consecutivo e persistente aumento. Alguns países, como a Alemanha, internamente adotaram medidas para travarem a escalada do desemprego e, atualmente, têm taxas de desemprego amenas, embora apresentem uma percentagem elevada de contratos a termo e indivíduos com mais do que um emprego.

No entanto, a maioria dos países regista elevadas taxas de desemprego e face aos valores

record registados, medidas diferentes terão de ser tomadas pelas instituições europeias.

Tendo o desemprego uma origem microeconómica, é natural que algumas dessas políticas sejam dirigidas diretamente ao funcionamento do mercado de trabalho.

No que diz respeito aos valores portugueses, são em muito semelhantes à maioria dos países europeus. Em Portugal, 2013 terminou com uma taxa de desemprego recorde de 16,3%, evidenciando a urgência de travar o aumento do desemprego no país. Tal passará, necessariamente, pela introdução de melhorias nas condições de funcionamento do mercado de trabalho, de forma a conseguir criar novos empregos e pela retoma do

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crescimento económico. Esta necessidade de voltar a uma trajetória positiva de crescimento económico aplica-se não só a Portugal, mas também à maioria dos restantes países da UE. O Boletim Económico do Banco de Portugal (Banco de Portugal, 2014a), prevê graduais melhorias para a taxa de desemprego e para o crescimento da atividade económica para o período de 2014 a 2016. No segundo trimestre de 2014, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 13,9%10.

No capítulo seguinte, efetua-se uma análise empírica dos valores da taxa de desemprego nos países europeus com destaque para Portugal e estabelece-se uma relação com a evolução do ciclo económico de forma a melhor compreender a trajetória ascendente da taxa de desemprego.

10

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3. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO NA ÁREA DO EURO:

1956 – 2013

Neste terceiro capítulo procedemos a uma análise da evolução dos valores da taxa de desemprego para os países que em 2013 constituíam a área do euro. Os dados foram retirados, essencialmente, do site da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), do site do Eurostat e PORDATA – Base de Dados de Portugal Contemporâneo.

Este estudo foi dividido em dois períodos: o primeiro compreende dados de 1956 até 1998, e o segundo de 1999 até 2013. Esta divisão serve para efetuar uma análise ao longo do tempo tendo presente um momento marcante e importante da história das economias europeias. Em 1999, iniciou-se a terceira fase da UEM e, pela primeira vez, começou a ser usado o Euro em transações eletrónicas.

Para o primeiro subperíodo consideramos 15 países por insuficiência de dados e para o segundo subperíodo acrescemos o Chipre e a Malta e observamos 17 países.

3.1. Evolução da taxa de desemprego na área do euro: 1956-1998

O quadro seguinte contém as estatísticas sumárias da taxa de desemprego para o primeiro subperíodo para 15 países da área do euro11. Salienta-se ainda que, para alguns países, nomeadamente, a Eslováquia, a Eslovénia, a Estónia e o Luxemburgo não dispomos de dados para todos os anos desde 1956, e portanto, efetuamos a análise para este período apenas com os dados disponíveis. Por outro lado, Chipre e Malta não são objeto de análise neste primeiro subperíodo porque apenas dispomos de dados a partir de 2000.

11

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Quadro 1.

Estatísticas sumárias da taxa de desemprego, em %

Países Período Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Alemanha 1956-1998 4,01 2,95 0,55 9,91 Áustria 1956-1998 2,66 1,02 1,08 4,29 Bélgica 1956-1998 6,90 4,46 1,50 13,51 Eslováquia 1994-1998 12,51 0,93 11,33 13,65 Eslovénia 1996-1998 6,98 0,38 6,65 7,39 Espanha 1956-1998 9,94 8,77 0,73 24,17 Estónia 1989-1998 5,57 4,03 0,56 9,98 Finlândia 1956-1998 5,16 4,40 1,22 16,63 França 1956-1998 5,21 3,68 0,83 10,62 Grécia 1956-1998 5,80 2,65 1,69 10,84 Holanda 1956-1998 4,48 3,60 0,49 12,15 Irlanda 1956-1998 9,46 4,28 4,59 17,15 Itália 1956-1998 8,19 2,64 3,88 12,11 Luxemburgo 1960-1998 1,20 0,92 0,01 3,08 Portugal 1956-1998 4,81 2,45 1,78 8,67

Fonte: Cálculos próprios com base em dados da OCDE e do Eurostat.

Observando estes quinze países, podemos constatar que existem discrepâncias relevantes na taxa média de desemprego, dado que os países exibem valores bastante diferentes. O Luxemburgo tem uma média da taxa de desemprego pouco acima de 1%, sendo a taxa mais baixa. Segue-se a Áustria e a Alemanha com um desemprego médio na casa dos três a quatro por cento.

De entre os países da área do euro analisados para todo o primeiro subperíodo, o país que apresenta uma taxa de desemprego média mais elevada é a Espanha com 9,9%, seguido da Irlanda com 9,5%. No entanto, a economia que mais se destaca pela negativa é a Eslováquia, com uma taxa média de desemprego de 12,5% para os quatro anos analisados.

Outro facto notório diz respeito às mudanças ao longo do tempo dentro de cada país, uma vez que existe uma amplitude significativa entre o valor mínimo e o valor máximo da taxa de desemprego. Mais uma vez, Espanha é o país que mais se destaca, dado que tem um valor mínimo de 0,7% e um valor máximo de 24,1% (atingido no ano de 1994). Esta grande amplitude de valores é também refletida no maior desvio padrão apresentado por este país (8,8%). Isto traduz que a taxa de desemprego espanhola sofreu fortes alterações,

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no período analisado. Nos primeiros anos, Espanha tinha uma baixa taxa de desemprego. No entanto, ano após ano, foi aumentando tendo atingido os dois dígitos no início da década de oitenta.12

Na generalidade, todos os países ostentam uma amplitude considerável nos valores da taxa de desemprego. Os três países com menor dispersão são a Eslováquia, a Eslovénia e o Luxemburgo, sendo que os dois primeiros exibem constantemente altas taxas de desemprego, enquanto que o Luxemburgo mantem permanentemente valores de desemprego exemplares.

Espanha e Luxemburgo surgem, assim, com valores completamente antagónicos. Espanha destaca-se pela negativa, ao contrário do Luxemburgo que apresenta valores bastante baixos desde sempre. São, respetivamente, os dois países com o maior e menor desvio padrão para a totalidade do período, o que significa que a taxa de desemprego no Luxemburgo tem-se mantido ao longo destas décadas relativamente próxima do seu valor médio. O mesmo já não acontece no caso espanhol que apresenta um desvio padrão de 8,8%, demonstrando que o valor não tem sido estável ao longo do tempo, tal como também já tínhamos verificado através da amplitude apresentada por este país. A Eslováquia apresenta, também, um desvio padrão baixo e, por isso, podemos concluir que a taxa tem sido constantemente elevada.

Analisando o caso português em particular, verificamos que nesta época Portugal exibia valores relativamente baixos de desemprego, apresentando uma taxa de desemprego média de 4,8%. A Figura 1 revela que a taxa de desemprego começou a aumentar nos finais da década de 1970 refletindo, sobretudo, as alterações políticas que ocorreram no país desde a revolução de 1974, que trouxeram a democracia ao país, mas também alguma instabilidade económica, e, posteriormente, voltou a aumentar com o retorno dos portugueses das ex-colónias. Em 1974, Portugal tinha uma taxa de desemprego de 1,8%, passando em 1975 para 4,6% e em 1976 para uma taxa de 6,4%, sendo que foi aumentando progressivamente nos anos seguintes. Tal como podemos ver no quadro 1, a variação que existe em relação à média da taxa de desemprego é de 2,5 p.p. Tal indica uma dispersão considerável, que é

12

Tal como já referido no capítulo anterior, este foi um dos países que mais sofreu com os efeitos adversos provocados pelas instituições. Ao contrário do que se passava noutros países, como é exemplo Portugal, as instituições em vez de minimizarem os efeitos dos choques sobre o desemprego, pareciam ampliá-los.

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diferente se tomarmos os períodos antes e após da década de 1970. Em meados desta década, o país começou a registar aumentos do desemprego.

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Fonte: Elaboração própria, com base em dados da OCDE e do Eurostat

Figura 1. Evolução da taxa de desemprego de Portugal, 1956 – 1998

3.2. Evolução da taxa de desemprego na área do euro: 1999 – 2013

Nesta secção analisamos a evolução da taxa de desemprego no período após a criação da área do euro, destacando a alteração ocorrida com a crise económica que atingiu a Europa a partir de 2008.

3.2.1. Análise para todo o subperíodo

No quadro 2 podemos visualizar os dados das estatísticas sumárias da taxa de desemprego para o segundo subperíodo em análise, que vai desde 1999 a 2013.

Os países do Chipre e de Malta só serão analisados a partir do ano de 2003, uma vez que são esses os dados disponíveis nos sites consultados. Para efeitos de comparação com a média da área do euro são, igualmente, apresentados valores para a área do euro a dezassete países, entre 2000 a 2013.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 % Taxa de desemprego

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Quadro 2.

Estatísticas sumárias da taxa de desemprego, em %

Países/Zonas Período Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Alemanha 1999-2013 8,14 1,76 5,30 11,30 Áustria 1999-2013 4,33 0,49 3,58 5,17 Bélgica 1999-2013 7,78 0,64 6,61 8,50 Chipre 2003-2013 6,13 3,58 3,50 11,90 Eslováquia 1999-2013 15,12 3,00 9,57 19,30 Eslovénia 1999-2013 6,68 1,50 4,37 10,10 Espanha 1999-2013 14,87 6,03 8,29 26,40 Estónia 1999-2013 10,08 3,42 4,68 16,96 Finlândia 1999-2013 8,41 1,03 6,38 10,24 França 1999-2013 8,68 0,87 7,30 10,20 Grécia 1999-2013 12,30 5,75 7,23 27,20 Holanda 1999-2013 3,90 1,18 2,12 6,70 Irlanda 1999-2013 7,80 4,43 3,87 15,01 Itália 1999-2013 8,89 1,78 6,15 12,20 Luxemburgo 1999-2013 4,15 1,35 2,23 6,07 Malta 2003-2013 6,89 0,50 6,00 7,70 Portugal 1999-2013 8,45 3,95 3,96 16,30 Área Euro 17 2000-2013 9,23 1,28 7,46 11,90

Fonte: Cálculos próprios com base em dados da OCDE, do Eurostat e da PORDATA.

Analisando primeiramente o valor da média da taxa de desemprego, verificamos que neste subperíodo temos médias mais elevadas na generalidade dos países, à exceção da Itália, onde se manteve praticamente inalterada na ordem dos 8%, da Eslovénia e da Holanda, onde o valor foi atenuado, e da Irlanda que registou uma baixa considerável (cerca de 1,7 p. p.).

Nos inícios da década de 1980, a Holanda teve um rápido crescimento da taxa de desemprego, passando de uma taxa de 1% para valores na casa dos 10% e 12%. Assim, implementou medidas para diminuir os valores da taxa de desemprego e, é considerada um exemplo de sucesso nesta temática do desemprego 13. Após a implementação de novas regras laborais, a taxa de desemprego holandesa diminuiu e apresenta uma média para este subperíodo de 3,9%, sendo a mais baixa da zona euro.

13

As instituições laborais e o governo holandês trabalharam em uníssono e conseguiram diminuir o desemprego: os empregadores e os sindicatos acordaram moderação salarial, o governo cortou nos impostos, entre outras medidas aplicadas (Burda e Wyplosz, 2011).

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A Eslováquia, mais uma vez, destaca-se pelo seu valor elevado com uma taxa de desemprego média de 15,1%. Espanha, Grécia e Estónia (país aderente à área do euro em 2011) exibem, também, taxas médias de desemprego muito elevadas, na ordem dos dois dígitos. Aliás, em termos médios, a Estónia e a Grécia mais que duplicaram as suas taxas neste segundo subperíodo, o que é, sem dúvida, uma realidade perturbante.

Por sua vez, o Luxemburgo, continua a ser o país com uma das taxas médias mais baixas (4%), embora tenha aumentado 2,9 p.p. relativamente ao subperíodo anteriormente analisado.

Observando o valor máximo da taxa de desemprego de cada país, podemos constatar um facto preocupante: neste segundo período, a maioria dos países atingiu valores a dois dígitos, destacando-se a Grécia que experimentou uma taxa de desemprego de 27,2% (em 2013), seguindo-se a Espanha, Eslováquia e a Estónia, com taxas de desemprego de 26,4%, 19,3% e 17%, respetivamente.

A Estónia é um país que aderiu ao euro em 2011. Contudo, desde sempre exibiu uma alta taxa de desemprego, à exceção do período compreendido entre 2004 e 2008. Este é um país que entrou para a área do euro já com valores elevados e que, portanto, contribuiu para o aumento do desemprego médio dos países integrados na área do euro.

A área do euro a 17 países teve, entre 2000 e 2013, uma taxa média de desemprego de 9% e um desvio padrão na ordem de 1%, com uma amplitude de 4,4 p.p..

No entanto, estes são valores que ocultam a realidade da área do euro, uma vez que escondem a discrepância existente entre os seus membros. Ao analisar o quadro 2, podemos ver que existem países com taxas baixas, como é o caso da Holanda e do Luxemburgo que rodam os 4%, e depois temos países com valores de dois dígitos ou muito próximo. Estes resultados não são animadores para os responsáveis europeus, uma vez que não existe uniformidade nos diversos Estados membros.

3.2.2. Análise antes e durante a crise económica europeia

Tal como já se tinha mencionado no capítulo anterior, existe heterogeneidade entre os diversos países europeus, uma vez que houve países que registaram aumentos de desemprego mais fortes que outros, apesar de todos terem enfrentado a mesma crise

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económica. Houve, portanto, diferentes resultados para choques idênticos. É, por isso, importante analisar a situação de cada país antes e após a crise económica e financeira mundial iniciada em 2007, e que atingiu a Europa mais intensamente após 2008. Para tal, são apresentados dois gráficos (figura 2 e figura 4) com dois subperíodos. O primeiro demostra o período antes da crise - 1999 a 2007 - e o segundo compreende os anos desde 2008 a 2013. O primeiro gráfico mostra a média da taxa de desemprego para todos os países comparando o período antes e durante a crise económica e, no segundo, analisamos o desvio padrão, para os mesmos subperíodos.

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Fonte: Cálculos próprios com base em dados da OCDE e do Eurostat.

Figura 2. Comparação da taxa média de desemprego antes e durante a crise económica

Numa primeira análise, podemos verificar que a maioria dos países viu a sua taxa média de desemprego aumentar após 2008. Alemanha, Eslováquia e Finlândia são as exceções, tendo diminuído os valores do desemprego após a crise. No caso da Áustria, Bélgica, Itália e Malta não se verificam grandes oscilações, quando comparados os dois períodos.

Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal foram os países onde a crise provocou maiores consequências na área do desemprego. Os espanhóis e os gregos a partir de 2008, os irlandeses e os portugueses desde 2009 iniciaram uma escalada no desemprego, sem precedentes. Tal está diretamente ligado ao agravamento da situação económica e financeira de cada país, obrigando estes países a implementar fortes medidas orçamentais contracionistas para reequilibrar as contas públicas.

0 5 10 15 20 25 % Países/Zonas 1999-2007 2008-2013

(38)

A crise aprofundou a heterogeneidade entre os países da área do euro. Conforme é visível na Figura 2, a área do euro aumentou ligeiramente a sua taxa média de desemprego no período de 2008 a 2013. Contudo, este ligeiro aumento oculta mais uma vez, a diversidade europeia, dado que países como a Espanha aumentaram exponencialmente o seu desemprego, enquanto outros países, que gozavam de melhores condições económicas, conseguiram diminuir o nível do desemprego.

No caso específico de Portugal, verifica-se um aumento muito acentuado da taxa de desemprego, de uma média de 6,0% para 12,1%, como é visível na Figura 3. Mais preocupante, ainda, é observar o valor máximo da taxa de desemprego alcançado em 2013: 16,3%. De 2007 para 2008, Portugal diminuiu ligeiramente a sua taxa de desemprego passando de 8,3% para 7,6%. Desde então, o aumento foi contínuo tendo registado um acréscimo de 2,8 p. p. em 2012 e 0,6 p. p. em 2013.

Fonte: Elaboração própria, com base em dados da OCDE, do Eurostat e da PORDATA

Figura 3. Taxa de desemprego de Portugal, 1999 – 2013

Como se sabe, Portugal é dos países da área do euro que mais consequências tem sofrido com a crise. As constantes medidas restritivas que estão a ser implementadas na sequência do plano de resgaste financeiro, levaram a que o desemprego tenha subido para valores nunca antes alcançados no nosso país. No decorrer de 2013, dados divulgados para o primeiro trimestre desse exercício económico apontavam para um valor histórico de

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 % Taxa de desemprego

(39)

17,7%, mostrado uma escala galopante da taxa de desemprego14. Contudo, o valor no final do ano fixou-se em 16,3%, observando-se assim uma inversão de tendência, em termos trimestrais. Porém, o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) de 2014 já prevê melhorias ao nível deste indicador. Para o ano de 2014 antevê-se uma taxa de desemprego de 15,4%, evoluindo para uma taxa de 13,2% em 2018. Desta forma, conjetura -se uma redução da taxa de desemprego, de curta e longa duração, a par das melhorias também esperadas dos restantes indicadores económicos (Ministério das Finanças, 2014). Estes últimos dados são bastante diferentes dos divulgados no ano anterior. Tal é justificado com a melhoria esperada da procura externa líquida, a estabilização do consumo privado e o crescimento do investimento. Estas previsões do Ministério das Finanças são baseadas nas projeções económicas de inverno de 2014 da Comissão Europeia (2014a), as quais registam um crescimento para 2014 e 2015, contrariamente à moderação registado nos últimos anos.

Tal como já foi mencionado anteriormente, importa também comparar o nível de dispersão antes e durante a crise. Na figura 4, podemos verificar que a crise económica contribuiu para um aumento da dispersão em praticamente todos os países.

.

Fonte: Cálculos próprios com base nos dados da OCDE e do Eurostat.

Figura 4. Comparação do desvio padrão antes e durante a crise económica

14

De realçar que o DEO de 2013 (Ministério das Finanças, 2013), previa que a taxa de desemprego continuasse a aumentar até 2014 e ainda um máximo histórico de 18,5%, começando a diminuir a partir daí. No mesmo documento estimava-se que, em 2017, Portugal tivesse uma taxa de desemprego na ordem dos 16,7%. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 % Países/Zonas 1999-2007 2008-2013

Imagem

Figura 1. Evolução da taxa de desemprego de Portugal, 1956 – 1998
Figura 2. Comparação da taxa média de desemprego antes e durante a crise económica
Figura 3. Taxa de desemprego de Portugal, 1999 – 2013
Figura 4. Comparação do desvio padrão antes e durante a crise económica
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