• Nenhum resultado encontrado

Análise baseada em biologia de sistemas de dados transcricionais de células progenitoras neurais humanas tratadas com chumbo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Análise baseada em biologia de sistemas de dados transcricionais de células progenitoras neurais humanas tratadas com chumbo"

Copied!
113
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

INSTITUTO METR ´

OPOLE DIGITAL

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ ˜

AO EM BIOINFORM´

ATICA

DOUTORADO EM BIOINFORM´

ATICA

Clovis Ferreira dos Reis

An´

alise Baseada em Biologia de Sistemas de

Dados Transcricionais de C´

elulas Progenitoras

Neurais Humanas Tratadas com Chumbo

Natal - RN

2019

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

INSTITUTO METR ´

OPOLE DIGITAL

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ ˜

AO EM BIOINFORM´

ATICA

DOUTORADO EM BIOINFORM´

ATICA

Clovis Ferreira dos Reis

An´

alise Baseada em Biologia de Sistemas de Dados

Transcricionais de C´

elulas Progenitoras Neurais Humanas

Tratadas com Chumbo

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Juliani Siqueira Dalmolin – UFRN

Coorientador: Prof

a

. Dr

a

. Rita Maria Cunha de Almeida – UFRGS

Natal - RN

2019

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

INSTITUTO METR ´

OPOLE DIGITAL

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ ˜

AO EM BIOINFORM´

ATICA

DOUTORADO EM BIOINFORM´

ATICA

An´

alise Baseada em Biologia de Sistemas de Dados

Transcricionais de C´

elulas Progenitoras Neurais Humanas

Tratadas com Chumbo

Tese apresentada ao Programa de P´

os-gradua¸c˜

ao

em BioInform´

atica da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte por Clovis Ferreira dos Reis como

parte dos requisitos para a obten¸c˜

ao do t´ıtulo de

Doutor em BioInform´

atica.

´

Area de concentra¸

ao: Bioinform´

atica

Linha de Pesquisa: Genˆ

omica

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Juliani S. Dalmolin

Coorientadora: Prof

a

.

Dr

a

.

Rita Maria C. de

Almeida

Natal, RN

2019

(4)

Reis, Clovis Ferreira dos.

Análise baseada em biologia de sistemas de dados

transcricionais de células progenitoras neurais humanas tratadas

com chumbo / Clovis Ferreira dos Reis. - 2019.

112f.: il.

Tese (Doutorado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Instituto Metrópole Digital, Programa de Pós-Graduação em

Bioinformática, Natal, 2019.

Orientador: Dr. Rodrigo Juliani Siqueira Dalmolin.

Coorientadora: Dra. Rita Maria Cunha de Almeida.

1. Exposição ao chumbo Tese. 2. Análise de transcriptoma

Tese. 3. Inferência de redes Tese. 4. Visualização de redes

-Tese. 5. Transcriptogramer - -Tese. I. Dalmolin, Rodrigo Juliani

Siqueira. II. Almeida, Rita Maria Cunha de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 004:577

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

(5)
(6)

Agradecimentos

Aos colegas do BioME pela convivˆ

encia;

Aos professores pelo conhecimento;

Aos colegas de pesquisa Iara, Raffael, Diego e Danilo pela colabora¸c˜

ao;

Aos orientadores Rodrigo e Rita pela inspira¸c˜

ao;

Aos meus irm˜

aos Jeane, Maristela, Celso, Jairo e Milene pelo afeto;

`

A Ivana, mesmo `

a distancia, pela companhia;

Aos meus filhos Junior, Victor e Larissa pelo meu legado;

Aos meus pais Euclydes e Maria das Gra¸cas pela existˆ

encia; e

(7)

Sum´

ario

Lista de ilustra¸

oes

. . . .

7

Lista de tabelas

. . . .

8

Introdu¸

ao

13

1

CONSIDERAC

¸ ˜

OES SOBRE O CHUMBO . . . 13

1.1

O chumbo como uma quest˜

ao de sa´

ude p´

ublica . . . 13

1.2

Efeitos neurot´

oxicos do chumbo . . . 15

1.3

O impacto sistˆ

emico do envenenamento por chumbo . . . 18

2

DIFERENCIAC

¸ ˜

AO CELULAR

. . . 20

2.1

Caracterizando a diferencia¸

ao neuronal em um transcriptoma . . . 21

3

AN ´

ALISE DO TRANSCRIPTOGRAMA . . . 24

3.1

O pacote transcriptogramer . . . 24

Justificativa

30

Objetivos

31

Artigo

33

Discuss˜

ao

44

Conclus˜

ao

53

REFERˆ

ENCIAS

. . . 54

APˆ

ENDICE A – MATERIAL SUPLEMENTAR DO ARTIGO . . . . 61

(8)

Lista de ilustra¸c˜

oes

Figura 1 – N´

umero de casos de intoxica¸c˜

ao por chumbo em crian¸cas (USA) . . . .

15

Figura 2 – Resumo de vias metab´

olicas afetadas pelo c´

alcio . . . .

18

Figura 3 – Modelo esquem´

atico dos efeitos induzidos na c´

elula . . . .

19

Figura 4 – Modelo esquem´

atico da diferencia¸c˜

ao neuronal.

. . . .

21

Figura 5 – Matriz PPI de exemplo. . . .

25

Figura 6 – Exemplo de ordenamento. . . .

25

Figura 7 – Exemplo de janela deslizante

. . . .

26

Figura 8 – Representa¸c˜

ao gr´

afica das m´

edias de DE . . . .

27

Figura 9 – Determina¸c˜

ao dos clusteres funcionais

. . . .

28

Figura 10 – Representa¸c˜

ao gr´

afica dos clusteres funcionais . . . .

28

Figura 11 – Rede hier´

arquica de termos de GO . . . .

29

Figura 12 – Intera¸c˜

ao Delta1/NOTCH1 . . . .

46

(9)

Lista de tabelas

Tabela 1 – Exemplo de enriquecimento de ontologias. . . .

29

(10)

Lista de S´ımbolos e Abrevia¸c˜

oes

A.C.

Antes de Cristo

CaM

Calmodulina

cAMP

Cyclic AMP

CaMK

CaM-kinases

CDC

US Center of Disease Control

CFM

Cost Function Minimizing

CNS

Sistema nervoso central (Central Nervous System)

DE

Express˜

ao Diferencial

EDTA

Acido etilenodiamino tetra-ac´

´

etico (Ethylenediamine tetraacetic acid)

ESC

Embryonic Stem Cells

ES-NP cells

Human embryonic-derived neural progenitor cells

Glu

Glutamato

GO

Gene Ontology

hCG

Gonadotrofina coriˆ

onica

Hb

Hemoglobina

HPT

Hipot´

alamo, Pituit´

aria, Test´ıculos

NGF

Nerve Growth Factor

NMDAR

Receptor N–methyl–D–aspartato

NPCs

elulas progenitoras neurais humanas

PKC

Prote´ına Quinase C

PPI

Intera¸c˜

ao prote´ına prote´ına

T1

Time-Interval 1

T2

Time-Interval 2

(11)

Resumo

As consequˆ

encias do envenenamento por chumbo s˜

ao diversas e importantes na sa´

ude

humana uma vez que este metal pesado pode interagir com muitos sistemas orgˆ

anicos,

afetando principalmente o sistema nervoso, com implica¸c˜

oes graves e irrevers´ıveis do

neurodesenvolvimento, consolida¸c˜

ao de mem´

oria e processos de aprendizagem em crian¸cas.

Sua intera¸c˜

ao com componentes celulares d´

a-se de muitas formas, afetando prote´ınas de

liga¸c˜

ao a ´ıons, prote´ınas de sinaliza¸c˜

ao de transdu¸c˜

ao, canais iˆ

onicos transmembrana e

fatores de transcri¸c˜

ao. Apesar da sintomatologia da intoxica¸c˜

ao por chumbo j´

a ser bastante

conhecida, pouco ainda se sabe sobre seus efeitos sistˆ

emicos e sobre o seu impacto global

na modula¸c˜

ao da transcri¸c˜

ao de c´

elulas neuronais. A fim de investigar tais efeitos sob uma

´

otica de biologia de sistemas, aplicamos o pipeline do pacote transcriptogramer

R/Biocon-ductor com a finalidade de avaliar o perfil transcricional de c´

elulas progenitoras neurais

humanas (NPCs) tratadas com acetato de chumbo 30µM por 26 dias. Dotado de um

etodo n˜

ao supervisionado, o algoritmo do transcriptogramer ´

e projetado para identificar,

em experimentos do tipo caso-controle, grupos de genes funcionalmente associados e

difer-encialmente expressos. Tal pipeline foi capaz de identificar onze clusteres diferdifer-encialmente

expressos entre os dias 3 e 11 do tratamento com chumbo. Destes, sete apresentaram

uma regula¸c˜

ao negativa de diversos sistemas celulares envolvidos na diferencia¸c˜

ao celular,

como organiza¸c˜

ao do citoesqueleto, RNA e bioss´ıntese de prote´ınas, caracterizados por

redes grandes e fortemente conectadas. Os quatro clusteres positivamente regulados

apresentaram n´

os esparsos e pouco conectados, principalmente relacionados a transcri¸c˜

ao,

transporte transmembrana e transdu¸c˜

ao de sinal. J´

a no per´ıodo subsequente, envolvendo

os dias 12 a 26 de tratamento, foi poss´ıvel observar uma altera¸c˜

ao maci¸ca do perfil de

transcri¸c˜

ao celular com interferˆ

encia em todas as camadas da regula¸c˜

ao da express˜

ao gˆ

enica.

Desta forma, nossos resultados sugerem que o chumbo induz modifica¸c˜

oes transcricionais

significativas nas NPCs que podem ser correlacionadas a danos e/ou adapta¸c˜

oes de diversos

sistemas, todos decorrentes da intoxica¸c˜

ao por este metal pesado, influenciando, assim, o

resultado final da diferencia¸c˜

ao das c´

elulas ES-NP.

Palavras-chaves:

exposi¸c˜

ao ao chumbo, transcriptogramer, RNA-Seq, an´

alise de

tran-scriptoma, time series, inferˆ

encia de redes, data integration, visualiza¸c˜

ao de redes.

(12)

Abstract

The consequences of lead poisoning are diverse and relevant to human health. Reaching all

organ systems, it mainly affects the nervous system, with severe and irreversible implications

of neurodevelopment, memory consolidation, and learning processes in children. They

interact with cellular components in many ways, affecting ion-binding proteins, transduction

signaling proteins, transmembrane ion channels, and transcription factors. If in one hand,

the symptoms of lead poisoning are well known, on the other hand, we have a lack of the

systemic effects and its impact on neuronal cell transcription modulation. In order to

investigate such effects from a systems biology perspective, we applied the transcriptogramer

R/Bioconductor package pipeline to evaluate the transcriptional profile of lead

acetate-treated human neural progenitor cells (NPCs) 30µM for 26 days. The transcriptogramer

algorithm is designed to identify functionally associated and differentially expressed gene

groups in case-control experiments in an unsupervised way. It was able to identify eleven

differentially expressed clusters between days 3 and 11 of the lead treatment. Of these,

seven presented negative regulation of several cellular systems involved in cell differentiation,

such as cytoskeleton organization, RNA and protein biosynthesis, characterized by large

and tightly connected networks. The four clusters that were positively regulated presented

sparse and poorly connected nodes, mainly related to transcription, transmembrane

transport, and signal transduction. In the subsequent period, involving days 12 to 26 of

treatment, it was possible to observe a massive alteration of the cellular transcription

profile with interference in all layers of gene expression regulation. Thus, our results

suggest that lead induces significant transcriptional modifications in NPCs which can be

correlated to damage and/or adaptations of various systems, all resulting from intoxication

by this heavy metal, thus influencing the result of ES-NP cell differentiation.

Key words:

lead (Pb) exposure, transcriptogramer, RNA-Seq, transcriptome analysis,

time series, network inference, data integration, network visualization.

(13)
(14)

13

1 Considera¸c˜

oes sobre o chumbo

O chumbo ´

e, provavelmente, um dos primeiros minerais que o homem veio a utilizar em

metalurgia, sendo o artefato mais antigo feito com este material datado em 4300–4000 A.C.

[1]. De s´ımbolo qu´ımico

P b, n´umero atˆomico 82 e massa atˆomica igual a 207,2 daltons ´e

classificado como metal pesado. ´

E o metal est´

avel de maior n´

umero atˆ

omico e o s´

etimo metal

mais denso, com densidade de 11, 34g/cm

3

, atr´

as da platina, tungstˆ

enio, ouro, urˆ

anio, merc´

urio

e pal´

adio, sendo entre estes o mais abundante. Apresenta valˆ

encia vari´

avel, podendo assumir

as valˆ

encias 2 e 4 (P b

2+

e

P b

4+

, respectivamente).

Possui as seguintes caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas:

– Maleabilidade, podendo ser facilmente reduzido a lˆ

aminas finas;

– Ductibilidade, podendo deformar-se sem romper-se sob press˜

ao cisalhante;

– Baixa condutividade el´

etrica;

– Baixo ponto de fus˜

ao, tornando-se l´ıquido a 327,4

o

C e;

– Altamente resistente `

a corros˜

ao.

Tais caracter´ısticas o tornam um material muito vers´

atil e de f´

acil manipula¸c˜

ao, fato este

que, aliado ao seu baixo custo de produ¸c˜

ao e abundˆ

ancia, o tornam um insumo importante

em diversas ´

areas econˆ

omicas, sendo o quinto metal mais consumido pela ind´

ustria, superado

apenas pelo ferro, cobre, alum´ınio e o zinco [2]. Devido `

as suas caracter´ısticas isolantes e

de resistˆ

encia `

a oxida¸c˜

ao, ´

e largamente empregado na ind´

ustria el´

etrica, em acumuladores de

energia (baterias) e em forros para cabos el´

etricos. Possuindo elevada densidade, se presta

muito bem ao revestimento de ambientes como isolante ac´

ustico e eletromagn´

etico, assim

como blindagem contra radia¸c˜

oes de alta energia. Seu baixo ponto de fus˜

ao e capacidade

de associa¸c˜

ao com outros metais, permite o seu uso em soldas, fus´ıveis, ligas met´

alicas e na

tipografia tradicional. ´

E utilizado na ind´

ustria de tintas, vidros e cerˆ

amicas na composi¸c˜

ao de

diversos pigmentos, sendo os mais comuns os brancos, na forma de carbonatos e sulfatos de

chumbo, e o amarelo, na forma de cromato de chumbo. Al´

em disso, por ser um metal t´

oxico,

tamb´

em ´

e muito empregado como moluscicida na pintura de cascos de navios, como bactericida,

em especial para bact´

erias gram-positivas, e como fungicida. Desta forma, percebe-se que o

chumbo ´

e um metal muito presente em nosso dia-a-dia, apesar de sua severa toxicidade[2, 3].

1.1

O chumbo como uma quest˜

ao de sa´

ude p´

ublica

Cientes dos efeitos t´

oxicos e nocivos do chumbo sobre o organismo, autoridades ao redor

(15)

Considera¸

oes sobre o chumbo

14

contamina¸c˜

ao ambiental. A gest˜

ao de res´ıduos contaminados e a proibi¸c˜

ao do uso de aditivos `

a

base do metal nos combust´ıveis s˜

ao exemplos de medidas adotadas. Como consequˆ

encia, o uso

indiscriminado de chumbo foi reduzido significativamente nos pa´ıses industrializados. Entretanto,

alguns pa´ıses em desenvolvimento possuem, ainda hoje, legisla¸c˜

ao bastante permissiva ou

inexistente no tocante ao uso do elemento e controle de seus rejeitos. ´

E comum a utiliza¸c˜

ao de

chumbo em diversos produtos oriundos de tais pa´ıses, especialmente como compostos utilizados

em pl´

asticos, tintas, equipamentos eletrˆ

onicos e baterias.

Desta forma, ainda existe uma ampla gama de fontes de exposi¸c˜

ao ao chumbo, onde se

pode citar:

• Poeira de tinta de casas antigas;

• ´Agua proveniente de encanamentos

anti-gos;

• Cerˆamicas de baixa temperatura;

• Joias;

• Brinquedos;

• Rejeitos de mineradoras;

• Fundi¸c˜oes;

• Empresas de reciclagem de baterias de

autom´

oveis;

• Cosm´eticos;

• Medicamentos;

• Alimentos contaminados; etc.

Alguns grupos populacionais tamb´

em s˜

ao especialmente suscet´ıveis `

a contamina¸c˜

ao por

chumbo, devido `

as suas atividades, padr˜

oes comportamentais ou caracter´ısticas biol´

ogicas, onde

se destacam as crian¸cas, grupos ocupacionais, cujo trabalho os aproxima de fontes de chumbo

e popula¸c˜

oes desfavorecidas economicamente, cuja desnutri¸c˜

ao pode acelerar a absor¸c˜

ao do

metal [4].

Dentre todos os grupos de risco, o que mais causa preocupa¸c˜

ao ´

e o das crian¸cas, uma

vez que as altera¸c˜

oes neurol´

ogicas causadas durante o desenvolvimento do sistema nervoso

central (do inglˆ

es Central Nervous System – CNS) podem ser consideradas irrevers´ıveis [5].

Organiza¸c˜

oes mundiais como as Na¸c˜

oes Unidas e a World Health Organization, encontram-se

empenhadas na completa elimina¸c˜

ao do uso de chumbo como pigmento de tintas, considerado

hoje uma das principais causas da intoxica¸c˜

ao por chumbo em crian¸cas [6]. Apesar destes

esfor¸cos, dados recentes ainda mostram n´ıveis elevados de contamina¸c˜

ao confirmada em

crian¸cas com idade inferior a 72 meses nos Estados Unidos, pa´ıs que pode ser considerado

como padr˜

ao na regulamenta¸c˜

ao do uso do metal (Figura 1).

Uma vez que n˜

ao h´

a nenhuma fun¸c˜

ao conhecida desempenhada pelo chumbo na fisiologia

humana, nenhum n´ıvel de contamina¸c˜

ao pode ser considerado seguro. O n´ıvel m´

aximo para

“desencadeamento de a¸c˜

oes de combate `

a intoxica¸c˜

ao” ´

e de 5

µg/dL de sangue [8].

No Brasil, apesar de existir legisla¸c˜

ao sobre o uso e manuseio de rejeitos de produtos

contaminados por chumbo, esta encontra-se fragmentada dentro de diversas portarias e

resolu¸c˜

oes de ´

org˜

aos p´

ublicos, que tamb´

em tratam de contamina¸c˜

ao por diversos outros metais

(16)

Considera¸

oes sobre o chumbo

15

Figura 1 – N´

umero de casos confirmados de intoxica¸c˜

ao por chumbo em crian¸cas com

idade inferior a 72 meses ocorridos nos Estados Unidos entre os anos de 2012 e

2017. As linhas coloridas indicam os diferentes n´ıveis de contamina¸c˜

ao

medidos em

µg/dL de sangue.

Fonte: US Center of Disease Control (CDC) [7]

e substˆ

ancias t´

oxicas, n˜

ao existindo nem mesmo um n´ıvel m´

aximo de contamina¸c˜

ao por chumbo

que seja oficialmente aceito [9, 10, 11]. Tamb´

em n˜

ao h´

a dados oficiais sobre intoxica¸c˜

ao

por chumbo. As a¸c˜

oes de combate `

a contamina¸c˜

ao s˜

ao tomadas sob demanda e os casos

reportados em estudos s˜

ao, em sua maioria, decorrentes de acidentes ambientais ou da iniciativa

de institui¸c˜

oes de pesquisa [12, 13, 14].

1.2

Efeitos neurot´

oxicos do chumbo

O chumbo ´

e uma neurotoxina de efeito acumulativo e excre¸c˜

ao lenta, capaz de causar

danos irrevers´ıveis a diversos sistemas biol´

ogicos, depositando-se em tecidos como ossos, dentes

e sangue, com efeitos especialmente danosos ao sistema nervoso [5]. Quando armazenado em

ossos e dentes, pode ali permanecer por d´

ecadas, sendo paulatinamente liberado na corrente

sangu´ınea anos ap´

os os epis´

odios de intoxica¸c˜

ao. Adota-se internacionalmente o valor de

5µg/dL de sangue total como n´ıvel m´aximo aceit´avel para intoxica¸c˜ao por chumbo.

Uma vez inalado ou ingerido, ele ´

e rapidamente transportado `

a corrente sangu´ınea onde

ir´

a ligar-se `

a membrana e prote´ınas intracelulares de eritr´

ocitos. Apenas cerca de 3% de todo

chumbo absorvido permanecer´

a dilu´ıdo no plasma sangu´ıneo, permanecendo `

a disposi¸c˜

ao para

ser absorvido pelos demais tecidos do organismo [15, 16].

Este metal pesado pode acumular-se dentro das c´

elulas intoxicadas, tanto de forma

aguda como crˆ

onica, associando-se a prote´ınas celulares e formando estruturas intracelulares

denominadas corpos de inclus˜

ao (do inglˆ

es inclusion bodies). Tais estruturas podem ser

particularmente observadas nos tecidos renal e cerebral [17, 18, 19, 20]. Afetando diversos

(17)

Considera¸

oes sobre o chumbo

16

dos primeiros sintomas a aparecer em pessoas envenenadas por chumbo s˜

ao as c´

olicas, n´

auseas

e vˆ

omitos. No sistema renal, pode causar nefrite tubulointersticial. No sistema cardiovascular,

tem sido associado a les˜

oes card´ıacas, anormalidades eletrocardiogr´

aficas e aumento na press˜

ao

sangu´ınea. No sistema musculoesquel´

etico prejudica o desenvolvimento de ossos e dentes.

Estudos associam a esterilidade masculina a desordens no eixo HPT (Hipot´

alamo, Pituit´

aria,

Test´ıculos) causando, de forma ainda pouco conhecida, a redu¸c˜

ao da espermiogˆ

enese [21].

Tamb´

em atribui-se como prov´

avel causa da esterilidade feminina a natural afinidade que o

chumbo possui com a gonadotrofina coriˆ

onica (hCG ), ligando-se diretamente a ela, quando ir´

a

causar sua altera¸c˜

ao conformacional e consequente inativa¸c˜

ao [22]. Outro mecanismo bastante

conhecido d´

a-se pela substitui¸c˜

ao do ´ıon

Zn

2+

por

P b

2+

na prote´ına ALAD, impossibilitando

a s´ıntese Heme e, consequentemente, da hemoglobina (Hb), causando anemia no paciente

intoxicado [23].

Os efeitos da intoxica¸c˜

ao por

P b

2+

ao particularmente danosos quando tal exposi¸c˜

ao

ocorre durante o desenvolvimento do CNS, j´

a que nestas condi¸c˜

oes tal sistema apresenta

uma maior capacidade de absor¸c˜

ao de nutrientes e micronutrientes. Associado a desordens

cognitivas graves em crian¸cas, s˜

ao comuns os casos de pacientes intoxicados que apresentam

dificuldade de aprendizado e de consolida¸c˜

ao da mem´

oria [23, 24, 25]. Mesmo quando em

baixas concentra¸c˜

oes, problemas como altera¸c˜

oes comportamentais, diminui¸c˜

ao da capacidade

intelectual e de concentra¸c˜

ao foram reportados[26].

1.2.1

Causas da severa toxicidade do chumbo

Atribui-se a severa toxicidade do chumbo a sua capacidade de mimetizar ´ıons de

Zn

2+

e

Ca

2+

. Estes dois metais participam de centenas de processos biol´

ogicos fundamentais `

a vida.

Desta forma, a sua substitui¸c˜

ao por chumbo acaba por causar um efeito t´

oxico generalizado

e sistˆ

emico, afetando in´

umeros componentes celulares com os quais tais ´ıons interagem e

interferindo em todas cascatas de sinaliza¸c˜

ao por eles reguladas.

O papel do

Zn

2+

O zinco atua de forma direta ou indireta em in´

umeros sistemas celulares, que envolvem

desde divis˜

ao celular, s´ıntese de DNA e s´ıntese proteica at´

e a regula¸c˜

ao do sistema imunol´

ogico.

´

E associado a muitas patogˆ

eneses neuronais, tais como a doen¸ca de Alzheimer, doen¸ca de

Parkinson, esclerose lateral amiotr´

ofica, depress˜

ao e esquizofrenia, dentre outras [27, 28, 29].

Possui papel importante na sinaliza¸c˜

ao de

Ca

2+

, uma vez que atua como bloqueador dos canais

de c´

alcio dependentes de voltagem [30]. Encontrado de forma abundante em tecido nervoso,

pode ser vinculado a terminais pr´

e-sin´

apticos, em especial em neurˆ

onios glutamat´

ergicos, onde

regula a excitabilidade neuronal e a plasticidade sin´

aptica. Tamb´

em ´

e associado a processos de

diferencia¸c˜

ao neuronal e diferencia¸c˜

ao morfol´

ogica de neurˆ

onios [27, 28, 29, 31].

(18)

Considera¸

oes sobre o chumbo

17

Desempenha papel fundamental na estabiliza¸c˜

ao da estrutura terci´

aria de uma fam´ılia de

prote´ınas denominadas zinc-fingers, compostas por dom´ınios compactos contendo

α h´elices

e folhas

β, cujas dobras e conforma¸c˜ao s˜ao mantidas pelo Zn

2+

. Codificadas por cerca de

3% do genoma humano, estas prote´ınas participam de in´

umeros processos metab´

olicos, como

reconhecimento de DNA, empacotamento de RNA, ativa¸c˜

ao da transcri¸c˜

ao, montagem e

folding de prote´ınas, regula¸c˜

ao de apoptose, liga¸c˜

ao de lip´ıdios, etc. [23].

O papel do

Ca

2+

Assim como o zinco, o c´

alcio participa direta ou indiretamente de quase todos os processos

metab´

olicos humanos, atuando como fator de regula¸c˜

ao na atua¸c˜

ao de diversas enzimas e

prote´ınas.

Uma das principais prote´ınas afetadas pelo c´

alcio ´

e a calmodulina (CaM), respons´

avel pela

modula¸c˜

ao de mais de 40 outras prote´ınas. Possuindo quatro s´ıtios de liga¸c˜

ao ao

Ca

2+

, tem

sua conforma¸c˜

ao alterada em fun¸c˜

ao da abundˆ

ancia momentˆ

anea daquele ´ıon, permitindo

sua intera¸c˜

ao com grupos diferentes de prote´ınas[32]. Abundante no CNS de mam´ıferos, ´

e

geralmente encontrada em locais envolvidos com a neurotransmiss˜

ao, como nas membranas

os-sin´

apticas, pr´

oximo `

a prote´ınas de densidade p´

os-sin´

aptica (do inglˆ

es postsynaptic density

– PSD) e a ves´ıculas sin´

apticas [33]. Dentre suas diferentes fun¸c˜

oes, pode-se destacar sua

participa¸c˜

ao no metabolismo de nucleot´ıdeos c´ıclicos, na regula¸c˜

ao de bombas

Ca

2+

, transporte

de ´ıons, fosforila¸c˜

ao e desfosforila¸c˜

ao de prote´ınas, montagem e desmontagem de microt´

ubulos,

s´ıntese de neurotransmissores, em especial a noradrenalina e serotonina, al´

em da libera¸c˜

ao de

neurotransmissores.

Al´

em da CaM, outras prote´ınas dependentes de c´

alcio podem ser listadas como importantes

para o perfeito funcionamento do CNS. A prote´ına Quinase C (PKC) pode ser associada a

fun¸c˜

oes de controle do citoesqueleto de actina, de dinˆ

amica de crescimento de microt´

ubulos, no

controle da plasticidade sin´

aptica, onde regula os n´ıveis de receptores NMDAR p´

os-sin´

apticos,

podendo ser assim correlacionada de forma direta ou indireta a diversas fun¸c˜

oes de aprendizado

e cognitivas [34]. As CaM-kinases (CaMK) tˆ

em papel fundamental no desenvolvimento e

funcionamento do neurˆ

onio, seja pela sua fun¸c˜

ao na modula¸c˜

ao de microt´

ubulos, seja na sua

atua¸c˜

ao como fator ativo na potencializa¸c˜

ao sin´

aptica durante o aprendizado [35]. Por fim,

o AMP c´ıclico (do inglˆ

es Cyclic AMP – cAMP) pode tamb´

em ser citado, j´

a que participa

ativamente das cascatas de sinaliza¸c˜

ao que implicar˜

ao nos processos de crescimento axonal,

intera¸c˜

ao entre astr´

ocitos e neurˆ

onios, e na libera¸c˜

ao de neurotransmissores [33, 23]. Um

resumo das principais vias metab´

olicas envolvidas e suas respectivas fun¸c˜

oes relacionadas ao

CNS podem ser vistas na Figura 2.

(19)

Considera¸

oes sobre o chumbo

18

Figura 2 – Resumo de algumas vias metab´

olicas afetadas pelo c´

alcio e principais fun¸c˜

oes

do sistema nervoso central envolvidas.

1.3

O impacto sistˆemico do envenenamento por chumbo

Uma vez introduzido no organismo, o chumbo ir´

a causar impacto em diversos sistemas

metab´

olicos e em diferentes n´ıveis dentro de cada um destes sistemas, perturbando ou

im-pedindo o funcionamento de muitas prote´ınas e enzimas, bem como alterando todo equil´ıbrio

homeost´

atico iˆ

onico, podendo interferir nos seguintes processos, dentre outros:

• Diminuir a frequˆencia de abertura de canais associados a receptores de acetilcolina;

• Interferir em canais de c´alcio dependentes de voltagem, impedindo o seu correto

fun-cionamento e dificultando a entrada de c´

alcio no neurˆ

onio;

• Substituir ´ıons Ca

2+

em metaloprote´ınas e receptores ionotr´

opicos, causando sua perda

de fun¸c˜

ao, impedindo a transdu¸c˜

ao c´

alcio-dependente e interrompendo cascatas de

sinaliza¸c˜

ao;

• Substituir o zinco como ligante nos zinc-fingers, alterando sua estrutura e interferindo

nos processos celulares por eles regulados;

(20)

Considera¸

oes sobre o chumbo

19

• Substitui o Zn

2+

em receptores NMDAR em vias glutamat´

ergicas, conhecidos por serem

fortemente modulados por este ´ıon, causando inibi¸c˜

ao destes receptores e impedindo a

entrada dos ´ıons

Ca

2+

;

• Causar estresse oxidativo, etc. [23]

Como consequˆ

encia, uma diversa gama de sistemas metab´

olicos acabam por ser

compro-metidos, afetando processos neuronais que envolvem desde a express˜

ao gˆ

enica at´

e a libera¸c˜

ao

de neurotransmissores, com consequˆ

encias diretas sobre a capacidade de aten¸c˜

ao, mem´

oria e

aprendizado.

Desta forma, o chumbo acaba por interferir, direta ou indiretamente, em in´

umeros processos

celulares e afeta de forma sistˆ

emica e global processos fundamentais ao bom funcionamento

das c´

elulas. Um modelo esquem´

atico das poss´ıveis intera¸c˜

oes do chumbo com os diversos

sistemas celulares pode ser visto na Figura 3.

SP1 Núcleo Aminolevulinato Desidratase Sintese Heme Mitocondria Calmodulina Proliferação Celular Anemia 5-Nucleotidase Metaloproteínas Estresse Oxidativo Reparo de DNA Estresse Oxidativo Apurinic/Apyrimidinic Endonuclease 1 Protamina P2 Mime

tiza ions de calci

o

Proteina Quinase C

Mime tiza ions de calci

o Proteção e Concensação da Cromatina Canais de Cálcio Despolarização de Membrana

O

Adenilato Ciclase Neurotransmissores e hormônios

O O

Pb

2+ Legenda: Estimulação Inibição Ligação EGR-1 Diferenciação Celular Glutationa Glutationa Reductase Glutationa Peroxidase Glutataiona Sintetase Perda de Função Receptores ionotrópicos Ft Transcrição Zinc Fingers Transdução Cálcio Dependente

Figura 3 – Modelo esquem´

atico dos efeitos induzidos na c´

elula pela intoxica¸c˜

ao por

(21)

20

2 Diferencia¸c˜

ao celular

O processo de diferencia¸c˜

ao celular ocorre em diversas fases sucessivas, onde c´

elulas

ao especialistas diferenciam-se em c´

elulas cada vez mais especializadas, que ir˜

ao formar os

diferentes tecidos encontrados em organismos complexos. O primeiro tipo de c´

elulas nesta

cadeia de diferencia¸c˜

ao s˜

ao as c´

elulas-tronco totipotentes, as quais podem se diferenciar

em qualquer outro tipo de c´

elulas, incluindo-se a´ı c´

elulas de tecidos extraembrion´

arios. S˜

ao

normalmente encontradas em tecidos embrion´

arios at´

e a fase de m´

orula e ir˜

ao diferenciar-se

em duas linhagens: trofectoderma e as c´

elulas-tronco pluripotentes. Estas ´

ultimas possuem o

potencial para diferenciarem-se em qualquer c´

elula fetal ou adulta.

Quando isoladas, podem ser adaptadas e propagadas in vitro neste estado n˜

ao diferenciado,

recebendo o nome de c´

elulas tronco embrion´

arias (do inglˆ

es embryonic stem cells - ESC).

Atrav´

es de protocolos adequados, tais c´

elulas podem ser diferenciadas em c´

elulas da endoderme,

mesoderme ou ectoderme, para, a seguir, tornarem-se c´

elulas progenitoras de tecidos espec´ıficos,

passando a ser classificadas como c´

elulas multipotentes, capazes de se diferenciar em um

umero limitado de c´

elulas espec´ıficas.

As c´

elulas-tronco neurais s˜

ao um exemplo deste tipo de c´

elulas, sendo capazes de dar

origem a muitos, se n˜

ao todos, os tipos de c´

elulas gliais e neuronais do CNS [36]. Caso um

conjunto espec´ıfico de genes seja ativado neste momento, tais c´

elulas sofrem nova diferencia¸c˜

ao,

tornando-se c´

elulas progenitoras neurais (NPCs), perdendo a capacidade de diferenciarem-se

em c´

elulas da glia, podendo apenas se transformarem nos diversos tipos de neurˆ

onios. A Figura

4 ilustra todo este processo. As NPCs podem ser caracterizadas com base em sua localiza¸c˜

ao

(22)

Diferencia¸

ao celular

21

Figura 4 – Modelo esquem´

atico da diferencia¸c˜

ao neuronal a partir de c´

elulas-tronco

pluripotentes. Uma c´

elula pluripotente se especializa, diferenciando-se em uma

elula-tronco neural multipotente, que possui a capacidade de diferenciar-se

em c´

elulas progenitoras gliais e neurais. Aquelas poder˜

ao se diferenciar em

diversos tipos de c´

elulas que ir˜

ao compor a glia e estas ´

ultimas poder˜

ao

diferenciar-se nos diversos tipos de neurˆ

onios. Os nomes em vermelho sobre a

elula progenitora neural e sobre o neurˆ

onio indicam alguns dos genes que s˜

ao

caracteristicamente expressos nestes respectivos est´

agios da diferencia¸c˜

ao

celular.

2.1

Caracterizando a diferencia¸c˜

ao neuronal em um transcriptoma

A melhor forma de caracterizar a diferencia¸c˜

ao de NPCs em neurˆ

onios a partir de dados

tran-scricionais ´

e pela identifica¸c˜

ao do perfil de express˜

ao de genes espec´ıficos e caracter´ısticos destas

diversas fases, que atuar˜

ao como marcadores de tipo de especializa¸c˜

ao [37, 38]. Marcadores,

no caso em quest˜

ao, podem ser definidos como sendo genes que, devido `

as suas caracter´ısticas

de express˜

ao em fases espec´ıficas do desenvolvimento celular, podem ser utilizados para realizar

a an´

alise fenot´ıpica do est´

agio de diferencia¸c˜

ao celular. Assim, no presente trabalho, foram

empregados dois tipos distintos de marcadores: marcadores para NPCs e marcadores neuronais.

2.1.1

Genes marcadores de NPCs

Musashi1 (MSI1)

O MSI1 ´

e um gene cujos valores de express˜

ao se apresentam enriquecidos nas fases iniciais

do desenvolvimento do CNS. Sua elevada taxa de transcri¸c˜

ao ocorre durante o desenvolvimento

(23)

Diferencia¸

ao celular

22

e astr´

ocitos, mas nunca em neurˆ

onios ou oligodendr´

ocitos. Podem ainda ser encontrados

tra¸cos de sua express˜

ao em neurˆ

onios jovens, mas que v˜

ao desaparecendo conforme ocorre sua

matura¸c˜

ao [39].

Nestina (NES)

Inicialmente identificada em c´

elulas tronco neuroepiteliais de ratos, a Nestina ´

e um indicador

importante da neuroplasticidade das c´

elulas. A express˜

ao dos genes produtores de Nestina ´

e

encontrada em elevados n´ıveis em c´

elulas da glia radial, neurolem´

ocitos (c´

elulas de Schwann),

elulas da crista neural, precursores de oligodendr´

ocitos, c´

elulas gliais de retina (c´

elulas de

uller) e NPCs, dentre outras c´

elulas em diferencia¸c˜

ao [40].

NOTCH1

Notch1 ´

e um gene que pode ser correlacionado `

a diferencia¸c˜

ao celular em diversos tecidos

cerebrais. Sua deficiˆ

encia durante os est´

agios iniciais de desenvolvimento do CNS pode levar `

a

falha de diferencia¸c˜

ao e `

a apoptose celular, especialmente em c´

elulas da glia. Existem ind´ıcios

que sugerem que muitos mecanismos de diferencia¸c˜

ao de c´

elulas tronco neurais, incluindo-se a´ı

as NPCs, s˜

ao controlados pelas rotas de sinaliza¸c˜

ao do Notch1 [41].

SOX1

Sox1 ´

e um membro da fam´ılia de fatores de transcri¸c˜

ao SoxB1 e sua express˜

ao est´

a

correlacionada aos passos iniciais da neurogˆ

enese. A express˜

ao for¸cada deste gene, provocada

in vitro, mostra expressivo aumento na taxa de gera¸c˜

ao de c´

elulas da neuroectoderme e de

neurˆ

onios [42].

2.1.2

Genes marcadores neuronais

Tirosina Hidroxilase (TH)

A TH ´

e uma enzima considerada cr´ıtica para o funcionamento de diversos tipos de neurˆ

onios,

como neurˆ

onios adren´

ergicos, noradren´

ergicos e, principalmente, neurˆ

onios dopamin´

ergicos.

Essencial na convers˜

ao da L-Tyrosina em L-DOPA, onde atua como catalizador, ´

e elemento

indispens´

avel na cascata que produzir´

a a dopamina, noradrenalina e adrenalina, sendo assim

elemento fundamental na caracteriza¸c˜

ao de atividade neuronal. Baixos n´ıveis de produ¸c˜

ao de

TH est˜

ao relacionadas a doen¸cas do CNS, especialmente o mal de Parkinson [43].

NEUROD6

Membro da subfam´ılia NEUROD, pertencente ao grupo dos fatores de transcri¸c˜

ao

(24)

Diferencia¸

ao celular

23

Seus elevados n´ıveis de express˜

ao est˜

ao associados ao desenvolvimento de neurˆ

onios maduros a

partir de neurˆ

onios imaturos, em especial os dopamin´

ergicos [44].

Doublecortina (DCX)

A doublecortina (DCX) ´

e uma fosfoprote´ına necess´

aria ao desenvolvimento dos microt´

ubulos.

´

E associada `

a diferencia¸c˜

ao neuronal, sendo expressa por ocasi˜

ao da migra¸c˜

ao de neurˆ

onios

no sistema nervoso central durante o seu desenvolvimento. ´

E considerada um marcador de

neurogˆ

enese, particularmente relacionada `

a gera¸c˜

ao de novos neurˆ

onios no gyrus dentatus do

hipocampo [45, 46].

RBFOX3

Codificada pelo gene RBFOX3, a Proteina Neuronal Nuclear (NeuN) ´

e comumente

encon-trada nos n´

ucleos e citoplasma perinuclear da maioria dos neurˆ

onios do CNS de mam´ıferos.

´

E frequentemente utilizada como um marcador neuronal devido a esta sua propriedade

lo-calizacional. Anticorpos monoclonais `

a prote´ına NeuN tˆ

em sido utilizados ativamente na

determina¸c˜

ao da existˆ

encia de diferencia¸c˜

ao neuronal e na avalia¸c˜

ao do estado funcional de

neurˆ

onios [47].

GAD1 e GAD2

Estes genes s˜

ao respons´

aveis pela codifica¸c˜

ao das formas 1 e 2 da descarboxilase do ´

acido

glutˆ

amico. Estas enzimas catalizam a produ¸c˜

ao de ´

acido gama-aminobut´ırico a partir do ´

acido

L-glutˆ

amico. Tamb´

em conhecidos como GAD67 e GAD65, respectivamente, estes genes, al´

em de

desempenhar fun¸c˜

oes no pˆ

ancreas, relacionando-os ao diabetes do tipo 1 (insulinodependente),

ao considerado marcadores de diferencia¸c˜

ao celular de neurˆ

onios GABA´

ergicos, estando sua

express˜

ao intimamente correlacionada com os n´ıveis de express˜

ao da TH neste tipo de neurˆ

onio

[48].

(25)

24

3 An´

alise do transcriptograma

3.1

O pacote transcriptogramer

Para realizar uma an´

alise sistˆ

emica do transcriptoma foi utilizado o pacote transcriptogramer

do R, desenvolvido pelo nosso grupo de trabalho. Ele presta-se a realizar uma an´

alise de

transcriptomas baseada em biologia de sistemas, que, em ´

ultima an´

alise, permite a identifica¸c˜

ao

de grupos funcionais de genes diferencialmente expressos em experimentos do tipo

caso-controle, pois provˆ

e ferramentas para cria¸c˜

ao de transcriptogramas, an´

alise topol´

ogica dos

dados, an´

alise de express˜

ao diferencial e de enriquecimento de ontologia de genes (GO) [49, 50].

O m´

etodo utiliza uma rede de intera¸c˜

ao prote´ına-prote´ına (PPI) extra´ıda do STRINGdb,

ordenada unidimensionalmente de acordo com a probabilidade de intera¸c˜

ao entre os diferentes

pares de prote´ınas.

3.1.1

Sequencia ordenada de genes

Conforme o m´

etodo descrito em [50], de posse da rede PPI, cria-se uma matriz sim´

etrica de

intera¸c˜

ao prote´ına-prote´ına de

N

× N elementos, onde posi¸c˜oes contendo o valor 1 representam

a intera¸c˜

ao entre duas prote´ınas quaisquer e 0 a inexistˆ

encia de intera¸c˜

ao, como pode ser visto

no exemplo da Figura 5(a). Calcula-se, ent˜

ao, o custo

E desta matriz aleat´oria utilizando-se

a equa¸c˜

ao 3.1, onde

d

ij

representa a distˆ

ancia dos diferentes pares de pontos da matriz em

rela¸c˜

ao `

a diagonal principal. Valores elevados de

d

ij

representam prote´ınas que interagem, mas

encontram-se em posi¸c˜

oes distantes na matriz. Assim, o desejado ´

e reorganizar as prote´ınas de

forma que esta nova ordem possua o menor custo, garantindo que prote´ınas com algum tipo

de intera¸c˜

ao encontrem-se o mais pr´

oximo poss´ıvel. Para tanto, o algoritmo Cost Function

Minimizing (CFM) toma duas prote´ınas aleatoriamente, troca-as de posi¸c˜

ao ( Figura 5(b)

) e calcula o novo custo

E

0

. Caso este seja menor que o valor inicial, a mudan¸ca ´

e aceita.

Caso contr´

ario ela ´

e rejeitada. Nova troca aleat´

oria ´

e realizada at´

e que o valor de

E tenha se

estabilizado (Figura 5(c)).

E =

N

X

i N

X

j

d

ij

{|M

i,j

− M

i+1,j

| + |M

i,j

− M

i−1,j

| + |M

i,j

− M

i,j+1

| + |M

i,j

− M

i,j−1

|}

(3.1)

A Figura 6 representa uma matriz PPI de S. cerevisiae [50] antes e ap´

os o ordenamento.

Os clusteres observados pr´

oximos `

a diagonal principal assinalam regi˜

oes onde existem grande

intera¸c˜

ao entre prote´ınas vizinhas. Ao t´

ermino deste procedimento, obt´

em-se uma lista de

genes/prote´ınas, ordenadas pela similaridade de processos biol´

ogicos dos quais participam. Tal

(26)

An´

alise do transcriptograma

25

(a) Ordem aleat´

oria

(b) Troca aleat´

oria de posi¸

ao

(c) Ordenado

Figura 5 – Matriz PPI de exemplo. As letras representam prote´ınas e os n´

umeros 1

representam as intera¸c˜

oes entre elas. Prote´ınas que n˜

ao interagem entre si

recebem o valor 0 na c´

elula correspondente da matriz de adjacˆ

encia (omitido

na figura para fins de clareza). (a) Estado inicial da matriz em uma ordem

aleat´

oria qualquer. Neste estado ´

e calculado o custo inicial

E da matriz,

segundo a equa¸c˜

ao 3.1. (b) As prote´ınas B e J s˜

ao aleatoriamente escolhidas e

tem suas posi¸c˜

oes trocadas, sendo o novo custo

E

0

calculado. (c) Estado final

do processo, onde

E se estabiliza em um valor m´ınimo.

(a) Matriz PPI em ordem aleat´

oria

(b) Matriz PPI ordenada

Figura 6 – (a) Exemplo de matriz PPI em uma ordem aleat´

oria. (b) A mesma matriz

ap´

os a aplica¸c˜

ao do algoritmo de ordena¸c˜

ao Cost Function Minimizing (CFM)

(figura adaptada de [50])

3.1.2

Express˜

ao diferencial (DE)

O pacote transcriptogramer realiza o c´

aculo da express˜

ao diferencial utilizando-se das

funcionalidades do pacote limma (Linear Models for Microarray Data [51]). Este ´

ultimo faz

(27)

An´

alise do transcriptograma

26

ou microarray, do tipo caso-controle com m´

ultiplas amostras. Em suma, o transcriptogramer

fornece ao pacote limma os valores de express˜

ao das diversas amostras dispon´ıveis e um vetor

ogico, onde tais amostras s˜

ao identificadas como sendo caso ou controle, e obt´

em como

resultado valores de DE dos diversos genes/prote´ınas e um p-valor associado.

3.1.3

Valores m´

edios de express˜

ao – Janela deslizante

De posse da lista ordenada de prote´ınas e de seus valores de express˜

ao diferencial (microarray

ou RNA-seq) entre caso-controle, aplica-se uma janela deslizante de raio

R arbitr´ario, conforme

ilustrado na Figura 7(a). Os valores de express˜

ao diferencial encontrados sob a janela tem a

sua m´

edia calculada e esta passa a representar o valor de DE da posi¸c˜

ao central da janela.

Assim, tal valor pode ser interpretado como a DE de uma regi˜

ao do interatoma que envolve

um n´

umero de prote´ınas cont´ıguas igual a 2R + 1, j´a que prote´ınas encontradas em posi¸c˜oes

vizinhas tem afinidade funcional, garantida pelo ordenamento pr´

evio. A Figura 7(b) ilustra

a situa¸c˜

ao final do processo envolvendo a janela deslizante e a Figura 8, sua representa¸c˜

ao

gr´

afica.

Apesar de n˜

ao haver um tamanho determinado para o raio

R, o uso de valores entre 70 e

120 tem se mostrado adequado.

(a) Lista ordenada de prote´ınas e seus respectivos valores de express˜

ao

(b) Resultado final ap´

os a aplica¸

ao da janela deslizante

Figura 7 – Exemplo de lista ordenada de prote´ınas, com respectivos valores de express˜

ao

diferencial (DE), onde ser´

a aplicada uma janela deslizante de raio igual a 2.

(a) Os valores sob a janela tem sua m´

edia calculada e esta passa a ser o valor

de referˆ

encia de DE da posi¸c˜

ao central da janela. A janela ´

e ent˜

ao deslocada

para a direita e o processo se repete. (b) Situa¸c˜

ao final ap´

os a janela percorrer

(28)

An´

alise do transcriptograma

27

Figura 8 – Exemplo de representa¸c˜

ao gr´

afica das m´

edias de DE ap´

os o processo de janela

deslizante. O eixo dos X representa as posi¸c˜

oes da lista ordenada de prote´ınas.

O eixo dos Y representa os valores de DE dentro das diferentes janelas. A

linha horizontal preta representa os valores de express˜

ao de referˆ

encia do

controle e a linha cinza os valores m´

edios de express˜

ao do caso.

3.1.4

Clusteriza¸c˜

ao

De forma semelhante ao processo utilizado na obten¸c˜

ao dos valores m´

edios de DE por janela

deslizante, os clusteres funcionais considerados significativos s˜

ao obtidos pela utiliza¸c˜

ao de uma

janela de mesmo raio que ir´

a deslizar por sobre os p-valores obtidos do pacote limma. Um

cluster ir´

a crescer sempre que dentro da janela houver pelo menos dois p-valores menores que

um limiar predeterminado, sendo os limites de tal cluster estendido at´

e a posi¸c˜

ao do segundo

p-valor considerado significativo. A Figura 9 ilustra o processo onde uma janela deslizante de

raio 2 encontra dois p-valores menores que 0,01 nas posi¸c˜

oes 5 e 7 do ordenamento, estendendo

o cluster 1 at´

e aquela ´

ultima posi¸c˜

ao. A Figura 10 ilustra a representa¸c˜

ao gr´

afica dos clusteres

por sobre o gr´

afico de m´

edias de DE.

(29)

An´

alise do transcriptograma

28

Figura 9 – Exemplo de lista ordenada de prote´ınas, com respectivos p-valores de DE,

onde ser´

a aplicada uma janela deslizante de raio igual a 2 para determina¸c˜

ao

de clusteres significativos.

Figura 10 – Exemplo de representa¸c˜

ao gr´

afica das m´

edias de DE e dos clusteres funcionais

considerados significativos, identificados por cores.

3.1.5

Enriquecimento dos clusteres por gene ontology (GO)

O enriquecimento de GOs presentes dentro de cada cluster ´

e realizado tomando-se a rela¸c˜

ao

de genes/prote´ınas que participam de cada um dos clusteres identificados, apresentando-as ao

pacote topGO [52]. Como resultado, obt´

em-se uma lista de ontologias que foram consideradas

relevantes. A Tabela 1 ilustra um exemplo de resultado de algumas GOs consideradas relevantes

em um hipot´

etico cluster 3, onde podem ser identificados os ID das GOs, a descri¸c˜

ao de cada

termo e a significˆ

ancia do enriquecimento, representada pelo p-valor.

(30)

An´

alise do transcriptograma

29

Cluster

GO.ID

Term

Annotated

Significant

Expected

pValue

3

GO:0006811

ion transport

1299

46

17.73

2.93e-05

GO:0051259

protein complex oligomerization

445

17

6.07

1.83e-05

GO:0055085

transmembrane transport

1229

42

16.77

3.32e-04

Tabela 1 – Exemplo de enriquecimento de ontologias.

1

3.1.6

Rede hier´

arquica de termos de GO

A fim de facilitar a interpreta¸c˜

ao das GOs enriquecidas, desenvolvemos uma ferramenta

que constr´

oi um dendrograma contendo a hierarquia das ontologias de um determinado cluster.

Para tanto, ele calcula o ´ındice Jaccard de cada par de GOs criando uma matriz de adjacˆ

encia

utilizada na constru¸c˜

ao daquele dendrograma. Um exemplo desta rede hier´

arquica pode ser visto

na Figura 11. Esta fun¸c˜

ao estar´

a dispon´ıvel em vers˜

oes futuras do pacote transcriptogramer.

Figura 11 – Exemplo de uma rede hier´

arquica de termos de GO. Os tamanhos dos n´

os s˜

ao

proporcionais ao n´

umeros de genes associados `

a GO. As cores dos n´

os

representam a raz˜

ao normalizada entre o n´

umero de genes enriquecidos

presentes na GO pelo n´

umero total de genes associados a ela.

1

A coluna Cluster informa o identificador do cluster ao qual as GOs pertencem. A coluna GO.ID

mostra o identificador da GO que apresentou enriquecimento. A coluna Term exibe a descri¸

ao da GO.

A coluna Annotated informa o total de genes est˜

ao anotados na GO. A coluna Significant informa

a quantidade de genes pertencentes ao cluster que foram identificados na GO. A coluna Expected

informa a quantidade m´

axima de genes que seria esperada em uma distribui¸

ao aleat´

oria. E a coluna

(31)

30

Justificativa

O chumbo ´

e um insumo praticamente indispens´

avel `

a vida moderna. Seus efeitos nocivos

graves, cujos sintomas j´

a s˜

ao bem conhecidos, causam sequelas muitas vezes irrevers´ıveis `

a

sa´

ude humana, em especial ao sistema nervoso central, onde a exposi¸c˜

ao precoce em crian¸cas

leva a disfun¸c˜

oes neuronais permanentes com consequente defasagem no desenvolvimento

intelectual, aprendizagem e processos envolvendo mem´

oria. Ao longo de anos, diversos estudos

toxicol´

ogicos na ´

area foram levados a cabo e foram identificadas uma s´

erie de prote´ınas capazes

de interagir com o chumbo, cujas associa¸c˜

oes explicam alguns dos muitos sintomas observados.

Por´

em as an´

alises de tais intera¸c˜

oes ocorrem, via de regra, de forma estanque e isolada.

Apesar dos esfor¸cos e avan¸cos, nota-se que tais intera¸c˜

oes carecem de um olhar mais

abrangente, onde a funcionalidade de diversos componentes celulares possa ser observada como

um conjunto integrado. Assim, uma an´

alise sistˆ

emica dos efeitos do chumbo sobre a atividade

neuronal faz-se necess´

aria para um melhor entendimento da influˆ

encia deste metal pesado nas

diversas vias metab´

olicas e redes de intera¸c˜

ao, de forma que se possa ter uma compreens˜

ao

hol´ıstica dos processos envolvidos e da sintomatologia decorrente.

(32)

31

Objetivos

Objetivo geral

– Analisar o perfil transcricional de c´

elulas progenitoras neurais humanas (NPCs) tratadas

com acetato de chumbo, de forma a identificar, sob uma ´

otica sistˆ

emica, as poss´ıveis

consequˆ

encias da exposi¸c˜

ao ao chumbo de c´

elulas neurais em desenvolvimento.

Objetivos espec´ıficos

– Identificar marcadores que permitam caracterizar a diferencia¸c˜

ao de c´

elulas neuronais

nas amostras selecionadas;

– Identificar, em um esquema caso/controle, grupos diferencialmente expressos,

clusterizando-os por similaridade funcional, pela utiliza¸c˜

ao do pacote R/Bioconductor transcriptogramer ;

– Caracterizar as redes de intera¸c˜

ao prote´ına-prote´ına moduladas, baseadas nas anota¸c˜

oes

do Gene Ontology ;

– Analisar os padr˜

oes de express˜

ao diferencial encontrados, correlacionando-os com

(33)

Artigo:

Systems Biology-Based Analysis Indicates

Global Transcriptional Impairment in

Lead-Treated Human Neural Progenitor Cells

Autores: Clovis F. Reis, Iara Souza, Diego Arthur D. Morais, Raffael A. Oliveira, Danilo O.

Imparato, Rita M. De Almeida e Rodrigo J. Dalmolin

Artigo publicado em 10 de Setembro de 2019

Frontiers in Genetics

(34)

1 September 2019 | Volume 10 | Article 791

ORIGINAL RESEARCH

doi: 10.3389/fgene.2019.00791published: 10 September 2019

Frontiers in Genetics | www.frontiersin.org

Edited by:

Argyris Papantonis, University Medical Center Göttingen, Germany

Reviewed by:

Chiara Piubelli, Ospedale Sacro Cuore Don Calabria, Italy Marco Vanoni, University of Milano-Bicocca, Italy *Correspondence: Rodrigo J. S. Dalmolin rodrigo.dalmolin@imd.urfn.br

These authors have contributed

equally to this work

Specialty section:

This article was submitted to Systems Biology, a section of the journal Frontiers in Genetics

Received: 26 March 2019 Accepted: 26 July 2019 Published: 10 September 2019 Citation:

Reis CF, de Souza ID, Morais DAA, Oliveira RAC, Imparato DO, de Almeida RMC and Dalmolin RJS (2019) Systems Biology-Based Analysis Indicates Global Transcriptional Impairment in Lead-Treated Human Neural Progenitor Cells. Front. Genet. 10:791. doi: 10.3389/fgene.201900791.

Systems Biology-Based Analysis

Indicates Global Transcriptional

Impairment in Lead-Treated Human

Neural Progenitor Cells

Clovis F. Reis

1†

, Iara D. de Souza

1†

, Diego A. A. Morais

1

, Raffael A. C. Oliveira

1

,

Danilo O. Imparato

1

, Rita M. C. de Almeida

2

and Rodrigo J. S. Dalmolin

1,3

*

1 Bioinformatics Multidisciplinary Environment — IMD, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, Brazil, 2 Institute of

Physics and National Institute of Science and Technology: Complex Systems, Federal University of Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brazil, 3 Department of Biochemistry — CB, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, Brazil

Lead poisoning effects are wide and include nervous system impairment, peculiarly

during development, leading to neural damage. Lead interaction with calcium and

zinc-containing metalloproteins broadly affects cellular metabolism since these proteins are

related to intracellular ion balance, activation of signaling transduction cascades, and gene

expression regulation. In spite of lead being recognized as a neurotoxin, there are gaps in

knowledge about the global effect of lead in modulating the transcription of entire cellular

systems in neural cells. In order to investigate the effects of lead poisoning in a systemic

perspective, we applied the transcriptogram methodology in an RNA-seq dataset of

human embryonic-derived neural progenitor cells (ES-NP cells) treated with 30 μM lead

acetate for 26 days. We observed early downregulation of several cellular systems involved

with cell differentiation, such as cytoskeleton organization, RNA, and protein biosynthesis.

The downregulated cellular systems presented big and tightly connected networks. For

long treatment times (12 to 26 days), it was possible to observe a massive impairment in

cell transcription profile. Taking the enriched terms together, we observed interference in

all layers of gene expression regulation, from chromatin remodeling to vesicle transport.

Considering that ES-NP cells are progenitor cells that can originate other neural cell

types, our results suggest that lead-induced gene expression disturbance might impair

cells’ ability to differentiate, therefore influencing ES-NP cells’ fate.

Keywords: lead exposure, lead poisoning, transcriptogramer, RNA-seq, transcriptome analysis, network inference, data integration, network visualization

INTRODUCTION

Lead is largely used in industry and is very toxic to biological systems. This heavy metal

accumulates in hard tissues, remaining in bones and teeth for decades (

Ronis et al., 2001

).

Lead systemic effects can be observed through a wide range of lead poisoning symptoms. It

includes anemia, abdominal pain, vomiting, cardiovascular system impairment, nephropathies,

and abnormal spermatogenesis (

Flora et al., 2012

;

Mitra et al., 2017

). Several studies describe

lead toxicity in central nervous system as well as its relation to irreversible brain development

impairment (

Finkelstein et al., 1998

;

Baranowska-Bosiacka et al., 2012

;

Stansfield et al., 2012

).

Referências

Documentos relacionados

We systematically analyzed the biochemical studies in which enzyme activities related to purine or pyrimidine nucleotide metabolism were reported for the currently ge-

The present study analyzed four SP-B polymorphisms (G/C at nucleotide 8714; C/ T at nucleotide 1580; A/G at nucleotide 9306, and A/C at nucleotide -18) in healthy term newborns and

The objectives of the present study are to determine the frequencies of four SP-B gene polymorphisms (A/C at nucleotide -18, C/T at nucleotide 1580, A/G at nucleotide 9306, and

Here, we analyzed single-nucleotide polymorphisms (SNPs) in gene fragments that are closely related to growth traits [growth hormone ( GH) , growth hormone receptor ( GHR ),

In fact, in cases of sequencing artefacts, the decoding process of the colour-space data (csFASTA) to nucleotide-space format (FASTA) (based on nucleotide transitions) would

organization; P:cellular process; P:nucleobase, nucleoside, nucleotide and nucleic acid metabolic process; P:catabolic process; P:response to abiotic stimulus; F:hydrolase

Oxygen equilibria of Hypostomus and Pterygo- plichthys hemoglobins and their sensitivities to the erythrocytic nucleoside triphosphates (NTP), ATP and guanosine triphosphate (GTP)

compensation of purine nucleotides alleviates the deficiency in purine nucleotides in rat cortices caused by heroin, although purine nucleotide administration alone does not