• Nenhum resultado encontrado

O comércio tradicional do aglomerado urbano Crajubar/CE no contexto da reestruturação produtiva: mudanças e permanências

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O comércio tradicional do aglomerado urbano Crajubar/CE no contexto da reestruturação produtiva: mudanças e permanências"

Copied!
161
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA CURSO DE MESTRADO EM GEOGRAFIA. Rafael França da Silva. O COMÉRCIO TRADICIONAL DO AGLOMERADO URBANO CRAJUBAR/CE NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS. NATAL-RN MARÇO, 2017.

(2) RAFAEL FRANÇA DA SILVA. O COMÉRCIO TRADICIONAL DO AGLOMERADO URBANO CRAJUBAR/CE NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGe/UFRN), para fins de obtenção ao título de mestre.. Área de Concentração: Dinâmica Socioambiental e Reestruturação do Território. Linha de Pesquisa: Dinâmica Urbana e Regional. Orientadora: Prof.ªDrª Maria Aparecida Pontes da Fonseca Co-Orientadora: Prof.ªDrª Ione Rodrigues Diniz Morais. NATAL- RN MARÇO, 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA. Silva, Rafael França da. O comércio tradicional do aglomerado urbano Crajubar/CE no contexto da reestruturação produtiva: mudanças e permanências / Rafael França da Silva. - 2017. 159f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós Graduação e Pesquisa em Geografia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Pontes da Fonseca. Coorientador: Prof.ª Dr.ª Ione Rodrigues Diniz Morais.. 1. Comércio Tradicional. 2. Redes Globais de Comércio. 3. Mudanças e Permanências. 4. Crajubar/CE. I. Fonseca, Maria Aparecida Pontes da. II. Morais, Ione Rodrigues Diniz. III. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 339(813.1).

(4) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA CURSO DE MESTRADO EM GEOGRAFIA. RAFAEL FRANÇA DA SILVA. O COMÉRCIO TRADICIONAL DO AGLOMERADO URBANO CRAJUBAR/CE NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS. Orientador(a):________________________________________________________ PROFª DRª MARIA APARECIDA PONTES DA FONSECA ORIENTADORA. Co-orientador(a): __________________________________________________________ PROFª DRª IONE RODRIGUES DINIZ MORAIS CO-ORIENTADORA (UFRN). 2º Examinador(a):_______________________________________________________ PROFª DRª RITA DE CÁSSIA DA CONCEIÇÃO GOMES (UFRN). 3º Examinador(a):________________________________________________________ PROFº DRº IVAN DA SILVA QUEIROZ (URCA). NATAL- RN MARÇO, 2017.

(5) AGRADECIMENTOS A gratidão é o reconhecimento do bem ou dos bens feitos por uma pessoa a alguém. Expressar esse reconhecimento em relação às pessoas que estiveram junto comigo nessa jornada não é opcional. Sinto-me obrigado a agradecer e demonstrar o quanto as contribuições, diretas e indiretas, foram fundamentais para a concretização deste trabalho. Gratidão a Força maior e movedora da vida. Ao Deus que sabe, ouve e vê. Ao Deus que é a essência da vida e a esperança de um mundo melhor. Obrigado, Senhor por terme permitido realizar este trabalho. Gratidão ainda, a minha maior fonte de inspiração da vida e meu maior estímulo em continuar um sonhador: a família. Mãe, (Lourdes), “Vozinha” (Dona Quitéria), aos meus irmãos e irmãs, primos e primas, tios e tias, amigos e colegas, este trabalho é dedicado a todos vocês. Da URCA, agradeço especialmente os professores: Maria Soares, orientadora de Iniciação Científica - IC e uma das minhas principais referências no que se refere a profissão docente; Ivan Queiroz, pela oportunidade de participar do Grupo de Estudos Urbanos GEURB e ter adquirido conhecimentos relevantes para a formação e para a vida; Antônia Carlos, que embora não tenha tido a honra de tê-la como professora em sala de aula, o convívio no Grupo de Estudos de Ensino de Geografia e seus minicursos em eventos locais foram bastante proveitosos para a minha formação, e Lourdes Carvalho, que além de ter cursado três disciplinas, sua assistência no Laboratório de Geoprocessamento durante a IC foi primordial para o meu crescimento acadêmico. Agradeço também aos meus amigos integrantes do GEURB, em especial a Aurília Souza. Obrigado pelas conversas e debates que ainda são feitos quando nos encontramos. Meus agradecimentos também à minha orientadora Professora Maria Aparecida Pontes da Fonseca e a co-orientadora Professora Ione Rodrigues Diniz Morais. As orientações, as conversas, as discussões, a parceria e, sobretudo, as frases de estímulo e incentivo foram fundamentais na construção do trabalho. Agradeço aos informantes da pesquisa pela atenção e acolhimento durante as entrevistas: aos Presidentes das Câmeras de Dirigentes Lojistas visitadas (Michel Araújo, José Lobo e Alcides Marcelo), aos Secretários de Desenvolvimento Econômico dos Municípios de Juazeiro do Norte e Barbalha (Maria do Carmo e Alysson Uchoa) e ao Agente de Desenvolvimento Econômico do Crato (Roberto Lima Araújo)..

(6) Expresso minha gratidão também aos pequenos comerciantes varejistas do Crajubar que disponibilizaram tempo para as entrevistas, mesmo durante o atendimento aos clientes. Agradeço ainda a amigos da graduação, cujo auxílio foi muito importante no decurso da realização das entrevistas aos pequenos comerciantes do Crajubar: Luciana Duarte, Ricardo Alves, Josuelda Paixão, Aldene Oliveira e Geraldo Batista. Meu muito obrigado ao auxilio prestado para a concretização deste trabalho. Agradeço também aos amigos da turma de mestrado e doutorado 2015.1 pelas trocas de conhecimento e pelas conversas constantes acerca dos nossos trabalhos. Em especial, aos amigos Soneide Moura e Arlindo Teixeira. Cada conversa tida com vocês foi relevante para a compreensão do que se pretendia pesquisar. Muito obrigado a todos. Gratidão também a CAPES pelo financiamento da pesquisa que, sem a qual, não seria possível sua concretização. Por fim, agradeço a todos os docentes do Programa de Pós Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Obrigado pelo acolhimento e por todo o aprendizado oferecido pela instituição..

(7) RESUMO A presente pesquisa contempla o comércio tradicional de gênero alimentício do Aglomerado Urbano Crajubar, localizado na porção Sul do Estado do Ceará. Esse segmento atravessa um período de transformações decorrentes do novo cenário concorrencial que se delineou com a chegada dos estabelecimentos das redes globais de comércio em Juazeiro do Norte. Frente ao papel desempenhado pelas unidades globais, os pequenos comerciantes varejistas do setor alimentício reafirmam novas facetas e revelam mudanças e permanências nas suas novas formas de atuação. Nesse sentido, o trabalho objetivou analisar o comércio tradicional de gênero alimentício do Crajubar, no contexto em que os hipermercados (Atacadão Distribuidora, Maxxi Atacado, Hiper Bompreço e Assaí Atacadista) pertencentes às grandes redes globais redefinem as relações estabelecidas entre pequenos comerciantes e os fornecedores locais. Debruçou-se sobre a importância da atividade comercial na dinâmica histórico-espacial de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha e na atual configuração espacial do aglomerado, realçando as implicações decorrentes e promovidas pelas redes globais de comércio. Realizou-se estudo bibliográfico, documental, historiográfico e pesquisa de campo, com aplicação de entrevistas junto aos proprietários de estabelecimentos varejistas e aos principais órgãos envolvidos na dinâmica comercial do Crajubar. A expansão do comércio no aglomerado, principalmente, de Juazeiro do Norte, revela a importância desse segmento que abrange uma escala mesorregional. A década de 1990 constitui-se um marco do crescimento do número de estabelecimentos varejistas e atacadistas no Crajubar e da consolidação de Juazeiro do Norte como maior empório comercial do aglomerado. Com a introdução das redes globais de comércio, na primeira década do século XXI, os mercadinhos, mercearias, bodegas e mercantis do Crajubar veem-se sob a necessidade de inovar-se, adotando estratégias de mudança para permanecer no mercado. O cenário atual do segmento comercial nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha é marcado pela resistência dos pequenos varejistas diante das grandes grupos globais de comércio. Concomitantemente, as novas relações concorrenciais estabelecidas entre os pequenos varejistas, fornecedores locais e as grandes redes globais de comércio demonstram que, no bojo do avanço técnico e da modernização desse segmento econômico, formas antigas e novas de comércio convivem e se relacionam, (re)configurando e (re)definindo a dinâmica espacial das cidades.. Palavras-chave: Comércio Tradicional; Redes Globais de Comércio; Mudanças e Permanências, Crajubar/CE..

(8) ABSTRACT The present research contemplates the traditional commerce of foodstuff from Aglomerado Urbano Crajubar, located in the part south of Ceará State. This segment is going through a period of changes arising from the new competitive scenario that it was delineated with the arrival of establishments of global networks of commerce in Juazeiro do Norte. Front of the role played by global/worldwide unities, small retail merchants of food sector reaffirm new facets and reveal changes and permanence of new ways of acting. Therefore, the study aimed to analyse the traditional food commerce from Crajubar, in the context the hypermarkets(Atacadão Distribuidora, Maxxi Atacado, Hiper Bompreço and Assaí Atacadista) belonging to large global networks redefine the relation established between small merchants and local suppliers. It focused on the importance of commercial activity in the historical spatial dynamics of Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha and in the current spatial configuration of urban aglomeration, highlighting the implications arising and promoted by global networks of trade. It was performed bibliographic study, documentary, historiografic and field studies through interviews with owners of retail establishments and to the main bodies involved in the commercial dynamics of Crajubar. The expansion of commerce in the aglomeration, mainly of Juazeiro do Norte, reveals the importance of this segment that encompasses a meso-reginal scale. The decade of 1990 constitutes a mark of the growth in the number of establishment retailer and wholesaler in Crajubar and of the consolidation of Juazeiro do Norte as the largest commercial emporium of aglomeration. With the introduce global networks of commerce, in the first decade 21st century, the small markets, groceries, bodegas and markets from Crajubar find themselves under the necessity of innovating, they are adopting change strategies to remain in the market. Present scenario of commercial segment in the cities of Crato, Juazeiro do Norte and Barbalha it is marked by resistance of small retailers in the face of the large global trading groups. Concomitantly, the new competitive relations established among small retailers, local suppliers and large global networks of trade demonstrate within technical advance and inside economic segment, Old and new forms of commerce coexist and relate to, (re)configuring and (re)defining spatial dynamics of the cities.. Key-words: Traditional Commerce, Global Networks of Commerce, Changes and Permanence, Crajubar/CE..

(9) LISTA DE FIGURAS Figura 01- Localização Geográfica do Crajubar. 23. Figura 02- Loja “A Pernambucana”, em Juazeiro do Norte, em Meados do Século XX. 61. Figura 03- Loja de Ferragem “A vencedora”, em Juazeiro do Norte, 1960. 62. Figura 04- Vendedores de Cordas na Cidade de Juazeiro do Norte, 1957. 63. Figura 05- Feira Livre do Juazeiro Antigo. 63. Figura 06- - Feira Livre de Juazeiro do Norte, em Meados do século XX. 64. Figura 07- Feira Livre de Juazeiro do Norte, em Meados do século XX. 65. Figura 08- Centro Comercial de Juazeiro do Norte, Rua São Pedro. 66. Figura 09- Ponto de Venda Tradicional, em Juazeiro do Norte/CE. 67. Figura 10- Casas Comerciais no Crato, 1962. 68. Figura 11- Rua Comercial no Centro do Crato, 1962. 69. Figura 12- Antigo Mercado de Frutas do Crato, século XX.. 70. Figura 13- Faixada do Supermercado “Cantina do Oliveira”, Crato.. 71. Figura 14- Frente do Supermercado “Cantina do Oliveira”, Crato.. 72. Figura 15- Feira Livre no Crato, 1983. 73. Figura 16- Centro Comercial do Crato, 2015. 74. Figura 17- Rua do Vídeo, em Barbalha, 1940. 75. Figura 18- Feira Livre em Barbalha, 1980.. 75. Figura 19- Região de Influência da Área de Concentração Populacional (ACP) de Juazeiro do Norte/CE. 79. Figura 20- Juazeiro do Norte: Distribuição Espacial das Redes Globais de Comércio. 93. Figura 21: Atacadão, Juazeiro do Norte/CE, 2016. 96. Figura 22: Hiper Bompreço, Juazeiro do Norte/CE, 2016. 97. Figura 23- Maxxi Atacado, Juazeiro do Norte/CE, 2016. 98. Figura 24: Assai Atacadista, Juazeiro do Norte/CE, 2016. 98.

(10) Figura 25- Juazeiro do Norte: Distribuição Espacial das bodegas, mercearias e mercantis Figura 26- Área de Abrangência de Atuação das CDLs do Crajubar- 2016. 111. Figura 27- Distribuição Espacial dos Estabelecimentos Comerciais alvos das entrevistas. 129. 115.

(11) LISTA DE TABELAS Tabela 01- População da Região Metropolitana do Cariri: total e urbana – 2010. 24. Tabela 02- População de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (CRAJUBAR): 1940 – 2010.. 24. Tabela 03- Estabelecimentos Comerciais (Varejistas e Atacadistas) no Crajubar (1985-2014). 81. Tabela 04- Vínculos Ativos no Setor Comercial do Crajubar (1985-2014). 84. Tabela 05- Crajubar: Empregos Formais por Atividade Econômica, 2014. 88. Tabela 06- Admissões e Desligamentos no Setor Comercial (varejista e atacadista) do Crajubar (2003-2015). 89. Tabela 07- Especificações dos Estabelecimentos Comerciais em Juazeiro do Norte/CE. 95. Tabela 08- Brasil: Ranking das Principais Micro e Pequenas Empresas por Atividades. 102. Econômicas de acordo com o Número de Estabelecimentos, 2010. Tabela 09- Barbalha: Principais Micro e Pequenas Empresas por Atividades Econômicas de Acordo Com o Número de Estabelecimentos – (2007/2015). 104. Tabela 10- Crato: Principais Micro e Pequenas Empresas por Atividades Econômicas de Acordo com o Número de Estabelecimentos (2007/2015). 107. Tabela 11- Juazeiro do Norte: Principais Micro e Pequenas Empresas por Atividades Econômicas de Acordo com o Número de Estabelecimentos (2007/2015). 110. Tabela 12- Potencial de Gastos das 10 Principais Cidades do Interior Cearense, 2015. 114. Tabela 13- Classificação dos Estabelecimentos Associados a CDL de Barbalha, 2016. 118. Tabela 14- Lojas participantes do Projeto “Líquida Cariri”, por Município (20132016). 123. Tabela 15- Lojas e Mercadinhos participantes do Projeto “Líquida Cariri” (20132016). 123.

(12) LISTA DE QUADROS Quadro 01- Quadro Metodológico da Pesquisa. 26. Quadro 02- Características do Comércio Tradicional e Moderno. 36. Quadro 03- Atuação das 10 Maiores Empresas de Hipermercados no Mundo. 49. Quadro 04- Ranking das Maiores Redes Comerciais Atuantes no Brasil. 53. Quadro 05- Estabelecimentos globais instalados em Juazeiro do Norte, 2016. 94. Quadro 06- Projeto Varejo Competitivo- Cursos Ofertados. 124. Quadro 07: Cursos e Oficinas realizadas no Projeto “Varejo Competitivo” em Juazeiro do Norte, 2012. 126. Quadro 08- Estabelecimentos Comerciais do Crajubar, 2016. 127. Quadros 09- Principais Diferenciais Competitivos entre Pequenos Varejistas e Varejistas de Maior Porte. 131. Quadro 10- Informações Gerais Sobre os Pequenos Pontos de Venda Entrevistados.. 133. Quadro 11- Crajubar: Percepção dos Pequenos Comerciantes quanto à atuação das grandes Redes Globais de Comércio. 137.

(13) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01- Evolução do Número de Estabelecimentos Comerciais (Varejista e Atacadista) em Juazeiro do Norte/CE (1985-2014). 82. Gráfico 02- Evolução do Número de Estabelecimentos Comerciais (Varejista e Atacadista) em Crato/CE (1985-2014).. 82. Gráfico 03- Evolução do Número de Estabelecimentos Comerciais (Varejista e Atacadista) em Barbalha/CE (1985-2014). 83. Gráfico 04- Evolução do Número de Vínculos Ativos no Segmento Comercial (Varejista e Atacadista) em Juazeiro do Norte/CE- (1985-2014). 85. Gráfico 05- Evolução do Número de Vínculos Ativos no Segmento Comercial (Varejista e Atacadista) em Crato/CE- (1985-2014). 85. Gráfico 06- Evolução do Número de Vínculos Ativos no Segmento Comercial (Varejista e Atacadista) em Barbalha/CE- (1985-2014). 86. Gráfico 07- Evolução do Setor de Alimentos e Vestuário, em Barbalha (2009-2015). 105. Gráfico 08- Barbalha: Ranking das Principais Atividades Econômicas, Conforme Número de Estabelecimentos. (2009/2015).. 106. Gráfico 09- Evolução do Setor de Alimentos e Vestuário, em Crato (2009-2015). 108. Gráfico 10- Crato: Ranking das Principais Atividades Econômicas, Conforme Número de Estabelecimentos. (2009/2015).. 109. Gráfico 11- Evolução do Setor de Alimentos e Vestuário, em Juazeiro do Norte (2009-2015). 112. Gráfico 12- Juazeiro do Norte: Ranking das Principais Atividades Econômicas, Conforme Número de Estabelecimentos. (2009/2015).. 113.

(14) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAS- Associação Brasileira de Supermercados AR- Agências Reguladoras CEF- Caixa Econômica Federal CAGED- Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CRTD- Cartórios de Registros de Títulos e Documentos CBD- Companhia Brasileira de Distribuição CDL- Clube dos Diretores Lojistas de Juazeiro do Norte CNC- Confederação Nacional do Comércio CRAJUBAR- Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPC- Índice de Potencial de Consumo IPECE- Instituto de Pesquisas Econômicas do Ceará JUCEC- Junta comercial do Estado do Ceará MDIC- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MTb- Ministério do Trabalho SEF- Secretarias Estaduais da Fazenda SEINFRA- Secretaria de Infraestrutura de Juazeiro do Norte SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SMF- Secretarias Municipais de Finanças RFB- Receita Federal do Brasil RMCariri- Região Metropolitana do Cariri RAIS- Relação Anual de Informações Sociais.

(15) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO. 15. 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS DA PESQUISA. 22. 2.1 Caracterização da Área de Estudo 2.2 Procedimentos Metodológicos 2.2.1 Pesquisa Bibliográfica 2.2.2 Estudo Historiográfico 2.2.3 Pesquisa Documental 2.2.4 Pesquisa de Campo. 22 25 27 27 28 29. 3 O COMÉRCIO E A CIDADE NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA. 32. 3.1 A indissociabilidade entre cidade e comércio 3.2 Globalização das grandes superfícies de distribuição e as transformações no setor comercial 3.3 Reestruturação do comércio brasileiro no contexto da globalização da economia. 33 42. 4 EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL NO CRAJUBAR E CONSOLIDAÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE COMO EMPÓRIO COMERCIAL. 58. 4.1 Atividade comercial no Crajubar: precedentes históricos da dinâmica local 4.2 Contextualização histórica do comércio de Juazeiro do Norte numa perspectiva regional 4.3 Configuração do segmento comercial no Crajubar (1980-2010) 4.4 Contextualizando a implantação das unidades globais de comércio em Juazeiro do Norte. 58 76. 5 NOVA DINÂMICA DO COMÉRCIO NO CRAJUBAR: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS. 101. 5.1 Configuração e transformações recentes do segmento comercial do Crajubar 5.2 O papel das instituições na redefinição do comércio do Crajubar 5.3 A influência dos projetos de fomento ao comércio na dinâmica do Crajubar 5.3.1 O Projeto “Líquida Cariri” 5.3.2 O Projeto “Varejo Competitivo” 5.4 A Permanência do Comércio Tradicional e as Novas Formas de Atuação dos Comerciantes Varejistas. 101 114 121 122 123 126. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE. 142 146 154. 50. 80 90.

(16) 1 INTRODUÇÃO.

(17) 16. A sociedade urbana contemporânea vivencia um período da história do capital marcado pela reestruturação econômica e pelo reajustamento social, político e espacial das cidades. No contexto dessas mudanças socioespaciais, enquanto o novo aparece como sinônimo de substituição e progressão, o tradicional resiste como tentativa de permanecer, implicando, algumas vezes em sua readaptação. O tradicional e o moderno convivem e se relacionam, simultaneamente, estabelecendo relações diretas, sem que o último anule o primeiro. Esta relação reafirma a existência de elementos tradicionais no novo e o surgimento de inovações que passam a ser incorporadas no tradicional. Desde as três últimas décadas do século XX, o mundo atravessa transformações econômicas, implicando fortemente em alterações nas relações de trabalho e na organização social e política do espaço. Sob a lógica de um novo momento e de uma nova forma de acumulação do capital, as cidades, em suas atribuições qualitativas de meio, produto e condição da ação do homem (CARLOS, 1994) e, enquanto lugar de sociabilidade e materialização da força produtiva, tem se configurado o principal espaço onde se refletem as mudanças e as permanências frente ao novo modo de viver da sociedade. O início da década de 1970 foi marcado pelo processo de reestruturação produtiva no mundo, a partir da mundialização do sistema técnico, do avanço do conhecimento científico e da evolução dos meios de comunicação (SANTOS 2008). A inovação e a aplicação de novas técnicas no meio produtivo repercutem significativamente em todas as outras esferas do ciclo de reprodução do capital, dando origem a novas formas de distribuição, circulação e consumo nas cidades. Neste período, intensifica-se o processo de globalização da economia a partir da internacionalização das empresas de comércio, que já não podem mais ser chamadas de multinacionais, visto que seu alcance espacial atinge um nível cada vez mais global. Esses empreendimentos comerciais se difundem pelo mundo, como nunca visto antes, objetivando não apenas superar a saturação, mas também garantir novos mercados. No Brasil, as transformações socioeconômicas, cujos reflexos se fazem notar com mais nitidez na sua face urbana, são registradas, sobretudo a partir da década de 1990, com a ampliação da oferta de serviços e a diversificação das formas de comércio em parte considerável das cidades. Essas mudanças ocorreram com maior intensidade, principalmente, nas grandes e médias cidades, as quais se tornaram pontos estratégicos das principais ações capitalistas. Tais cidades foram submetidas às transações do capital e ao estabelecimento de relações que delinearam fluxos que se projetaram em escalas regionais, implicando na reorganização do espaço urbano brasileiro..

(18) 17. Considerando esse contexto de mudanças que afetaram o Brasil, este trabalho é resultado de uma investigação acerca do segmento comercial tradicional de gênero alimentício do Crajubar. Este aglomerado urbano, nos últimos anos, vem passando por mudanças decorrentes da implantação de estabelecimentos de comércio moderno varejista e atacadista integrantes de grandes redes globais, o que tem influenciado fortemente na reconfiguração, organização e ordenamento desse segmento econômico nas cidades de Crato e Barbalha. Crajubar é um aglomerado urbano, que abrange Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, principais núcleos da Região Metropolitana do Cariri. Os fluxos de pessoas e mercadorias, bem como as relações de complementaridade dos serviços de educação e saúde que ocorrem no âmbito desse aglomerado se intensificaram no decurso da década de 1990, atribuindo-lhe uma nova faceta em sua dinâmica urbana. A partir da primeira década do século XXI, o dinamismo urbano do Crajubar foi influenciado pela implantação de estabelecimentos de comércio moderno varejista e atacadista integrantes de grandes redes globais em Juazeiro do Norte, o que tem influenciado fortemente na reconfiguração, organização e ordenamento desse segmento econômico nas cidades de Crato e Barbalha. Os estabelecimentos comerciais pertencentes às grandes redes globais de varejo e atacado (Atacadão Distribuidora, Hiper Bompreço, Assaí Atacadista e Maxxi Atacado) instalados em Juazeiro do Norte, junto aos investimentos promovidos em outros setores da economia foram decisivos para o reposicionamento desta cidade em termos de expressão urbana e na redefinição social, política e econômica do aglomerado urbano Crajubar. Nessa perspectiva, a nova face urbana do aglomerado é marcada por relações concorrenciais estabelecidas entre os grandes empresários das redes de comércio e os pequenos comerciantes que formam associações e buscam estratégias de mudanças para permanecer e subsistir numa concorrência cada vez mais acentuada. Os estabelecimentos tradicionais de comércios e de pequena dimensão (bodegas, mercearias e mercadinhos) resistem à atuação das unidades globais de atacado e varejo, embora estejam sendo afetados, ora pela redução da lucratividade, ora pelo fechamento dos estabelecimentos. O segmento comercial de Juazeiro do Norte, no curso de sua história, sempre desempenhou papel importante na dinâmica local.. Após a década de 1970, sua força. polarizadora alcançou uma influência cada vez mais mesorregional, atraindo consumidores e comerciantes de outros núcleos urbanos da sua área de influência econômica. A relevância do comércio de Juazeiro do Norte nas cidades do Crajubar é percebida pelo aumento do número.

(19) 18. de estabelecimentos comerciais atacadistas e varejistas e de pessoas ocupadas nesse segmento, fato verificado, sobretudo, no curso dos três últimos decênios do século XX. A distribuição espacial das tipologias e formas comerciais presentes em cada cidade do aglomerado urbano reafirmam o processo de expansão acelerado e a importância desse segmento na redefinição do espaço intraurbano. O novo e o velho, o tradicional e o moderno constituem-se dois pares relevantes no entendimento acerca das mudanças e permanências ocorridas no espaço urbano de Juazeiro do Norte e na delimitação espacial do Crajubar a partir da implantação das redes globais de comércio, no contexto da reestruturação produtiva. Conforme apontado por Soja (1993, p.206). A geografia histórica do capitalismo não tem sido marcada por grandes reviravoltas e substituições completas de sistemas, mas, antes, por uma sequencia evolutiva de reestruturações espaciais e seletivas, que não apagam o passado nem destroem as condições estruturais profundas das relações sociais e espaciais capitalistas.. Diante da complexidade do conceito de comércio tradicional e da categorização das formas comerciais em antigas ou novas, considera-se a proposição apresentada por Fernandes (2000), segundo a qual, formas antigas e novas de comércio se diferenciam a partir do próprio contexto das transformações desse segmento em meados do século XX e intensificado nos anos 1990, trazendo consigo formatos inteiramente novos de distribuição das mercadorias, associada a novas técnicas de venda e gestão das lojas. Para Fernandes (2000), a forma como as mercadorias são distribuídas por esses equipamentos é um fator crucial para a identificação das formas tradicionais de comércio. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos - CNAE (2015) são estruturas tradicionais de comércio as bodegas, as pequenas mercearias e os mercadinhos (lojas especializadas e não especializadas do gênero alimentícios). Em Juazeiro do Norte, estes estabelecimentos têm se inserido, no curso do último decênio, numa nova lógica de atuação frente aos modernos estabelecimentos comerciais das grandes redes globais de comércio. As mudanças verificadas no segmento comercial de Juazeiro do Norte refletem uma dinâmica competitiva onde a identificação de novos mercados consumidores tornou-se um dos principais objetivos das grandes empresas globais de comércio de atacado e de varejo. As grandes cidades brasileiras encontram-se supersaturadas e marcadas pela forte concorrência, o que leva essas empresas a buscarem novos mercados de consumo, trazendo implicações à dinâmica e configuração urbana local..

(20) 19. O enfoque sobre a dinâmica recente de Juazeiro do Norte e seus reflexos espaciais nas cidades de Crato e Barbalha não significa ignorar a memória do seu processo de urbanização. Até porque essa realidade abriga o diálogo entre a permanência e a mudança. Com sua função, predominantemente religiosa e comercial, a cidade de Juazeiro do Norte, historicamente, foi marcada pelo elevado e intenso consumo de mercadorias, principalmente, em épocas de romarias que atraem visitantes de boa parte do Brasil, sobretudo do Nordeste. Esse comércio popular aumenta significativamente o Produto Interno Bruto (PIB) local. Não obstante, no cotidiano da cidade de Juazeiro do Norte, o movimento de pessoas e mercadorias é nítido nos estabelecimentos globais de atacado e varejo. Considerando esse novo contexto em que se insere a atividade comercial no âmbito do Crajubar, questiona-se: qual a importância da atividade comercial na configuração, organização e dinâmica espacial das cidades que formam o aglomerado? Quais mudanças se verificam no segmento comercial das cidades de Crato e Barbalha a partir instalação dos estabelecimentos globais de comércio? Como o comercio tradicional de gênero alimentício do Crajubar resiste à atuação das grandes redes globais varejistas e atacadista em Juazeiro do Norte? Quais as estratégias de mudanças utilizadas pelo comércio tradicional do Crajubar para permanecer no mercado? A partir da problemática delineada e dos questionamentos que envolvem a presente pesquisa, definiu-se a seguinte hipótese: o comércio tradicional de gênero alimentício do Crajubar atravessa uma série de mudanças e resiste frente à instalação de grandes redes globais de comércio através de novas formas de atuação. Com relação ao recorte temporal, optou-se em investigar as mudanças verificadas no contexto da reestruturação produtiva, mais precisamente a partir de 1990, quando se acentuou o processo de globalização no Brasil, até os dias atuais. Os anos 2000 se constituem um marco na medida em que foi nesse período que ocorreu a implantação das filiais varejistas e atacadistas das empresas globalizadas em Juazeiro do Norte, provocando uma série de mudanças no comércio tradicional de gênero alimentício do Aglomerado Urbano Crajubar. Considerando o delineamento do problema de pesquisa, definiu-se como objetivo geral compreender a dinâmica do comércio tradicional de gênero alimentício nos municípios do Aglomerado Urbano Crajubar a partir da instalação das redes globais de comércio em Juazeiro do Norte e como objetivos específicos: Avaliar a configuração e a dinâmica do segmento comercial do Crajubar antes e após a instalação das grandes redes globais de comércio; Analisar a atual configuração do comércio tradicional alimentício no Crajubar a partir das transformações decorrentes da atuação dos estabelecimentos globais; Verificar as.

(21) 20. estratégias de permanência adotadas pelos pequenos comerciantes varejistas dos municípios de Crato , Juazeiro do Norte e Barbalha frente à atuação das redes globais de atacado e varejo. O trabalho está estruturado em três sessões, além da introdução, da caracterização da área de estudo e dos procedimentos metodológicos e das considerações finais. Desta forma, a terceira sessão corresponde a um exercício de revisão teórico-conceitual que é permeado por literaturas que contemplam a influência do comércio na organização espacial das cidades. Nesta perspectiva, a discussão contempla a relação dialética entre novas e antigas formas comerciais na atual dinâmica da sociedade urbana capitalista. A quarta sessão evidencia o papel histórico e a importância do segmento comercial na configuração, organização e dinâmica espacial das cidades de Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte e a consolidação desta última como principal centro comercial do Crajubar. Realçamos a configuração do comércio nessas cidades, ao longo do século XX, e as novas relações comerciais estabelecidas entre Juazeiro do Norte e importantes centros (Fortaleza, Recife e Campina Grande), que foram fundamentais para a instalação de grandes redes globais de atacado e varejo na cidade, na primeira década do século XXI. A partir dos anos 2000, o segmento comercial do Crajubar é marcado por seu intenso processo de expansão e reconfiguração espacial. A expansão do setor comercial reflete o crescimento do número de lojas comerciais nos mais diversos segmentos, dinamizando ainda mais a configuração espacial desta atividade econômica no aglomerado. Com a atuação das unidades globais de atacado e varejo, transformações e desdobramentos ocorrem também no âmbito das relações estabelecidas entre os fornecedores locais, os donos dos pequenos mercadinhos e as unidades globais de comércio O comércio tradicional de gênero alimentício do aglomerado se redefine frente ao papel desempenhado pelas unidades globais de comércio. A nova dinâmica desse segmento no aglomerado, bem como a influência de instituições e projetos de fomento ao comércio e as estratégias de permanência adotadas pelos comerciantes varejistas do Crajubar, constituem-se as principais abordagens tratadas na quinta sessão..

(22) 21. SESSÃO 2 As técnicas de análise em uma pesquisa servem para coletar, extrair e elucidar informações de determinados objetos. (ALVEZ, 2008, p. 230)..

(23) 22. 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA METODOLOGICOS DA PESQUISA. DE. ESTUDO. E. PROCEDIMENTOS. 2.1. Caracterização da área de estudo. O Aglomerado Urbano Crajubar localiza-se na porção Sul do Estado do Ceará (Figura 01), e apresenta um processo de conurbação que envolve as cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Esse processo, a partir da primeira década deste século, ganhou novos elementos e contornos espaciais a partir da ampliação e diversificação dos serviços (públicos e privados) e do comércio e da promoção imobiliária, o que em face da proximidade territorial, contribuiu para a intensificação das relações e a integração funcional entre as três cidades. De acordo com a Lei Complementar Estadual Nº 78, que institucionalizou a Região Metropolitana do Cariri - RMCariri1 , o Aglomerado Urbano Crajubar é identificado como núcleo metropolitano tripartido – isso porque o comando da metrópole estaria supostamente dividido entre as três cidades mencionadas (QUEIROZ, 2013). Sob qualquer ponto de vista, as cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha representam as principais centralidades não só da RMCariri, mas de toda a região do Cariri cearense. Entretanto, é preciso destacar que em virtude das mudanças verificadas recentemente no Crajubar, ao mesmo tempo em que esse aglomerado se tornou cada vez mais integrado, também se tornou mais complexo e desigual (QUEIROZ, 2013).. 1. Sigla utilizada pelo professor doutor Ivan da Silva Queiroz, da Universidade Regional do Cariri, ao se referir a Região Metropolitana do Cariri em seu estudo de doutoramento. A promoção e a institucionalização da Região Metropolitana do Cariri foi um dado emblemático que ocorreu em meio aos processos e dinâmicas socioespaciais recentes que se soma e reflete o novo cenário do aglomerado urbano Crajubar. A institucionalização da Região Metropolitana do Cariri ocorreu em 29 de junho de 2009 pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Lei Complementar Estadual Nº 78. Conforme a aludida Lei, integram a referida Região Metropolitana do Cariri os municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri..

(24) 23. Figura 01- Localização Geográfica do Crajubar.

(25) 24. De acordo com os dados do Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2010), o Crajubar reúne uma população de 426.985 habitantes, compreendendo mais de 75% da população da RMCariri (Tabela 01) nos três principais núcleos urbanos dessa região. Tabela 01 – População da Região Metropolitana do Cariri: total e urbana – 2010 POPULAÇÃO MUNICÍPIOS. % POP. URBANA TOTAL. URBANA. Barbalha Caririaçu Crato Juazeiro do Norte Jardim Missão Velha. 55.323 26.393 121.428 249.939 26.688 34.274. 38.022 14.031 100.916 240.128 8.994 15.419. 68,7 53,16 83,1 96,1 33,7 44,99. Nova Olinda Farias Brito Santana do Cariri. 14.256 19.007 17.170. 9.696 8.871 8.822. 68,01 46,67 51,38. 564.478 444.899 78,77 TOTAL Fonte: Cunha (2012) através do Censo Demográfico do IBGE, 2010. Adaptação feita pelo autor.. Dentre os municípios que formam Crajubar, destaca-se Juazeiro do Norte, que foi desmembrado do Crato em 1911 e, no decorrer do século XX, teve sua trajetória marcada pelo intenso processo de crescimento da população urbana, principalmente se comparado aos demais municípios que integram o referido aglomerado urbano (Tabela 02). Tabela 02: População de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (CRAJUBAR): 1940 – 2010. MUNICÍPIOS. ANO. 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010. Rural 27.715 29.632 30.156 29.220 22.404 20.239 20.729 20.512. Crato. Juazeiro do Norte. Barbalha. População. População. População. Urbana 12.567 16.776 29.308 41.776 58.273 70.280 83.917 100.916. Total 40.282 46.408 59.464 70.996 80.677 90.519 104.646 121.428. Rural 13.990 13.325 14.324 15.404 9.581 8.644 9.906 9.811. Urbana 24.155 42.821 54.170 80.643 126.035 16.9224 202.227 240.128. Total 38.145 56.146 68.494 96.047 135.783 173.566 212.133 249.939. Rural 18.639 18.698 16.477 15.783 15.901 14.128 16.362 17.301. Urbana 3.499 4.289 7.098 9.587 15.065 24.302 30.669 38.022. Fonte: Cunha (2012), através dos dados do Censo Demográfico 2001 – IBGE.. Total 22.138 22.987 23.575 25.370 30.966 38.430 47.031 55.323.

(26) 25. Nas quatro últimas décadas do século XX, o crescimento da população continuou intenso. Na década de 1940, mesmo registrando uma população total inferior a de Crato, segundo maior núcleo urbano, Juazeiro do Norte já apresentava quase o dobro da população urbana do citado município. A população urbana do município de Juazeiro do Norte cresceu em ritmo bastante acelerado, principalmente durante as décadas de 1970 e 1980, registrando um aumento percentual médio de 40% em relação à década anterior. Na análise comparativa dos censos demográficos realizados entre 1970 e 2010, a taxa de crescimento da população urbana de Juazeiro do Norte foi de 198%, enquanto os municípios de Crato e Barbalha registraram, 142% e 297%, respectivamente.. 2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. A produção da cidade e a organização do comércio ocorrem por meio de um mesmo processo, que se evidencia como referência para a compreensão de ambos. Formas comerciais antigas e novas, técnicas de venda tradicionais e modernas, mudanças e permanências, rupturas e continuidades são pares dialéticos que contribuíram para a investigação acerca do setor comercial de gênero alimentício do Aglomerado Urbano Crajubar. De forma sistemática, as etapas de desenvolvimento da investigação compreenderam os seguintes procedimentos técnicos: 1 - Pesquisa bibliográfica - com base nas principais obras e autores que abordam a temática da investigação; 2- Estudo Historiográfico, tendo como referência escritos que contemplam abordagem local-regional que abrange o Crajubar; 3 – Pesquisa Documental acerca da dinâmica comercial do Crajubar por meio de fontes primárias (fotografias) e secundárias (documentos institucionais); 4 Pesquisa de Campo a partir da aplicação de instrumentos de coleta de dados junto a representantes do setor comercial e pequenos comerciantes tradicionais de gênero alimentício das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (Quadro 01)..

(27) 26. Quadro 01: Quadro Metodológico da Pesquisa Problema. Objetivo geral. Objetivos específicos. Variáveis de análise. Técnica de coletas. Fonte. Pesquisa documental/Realiza ção de entrevistas. Livros, Teses, Dissertações e artigos que contemplam discussões sobre o comércio no Crajubar. Secretaria de Desenvolvimento Econômico dos municípios do Crajubar Blogs. Comércio antigo e práticas tradicionais de venda no Crajubar Avaliar a configuração e a dinâmica do segmento comercial do Crajubar antes e após a instalação das grandes redes globais de comércio. Mudanças e permanências do comercio tradicional de alimentos no Aglomerado Urbano Crajubar a partir da implantação dos estabelecimentos comerciais pertencentes às redes globais de comércio em Juazeiro do Norte. Analisar a dinâmica do comércio tradicional de gênero alimentício nos municípios do Crajubar a partir da instalação das redes globais de comércio em Juazeiro do Norte.. Comércio moderno e novas práticas de venda no Crajubar. Estatísticas (número de estabelecimentos comerciais; pessoas empregadas e etc.) referentes ao setor comercial das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Equipamentos comerciais modernos: as grandes redes globais de comércio Discutir a atual configuração do comércio tradicional alimentício no Crajubar a partir das transformações decorrentes da atuação dos estabelecimentos globais. Verificar as estratégias de permanência adotadas pelos pequenos comerciantes varejistas dos municípios de Crato e Barbalha frente à atuação das redes globais de atacado e varejo.. Fluxos dos pequenos comerciantes varejistas de alimentos das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha em direção a unidades globais de comércio Relações entre os pequenos comerciantes, fornecedores locais e as unidades globais de comércio Instituições e os projetos de fomento ao comércio do Crajubar. Dados secundários fornecidos em sites oficiais/Registro Fotográfico/Realiza ção de entrevistas. CAGED CNC IBGE RAIS IPECE SEBRAE (Escritório Regional de Juazeiro do Norte) Pequenos Comerciantes Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Crajubar. Confederação Nacional do Comércio. Pequenos comerciantes Comércio de bairro: mercadinhos, mercearias e bodegas Estratégias de permanência adotadas pelos pequenos comerciantes varejistas do Aglomerado Urbano Crajubar. Trabalho de Campo/Realização de entrevistas. Presidentes das CDLs Coordenadoria do Setor de Comércio do Escritório Regional de Juazeiro do Norte vinculado ao SEBRAE. Técnica de análise. Tabulação dos dados/Análise do Conteúdo. Organização dos dados (gráficos, quadros e tabelas)/ Análise do Conteúdo. Categorização, organização e análise dos dados e dos instrumentais de coleta (entrevistas) aplicados..

(28) 27. 2.2.1 Pesquisa Bibliográfica A revisão teórico-conceitual pertinente à discussão do tema estruturou-se em três partes. Inicialmente, recorreu-se a livros, artigos e textos que abordam a temática, sobretudo no que se refere à cidade e a prática comercial numa perspectiva de interação e complementaridade, ambas coexistindo simultaneamente. Partimos da premissa de que a atividade comercial exerce um papel fundamental na produção e na organização da cidade. No segundo momento foi feita uma abordagem sobre a nova faceta do segmento comercial frente às mudanças associadas ao processo de acumulação flexível do capital. Nessa perspectiva, partimos das contribuições dos geógrafos David Harvey (2004) e Edward Soja (1993), além de outros autores que analisam o período pós-crise do capitalismo (anos 1970) e sua consequente expansão no contexto da globalização. As contribuições teóricas desses autores se constituem referenciais importantes para a compreensão da nova dinâmica que o setor comercial do Crajubar vivencia desde as ultimas décadas do século XX e que se tornou mais complexa a partir dos anos 2000, provocando importantes reflexos espaciais. Tais mudanças referem-se às alterações nas relações sociais, na configuração política e econômica, como a diversificação do setor de serviços e o surgimento de novas formas comerciais. No terceiro momento o foco volta-se a reestruturação do comércio brasileiro no contexto da globalização da economia. Nesta parte foram utilizados autores nacionais e internacionais que contribuíram para a abordagem dessa temática e que contemplaram bases empíricas diferenciadas e procedimentos variados em seus estudos. Destacam-se as contribuições da professora Silvana Pintaudi, Sílvia Aparecida Gaumien Ortigoza; Lincoln da Silva Diniz; Heliana Vargas; Carlos Henrique Silva; Tereza Barata Salgueiro e José Alberto Rio Fernandes.. 2.2.2 Estudo Historiográfico. Essa fase da pesquisa buscou realizar um estudo descritivo-analítico da dinâmica comercial de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha antes e após a implantação das grandes redes varejistas e atacadistas na Região do Cariri. Nesse sentido, recorreu-se a revisão de textos acadêmicos e de outras naturezas (relatos, reportagens e etc.) relacionados à dinâmica urbano-regional e a importância do segmento comercial no Crajubar, sobretudo, de Juazeiro do Norte e sua influência sobre os municípios adjacentes..

(29) 28. A pesquisa historiográfica teve como aportes os trabalhos realizados na Geografia e nas ciências econômicas por Araújo (2005); Araújo (2013); Pereira (2014); Souza (2016); Oliveira e Abreu (2010); Diniz (1989); Beserra (2007); Cunha (20102); Silva (2013). Considerando que esses autores que enfocaram a dinâmica urbana do Crajubar em períodos pretéritos não enfatizaram a relevância do setor comercial na produção e organização das cidades que compõem o aglomerado, foi feito um resgate sobre o papel histórico da atividade comercial em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Além da revisão dessa literatura, buscou-se nos acervos do IBGE e de instituições como Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Câmara dos Dirigentes Lojistas, além de blogs locais e páginas de facebook, imagens que revelam a dinâmica do comércio nessas cidades em décadas anteriores e a intensidade desse segmento econômico em meados do século XX. Este exercício permitiu verificar o funcionamento do comércio antigo no aglomerado e entender sobre as práticas tradicionais de venda que predominavam nos centros locais.. 2.2.3 Pesquisa Documental. Os dados secundários, que contemplaram o período entre 1985 e 2014, foram obtidos em banco de dados de órgãos de pesquisa socioeconômica do Brasil que monitoram e fiscalizam as atividades econômicas no país, entre elas o comércio: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Além dos órgãos federais, foram analisados também dados e informações fornecidas por instituições estaduais, como o Instituto de Pesquisas Econômicas do Ceará (IPECE) e a Junta Comercial do Ceará (JUCEC). Os dados numéricos obtidos através desses órgãos, como a quantidade de estabelecimentos comerciais formais atuantes e o número de pessoas vinculadas ao setor evidenciaram a dimensão do segmento comercial varejista e atacadista no Crajubar nas últimas décadas do século XX e sua dinâmica no curso da primeira década deste século até os dias atuais. No que diz respeito à discussão sobre a nova dinâmica e configuração espacial da atividade comercial e das novas relações concorrenciais foi feita uma busca sobre a identificação de estabelecimentos comerciais tanto na cidade de Juazeiro do Norte, como em Crato e Barbalha. Foram utilizados dados fornecidos no site oficial da Confederação Nacional do Comércio - CNC, o qual indica o crescimento do número de minimercados, mercearias e pequenos armazéns no aglomerado. Através desse levantamento, buscou-se compreender em.

(30) 29. que medida esses pontos comerciais se sobressaem nesse novo cenário do segmento comercial. Através dos dados disponíveis nos bancos de dados dos órgãos de pesquisa ora mencionados, abordou-se acerca da relevância do comércio de Juazeiro do Norte a partir da década de 1970, quando esta, superou a cidade do Crato, encaminhando-se para tornar-se o maior polo comercial do Cariri nos finais do século XX. Partindo de informações que demonstram as mudanças ocorridas nos setores econômicos (secundário e terciário) do aglomerado urbano, principalmente após a década de 1990, faz-se, ainda, uma breve contextualização da instalação das sofisticadas unidades globais de comércio em Juazeiro do Norte, reafirmando a consolidação desta cidade como empório comercial regional. 2.2.4 Pesquisa de Campo Esse procedimento da pesquisa foi realizado a partir da aplicação de instrumento de coleta de dados (entrevista semiestruturada) junto aos principais sujeitos atuantes na atividade comercial, quais sejam: pequenos comerciantes e representantes de instituições locais como a Câmara dos e Dirigentes Lojistas-CDL e SEBRAE, além das Secretarias de Desenvolvimento Econômico dos municípios do Crajubar. A partir da realização de entrevistas junto aos comerciantes locais buscamos compreender as diversas formas de atuação dos pequenos pontos de venda, considerando a instalação das grandes redes internacionais varejistas como algo relevante na redefinição do segmento comercial de gênero alimentício nos núcleos urbanos do Crajubar. A reflexão sobre o rebatimento das referidas instalações nas estruturas comerciais de menor dimensão e nos equipamentos tradicionais de comércio como as bodegas, mercearias e os mercadinhos foi uma atividade imprescindível neste trabalho. Esta etapa buscou compreender em que medida a implantação das empresas tem provocado o esvaziamento, o fechamento e/ou a redução da lucratividade dos comerciantes que atuam somente em escala local (cada núcleo urbano) e que antes viam nos seus fregueses e clientes, a garantia para o funcionamento e a permanência ativa dos seus pontos comerciais. Para essa análise, diante da dificuldade posta pelas grandes redes em não permitir o contato com seus clientes, foram entrevistados, em seus próprios pontos comerciais, proprietários de mercadinhos, mercearias e bodegas que atuam nas cidades que integram Crajubar. Na perspectiva de avaliar as mudanças que ocorreram no segmento comercial do Crajubar, buscou-se ainda identificar a frequência dos pequenos comerciantes dos municípios de Crato e Barbalha, que se deslocam para as unidades globais de Juazeiro do Norte sob a.

(31) 30. expectativa de comprar produtos mais baratos. Esta atividade de campo foi feita a partir da realização de entrevistas semiestruturadas com os comerciantes. Ainda por meio de entrevistas com os proprietários dos pequenos pontos comerciais, procurou-se saber sobre os procedimentos utilizados para encarar os grandes grupos globais de atacado e varejo. Nesse sentido, nos preocupamos em verificar as práticas e as técnicas tradicionais de venda ainda utilizadas pelos varejistas, bem como a incorporação de novas técnicas como estratégia para subsistir frente aos equipamentos modernos. Para a discussão sobre as estratégias de resistências do comércio tradicional optou-se por entrevistar comerciantes que atuam em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, no principal centro comercial, nos bairros e na zona rural. Para esta análise, a seleção dos comerciantes informantes considerou o tempo de funcionamento do ponto de venda. Nesse sentido, foram selecionados comerciantes que tinham seu ponto de venda em funcionamento anterior à instalação dos hipermercados. Essa escolha se deu, sob a perspectiva de comparar as técnicas de venda utilizadas antes e depois da instalação das redes globais de comércio. Os representantes de instituições e entidades de apoio ao comércio também se constituíram importantes sujeitos dessa dinâmica, sendo, portanto, inseridos no quadro de informantes desta etapa de coleta e produção de dados, visto que esses desenvolveram projetos relevantes que envolveram a participação dos mercadinhos de bairro, influenciando nas novas formas de atuação dos pequenos comércios. Finalmente, a apresentação dos dados da pesquisa se fez a partir da elaboração de produtos cartográficos e de gráficos, quadros e tabelas a partir dos programas Word e Excel, visando sintetizar as informações e facilitar a análise e a interpretação do conteúdo. A organização, categorização e representação das informações referentes à dimensão do segmento comercial do Crajubar foram feitas, sobretudo, através de quadros e tabelas. Sob a perspectiva de complementar e facilitar a compreensão dos dados coletados elaborou-se gráficos que sintetizam o conteúdo analisado. Foram utilizados ainda programas de software como o ArcGIS para a atividade de mapeamento. Os mapas se referem, sobretudo, a distribuição geográfica dos estabelecimentos globais de comércio em Juazeiro do Norte e a importância econômica de seu núcleo urbano no contexto regional, mostrando sua influência sobre os municípios adjacentes, bem como à representação espacial da localização e da distribuição dos estabelecimentos comerciais tradicionais no Crajubar..

(32) 31. SESSÃO 3 O comércio, como atividade claramente indissociável do fato urbano, sempre teve interferência na ordenação da cidade, contribuindo para a conformação das principais áreas funcionais urbanas. (PROCOPIUCK; DJALO, 2008, p. 316)..

(33) 32. 3 O COMÉRCIO E A CIDADE NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA A cidade e o comércio constituem duas realidades indissociáveis, historicamente, produzidas a partir das relações sociais. No processo de desenvolvimento e reprodução do capital, a cidade ganha novos contornos, implicando em sua reconfiguração e redefinição política, econômica, social e espacial. O segmento comercial das cidades, no contexto das mudanças socioeconômicas e espaciais advindas da necessidade de reprodução do capital, é revestido de novos conteúdos e formas, tornando mais complexa, a relação estabelecida entre essas realidades dialéticas. Sob o viés de que a cidade e o comércio não podem ser compreendidos separadamente, esta abordagem debruça-se sobre a coexistência verificada no processo de produção da cidade e de efetivação das relações comerciais. A sessão está dividida em três partes. Na primeira, a discussão trata da relação entre cidade e prática comercial na perspectiva de coexistência. Ressalta-se a ideia de que, numa relação dialética, ao mesmo tempo em que a cidade influência nas formas de comércio, estas desempenham papel fundamental na produção e reconfiguração espacial urbana. Nesse sentido, inicialmente discute-se os conceitos de comércio tradicional e moderno, enfatizandose que formas pretéritas e atuais de comercializar se inserem na redefinição e reconfiguração das cidades. Na segunda parte, que contempla o contexto da reestruturação produtiva, nos apropriamos das contribuições teóricas acerca do novo momento vivenciado pela sociedade urbana capitalista a partir da década de 1970. Essa revisão bibliográfica, além de descrever esse novo período de acumulação do capital, contextualiza as novas facetas do comércio e sua repercussão na organização e dinâmica das cidades. Nessa perspectiva, analisa-se a nova configuração do setor de comércio, marcada pelo processo de internacionalização das empresas nacionais desde meados do século XX, que se intensificou a partir dos anos 1990. Por fim, são tratados os processos de modernização e reestruturação do comércio nas cidades brasileiras, marcados pelo surgimento de novas formas comerciais, pela inovação das técnicas de venda e pela mudança nos padrões de consumo da sociedade. São reflexões que perpassam a relação entre as grandes estruturas comerciais de distribuição e o pequeno comércio numa perspectiva de confronto e de resistência, na qual o primeiro não elimina o segundo por completo, mas provoca-lhes grandes mudanças, levando-o a criar estratégias para permanecer efetivamente no mercado e subsistir diante dessa luta acirrada promovida pelos grandes e modernos equipamentos comerciais..

(34) 33. 3.1. A indissociabilidade entre cidade e comércio A ocupação e a utilização de uma dada parcela do espaço por um grupo social ocorre a partir da necessidade das pessoas em satisfazer seus desejos. LEFEBVRE (2000). Assim, pode-se dizer que a materialização da força de trabalho usada na produção do espaço resulta, principalmente, das funções realizadas pelos grupos inseridos na sociedade. É o espaço, socialmente produzido, resultado de uma sequência e de um conjunto de operações. O espaço, nessa perspectiva é um produto, historicamente construído por meio das relações estabelecidas entre os próprios homens e estes com meio natural num dado momento. LEFEBVRE (2000). Inseridos em um mesmo processo de formação e constituição da sociedade, o comércio e a cidade estabelecem entre si uma relação de dependência e complementariedade, na qual, ao mesmo tempo em que a cidade produz as formas comerciais, estas assumem um importante papel na produção e na dinâmica urbana. Para Barreta (2012, p. 16), “as cidades e o comércio são duas realidades indissociáveis”. Historicamente, a prática comercial está intimamente vinculada às relações sociais que se dão cotidianamente, tornando-se parte integrante do modo vida urbana. (SILVA, 2014). Sobre a relação de coexistência estabelecida entre a prática comercial e a cidade, Diniz (2012, p. 25-26) afirma que este tema já foi debatido por importantes estudiosos como Ortigoza (2010); Salgueiro e Cachinho (2009); Vargas (2000); Fernandes (2000). Para o referido autor (2012, p. 25), “o comércio, atividade econômica de origem milenar, sempre desempenhou um papel relevante na formação e no desenvolvimento das primeiras sociedades urbanas”. Segundo Lefebvre (2008, p. 20), como uma prática socialmente realizada nas cidades “as relações comerciais são indispensáveis à sobrevivência como a vida”, sendo o comércio considerado uma importante atividade para a promoção de riqueza e dinâmica urbana. Portanto, o comércio é gerador de fluxos e dinâmicas socioespaciais que se dão em diversas intensidades e escalas. Para Donne (1979, p.19), “em nenhum tipo de civilização a vida citadina se desenvolveu independente do comércio ou da indústria: não houve nunca exceção a esta regra, quer nos tempos antigos, quer na época moderna”. Colaborando com essa assertiva, Freire (2010, p.17), coloca que “as trocas, o comércio e os mercados existem na vida econômica da sociedade as mais diversas, pelo menos desde os tempos primitivos”. Ainda conforme esta autora (2010), na Idade Média os.

(35) 34. mercados não se limitavam apenas às relações de compra, troca e venda. Também serviam como o ponto de encontro e animação das pessoas. Assim, historicamente, a atividade comercial se remodela e se reconfigura na medida em que a própria sociedade estabelece as formas e os padrões para o seu funcionamento. Para Soja (1993), as primeiras evidências de relações comerciais entre grupos humanos surgem há aproximadamente mais de 40.000 anos quando os grupos humanos ainda estavam organizados em forma de assentamentos isolados. Acerca das relações de troca de produtos, Soja (1993, p. 53) aponta que “cada vez has más evidencias acerca de la existência de algún tipo de comercio conciertos artículos, tales como sal e piedra, para la produción de herramientas y ornamentos”. Barreta (2012), em seu estudo acerca da atividade comercial tradicional em Portugal, tratou da influência dessa prática na formação do centro das urbes. Ao se referir à origem dos mercados e das feiras nos aglomerados de pessoas, o referido autor (2012, p. 17) faz a seguinte afirmação: Remontam aos finais do século XI algumas referências a Mercados, sendo de finais do século XII as primeiras Feiras, as quais tinham lugar junto aos Castelos e / ou Mosteiros Fortificados. Por motivos que a História também já nos deu a conhecer, seriam estes os locais mais propícios à realização de Mercados e Feiras, podendo-se apontar duas ordens de razões plausíveis. Por um lado, tratava-se de um local privilegiado de encontro das populações (fosse residente ou forasteira) e, por outro, seria talvez o local mais seguro para efetuar as transações, dada a sua centralidade. Era em torno destes núcleos que depois se viriam a desenvolver concentrações e aglomerações populacionais, dando origem, muitas delas, a povoações de maior ou menor dimensão.. Acerca da presença de mercados e das galerias comerciais nas praças centrais das cidades, Lefebvre (2008) afirma que foi apenas no Ocidente europeu, no final da Idade Média, que a mercadoria, o mercado e os mercadores penetraram triunfalmente na cidade. Segundo o autor (2008), no século XIV, acreditava-se ser suficiente estabelecer um mercado e construir lojas, pórticos e galerias ao redor da praça central das cidades, os quais passariam a atrair novos comerciantes e consumidores para o lugar. A prática comercial é parte integrante no processo de produção espacial da cidade. Entretanto, sua forma não é estática, sendo submetida a transformações ao longo do tempo. É possível afirmar que “o comércio se problematiza dentro do processo de reprodução do espaço geográfico, tornando-se condição e produto para a reprodução das relações de.

(36) 35. produção que se estabelecem entre os homens na sua prática cotidiana.” (SILVA, 2014, p. 155). Considerando que é nas cidades onde se desenvolvem os principais meios de produção, pode-se afirmar que nelas se iniciam as práticas mercadológicas. As cidades são produtos sociais que se caracterizam por meio das condições gerais estabelecidas em si e, que envolve todas as esferas da produção e reprodução do capital. Para Carlos (2005, p. 46): Do ponto de vista do produtor de mercadorias, a cidade materializa-se enquanto condição geral da produção (distribuição, circulação e troca) e nesse sentido, é o locus da produção (onde se produz mais-valia) e da circulação (onde esta é realizada). Assim entendida, a cidade é também o mercado (de matérias-primas, mercadorias e de força de trabalho); as atividades de apoio à produção (escritórios, agências bancárias, depósitos, etc.). Todavia, como o processo é concentrado, a cidade deverá expressar essa concentração.. O desenvolvimento e a evolução da cidade estão intimamente relacionados à prática comercial. Conforme Carlos (2005), sendo o lócus da produção, a cidade constitui-se geradora de outras atividades econômicas. Assim, a distribuição, a circulação e o consumo enquanto elementos constituintes do sistema produtivo partem, primeiramente, da cidade. Nessa perspectiva, ressalta-se a importância do comércio enquanto uma atividade produtora e modeladora do espaço urbano. Sobre essa discussão, Pintaudi (1999) afirma que o comércio revela a evolução do espaço urbano e das práticas de consumo da sociedade. A atividade de troca, de venda e consumo existe e acontece no dia-a-dia dos citadinos. São ações que, ao mesmo tempo em que animam a vida, se inserem como práticas relevantes na produção espacial da cidade. Conforme Salgueiro (1989, p. 153) afirma que “o comércio desempenha uma importante função social, promovendo o convívio entre as pessoas e animação dos lugares, para além de ser um elemento decisivo na estruturação do espaço”. As práticas comerciais assim como suas formas de funcionamento e organização no espaço sofrem alterações ao longo do tempo. Entretanto, mesmo sujeitas a tais mudanças, às relações de troca e venda de produtos sempre estiveram presentes nas cidades, atuando como importantes meios de socialização das pessoas, despontando como “partes constitutivas do modo de vida urbano”. PINTAUDI (1999, p. 144). Acerca da dialética entre o novo e o tradicional, Gomes (1996, p. 29) aponta que: A tradição não significa uma permanência defasada e refratária a qualquer mudança. O mesmo pode ser dito para o novo, o qual não deve nos conduzir a considerar que se trata de um movimento em permanente e completa mutação. Existem tradições no novo e novidades no tradicional..

Referências

Documentos relacionados

na Albânia], Shtepia Botuse 55, Tiranë 2007, 265-271.. 163 ser clérigo era uma profissão como as restantes, que a fé era apenas uma política e nada mais do que isso e deitou

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Starting out from my reflection on the words cor, preto, negro and branco (colour, black, negro, white), highlighting their basic meanings and some of their

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

Como visto no capítulo III, a opção pelo regime jurídico tributário especial SIMPLES Nacional pode representar uma redução da carga tributária em alguns setores, como o setor

Entende-se que os objetivos desta pesquisa foram alcançados, uma vez que a medida de polaridade conseguiu captar espaços com maiores potenciais de copresença (espaços