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Luiz Renato Ribeiro Ferreira

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Academic year: 2019

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Palavra Digital

MBA em Getão Estratégica de Negócios

Disciplina Didática do Ensino

Autora

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Chanceler

Ana Maria Costa de Sousa

Reitor

Guilherme Marback Neto

Vice-Reitor

Leocádia Agláe Petry Leme

Pró-Reitor Administrativo

Antonio Fonseca de Carvalho

Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto

Eduardo de Oliveira Elias

Pró-Reitor de Graduação

Leocádia Agláe Petry Leme

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Eduardo de Oliveira Elias

Diretoria de Pós-Graudação e Extensão

Diretor

Silvio José Cecchi

Gerentes de Pós-Graduação

Vanessa Fabíola Nogueira Pancioni

Patrícia Paiva

Coordenador Geral de Pós-Graduação

Mario Luiz Nunes Alves

Coordenadora Geral de Pós-Graduação EAD

Cláudia Regina Benedetti

Coordenadora Geral de Extensão

Joise Sartorelli Melare

Diretor da Anhanguera Publicações

Luiz Renato Ribeiro Ferreira

Núcleo de Produção de Conteúdo e Inovações

Tecnológicas

Diretora

Carina Maria Terra Alves

Gerente de Produção

Rodolfo Pinelli

Coordenadora de Processos Acadêmicos

Juliana Alves

Coordenadora de Ambiente Virtual

Lusana Verissimo

Coordenador de Operação

Marcio Olivério

© 2012 Anhanguera Publicações

Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Diagramado no Brasil 2012

Como citar esse documento:

BENEDETTI, Cláudia Regina, Didática do Ensino Superior. Valinhos, p. 1-42, 2012.

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ROTEIRO DE ESTUDOS DA DISCIPLINA

Caro(a) aluno(a)

Esse Roteiro de Estudos possui como objetivo principal direcioná-lo em seus estudos e garantir o melhor

aproveitamento possível de sua vida acadêmica e das ferramentas disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Assim, sugerimos os seguintes passos:

1º) Visite o Guia do Aluno e acesse os links disponíveis.

2º) No Guia do Aluno acesse o link Tutorial: nele você encontra todas as orientações iniciais e o passo a passo para a navegação no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

3º) Ainda no espaço do Guia do Aluno verifique o link Manual do Aluno: você encontrará todas as informações para sua vida acadêmica.

4º) Confira toda semana o Mural: nele temos informações atualizadas periodicamente sobre comunicados, palestras, eventos e atividades complementares.

5º) Acesse o Fórum da disciplina: este é um espaço de interação entre você, seus colegas de turma e seu tutor. É uma importante ferramenta para esclarecer dúvidas comuns e entrar em contato com outros estudantes.

6º) Acesse o link Mensagem: caso tenha alguma dúvida específica, você pode encaminhá-la diretamente ao tutor.

7º) Acesse o link da sua primeira aula (Aula 1) e verifique os materiais disponíveis e realize a leitura dos mesmos. A cada semana uma nova aula estará disponível, totalizando quatro aulas em toda a disciplina.

8º) Verifique a Proposta do Desafio Profissional no link da Aula 1: você irá desenvolvê-lo e postá-lo na Aula 4 da terceira disciplina do módulo, pois sua realização prevê o estudo de todo o conteúdo das três disciplinas do módulo.

9º) Leia os conteúdos do seu “Palavra Digital”.

10º) Ao término de cada aula, faça a Verificação Leitura. Esta é uma importante ferramenta de auto-avaliação e serve como “termômetro” para que possa sistematizar seus estudos e esclarecer as dúvidas posteriormente com seu tutor.

11º) Fique atento ao Calendário Acadêmico de seu curso, confira os prazos de entrega e datas importantes.

Bons Estudos!

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A opção por um curso de pós-graduação é um passo importante para a qualificação profissional; significa que você busca conhecer mais, saber mais e garantir a possibilidade de fazer melhor. Nesse sentido, você faz parte de um processo contínuo de aprendizagem: a Educação. Chamamos educação esse processo múltiplo e complexo, cheio de desafios que permitem confrontar conhecimentos e desenvolver competências.

Nesta disciplina, a Educação é o mote principal. Vamos falar de didática, que consiste em conhecer algumas metodologias de ensino, alguns aspectos da educação que dizem respeito à sua prática formal. Vamos buscar respostas para algumas dúvidas: Como ensinar? Qual a melhor técnica? O ensino superior é diferente da educação básica?

Certamente algumas respostas só encontraremos em sala de aula, mas é importante entender que o objetivo desta disciplina é prepará-lo para ensinar, ou seja, para compartilhar com outras pessoas seus conhecimentos e competências. Ser educador em uma sociedade globalizada não é tarefa fácil, e ser educador no ensino superior, menos ainda. Ao se propor a ensinar jovens e adultos, é preciso preparar-se para tanto. Durante algum tempo, pensou-se que esse fato era um facilitador, que ensinar para o ensino superior não requeria técnica ou qualquer conhecimento teórico. No entanto, a experiência mostrou que o processo educativo neste nível de ensino não é tão simples quanto parece e que, da mesma forma que na educação básica, o professor tem de se preocupar com a aprendizagem do aluno.

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AULA 1 – O processo educativo: a Escola, a

Educação e a Didática

OBJETIVOS

Compreender que a escola faz parte de um contexto social e interage a todo tempo com ele.

Conhecer e compreender que o contexto histórico e o social influenciam os processos educativos e suas práticas.

Reconhecer a didática como um campo dos estudos em educação.

1. Educação hoje: desafios didáticos

Ensinar, assim como aprender, requer superar desafios. O primeiro deles é refletir sobre a própria educação, pensar em sua finalidade, seus objetivos e as metodologias de ensino, principalmente se vislumbramos um cenário tão complexo quanto nossa atual sociedade, em que as mudanças ocorrem em uma velocidade difícil de acompanhar. Vamos falar um pouquinho sobre isso?

Você se lembra como era a escola quando estudou na educação básica? E como ela é hoje? Mudou muito? E o mundo? Entre o período em que você cursou a primeira série do fundamental e seu último ano do ensino superior, quantas mudanças ocorreram? Basta pararmos para pensar um pouco e vemos que a Escola e o Mundo caminham em um compasso diferente, não é mesmo? A música do contexto histórico toca mais rápido que a canção da escola.

A Escola é um espaço social estruturado para fornecer educação formal; isso quer dizer que é uma instituição com normas, ligada a outras instituições e a processos de regulamentação que estão além da sala de aula e do processo de aprendizagem em si. A escola é a responsável por desenvolver o conhecimento e consolidar a herança social e intelectual na sociedade ocidental contemporânea, cada vez mais ocupando um papel de destaque nos processos sociais. Você já pensou quanto tempo de nossa vida passamos na escola? Esse espaço ocupa não só o nosso aprendizado formal; na escola convivemos com outras pessoas, participamos de um processo de socialização fundamental para o nosso futuro pessoal e profissional. Por isso é importante discutirmos este espaço antes de falarmos em didática; já que é nele que desenvolvemos os processos de aprendizagem, é preciso fornecer condições favoráveis para o desenvolvimento cognitivo, motor, social e intelectual.

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é o espaço aceito socialmente para desenvolver o educando em suas mais variadas dimensões.

A Escola se consolidou na sociedade ocidental, principalmente a partir da tradição das Academias Gregas, destinadas ao ensino com grandes mestres e filósofos. As mais expressivas foram a Academia de Platão e a de Aristóteles. Temos, desde esse período, a preocupação com a didática, com a forma de ensinar para que o aluno aprenda com eficácia. Enfim, a escola constitui-se como espaço de preservação e reprodução de conhecimentos e da cultura de uma sociedade. Certamente a escola não foi e nem é capaz de transmitir todo o conhecimento de uma sociedade, e há também o fato de, como instituição, estar sujeita a determinações políticas e sociais que imprimem sobre seus processos, escolhas e normas características e ideologias dominantes de uma época ou uma região. No entanto, mesmo diante de tudo isso, é inegável o papel da Escola em nossa sociedade.

Vimos, durante os séculos, a Escola modernizar-se e, mais do que isso, servir como instrumento de produção de novas ideologias, principalmente a partir da consolidação do capitalismo industrial. Afinal, não podemos esquecer que a escola é um fenômeno social e, como tal, é uma instituição construída por homens, que possuem interesses políticos e econômicos. A educação possui, antes de mais nada, objetivos que vão além do ato de ensinar. Antes disso, pergunta-se: ensinar para quê?

Como sociedade industrial, o principal objetivo da escola é ensinar para o trabalho. Garantir que a força produtiva esteja preparada para o desenvolvimento econômico e social que se espera. Estudamos para, em última instância (ou em primeira), trabalharmos. A Escola busca responder à demanda da sociedade por mão-de-obra, e quando falamos de Ensino Superior, isso é mais evidente ainda, pois implica na escolha efetiva de uma profissão. Veremos em nossas aulas que este ponto deve ser levado em conta ao planejarmos uma aula neste nível de ensino. Como educadores, esses pontos são relevantes, já que a didática sistematiza maneiras de ensinar com eficiência. Pensar que somos (e seremos) professores que formam para o mercado de trabalho ajuda-nos a buscar formas eficientes de ensinar para este objetivo, que é, como vimos, o objetivo da Escola.

A primeira grande questão que nos fazemos então é: O que a sociedade espera da Escola? A quais demandas sociais a Escola deve atender? Como educador, o que eu

posso fazer para contribuir com o processo

educativo?

Vemos que não são questões simples de se responder. Na verdade são questões que sempre existirão, cujas respostas estarão sempre em formulação, já que a

educação é um processo e os contextos

sociais se transformam sempre. Nosso

papel é acompanhar as mudanças e traçar

sempre novas alternativas, definir novos

Acesse e cadastre-se no Portal do Professor,

um site interessante para compartilhar

informações de experiências didáticas e adquirir

conhecimentos e materiais pedagógicos.

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objetivos. Para isso, devemos sempre promover o debate educacional; perguntarmos: O que vamos ensinar? Quais são os conhecimentos socialmente significativos? O currículo e os conteúdos planejados atendem as necessidades dos educandos?

Você deve ter percebido que há mais perguntas que respostas neste momento, não é mesmo? Isso porque qualquer ação educativa requer um sério processo reflexivo e, consequentemente, de planejamento, o que significa definir quais conhecimentos e competências precisam ser desenvolvidos para a formação dos educandos, para então colocar em prática os processos institucionais de formação (estrutura física, recursos humanos e didático-pedagógicos).

Chegamos, então, no ponto principal desta disciplina: a didática! Ela permeia a formação educacional, constituindo os fundamentos para a aprendizagem, por isso merece destaque nos processos educativos.

2. Didática e ensino: trajetórias de construção.

Vamos começar agora a discutir o conceito de didática, refletir sobre suas principais características e tentar compreender os métodos e técnicas que o envolvem. O se espera da didática?

Para iniciar nossa conversa sobre o tema, partiremos de um breve histórico sobre a didática, recuperando as principais ideias pedagógicas que influenciaram as práticas educacionais e, como consequência, o desenvolvimento da didática como campo de estudo e método.

Esse primeiro passo é fundamental para você, que hoje está se especializando e pretende compartilhar suas experiências, ensinar outras pessoas. Quantas vezes você já ouviu (ou disse!): “Ah, esse professor não tem didática!”. Provavelmente algumas vezes, não é mesmo? E o que significa dizer isso? Por que é tão importante assim para um professor “ter didática”? De certo modo, tal questionamento revela o quanto a didática é fundamental para a formação docente, e mais, para garantir que o professor atinja seu objetivo maior, que é ensinar.

O termo didática ainda carrega significados de suas definições originárias. É uma palavra grega que significa ensinar ou fazer aprender; foi também utilizada no século XVII pelo educador Comênio, que definiu a didática como a arte de ensinar. Desde então, a palavra virou conceito e objeto de estudo do campo da educação. Trata especificamente da prática pedagógica e os processos de ensino.

Vale dizer que os processos de ensino não estão confinados nos limites da sala de aula, mas abrangem a prática educativa como um todo; no entanto, a didática está diretamente associada ao trabalho docente e seus efeitos sociais no conjunto das tarefas educativas (LIBÂNEO, 1990). Justamente por possuir um vínculo estreito com os aspectos sociais, a pedagogia, quando dedica seus esforços para compreender e definir a didática, necessita do auxílio de diversas áreas do conhecimento (Sociologia, Filosofia, Psicologia, Antropologia, História, Economia etc.).

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competências necessários à sua atuação sejam aprendidos. Sendo assim, a didática nos coloca algumas questões importantes, como primeiro passo para a prática docente: Como devo agir em sala de aula, ou ao ensinar em um espaço educativo? De que forma meus alunos aprendem? Como posso motivar a aprendizagem dos alunos?

Há muitas perguntas a responder, e é justamente sobre elas que a didática emprega seus esforços: primeiro para sistematizar os conhecimentos já adquiridos nas diversas áreas do conhecimento e na própria pedagogia, direcionando-os para as práticas pedagógicas; depois, para produzir novos conhecimentos sobre as práticas de ensino e cunhar novos métodos e formas de ensinar. Por esse motivo, o estudo da didática é importante para qualquer formação docente. Vale ressaltar que a didática não se restringe ao tratamento teórico das questões pedagógicas; seu principal objetivo é a aplicação dos conhecimentos para resolução de problemas nos ambientes de ensino. Assim, podemos dizer que a didática é o ar do professor, que permite a ele resolver questões cotidianas: Como utilizar em aula uma informação importante? Um recurso tecnológico? O que fazer para avaliar o desempenho dos alunos? Como agir em caso de indisciplina? Qual conteúdo ensinar primeiro?

São essas questões rotineiras que movem o trabalho docente; por isso afirmamos que a didática vai além da reflexão teórica (fundamental para a prática) e dedica-se a compreender os procedimentos cotidianos. E você percebeu quão banais e comuns são tais questões? Não são, com certeza, perguntas novas na história da pedagogia, no entanto são as perguntas que movem as práticas pedagógicas e que geram inúmeros estudos.

O computador, por exemplo. Inicialmente, pensou-se que ele faria maravilhas pela educação só pelo fato de disponibilizá-lo aos alunos, mas muitos programas institucionais e governamentais de inserção digital fracassaram; gastaram-se milhões para ver computadores ficarem obsoletos ainda novos e com pouco uso. O que faltou para estes programas? Didática! Faltou perceber que a utilização de um recurso para fins educacionais implica em planejamento, em definição de objetivos, metodologias, formação docente, preparação. Até a utilização de um livro didático pode ser completamente fracassada se não houver didática

para planejar sua eficiência pedagógica!

Para Maseto (1997), a didática sugere ao educador como planejar um curso com a participação dos alunos. Isso significa dividir as responsabilidades do processo, alunos e professores conscientes de que o trabalho é mútuo. A didática permite, por exemplo, selecionar assuntos relevantes e técnicas que facilitem a participação dos alunos e, consequentemente, a aprendizagem. Segundo o autor, a didática possibilita ainda organizar formas de relacionar teoria e prática, associando os conhecimentos científicos ao cotidiano do aluno. Outro ponto

a destacar é a didática como instrumento para transformar a

avaliação em algo que incentive o aluno, e não um objeto de punição ou ameaça.

SAIBA MAIS!

Aprofunde seus conhecimentos

lendo o texto de Marcos Maseto,

Inovação na Educação Superior.

MASETTO, Marcos. Inovação na Educação Superior. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 8, n. 14, fev. 2004 .

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Assim, a didática é motivo de inúmeros estudos; atualmente, vários pesquisadores da educação corroboram da necessidade de desenvolver novas experiências. Como resultado, temos vários frutos da didática: a valorização da arte-educação e implantação de suas técnicas; métodos alternativos de alfabetização, tanto em crianças como em adultos; técnicas específicas para o ensino andragógico (de adultos); a interdisciplinaridade como recurso de ensino; inserção de temas importantes, como as questões de gênero e o multiculturalismo; importantes descobertas relacionadas às formas de aprendizagem. Desta forma, o professor apoia na didática não só as práticas para aprendizagem dos alunos, mas também para sua própria aprendizagem, incentivando-o à pesquisa e à busca por novas informações e conhecimentos que auxiliem sua atuação profissional, permitindo que os docentes compartilhem suas experiências.

Pudemos perceber nesta primeira aula que a Didática ocupa um papel fundamental nas práticas pedagógicas, que debater e estudar seus conceitos e concepções é importante para pensar a Escola, o Professor e o Aluno. A didática torna-se cada vez mais relevante na contemporaneidade, já que ensinar diante da complexidade social que se apresenta cotidianamente é uma tarefa árdua. Veremos nas aulas seguintes como a didática tenta superar o grande desafio de ensinar. Você está convidado a acompanhar essa reflexão!

3. Vamos Pensar?

Vimos nesta aula algumas questões importantes sobre o desafio de ensinar. Neste sentido, escreva um breve texto sobre o papel do professor em nossa sociedade.

4. Pontuando

Nesta aula vimos:

A escola como parte de um contexto social, histórico e político.

O contexto histórico e o social como fatores de influência nos processos educativos e suas práticas.

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5. Referências Bibliográficas

CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 2002. COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed. 1990.

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

TAVARES, W. R. Gestão Pedagógica: gerindo escolas para a cidadania crítica. Rio de Janeiro: Wak editora,2009.

TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.

VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004.

AULA 2 – Didática: histórico e abordagens

pedagógicas.

OBJETIVOS

Nesta aula veremos que o planejamento no setor público está presente em todas as esferas governamentais, tanto no governo federal como nos estados e municípios. Trata-se de uma ferramenta muito importante para a gestão pública.

1. A história da Didática: panorama e contextos

Sempre que nos debruçamos sobre um conceito ou teoria, é importante recuperarmos sua história, mesmo que brevemente, para compreender os contextos e instâncias que deram origem às concepções que estudamos e às práticas que ainda hoje executamos. A Didática foi, até o fim do século XIX, tema essencialmente tratado pela filosofia; somente a partir da ampliação do processo de industrialização e das necessidades criadas por ele é que a Didática ganha a perspectiva das ciências sociais aplicadas. Afinal, a massificação da Escola e da Educação Formal exigiu a criação e organização de novas formas de ensinar, tornando relevante a elaboração de estudos e teorias que expliquem os processos de ensino e de aprendizagem.

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ser respeitada nos processos educativos, por isso a didática consistiria em garantir que o ensino respeitasse tal encadeamento. Outro ponto importante é a constatação de que o conhecimento não ocorre de forma instantânea; para que o aprendizado ocorra, a experiência e os sentidos são fundamentais. Sendo assim, a didática consistira em planejar o ensino de forma a obedecer o desenvolvimento natural da criança. Veremos mais adiante que esta ideia, ainda embrionária no pensamento de Comênio, renderá muitos frutos para as teorias a aprendizagem do século XX.

O século XVII marca o início de uma grande mudança sócio-histórica: é o período de insurgência da ciência e da cultura modernas, o que, como já apontamos, culmina dois séculos depois com a necessidade de educar as forças produtivas. Marcado pelo individualismo e pela produtividade, o sistema capitalista educa as novas gerações de trabalhadores. Dessa forma, a educação formal ganha uma projeção nunca antes alcançada, e a didática uma importância cada vez maior.

Outro filósofo da modernidade, Jean Jacques Rousseau, foi capaz de refletir em suas ideias o espírito da época, evidenciando a secularização do conhecimento ao afirmar que o ensino deveria ser baseado nas necessidades imediatas do aprendiz. Rousseau ficou conhecido por sua concepção filosófica do bom selvagem, alegoria que explica a adaptação do homem ao meio social em que vive. Para ele, o homem nasce como “tábula rasa”; por não possuir experiências, não possui também a malícia do mundo. É o processo de socialização que “molda” o homem, que o faz agir de determinadas formas, daí sua afirmação mais famosa de que o homem é bom, mas a sociedade o corrompe. Tais ideias contribuem para a concepção de que a educação é um importante instrumento para a formação do homem.

Outro importante filósofo, que viveu entre os séculos XVIII e XIX, foi John Friedrich Herbart. Segundo Libâneo (1990), suas concepções exercem até hoje influência na didática, pois fundamentam práticas docentes ainda aplicadas, como, por exemplo, a ideia de preparar os conteúdos e apresentá-los com clareza; ou fazer o que estamos fazendo agora: associar ideias antigas com as novas, construindo um contexto para compreensão. Outras práticas ligadas a Herbart são a sistematização de conhecimentos e a aplicação de exercícios que confiram os conhecimentos adquiridos (conhecida esta prática, não é?). Para o autor (LIBÂNEO, 1990), as teorias fundadas nas ideias de Herbart deram origem aos cinco passos didáticos mais utilizados pelos professores ainda hoje: preparação, apresentação, assimilação, generalização e aplicação.

As concepções que vimos até o momento dão suporte à chamada pedagogia tradicional, que pressupõe o

aluno com um depositário de conhecimento e o professor como o responsável por deitar em seu cérebro

todos os conteúdos programados. Para a pedagogia tradicional, a educação possui uma única direção. Em contraposição, surge no século XX a Pedagogia Renovada, que inaugura outra visão do processo educativo e, assim, propõe novas práticas e teorias sobre o ensino. A principal transformação consiste em compreender

SAIBA MAIS!

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que o aluno é sujeito de sua aprendizagem; concebe, então, a educação como um processo em que o aluno é também agente, e não um mero depósito de informações.

Representando esta nova pedagogia do início do século passado, está o pedagogo John Dewey, cuja principal perspectiva apontava para a experiência como condutora do conhecimento. Ele consagra a educação pela ação, estabelecendo que a didática deve valorizar os espaços de aprendizagem, para que estimulem o pensamento crítico, e promovam experiências socializadoras, para que o aluno veja sentido naquilo que desenvolve e, assim, aprenda. O aluno é, então, o centro do processo educativo.

Em período contemporâneo a Dewey e durante todo o século XX, a didática conheceu inúmeras abordagens e teorias, algumas com enfoque mais técnico e instrumental, preocupadas com a prática de ensino e a aprendizagem, outras mais teóricas e, ainda, mais atualmente, concepções que culminaram na chamada Didática Fundamental, preocupada com o processo como um todo, em sua complexidade, vislumbrando o ensino e a aprendizagem em conjunto, e não de forma dissociada como a maioria das concepções fazia até então.

2. Concepções didáticas: o instrumento e o

fundamento

Quantas vezes você se interessou por uma matéria, mesmo pensando que o professor não era tão bom assim? Ou, mesmo não gostando da matéria, adorava as aulas, pois o professor era ótimo e com ele você conseguia superar as dificuldades com os conteúdos? Ainda há aqueles episódios em que você nem estava disposto a aprender, mas a escola era um lugar tão gostoso que você adorava estar lá somente por causa do espaço e de seus amigos, não é mesmo? É assim mesmo: como tudo que vivenciamos, há experiências boas e ruins, de sucesso e de fracasso. No caso da educação, isso ocorre porque a aprendizagem possui várias dimensões, que se apresentam em conjunto, mas que podem, por

determinadas circunstâncias ganhar maior

destaque; são elas, as dimensões: técnica, sócio-política e humana. Tais dimensões são relevantes para didática, pois são

fatores condicionantes do processo de

aprendizagem.

A técnica corresponde à constatação de que a aprendizagem é um processo consciente e planejado. Há uma

intencionalidade no fato de traçar objetivos

orientadores e em garantir as condições

necessárias para que o aluno aprenda. A utilização de recursos, métodos e avaliações para ensinar, obedece à dimensão técnica da aprendizagem.

Leia os principais capítulos do livro “Didática: o

ensino e suas relações”, no Google livros.

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Vale lembrar que estamos falando do processo educativo formal, ligado à instituição escolar; esta, por sua vez, está subordinada a regras e normatizações governamentais e internas, obedece a critérios impostos pelo corpo de funcionários e respeita processos educativos organizados por parâmetros curriculares, sem contar que a Escola está ainda inserida em um contexto histórico e social específico. Todos esses fatores formam a dimensão sócio-política da aprendizagem; qualquer proposta didática tem de considerar que esses aspectos influenciam diretamente o processo de aprendizagem.

Não há aprendizagem sem relacionamento interpessoal; qualquer processo de ensino envolve o contato entre pessoas, e esse contato produz vínculos afetivos essenciais para a aprendizagem. Por este fato, a didática se debruça sobre a dimensão humana da aprendizagem. As dimensões que apresentamos agora articulam-se no processo de ensino, e formam, como citamos anteriormente, a Didática Fundamental, uma concepção contemporânea que compreende o processo educativo como algo integrado.

Essa visão surge como contraponto à Didática Instrumental, entendimento que cunhava uma didática tecnicista e conservadora, baseada em uma neutralidade científica inexistente que deveria ser transportada para os bancos escolares, como se o conhecimento tivesse explicação em si mesmo e dissociado de todas as outras dimensões que compõem o processo educativo. A Didática instrumental reduz o ensino em técnicas que restringem a atuação do professor a “receitas” de “como ensinar” (CANDAU, 2002). É na década de setenta que as ideias da Didática Fundamental ganham projeção. Com uma postura crítica, concebe a educação e suas práticas como necessariamente engajadas à realidade social, censuram a “neutralidade” da didática instrumental e comprometem a Educação com a transformação.

Para transformar, o ensino precisa considerar todas as dimensões do ensino; é necessário compreendê-lo como um processo e não como um fato isolado às quatro paredes da sala de aula. A Escola possui uma extensão política e humana, além da técnica. A Didática passa a compor um conjunto de intervenções que levam em conta a realidade dos educandos, entendendo-os como sujeitos da educação, e não como objetos em que se depositam informações sem sentido.

Certamente, se você é um pouquinho mais velho, estudou com as técnicas da Didática Instrumental, ou já ouviu seus pais falarem nos famigerados “Questionários”, que consistiam em decorar perguntas e respostas que, em dias de exame, eram “recitadas” como prova do conhecimento adquirido. Atualmente, tais práticas, que consistiam em decorar questionários sem compreender seu conteúdo, foram abolidas do cotidiano escolar da maioria das escolas. Sabemos que há muito ainda por fazer, mas sabemos também que a didática é um campo de estudos ainda recente; no entanto, algumas conjecturas norteadoras já foram instaladas pela Didática, e são parte de diversas teorias e métodos desenvolvidos (VEIGA, 2004).

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desenvolver habilidades de investigação (VEIGA, 2004).

Apesar de algumas concepções norteadoras, a Didática está longe de possuir uma definição consensual. Diversas abordagens fornecem ao conceito entendimentos muito diferentes, mas uma coisa é certa – e positiva – a Didática ocupa cada vez mais os debates sobre educação e um espaço considerável na Academia (pesquisas nas grandes universidades), significando grandes mudanças para a compreensão do processo educativo. Segundo Veiga (2004), houve nas últimas décadas a ampliação dos debates sobre a didática em uma perspectiva condizente com a realidade brasileira. Além disso, cresceu a preocupação com a formação docente, entendida como necessária para o desenvolvimento das práticas pedagógicas. O investimento intelectual em pesquisas sobre Didática também mostrou-se frutífero, com grandes contribuições metodológicas. O fato é que temos hoje uma Didática preocupada com o cotidiano escolar e ajustada à complexidade do processo educacional, não mais como tábua de salvação e receituário, e sim como ação crítica e mobilizadora de recursos contextualizados e, por isso, mais eficientes para a aprendizagem.

3. Didática e educação escolar

Como um professor prepara sua aula? O que ele deve considerar para escolher os conteúdos? O trabalho do professor começa bem antes de ministrar sua aula: antes de ensinar, o professor aprende. Suas práticas pedagógicas têm início na fundamentação teórica e na formação docente. Compreender que o ensino é um processo e que é necessário haver coerência entre as escolhas teóricas e as práticas educativas, tal como entre os contextos para os quais se prepara uma aula, é essencial para a aprendizagem efetiva.

O cotidiano escolar muitas vezes não deixa transparecer que os educadores norteiam suas ações a partir de conhecimentos consolidados e de uma constante reflexão sobre suas práticas – pelo menos é assim que deveria ser. A didática é parte desta rotina, e como tal deu origem a diversas abordagens e concepções sobre as práticas pedagógicas e o cotidiano escolar. Segundo Libâneo (1990), é possível classificar tais concepções em duas grandes correntes: a Corrente Liberal, composta pela Pedagogia Tradicional, pela Renovada e pelo Tecnicismo Pedagógico; e a corrente Progressista, associada às Pedagogia Libertadora e Crítico-Social dos Conteúdos. Além da classificação anterior, temos a de Mizukami (1986), que divide em cinco as classificações possíveis, como: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural. Esta última, apesar de limitar a complexidade da didática e seu contexto, abrange postos importantes em sua relação com o cotidiano escolar.

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aos estímulos fornecidos.

Um pouco diferente é a didática humanista, em que o ensino está concentrado na pessoa. Sua concepção é a de um aluno que seja respeitado em uma dimensão de sensibilidade, incluindo uma aprendizagem significativa, que tenha sentido para o aluno. Outra corrente, a cognitivista, vê o ensino como algo integrador. As ações e atividades escolares devem estar ligadas à uma situação social, às experiências concretas e à investigação; o aluno deve se ver diante de problemas a serem solucionados. O objetivo é desenvolver o raciocínio; o processo de aprendizagem é mais importante que os conteúdos ensinados. Por último, nesta classificação, temos a didática de concepção sociocultural, que compreende o processo educativo como transformador da realidade social e, por isso, deve ser concebido como libertário e problematizador das condições de opressão. O aluno e o professor são sujeitos críticos, e como tais devem lutar contra as situações opressivas.

Independente de concordarmos ou não com alguma destas abordagens, o fato é que o desenvolvimento da Didática foi importante e fundamental para as reflexões acerca do ensino e da aprendizagem. O tecnicismo, por exemplo, trouxe à tona a necessidade de se desenvolver métodos de ensino e pensar conscientemente na educação como formadora de sujeitos conscientes de sua condição. Tudo isso contribuiu para o surgimento de educadores mais comprometidos com a prática de ensinar. O importante é sabermos que nenhuma teoria ou método é capaz de explicar sozinho o complexo processo educativo e suas práticas pedagógicas, mas estas concepções são fundamentais para compreendermos e traçarmos novas perspectivas para a didática, como veremos em nossas próximas aulas.

4. Vamos Pensar?

Você teve uma educação fundamental ou instrumental? Pense nas práticas pedagógicas de seus professores na educação básica. Como eram suas aulas? Havia diferença entre os professores? Elabore um breve texto reflexivo sobre a didática adotada por seus professores da educação básica.

5. Pontuando

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6. Referências Bibliográficas

CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 2002.

COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997.

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.

VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004.

AULA 3 – Ensino e Aprendizagem: os dois lados da

formação docente

OBJETIVOS

Compreender os conceitos de Ensino e de Aprendizagem.

Entender os pressupostos da Formação docente para o ensino superior.

1. O processo didático: ensino e aprendizagem

O homem apresenta a capacidade inata de aprender com suas experiências. Podemos dizer que, para desenvolver suas habilidades, o aprendizado é algo fundamental ao ser humano. Neste sentido, a aprendizagem está presente em todas as etapas da de nossa vida. Como o bebê aprende a falar? Certamente já vimos crianças imitando os pais, em seu modo de agir, não é mesmo? Isso ocorre porque ela está aprendendo. E já que a aprendizagem é um processo tão abrangente, vamos nos deter aqui na aprendizagem escolar, aquela que chamamos de formal, pois está associada a um espaço e a técnicas específicas.

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que fazer” para sobreviver; o homem aprende. Aprende a falar, a se comunicar, aprende a trabalhar, a utilizar técnicas, aprende a escrever etc. O aprendizado permite ao homem perpetuar símbolos e linguagens significativos e transmiti-los às futuras gerações.

Dessa forma, a escola é um espaço de

aprendizado para o homem desenvolver

habilidades específicas, julgadas necessárias para as sociedades humanas que dela fazem uso. Sim, pois nem todas as sociedades criaram espaços como a escola para ensinar,

ela é uma instituição criada com o objetivo e

ensinar.

Neste sentido, sempre que nos referirmos à Escola, teremos em mente um lugar de aprendizagem permanente (MASETO, 1997). Nesse cenário, o aluno é o principal responsável por esse processo, que envolve procurar informações, experimentar e rever suas experiências, adaptação a mudanças, desenvolver e descobrir sentidos e significados para as coisas e os fatos, apreender comportamentos e condutas sociais.

E se o aluno é o protagonista da aprendizagem, o professor é a personagem principal no ato de ensinar; é dele a responsabilidade de comunicar os conhecimentos, trazer as informações, mediar os saberes, ser um guia, conduzindo às habilidades. Sendo assim, ensinar e aprender são parte de um único processo, contínuo e indissociável.

Segundo Veiga (2008), esse processo é multidimensional e está relacionado diretamente às questões didáticas, já que fazem parte dele as perguntas sobre a necessidade de ensinar; estas respostas levam a outras relacionadas à necessidade de aprender. Dessa forma, para ensinar e aprender é preciso pesquisar. Ainda segundo a autora, essas três dimensões estão associadas à necessidade de avaliar. São estes aspectos indissociáveis que compõem o processo de ensino e de aprendizagem no espaço escolar.

Para a didática, o ensino é a tarefa mais importante. Veremos agora um levantamento sobre o sentido de ensinar, representado pelos docentes (VEIGA, 2008): “Ensinar é um ato intencional”; “Ensinar significa interagir e compartilhar”; “Ensinar exprime afetividade”; “Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor metodológico”; “Ensinar exige planejamento didático” (VEIGA, 2008, pp. 13 a 33).

Cada uma dessas expressões está carregada de significado e compõe um campo de características e aspectos importantes para compreensão do processo didático.

Ao dizermos que “Ensinar é um ato intencional” estamos afirmando que o ato de ensinar não é algo aleatório, mas exige um direcionamento, objetivos bem traçados por uma estrutura organizada, como a escola. A intencionalidade de ensinar está subordinada à instituição escolar e ao contexto social no qual ela está inserida, por isso é fundamental que esteja associada à reflexão sobre quem é o educando e o que se

Filme: O enigma de Kaspar Hauser

Direção: Werner Herzog

Roteiro: Werner Herzog

Link para o vídeo:

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pretende desenvolver como habilidade. Justamente por ser intencional, o ato de ensinar deve ser consciente.

Quando entendemos o ensinar como “interagir e compartilhar”, pretendemos destacar a dimensão humana desta ação transformadora, pois ensinar é estar entre seres humanos: o professor obrigatoriamente interage com os alunos e estes, entre eles, compartilham experiências, informações e juntos buscam respostas, de forma consciente e inconsciente. Não há ensino sem experiência conjunta.

Quantas vezes você sentiu dificuldade em aprender uma matéria por sentir antipatia pelo professor? Ou então, o contrário: Quantas matérias ficaram “mais fáceis” justamente porque você gostava do seu professor? A afetividade é inerente ao processo de ensino, a empatia é fundamental para garantir as trocas entre professor e aluno; por isso o enunciado: “Ensinar exprime afetividade”. A identificação docente é algo preponderante para despertar no aluno a confiança necessária ao ensino. Emoções, conflitos, alegrias e fruição são aspectos do processo didático e não devem ser ignorados. Certamente o professor não precisa – e nem deve – ser adorado por todos os seus alunos. Apostar em uma prática de ensino que force a empatia é por si só um indício de fracasso didático. O que o docente deve ter em mente é que a afetividade está presente e que ela é uma dimensão importante. Isso auxilia bastante o planejamento do ensino.

Para ensinar, o professor precisa, antes de tudo, aprender. Sendo o principal mediador entre o aluno e o conhecimento, o docente não pode ignorar sua condição de aprendiz e, por isso, de estudioso da educação. Um professor deve ser capaz de articular o que ensina com os contextos nos quais e para os quais ensina; “conhecimento e rigor metodológico” são os principais instrumentos didáticos desse protagonismo didático. Assim como não é possível construir um prédio sem alicerce e planejamento, não é provável construir conhecimento sem métodos de ensino, Nos dois casos, a falta de estruturação resulta em desabamentos, inconclusões e fracassos. Veiga (2008) conclui que o conhecimento tem como função formar um aluno cidadão, crítico e criativo, e o professor possui o papel fundamental de mediar esse contato entre o aluno, o conhecimento e a realidade. Para isso, o trabalho docente exige metodologias de ensino.

Desta exigência deriva a ideia de “planejamento didático”, pois ninguém consegue ensinar, no espaço escolar, sem organização e planejamento. Vale dizer que tal organização por parte da escola e do professor não elimina a participação dos alunos no processo; pelo contrário, ela deve pressupor essa participação.

Acabamos de ver que ensinar não é algo fácil, que, sob a visão dos próprios docentes, exige a observação de inúmeras dimensões. Destacamos, além das dimensões apontadas anteriormente, o aspecto social do ensino, reiterando que sua prática se coloca além da sala de aula; por isso, antes de tudo, o professor precisa estar ciente dos contextos sociais e da realidade em que estão inseridas suas práticas. Adaptar

seus métodos de ensino e formular alternativas para diferentes situações educativas também faz parte do

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2. Formação Docente e preparação

profissional: os desafios de ensinar

Sendo o professor um aprendiz por excelência, uma das questões mais importantes é justamente a maneira como ele aprende a ser professor. O Brasil conhece hoje uma grande transformação nas políticas de formação docente. As últimas décadas trouxeram à tona a necessidade da formação permanente dos profissionais da educação; políticas de incentivo à formação e leis que regulamentam a atuação docente foram criadas, como a LDBEN 9394/96. Nesse sentido, um movimento que questiona o papel social da educação e, precisamente, o papel do educador e dos cursos de licenciatura, teve início ainda no fim da década de 90, e ganhou impulso no início deste século. Dentre as necessidades apontadas por esse movimento, está a formação superior do professor, principalmente dos professores que atuam na educação básica.

Faremos agora uma reflexão sobre a formação docente e os desafios de sua atuação, em especial daqueles que atuam no nível superior, já que possuem enfrentamentos distintos dos professores da educação básica, apesar das inúmeras semelhanças do processo de planejamento didático.

Como aluno de pós-graduação, você certamente teve algum professor que marcou sua trajetória durante a graduação, não é mesmo? Você já pensou por que esse professor deixou sinais tão evidentes em sua formação? O que ele tinha que os outros não tinham?

O professor, como qualquer profissional, precisa conhecer sua ocupação; sendo seu labor o ato de ensinar, é fundamental que ele saiba como ensinar. Por isso, a formação docente é imprescindível para que o professor exerça sua função e esteja preparado para ensinar. Além dos conhecimentos específicos, o professor deve manter-se atualizado sobre as formas de ensinar aquilo que aprendeu. As metodologias de ensino compõem um arranjo necessário às práticas pedagógicas. O professor tem de saber organizar o processo de ensino de forma consciente e sistemática, e para isso é inevitável fazer uso de sua preparação teórico-científica (LIBÂNEO, 1990).

Um docente bem preparado possui uma sólida formação acadêmica e também uma formação para a prática de ensino (técnico-prática). No entanto, a formação teórica e a formação prática não devem ficar separadas. Deve haver uma articulação entre os conhecimentos teóricos e os conhecimentos técnicos. Você já pensou em como pode ensinar aquilo que acabou de aprender nas disciplinas de seu curso? Gostou da forma como algum professor ensinou um tema? Refletiu sobre a técnica que ele utilizou?

Mais do que o domínio de técnicas e regras para ensinar, o professor que não possui o domínio teórico daquilo que ensina não consegue problematizar o conhecimento; assim, nenhuma técnica será suficiente para que ele seja capaz de ensinar. Para Libâneo (1990), o profissional da educação deve ter sua formação pautada na contínua interpenetração entre a teoria e a prática. A teoria não tem valor didático se não estiver associada à realidade, assim como a prática não se sustenta sem orientação teórica.

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centralizando seus esforços em uma única dimensão, abdicando de outras igualmente importantes. Para a autora, há um conjunto formador centrado na norma. Isso quer dizer que as práticas estão voltadas quase que exclusivamente para a adequação aos instrumentos legais, sendo o professor aquele responsável por cumprir somente o aspecto formal do ensino, em observância às normas vigentes. É um tipo de formação conservadora e pouco criativa.

Além desta, há a formação centralizada da técnica. Neste cenário, o educador é o responsável pela organização das condições de ensino e de aprendizagem, definindo estratégias, selecionando conteúdos e definindo objetivos; preocupado com os resultados, o professor corresponde à figura de um estrategista, pouco importando os contextos de ensino. Em contrapartida a este enfoque, está a centralização na dimensão humana, que, como vimos na aula 2, envolve o contato entre pessoas; dessa maneira, a formação docente centrada neste aspecto privilegia o docente como aquele responsável pela comunicação entre os envolvidos no processo educativo, condutor do processo que deve culminar no desenvolvimento emocional e intelectual do aluno. A centralização nesta dimensão pode limitar os processos de contextualização.

No entanto, pautar a formação centrada no contexto significa dar ênfase ao caráter político da prática educativa, sendo esta protagonista das grandes transformações sociais. Este enfoque contextualizador é fundamental para a prática docente, mas o risco de restringir o professor a ativista político é grande.

Nenhuma formação que pontue ou destaque somente um aspecto é interessante, cai inevitavelmente em um reducionismo que limita qualquer formação que pretenda ser eficiente. Uma formação que pretenda formar um profissional da educação – para qualquer nível de ensino – deve considerar todas as dimensões da prática pedagógica.

3. Formando professores: o ensino superior como

desafio docente

O ensino superior conheceu nos últimos anos uma forte expansão no cenário nacional. As políticas governamentais de incentivo para o acesso à universidade ampliaram o número de cursos, de instituições e de vagas disponíveis, sem falar da expansão da educação a distância, que significou levar o ensino superior a lugares em que antes seria improvável que ele chegasse. Então, assim como o ensino superior vem se reestruturando e ganhando novas perspectivas, a docência para este nível de ensino conhece também uma nova abordagem; há uma preocupação cada vez mais evidente com a formação do profissional que ensina para este nível educacional.

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áreas específicas, que precisam de autorização do Conselho Nacional de Educação para oferta.

Diante deste contexto de inúmeras instituições e da expansão do ensino superior, as políticas educacionais implantaram também processos de avaliação da qualidade do ensino, com

visitas programadas de avaliadores do Ministério da Educação

e provas – como o ENADE – que indiquem os resultados do ensino em uma instituição. Dessa maneira, a preocupação com a qualidade do ensino tem se tornado uma constante e, nesse ínterim, a formação docente é preponderante. Sem professores de qualidade, o ensino e, consequentemente, a aprendizagem estão comprometidos.

Os resultados de alguns processos avaliativos em importantes

e conceituadas universidades colocaram em xeque a obsoleta ideia de que para o professor universitário bastava conhecer as teorias e práticas de sua área de atuação. Está provado que professores com grande conhecimento teórico não estão necessariamente aptos a ensinar. Neste sentido, há uma preocupação cada vez maior com a formação docente para o nível superior.

O docente do ensino superior deve se preocupar também com a didática, em saber como ensinar; além de dominar os conhecimentos de sua formação específica, os saberes sobre educação precisam compor o aprendizado do professor universitário. E, como seus alunos são exclusivamente adultos – no máximo jovens entre 17 e 19 anos – é preciso conhecer os princípios da andragogia, campo de estudos recente, que tem como objetivo analisar os processos de aprendizagem de adultos.

Diferente da criança, o adulto não é um sujeito em formação, ele já passou por experiências e aprendeu habilidades ainda em desenvolvimento nas crianças. É partindo de tais pressupostos que a andragogia formula seus princípios. O primeiro deles é o conceito de aprendente. Diferente da criança, o adulto é o principal responsável por sua aprendizagem; ele escolhe, determina os caminhos que quer seguir. As escolhas de um educando adulto são pautadas por suas necessidades, e por reconhecer que é importante conhecer, a andragogia chama isso de necessidade de conhecimento. Enquanto a criança, por não vislumbrar a importância da necessidade de conhecer, precisa ser constantemente motivada, o adulto já possui a motivação para aprender; sua determinação e as escolhas que realiza estão pautadas por esse princípio.

Outro ponto destacado pela andragogia é o papel da experiência. O processo educativo não pode ignorar que o educando adulto possui experiências variadas e que estas devem ser contextualizadas e compartilhadas em sua formação. Por isso, a influência da prontidão para o aprendizado é fundamental para a andragogia, já que o adulto aprende aquilo que ele está disposto a aprender, ou seja, aprende aquilo que acredita ter uma finalidade objetiva e imediata.

Dessa forma, ao ensinar adultos, o docente tem que ter em mente a necessidade de conhecer os interesses dos estudantes, e a partir disso planejar o ensino, prevendo a participação efetiva dos alunos. O professor, diante de interesses diversos, deve estimular o cooperação entre as variadas experiências e mediar estes

SAIBA MAIS!

Saiba Mais

Leia o artigo “Andragogia: arte

e ciência na aprendizagem do

adulto” de José Chotguis.

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conhecimentos e interesses, dando suporte à aprendizagem. Uma maneira de fazer isso é selecionar conteúdos que sejam significativos e permitam ao aluno ver sentido naquilo que está aprendendo. Como adultos e responsáveis por sua aprendizagem, o professor universitário tem a vantagem do contrato didático; pode estabelecer junto aos estudantes regras, normas e objetivos comuns que explicitem o planejamento pedagógico e deixem claras as tarefas que serão desenvolvidas.

Além do que já foi apontado, a andragogia prevê também um trabalho docente problematizador e investigativo. O docente do ensino superior está preparando profissionais, que necessariamente trabalharão em equipe; sendo assim, as atividades que estimulem o trabalho em equipes devem compor o processo didático de ensino. O mesmo vale para os processos avaliativos, que precisam focar-se na aprendizagem e não em provas de conteúdos sem sentido.

O professor universitário deve ter consciência de que está diante de um “igual”, no sentido de que este estudante já passou por experiências semelhantes; de que, muitas vezes ele é também um trabalhador, com problemas análogos aos que vivem o professor: família, dinheiro, trabalho, chefia etc.. Sendo assim, os princípios da andragogia são importantes para direcionar o planejamento didático do professor universitário.

4. Vamos Pensar?

Elabore um texto reflexivo sobre a necessidade da andragogia para o professor universitário.

5. Pontuando

Esta terceira aula foi importante para discutirmos, compreendermos os conceitos de Ensino e de Aprendizagem, fundamentais para a formação docente e também para o entendimento de suas especificidades no que diz respeito à atuação no ensino superior; vimos ainda alguns preceitos da andragogia, o estudo dos processos educativos aplicados aos adultos.

6. Referências Bibliográficas

CANDAU, V. M. Rumo a uma nova didática. São Paulo, Vozes, 2005

(25)

Mesquita Filho. UNESP/Araraquara, 2000.

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

MOREIRA, D. A. (org.). Didática do ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004.

VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª Edição, 2008.

AULA 4 – Ensino: planejamento e avaliação.

OBJETIVOS

Compreender o que é o planejamento pedagógico e quais os seus objetivos.

Entender a avaliação como um dos princípios didáticos necessários ao planejamento da prática docente.

1. Trabalho docente e planejamento pedagógico

A Administração é a nova tecnologia (e não apenas uma ciência ou invenção qualquer) que está fazendo O professor atua de forma consciente; suas práticas devem compor um conjunto de ações sistematizadas e organizadas para garantir a aprendizagem dos alunos. Para organizar tais práticas, o docente precisa dispor de instrumentos que coordenem seu trabalho, orientem sua atuação e articulem as atividades desenvolvidas com a realidade escolar. Tais instrumentos são fornecidos pelo planejamento.

Qualquer processo de ensino exige planejamento; isso significa organizar as ações a partir da delimitação de objetivos, que têm de estar alinhados com o projeto pedagógico da escola e com as necessidades de aprendizagem dos alunos. O planejamento, no entanto não deve ser compreendido como uma camisa de força, e menos ainda como matéria de improviso. A seriedade da organização pedagógica permite conhecer a realidade do aluno, da escola e das condições de ensino, e diante de um cenário elaborado, o professor pode atuar com mais precisão, definindo objetivos que efetivamente produzam resultado.

O papel do educador é contribuir para a formação dos alunos, sejam eles crianças ou adultos. Parte do trabalho docente consiste em tomar decisões importantes e em conjunto com a comunidade acadêmica, planejar o curso, a disciplina e as aulas e conciliar as atividades desenvolvidas. Planejar é escolher; certamente não é possível dar uma receita pronta, mas podemos apontar algumas considerações importantes:

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• Conhecer a realidade institucional: Quem são os alunos? Quais os recursos disponíveis?

• Definir as principais necessidades dos alunos frente ao currículo previsto.

• Preparar as atividades a serem desenvolvidas, assim como definir as formas de avaliação.

Planejar em conjunto é importante, e o ensino superior também permite que isso ocorra: é possível prever projetos de extensão – por exemplo – que aliem as teorias à prática.

O planejamento envolve diversos níveis, a começar pelo institucional. O professor não pode prever ações pedagógicas que se contraponham às metas da instituição e também da comunidade na qual ela está inserida. A dimensão extraescolar deve ser considerada, pois a Instituição de Ensino Superior possui, antes de qualquer coisa, um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), que avalia a realidade socioeconômica para traçar seus objetivos.

Além do PDI, o professor precisa conhecer o Plano Político Pedagógico do curso em que atua, já que não é possível planejar suas aulas sem considerar os objetivos do curso, tal como a ementa de sua disciplina. Munido destes instrumentos pedagógicos oficiais, o docente pode iniciar a jornada de planejamento do seu trabalho, em um nível individual.

Sob esta perspectiva, o professor precisa observar alguns pontos fundamentais. O primeiro deles é conhecer seus objetivos, para definir quais conteúdos são importantes, como trabalhar os conceitos e atividades, quais materiais disponibilizar; ou seja: de onde partir e para onde ir? Uma avaliação

diagnóstica é um bom começo!

Em coerência com o Projeto Pedagógico do Curso, é possível ao professor definir as metas e conteúdos para as aulas

e associar esse planejamento aos

recursos disponíveis na instituição e na

comunidade. As decisões apontadas

são fundamentais para delimitar os tipos

de atividades que serão desenvolvidas e aliá-las à realidade dos alunos. Por exemplo: não é possível planejar o mesmo tipo e quantidade de atividades para um aluno do período noturno, que aquelas preparadas para um aluno do diurno, pois são perfis diferentes.

Para organizar esse trabalho, o professor deve determinar como e com que frequência pretende planejar suas aulas. É importante registrar tudo em um Plano de Ensino, documento que explicita o que se planejou

Assista à última entrevista do educador Paulo Freire; nela, ele aponta alguns aspectos muito importantes da educação como um todo.

(27)

e que permite acompanhar o desenvolvimento das ações previstas. Corresponde a um roteiro anual ou semestral, que contenha os aspectos fundamentais do trabalho pedagógico.

O detalhamento desse trabalho é chamado de Plano de Aula: é a sistematização do conteúdo programático previsto no Plano de Ensino. O objetivo do plano de aula é servir como um balizador para o plano de ensino, já que nenhum nem outro devem ser estáticos. Isso significa que o planejamento precisa ser constantemente revisado, adaptado, readequado, semestre após semestre, ano após ano.

E como elaborar um plano de ensino? Que passos seguir? Quais fases cumprir?

1.1 Fases do planejamento

1ª Fase: Levantamento prévio do planejamento, partir de informações sobre o curso, os alunos e a instituição.

2ª Fase: Adaptação do levantamento inicial para as necessidades reais dos alunos.

3ª Fase: Execução e avaliação do plano de ensino; verificar a eficiência entre o que foi planejado e o que foi efetivamente aplicado.

Certamente nenhum plano de ensino substitui o trabalho do professor; não há trabalho de planejamento desvinculado do todo educacional e de um processo contínuo de avaliação.

2. Avaliação

O processo avaliativo não corresponde à simples quantificação de resultados. Avaliar exige planejamento e definição de objetivos claros; é uma tarefa permanente e acompanha o processo de ensino em todo o seu percurso. Avaliar é verificar os progressos da aprendizagem, saber se os recursos e métodos didáticos selecionados e aplicados produzem os efeitos necessários. A atividade avaliativa é necessariamente reflexiva; não há salto qualitativo para a aprendizagem e para o ensino sem que os processos sejam avaliados.

Você já fez inúmeras provas durante sua vida. E sabia que, para o professor, a prova representa muito mais do que questões respondidas? A prova é um dos instrumentos de avaliação, e como tal é elaborada de maneira integrada ao currículo, planejada para verificar o aprendizado de conteúdos cuidadosamente preparados e ensinados em aula.

A aferição é uma parte da avaliação, mas quantificar os resultados não é a única forma de proferir resultados. Uma das principais críticas às provas padronizadas é o fato de que as pessoas não aprendem da mesma maneira; por isso, um único tipo de avaliação seria insuficiente para constatar o aprendizado dos alunos. Utilizar mais de um tipo de avaliação é fundamental para garantir que o processo cumpra seu objetivo principal, que é avaliar se o sujeito da avaliação – o aluno – atingiu o objeto da avaliação – a aprendizagem (ZABALA, 1998).

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exclusão do que de inclusão no processo de aprendizagem. Sua aplicação classificadora impôs durante muito tempo o estigma de resultados que pouco avaliavam realmente. No entanto, as novas perspectivas apontam outro caminho para a avaliação, compreendendo-a como necessária

para acompanhar a aprendizagem e não mais limitada a

uma única prova. A avaliação deve permitir conhecer os resultados das ações didáticas planejadas e, em caso de necessidade, readequar tais ações, replanejar o ensino.

Mais do que atividades e provas, o processo avaliativo é um guia. É a partir dele que o professor toma decisões sobre o trabalho que desenvolve, inclusive sobre o próprio instrumento de avaliação utilizado. Não existe avaliação universal, já que aprendemos de formas diferentes, mas existe avaliação global, pois não aprendemos uma única coisa de um único jeito. Cada um de nós possui experiências diferentes, histórias e trajetórias distintas. Neste sentido, podemos afirmar que a aprendizagem é sempre singular. E é sob esta singularidade que o processo avaliativo deve articular suas ações.

No ensino superior, o processo avaliativo também deve compor uma visão integradora e processual. O professor tem de se preocupar essencialmente com a formação profissional e humana de seu aluno. O primeiro passo é diagnosticar. Mais do que na educação básica, os alunos do ensino superior compõem um grupo heterogêneo; lembre-se que eles escolheram estar ali, mas tais escolhas seguem motivações muito diferentes. Alguns já possuem familiaridade com os cursos e suas disciplinas; outros nem tanto; há aqueles com dificuldades de aprendizagem. Sim! O professor do ensino superior precisa se preocupar com a aprendizagem do aluno, tecer estratégias que possibilitem ao aluno desenvolver as habilidades necessárias.

A avaliação é primordial para definir os rumos das decisões didáticas do professor. Algumas perguntas podem ser feitas: O que meus alunos já sabem? Sobre o que quero ensinar? Como dissemos, nem todos possuem a mesma trajetória. Será que é preciso recuperar alguns conceitos fundamentais para que todos possam acompanhar os conteúdos? Outros questionamentos que o docente deve fazer é sobre as experiências de seus alunos: Quem são eles? De onde vêm? Quais os interesses? Como eles aprenderam a aprender? Os conteúdos que planejei atendem as expectativas dos alunos com os quais me deparei?

Preparar suas aulas tendo em vista estes questionamentos é o passo inicial para uma avaliação formativa, já que a Avaliação Inicial (ZABALA, 1998) incide em saber quem é o aluno e o que ele sabe, para prever até onde ele pode chegar. As atividades e conteúdos devem ser preparados de acordo com essa realidade avaliada. Essa adequação inicial é chamada de Avaliação Reguladora, e consiste em desenvolver atividades que partam da realidade observada e que implementem um processo cada vez mais desafiador. Esta é a verdadeira avaliação formativa, pois prevê o desenvolvimento do aluno diante dos objetivos traçados. Não é possível realizar a Avaliação Final (ou Somativa), sem a continuidade de uma avaliação contextualizada e contingencial.

SAIBA MAIS!

Para saber mais sobre o Ensino

Superior no Brasil, leia o artigo

MARTINS, CARLOS BENEDITO. O

ensino superior brasileiro nos anos

90. São Paulo Perspec., São Paulo,

v. 14, n. 1, Mar. 2000 . Disponível

em:

(29)

A avaliação final corresponde à apuração de resultados, uma quantificação norteadora que possibilita conhecer a situação dos alunos; porém, não pode ser tomada como objeto único de avaliação e, menos ainda, como punição por não ter alcançado resultados esperados. Essa avaliação requer muito cuidado;

ela é instrumento educativo e serve ao

professor para determinar se o percurso

didático que escolheu produziu efeito.

Um ponto importante a destacar é que o instrumento avaliativo deve ser individualizado. O professor deve perguntar-se: Qual o percurso que o aluno fez da Avaliação Inicial até a Avaliação Final?

A trajetória do aluno é que deve ser considerada. A avaliação final deve somar (por isso Somativa) todos os resultados obtidos durante o processo, para, então, começar novamente, a partir de um novo mapa (se julgar que as metodologias não surtiram efeito) ou de velhos caminhos (se a análise verificar que os recursos didáticos estão produzindo efeito).

Por isso o professor não pode compreender a avaliação como um mero resultado final: porque dela dependem as estratégias de ensino. O que o docente poderá fazer se conformar problemas de aprendizagem somente ao final do processo? A avaliação é inerente ao trabalho educativo, a intervenção pedagógica depende deste processo contínuo.

3. VAMOS PENSAR?

Elabore um plano de ensino, tendo como base uma disciplina de sua especialidade; preveja o conteúdo programático e os processos avaliativos.

4. PONTUANDO

Finalizamos nossa disciplina destacando dois pontos importantes para a Didática: o planejamento e a avaliação. Nenhuma estratégia didática ocorre sem planejamento, assim como não pode continuar sem processo avaliativo.

Assista ao Vídeo Avaliação da Aprendizagem -

da coleção Celso Antunes II

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CANDAU, V. M. Rumo a uma nova didática. São Paulo, Vozes, 2005

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

MOREIRA, D. A. (org.). Didática do ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004.

VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª Edição, 2008.

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Verificação de Leitura

AULA 1

1.Sobre a Escola, é correto afirmar, EXCETO:

a) A Escola é um espaço social estruturado para fornecer educação formal, isso quer dizer que é uma instituição com normas,

b) Está ligada a outras instituições e a processos de regulamentação que estão além da sala de aula e do processo de aprendizagem em si.

c) A escola é a responsável por desenvolver o conhecimento e consolidar a herança social e intelectual

na sociedade ocidental contemporânea,

d) A Escola cada vez mais ocupa um papel de destaque nos processos sociais.

e) A Escola é um espaço social sem articulação com outros espaços sociais.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

2. Leia as afirmativas:

I - A Escola se consolidou na sociedade ocidental, principalmente a partir da tradição das Academias Gregas, destinadas ao ensino com grandes mestres e filósofos, as mais expressivas foram a Academia de Platão e de Aristóteles, há desde esse período a preocupação com a didática, com a forma de ensinar para que o aluno aprenda com eficácia.

II - A escola constitui-se como espaço de preservação e reprodução de conhecimentos e da cultura de uma sociedade.

III - A escola é capaz de transmitir todo o conhecimento de uma sociedade.

(32)

Estão corretas somente as afirmativas:

a) I e III

b) II e III

c) I,II e IV

d) II, III e IV

e) I e IV

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

3. Sobre a Didática, pode-se afirmar que:

a) a didática vai além da reflexão teórica e dedica-se a compreender os procedimentos cotidianos; b) a didática se restringe ao tratamento teórico das questões pedagógicas;

c) a didática tem como principal objetivo a teorização dos conhecimentos para resolução de problemas

fora dos ambientes de ensino;

d) a didática está distante do trabalho docente e não produz efeitos sociais no conjunto das tarefas

educativas;

e) conceito e objeto de estudo do campo da educação, trata somente das teorias pedagógicas;

4. Para Maseto (1997),

a) a didática deve pautar-se exclusivamente pelo livro didático adotado, sem a necessidade de outro tipo de intervenção;.

b) a didática sugere ao educador como planejar um curso com a participação dos alunos;

c) a didática não permite selecionar assuntos relevantes e técnicas que facilitem a participação dos alunos;

d) a didática impossibilita organizar formas de relacionar teoria e prática, e de associar os conhecimentos científicos ao cotidiano do aluno;

e) a didática é um instrumento transformador, mas a avaliação deve ser objeto de punição;

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

(33)

5. Este espaço ocupa o nosso aprendizado formal, nele convivemos com outras pessoas, participamos de um processo de socialização fundamental para o nosso futuro pessoal e profissional.

A afirmação acima refere-se à:

a) Escola

b) Fábrica

c) Casa

d) Rua

e) Comunidade

AULA 2

1. Para Comênio, estão corretas as afirmativas, EXCETO:

a) a educação seria a única forma de salvar a humanidade e conduzi-la à divindade. b) a ordem natural das coisas deve ser respeitada nos processos educativos.

c) a didática consiste em garantir que o ensino respeitasse tal encadeamento natural do desenvolvimento humano.

d) o conhecimento ocorre de forma instantânea, para que o aprendizado ocorra a experiência e os sentidos são irrelevantes.

e) a didática consistira em planejar o ensino de forma a obedecer o desenvolvimento natural da criança.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

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