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INTRODUÇÃO LIÇÃO 1: AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

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Academic year: 2019

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ESBOÇO DE AULA

VISÃO PANORÂMICA DO 1º TRIMESTRE DE 2017

GOMES, Osiel. As obras da carne e o fruto do Espírito: como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Revista Lições Bíblicas Professor. 1º trim. 2017. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

TEMA: "AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO".

Roney Cozzer1

TEXTO BÍBLICO BASE

"Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne" (Gl 5.16 - NVI2).

INTRODUÇÃO

LIÇÃO 1: AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

A tônica da lição recai sobre a necessidade de se andar em espírito. Palavras de suma importância nesta lição são "carne" e "espírito". Ambas as palavras tem mais de um sentido e é preciso considerar o contexto em que são usadas para que seu sentido seja corretamente compreendido.

1 Presbítero na Assembleia de Deus Vida Abundante em Cariacica / ES (Pr. Paulo Cesar). Gestor

Educacional e Professor de Teologia no Instituto de Educação Cristã CRER & SER. Possui formação no Curso Médio de Teologia da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), é graduado em Teologia, licenciado em Pedagogia e mestrando em Teologia pelas FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) na Linha de Pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia.

Contatos: roneycozzer@hotmail.com e roneyricardoteologia@gmail.com Site Teologia & Discernimento

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A palavra "carne" no grego é sarx e aparece no Novo Testamento 143 vezes. Pode significar a "substância macia do organismo animal que pode ser removida dos ossos e é constituída por músculos, sangue, tecidos, etc."3. É usada também para se referir ao corpo humano, ao parentesco ou consanguinidade entre os homens (Gn 2.24), em referência também aos animais como em Gênesis 6.13, dentre outros usos possíveis4. O uso que mais nos interessa neste estudo, contudo, é aquele em que a palavra "carne" indica a natureza pecaminosa do ser humano, ou, em outras palavras, o termo "carne" em sentido ético. Aponta para a propensão humana de se opor à vontade de Deus, e ao próprio Deus (por mais chocante que isto possa ser - cf. Rm 7.18; 8.6-8 por exemplo). O "andar no Espírito" é o antídoto para vencer os desejos pecaminosos de nossa natureza caída.

Outra definição muito importante nesta primeira lição (e para todo o trimestre) é concernente ao "fruto do Espírito". Basicamente, o "fruto" do Espírito consiste em nove virtudes que são desenvolvidas pelo Espírito Santo na vida do crente. Consistem de ações que são o reflexo de um caráter transformado por Deus. Moisés Silva, conhecido hermeneuta bíblico, faz o seguinte comentário:

É digno de nota que o fruto do Espírito... consiste principalmente em atitudes e ações que intensificam os relacionamentos pessoais, exatamente a grande fraqueza dos gálatas. As qualidades de alegria e paz não se referem a

sentimentos subjetivos, mas à forma com que tratamos uns aos outros. Até mesmo o termo pistis ("fé") no grego pode ser entendido como fidelidade

(como... na ARA), mais uma vez associada aos relacionamentos pessoais. Há também ênfase em bondade e longanimidade5.

Desse modo, produzindo o fruto do Espírito em seu viver, o cristão vive em santidade, santidade que é posicional, progressiva e final.

3 PFEIFFER, Charles F. HOWARD, Vos F. REA, John. (ed.s.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 2 ed. Trad.:

Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 379.

4Idem.

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LIÇÃO 2: O PROPÓSITO DO FRUTO DO ESPÍRITO

Nesta lição, é realçada a necessidade de uma vida controlada pelo Espírito Santo. A vida de comunhão com Deus necessita de tempo com Ele, por meio de oração, leitura e estudo da Bíblia e jejum.

A lição apresenta uma definição de caráter a partir do Dicionário Houaiss que se mostra deficitária, quando afirma que caráter é a "qualidade inerente a um indivíduo, desde o nascimento; temperamento, índole" (p. 166). Abbagnano (2007), contudo, traz uma melhor definição do que vem a ser o caráter: "Em particular, o modo de ser ou de comportar-se habitual e constante de uma pessoa, à medida que individualiza e distingue a própria pessoa"7. Em outras palavras, o caráter é construído ao longo do tempo e sofre diversos influxos do meio que cerca o indivíduo nessa formação. E no caso do cristão, que se entregou a Cristo, ele pode contar com o auxílio do Espírito Santo para controlar o seu ser. O propósito do fruto consiste em que, por meio de um caráter transformado, santo, você possa revelar Cristo ao mundo. Além disso, o cristão deve gerar frutos para o Reino de Deus. Não mero ativismo religioso desprovido de vida e sentido, mas frutos que permaneçam e que sejam para glória de Deus (p. 17).

LIÇÃO 3: O PERIGO DAS OBRAS DA CARNE

O autor é categórico ao afirmar que no crente habitam duas naturezas: a carnal e a regenerada por Cristo. É vivendo cheios do Espírito que mortificamos nossa natureza com suas concupiscências carnais. É preciso submeter pensamentos e desejos ao Criador. Destaca-se aqui a importância de não se deixar controlar pelos desejos impuros e o quanto as consequências desses atos, guiados pela concupiscência carnal, são danosos à vida, à Igreja e à sociedade.

Esta lição pode ser explorada sob a ótica da Ética Cristã (embora a lição em si não tenha caminhado nessa direção), já que enfatiza bastante o caráter cristão. A Ética Cristã, enquanto padrão normativo para a conduta, consiste num conjunto de valores, crenças e condutas que são orientadas pela Palavra de Deus e que devem assim ser internalizadas na

6 Na página 23 o autor apresenta uma definição bem melhor de "caráter" usando o mesmo dicionário: "um

conjunto de traços psicológicos e, ou morais, que caracterizam um indivíduo" e ressalta em seguida que "o caráter não é inato e pode ser mudado".

7 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad.: Alfredo Bossi. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes,

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vida do cristão, diariamente. Enquanto disciplina teológica, se preocupa em definir qual deve ser a conduta do cristão quanto à questões da vida, familiares, eclesiais e sociais.

LIÇÃO 4: ALEGRIA, FRUTO DO ESPÍRITO; INVEJA, HÁBITO DA VELHA NATUREZA.

Nesta lição, o autor destaca que a alegria, como fruto do Espírito, não está condicionada às circunstâncias da vida. Em João 16.20-24 lemos sobre uma alegria que é dada pelo Senhor, alegria que suplantaria uma tristeza a ser enfrentada pelos discípulos. O autor é categórico ao afirmar que "o crente em Jesus Cristo não perde a paz nem a alegria, pois o seu regozijo vem da comunhão com o Pai. Essa comunhão é estabelecida mediante a oração, a leitura da Palavra e o jejum" (p. 29).

A inveja, obra da carne, é definida como "dor intensa (interior), diante do sucesso do próximo" (p. 29). É fruto da velha natureza, não regenerada pelo Espírito Santo. Vale destacar, contudo, que a definição de inveja pode ser mais ampla do que o apresentado pela lição. O invejoso é alguém que vê no invejado qualidades que ele mesmo não possui; o invejado reflete uma competência que o invejoso não possui. A inveja pode ser de uma pessoa ou do que ela possui. E se pode falar também de inveja positiva, por mais estranho que isso possa parecer!8 É claro que estamos considerando aqui as contribuições de ciências como a Psicologia para discutir sobre o tema, pois a definição para inveja apresentada pela lição ficou bem circunscrita.

LIÇÃO 5: PAZ DE DEUS: ANTÍDOTO CONTRA AS INIMIZADES

Assim como ocorre com a alegria, a paz também não pode ser sentida pelo homem guiado pela sua velha natureza e "essa paz não depende de situações e circunstâncias" (p. 35). A palavra "paz" é definida como um estado de quietude e tranquilidade interior; no grego é eirene e "refere-se à unidade e harmonia" (p. 35). Ao final deste resumo do trimestre há um breve comentário sobre a Síndrome do Pânico, no Apêndice 1. Essa paz com Deus é possível mediante a nossa justificação pela fé em Cristo. Uma vez cheios dessa paz, somos

8 Para mais sobre o tema, leia: SOUZA, Felipe de. Por que sentimos inveja? Uma explicação da

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também promotores dela a outros. "A paz concedida pelo Espírito não é somente para o nosso bem-estar, mas também para o bem do próximo" (p. 36).

A inimizade (no grego echthra) pode ser em três sentidos: contra Deus, entre as pessoas e entre grupos (p. 37). A soberba é apresentada na lição como o fator gerador da inimizade e é realçado, com muita pertinência, que "na Igreja de Cristo, todos são servos, independente de seus dons e talentos" (p. 37).

LIÇÃO 6: PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES

Esta lição é de grande relevância para nossos dias, pois a falta de paciência tem levado muitos até mesmo ao desespero e à atitudes drásticas. A paciência, enquanto fruto do Espírito, é entendida como um antídoto contra a ansiedade, um mal de nosso século. Ser paciente significa ser capaz de suportar as aflições da vida e ser longânimo com os outros em suas fraquezas e falhas. Deus, o nosso Criador, é apresentado nas Escrituras como sendo "compassivo e misericordioso, paciente" (Êx 34.6).

A dissensão é obra da carne e traz grandes prejuízos ao Reino de Deus, dispersando ovelhas e destruindo ministérios. Os cristãos devem deixar de lado toda dissensão e caminhar em unidade (p. 44). Conquanto os conflitos façam parte da convivência entre as pessoas, elas podem ser superadas por meio do perdão. A mansidão, a tolerância, o amor são virtudes essenciais para que se estabeleça a comunhão entre os irmãos. "Ser paciente e manso não é um sinal de fraqueza como alguns erroneamente acreditam, mas paciência e mansidão são exemplos de força e maturidade" (p. 44).

LIÇÃO 7: BENIGNIDADE: UM ESCUDO PROTETOR CONTRA PORFIAS

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LIÇÃO 8: A BONDADE QUE CONFERE VIDA

A bondade também é uma das virtudes do fruto do Espírito e Deus é a fonte de toda bondade. Na Teologia Sistemática, a bondade é apresentada também como um dos atributos divinos. Aparece na categoria de atributos divinos comunicáveis, isto é, são aqueles atributos que podem ser vistos também nos homens. Por isso são chamados "comunicáveis". Deus é bom, o homem também pode ser, ainda que numa escala infinitamente menor em relação ao Criador.

O homicídio é um pecado grave e muito comum em nosso tempo. A vida perdeu o valor para a sociedade pós-moderna. Na Escritura, tanto o homicídio doloso (com intenção), quanto o culposo (sem intenção) são tratados (cf. Dt 19.4-6; 27.24,25) (p. 59). O texto de Êxodo 20.13 ("Não matarás" na ARC9) bem poderia ser traduzido como "não assassinarás", já que indica aquela ação maligna perpetrada contra a vida humana. Sobre o homicídio, Champlin faz o seguinte comentário:

Ora, a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como o veículo de que ele precisa para cumprir o desígnio divino em sua vida. Portanto, o homicídio insulta Deus, e não somente o homem, porquanto interfere no propósito de Deus que se está cumprindo nos homens [...] O trecho de Mateus 5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o ódio, a inveja, a má vontade e o assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos maliciosos, que se expressam em palavras ou ações, devem ser compreendidos como implicações desse sexto mandamento10.

Neste escopo, podem ser incluídas outras formas de interrupção da vida como o aborto e a eutanásia11. Mais uma vez, e como sempre, Jesus é nosso Modelo maior e incomparável quanto às virtudes do fruto do Espírito.

9 Almeida Revista e Corrigida.

10 CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado: versículo por versículo: Gênesis,

Êxodo, Levítico, Números. vol. 1. 2ª ed. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 393.

11 Dada a seriedade desse assunto, não se pretende aqui fazer uma abordagem reducionista e mesmo

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LIÇÃO 9: FIDELIDADE, FIRMES NA FÉ

A palavra fidelidade indica "zelo, respeito por alguém ou algo, lealdade" (p. 64). No grego pistis pode indicar tanto "confiança" quanto "fidelidade", "embora a fé seja o principal aspecto destacado aqui"12. A fidelidade é também um atributo divino; está na categoria dos atributos morais de Deus. A fidelidade aparece como fazendo parte da natureza do próprio Deus, como podemos ler em 2 Timóteo 2.13: "se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo".

LIÇÃO 10: MANSIDÃO: TORNA O CRENTE APTO PARA EVITAR PELEJAS

A palavra "mansidão" no grego significa "placidez", "modéstia", "gentileza", "cortesia"13. Mansidão não é o mesmo que covardia, aliás, implica coragem. Esta virtude é destacada por Jesus em Mateus 5.11, onde aparece associada à uma promessa àqueles que são mansos: "... porque eles herdarão a terra" (ARC). A mansidão pressupõe assim dependência de Deus, confiança Nele. Esse tipo de postura só pode ser produzido com o auxílio do Espírito Santo.

LIÇÃO 11: VIVENDO DE FORMA MODERADA

"Temperança" é a palavra-chave desta lição. Indica autocontrole. É o domínio das inclinações carnais, com as quais precisamos lidar diariamente. Se não tivermos cuidado, tornamo-nos carnais. Vivemos numa sociedade em que tudo parece concorrer contra os princípios e valores bíblicos, exarados pela Ética Cristã. A Bíblia valoriza muito a temperança e ela encontra termos com sentidos parecidos como "sóbrio", em 1 Timóteo 3.2. Champlin comenta que

parece que Paulo se utiliza dessa palavra (mansidão), neste contexto (Gl 5), dando a entender aquele autocontrole que obtém o domínio sobre os vícios alistados nos versículos 19 a 21 deste capítulo. Para que seja vitorioso e obtenha a coroa, na luta contra o mal, o crente precisa de uma completa autodisciplina e de total autocontrole. Mas isso só pode ocorrer com a ajuda do Espírito Santo.

12 CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. vol. 4: 1

Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 511.

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Maior é aquele que se domina do que aquele que conquista uma cidade, no dizer de Provérbios 16.3214.

LIÇÃO 12: QUEM AMA CUMPRE PLENAMENTE A LEI DIVINA

A palavra chave desta lição é "amor". O autor propõe o seguinte esquema quanto as nove virtudes que constituem o fruto do Espírito:

1. Atributos que tratam do nosso relacionamento com Deus: amor, paz e alegria. 2. Atributos que tratam do nosso relacionamento com nós mesmos: fidelidade,

mansidão e domíniopróprio.

3. Atributos que tratam do nosso relacionamento com o próximo: longanimidade,

benignidade e bondade.

De maneira incisiva, o autor comenta: "A maior marca de uma igreja não é sua teologia, seu templo, tradições, mas sim o seu amor para com o Senhor Jesus e para com o próximo" (p. 85).

A lição fala do amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. Na questão do amor a si próprio, é preciso cuidado com os extremos. De um lado, há o risco do narcisismo, que é aquele apego exagerado à própria imagem e personalidade. Do outro, há o risco da autocomiseração e da falta de valorização do "eu", da subjetividade humana. Com efeito, precisamos buscar uma linha de equilíbrio entre estes dois pólos. A descoberta de si mesmo ajuda muito nessa equilibração15.

LIÇÃO 13: UMA VIDA DE FRUTIFICAÇÃO

No encerramento do trimestre, é abordada a necessidade do cristão frutificar, produzir em si o fruto do Espírito. Assim como acontece com a videira, que precisa de cuidados, a vida espiritual, para produzir, também precisa de cuidados.

O amor é o fruto excelente. A lição observa que é justamente esta virtude que nos identifica como discípulos de Jesus e vale destacar ainda as palavras do próprio Cristo aqui: "Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros" (Jo 13.35). Vale lembrar que o amor aqui é mais que um sentimento, é ação.

14 CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. vol. 4: 1

Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 511.

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Champlin comenta que "com razão essa qualidade do amor aparece logo no começo da lista das virtudes cristãs geradas pelo Espírito de Deus, por ser a fonte originária de todas as demais virtudes"16.

16 CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. vol. 4: 1

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APÊNDICE 1

SÍNDROME DO PÂNICO E O PERDÃO.

Roney Cozzer

Site Teologia & Discernimento

Um dos leitores do site do Aplicativo Bíblico IDE17 fez contato pedindo ajuda: "Tenho síndrome do pânico e gostaria de ter mais fé e conseguir o perdão das pessoas que magoei". Um pedido interessante, tendo em vista que a pessoa que o fez pareceu associar a síndrome do pânico com a questão da falta de fé e com o desejo de ser perdoado pelas pessoas que feriu. Este texto é uma tentativa de ajudar essa pessoa e a todos os demais leitores que de alguma forma lidam com problemas semelhantes.

Nosso tempo é marcado por muitos males e doenças psicológicas. Esse é um fato notável hoje e o número de doenças psicológicas catalogadas pelo CID 1018 surpreende (cf. o Cap. V19). Com efeito, é notável o crescimento dessa categoria de doença não só entre adultos, mas entre crianças também. Houve um aumento de 35 vezes no número de crianças incapacitadas em função de transtornos mentais20. Dentre essa diversidade de doenças mentais está a Síndrome ou Transtorno do Pânico. No CID 10 aparece como "Transtorno de Pânico (ansiedade paroxística episódica)", no subitem F41.0 e é definido da seguinte maneira:

A característica essencial deste transtorno são os ataques recorrentes de uma ansiedade grave (ataques de pânico), que não ocorrem exclusivamente numa situação ou em circunstâncias determinadas mas de fato são imprevisíveis. Como

17 O artigo está disponível em: <http://idestudos.com.br/2016/12/26/sindrome-do-panico-e-o-perdao/>

Acesso em 26 dez. 2016.

18 O CID 10 é uma espécie de catálogo internacional que alista e define doenças e outros problemas que

estejam relacionados com a saúde. A sigla CID em português é o correspondente do inglês International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD (Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde).

19 Disponível em:

<http://cid10.bancodesaude.com.br/cid-10/capitulo-v-transtornos-mentais-e-comportamentais> Acesso em 26 dez. 2016.

20 A epidemia de doença mental. Por que cresce assombrosamente o número de pessoas com

transtornos mentais e de pacientes tratados com antidepressivos e outros medicamentos psicoativos.

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em outros transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência brutal de palpitação e dores torácicas, sensações de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrrealização). Existe, além disso, freqüentemente um medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco. Não se deve fazer um diagnóstico principal de transtorno de pânico quando o sujeito apresenta um transtorno depressivo no momento da ocorrência de um ataque de pânico, uma vez que os ataques de pânico são provavelmente secundários à depressão neste caso21.

Não se sabe ainda com exatidão o que causa a síndrome do pânico, todavia, identificam-se causas possíveis, como violência sexual, tendência genética, abuso infantil, estresse, dentre outros. Nosso tempo, a pós-modernidade, é de fato um tempo opressor sobre as pessoas. O ser humano já nasce sob muitas pressões, pressões que se intensificam no decurso da vida. Essas pressões são sentidas na vida profissional, na vivência religiosa, na vivência comunitária e familiar, nas tensões criadas por uma sociedade extremamente consumista, dentre outros fatores. A sociedade está doente emocionalmente e consequentemente, adoece emocionalmente as pessoas nela inseridas. E esse fato deve ser considerado quando o assunto é algum tipo de enfermidade psicológica.

O transtorno do pânico tem como característica tirar a pessoa da realidade e lhe causar grande aflição, angústia, uma sensação muito real de que de fato vai morrer. Esse, é claro, é um dos terríveis sintomas dessa síndrome. O processo para a cura começa com a busca de ajuda de um profissional habilitado para esse tipo de problema. Há profissionais que defendem o tratamento à parte de medicamentos, enquanto outros insistem em que há necessidade do uso de remédios. Mas é preciso que se diga que cada caso precisa ser avaliado de maneira individual, específica. Se a procura por um profissional habilitado não ocorre, o problema com a síndrome pode piorar cada vez mais. Vale destacar aqui que acontece da pessoa, na ocasião em que é acometida pelas crises, procurar por um Pronto Atendimento, mas nem sempre haverá ali um médico especializado para esse tipo de problema. Daí a importância de buscar, o quanto antes, ajuda especializada. Há várias formas de se tratar essa síndrome. Uma delas é pela psicoterapia comportamental, que conduz o paciente ao enfrentamento das fobias que desencadeiam a síndrome. Ocorre, na medida em que esse enfrentamento vai acontecendo, uma espécie de desensibilização e o

21 Disponível em:

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paciente vai aprendendo assim a lidar com esse mal. Mas essa é uma forma possível. Como dito, há outras maneiras22 e a viabilidade de cada uma precisa ser analisada à luz da condição da pessoa que sofre com a síndrome do pânico.

Intencionalmente ou não, ciente ou não, o leitor do site do IDE fez uma associação que faz muito sentido: perdão e síndrome do pânico. O que ocorre é que sentimentos como raiva, cólera, mágoa, ressentimentos, ira, excesso de auto-crítica e auto-culpa, dentre outros, contribuem diretamente para o surgimento de enfermidades psicossomáticas e para o adoecimento emocional das pessoas. A psicóloga Edna Paciência Vietta é categórica:

Já dissemos anteriormente o quanto a religião pode melhorar a saúde promovendo práticas saudáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento psíquico. Portanto, a religião pode ser um fator psicossocial e biológico benéfico na recuperação de doenças físicas e mentais [...].

Estudos mostram que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros, “acalmam”, liberando hormônios como acetil colina, endorfina, serotonina, etc., produzindo relaxamento muscular, serenidade, resguardando o corpo físico, melhorando a digestão e absorção de nutrientes, facilitando o sono, aliviando dores físicas, corrigindo a hipertensão arterial, diminuindo a ansiedade, depressão, etc23.

Como se pode ver, a própria ciência reconhece - a seu modo - a importância de práticas essencialmente cristãs. O perdão é fator condicional para que sejamos perdoados por Deus (cf. Mateus 6.12; 18.35). Além de trazer alegria, paz e conforto ao nosso coração, é uma disciplina espiritual fundamental para a vida com Deus. No decurso da vida, é mesmo inevitável que não tenhamos algum tipo de conflito com pessoas que fazem parte do nosso cotidiano, do nosso círculo mais íntimo de relacionamentos como amigos e familiares. Por vezes ferimos e somos feridos. E se o perdão não é estendido e não é obtido, o quanto antes, a ferida vai aumentando e consequências piores podem advir de um mal estar não

22 Como a EMTr (Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva), técnica utilizada pelos psiquiatras pela

primeira vez em 1997. Cf. Tratamento para síndrome do pânico. Disponível em: <http://www.sindromedopanico.com.br/tratamento-para-sindrome-do-panico/> Acesso em 26 dez. 2016.

23 VIETTA, Edna Paciência. Coping religioso e saúde física e mental. Disponível em:

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mesmos somos, é projetar nelas aquilo que nós mesmos queremos que elas sejam sem respeitar quem elas de fato são! Assim, para perdoar e ser perdoado, se abra ao fato de que você mesmo é defeituoso e precisa ser suportado pelas pessoas. Reconheça quando erra e vá até o ofendido, humilde, mas corajosamente, e peça o seu perdão. Você pode ter o "sim" ou o "não", mas só saberá se assim o fizer, se assumir esse risco. Se receber o não, saiba: sua atitude demonstra que você abriu uma porta para um relacionamento rompido e certamente indica que você está crescendo em maturidade. E claro, esforce-se continuamente para que o pedido de perdão seja o esforço para corrigir tropeços do caminho, e não atitudes sistêmicas que não se corrigem nunca.

Deus o abençoe neste esforço!

Roney Cozzer,

Apenas um escritor que não deu certo...

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APÊNDICE 2

PSICANÁLISE E TEOLOGIA

Esse é um assunto que gera resistência por parte de algumas alas mais conservadoras da Igreja. Para essas, a relação Psicanálise e Teologia é mesmo indevida. Particularmente, defendo o diálogo entre os saberes humanos. É possível colher contribuições de ambas as disciplinas sem necessariamente descaracterizá-las. Produzir esse diálogo não significa, via de regra, comprometer a supremacia, perspicuidade e pureza das Escrituras. Os influxos humanistas, racionalistas e ateus que a Psicanálise recebe não devem ser usados como motivo para que esse diálogo seja evitado, afinal, a própria Teologia, especialmente à partir do Iluminismo, não se apresenta como um bloco monolítico e também recebe esses influxos contrários às Escrituras. Isso pode ser percebido mais fortemente no pensamento liberal protestante que acolhe, notadamente, conceitos relativistas, pluralistas, humanistas e racionalistas. Assim, percebe-se que é possível encontrar pontos de contato e interesses em comum entre as duas ciências. Exemplo: o constante interesse de ambas as áreas pela ontologia. Quem é o homem? Essa é uma pergunta sobre a qual as duas áreas se debruçam. E em ambas, Psicanálise e Teologia, esse desvelamento de si mesmo é uma experiência extremamente desagradável. De fato, a descoberta que fazemos de nós mesmos, sobre quem somos e do que somos capazes, seja pela Hamartiologia Bíblica, seja no setting psicanalítico, nos leva à lona. Essa descoberta do "eu não visto pelo eu" é, por vezes, amarga. Mais uma vez, embora usando instrumentais bem distintos, Psicanálise e Teologia vão convergir em um ideal comum: propor "respostas" que reorientem o ser na condução de quem ele é, afinal, esse "quem" é um constante devir.

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REFERÊNCIAS

A epidemia de doença mental. Por que cresce assombrosamente o número de pessoas com transtornos mentais e de pacientes tratados com antidepressivos e outros medicamentos psicoativos. Disponível em: <http://www.psiconlinews.com/2014/10/a-epidemia-de-doenca-mental-por-que.html> Acesso em 26 dez. 2016.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad.: Alfredo Bossi. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

CARSON, D. A. et al. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009. CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado: versículo por versículo: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números. vol. 1. 2ª ed. São Paulo: Hagnos, 2001.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. vol. 4: 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios. São Paulo: Hagnos, 2002.

CID 10. Disponível em: <http://cid10.bancodesaude.com.br/cid-10-f/f410/transtorno-de-panico-ansiedade-paroxistica-episodica> Acesso em 26 dez. 2016.

Tratamento para síndrome do pânico. Disponível em:

<http://www.sindromedopanico.com.br/tratamento-para-sindrome-do-panico/> Acesso em 26 dez. 2016.

COZZER, Roney Ricardo. Síndrome do pânico e perdão. Disponível em: <http://idestudos.com.br/2016/12/26/sindrome-do-panico-e-o-perdao/> Acesso em 26 dez. 2016.

GOMES, Osiel. As obras da carne e o fruto do Espírito: como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Revista Lições Bíblicas Professor. 1º trim. 2016. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

PFEIFFER, Charles F. HOWARD, Vos F. REA, John. (ed.s.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 2 ed. Trad.: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

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SOUZA, Felipe de. Por que sentimos inveja? Uma explicação da psicologia. Disponível em: <http://www.psicologiamsn.com/2014/07/por-que-sentimos-inveja-uma-explicacao-da-psicologia.html> Acesso em 27 dez. 2016.

Referências

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