C ô r t e s
INSTALAÇÕESAs instalações das Côrtes Espanholas são belas e confortáveis, podendo-se considerar, m esmo, luxuosas. M as nada apresentam de original.
As Côrtes funcionam n o ‘'Palácio das Côrtes Espanholas” , ed ifício de dois pavim entos, de construção antiga, contando grande núm ero de salas.
O Plenário é de form a semicircular, em anfiteatro de inclinação m o d erada. A M esa da Presidência fica à altura das bancadas mais altas. D e cada lado dela existem lugares pera os m em bros d o G o v e rn o . Os jornalistas não têm entrada no recin to. F icam numa parte das galerias. Estas constam de uma só fileira, na qual se separam pcrtes para m em bros do C orpo D ip lo m ático e altas autoridades. O acesso às galerias não é fá cil.
Os taquígrafos trabalham em mesa grande, situada no m eio do recinto A tribuna é pequena e fica na parte correspondente ao m eio da mesa presi dencial .
Existem lugares para tod cs os Procuradores (q u e presentem ente são 5 1 0 ).. C eda Procurador tem o seu lugar m a rcad o. Os assentos são bancos d o com prim ento da fila da bancada correspondente, forrados de v e lu d o .
O sistema de am pliação de v o z consta de 3 m icrofones coloca d os na m esa. N a tribuna vêem -se três. Nas bancadas não existem m icrofones nem alto-falantes. A parte destinada aos jornalistas os tem .
As instalações da Presidência constam d e : sala de espera, sala de tra balhos, sala dos auxiliares.
Os quatro Secretários trabalham numa só sala, de instalação m odesta. Os Procuradores só dispõem de uma sala privativa. Os V ice-Presidentes d ó têm um G abin ete. H á um salão de conferências, um G abinete de trabalho para os M inistros, com a sala de espera correspondente.
A B iblioteca ocupa um só salão, de cêrca de 15 m etros de com prim ento por 5 de largura, ten do uma mesa grande ao centro (c o m lugares para 12 pessoas) e mais 4 mesas pequenas. As estantes são dispostes ju n to às paredes em tôda a altura destas.
As Com issões dispõem de 3 a 6 salas, de instalação m o d e sta . Nas mesmas instalações funcionam várias Com issões (u m grupo: Com issões de Agricultura, E ducação, G ovêrn o e T rabalh o; outro, Indústria e C om ércio e Justiça) .
As instalações sanitárias são escassas e m odestas.
H á um bar, tam bém m odestam ente instalado. N ão há restaurante, bar beiro, nem salas tíe ban h o.
A Taquigrafia ocupa três salas. Êsse serviço está d ividido em apanha- tnen^o, revisão e red a çã o.
N um corredor vê-se um a bela galeria de retratos de antigos Presidentes das C ôrtes.
Os serviços auxiliares nada oferecem de peculiar, quanto às instalações. As salas de trabalho são pequenas, ocupadas por lim itado núm ero de fun cionários .
FUNCIONAMENTO
As disposições regimentais que disciplinam os trabalhos das Côrtes Espanholas estao contidas no “ R eglam ento Provisional de las Côrtes Es- panolas” , bahiado p elo Chefe de E stado em 5 de janeiro de 1946 e altere do pelas Côrtes em virtude de resolução aprovada na sessão plenária de 15 d e julho de 1946.
DOS M EM ER OS DAS CÔRTES
Os Procuradores têm o dever de assistir às sessões d o Plenário e das Com issões para que forem co n v o ca d o s. A falta de com perecim ento, não iustiíicada, a 5 sessões de Plenário, ou a 10 das Comissões, im porta renúncia a o m andato.
P od em emitir livrem ente suas opiniões, sujeitando-se à autoridade do Presidente das Côrtes, à da Com issão respectiva e às normas d o R egim ento.
P od em dirigir solicitações e pedir inform ações aos M inistros sôbre matérias da com petência d ê ste s. Êsses pedidos e solicitações, que devem ser justificados, são pela Presidência transmitidos ao M inistro com petente, o qual p ode respondê-los por m eio de ofício à Presidência, ou oralmente, por si ou por delegado, em Plenário ou nas Comissões, d even d o a substituição em Plenário ser por Procure d o r. T e m o G ovêrn o o direito de negar resposta a tais pedidos ou im pedir a sua publicação, quando o exijam os interêsses do E stad o. P od e estabelecer prazo para a resposta.
Os pedidos de autorização para processar m em bros das Côrtes são resolvidos p elo Presidente destas no prazo de dez dies, ouvida a Com issão Perm anente adiante descrita.
Os Procuradores percebem a gratificação, a que não podem renunciar e ou e não p ode sei retida, de mil pesetas m ensais. Os que residam fora de M adri têm direito a mais cinqüenta pesetas por sessão a que forem co n v o cados e com parecerem , d o Plenário ou das C om issões. T ê m trânsito grátis nas estradas de ferro d o G o v ê rn o . Os das ilhas Baleares, de M elila e Ceuta têm transporte grátis nas vias de com un icação marítima com a península. Os das Canárias podem transportar-se por via aérea, por conta das verbas das C ôrtes.
DA M ESA
A M esa das Côrtes consta d e :
1 Presidente;
2 Vice-Presidentes;
O Presidente presta juram ento perante o Chefe de E stad o.
A lém das atribuições com uns aos Presidentes das casas legislativas, tem as d e :
presidir, quando o desejar, as reuniões das Comissões;
reduzir ou aumentar os prazos estipulados no R egim ento quando, a seu ver, a im portância ou a extensão d o projeto ou proposição o exija;
suspender, de acôrd o com o G overno, as sessões e trabalhos das Côrtes; criar Com issões Especiais;
designar os m em bros para as Comissões em geral, exceto a Com issão Perm anente e a Com issão E special.
A substituição do Presidente, em seus im pedim entos, cabe exclusiva mente aos V ice-P resid en tes.
Os Secretários não têm atribuições definidas expressamente para cada u m . Cabem-lhes, de m odo geral funções idênticas à dos secretários das casas d o Congresso do B rasil.
DAS COMISSÕES
As Com issões existentes são em núm ero de 16, a saber:
l.a) Com issão Perm anente;
2 a ) Com issão Especial (para deliberar sôbre se qualquer assunto
subm etido às C ôrtes e não revestido da form a de p rojeto ou proposição de lei, deva ter êsse tratam en to);
3.a) C om issão das Leis Fundamentais;
4.a) Com issão dos Tratados;
5.a) Com issão d o G ovêrn o; 6 a) Com issão da Justiça;
7 a ) Com issão da D efesa N acional;
8 a) Com issão da Fazenda;
9 a) C om issão d o Orçam ento;
10.a ) Com issão da E du cação N acional; 11.a ) C om issão da Indústria e C om ércio; 1 2 a) C om issão de Obras Públicas; 1 3 a) Com issão de Agricultura; 1 4 a) Com issão do T rabalho;
1 5 a ) Com issão da Adm inistração Interna; 1 6 a) Com issão de R egim ento (d o e stilo).
O Presidente pode, de acôrd o com o G ovêrno, criar as Com issões Es peciais que julgar necessárias.
As C om issões só deliberam com a presença de maioria absoluta de seus m e m b ro s .
A Com issão Perm anente é constituída: de 2 m em bros d o G ovêrn o;
d e 2 m em bros da Junta Política; de 2 m em bros d o C onselho N acional; de 2 Procuradores de Sindicatos; d e 1 Procurador das C ooperativas;
d e 1 de livre nom eação;
d o Presidente d o Tribunal Suprem o de J.ustiça; d o Presidente d o Conselho de E stado;
de 1 Secretário das C ôrtes.
A Com issão Especial com põe-se dos seguintes m em bros: d o Presidente das Côrtes;
de um M inistro designado p elo G overn o; de um M em b ro da Junta Política;
de um P rocurador das Côrtes com título de bacharel; d o Presidente d o Conselho de E stado;
d o Presidente d o T ribu n al Suprem o de Justiça. A C om issão de Adm inistração Interna com põe-se: d o Presidente;
dos V ice-Presidentes; e dos Secretários;
A Com issão de R egim en to é com posta de:
cin co Procuradores, inclusive o 1.° Secretário que lhe exerce a Presi- dêncie.
As dem ais Com issões não têm núm ero fixo de m em b ros. Cabe ao Presidente designar para elas os Procuradores que entender necessários.
São atribuições da C om issão Perm anente:
a ) pronunciar-se prèviam ente sôbre se devem ser tom adas em consi deração as propostas de lei oferecidas nas próprias Côrtes;
b ) opinar, após audiência d o acusado, sôbre a concessão ou d en eg a çã » de autorização para o processam ento dos Procuradores;
c ) auxiliar o Presidente dss Côrtes no despacho dos assuntos de urgência durante os períodos de férias;
d ) pronunciar-se, m ediante consulta d o Presidente das Côrtes, sôbre a
conveniência de n ovo parecer de qualquer C om issão sôbre matéria já por ela estu da da .
Os m em bros da C om issão Perm anente podem tom ar parte, com direito de voto, nas reuniões das dem ais C om issões.
Cada C om issão tem um Presidente nom eado p elo Presidente das Côrtes e um Secretário designado p elo seu Presidente.
N enhum a C om issão poderá deliberar sôbre assunto de outra, a não ser por solicitação desta, para aprecie r questão conexa, m ediante prévia autori zação d o Presidente das C ôrtes.
As Côrtes são tam bém consultadas sôbre assuntos não corp orificados em projetos de le i.
Se, no seu estudo nas Côrtes, vierem êsses assuntos a ser o b je to d e lei, os projetos dêles resultantes têm, igualmente, tratam ento d e projetos d o G o v ê r n o .
P od em tom ar parte nes reuniões das Com issões, com direito de palavra, mas não de v o to :
os Subsecretários de Estado;
os Subsecretários da Falange Espanhola Tradicionalista e da J.O.N.S.; os Diretores Gerais e D elegados N acionais.
As Comissões, por interm édio d o Presidente das Côrtes, p odem solicitar dos Departam entos M inisteriais a assistência de um D elegado do M inistro, para auxiliá-las nos seus trabalhos.
Os relatores das Com issões são escolhidos pelos respectivos Presidentes. Cabem -lhes as mesmas funções a.-ribuídas aos relatores nas casas legislativas em gerei.
DOS PROJETO S E PROPOSIÇÕES DE LEI
Nas Côrtes Espanholas, com o em outros Parlam entos, distinguem-se os p rojetos de lei das proposições de lei. Os primeiros são os oferecidos pelo G o v ê rn o . Os últim os pelos Procuradores.
R e ce b id o d o G ovêrn o um p rojeto de lei, êle é imediatam ente publicado no “B oletim Oficial de las Côrtes” e encam inhado à Com issão com petente. É designado o relator que dêle deverá ocupar-se. Abre-se então o prjazo de quinze dias para a apresentação, pelos Procuradores, de em endas. T erm inado èsse prazo, o R elator em ite seu parecer sôbre a matéria dentro de oito dias. O parecer, com as emendas, é entregue ao Presidente da Comissão, que o encaminha ao Presidente das C ôrtes. Êste, de acôrd o com o G ovêrno, marca a data em que a m atéria figurará na O rdem do D ia da C om issão. T rês dias antes da reunião plenária da Comissão, o perecer d o relator fica à disposição dos Procuradores signatários das emendas, na Secretaria das C ôrtes. Aberta a reunião plenária da Comissão, o Secretário procede à leitura d o parecer e das emendas rejeitadas. Em seguida é dada a palavra aos signatários dessas emendas, por 30 minutos, para sustentá-las, no caso de se referirem à totali dade d o projeto, e por 30 se disserem respeito aos artigos. O 1.° signatário p ode transferir a qualquer dos demais signatários o direito de fazer uso da palavra nessa op ortu n idade. Se o m esm o Procurador tiver de sustentar várias emendas, deverá fazê-lo em conjunto, no prazo m áxim o de trinta minutos, salvo deliberação em contrário do Presidente da C om issão. Term inada a defesa das emendas, o debate prossegue, mas som ente entre os m em bros da C om issão. E ncerrado o debate, são tom ados os v o to s . D en tro de cin co dias deve ser redigido o parecer definitivo da Comissão, o qual é encam inhado ao Presidente das C ôrtes. Os m em bros da Com issão que tiverem discordado da orientação vencedora poderão oferecer por escrito os seus v o to s .
Se o Presidente das Côrtes achar que a matéria não está suficientem ente estudada e com isso con cordar a Comissão Perm anente, p ode devolvê-la à Comissão, para n ovo estu do.
Quando, em virtude de m odificações aprovadas pela Comissão, haja alteração substancial no projeto, êste passa a ser considerado daí por diante proposição de lei, ob ed ecen d o ao rito destas.
O G ovêrn o poderá retirar os projetos de lei, em qualquer fase, até o m om en to de serem subm etidos ao Plenário das C ôrtes.
As proposições de lei, de iniciativa dos Procuradores, devem ter no Jí.ín im o 50 assinaturas. Apresentadas à M esa, são encam inhadas à Comissão Perm anente, a fim de decidir sôbre se devem , ou não, ser tom adas em con sideração. Caso sejam tidas co m o m erecedoras dêsse tratamento, são enviadas è. Comissão técnica com peten te. D aí por diante o seu curso se ajusta ao dos projetos de iniciativa d o G ov êrn o.
As em endes devem ser escritas e justificadas e podem referir-se à totalidade d o p rojeto ou aos artigos, as que disserem respeito à totalidade devem ser assinadas por 25 Procuradores; as que atingirem sòm e^ce artigos devem ter dez assinaturas. Sôbre cada artigo só poderá ser apresenteda uma
em enda pelos P rocuradores.
As em endas que não reunirem o núm ero regim ental de assinaturas ou forem apresentadas fora d o prazo podem , entretanto, ser exam inedas pelos relatores. N ão d ão direito, entretanto, aos seus signatários de as defenderem no seio da Comissão, a não ser que o respectivo Presidente, por proposta da sua Com issão, o considere necessário, para m elhor esclarecim ento da m a té ra em a p rê ço .
As que contiverem m odificação essencial no projeto são consideradas em endas à totalidade e devolvidas ao 1.° signatário, para que, no p razo im prorrogável de 48 horas, com plete o núm ero de assine turas necessário a fim de que possam ser tom adas em con sideração.
As proposições de lei e as em endas que acarretem aum ento de gastes ou redução de despesas só podem ter andam ento m ediante prévia autorização d o G o v êrn o.
DAS SESSÕES
As sessões d o Plenário só se reúnem por con v oca çã o do Presidente para votar os projetos estudados pelas Com issões sôbre os assuntos especificados na lei de organização da C ôrtes.
A con v oca çã o é publicada no B oletim Oficial das Côrtes e no d o Estado. O Plenário funcionará com qualquer núm ero.
Publicada a con vocação, ficam à disposição d os Procuradores, na Secre taria, os pareceres de Com issões que hajam de ser subm etidos ao P le n á r io .
T o m a m lugar à M esa o Presidente, dois Secretários de cada lad o e o O ficial M aior (à d ireita) que reúne as funções de D iretor Geral da Secretaria e de Secretário da Presidência.
A berta a sessão, faz-se a leitura da ata da sessão anterior. E m seguida é lido o expediente (com u n icações d o G ovêrn o, e t c ) . Nessa fase o Plenário tem con h ecim en to dos pareceres em itidos sôbre assuntos não com preendidos nas matérias de sua com petên cia e que devam ser o b je to de le i. Êsses pareceres, entretanto, não são vo ta d o s. Passa-se em seguida aos pareceres sôbre os projetos, constantes da O rdem d o Dia, sôbre os quais o Plenário deva d eliberar. Se os pareceres já tiverem sido publicados no B oletim O ficial das Côrtes e forem m uito extensos, o Presidente p ode dispensar a sua leitura. Se houver votos em separado, o Presidente p ode autorizar a sua lei
tura, a qual poderá ser feita pelo prim eito signatário do v o t o . D epois, a Com issão deverá, por seu Presidente ou m em bro que designar, dar conta à Casa dos fundam entos do seu parecei e das emendas por ela não aprovadas. Passa-se depois à votação, que geralmente se faz p elo processo de se conser- vsrem sentados os que aprovam o parecer e levantarem -se os que o rejeitam . Se requerida a votação nom inal faz-se a chamada, na ordem em que estiverem sentados. A o ser cham ado o Procurador responderá “sim ” ou “n ão” . Um dos Secretários anuncia o resultado da votação e o Presidente proclam a a d e cis ã o .
T o d o s os Procuradores são obrigados a vota r. N enhum poderá sair d o eciato até que esteja feita a apuração dos v o to s.
As sessões d o Plenário não são públicas, salvo deliberação em contrário d o Presidente das Côrtes, de acôrdo com o G ov ern o.