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Encontro com a Fé. O amor de Deus nosso Pai, a graça de Jesus Cristo nosso Salvador, e a comunhão do Espírito Santo estejam com cada um de nós.

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Encontro com a Fé

Programa - 16/02/2016 Primeiro Bloco

Abertura

O amor de Deus nosso Pai, a graça de Jesus Cristo nosso Salvador, e a comunhão do Espírito Santo estejam com cada um de nós.

Quem conhece a Jesus Cristo não tem espaço para a tristeza. No período da quaresma nós experimentamos uma dor e sofrimento por nossas falhas, não pela grande maravilha que Cristo fez por nós.

Desde a semana passada estamos vivendo a quaresma deste ano jubilar, nos encontramos na primeira das semanas deste tempo e hoje queremos tratar sobre este tema.

Mas antes de entrarmos no assunto vamos pedir a Deus a Sua presença, Sua benção e Seu Espírito. Apresentemos então nossos pedidos para o encontro de hoje. Pare um segundo o que você estiver fazendo e ore comigo.

Momento de Oração

Senhor Deus eterno e todo poderoso. Enviai sobre nós a Luz que não se apaga, para que possamos trilhar nossa jornada sob a claridade de Vossa Vontade e produzir dignos resultados em nosso encontro: Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Envia-nos assim o Vosso Santo Espírito para podermos assimilar todas estas coisas. Envia-O também sobre cada intenção, abençoando nossos pedidos com teu amor.

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai Senhor o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo este mesmo Espírito e gozemos sempre de Sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém

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E vós, Virgem Maria Mãe de Deus, cuja dor de ver o filho na Cruz é para nós algo incalculável, rogamos que nunca deixais de pedir por nós a Ele: Ave-Maria, cheia de graça. O Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, e bendita é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Abordando Tema

Muito bem, seja bem-vindo para esta tarde comigo, e obrigado por me acolher por uma hora em tua vida. O que é a quaresma para você meu irmão? Durante o programa da semana passada, nós tratamos da quarta-feira de cinzas, que é porta da quaresma, o seu primeiro dia. Inevitavelmente nós falamos um pouco, também, do carnaval.

A quarta-feira de cinzas, foi a oportunidade que você teve de expressar e de experimentar um primeiro ato de arrependimento e de conversão. Sentimentos que devem acompanhar todo o resto da quaresma: o arrependimento e a conversão.

Um homem que diante de um erro cometido contra outra pessoa, consegue perceber o mal que causou à vida do outro, e envergonha-se de ter chego a esta situação, é alguém que experimenta o arrependimento.

O arrependimento é um sentimento dolorido, como de quem perde, por causa de uma escolha que depois se revela errada. É como perder a graça de si mesmo.

Um sentimento que o faz olhar para a realidade de quem é a partir de uma ação realizada, e desejar do mais fundo do seu coração não ter feito aquilo. A quarta-feira de cinzas, foi a oportunidade de nós avaliarmos o que éramos até aquele momento, e nos deixarmos envergonhar pelas escolhas que tomamos ao longo das nossas vidas. E deixo a pergunta para ti, como foi a tua quarta-feira de cinzas desse ano da misericórdia?

Um homem que diante de tamanha vergonha, vendo que não é possível voltar atrás no que fez, mas que é possível mudar algo a partir daquele momento - por causa do arrependimento - é alguém que está experimentando um desejo de conversão.

A conversão de uma forma técnica, é a mudança de direção em um movimento. Por exemplo, quando você dobra à direita em uma rua – de carro,

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ou qualquer meio de locomoção – está fazendo uma conversão. Trazendo isso para nossa vida espiritual, o desejo de conversão é quando nós nos deparamos diante do desejo de mudar o rumo da própria vida.

Quando você para um momento para refletir no que você anda fazendo da sua vida: os vícios que você tem, os erros que você comete, o mal que você faz a você mesmo e a alguma outra pessoa, os deslizes tão pequenos nos quais você não vê o grande problema que pode gerar no futuro, as desobediências aos superiores (pais, patrões, professores ou autoridades), o descumprimento de leis que a sociedade editou para viver melhor e em paz, a flexibilização do que está escrito na Palavra para você se sentir menos culpado em não fazer esta ou aquela vontade de Deus.

E depois de pensar a respeito disso tudo, você resolve que precisa mudar o jeito de ser quem você é. Resolve também que esta vida morna não faz bem a você mesmo. Se ela desagrada a Deus, mas até mesmo a você ela não traz orgulho. E nós queremos sentir orgulho de nós mesmos.

Esse desejo de mudar, que tem origem numa profunda vergonha de si mesmo e de suas fraquezas, é que se faz necessário para dar início a conversão.

A conversão é composta de duas partes: a vontade e a ação. Assim, a reflexão de nossas vidas é tão importante, e estes dias da quaresma servem muito bem para isso. A igreja na sua sabedoria milenar e inspiração divina, soube bem desta necessidade, ela viveu a quaresma junto de seus membros desde muito tempo.

Não é possível que haja ação sem antes ter existido a vontade. E a vontade de mudar, não ocorre antes de uma motivação. No nosso caso, a motivação é a vergonha de se estar naquela condição.

É por isso que o exame de consciência tem um valor tão inestimável para o sacramento da penitência. Você rever sua vida parte por parte, arquivo por arquivo, e separar aquilo que quer excluir da sua vida: é um processo de se examinar.

Mas de nada adiantaria ter vontade, sem a seguida ação, não é? Assim, partimos numa dinâmica diária na quaresma, entre arrepender-se e converter-se, ter vontade e agir. Na verdade, essa dinâmica alcança a vida inteira da pessoa.

Para essa dinâmica, é imprescindível que tiremos um tempo de nossa semana para refletir nossas atitudes desde a última pausa, pensar sobre as

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atitudes que nos envergonham, para sentir a vontade de mudar o que é preciso, e agir neste sentido. Sobre o agir, conversaremos ainda neste programa.

Agora faremos um pequeno intervalo, para poder pensar sobre todas estas coisas e voltamos em seguida. Fique conosco.

Segundo Bloco

Estamos de volta com o programa Encontro com a Fé. Para continuarmos nossa conversa sobre o que a quaresma é para nós cristãos católicos.

No bloco anterior conversamos sobre o aspecto do arrependimento e da conversão, sentimentos que se fazem presentes e devem acompanhar todo o período quaresmal. Nós vimos, por exemplo, como compreender estes dois pontos em nossas atitudes diárias, usando exemplos do cotidiano. Falamos de como chegamos ao arrependimento de uma escolha, após uma avalição mais detalhada desta e de suas consequências. Vimos ainda, que este arrependimento, nascido na vergonha que sentimos pelas escolhas erradas, encontra um segundo sentimento que é o desejo de mudar. Este desejo de mudar é o desejo de se converter, ou seja, de pegar a sua vida construída sobre escolhas ruins e mudá-la para continuar a partir daí, sobre escolhas boas. Mas, o desejo é apenas a metade do caminho. É preciso transformar este desejo em um gesto, é preciso agir.

Este foi o resumo do que falávamos no bloco anterior. A igreja é, provavelmente, a pedagoga mais antiga ainda viva e trabalhando. A quarta de cinzas que vivemos na semana que passou, e tudo o que conversamos sobre ela no último programa, culminam na aula que nossos sentidos viveram naquela missa.

Eu me lembro que dizia a todos vocês no programa anterior, que as cinzas são o sinal visível das intenções invisíveis de nossa fé. O que quer dizer que elas são, no contexto do que estamos vendo hoje, a ação sobre a intenção. O pôr as cinzas sobre nós, em arrependimento pelos pecados, já foi uma atitude de conversão. Uma sequência dos atos de arrepender e desejar mudar.

Bom, como falamos de duas coisas primordiais para nossa real experiência quaresmal, queremos agora tratar um pouco mais a respeito do tempo da quaresma propriamente dito.

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Porque ela está imediatamente antes da Páscoa? Bem, a páscoa – que é a festa da Ressureição de Cristo – é a maior festa do calendário cristão. Toda a ação de Jesus Cristo foi mirando o ápice de sua missão, na Cruz e Ressureição. É preciso muito mais dos cristãos que apenas participarem da solenidade. Uma data assim não é para ser lembrada, mas revivida anualmente. E, precisa de uma preparação concreta.

Além do que, historicamente este tempo que antecede a Páscoa é o tempo de formação daqueles que abraçaram recentemente a fé. Neste tempo os recém convertidos (veja aí mais uma vez o clima de conversão) eram instruídos pelos membros já atuantes na comunidade para o batismo na vigília do Sábado Santo.

Assim, de forma resumida, a quaresma se encaixa antes da Páscoa como uma preparação seja para os novos, seja para os antigos. A fim de que nos convertamos sempre que necessário, buscando o caminho que é certo e que leve a Cristo.

Por que este tempo de preparação e formação é de quarenta dias? Outro ponto curioso. Você se lembra de quantas histórias bíblicas usam quarenta dias, ou quarenta anos? Pois é, são várias: o dilúvio durou quarenta dias; Moises ficou quarenta dias no monte na presença de Deus; o povo demorou quarenta anos para atravessar o deserto; Jesus esteve quarenta dias no deserto em jejum; Jesus sobe aos Céus quarenta dias depois de ressuscitar. Estas são algumas passagens para ajudar em nosso encontro.

Por que sempre este período de tempo? O quarenta era o tempo que durava uma geração, então era o tempo completo de uma vida. Nesta leitura religiosa, o quarenta é o tempo perfeito e também é o tempo de purificação, o tempo necessário para se purificar algo e torná-lo agradável a Deus.

O tempo do dilúvio foi um tempo perfeito e o tempo necessário, para que a criação se purificasse e pudesse começar de novo. O tempo que o povo passa no deserto é o tempo perfeito e necessário para que Ele se purifique e esteja em condições de se voltar plenamente a Deus, reconstruindo o Elo esquecido, e estabelecendo a Aliança da Lei. O período que Jesus passa em jejum no deserto era o tempo completo e necessário para que tudo estivesse pronto para o início do seu ministério, e neste período também o demônio quis tentar Jesus a desistir, era necessário que todas estas coisas acontecessem.

Neste clima de tempo perfeito, completo, pleno, de uma geração inteira, de um ciclo, é que a nossa quaresma assume estes quarenta dias. Para que nos purifiquemos e preparemos completamente para o Cristo. Também é a

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oportunidade de já o imitarmos em seu próprio retiro, porque a missão do cristão (eu e você) começa efetivamente com a ressureição de Jesus, que se revive em toda Páscoa. E nesse clima já podemos ir nos preparando para jornada de testemunho que devemos tomar.

Porque neste tempo a Igreja se reveste de roxo? Usamos o roxo nas liturgias para nos revestirmos da penitência e de uma profunda interiorização em nós mesmos, seja para a avaliação de nosso ser, seja no alimentar uma esperança no acontecimento vindouro da Páscoa e Salvação.

E porque no período da quaresma omitimos o canto do Glória e do Aleluia? Jesus, disse que chegará a hora em que o noivo seria tirado dos apóstolos e então eles jejuariam. Esta afirmação está muito ligada ao recolhimento e a espera. No item anterior, onde falávamos do roxo, vimos que vivemos neste momento um profundo estado de quem espera o grande acontecimento. Como poderíamos estar louvando durante a quaresma, entoando glórias e aleluias, se estamos em luto por nossas faltas e na espera que Cristo ressuscita?

Você consegue ver por este ângulo? Estamos sempre revivendo aqueles dias, inclusive de dor, onde Jesus será morte e tirado do meio dos seus. Se nós estamos neste clima, estamos na espera de que Cristo se revele para nós também de alguma forma, e isso acontecerá na Páscoa dos convertidos. Portanto, é compreensível que não cantemos estes dois momentos dentro da liturgia, justamente para experimentarmos sempre mais o aguardar e o arrepender.

Estes são alguns pontos de nosso período de vida na Igreja. Este em que apresentamos a Deus nossa condição. Agora, neste clima de sentimento de imperfeição diante daquilo que Jesus merece de nós, vamos ficando com o canto da banda Rosa de Saron que trata justamente deste mesmo teme, e voltamos depois para continuar nosso encontro. Boa reflexão!

Terceiro Bloco

Estamos de volta com o programa Encontro com a Fé, conversando hoje sobre a quaresma.

Queremos agora ouvir a mensagem oficial do Santo Padre, por ocasião da quaresma deste Ano Santo, esta mensagem tem três tópicos: o primeiro nos fala de Maria ícone da igreja evangelizadora, o segundo nos fala da misericórdia da aliança de Deus com o homem, e o terceiro das próprias obras de misericórdia.

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Vamos acompanhar os dois primeiros neste momento, o papa nos escreve:

«“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As obras de misericórdia no caminho jubilar»

1. Maria, ícone duma Igreja que evangeliza porque evangelizada

Na Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que «a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiӕ Vultus, 17). Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missioná-rios da Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus.

Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo arcanjo Gabriel, canta profeticamen-te, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José, torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e conti-nua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada – mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (rahamim) e com uma bondade generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.

2. A aliança de Deus com os homens: uma história de misericórdia

O mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança entre Deus e o seu povo Israel. Na realidade, Deus mostra-Se sempre rico de misericórdia, pronto em qualquer cir-cunstância a derramar sobre o seu povo uma ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade. Encontramo-nos aqui pe-rante um verdadeiro e próprio drama de amor, no qual Deus desempenha o papel de pai e marido traído, enquanto Israel desempenha o de filho/filha e esposa infiéis. São precisamente as imagens familiares – como no caso de Oseias (cf. Os 1-2) – que melhor exprimem até que ponto Deus quer ligar-Se ao seu povo.

Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua miseri-córdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Miserimiseri-córdia encarnada (cf. Misericordiӕ Vultus, 8). Na realidade, Jesus de Nazaré enquanto homem é, para todos os efeitos, filho de Israel. E é-o ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus que se exige a cada judeu pelo Shemà, ful-cro ainda hoje da aliança de Deus com Israel: «Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da sua Es-posa, à qual O liga o seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com ela.

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Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar central e fundamental a misericórdia divina. Nele sobressai «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Evangelii gaudium, 36), aquele primeiro anúncio que «sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese» (Ibid., 164). Então a Misericórdia «exprime o com-portamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepen-der, converter e acreditar» (Misericordiӕ Vultus, 21), restabelecendo precisamente assim a rela-ção com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e afastou d'Ele. E faz isto na espe-rança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da sua Esposa.

Aqui podemos ver que se Deus amou o mundo a ponto de restabelecer sua aliança por meio de Seu Filho, tamanha misericórdia é muito mais que suficiente para restabelecer a cada um de nós individualmente. Nosso pecado por ser grave e ter ofendido a Deus, mas seu amor é tão grande que como numa atitude própria dos verdadeiros casais, Ele é capaz de perdoar, virar a página e te permitir começar mais uma vez.

Convido você para que fique conosco, faremos um pequeno intervalo e ao voltarmos continuaremos a leitura da mensagem anual do papa, por ocasião da quaresma. Fique conosco.

Quarto Bloco

Voltamos com o nosso programa encontro com a fé. Estamos chegando ao finalzinho do programa e acompanharemos agora o terceiro trecho da mensagem papal para a quaresma.

3. As obras de misericórdia

A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tor-nando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e ani-mando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visi-tá-lo, conforvisi-tá-lo, educá-lo. Por isso, expressei o desejo de que «o povo cristão reflicta, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina» (Ibid., 15). Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo visível como corpo martirizado, chaga-do, flagelachaga-do, desnutrichaga-do, em fuga... a fim de ser reconhecichaga-do, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofri-mento do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual podemos

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ape-nas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé.

Diante deste amor forte como a morte (cf. Ct 8, 6), fica patente como o pobre mais miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado, que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposi-ção, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não querer ver se-quer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa (cf. Lc 16, 20-21), sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de ins-trumentalizar. E podem actualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um mo-delo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los.

Portanto a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutri-dos, vestinutri-dos, alojanutri-dos, visitanutri-dos, as obras espirituais tocam mais directamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as espiri-tuais nunca devem ser separadas. Com efeito, é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por esta estrada, também os «soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de aperceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucifi-cado, morto e ressuscitado também por eles. Somente neste amor temos a resposta àquela sede de felicidade e amor infinitos que o homem se ilude de poder colmar mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas permanece sempre o perigo de que os soberbos, os ricos e os podero-sos – por causa de um fechamento cada vez mais hermético a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta do seu coração – acabem por se condenar precipitando-se eles mesmos naquele abismo eterno de solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam de novo para eles, como para todos nós, as palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o Profetas; que os oiçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta activa preparar-nos-á da melhor maneira para festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a morte conquistada pelo Esposo já ressuscitado, que deseja purificar a sua prometida Esposa, na expectativa da sua vinda.

Não percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão! Pedimo-lo pela intercessão mater-na da Virgem Maria, a primeira que, diante da grandeza da misericórdia divimater-na que Lhe foi conce-dida gratuitamente, reconheceu a sua pequenez (cf. Lc 1, 48), confessando-Se a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1, 38).

Vaticano, 4 de Outubro de 2015 Festa de S. Francisco de Assis

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Francisco

http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/lent/documents/papa-francesco_20151004_messaggio-quaresima2016.html Esta terceira parte é uma receita de exercícios quaresmais para cada um de nós. O papa nos convida para justamente fazer o que falávamos no começo do programa, que é tomar alguma atitude depois de estar repletos do desejo de mudar.

Você que deseja ler o que foi abordado no programa de hoje, pode acessar nossa página na internet www.encontrocomafe.com.br. É importante dizer que este programa existe graças ao patrocínio de pessoas como eu e você, que conforme sua disposição colaboram para que o mesmo permanece no ar. Assim deixo um abraço a madrinha Iraci, ao colaborador Joao Jose, a madrinha Guilhermina Day. E, um abraço também todos os patrocinadores do programa o pessoal do edifício Hildelberg e da NivaFarma de Pomerode e o pessoal da P&A Mat de Construção aqui do Salto do Norte em Blumenau.

Mais um abraço a você que nos ouve pela Rádio Arca da Aliança. Que Deus esteja com vocês abençoando suas famílias a todo o tempo.

É hora de se aproximar do aparelho e pedir mais uma vez por aquela intenção colocada no início do programa. Despedindo-nos, peçamos a benção: O Senhor Jesus Cristo, filho de Maria e Senhor de todos os povos, que Teu Sangue não poupou nossos pecados, redimindo-nos e resgatando-nos para Deus. Faz-nos tomar a atitude que vos agrade, após nos enchermos do arrependimento sincero pela vida que vivemos. Ainda nos acompanhe e guarde, agora e depois. Abençoe-nos assim o Deus todo-poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Fiquemos na Paz do Senhor. Amém.

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