Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Prof. Conrado Paulino da Rosa Correia
1. Doutrina da Proteção Integral:
Ø Oficializado no sistema jurídico inglês no século XIX.
Ø Convenção dos Direitos da Crianças em 1959. Contudo, no Brasil, somente com a CF/88 passou-se a ter a previsão da doutrina da proteção integral em seu artigo 227.
§ Antes de 88: Código de Menores na década de 30 e na década de 70. Falsificação de moeda, possibilidade de enforcamento da criança ou do adolescente.
Código Menorista CF/88 e ECA
Ø Doutrina da situação Irregular: Todo aquele que se encontrava em vulnerabilidade, era tratado como algo passível de uma punição. Juizado de Menores, Febem, Delegacia de Menores. Sentido punitivo.
Ø Doutrina da Proteção Integral: Sentido protetivo.
Ø Criança e adolescente eram objetos. Ø Criança e adolescente é sujeito de direitos. § Art. 53, II, CF: Direito de serem
respeitados pelos educadores. § Direito de contestar os critérios
adotados pela escola.
Ø Art. 2º, do ECA:
§ Criança: Até os 12 anos incompletos.
§ Adolescente: Dos 12 aos 18 anos incompletos.
§ Parágrafo único: Excepcionalmente aplica-se esse Estatuto àqueles que têm entre 18e 21 anos. Ø Emenda Constitucional nº 65: Inseriu ao artigo 227 da CF a figura do jovem, além da criança e do
adolescente, como sujeito de proteção. § Jovem: Dos 15 aos 29 anos.
2. Direito à vida e à saúde:
Ø Art.7º, ECA: A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Ø Art. 8º, ECA:É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal
§ § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema.
§ § 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.
§ § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.
§ § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010/09- Lei da Adoção).
§ § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. Incluído pela Lei nº 12.010/09- Lei da Adoção).
Ø Lei nº 11.804/08: Lei dos Alimentos Gravídicos.
§ Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes. Rol exemplificativo. Ø Lei nº 5.478/68: Ação de alimentos.
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§ Necessidade de demonstrar por meio deprova pré-constituída da relação entre autor e réu. Por meio de ata notarial. Tabelião tem fé pública.
§ Art. 6º, parágrafo único, da Lei 11.804/08: Conversão dos alimentos gravídicos em definitivos.
§ Alimentos provisórios ≠ alimentos gravídicos ≠provisionais. § Art. 7º: Prazo de 5 dias para contestar.
Ø Art. 10, do ECA: Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
§ I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
§ II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
§ III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
§ IV - Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
§ V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. Ø Art. 11, do ECA:É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por
intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ § 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado. § § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os
medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. Ø Art. 13, do ECA:Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente
serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
3. Direito à liberdade, ao respeito e a dignidade:
Ø Art. 15, ECA: A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Ø Art. 16, ECA:O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
§ I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
ü Art. 80, ECA: Proibida a entrada e permanência de criança e adolescente em local que explore comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos. § II - opinião e expressão;
§ III - crença e culto religioso;
§ IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
§ V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; § VI - participar da vida política, na forma da lei;
§ VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Ø ART. 17, ECA:O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Ø Art. 18, ECA:É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
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4. Direito à educação:
Ø Art. 53, ECA: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando sê-lhes:
§ I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; § II - direito de ser respeitado por seus educadores;
§ III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
§ IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; § V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
§ Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Ø Art. 55, ECA: É obrigatório o ensino regular. Direito à convivência comunitária. Direito público subjetivo. Se não é oferecida escola próxima ao adolescente, vai ter que ser fornecido transporte. Ø Art. 56, ECA:Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar casos de maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas e evasão escolar, elevados níveis de repetência.
Ø Princípio da municipalização: Art. 204, I c/c art. 88, CF/88. Ø Conselho Tutelar:
§ Órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei (Art. 131). § Em cada Município e em cada região administrativa do Distrito Federal, haverá no mínimo
um Conselho Tutelar composto por 5 membros escolhidos pelo povo para mandato de 4 anos, permitida uma recondução (Art. 132).
§ Requisitos: Idoneidade moral, maior de 21 anos e residir no Município (art. 133).
5. Direito à profissionalização:
Ø Art. 60, ECA:É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz
Ø Art. 7º,XXXIII, CF:Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. Adota-se a CF.
Ø Art. 63, ECA:A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios: § I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
§ II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; § III - horário especial para o exercício das atividades.
Ø Art. 65, ECA: Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
Ø Art. 66,ECA: Adolescente portador de necessidades especiais receberá atenção especial.
6. Da prevenção:
Ø Art. 70, ECA:É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Ø Art. 71, ECA: Necessidade de que o acesso a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Ø Art. 74, ECA:O Poder Público regulará as diversões e os espetáculos públicos. Portaria nº 1.220/06. Ø Art. 78, ECA:As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e
adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. § Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.
Ø Art. 81, ECA:É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: Armas, munições e explosivos; bebidas alcóolicas, produtos que pela utilização indevida possam gerar dependência física ou psíquica; fogos de artifício de estampido exceto aqueles de reduzido potencial; as revistas de público adulto e bilhetes lotéricos e equivalentes.
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7. Da autorização para viajar:
Ø Art. 83, ECA:Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ § 1º A autorização não será exigida quando:
§ a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
§ b) a criança estiver acompanhada:
§ 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
§ 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
Ø Art. 1591, CC: Parentesco na linha reta
Ø Art. 1.592, CC: Parentesco na linha colateral. Germanos, unilaterais.
8. Da adoção:
Ø Caráter excepcional. É uma das formas de colocação em família substituta. § Art. 28, ECA: guarda, tutela e adoção.
ü Tutela serve para a proteção dos bens de uma criança ou de um adolescente. Haverá a destituição do poder familiar, instituto revogável, não implica em alteração do nome e do sobrenome.
ü A guarda (diferente do direito de família) do ECA visa proteger uma criança que está em situação de risco,(caráter protetivo) e a guarda do direito de família, vai prever a situação da criança após o divórcio. Art. 1583, CC. §1º: Responsabilização conjunta. Ø Art. 19, ECA: Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Ø Art. 1.584, §2º, CC: Quando não houver acordo entre os genitores, o juiz poderá impor a guarda compartilhada.
Ø Art. 33, ECA:A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Ø Art. 39, ECA:
§ Conceito: Instituto em caráter excepcional e irrevogável. Ou seja, só se coloca acriança ou o adolescente em adoção quando não houver outra solução.
Ø Art. 25, ECA: Família natural(nuclear). Parágrafo único: família extensa ou ampliada: são as pessoas que tem vínculo de afinidade e afetividade com a criança ou adolescente.
Ø A criança só é colocada em adoção quando esgotadas todas as possiblidades, seja família natural ou ampliada. A criança tem o direito de ser criada no seio familiar.
Ø A adoção atribui ao sujeito a condição de filho, desvinculando todas as atribuições em relação à família natural, exceto os impedimentos matrimoniais.
Ø Art. 39, §1º, ECA:A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
Ø Art. 42, ECA:Quem pode adotar no Brasil? Poderão adotar os maiores de 18 anos independente do estado civil. Adoção unipessoal. No entanto,entre o adotante e o adotado é necessário existir pelo menos 16 anos de diferença. Código Civil de 1916: maiores de 50 anos. Código Civil de 1967: maiores de30 anos e com no mínimo 5 anos de casado.
Ø Adultos:Regra geral: Habilitação para adoção perante a equipe interdisciplinar do juizado da infância e da juventude.
§ Adoção conjunta: provar estabilidade na família.
§ Motivações que levam a adotar. Art. 43, ECA. Se representar vantagens ao adotado e estiver fundamentada em motivos legítimos.
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Ø §1º, art. 42: impedimentos para adoção: os ascendentes e irmãos não poderão adotar. Instituto da guarda é possível. Guarda no Código Civil serve para determinar o modelo de gestão de interesses do filho. Guarda no ECA (art. 33 e ss) vai ser aplicada para crianças e adolescente em situação de risco e em geral para pessoa estranha à relação parental.
Ø Quem pode ser adotado: em regra, até os 18 anos. Vai ser possível que o maior de idade seja adotado, desde que já estivesse antes sob guarda, tutela ou proteção dessa família.
Ø Art. 44, ECA: não pode adotar o tutor ou curador, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance.
Ø Preenchimento de ficha, demonstrando as suas preferências. Passa a constar no Cadastro Nacional de Adoção.
Ø Crianças:A destituição do poder familiar, perante o Juizado da Infância e da Juventude. Art. 23, ECA: A pobreza não é justificativa para destituição do poder familiar. No entanto, exposição a risco, sim. Neste momento de destituição, o Estado começa a investigar a família extensa (momento demorado). Ø Art. 50, ECA: Cadastro Nacional de Adoção. Contém as crianças e os adultos aptos.
Ø Art. 45, ECA: A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal. § §1º o consentimento será dispensado para pais desconhecidos ou destituídos do poder
familiar.
§ 12 anos, pode escolher se quer ou não ser adotado.
Ø Estágio de convivência. Art. 46, ECA: Prazo fixado pelo juiz, que vai ser acompanhado pela equipe interdisciplinar do Juizado Especial da Infância e da Juventude.
Ø Adoção internacional: caráter excepcionalíssimo. Caso haja criança apta a ser adotada e que ninguém queira adotá-la, poderá ser posta à adoção internacional. Estágio de convivência de no mínimo 30 dias.
Ø Art. 47, ECA: Após o trânsito em julgado, a efetivação da adoção.
§ §1º: A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
§ § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado. § §5º: a sentença conferirá ao adotado o nome do adotante, e, a pedido de qualquer deles,
poderá determinara modificação do prenome. Ø Efeitos:Via de regra serão a partir da sentença.
§ Exceção: Art. 47, §7º, CP: Na hipótese prevista no art. 42, §6º: Adoção pós-mortem. Desse modo, para que o adotado tenha garantido o nome do falecido e o direito sucessório garantido.
Ø Art. 48, ECA:A pessoa adotada a qualquer tempo vai poder ter acesso aos autos. Durante a adolescência, a equipe interdisciplinar do JIJ deverá dar um apoio ao adolescente.
Ø Art. 50, §13º, ECA:Não se deferirá a adoção para quem não estiver habilitado, exceto: § I- Quando se tratar de adoção unilateral;
§ II- Quando eu for da família natural ou extensa;
§ III- Não estando no cadastro, quando formular o pedido em favor de uma criança acima de 3 anos e que tenha um vínculo de afinidade (adoção intuito personae).
Ø Art. 42, §§4 e 5º: Se ocorrer o divórcio, há possibilidade que os divorciados façam adoção conjunta. Possibilidade de guarda compartilhada (= responsabilização conjunta).