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EXPERIÊNCIAS ENTRE A ESCRAVIDÃO E A LIBERDADE: OS AFRICANOS LIVRES NA PROVÍNCIA DE ALAGOAS ( )

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MOISÉS SEBASTIÃO DA SILVA

Uma análise da produção historiográfica alagoana revela que as camadas subalternizadas da sociedade alagoana seguem marginalizadas também quando o assunto é a escrita da História. Especificamente em relação à experiência negra, enquanto a partir de meados dos anos 1980 em termos de Brasil vivenciou-se o surgimento de uma expressiva produção, a qual passou a ser caracterizada como um novo momento da historiografia relativa ao tema – que, hoje, desfruta de um lugar de destaque, sendo um dos mais pesquisados no

país –, em Alagoas a mesma permaneceu invisibilizada.1

Composta basicamente por alguns poucos ensaios que têm como data limite de sua produção meados da década de 70 (BRANDÃO, 1988; DUARTE, 1988 [1966]; LIMA JR., 1975), a historiografia alagoana, ainda distante dos ganhos teóricos e metodológicos obtidos na área nos últimos anos, busca

dar então apenas os primeiros passos.2

O trabalho que ora se apresenta é, portanto, um desdobramento de um esforço que, na medida das dificuldades da realização de pesquisa histórica no Estado de Alagoas, buscou tocar essa realidade lacunar da historiografia alagoana sobre a escravidão, e que basicamente

consistiu em explorar a problemática das fontes para a história da escravidão em Alagoas.3

Foi ali que nos deparamos com alguns acervos documentais e, consequentemente, com o objeto deste nosso trabalho, a categoria sociojurídica africano livre. Criada na campanha para a abolição do comércio atlântico de escravos, essa categoria designava os africanos que

Graduado em História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL; contato: moises_summerof69@hotmail.com.

1 Para uma análise da produção historiográfica alagoana sobre a escravidão e como o seu viés marcadamente

senhorial, aristocrático, minimizou a presença negra em Alagoas, ver: (MACIEL, 2008).

2

Da ocasião dessa produção até os dias atuais apenas mais uma obra foi publicada sobre a temática, a saber: (MACIEL, 2011).

3 Referimo-nos aqui ao Projeto de Iniciação Científica Fontes para a história da escravidão em Alagoas

(PIBIC-UNEAL/FAPEAL), coordenado pelo professor Dr. Osvaldo Maciel. Esse projeto foi desenvolvido entre os anos de 2008 e 2010, contando com a participação de um bolsista no primeiro ano, e dois no segundo. Com ele foi possível identificar, digitalizar e transcrever alguns acervos documentais, os quais podem ser vistos nos seguintes relatórios: (PEREIRA e MACIEL, 2010; SILVA e MACIEL, 2010 [2º ano]).

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fossem emancipados por estarem a bordo de navios envolvidos no tráfico ilegal, ou que fossem apreendidos em terra como “„recém-importados‟” (MAMIGONIAN, 2000: 72). Tal categoria existiu em todos os territórios alcançados pela ação britânica (IDEM, 2009: 216-217) e, no Brasil, aproximadamente 11 mil africanos a integraram, ou seja, foram portadores da condição de “africano livre” (IDEM, 2005: 391). Embora legalmente não fossem escravos, esses africanos foram obrigados a viver um período sob a “tutela” do Estado, sendo distribuídos para servir em instituições e obras públicas e a concessionários particulares. Para o nosso caso, as fontes de que disponibilizamos dão conta de ter havido interceptações de tráfico ilegal no litoral norte de Alagoas e permitem acompanhar e/ou desvendar aspectos da experiência de vida desse grupo social na província de Alagoas ao longo da década de 1850 e o início da seguinte. As linhas a seguir dizem respeito a resultados provisórios de uma pesquisa em andamento sobre o mesmo e que em breve desembocará numa proposta de investigação de mestrado.

***

Era o ano de 1856 quando faleceu o africano livre Guilherme, que se achava fazendo o serviço de limpeza e asseio do Correio Geral de Maceió, e o administrador deste estabelecimento então rogava à presidência da província que se dignasse mandar dar-lhe algum dos que se achavam distraídos em outras ocupações públicas da cidade, visto que não achava pessoa alguma que quisesse se encarregar pela diminuta quantia de duzentos réis

diários, conforme estava determinado em Aviso de 1846, que então vigia.4

No ano seguinte seria a vez do diretor do Colégio dos Educandos Artífices fazer um pedido semelhante: diante da impossibilidade de ter os serviços do africano livre Benedito em razão da enfermidade que o afligia, tal diretor solicitava a remessa do africano livre Braz, que, há dias, havia se ausentado do mesmo colégio, algo que por outras vezes o africano já tinha praticado. A despeito dessas faltas, o diretor do colégio o requeria, e justificava o pedido alegando que tal africano só tinha o defeito de tornar-se algumas vezes incontinente e cometer algum furto de

4 Requerimento do administrador do Correio Geral da província à presidência, 8/11/1856. O conjunto das fontes

relativas aos africanos livres está sob a guarda do Arquivo Público de Alagoas (APA), numa caixa intitulada “Curador de Africanos”, sem classificação alfanumérica. Tendo-se em vista que todas as fontes relativas aos africanos livres aqui trabalhadas estão localizadas nesta mesma caixa e instituição, doravante estas duas informações não mais serão mencionadas nas referências.

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pequenas coisas que podia pilhar desgarradas pela casa, para o que talvez fosse incitado por não lhe permitirem alguma diária para comida e vestuário, do que havia sido privado por tal

diretor, a título de economia à Fazenda Provincial.5

As experiências de trabalhadores como os africanos livres Guilherme, Benedito e Braz – que eram negros e, embora juridicamente livres, não tinham liberdade para escolher onde e quando trabalhar, quase sempre não recebiam remuneração e podiam, ainda, não gozar de mobilidade espacial – apontam para uma temática em plena expansão e para uma dimensão até pouco tempo atrás negligenciada pela historiografia tradicional. Esta, como tem assinalado os trabalhos mais recentes da história do trabalho, direcionou o seu olhar para a experiência dos trabalhadores europeus no processo histórico conhecido como “transição para o trabalho livre”, deixando de lado as relações de trabalho compulsório e a mão-de-obra nacional (IBIDEM: 389-417).

Esse, todavia, é um quadro que atualmente se vem buscando superar, e a experiência desse grupo peculiar de trabalhadores tem se mostrado uma via bastante frequentada para se participar do debate acerca das transformações nas relações de trabalho e dos limites da liberdade no século XIX. Antes mesmo da publicação de um trabalho que utilizou de forma pioneira a experiência de trabalho desse grupo social (e de outras categorias de trabalhadores igualmente submetidos a arranjos de trabalho compulsório) para revisitar a “transição para o trabalho livre”, outros autores já haviam chamado a atenção para os limites das interpretações então vigentes e apontado a necessidade de inclusão dos negros (escravos ou ex-escravos) na história do trabalho. Inspirada nas reflexões do historiador marxista britânico Edward P. Thompson sobre a formação da classe operária inglesa, a história social do trabalho tem incursionado numa inflexão em direção à segunda metade do século XIX e, recorrendo à produção mais recente sobre a experiência escrava e sobre o período pós-abolição, vem buscando “caminhos de investigação que possam revelar como experiências acumuladas durante a escravidão por escravos e libertos foram compartilhadas com os trabalhadores livres, antes e depois da abolição”, o que representa outra forma de pensar o processo de formação da classe trabalhadora no Brasil (LARA, 1998: 25-38).

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Com efeito, as pesquisas sobre a experiência dos africanos livres cresceram substancialmente desde a última década, possibilitando que vários aspectos de suas existências, em espaços diversos, se tornassem conhecidos. Uma delas foi justamente uma sobre a qual apenas sinalizamos há pouco e que foi marcante para os rumos que os estudos sobre o tema tomariam: trata-se da tese de doutorado de Beatriz Mamigonian (2002), que, além de contribuir para a historicidade da categoria dentro de uma perspectiva atlântica (apud MOREIRA, 2005: 38-40), utilizou a experiência dos africanos livres para revisitar um tema clássico da historiografia brasileira: a “transição para o trabalho livre”. Conforme observou a autora, essa “transição” não implicou a “substituição” imediata do trabalho escravo por relações de trabalho assentadas no trabalho livre e assalariado. Segundo ela, a experiência com os africanos livres e outros grupos de trabalhadores – como índios, mestiços, negros e pobres livres em geral – “sustenta a idéia de que em vez de uma gradual „transição para o trabalho livre‟, o país experimentou a expansão do trabalho não livre, entre o declínio da escravidão e a expansão de outros arranjos de trabalho forçado” (MAMIGONIAN, 2005: 411).6

Partilhando dessa perspectiva apresentada por Mamigonian acerca das transformações das relações de trabalho e dando continuidade às pesquisas sobre o tema, Alinnie Moreira, em dissertação de mestrado, circunscreveu a análise para examinar os africanos livres em um local de trabalho específico, pertencente ao Estado, a Fábrica de Pólvora da Estrela na província do Rio de Janeiro, entre 1831 e 1870 (MOREIRA, op. cit.). Patrícia Melo Sampaio, autora que atualmente realiza pesquisas sobre o grupo social em tela, por sua vez, tem buscado recuperar a presença do mesmo na Amazônia entre 1854 e 1866, identificar as diferentes modalidades pelas quais ele foi inserido no mundo do trabalho e acompanhar estratégias locais para uso do trabalho compulsório dos índios, com a finalidade de buscar

experiências em comum que conectaram índios e africanos (SAMPAIO, 2011).7 Trabalhos

importantes para essa renovação das pesquisas sobre o tema também foram os de Enidelce

6 Como aponta a própria autora, “João Fragoso defende esta nova interpretação, que será reforçada pela inclusão

dos trabalhadores „marginalizados‟ na corrente principal da história do trabalho no Brasil, como já insistiram Peter Eisenberg e Silvia Lara.” (IBIDEM: 416). Vale ressaltar que tanto Fragoso quanto Lara mostra como noutras localidades a questão da mão de obra foi encaminhada de modo diverso, com o aproveitamento do “elemento nacional”. Silvia Lara também tece duras críticas aos paradigmas da “transição” e da “substituição”. Ver: (FRAGOSO, 1990: 145-196; e LARA, op. cit.).

7 Junto a tais pontos, deve-se salientar que o trabalho da autora se alinha a um esforço historiográfico que se

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Bertin (2006), Afonso Florence (2002), Jorge da Prata de Sousa (1999), entre outros. Assim, é à luz dessa recente produção que procuraremos explorar o nosso objeto.

***

A presença dos africanos livres na província alagoana se deu em virtude de apreensões

realizadas provavelmente em fins do ano de 1849 e ao longo de 1850.Nos diversos ofíciosda

correspondência entre o curador dos africanos livres e a presidência da província há referências a interceptações de tráfico ilegal nas praias dos morros de Camaragibe, litoral norte de Alagoas, interceptações das quais os africanos livres são identificados pelo curador

como provenientes. 8 Todavia, encontramos indícios de que houve mais apreensões. Junto à

documentação produzida pelo próprio curador ao longo da administração desses africanos, há cartas da primeira emancipação de três africanos: Faiel, Guilherme e Pedro. Os dois primeiros, segundo informações presentes nas mesmas cartas, foram dos africanos oriundos do Patacho Hermínia, surto no porto de Maceió; e o último foi um dos apreendidos numa

estrada do subúrbio dessa mesma cidade.9 Assim, isso indica que os africanos livres da

província considerada não foram provenientes apenas das apreensões relatadas pelo curador. A despeito de não sabermos ao certo quantas apreensões de carregamentos ou avulsas

(em terra) foram feitas em Alagoas,10 importa dizer que, seguindo-se as instruções que

regulamentaram a utilização dos africanos resgatados do tráfico ilegal, ao longo do ano de 1850 os confiscados em Alagoas foram distribuídos entre concessionários particulares e

8 Uma das formas pelas quais tomamos conhecimento de das apreensões foi através das informações prestadas

pelo curador à presidência da província, por ocasião da chegada dos africanos livres ao poder público em busca da “emancipação definitiva”. Nessas informações, alguns africanos livres aparecem como tendo sido apreendidos em novembro de 1849; e outros, em janeiro de 1850. Como ainda não localizamos a documentação gerada no momento da apreensão, não podemos confirmar se se tratam de dois carregamentos apreendidos na mesma localidade ou se isso se deve a uma imprecisão do curador. Essas apreensões nas praias de Camaragibe são as únicas mencionadas pelo curador.

9 As três cartas trazem como data 16/10/1850. 10

Tendo-se em vista tal lacuna, faz parte dos próximos passos de nossa pesquisa procurar identificar as apreensões realizadas em Alagoas, o que, por seu turno, possivelmente nos permitirá um levantamento mais preciso dos africanos que foram emancipados e, ainda, traçar o perfil etário e étnico dos mesmos.

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instituições e obras públicas. Assim, a respeito da composição da categoria africano livre na província alagoana, conseguimos elaborar o seguinte quadro:

Distribuição de africanos livres para o serviço, 185011 Particulares Instituições e Obras

Públicas

Total

Homens 45 6 51

Mulheres 17 2 19

Total 62 8 70

Fonte: Relação nominal dos africanos livres, João Camillo de Araújo, 1850; livro de receita dos salários dos africanos livres, 1853/4. As informações foram complementadas com os ofícios expedidos pelo curador à presidência, uma vez que alguns africanos livres não constavam em nenhuma daquelas duas fontes.

Como podemos ver na tabela acima, os africanos livres Guilherme, Benedito e Braz – apresentados inicialmente –, estiveram na companhia de outros africanos livres prestando serviços em estabelecimentos públicos. Apesar do número de africanos destinados a esse segmento ser pouco expressivo, ao longo da década de 1850 e início da seguinte tal número

sofreu alterações, chegando a um total de 18 africanos (15 homens e 3 mulheres).12

Eles trabalharam no Hospital de Caridade, no Hospital Militar, na Cadeia, na Secretaria do Palácio

11 Embora a relação nominal traga como data o ano de 1850, as informações nela presentes indicam que a mesma

foi elaborada num período posterior, provavelmente entre 1858 e 61. Assim, junto às informações sobre o momento da distribuição dos africanos livres, ela fornece alguns dados sobre as movimentações posteriores desses africanos nos locais de serviço – entre particular e público. A tabela apresentada, no entanto, baseia-se no início da trajetória de tais africanos. A despeito disso, é importante mencionar que, no momento da elaboração da relação nominal, o número de africanos livres nas instituições públicas chegou a 18 (15 homens e 3 mulheres). Além dessas ressalvas, cabe destacar que é provável que os africanos mapeados não representem a totalidade dos que ali existiram, pois, considerando-se que identificamos alguns africanos livres que não estavam nem na relação nominal nem no livro de receita dos salários, é possível que outros também tenham existido; e que não estão inclusos nesta contagem 22 filhos de africanos de africanos livres.

12

Esse tipo de movimentação ocorria devido a alguns tipos de situação: concessionário que renunciava os serviços de um africano, concessionário que mudava de província e o africano não queria acompanha-lo, concessionário que maltratava o africano e era obrigado a devolver o africano são alguns exemplos.

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do Governo, no Correio Público, no Colégio dos Educandos Artífices, no Cemitério Público, no Farol do Porto de Maceió e em algumas obras públicas, como as da Igreja Matriz e as construções do Matadouro e do mencionado Farol.

Como se pode depreender de alguns requerimentos de administradores de instituições públicas, por volta de meados dos anos 50 até início dos 60 a força de trabalho dos africanos livres era requisitada com certa frequência por algumas dessas instituições e cumpria um importante papel na rotina de algumas delas, mesmo não se verificando um número significativo desses africanos no segmento em questão. Ilustrativo sobre importância dos trabalhos dos mesmos é o ofício enviado por aquele administrador do Correio Geral à presidência da província no ano de 1856, visto anteriormente, em que solicitava um africano

para o expediente daquela repartição.13

As palavras do administrador ilustram bem a ideia de Mamigonian (2005: 403) acerca da experiência de trabalho dos africanos livres, segundo a qual estes “forneciam a mão-de-obra para as tarefas indispensáveis que requeriam uma força de trabalho regular e confiável e que eram rejeitadas pelos trabalhadores livres”: naquele caso específico fora registrada, pelo administrador, a dificuldade de se encontrar indivíduos que se engajassem espontaneamente nas modalidades de trabalho então ofertadas pelo Estado. Assim como no caso do Correio de Maceió, noutras instituições desta mesma capital a saída encontrada também recaiu sobre o trabalho compulsório dos africanos livres. Menos de um mês depois, encontramos, por exemplo, o curador fazendo menção à presidência sobre o fato de que o administrador do Farol de Maceió “tem já por vezes reclamado a prestação de um africano livre”.14

Da mesma forma, a reclamação por africanos livres para trabalhar em estabelecimentos públicos pode ser encontrada em outros ofícios expedidos pelo curador e noutros requerimentos de alguns administradores, o que permite assinalar que ela esteve

presente pelo menos durante o período que vai de 1854 a 1861.15

Junto a essas informações sobre a utilização desses africanos por instituições públicas, as fontes de que dispomos fornecem elementos de natureza qualitativa que permitem acessar mais aspectos da experiência desses africanos durante o cumprimento do termo de serviço ao

13 Requerimento do administrador do Correio Geral à presidência da provícia, 8/11/1856, op. cit. 14 Informação sobre o requerimento do administrador do Correio, 3/12/1856.

15

Além das duas últimas fontes citadas, ver: ofício do Coronel do 8.º Batalhão de Infantaria à presidência da província, 24/10/1854; Ofício do curador à presidência, 29/12/1857, op. cit.; IDEM, 25/2/1858; Requerimento do Administrador do Farol de Maceió à presidência, 3/9/1858; IDEM, 5/4/1861.

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qual estiveram submetidos. O curador dos africanos livres, autoridade responsável por administrar esse grupo social e zelar pelos seus direitos, no cumprimento de suas atribuições, recebia requisições de administradores públicos (o que já pudemos ver), de concessionários particulares (como veremos adiante), bem como requisições e queixas dos próprios africanos livres, além de outras demandas cotidianas inerentes à existência e à administração dos mesmos. Isso, com o caminhar da pesquisa, nos permitirá desvendar muitos aspectos da experiência de vida desses africanos destinados a estabelecimento e obras públicas, o tratamento dispensado a eles pelos administradores e a forma como os próprios africanos viam e respondiam a essa experiência de viver sob “tutela”. O caso do africano Braz, por exemplo, é ilustrativo das agruras vivenciadas por esses indivíduos e das estratégias dos mesmos frente às condições de vida que lhes eram oferecidas.

O desejo de recuperar as experiências dos africanos livres destinados ao serviço público nos tem levado a incursionar em outros fundos documentais, no intuito de buscá-los nas próprias instituições e obras nas quais estiveram labutando. Podemos exemplificar as potencialidades que advirão dessa tarefa a partir de dois casos: o Colégio dos Educando Artífices, estabelecimento mencionado no início deste trabalho, recebeu africanos livres para o seu expediente. No APA, localizamos uma documentação referente ao mesmo, e que em boa medida permite remontar o cenário e contribuir para melhor entender a dinâmica daquele estabelecimento, bem como as relações ali estabelecidas entre africanos, diretor, educandos etc. O outro caso nos remete ao fundo referente às Obras Públicas, uma vez que alguns dos nossos africanos foram destinados a elas. Uma incursão ainda bastante incipiente nessa documentação nos tem revelado um cenário de grande escassez de trabalhadores para as obras provinciais e que o recrutamento de índios nos aldeamentos para o trabalho compulsório nelas

fora algum recorrente.16 Assim, apresenta-se à nossa frente um horizonte bastante promissor

que nos permitirá desvendar muitos aspectos das experiências que foram vivenciadas tanto por índios quanto por africanos livres, além de outros trabalhadores.

Como também pudemos ver na tabela acerca da distribuição dos africanos livres da província alagoana, a maior parte deles foi concedida a concessionários particulares. Enquanto noutras localidades do Império a concessão de africanos livres a particulares foi

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vedada na década de 1850, sendo direcionada a partir de então apenas às obras e aos estabelecimentos públicos, na província alagoana os concessionários particulares ainda puderam desfrutar de tal benesse. Basicamente seguindo uma tendência apresentada noutros trabalhos sobre o tema, a distribuição dos africanos livres consignados a particulares teve uma

concentração social peculiar. Como demonstrou Mamigonian (2005: 394), ao “contrário da

posse de escravos, a concentração de africanos não refletia renda mas prestígio social. Os concessionários de africanos livres eram, em sua maioria, funcionários públicos, membros da elite política ou pessoas que o governo imperial escolheu para recompensar.”

No caso da província alagoana, quando analisado o perfil dos concessionários aos quais os serviços dos africanos livres de Alagoas foram confiados, percebe-se que a lógica de distribuição foi a mesma apontada pela autora. Entre os concessionários identificados constam indivíduos proeminentes da sociedade à época, como doutores, tenentes, capitães, padre, oficial, alferes, além de vários outros funcionários públicos. Um caso ilustrativo é o do Dr. Manoel Sobral Pinto, que, nos anos 1850, chegou a ocupar o cargo de presidente da província

e teve a seu serviço dois africanos livres.17

Ter um africano livre à disposição representava um bom negócio também para os concessionários particulares. No livro destinado ao registro dos salários pagos por estes ao

Estado pelo “aluguel” de tais africanos constam valores entre dez e quinze mil réis anuais,18

uma importância ínfima, se comparada à necessária para comprar um escravo ou ao lucro que se poderia obter com seus serviços. Considerando-se os valores arrolados por Florence (2002: 64), por exemplo, os quais levavam em conta a combinação de diversos fatores – a conjuntura econômica e política, a idade, o sexo, a capacidade de trabalho e o seu ofício –, é razoável afirmar que, entre os anos de 1830 e 60, os preços mais comuns de um escravo tenham ficado entre 90$000 e 1.168$000, podendo, inclusive, ter atingido valores mais altos, como 1.530$000. À vista disso, os concessionários que dispuseram dos serviços dos africanos livres por mais de dez anos estariam pagando, de forma parcelada, no pior dos casos, um escravo de menor valor daquela combinação.

17 Relação nominal dos africanos livres, op. cit.

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Ao longo do período em que os africanos livres de Alagoas serviram a particulares, alguns foram os arranjos nos quais estiveram engajados: foram alocados ao serviço doméstico, ao campo, ao ganho nas ruas ou alugados a outros particulares, um quadro que não fugia ao espectro mais geral das ocupações envolvidas nas relações de trabalho escravo nas

cidades e à própria inserção desse grupo social noutras localidades do Império.19 À vista disso,

os africanos livres representavam tanto uma mão de obra a baixíssimo custo como também uma boa possibilidade de lucro. No caso dos africanos livres postos ao ganho, Afonso Florence (2002: 68) encontrou, para o Rio Janeiro, africano que pagava ao concessionário

semanalmente uma quantia de quatorze mil réis, o que, segundo o autor, era o acerto mais

comum entre os senhores e escravos. Destarte, o concessionário que estabelecia esse tipo de acerto arrecadava, em uma semana, o valor pago ao Estado pelos serviços do africano referente a um ano.

Em Alagoas também ocorreu esse tipo de acerto e foi o caso da africana livre Benedita, que teve os seus serviços arrematados por Manoel Claudino de Arroxelas Jaime no ano de 1850; o caso também serve para tocarmos numa questão mais ampla, concernente à experiência negra. Onze anos após a arrematação dos serviços da africana, encontramos o seu concessionário queixando-se à presidência da província do fato de que, tendo “concedido” à africana Benedita a possibilidade de pagar seus serviços por semana, algo que teria sido a princípio pontualmente satisfeito pela africana, ela estava agora a lhe dever a importância

relativa a trinta e oito semanas de serviço.20 Indagado pela presidência, o curador esclareceria

a situação. Segundo este, constava-lhe que a africana a que o peticionário fazia menção em seu requerimento, “recusando prestar ditos serviços domésticos, obtivera faculdade para os prestar na rua mercadejando com tabuleiro de frutas, e outros gêneros de legumes, sob a condição de contribuir hum módico salário.” E, acrescentando, informava que a mesma africana “há poucos dias me declarou, que depois que se proibiu por Lei Municipal o uso de

19

Afonso Florence, por exemplo, os identificou servindo fosse em “instituições públicas ou particulares, tanto nas cidades como no campo, numa variedade muito grande de atividades que abrangia um espectro bastante próximo daquele constituído pelo universo do trabalho escravo.” (2002: 68).

20 Requerimento de Manoel Claudino de Arroxelas Jaime à presidência da província, 6/6/1861. Como se pode

ver, da mesma forma que observamos em relação aos africanos do segmento público, as fontes produzidas acerca das demandas cotidianas criadas em torno dos africanos que serviam a particulares também fornecem informações de natureza qualitativa que permitem explorar as relações entre concessionários e africanos livres.

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mercadejarem os africanos livres, ou libertos, não mais cumpriu aquela supradita condição, e

que na verdade estava a dever ao peticionário alguns meses do referido salario.”21

O caso da africana Benedita é ilustrativo dos tipos de acertos e das modalidades de relacionamento estabelecidos entre africanos livres e concessionários particulares (o que também inclui a resistência dos africanos à dominação e à exploração que a tutela implicava), mas, para além disso, aponta para uma situação vivenciada também por outros negros que não traziam consigo a condição de africano livre, e que – como mencionamos no início deste texto ao se fazer alusão ao silenciamento em relação à experiência negra na província alagoana – ainda permanece uma dimensão desconhecida. A concepção de posturas municipais criando restrições à autonomia de africanos livres e libertos, a exemplo do que sucedeu à africana, repercutiu na vida de outras personagens, como a africana liberta Luiza, que também viu a

forma de adquirir a sua subsistência cerceada, e recorreu à Câmara Municipal. 22

Desse modo, recuperar os debates que se deram em torno da criação dessas medidas restritivas, os argumentos utilizados e sobretudo buscar desvendar os significados nelas implicados são alguns dos passos ainda necessários nessa trajetória de resgate da experiência negra na província alagoana.

***

Os africanos do grupo social que temos analisado foram distribuídos entre particulares e instituições e obras públicas no decorrer de 1850, e a partir do ano de 1860 passaram a requerer as suas emancipações, agora uma definitiva, junto ao poder público. O decreto 1.303, de 28 de dezembro de 1853 (apud BERTIN, 2006: 253), estabeleceu que os africanos livres que tivessem servido a particulares pelo espaço de quatorze anos seriam emancipados, caso requeressem. Como os africanos livres de alagoas ainda não haviam cumprido integralmente o termo de serviço ao qual estavam obrigados – quatorze anos – e boa parte deles lograram suas emancipações no ano de 1861, o processo de emancipação dos africanos livres na província

21

Informação do curador acerca do requerimento de Manoel Claudino, 17/6/1861. Nas citações literais das fontes primárias, a ortografia foi atualizada e as abreviaturas, desenvolvidas.

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alagoana ocorreu, portanto, sob um tom peculiar, em sentido distinto do que até então fora encontrado pela historiografia sobre o tema para outras localidades do Império.

A despeito de o decreto de 1853 mencionar o cumprimento do termo de serviço como critério necessário à emancipação dos africanos consignados a particulares, a historiografia sobre o tema tem aventado que, para um africano livre alcançar a emancipação, era necessário “reunir uma série de condições propícias, como provas sobre tempo de serviço prestado, bom comportamento e, principalmente, de que poderiam se sustentar”; apesar de a comprovação do tempo de serviço ser “um dado indispensável” para o deferimento de uma petição, é “evidente” que apenas este aspecto não bastava, observou Alinnie Moreira (2005: 214). Beatriz Mamigonian assinalou que

era necessário agregar outras circunstâncias, como as provas de poder “viver sobre si” e, para aqueles que conseguiam se articular mais e “cair nas graças” de seus arrematantes, uma carta de referência provando um “bom comportamento e retidão” durante a tutela. Isso aconteceu sobretudo com aqueles africanos que trabalharam para particulares, embora para um africano do serviço público isso também fosse bem visto, com relação ao patrão imediato.(MAMIGONIAN, 2002,

apud MOREIRA, 2005: 219-220)

Uma análise preliminar da documentação nos permite dizer que esses elementos também se fizeram presentes no processo de emancipação dos africanos livres da província alagoana, à exceção, por vezes, do critério de quatorze anos, conforme dito há pouco. Em relação a este ponto cabe, inclusive, uma observação: não obstante o decreto considerado contemplasse os africanos livres que serviam a particulares, no caso alagoano ele foi, em certas ocasiões, convertido em entrave aos africanos deste segmento, passando a abonar os que foram destinados ao serviço público. Isso nos remete, portanto, a uma questão que ainda pode ser melhor explorada pela historiografia específica: os critérios que nortearam a concessão das cartas da “emancipação plena” aos africanos livres.

No caso da província alagoana, dispomos de uma situação que favorece a exploração desse problema. A ida dos africanos livres à justiça se deu por meio dos requerimentos enviados à presidência da província, que, por sua vez, solicitava informações ao curador, o que gerou uma parte da correspondência entre este e aquela, uma vez que, em resposta, o curador lhe fornecia uma informação geral sobre a “conduta moral” e a trajetória do africano

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peticionário durante o período da tutela, em outras palavras, um parecer acerca da pretensão do mesmo. Isso fez com que o processo em tela tivesse um trâmite diferente, por exemplo, do

identificado por Enidelce Bertin para a província de São Paulo.23Assim, tendo-se acesso aos

pareceres emitidos pelo curador, tem-se também acesso aos argumentos apresentados por ele para afiançar ou não o deferimento da aspiração de um africano livre à “emancipação plena”.

A partir da análise preliminar realizada na documentação é possível aventar que o fato de o curador ter desempenhado esse papel tenha dado margem para que ele influenciasse em tal processo. Algumas possíveis artimanhas do curador, por exemplo, poderão ser observadas, uma vez que africanos que estavam em condições idênticas receberam pareceres distintos e, em sabendo disso, queixaram-se à presidência, e denunciaram os procedimentos do curador. Uma análise pormenorizada desses casos poderá apresentar explicações sobre isso, sobre possíveis influências de concessionários nos pareceres, bem como o porquê da inversão ocorrida, em dado momento, na interpretação do decreto 1.303, de 1853, o qual beneficiava os africanos livres consignados a particulares e não os do serviço público. Enfim, a realização de tal investigação nos permitirá avaliar a atuação do curador e a identificação de possíveis critérios que nortearam a concessão das cartas de emancipação, visto que estamos diante de vestígios da complexa realidade do processo de emancipação de tais africanos. O cruzamento das informações colhidas através da atuação do curador nesse processo com as fontes produzidas durante o período da tutela, todavia, nos permitirá, ainda, observar as limitações da curadoria na defesa dos direitos dos africanos livres como um todo, isto é, durante todo o período que os mesmos vivenciaram a tutela e lutaram para dela se desvencilhar.

Mas as fontes produzidas por ocasião da chegada dos africanos livres ao poder público em busca de suas emancipações não são relevantes apenas por esses aspectos. Elas também são importantes para se recuperar os argumentos e estratégias de que os africanos livres, juntamente com seus procuradores, lançaram mão na busca pela emancipação definitiva. Por outro lado, como o curador fornecia uma informação geral sobre a vivência do africano livre na tutela, ela também constitui uma importante forma de acesso à experiência dos africanos

23 Nesta, o papel de comprovar se o africano livre estava em condições de alcançar a sua “emancipação plena” –

o que podia incluir, por exemplo, o cumprimento do tempo de serviço e a comprovação de uma trajetória com ótima conduta – foi realizado por testemunhas, sejam africanos ex-companheiros de “tutela”, sejam indivíduos pertencentes a outros grupos sociais com os quais os africanos livres estabeleceram relações (BERTIN, 2006: 173-241).

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livres, e, se combinada com a outra parte da correspondência – a produzida ao longo do período da tutela –, possibilita-nos acompanhar e melhor conhecer as trajetórias de alguns dos africanos.

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Como observamos incialmente mas também pudemos acompanhar ao longo do presente texto, a experiência dos africanos livres vem sendo um via bastante utilizada para se participar dos debates sobre as transformações das relações de trabalho e sobre os limites da liberdade jurídica no Brasil do oitocentos, ilustrando tal experiência um dos arranjos de trabalho compulsório. Experiências em comum também conectaram índios e libertos aos africanos livres: no caso dos primeiros, por meio do recrutamento para o trabalho nas obras públicas; já os segundos encontraram impedimentos à suas liberdades de trabalhar e prover a própria sustento. O texto aqui apresentado tencionou, portanto, oferecer um mapa de um percurso, em parte caminhado mas com um trajeto ainda alongado pela frente, que visa contribuir para o preenchimento de lacunas que ainda persistem na historiografia alagoana. A experiência negra, como começamos o texto assinalando, é uma delas. Igualmente importante também será contribuir para que o processo de transformação das relações de trabalho na província considerada seja revisitado a partir do novo quadro da história social do trabalho, o que fornecerá uma imagem mais nuançada desse processo na província considerada e, além disso, permitirá que as análises sobre o mesmo no Brasil apresentem, em relação à Região Nordeste, sínteses que não se restrinjam aos exemplos pernambucano e baiano.

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