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(Re)desenhar a cidade desenhada: uma leitura para a salvaguarda do património urbanístico.

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Academic year: 2021

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(Re)desenhar a cidade desenhada: uma leitura para a salvaguarda do património

urbanístico

Autor(es):

Relvão, Margarida

Publicado por:

Editorial do Departamento de Arquitectura

URL

persistente:

http://hdl.handle.net/10316.2/37890

DOI:

http://dx.doi.org/10.14195/0874-6168_9_7

Accessed :

2-Feb-2017 21:45:17

digitalis.uc.pt

impactum.uc.pt

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PLANOS

SALVAGUARDA VILA REAL DE

sra

ANTÓNIO

NÚCLEO POMBALINO

PROJECTO URBANO COI

MBRA

PÓLO Ili E HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Paulo Ormindo Azevedo

1

Nuno

Portas

1

Donatella Calabi

1

Horta

Correia

Renata Araújo

1 !

Fernando

M'ello Franco 1 PbiHipe

Glayre

SETEMBRO 2005

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(3)

li

SALVAGUARDA. VILA REAL DE STº ANTÓNIO

(RE)DESENHAR

A CIDADE

DESENHADA

UMA LEITURA PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO URBANÍSTICO

N

a elaboração do Plano de Pormenor de Salvaguarda,

do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo Antônio, confrontámo-nos com a dificuldade da protecção de uma cidade que teve um momento e um plano inicial, e por outro lado com a inexistência de um enquadramento legislativo e normativo especifico de salvaguarda do Patrimônio Urbanistico. Daqui resultou o tema da presente prova, numa procura de uma metodologia de salvaguarda da cidade desenhada, entendida como o mais importante testemunho de Patrimônio Urbanlstico.

Iniciou-se a prova por uma exploração e clarlflcação da evolução das filosofias e dos conceitos do Património Urbano,

mas perante a especificidade de Vila Real de Santo Antônio

conduziu-se inevitavelmente à pesquisa de métodos e principies

noutros casos semelhantes, fruto de um projecto fechado e global, que nos pudessem orientar.

Introduziu-se então o conceito que está na base de toda a prova, o conceito de cidade desenhada, entendida como

cidade projectada como um todo, produto de um designio total e assente no urbanismo como uma nova forma de planeamento, que engloba desde a escala geral do território até à escala da arquitectura de programa dos edificios e a toda a organização espacial e simbólica.

Estas cidades são entendidas como objectos perfeitos e consequentemente rigidos e estáticos. E é desta premissa

que surge uma das maiores incertezas de qualquer operação

de salvaguarda, uma vez que o factor tempo e as

transformações urbanas ditas normais, que caracterizam

qualquer acção de apropriação de uma cidade pela comunidade

que a habita, conduzem, inevitavelmente, à deturpação do

plano original rigido e ideal.

Colocam-se então imediatamente duas perspectivas apar

en-temente antagônicas, por um lado, é o plano original que está

por detrás da valorização destas cidades como patrimônio

urbanlstico, mas, por outro, este plano actualmente encont ra-se deturpado pelas transformações urbanas e pelos sedimentos

das várias épocas.

Confrontados com esta realidade caberá definir objectivos de salvaguarda e protecção capazes de mediar a vontade de

restituição do original e o seu posslvel congelamento, e a

vontade de permitir a normal sedimentação e marcação do

tempo pela contextualização de cada intervenção.

Tornou-se então essencial apurar como outros casos de salvaguarda souberam lidar com a existência de um plano

ideal. Para além de Vila Real de Santo Antônio (o exemplo

paradigmático do plano e construção de uma cidade desenhada), analisaram-se mais três cidades que

actual-mente possuem um plano de salvaguarda:

· Palmanova, concebida como cidade fortaleza e inserida no conceito Renascentista de Cidade Ideal é das primeiras fundações onde o urbanismo assume o papel ordenador de

toda a cidade. No entanto, ainda que apresente a ideia original de cidade acabada e um projecto urbanistico total, por ser

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das primeiras experiências construídas, não apresenta ainda a noção de arquitectura de programa limitando-se a introduzir algumas normas reguladoras referentes, essencialmente,

à

ocupação dos lotes e à cércea dos edifícios, com vista à obtenção de uma aparência geral coesa e uniforme; -Richelieu, criada para perpetuar o nome do Cardeal Richelieu, mantém-se ainda hoje como cidade ideal de imagem controlada, revelando um forte entendimento do espaço organizado com uma hierarquia visível nos diferentes edífícios e nas próprias características das ruas. É muito provavelmente a primeira cidade-objecto com um projecto arquitectónico global; -Ferro!, fruto de uma nova base naval. Por falta de controlo, não conseguiu cumprir o plano, nem impor a imagem uniforme da arquitectura de programa. Hoje, o núcleo fundacional encontra-se reduzido a uma pequena parte da totalidade da cidade e muito adulterado pelas transformações introduzidas ao longo dos anos;

-VIia Real de Santo Antônio é, entre todas as cidades encontradas e estudadas, o exemplo mais perfeito de uma cidade desenhada, pensada e construída segundo um projecto global. Criada como cidade-objecto, é o culminar do processo metodológico da Escola Portuguesa de Urbanismo tornan do-se num testemunho fundamental da época histórica mas também da cultura. É, ainda, a primeira fundação urbana conhecida, criada para desempenhar uma função económica específica -a salga de peixe.

É fundamentalmente a partir da experiência directa na elabo -ração deste Plano de Salvaguarda e da comparação com os vários métodos encontrados nas outras 3 cidades que se consegue esboçar uma metodologia explicitando o processo e as problemáticas a solucionar numa operação de salvaguarda da cidade desenhada. Metodologia esta que se pretendia que pudesse vir a servir de referência e estímulo a outros casos de Salvaguarda do Património Urbanístico.

Numa primeira fase a pesquisa histórica assume-se como essencial por possibilitar a correcta valorização do que se salvaguarda e o entendimento do projecto original. Para além de definir a importância e o valor da conservação dos teste-munhos que a cidade encerra, permite identificá-los, estud

á-los e documentá-los assegurando a sua permanência. O que se traduz na existência, por detrás ou em paralelo aos planos de salvaguarda, de obras publicadas alertando para a i m-portância do património que urge conservar, e desempenhando um importante papel na formação de toda a comunidade que habita ou utiliza estes núcleos, na maioria das vezes ignorando a sua importância na história do urbanismo. Por outro lado,

(RE)DESENHAR A CIDADE Sf\LVAGUARDA.

DESENHADA VILfl REAL DE ST' ANTÓNIO

a adesão e entendimento por parte dos cidadãos em todo o processo de salvaguarda facilita as actuações propostas. Além da análise e do estudo histórico, capaz de inserir e revelar o verdadeiro valor a salvaguardar torna-se também fundamental o levantamento de diagnóstico da situação existente.

Porque só a partir da intersecção do valor histórico com a actual situação é que se torna possível definir os princípios

e os conceitos de intervenção dentro das actuais políticas e filosofias de conservação do património a nível nacional e mundial. Podemos concluir que cada plano define os seus princípios, combinados entre o restauro do edificado e a reabilitação do núcleo fundacional, partindo necessariamente do estado de conservação do património aquando do início do processo de protecção assim como do grau de informação disponível sobre o plano original e a sua real construção. É este facto que determina as medidas de restituição do Plano de Richelieu apenas para as zonas mais próximas do original, deixando as restantes zonas sem medidas tão especificas.

Na cidade do Ferrol perante a falta de informação sobre a construção original optou-se por fixar uma imagem fruto das transformações do século XIX, impondo a galeria como o elemento de uniformização.

No caso do Plano de Pormenor de Salvaguarda de Vila Real de Santo António defende-se a clarificação da leitura do projecto original mas, perante a situação actual, torna-se necessária a criação de uma Zona de Intervenção Sensível

onde, com medidas mais impositivas, se torna exequível o controlo de todas as escalas e componentes do desenho dos edifícios validando a Ideia de cidade totalmente desenhada.

Verificou-se que todos o planos assentam no plano original, no cuidado de valorizar acima de tudo os pressupostos inicialmente projectados quanto ao edificado e à sua imagem, assim como à malha e à morfologia urbana, mas também à organização e à hierarquia funcional, social e simbólica. Mas em todos os processos e metodologias torna-se basilar a necessidade de o plano de salvaguarda se apresentar tão global quanto o projecto original, abarcando todas as escalas e todos os elementos urbanos.

A malha urbana assume-se como o mais claro testemunho do desígnio fundacional pelo que em nenhum dos casos estudados é possível alterar o traçado, a menos que seja

I l i

(5)

SALVAGUARDA. (RE)DESENHAR A CIDADE

VILA REAL DE SP ANTÓNIO DESENHADA

Em todos os processos e metodologias torna-se basilar

a necessidade de o plano de salvaguarda se apresentar

tão global quanto o projecto original, abarcando todas

as escalas e todos os elementos urbanos.

I l i

para repor o original já perdido ou mesmo nunca construído, em nome do testemunho e da coerência do plano inicial.

Como se verifica em Richelieu e em Vila Real de Santo

António, onde se propõe a abertura de ruas existentes no plano, ainda que, possivelmente, nunca tenham sido reali -zadas.

Em Vila Real de Santo António optou-se, ainda, por uma

clarificação da morfologia urbana original pela delineação

de uma zona envolvente com novas tipologias e densidade.

Mas podemos constatar que é exactamente ao nível da

Imagem do edificado que todos os planos apresentam as

medidas mais rígidas e complexas. Ferrol impõe no regula

-mento a utilização da galeria. Palmanova, curiosamente,

e apesar de o seu plano original não propor uma arquitectura

de programa, cria um sistema complexo capaz de garantir

a imagem e o ambiente pretendido. Richelieu impõe para

os edifícios da Grande Rue e das Praças uma imagem

exemplificada em alguns edifícios inalterados desde a sua

construção. Vila Real de Santo António impõe, pelas Peças

Desenhadas, uma imagem e uma composição de alçados,

reinterpretando a imagem original, para além de na Rua da

Princesa apresentar fichas de actuação individualizadas para

cada edifício, apontado as medidas especificas necessárias

para a correcção de cada um.

Para além destas medidas, justificou-se e defendeu-se a

criação de um Gabinete de Gestão para a execução do Plano.

E aqui devemos apontar o sucesso do gabinete de gestão

do plano de protecção da cidade de Ferrai que, concentrando

em si todas as fases dos projectos e todo o diálogo com a

população, assim como todo o financiamento, consegue

uma mais fácil adaptação e aplicação das propostas. Para

além de anualmente fazer a actualização e a gestão

estraté-gica dos objectivos do plano.

Richelieu, por outro lado, apresenta a figura do arquitecto

chefe responsável por todo o controlo e pela correcta aplicação

do plano, mas também pela necessária reavaliação dos seus

objectivos.

No caso de Palmanova, assiste-se a uma gestão municipal,

controlada e fixada por um rígido regulamento, uma

calen-darização e definição dos custos de todas as intervenções

apresentadas segundo o rigoroso sistema de composição

das fachadas.

Em Vila Real de Santo António apesar das medidas serem

apresentadas em peças desenhadas de definição do edificado

e fichas de intervenção, facilitando a sua aplicação, desde

o inicio que se defende a necessidade de se criar um gabinete

multidisciplinar capaz de assegurar a correcta implementação

e gestão do plano.

Deve ser também da sua responsabilidade, a definição e

execução de intervenções exemplares capazes de incentivar

e dinamizar as acções de salvaguarda, como a proposta de

Intervenção na Câmara Municipal de Vila Real de Santo

António.

Por fim não podemos deixar de focar a necessidade de todos

estes planos preverem a reorganização funcional da cidade.

Fundamentalmente porque esta é uma das características

das cidades desenhadas e que tem de ser preservada ou

reinterpretada, como verificámos no caso de Richelieu, pela

manutenção da hierarquia e da distinção funcional e simbólica

das duas praças.

E, no caso do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António, pela delimitação

da Zona de Intervenção Sensível, refuncionallzada pela

introdução de estruturas comerciais e de restauração numa

tentativa de revalorização do eixo fabril estruturante da cidade

original, hoje completamente degradado e abandonado.

Mesmo porque só através de uma estratégia geral de

reorganização da cidade se consegue resolver os estados

de degradação, o que passa pela vivificação dos núcleos,

por devolver a dignidade e as qualidades urbanas tornando

-os (novamente) em zonas atractivas.

Acima de tudo estes planos de salvaguarda derivam da

actual leitura do plano original e das suas transformações.

Daí que o titulo escolhido para a prova seja (re)desenhar a cidade desenhada, no sentido que mesmo sendo planos

apresentam um (re)desenho reinterpretando o modelo original

com base na realidade actual. Os planos de salvaguarda

encerram hoje a possibilidade essencial de continuar a

intervir e a garantir a vivência da cidade projectando a cidade

no tempo, num contínuo e selectivo reacerto de limites e

objectivos.

Trata-se de analisar e compreender a realidade física da

cidade, e propor a sua salvaguarda, a clarificação do que foi o seu propósito e designio inicial, obviamente não se limitando,

o plano, a propor um recuo no tempo mas antes uma reescrita

do plano original.

O melhor do seu testemunho que queremos prolongar para

(6)

(RE)DESENHAR A CIDADE SALVAGUARDA.

DESENHADA VILA REAL DE ST' ANTÓNIO

Palmanova

Rlchelleu

Ferrol

Vila Real de Santo António

Referências

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