• Nenhum resultado encontrado

Se um dia você conversar com um siciliano ou com alguém que. Sicília, che spettacolo! VINHOS ITÁLIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Se um dia você conversar com um siciliano ou com alguém que. Sicília, che spettacolo! VINHOS ITÁLIA"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

V I N H O S | I T Á L I A

Sicília,

che spettacolo!

Andréia Debon

Conheça os vinhos e a cultura

gastronômica dessa sedutora ilha italiana

localizada no Mar Mediterrâneo

S

e um dia você conversar com um siciliano ou com alguém que

teve a oportunidade de conhecer a Sicília, na Itália, e o questionar sobre a região, é muito provável que você receberá como resposta um suspiro de encantamento. Pelo menos comigo foi assim. Antes de viajar para lá já sabia que teria a oportunidade de desvendar outra Itália dentro da Itália. Que não iria encontrar o luxo, a imponência e a elegância do centro e norte do país, mas descobrir uma ilha de história, cultura, vinhos e gastronomia fantásticos, e registrar a beleza de um dos mares mais azuis do mundo! E foi isso que aconteceu. Durante uma semana, a reportagem da revista Bon Vivant viajou pela Sicília com o objetivo de conhecer os vinhos e o enoturismo, e pôde comprovar que a maior isola (ilha) italiana é um dos lugares superdesejados do Sul do país. Ao final, voltei com a sensação de que esse pedaço da Itália deve estar no roteiro e ser desvendado por todas as pessoas que curtem sol, mar, vinho e comida boa. Nessa reportagem especial, você conheçerá mais sobre esse terroir para vinhos e tópicos da gastronomia típica, além de circular pelos principais templos históricos. O convite para conhecermos a região foi feito pela Assovini Sicilia – a reportagem também participou de um evento chamado

Sicilia en Primeur, que reuniu cerca de 100 jornalistas do mundo inteiro, para

conhecer os vinhos da nova safra. E aí, vamos para a Sicília?

(2)

A Sicília é uma ilha, a maior do Me-diterrâneo, separada da Itália pelo Es-treito de Messina, e composta por nove províncias: Palermo (a capital), Catania, Siracusa, Agrigento e Taormina, muito conhecidas e procuradas pelos turistas, Caltanissetta, Enna, Messina, Ragusa e Trapani. Possui cerca de cinco milhões de habitantes, sendo que a capital possui 1,2 milhão, o que significa ser a quinta maior cidade italiana.

Com áreas montanhosas e aciden-tadas, os solos da região italiana são pobres e localizam-se em encostas com ótima incidência de raios solares. Já o clima apresenta-se com verões intensos e baixa quantidade de chuva, o que tor-na a região ideal para que as videiras al-cancem o ápice de sua qualidade. Com 103 mil hectares plantados de videiras, a Sicília é a maior fonte de vinhos de toda a Itália, com a impressionante produção de mais de 500 milhões de litros anu-ais. São 23 Denominação de Origem

Vinhos concentrados e potentes

Controlada (DOC), 1 Denominação

de Origem Controlada e Garantida (DOCG - Cerasuolo di Vittoria – vinho tinto) e 7 Indicação Geográfica Típica.

Os vinhos sicilianos têm se destacado mundo afora. E o que estamos assistindo é o renascimento de uma região que até poucos anos atrás era conhecida so-mente pela quantidade e não pela qua-lidade dos vinhos. A história e trajetória da bebida nessa parte extrema do Sul da

Itália são antigas, e para entendermos melhor é preciso voltar 3,5 mil anos no tempo e nos remetermos à época dos antigos gregos e à fundação das cidades de Siracusa e Agrigento. Foi nessa época que os colonos se instalaram na costa, trazendo suas vinhas e as plantando jun-to a outras espécies nativas. Nascia ali a história dos primeiros vinhos italianos. Na Sicília, o terroir propenso tem apre-sentado ao mercado vinhos intensos,

Variedades brancas se destacam pela mineralidade e excelência Fo tos Asso vini/divulGAção

(3)

A uva Nero d’Avola, também conhecida como Calabrese, é a mais importante tinta da Sicília. Nativa da Itália, a fruta apresenta elevados níveis de taninos e acentuada acidez, acompanhados de aromas intensos que fazem da casta uma variedade

interessante e intrigante. Os vinhos Nero D’Avola têm teor alcoólico que varia entre 13,5 e 14,5%. É mais utilizada em cortes junto a Cabernet Sauvignon, Frappato, Merlot e Syrah, mas também há vinícolas que elaboram varietal.

concentrados e com explosão de fruta. Na parte oriental da ilha concentra-se a produ-ção dos tintos, com destaque para a região do imponente Vulcão Etna e suas constantes erupções. É na região do entorno do Etna que atualmente estão plantadas, a mais de três mil metros de altitude, algumas das melhores vinhas da Itália. Na parte ocidental, nos entornos de Palermo, além da província de Trapani e Agrigento, dominam os vinhos brancos.

A exemplo de outras regiões italianas, como a Campania (veja reportagem es-pecial na edição 170), a Sicília também se destaca pela quantidade e variedade de cepas nativas.

A Nero d’Avola, que origina um dos tintos mais famosos e conhecidos do Sul da Itália, reina entre as tintas, originando vinhos com aromas intensos, que podem ser elaborados como varietais ou em cortes, o que normalmente acontece. Há outras tintas de destaque, como a delicada Nerello Mascalese, da qual provêm vinhos leves e muito saborosos, e Capuccio e Frappato. Nas brancas indígenas, os vinhos de maior potencial e personalidade são elaborados com Catarrato, Inzolia, Grillo e Carricante.

Já entre as variedades internacionais, des-taque para a Shyrah e Cabernet Sauvignon, entre as tintas, sem tirar o mérito da Char-donnay, entre as brancas.

Sobre a Nero d’Avola

V I N H O S | I T Á L I A | S I C Í L I A

Andréi

A

d

(4)

Há espaço também para os vinhos mais tradicio-nais, como o típico Marsala, um dos produtos mais conhecidos mundo afora e que reporta à Sicília. Ela-borado na cidade com o mesmo nome, na província de Trapani, o vinho é parecido com o vinho do Porto e apresentado nas versões meio seco e doce. A primeira vinícola a elaborar o Marsala na Itália foi a Cantina Flório, em 1833. Porém, o vinho já era conhecido desde 1773, quando o comerciante inglês John Woodhouse visitou o porto de Marsala e degustou o vinho local. Gostou tanto que quis levar algumas barricas para casa, no navio. Para enfrentar a longa viagem de navio, foi adicionada aguardente de uva. Nascia ali o Marsala. O vinho é elaborado com as uvas Grillo, Catarratto e Inzolia.

A cidade de Marsala também possui uma impor-tância significativa para a história da Itália, pois foi ali que Giuseppe Garibaldi e os Camisas Vermelhas desembarcaram em 11 de maio de 1860, dando iní-cio ao processo de Unificação da Itália, que até então era dividida em diversos reinos. E a comemoração aconteceu com um brinde de Marsala.

Tradicionais e

com personalidade

Stefano Caruso e a filha Giovanna estão à frente do projeto da vinícola Caruso e Minini, localizada em Marsala. Dos vinhedos são colhidas as uvas Grillo, Catarrato, Inzolia, Nero d’avola e Perricone, além das internacionais Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Syrah e Merlot. Os vinhos da Caruso e Minini podem ser encontrados no Brasil no site www.evino.com.br.

A Cantina Flório, que faz parte de um grande grupo chamado Duca di Salaparuta (os vinhos são impor-tados pela Interfood), é uma das mais importantes e históricas vinícolas que elaboram o vinho Marsala. Foi fundada em 1832 por Vincenzo Florio. Na vinícola é possível fazer um trajeto enoturístico e conhecer toda a história desse vinho tão importante para a Sicília. Na foto, Benedeta Poretti, uma das responsáveis pela comunicação da empresa.

(5)

Se a Sicília é um dos destinos mais incríveis do Sul da Itália, com a natureza dotando-a de uma costa privile-giada, outra ilha que pertence a esse território faz dessa região um paraíso de beleza natural incomparável. É Pantelleria, um lugar mágico, um pequeno pedaço de terra que fica mais próximo da Tunísia do que da Itália. Com ventos intensos, principalmente no verão, – Pan-telleria significa “a filha dos ventos” - e cercada pelo mar, a ilha possui alma selvagem, com a qual o homem está sabendo lidar muito bem. Desse encontro nasce o vinho passito, que não é somente um vinho, mas um bem precioso e um guia para descobrir os mistérios desse lugarejo anteriormente conquistado e habitado por árabes.

Há duas formas de se chegar a Pantelleria: com um barco, cuja viagem dura cerca de duas horas e meia, ou de avião, 40 minutos, voos diárias. Ambas as saídas são de Trapani. Já na ilha, para quem deseja se hospedar e ficar mais de um dia, as opções vão desde a locação das ‘dammusi’ – casas arredondadas, feitas com pedras de lava vulcânica e teto de gesso, ou hotéis e pousadas

de luxo – lembrando que a ilha é frequentada por mui-tos famosos, entre eles o estilista Giorgio Armani, que possui uma casa à beira do mar Mediterrâneo. São sete mil habitantes – chegaram a habitar a ilha em torno de 20 mil pessoas logo após a Segunda Guerra Mundial. A economia local gira em torno do turismo e do vinho passito.

Pantelleria é bela num todo, mas é a riqueza dos de-talhes que encanta. Plantinhas de alcaparras crescem entre os muros de pedra, oliveiras circundam os belos jardins pantescos, temperos, como o alecrim, nascem em qualquer cantinho, perfumando o ar. Mas são as peque-ninas vinhas que desenham e completam a paisagem, formando uma áurea harmônica entre a paisagem, os pequenos vilarejos e o azul do Mediterrâneo. Plantadas em terraços pelo sistema ‘alberello’, elas permanecem baixas e seus galhos crescem para os lados. Isso para proteger as plantas do vento – o sistema também é aplicado às oliveiras. O cultivo, denominado como ‘extremo’, é feito sem o uso de qualquer máquina, o que torna o processo delicado, trabalhoso e longo. Por

Pantelleria, uma ilha mágica e fascinante

Fábio G Ambin A/ d ivul GA ção

(6)

causa disso, os tratos culturais chegam a demorar semanas a mais do que em outras localidades. Pelas dificuldades em trabalhar com a vinha nesse siste-ma, a Unesco declarou, em 2014, a prática como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Em maio desse ano um incêndio de grandes proporções atingiu a ilha e destruiu 600 hectares, muitos desses de vinhedos.

A variedade plantada na ilha chama--se Zibbilo (Moscato de Alexandria). É com ela que se elaboram os vinhos doces: Moscato di Pantelleria DOC e o Passito di Pantelleria DOC. Para se obter o passito, as uvas passam por um processo de secagem, permanecendo uma semana, ou mais, dependendo do estilo que se quer do vinho, secando sob o sol e o vento – na ilha sente-se muito as ondas extremas de calor que vem da África. Há também outros estilos de vinhos elaborados pelos vitivinicultores, como Pantelleria Moscato Espumante, Pantelleria Moscato Liquoroso e Pantel-leria Frizzante.

Uma das principais vinícolas que produzem o Passito di Panteleria chama--se Donnafugata. Fundada em 2006 – a família Rallo possui outra vinícola na cidade de Marsala - possui 68

AndréiA debon

Dependendo do local de implantação do vinhedo é necessário um sistema de proteção ás vinhas

(7)

hectares de vinhedo em diferentes microterroirs da ilha. Seu proprietário, Giacomo Rallo (falecido poucos dias após a visita da nossa reportagem – leia mais na página 37) foi um dos pioneiros na retomada da vitivinicultura na ilha – a quantidade de hectares em produção hoje varia entre 600 a 800. Mas chegaram a seis mil hectares no Século 10. Portanto, atualmente, apenas 20% da área total está em produtividade. A baixa drástica no cultivo agrícola se deu ao longo dos anos pelas dificulda-des de produção e pelos altos custos. Atualmente, o Passito Donnafugata, denominado Ben Rye (filho dos ventos), é um dos mais conhecidos do mundo e leva o nome desse

peque-no pedaço do paraíso e da própria Itália para o mun-do. Para cada 100 litros de mosto, adiciona-se em torno de 70 quilos de uvas passas. É um dos métodos de elaboração de vinho mais antigo. Depois que o líquido fermenta, o vinho permanece em tanques de inox de seis a sete meses e em garrafa por um ano. O vinho Ben Rye e os demais produtos Donnafugata são importados para o Brasil pela World Wine.

Passito Donnafugata, denominado Ben Rye, é um dos mais conhecidos do mundo

divulGAção Graõs são retirados manualmente

Para se obter o passito, as uvas passam por um processo de secagem, permanecendo uma semana, ou mais, dependendo do estilo que se quer do vinho.

Moradias com centenas de anos ainda intactas em meio aos vinhedos Altura das vinhas dificulta colheita. Trabalho é todo manual

(8)

Homenagem

Um dos grandes nomes do vinho italiano, Giacomo Rallo (foto ao lado) fundador da Vinícola Donnafugata, faleceu alguns dias depois de receber a reportagem da revista Bon Vivant em sua propriedade, em Pantelleria. Rallo nos acompanhou pela propriedade, apresentando a história da ilha, seus vinhedos e seu vinho. Fica aqui o nosso agradecimento por todo o conhecimento repassado aos leitores da revista.

Giulia Pazienza Gel-metti é proprietária da Tenute Coste Ghirlanda, uma das mais novas vinícolas de Pantelleria. Ex-atleta da seleção italiana de basquete, ela conheceu a ilha em 2001 e sentiu no local uma energia tão boa que decidiu investir. Além dos vinhos, ela investe no cultivo de al-caparras e em breve irá inaugurar o Sikelia Ho-tel Boutique, um cinco estrelas dentro de sua propriedade. A Coste Ghirlanda procura um importador no Brasil.

tenute Coste GHirlAndA/divulGAção

(9)

A culinária da Sicília é um mosaico colorido, que mescla cores, aromas e sabores. Uma riqueza gastronômica, fruto da colonização por diferentes povos. Por ser uma ilha, os frutos do mar são destaque ao lado das massas

A culinária

da Sicília

e legumes. Como as terras vulcânicas são fertilíssimas, se produz laranjas e limões saborosíssimos, alcaparras e azeites fabulosos. Famosos também são os pratos à base de sardinhas, pescadas em abundância na extensa costa siciliana, como o sarde al vino bianco (sardinhas ao vinho branco). Ao lado dos peixes e frutos do mar, o siciliano é um mestre no preparo de antepastos que são feitos com uma enorme variedade de legumes, sendo os principais o pimentão, a berinjela, a abobrinha e o tomate. A caponata é a melhor do mundo. As carnes mais comuns são as de porco e coelho. Já entre as so-bremesas, o canoli é típico. O prato curioso é o gelato

(10)

Vale dos Templos

Conjunto arqueológico situado perto de Agrigento, no sul da Sicília. Agrigento começou a ser construída a partir do ano 580 a. C., no território antes conhecido como Magna Gré-cia. Todos os templos do vale foram construídos depois dessa data. A ‘zona arqueológica de Agrigento’ foi conside-rada Património da Humanidade pela Unesco em 1998 e é um dos principais destinos turísticos da ilha.

Dicas do que conhecer na Sicília

Palermo

Grande e caótica, Palermo deve ser inserida na viagem para a Sicília, afinal, na capital é possível encontrar, além de belos monumentos e palácios, mercados com tudo o que você possa imaginar sobre a cultura local, além de gastronomia para todos os gostos e bolsos. Sobre igreja: não deixe de conhecer a Capela Palatina e seus lindos mosaicos.

Taormina

É o mais famoso centro turístico da Sicília, perfeito para se familiarizar com o povo, a culinária e a cultura siciliana.

Segesta

Aqui encontram-se alguns dos templos helénicos mais importantes do mundo devido ao seu ótimo estado de conserva-ção, além de um teatro com capacidade para três mil pessoas também muito bem conservado.

Catania

É a cidade mais ligada ao Etna e muitas das suas construções foram feitas com a lava negra do vulcão. Possui localização privilegiada para se explorar a região, já que está localizada entre duas cidades bem turísticas, e lindas: Taormina e Siracusa, Para quem se dispõe a procurar, a cidade apresenta atrativos tipicamente sicilianos, como restaurantes especializados em pei-xes e frutos do mar.

Vulcão Etna

É o mais alto da Europa e um dos mais altos do mundo, mas a sua altura pode variar devido às frequentes erupções – é um dos mais ativos vulcões da Terra e está praticamente em constante erupção. Normalmente, as erupções não oferecem grandes riscos à população, que vive nas localidades próximas.

Scala dei Turchi

A Scala dei Turchi é um dos lugares mais intrigantes da Sicília, uma pai-sagem única. É uma grande falésia, formada por uma rocha composta de calcário e argila e que parece feita de gesso. Mesmo nos dias mais quentes, a pedra continua fria e dá para caminhar. A água do mar, no entanto, é fria. A Scala dei Turchi fica a 13 quilômetros de Agrigento.

Referências

Documentos relacionados

A avaliação do comportamento das infecções hospitalares através do tempo permite a identificação de surtos, por meio da curva endêmica de infecção hospitalar na unidade de

Condensação pode ocorrer quando um reservatório contendo um vapor tem sua parede resfriada, como ilustrado na Figura 5.1, na qual também são ilustrados os perfis de velocidade e

15.6 - Os pedidos de esclarecimentos referentes a este processo licitatório deverão ser enviados ao pregoeiro, até três dias úteis anteriores à data fixada para abertura da

A norma IEEE para ponto utuante binário e aritmética foi publicada em 1985, sendo denominada ocialmente como ANSI/IEEE Std 754-1985.. Em 1989, ela recebeu reconhecimento

Um dos sistemas de aquecimento de fluidos mais utilizados na indústria é o trocador de calor, inclusive na indústria petroquímica, como é o caso do LAMP, um sistema com

O Reitor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) torna público pelo presente Edital, de acordo com as disposições legais em vigor, o início do período de manifestação de

A pesquisa que realizou dentro e fora da escola desagrega e analisa as dife- rentes questões da política parental: categorização dos pais por políticas e profissões, racionalidade

A comunicação desenvolve o tema de aplicação do conceito gestão do risco precisamente ao risco de gestão dos recursos hídricos, focando os processos de decisão e de