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Atividade física e bem-estar em adultos do município de Campinas - SP : estudo de base populacional ISAcamp 2014/15

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

MATHEUS HENRIQUE DOS SANTOS

ATIVIDADE FÍSICA E BEM-ESTAR EM ADULTOS DO MUNICÍPIO DE

CAMPINAS - SP. ESTUDO DE BASE POPULACIONAL ISACamp

2014/15

CAMPINAS

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

MATHEUS HENRIQUE DOS SANTOS

ATIVIDADE FÍSICA E BEM-ESTAR EM ADULTOS DO MUNICÍPIO DE

CAMPINAS - SP. ESTUDO DE BASE POPULACIONAL ISACamp

2014/15

Dissertação de mestrado apresentado à Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre do programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, política e gestão (área de concentração: Epidemiologia).

ORIENTADORA: Profa. Dra. Margareth Guimarães Lima

CAMPINAS

2017

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Santos, Matheus Henrique dos,

Sa59a SanAtividade física e bem-estar em adultos do município de Campinas - SP : estudo de base populacional ISAcamp 2014/15 / Matheus Henrique dos Santos. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

SanOrientador: Margareth Guimarães Lima.

SanDissertação (mestrado profissional) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.

San1. Atividade física. 2. Bem-estar. 3. Transtornos mentais. 4. Inquéritos demográficos. I. Lima, Margareth Guimarães,1968-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Physical activity and well-being in adults of Campinas - SP : population-based study ISAcamp 2014/15

Palavras-chave em inglês: Physical activity

Well-being Mental disorders Population surveys

Área de concentração: Epidemiologia

Titulação: Mestre em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde Banca examinadora:

Margareth Guimarães Lima [Orientador] Aparecida Mari Iguti

Priscila Missaki Nakamura Data de defesa: 20-02-2017

Programa de Pós-Graduação: Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde

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ORIENTADORA: MARGARETH GUIMARÃES LIMA

MEMBROS:

1. PROF. DRA. MARGARETH GUIMARÃES LIMA

2. PROF. DRA. APARECIDA MARI IGUTI

3. PROF. DRA. PRISCILA MISSAKI NAKAMURA

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO PROFISSIONAL

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DEDICATÓRIA

Dedico essas páginas à minha Avó Natalina e ao meu Avô Simão, são eternas a

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AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais que nunca medem esforços para apoiar, ajudar, dar carinho e

palavras de apoio sempre que precisamos. Amo vocês!

À Prof. Dra. Margareth Guimarães Lima, minha orientadora, agradeço especialmente

pela concretização deste trabalho. Obrigado por acreditar que eu era capaz, pelo

respeito, apoio e ensinamentos nesta etapa da minha vida.

À Prof. Marilisa Berti de Azevedo Barros, por ter me aceitado na disciplina de tópicos

avançados em Epidemiologia lá em 2014 e posteriormente no programa de

Mestrado em Saúde Coletiva, serei eternamente grato.

Aos meus amigos da Turma do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, Política e

Gestão em Saúde. Obrigado pelos bons momentos que passamos nesse período e

por tudo o que aprendi com vocês.

À minha amiga Milena Serenini, pelo incentivo e encorajamento para começar essa “aventura”.

Ao casal de amigos Damiana e Diego por me receberem tão bem e me fazer sentir

em casa em Campinas. Sem a ajuda de vocês teria sido tudo mais difícil.

À minha esposa Patricia pelo apoio e paciência.

À minha querida filha Maria Luisa pela compreensão e parceria nos estudos.

Aos meus irmãos Lucas e Felipe (Tchelé) por sempre estarem presentes quando eu

precisei.

A todos os meus professores do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, Política e

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Aos amigos do NASF Centro-Oeste de Poços de caldas pela parceria, por estarem

sempre dispostos a ajudar e por serem os melhores companheiros, sem dúvida.

A todos aqueles que me ajudaram direta ou indiretamente, de perto ou de longe,

(8)

“Nós não somos o que

gostaríamos de ser.

Nós não somos o que ainda

iremos ser.

Mas, graças a Deus,

Não somos mais quem nós

éramos.”

(9)

RESUMO

INTRODUÇÃO: A prática regular de atividades físicas pode promover diversas mudanças na saúde das pessoas, mas a atividade física não é somente aquela realizada no lazer. As atividades físicas no deslocamento, domésticas e no trabalho, também podem ter sua importância na saúde das pessoas. OBJETIVO: Analisar a associação entre atividade física nos domínios de trabalho, deslocamento, doméstico e lazer com condições demográficas, socioeconômicas, com a presença de transtorno mental comum (TMC) e com o bem-estar na população adulta de Campinas. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal de base populacional que analisou dados de indivíduos adultos, não institucionalizados e com idade de 20 a 59 anos, entrevistados no Inquérito ISACamp 2014/15. As variáveis dependentes do estudo foram os quatro domínios de atividade física (doméstico, deslocamento, ocupacional e de lazer) avaliadas por meio do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ, versão longa) e categorizadas em duas classificações: inativo e ativo mais insuficientemente ativo. Foram estimadas as prevalências das variáveis dependentes do estudo segundo variáveis independentes: condições demográficas, socioeconômicas, doenças crônicas, TMC, sentimento de felicidade nas últimas quatro semanas, satisfação com a vida, relato de solidão. Foram testadas as diferenças por meio do teste qui-quadrado, utilizando o programa de análise de dados STATA (versão 14). Também foram estimadas as razões de prevalências e intervalos de confiança por meio de regressão de Poisson, simples e múltipla. Os ajustes foram feitos utilizando as variáveis: sexo, idade, escolaridade, número de doenças crônicas e problemas de saúde. RESULTADOS: A pesquisa analisou os dados de 1013 adultos entre 20 e 59 anos. As prevalências de indivíduos ativos mais insuficientemente ativos nos quatro domínios de atividade física foram: no trabalho, 15,4%; no deslocamento, 52,4%; no doméstico, 43,34% e no lazer, 40,47%. Os homens foram mais ativos no domínio ocupacional (RP=2,77) e menos ativos no domínio doméstico (RP=0,60). As pessoas com idade entre 50 e 59 anos foram mais ativas no domínio doméstico (RP=1,72) e menos ativas no lazer (RP=0,72). Indivíduos de pele branca foram menos ativos no domínio doméstico (RP=0,79) e mais ativos no lazer ( RP=1,49); as pessoas que nunca se casaram foram menos ativas no domínio ocupacional (RP=0,61) e também no domínio doméstico (RP=0,76) e mais ativas no lazer (RP=1,46). Aqueles indivíduos que

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vieram de outro estado foram mais ativos no domínio doméstico (RP=1,28). As pessoas com 9 anos ou mais de escolaridade foram significativamente mais ativas no lazer (RP=3,13), os participantes que declararam possuir renda superior a três salários mínimos foram menos ativos no domínio doméstico (RP=0,66) e mais ativos no lazer (RP=1,90), as pessoas que vivem com seis ou mais pessoas no domicílio foram menos ativas no lazer (RP=0,47) assim com as pessoas que têm quatro ou mais filhos (RP=0,37), os participantes que possuem plano privado de saúde foram menos ativos nos domínios ocupacional (RP=0,62) e doméstico (RP=0,80) e mais ativos no lazer (RP=1,71). A menor prevalência de atividade física doméstica foi observada em ambos os indivíduos que se sentem felizes por menor tempo (RP=0,64) e que relatam solidão (RP=0,69). A prevalência de atividade física no deslocamento também foi menor naqueles que relataram solidão (RP=0,73).

CONCLUSÃO: O estudo aponta que o domínio de deslocamento se associou à menor solidão, assim como a atividade física doméstica, que também esteve associada ao maior sentimento de felicidade. Poucos estudos avaliaram diretamente essas associações, e esse estudo pode colaborar com um maior entendimento do tema.

Palavras chave: Atividade Física. Transtornos mentais. Bem-estar. Inquéritos de saúde.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: The regular practice of physical activities can promote many changes in the people health, but physical activity is not only performed in leisure time. Physical activities, both household and at work, also is important in people's health. OBJECTIVE: To analyze the association between physical activity in the domains of work, transportation, domestic and leisure time, with demographic, socioeconomic conditions, common mental disorder (CMD) and well-being in the adult population of Campinas. MATERIALS AND METHODS: This was a cross-sectional population-based study that analyzed data from non-institutionalized adults aged 20-59 years, interviewed in the ISACamp 2014/15 health survey. The dependent variables of the study were the four domains of physical activity (household, transportation, occupational and leisure time) evaluated with the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ, long version) and categorized into two classifications: inactive and active more insufficiently active. The prevalence of dependent variables was estimated according to independent variables: demographic, socioeconomic conditions, chronic diseases, TMC, feeling of happiness in the last four weeks, loneliness and life satisfaction. Differences were tested by the chi-square test, using the STATA data analysis program (version 14). Prevalence ratios and confidence intervals were also estimated using simple and multiple Poisson regression. The analysis were adjusted by sex, age, schooling, number of chronic diseases and health problems. RESULTS: The study analyzed the data of 1013 adults (20 to 59 years old). The prevalence of actives and insufficiently actives individuals in the four domains of physical activity were: at work, 15.4%; transportation, 52.4%; In domestic, 43.34%; in leisure time, 40.47%. Males were more active in the occupational domain (PR = 2.77) and less active in the domestic domain (PR = 0.60). People aged 50-59 years were more active in the domestic domain (PR = 1.72) and less active at leisure time (PR = 0.72). According to skin collor, white individuals were less active in the domestic domain (PR = 0.79) and more active in leisure time (PR = 1.49); people who never married were less active in the occupational domain (PR = 0.61), domestic domain (PR = 0.76) and more active in leisure time (PR = 1.46). Those individuals who came from another state were more active in the household domain (PR = 1.28); people with 9 years or more of schooling were significantly more active at leisure time (PR = 3.13); participants who

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reported income above three minimum wages were less active in the household (RP = 0.66) and more active leisure time domains (PR = 1.90). People living with six or more people at home were less active at leisure time (PR = 0.47), as well people who had four or more children (PR = 0.37). Participants who had a private health plan were less active in the occupational (RP = 0.62) and domestic domains (PR = 0.80); and more active in leisure time (RP = 1.71). The lowest prevalence of household physical activity was found in both, who feel happy for a small part of the time or never (RP=0,64), and who reported loneliness (RP=0,69). The prevalence of transportation physical activity was also lower in those with loneliness report (RP=0,73). CONCLUSION: The study pointed out that the transportation domain were associated with less loneliness, as well as household physical activity, which also associated with greater happiness. Few studies have directly evaluated these associations, and this study may contribute to a better understanding of the topic. Keywords: Physical Activity. Mental Disorders. Welfare. Health survey.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AF – ATIVIDADE FÍSICA

CCAS – CENTRO COLABORADOR DE ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE DCNT- DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS DP – DESVIO PADRÃO

ESF- ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA ESV – ESCALA DE SATISFAÇÃO COM A VIDA

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA

INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER

IPAQ – INTERNATIONAL QUESTIONNAIRE PHYSICAL

ACTIVITY

ISACAMP – INQUÉRITO DE SAÚDE DE CAMPINAS NASF – NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ONU- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

OPAS- ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICA DE SAÚDE

PAC – PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO

PENSE – PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE ESCOLAR

PNAD – PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS

PNPS- POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO À SAÚDE SMS – SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

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SRQ-20 – SELF REPORTING QUESTIONNAIRE 20 SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

TMC – TRANSTORNO MENTAL COMUM UBS – UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

VIGITEL - VIGILÂNCIA DE FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS POR INQUÉRITO TELEFÔNICO

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Prevalência de atividade física, nos quatro domínios, segundo fatores demográficos e socioeconômicos na população adulta de Campinas, SP. ISACamp 2014/15

TABELA 2 - Razões de prevalências ajustadas, por sexo e idade, e IC 95%, dos domínios de atividade física segundo variáveis demográficas e socioeconômicas.

TABELA 3 - Prevalência de atividade física (ativos e insuficientemente ativos) segundo TMC (SRQ-20), satisfação com a vida e sentimento de solidãona população adulta de Campinas. ISACamp 2014/15

TABELA 4 - Prevalência de atividade física (ativos e insuficientemente ativos) segundo sentimento de felicidade na população adulta de Campinas. ISACamp 2014/15

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SUMÁRIO NECE SSÁRI O Apresentação...18 1. Revisão de literatura...19 1.1. Atividade Física...19

1.1.1. Atividade física na população brasileira...21

1.1.2. Domínios ou tipos de atividade física...23

1.1.3. Atividade Física de Lazer...24

1.1.4. Atividade física de deslocamento...26

1.1.5. Atividade física doméstica...28

1.1.6. Atividade física ocupacional/laboral...29

1.1.7. Atividade física e saúde...31

1.2. Bem-Estar...36

1.2.1. Satisfação com a vida...37

1.2.2. Sentimento de Felicidade...38

1.2.3. Sentimento de Solidão...39

1.2.4. Transtorno mental comum (TMC)...40

2. Justificativa...41 3. Objetivos...42 3.1 Geral...42 3.2. Específicos...43 4. Material e Métodos...43 4.1. Local de estudo...43 4.2. Tipo de estudo...43 4.3. Processo amostral...44 4.4. Variáveis da pesquisa...45 4.4.1. Variáveis dependentes...45 4.4.2. Variáveis independentes...46 4.5. Análise de dados...48 4.6. Procedimentos éticos...48

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5. Resultados...48

6. Discussão...56

7. Conclusões e direcionamentos...62

8. Referências bibliográficas...63

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APRESENTAÇÃO

O esporte sempre foi uma paixão de família, e a experiência como atleta juvenil de futebol trouxe uma enorme curiosidade em conhecer mais profundamente a ciência por traz dos treinamentos, daí a escolha pela Educação Física.

A Educação Física desde que estabelecida e reconhecida como profissão, transita ainda hoje entre a área da saúde e da educação. Porém, depois de criado, em 1994, o Programa Saúde da Família, hoje conhecido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), com o objetivo de estar mais perto das populações através de abordagem preventiva, em 2008 o Ministério da Saúde decide ampliar ainda mais essa abrangência da ESF criando os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Por meio dos NASF foram incorporadas profissões que antes não faziam parte da ESF buscando atender melhor à diversidade da população e dos municípios. Dentro das possibilidades de profissões dentro do NASF, o Ministério da Saúde dá aos gestores municiais a possibilidade de contratar Profissionais de Educação Física (BRASIL 2008; Malta, 2009; Benedetti 2012; Souza e Loch, 2010).

Em 2011 então começo a trabalhar como Profissional de Educação Física do NASF centro-oeste da cidade de Poços de Caldas – MG. A rotina de trabalho na área da saúde é interessante e desafiadora, além de ser uma excelente oportunidade para o compartilhamento de saberes, já que o trabalho é multiprofissional. O profissional de Educação Física do NASF, em minha opinião, deve ter a sensibilidade de olhar o sujeito como um todo, e não somente como mais um aluno dentro de uma academia de ginástica. A convivência entre os pacientes dentro dos grupos de atividade física é de grande importância, principalmente nos adultos mais velhos, que vivem sozinhos, talvez pelo fato de estarem convivendo e socializando com outras pessoas possa trazer benefícios, além daqueles fisiológicos obtidos pela atividade física.

A orientação do profissional de educação física, dentro das unidades básicas de saúde (UBS), em consultas individuais, compartilhadas e palestras em grupo são desafios para os profissionais de educação física. Nas UBS aparecem pacientes relatando falta de tempo e pouca condição financeira para praticarem atividades físicas, uma boa orientação sobre o que é atividade física e como pode ser praticada tanto em casa, no trabalho, nos deslocamentos e no tempo livre pode fazer grande diferença na saúde dos seus participantes (Reiner et; al., 2013).

(19)

Todo esse processo de trabalho, essa interação com as outras profissões da área da saúde e o interesse em melhorar o serviço, além de ampliar os conhecimentos sobre a saúde coletiva, criaram o interesse no tema dessa pesquisa e nos direcionamentos que podem surgir.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1. Atividade Física

Ao abordar a atividade física, alguns conceitos podem se confundir e serão explicitados aqui. Atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido em consequência da contração muscular que resulte em gasto calórico. O exercício físico se trata de uma subcategoria da atividade física, que é planejada, estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física. A aptidão física é considerada uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como por exemplo: potência aeróbica, resistência muscular, força muscular, composição corporal, agilidade e flexibilidade (Garber et. al., 2011).

A atividade física faz parte de um estilo de vida saudável, passível de mudança, ou seja, é possível que se torne ativo um sujeito inativo, e capaz de modificar e melhorar a saúde. Diferentes tipos de atividade física podem promover benefícios distintos para a saúde do indivíduo (Powell et al., 2010), ocorrendo uma redução na curva de risco para uma grande quantidade de doenças e agravos (WHO 2013). A maioria dos estudos sobre os benefícios da atividade física na melhora da saúde tem o objetivo de analisar os efeitos da atividade física realizada em altas intensidades, que são as atividades esportivas e de lazer como os esportes coletivos, individuais, corrida, bicicleta, atividades de academia (Alves et. al., 2005; Miranda et. al., 2011). No entanto, a tendência tem sido a de se estudar a atividade física realizada também em intensidade crescente, iniciando a mensuração de benefícios para a saúde e bem estar a partir de zero atividade física (WHO 2012; Powell et. al., 2010).

De acordo com as mais recentes investigações sobre a prática de atividades físicas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda atividade física moderada por pelo menos 150 minutos ou 75 minutos de atividades físicas vigorosas, ambos por semana, para benefícios para a saúde (WHO, 2010), e que

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estas práticas podem ser realizadas em diferentes domínios, que serão abordados abaixo: atividade física no lazer, no transporte, doméstica e no trabalho (Florindo e Hallal, 2011; EUROHIS, 2003).

1.1.1. Atividade Física na população brasileira

Em 2003 foi realizado o primeiro inquérito domiciliar sobre comportamento de risco e morbidade referida de agravos não transmissíveis, pelo Instituto Nacional do Câncer, o INCA, que constituiu no Brasil a linha de base no monitoramento dos principais fatores de risco. Em 2006 foi implantado o VIGITEL, um inquérito por telefone que com 54 mil entrevistas anuais, que busca investigar a prevalência de fatores de risco e de proteção para doenças crônicas e morbidade referida em adultos (≥18 anos) residentes em domicílios com linha fixa de telefone nas capitais do Brasil (BRASIL, 2011). Os inquéritos domiciliares são de fundamental importância para traçar um perfil da população em relação a doenças, agravos e hábitos de vida, incluindo a prática de atividades físicas (Malta et. al., 2008).

A prática de no mínimo trinta minutos de atividade física pelo menos cinco dias por semana entre os adultos residentes das capitais do Brasil, foi de 14,8% em 2006 e 14,9% em 2010. Os homens, pessoas jovens e de maior escolaridade são os mais ativos. Em 2010, 14,2% dos adultos foram considerados inativos e 28,2% relataram assistir a três ou mais horas de televisão por dia (BRASIL, 2011).

Estudo realizado nas capitais do sul do Brasil entre 2006 e 2013 (Rech et. al. 2015), objetivou avaliar as tendências de atividade física no lazer, no deslocamento, inatividade física e comportamento sedentário (assistir TV) em adultos (acima de 18 anos). Os resultados mostraram que a prevalência de ativos no lazer passou de 32,6% no ano de 2009 para 38,3% em 2013 (p>0,05). A variação de ativos no deslocamento foi estável entre 2009 e 2011, mas declinou de 16,4% para 11%, entre 2011 e 2013 (p>0,01). A proporção de inativos foi de 12,1% em 2006 e de 13,7% em 2013.

Com dados do VIGITEL de 2014, observa-se que a frequência de adultos que realizam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana variou entre 30,4% em São Paulo e 47,1% em Florianópolis. Entre homens, as maiores frequências foram encontradas em Florianópolis (52,3%), Rio Branco (51,0%) e Vitoria (48,9%) e as menores em São Paulo (35,1%), Maceió (38,4%) e Recife (41,1%). Entre mulheres, as maiores frequências foram observadas em Florianópolis

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(42,4%), Boa Vista (37,3%) e Belo Horizonte (36,4%); as menores em Recife (23,9%), Salvador (24,2%) e Manaus (24,6%).

Estudo de base populacional realizado em duas edições do inquérito de saúde de São Paulo, o ISA-Capital, em 2003 e 2008 por Nunes et. al. (2015) com o objetivo de analisar a prevalência de atividade física em diferentes domínios e sua relação com a escolaridade em adultos verificou que, para o sexo masculino houve aumento na proporção dos que praticam pelo menos 150 minutos de atividade física. Os homens também apresentaram resultados significativamente maiores no domínio transporte neste período, assim como aumento expressivo do número de insuficientemente ativos. Entre as mulheres, houve aumento na atividade realizada no trabalho, nos dois anos, houve maior proporção de homens que praticavam atividade física no lazer e no trabalho, quando comparados com as mulheres, porém, as mulheres faziam mais atividades domésticas.

Em estudo realizado em Campinas SP, por Souza et. al. (2014) buscando estimar a prevalência de inatividade física total e em seus quatro domínios e investigar fatores associados em adultos, na análise separada por domínio, o estudo verificou no domínio ocupacional a maior prevalência de inativos fisicamente em mulheres, em pessoas sem cônjuge, com maior nível de escolaridade e renda e nos que referiram ter computador no domicílio. No domínio de AF doméstica, os homens e indivíduos mais jovens mostraram maior prevalência de inatividade física. Pessoas sem parceiros e com maior nível de escolaridade e renda eram menos ativas nesse domínio. No domínio de AF de deslocamento, pessoas com 30 ou mais anos de idade, com escolaridade superior a 9 anos de estudo, e com renda familiar per capita acima de 3 salários mínimos e com computador no domicílio apresentaram maiores níveis de inatividade física. No domínio do lazer, observou-se associação significativa com todas as variáveis analisadas. Mulheres, pessoas com 30 ou mais anos de idade e aquelas que viviam com 5 ou mais moradores no domicílio apresentaram maiores níveis de inatividade física no lazer, enquanto pessoas sem cônjuge, com maiores níveis de escolaridade, renda familiar per capita acima de 3 salários mínimos e que referiram posse de computador foram mais ativas nesse domínio.

A saúde é um bem público que se faz nas relações e disputas de poder entre os sujeitos envolvidos nas agendas de políticas públicas. Segundo Campos et. al. (2006) a expressão promoção da saúde, relacionada com a autonomia e

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emancipação começou a ser bastante utilizada por profissionais da saúde insatisfeitos com o modelo de abordagem sem participação dos atores envolvidos. É tratada como um conjunto de estratégias de e para produzir saúde, com o objetivo de atender às demandas sociais de saúde e melhorar a qualidade de vida da população.

A primeira conferência internacional de promoção à saúde realizada em Ottawa, Canadá, em 1986 resultando na Carta de Ottawa, criou e oficializou cinco propostas pensando na saúde e qualidade de vida: (1) Construção de políticas públicas saudáveis; (2) Criação de ambientes favoráveis; (3) Reforço à ação comunitária; (4) Desenvolvimento de habilidades pessoais; (5) Reorientação dos serviços de saúde. Essa nova visão de promoção à saúde, começou a ser mais intensamente abordada em todas as reuniões, encontros e conferências de saúde nacionais (Brasil, 2002).

Com a perspectiva de um trabalho multidisciplinar, integrado, em redes, e com a missão de considerar a autonomia e a singularidade tanto de coletivos, como no âmbito individual foi aprovada em 2006 (revista em 2014), a Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS). A PNPS traz a responsabilidade de estabelecer relação com todas as políticas públicas de saúde conquistadas pela população ao longo de todo o processo de redemocratização do país (BRASIL, 2015).

Um dos temas prioritários da PNPS é a prática de atividades físicas, onde o governo se propõe a fomentar a sua prática, além de criar espaços públicos e também incentivar a cultura local, jogos, danças populares e outras práticas. A PNPS traz diversas ações a serem executadas no âmbito da prática de atividade física, como por exemplo, ofertar atividades diversas para comunidades como um todo ou para grupos vulneráveis, capacitar os trabalhadores através de educação permanente em práticas corporais / atividade física como parte do processo, incentivar articulações Inter setoriais, buscando incentivar a criação e melhora dos espaços públicos para a prática de atividade física (BRASIL, 2015).

Outra preocupação em relação à prática de atividade física como promoção da saúde e controle de enfermidades vem no Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Esse plano define estratégias, ações e investimentos a serem feitos na saúde para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis em dez anos 2012 – 2022 (BRASIL, 2011).

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Buscando a efetividade das diversas nuances da atividade física foram enumeradas no plano algumas questões principais para dar maior resolutividade, tais como: - Programa academia da saúde, com a construção de espaços que promovam ações de promoção à saúde; - Programa saúde na escola, com o papel de detectar possíveis problemas de saúde, avaliar as crianças e oferecer ações de atividade física e promoção da saúde; - Fortalecimento do componente de construção de praças do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); - Reformulação de espaços saudáveis no ambiente urbano e campanhas que incentivem a prática de atividade física e comportamentos saudáveis (BRASIL, 2011).

Segundo Malta et. al. (2016) o tema praticas corporais/atividade física foi impulsionado a partir de 2005, partindo do monitoramento de indicadores da prática de atividades físicas através de inquéritos populacionais como o VIGITEL e a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Essas ações de monitoramento permitia que fosse mais amplamente conhecido o perfil de prática de atividade física na população brasileira e a partir disso, o desenvolvimento também de ações de divulgação, financiamento de projetos de atividade física em diversos municípios e avaliação dos programas já existentes em algumas cidades.

Dando sequência a essa agenda iniciada pelo governo de estimular e desenvolver a promoção à saúde no SUS, em 2008 foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) com o objetivo de aumentar a abrangência e resolutividade da Atenção Básica, aumentando os serviços oferecidos. O NASF é composto por profissionais de diferentes áreas de conhecimento e tem a função de apoiar as equipes de Saúde da Família, compartilhando saberes e práticas em saúde no território de abrangência e atuando diretamente no apoio matricial dentro das equipes (BRASIL, 2008; BRASIL, 2011).

1.1.2. Domínios ou Tipos de atividade física

Para avaliar os benefícios da atividade física na saúde, autores têm diferenciado o tipo de atividade física que as pessoas podem praticar: atividade física no lazer, no trabalho, no transporte e atividades domésticas (Florindo e Hallal, 2011; EUROHIS, 2003).

A Atividade Física no lazer é realizada durante o tempo livre. Geralmente essa prática se faz em parques, clubes, praças, quadras, academias ou mesmo na

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rua tendo como exemplos a prática de futebol, basquetebol, jogos coletivos em geral, caminhada ou corrida e treino com pesos. A atividade Física de deslocamento é realizada quando as pessoas se deslocam de um local para outro. Os dois principais tipos de deslocamento são a caminhada e o uso da bicicleta. O uso de escadas em alternativa ao uso de elevadores também é um exemplo de atividade nesse domínio. A atividade Física doméstica é realizada como exigência das tarefas do lar. O que inclui atividades de limpeza como varrer, lavar, fazer a faxina pesada além de atividades de jardinagem. A atividade Física ocupacional é realizada como exigência das funções específicas do trabalho. Esse domínio inclui as atividades físicas realizadas em cada profissão ou trabalho. São exemplos às atividades realizadas por carteiros, que caminham a maior parte do dia, ou serventes de pedreiros, que carregam muito peso.

1.1.3. Atividade física no lazer

Até a década de 1980, os estudos epidemiológicos sobre atividade física limitavam-se a avaliar o gasto energético associado ao tipo de trabalho desempenhado por diferentes grupos populacionais. Uma vez que o nível de atividade física ocupacional vem sendo reduzido, a avaliação da atividade física realizada no tempo destinado ao lazer tem sido frequentemente assumida como uma boa representação da prática de atividade física na população (Mann et al 2013).

É o domínio de atividade física mais comum e mais conhecido, pois é o momento em que se realizam as atividades físicas no tempo livre, com o foco voltado somente para aquela atividade. Estudos apontam que pessoas com maior renda e maior grau de escolaridade tendem a praticar mais atividades físicas no lazer, como práticas esportivas (BRASIL, 2014).

Estudo de Florindo et. al. (2001) realizado na cidade de São Paulo com homens adultos e idosos verificou a prática de atividades físicas nos últimos 12 meses e observou que os tipos de exercícios físicos mais praticados foram as modalidades de natação e ginástica geral. A média, em minutos por semana, de atividades físicas praticadas foi de 150 minutos (DP=87,1 minutos) e em média, a atividade física foi mantida durante nove meses no ano (DP=2,7 meses).

A diferença na prática de atividade física de lazer também pode aparecer entre gêneros. De maneira geral, existe uma tendência de as mulheres praticarem

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menos atividade física no lazer do que os homens, entretanto, ainda são pouco conhecidos os fatores associados a essa menor participação das mulheres nesse tipo de atividade (BRASIL, 2013).

Em estudo realizado com estudantes de medicina durante realização de estágio no Instituto Materno Infantil de Pernambuco por Alves et. al. (2005), dos 34 adultos jovens fisicamente ativos, 32 foram atletas durante a adolescência. As práticas esportivas na adolescência mais comuns foram natação, futebol, voleibol, atletismo, basquetebol e outras. As atividades físicas atuais foram musculação, corrida/caminhada, ginástica e natação.

De acordo com Santos (2006) os parques e as praças são os principais exemplos de espaços públicos para o lazer, cada qual com sua peculiaridade, são as referências de lazer da população. As praças e parques são utilizados diariamente, e as pessoas estão lá por variados motivos, desde praticar alguma atividade física até simplesmente passar um tempo sentado, descansando.

Espaços públicos de lazer esportivo são os que dão a oportunidade de praticar diversas modalidades esportivas e têm característica de prover acesso livre para as pessoas que desejam passar o seu tempo de lazer praticando atividades físicas (Jesus, 1999). Bendimo-Rung (2005), em estudo sobre o significado de parques para atividade física, destaca sua importância no processo de promoção da saúde. A contextualização das características das pessoas que frequentam e do próprio ambiente, e como pode influenciar no interesse das pessoas em realizar atividades físicas. Se o interesse for grande, maior será o nível de atividade física no domínio lazer, consequentemente aumentando os benefícios na saúde e bem estar das pessoas. Uma das ações publicadas nos referenciais de promoção da saúde é a criação de ambientes saudáveis (OPAS, 1991).

Em outros países há vários estudos sobre ambientes saudáveis para o aumento da pratica de atividade física no lazer. Ambientes comunitários ativos são favoráveis para a promoção da saúde. Nesses locais, pessoas com diferentes condições sociais podem usufruir do espaço existente, tentando atingir as recomendações de prática de atividade física, tanto no domínio de lazer, quanto no de transporte (Sallis, 2006; Mowen, 2008; Potwarka, 2008). A prática de atividades físicas em praças e parques possui baixo, ou nenhum custo, uma questão bastante importante, pois a parte financeira nesse caso deixa de ser uma barreira para um

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comportamento ativo, além de poder abrigar pessoas de diferentes condições sociais (Cassou, 2009).

Abercrombie et. al. (2008) salientam que os parques públicos são locais privilegiados para a prática de atividades físicas, sendo frequentados por um número grande de pessoas que praticam desde atividades de baixo gasto energético até aquelas com grande gasto energético, como uma corrida exaustiva, ou um treinamento físico em grupo.

Ainda são poucos os estudos que dão ênfase à importância de parques na promoção da atividade física, e que analisam os aspectos e a qualidade do ambiente existente para a prática de atividade física. Esta reduzida disponibilidade de informações aumenta a necessidade de melhorar o conhecimento sobre a associação entre os atributos existentes em parques e praças e o uso desses locais para a prática de atividades físicas (Reis, 2001; Collet, 2008).

1.1.4. Atividade física de deslocamento

A utilização de um deslocamento considerado ativo é aquele realizado em bicicleta ou caminhando, e pode trazer benefícios em termos de saúde coletiva (Costa et. al 2003; Hu et al 2005). Nos Estados Unidos, entre 1969 e 1995, o crescimento da frota de veículos particulares foi seis vezes maior do que o da população americana (Costa et. al 2003). Entre as metas traçadas pelo Department of Health and Human Services no relatório para o Health People 2010 destaca-se o aumento de 31% para 50% no uso do deslocamento ativo pelos estudantes que moram a menos de uma milha da escola (WHO, 2010).

O uso do deslocamento ativo pelas pessoas pode contribuir para que o estilo de vida seja mais ativo. A caminhada e a bicicleta como meios de transporte para ir à escola ou trabalho têm associações positivas na saúde dos indivíduos (Silva et. al. 2007).

Estudo de Besson et. al (2008), verificou que a atividade física no lazer se relaciona com a atividade física de transporte. O estudo indica que a atividade de deslocamento, tanto utilizando bicicleta como caminhada, não foi significativamente relacionada à diminuição de causas de óbito, porém os autores mencionam uma tendência dos indivíduos considerados ativos terem menor risco de qualquer causa de óbito quando comparados com os indivíduos sedentários.

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Nunes et. al. (2015) analisando dados do inquérito de saúde de São Paulo (ISA-Capital), de 2003 e 2008 verificaram que houve um aumento na proporção de ativos no transporte com maior quantidade de pessoas fazendo atividade física nesse domínio, com tempo semanal considerado insuficiente pela OMS, porém, se somado com atividades em outros domínios pode ajudar a atingir o nível ideal. Entre um inquérito e outro, houve um aumento de 21,7% de homens que se deslocam a pé e de 10,9% entre as mulheres. A OMS reconhece a atividade no transporte como um dos dez contribuintes para melhorar a saúde (Wilkinson et. al. 2003), pela grande contribuição que o transporte ativo diário pode ter na inserção da atividade física no cotidiano das pessoas. O transporte ativo minimiza a inatividade decorrente da falta de dinheiro e tempo.

No sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL), do ano de 2014, em relação à atividade física de deslocamento nas capitais brasileiras, a pesquisa encontrou uma frequência de adultos entre 7,8% em Palmas e 14,6% em Belém, que se deslocam regularmente para o trabalho ou escola caminhando ou pedalando e que despendem nessas atividades pelo menos 30 minutos no percurso diário de ida e volta. Entre homens, as maiores frequências foram encontradas em Belém (18,4%), Rio de Janeiro (15,3%) e Salvador (14,8%) e as menores em Goiânia (7,5%), Palmas (8,4%) e Natal (8,6%). Entre mulheres, as maiores frequências foram observadas em Florianópolis (15,7%), Vitoria (14,2%) e Curitiba (14,1%) e às menores em Campo Grande (5,2%), João Pessoa (6,9%) e Palmas (7,3%). No conjunto das 27 cidades, a frequência de adultos que despendem pelo menos 30 minutos diários caminhando ou indo de bicicleta para o trabalho ou escola foi de 12,3%. Em ambos os sexos, essa frequência diminuiu a partir dos 55 anos. Para as mulheres, a frequência foi menor entre aquelas de maior escolaridade (12 e mais anos de estudo).

Estudo Transversal de Silva et. al. (2011) no sul do Brasil buscou estimar a prevalência das diferentes formas de se deslocar para o trabalho e os fatores que se associam a essa prática. De acordo com os resultados, o deslocamento predominante é feito em ônibus. A prevalência de atividade física no deslocamento, ou seja, deslocamento feito em bicicleta ou caminhada foi a menor observada no estudo e se associou às condições socioeconômicas, onde os trabalhadores com

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menor renda eram os que mais se deslocavam ativamente para o trabalho já que o deslocamento caminhando ou de bicicleta representam custos muito inferiores.

1.1.5. Atividade física Doméstica

A atividade física doméstica consiste em limpeza pesada da casa, jardinagem, mudança de móveis de lugar, dentre outras atividades que podem gerar um gasto calórico acima do estado de repouso (Souza et. al. 2014; Gómez et al 2016).

Estudo de White et. al. (2013), nos Estados Unidos, avaliou se a prática de atividade física doméstica ao longo da vida seria um fator modificável na propensão genética ao risco de câncer em mulheres de 35 a 74 anos. Segundo os resultados do estudo, os autores sugerem que mulheres que realizam acima de 25 minutos diários de atividade física doméstica estão mais protegidas do câncer do que aquelas que realizam 10 minutos ou menos de atividade física por dia, embora os resultados não tenham sido muito consistentes.

Mas por outro lado, em outro estudo também realizado com mulheres, Senicato et. al. (2016) mostraram que as donas de casa apresentaram 58% mais de transtorno mental comum (TMC) comparado às mulheres que trabalhavam fora, no entanto os autores não avaliaram o nível de atividade física destas mulheres, apenas analisaram ser ou não donas de casa.

Para Pinho e Araújo (2012) a sobrecarga doméstica associada aos transtornos mentais comuns é maior nas mulheres que não trabalham fora, assim como a ausência de ajuda nas tarefas domésticas foi associado à maior prevalência de TMC em mulheres com 15 anos ou mais de idade. No estudo foi criado um indicador de sobrecarga doméstica a partir de atividades domésticas como: lavar, passar, limpar e cozinhar, analisando a associação entre essa sobrecarga de trabalho doméstico e o transtorno mental comum em mulheres. O estudo constatou que mulheres com alta sobrecarga doméstica apresentaram maior prevalência de transtorno mental comum do que aquelas com menor sobrecarga doméstica.

A rotina do dia a dia de uma dona de casa, e a desvalorização do trabalho doméstico também podem ser fatores impactantes sobre a saúde mental, ou seja, maiores níveis de prática de atividade física no domínio doméstico podem trazer prejuízos à saúde mental das mulheres (Brown e Harris, 1978; Sorensen e Verbrugge, 1987; Lennon e Rosenfield, 1994; Kumb e Lampert, 2004).

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Estudo realizado na Suécia, buscando relacionar o trabalho doméstico com os estereótipos de gênero através de entrevistas (Harryson et. al., 2016), verificou que a diferenciação de gêneros na hora da divisão do trabalho doméstico é prejudicial tanto à saúde física, quanto à saúde do relacionamento entre homem e mulher e que homens que decidiram romper com barreira de divisão do trabalho doméstico relataram melhora no nível de estresse e também no relacionamento conjugal.

Outro estudo, de coorte, analisando a atividade doméstica em homens e mulheres e relacionando o aumento da dessa atividade com a capacidade funcional no decorrer dos anos (Landstedt et. al., 2016), encontrou nos resultados que as mulheres são as que mais realizam atividade doméstica e que a responsabilidade por essas atividades aumenta na faixa etária de 30 a 42 anos. Esse aumento na responsabilidade por tarefas domésticas traz como consequência um aumento nas queixas somáticas de dor aos 42 anos, por outro lado, os homens relataram uma quantidade significativamente menor de atividade doméstica e não foram encontradas associações com queixas somáticas nos homens.

Uma condição importante em relação à atividade doméstica é a questão dos possíveis prejuízos musculoesqueléticos. Um estudo transversal, de base populacional, com 1118 indivíduos de idade entre 18 e 59 anos, com o objetivo de estimar a prevalência de dores nas costas e identificar os subgrupos mais acometidos dessa queixa, verificou que as pessoas ativas no domínio doméstico, apresentaram maior prevalência de dor nas costas (Iguti et. al. 2015).

1.1.6. Atividade física ocupacional/laboral

Nas últimas décadas houve um processo de profundas e importantes transformações sociais e empresariais. Esses fatos ocasionaram uma redução no nível de atividade física (Maciel, 2010). Esse novo estilo de vida é caracterizado principalmente pela inatividade física, que cada vez mais acomete a população mundial (WHO, 2010).

O trabalho pode contribuir bastante para o aumento da prevalência de sedentarismo de maneira geral, mas com maior incidência em pessoas que trabalham em escritórios, porque a atividade ocupacional toma um tempo significante na rotina das pessoas, e se o trabalho, por exemplo, exige que o indivíduo se mantenha sentado durante seis a oito horas, somado a um baixo nível de atividade física também nos outros domínios, pode ser um agravante para

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algumas queixas, como dores nas costas, por exemplo. (Cocker et. al., 2015; Iguti et. al., 2015).

Estudo transversal realizado com 62 carteiros na cidade de Ponta Grossa – PR, que buscou relacionar o nível de atividade física com a percepção da qualidade de vida, mostra que 94% dos participantes foram considerados ativos fisicamente, e apenas 6% de insuficientemente ativos, considerando os quatro domínios de atividade física através de questionário. Em relação à qualidade de vida, separada também em quatro domínios (Físico, psicológico, social e ambiental) o estudo sugeriu que altos níveis de atividade física podem estar relacionados com melhor qualidade de vida (Oliveira et al 2009).

Outro estudo de corte transversal realizado em João Pessoa – PB, objetivando comparar a composição corporal e o nível de atividade física entre taxistas e carteiros, mostrou que em relação aos carteiros, os taxistas obtiveram maior perfil de sobrepeso, gordura abdominal de alto risco e percentual de gordura corporal elevado, enquanto os carteiros mostraram baixo risco de obesidade, e percentual de gordura satisfatório. Em relação ao nível de atividade física todos os carteiros foram considerados ativos fisicamente, já no grupo de taxistas a prevalência de sedentários foi de 56%. O fato dos carteiros serem muito mais ativos fisicamente, está diretamente relacionado à uma composição corporal dentro dos padrões ideais, o que é um fator protetor para doenças crônicas (Sena et. al. 2008).

O domínio de atividade física ocupacional/laboral pode ter, então, diferentes abordagens para indivíduos considerados ativos nesse domínio. Por um lado é preciso estar atento sobre os fatores ergonômicos e os prejuízos musculoesqueléticos que a atividade física no trabalho pode inserir. Por outro lado estas atividades podem ser benéficas para questões de condicionamento físico e composição corporal, consequentemente se tornando fator protetor para diversas doenças e agravos.

1.1.7. Atividade Física e saúde

A atividade física proporciona um amplo leque de benefícios para a saúde, incluindo redução no risco para doenças e melhora na capacidade funcional. As doenças cardíacas coronárias foram as primeiras condições estudadas em relação à redução de incidência com a prática de atividades físicas (Morris, 1953; Fox e Skinner 1964; Paffenbarger et. al., 1978; Leon et al., 1987).

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Os benefícios biológicos decorrentes da prática de atividade física apresentam um efeito dose-resposta, ou seja, a sobrecarga imposta ao organismo com a atividade física provoca adaptações de órgãos e sistemas de diferentes modos dependendo da intensidade, frequência e duração do estímulo (Powell et. al. 2010).

A literatura sustenta a hipótese de que a manutenção de uma prática regular de atividade física, desde a infância, e que continua na fase adulta, permitirá que as pessoas mantenham um perfil propício a menores taxas de morbidade e mortalidade mais tarde na vida (Janssen, 2007; Phys. Act. Guidel. Advis. Comm. 2008; Janssen, 2009).

O estudo de Tavares et. al. (2013), realizado com pessoas com doença cardíaca durante três meses, os dividiu em dois grupos, o primeiro grupo foi submetido ao tratamento convencional e recebeu indicação para praticar atividade física. O segundo grupo foi submetido a um programa de exercícios supervisionados durante esse período. Os resultados mostraram que o grupo que realizou atividades físicas supervisionadas, obteve resultados estatisticamente significativos mostrando que a atividade física pelo menos moderada, melhora a qualidade de vida em doentes cardíacos.

Estudo transversal realizado na Bahia com 522 pessoas de idade igual ou maior do que 18 anos, objetivou analisar o padrão de atividade física nos domínios de deslocamento, ocupacional, doméstico e de lazer e comparar coma ausência de diabetes. De acordo com os resultados da pesquisa, a caminhada não foi considerada eficiente para a ausência de diabetes, por outro lado, o acúmulo de 185 minutos semanais de atividade física moderada no domínio de lazer e também acumulados nos diferentes domínios apresentaram boa possibilidade para a ausência do diabetes (Pitanga et. al. 2010).

Estudo meta-analítico, com o objetivo de quantificar os resultados dos efeitos da atividade física na depressão e ansiedade, depois de analisados 92 estudos sobre os efeitos da atividade física na depressão e 306 estudos para os efeitos da atividade física na ansiedade, concluiu que os resultados são suficientes para comprovar os efeitos benéficos da atividade física tanto na depressão quanto na ansiedade (Rebar et al 2015).

A inatividade física tem sido reconhecida cada vez mais por ampliar o risco de mortalidade (WHO, 2004; BRASIL, 2014). Muitos estudos têm mostrado que a

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atividade física está relacionada com maiores taxas de sobrevida, mas a maioria dos estudos trata da atividade física no tempo livre (Chen et. al. 2012; Gómez et al 2014).

Um dos primeiros estudos de coorte a ser desenvolvido relacionando atividade física e doença arterial coronariana, foi realizado em Londres, quando foram comparados carteiros e trabalhadores de escritório do serviço postal, bem como motoristas e cobradores nos ônibus de dois andares em Londres. Os investigadores observaram que atividades no domínio ocupacional com maior gasto energético, estavam associadas com menores taxas de morte por doenças cardíacas coronarianas (Morris, 1953).

Outra pesquisa também em Londres examinou todas as causas de mortalidade em 3.591 homens, executivos civis, que foram classificados em participantes e não participantes em atividades físicas vigorosas. Eles foram acompanhados de 1968 até 1977. 77% dos homens que reportaram não praticar exercícios vigorosos apresentaram taxa de mortalidade de 8,4 por 100, enquanto os 22% que reportaram praticar exercícios vigorosos, apresentaram taxa de mortalidade de 4,2 por 100 (Chaves et. al. 1978).

Pesquisadores realizaram um estudo de coorte retrospectivo e prospectivo, acompanhando 10.269 homens de 1977 até 1985. Estes homens tinham respondido ao questionário sobre participação em atividades físicas em 1966 e 1977. As taxas de mortalidade foram 74,0 por 10.000 homens-ano, nos que ficaram classificados como índice de atividade física menor que 500 kcal/semana, contra 38,6 por 10.000 homens-ano, risco relativo de 0,52, naqueles que apresentaram índice de atividade física maior que 3.500 kcal/semana. Esses mesmos pesquisadores observaram que homens ao mudarem o comportamento, de estilo de vida sedentário para participação em atividades esportivas de intensidade moderada para forte, apresentam risco relativo de morte reduzido em 42% (Paffenbarger, 1993).

Gómez et. al. (2014) em estudo transversal revelaram que em mulheres, a relação dose-resposta entre tempo gasto com atividades físicas domésticas e mortalidade, após análise feita por regressão linear, com o objetivo de analisar a associação do nível de atividade física em diferentes domínios com a saúde mental, a relação foi inversa, ou seja, mulheres que dedicam de 2 a 4 horas diárias com atividades domésticas têm o risco de mortalidade em 0,52. Isto comparando com as

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que realizam menos de 2 horas diárias de atividade física doméstica, cujo risco sobe para 0,72.

Estudo prospectivo de base populacional realizado por Chen et. al. (2012) em Taiwan, analisando a prática de atividade física nos domínios de lazer, ocupacional e doméstica e mortalidade, encontrou aumento na mortalidade por todas as causas para o grupo com baixo nível de atividade doméstica, assim como um aumento na mortalidade por todas as causas no grupo que apresentou menor atividade física laboral em ambos os sexos. O grupo que apresentou baixa atividade no lazer mostrou também maiores taxas de mortalidade.

Os transtornos mentais atingem cerca de 450 milhões de pessoas ao redor do mundo, associados aos fatores genéticos e fatores comportamentais (Rodrigues-Neto et. al., 2008)

Os transtornos mentais comuns (TMC) constituem sintomas de depressão, ansiedade, queixas de irritabilidade, cansaço, esquecimento, falta de concentração, sono ruim, dores de cabeça e outros que sobrecarregam de forma importante a saúde física, emocional e mental das pessoas. Os TMC englobam não só os transtornos depressivos ansiosos, como também o sofrimento emocional sem causa específica. Esses sofrimentos emocionais podem estar relacionados a eventos de vida produtores de estresse e são mais frequentes nas mulheres, nos mais velhos, nos negros e nos separados e viúvos (Lopes et. al. 2003; Costa e Laudemir, 2005; Pinho e Araújo, 2012).

Há no Brasil uma diversidade de fatores contribuindo para que se elevem os eventos de vida estressantes e de transtornos mentais na população, como a falta de moradia adequada, má distribuição de renda, desemprego a altas taxas de criminalidade (Costa et. al., 2002). Os TMC também trazem algumas consequências, como a incapacitação, absenteísmo, queda de produtividade e aumenta de procura por serviços de saúde. No âmbito da atenção básica, os TMC atingem prevalência de 40% da população atendida (Lopes et. al., 2003).

Estudo de Costa e Laudemir (2005), analisando a associação entre transtorno mental comum e apoio social na zona da mata pernambucana verificou que os TMC possui prevalência próxima à encontrada na zona urbana de Olinda, encontrada em estudo de Laudemir e Melo-filho (2002), e isso leva a uma reflexão de que a vida na zona rural não é tão saudável quando estão presentes fatores como pobreza, falta de trabalho, baixa escolaridade entre outros.

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A depressão pode ser definida como um transtorno de humor grave, com prejuízos à função mental e também distorção de como o indivíduo vivencia e entende a realidade (Barbosa et. al. 2016). A depressão é diagnosticada com a presença de cinco ou mais sintomas, com frequência diária ou quase todos os dias, entre eles: humor deprimido, ganho ou perda significativo de peso, agitação ou retardo psicomotor, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída de concentração, pensamentos recorrentes de morte, entre outros (American Psychiatric Association; 2013).

Alguns estudos apontam que a prática regular de atividade física está associada com melhor saúde mental (Krogh et. al. 2010; Mota et. al. 2011; Josefsson et. al. 2014). Estudo clínico de Siqueira et. al. (2016) realizado para comparar doses de tratamentos antidepressivos convencionais combinados com exercícios aeróbicos constatou que a gravidade da depressão diminuiu bastante nos dois grupos estudados, porém, naquele grupo que realizava as atividades aeróbias, as doses de medicamento passaram a ser menores.

Outro estudo randomizado multicêntrico de Blumenthal et. al. (2012) envolvendo 2322 pacientes tratados por insuficiência cardíaca, os pacientes foram incluídos em um programa de 12 meses de exercício aeróbico supervisionado ou tratamento habitual para depressão (sem o exercício programado). Em comparação com o cuidado usual, o exercício aeróbico resultou em uma modesta, mas estatisticamente significativa redução nos escores médios de depressão.

Em estudo de eficácia, Dunn et. al. (2005) relacionaram dose-resposta em 80 adultos com idades entre 20 e 45 anos com depressão leve a moderada. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente para um grupo de tratamento através de atividade física supervisionada com duração de 12 semanas ou em uma condição de controle. Os resultados mostraram que o exercício, por si só, em quantidades de acordo com as recomendações de saúde pública, é eficiente no tratamento da depressão.

Fortes evidências sobre os benefícios da atividade física na depressão parecem vir de ensaios clínicos randomizados. O estudo de Dunn et. al.(2005) evidenciaram mudanças na gravidade da depressão, avaliando antes e depois de uma intervenção com atividade física prescrita. Estudos de meta-análise têm analisado os efeitos antidepressivos da atividade física em adultos saudáveis (Conn, 2010), cronicamente doentes (Herring et. al., 2012), e pacientes com transtornos

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depressivos (Cooney et. al., 2013). Esses três recentes estudos concluíram que o exercício é moderadamente mais eficaz do que outras intervenções de controle para reduzir os sintomas de depressão (Cooney et. al., 2013; Rimer et. al. 2012).

Meta-análises tem demonstrado uma associação entre inatividade física e pior saúde mental (Teychenne et. al. 2010, Vallance et. al. 2011). Teychenne et. al. (2010) relataram que um comportamento sedentário foi positivamente associado com início de depressão. Outra pesquisa relatou resultados semelhantes sobre os efeitos do tempo de sedentarismo e atividade física na saúde mental (Zhai et. al. 2015).

Estudos transversais também têm apresentado que a prática de atividades físicas está associada a menor prevalência de quadros de depressão (Strohle, 2009), e as evidências também indicam que a intensidade da atividade pode ser um fator importante na saúde mental, ou seja, atividades de intensidade elevada proporcionam maiores resultados no que diz respeito a uma boa saúde mental (Richards et. al., 2015).

Ao longo dos últimos anos, a prática regular de atividade física tem sido reconhecida como uma alternativa não medicamentosa ao tratamento e à prevenção de doenças crônico-degenerativas, promovendo a saúde e a sensação de bem-estar com benefícios evidentes no aspecto psicológico (Miranda et. al. 2011).

Evidências científicas indicam que a atividade física reduz o risco de morte prematura, doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, diabetes tipo 2, ganho de peso excessivo, depressão e perda de função cognitiva, aumenta a capacidade funcional em adultos e idosos, melhora a qualidade do sono e reduz o risco de fratura no quadril e osteoporose (Phys. Act. Guidel. Advis. Comm. 2008; WHO 2010; BRASIL 2011).

Os estudos sobre a associação da saúde emocional com a atividade física são mais conhecidos em relação à atividade física de lazer, e escassos para os outros domínios. Pouco se conhece sobre benefícios e possíveis impactos prejudiciais na saúde em indivíduos ativos nestes outros domínios. É possível que as atividades moderadas e vigorosas no trabalho, no lar e no deslocamento sejam benéficas no sentido de gasto calórico e proteção para o sistema cardiorrespiratório, contribuindo assim para diminuição do risco da mortalidade precoce, como apontam os estudos clássicos (Morris, 1953; Paffenbarger, 1993).

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No entanto estas atividades podem ser prejudiciais considerando os sistemas ósseo e muscular e como consequência, sobrecarregando a saúde emocional, e também independente desta sobrecarga, estarem relacionadas à pior saúde emocional e ao bem-estar, considerando os achados dos estudos de Pinho e Araújo (2012) e Senicato et. al. (2016), em que as atividades domésticas se associam à pior saúde mental.

Cada vez mais é reconhecida a importância de se avaliar o nível da prática de atividade física em estudos epidemiológicos. No entanto, obter dados precisos sobre o nível de atividade física se mostra um grande desafio em razão da grande complexidade do tema. (Hallal et. al. 2005; Dumith, 2009).

Há um crescente aumento no interesse dos pesquisadores no que diz respeito à prática de atividades físicas, portanto em estudos com o objetivo de estimar a prevalência de atividade física, identificar fatores associados, analisar a sua relação com diferentes desfechos de interesse e avaliar a efetividade de programas de intervenção é essencial dispor de instrumentos de medida da atividade física que apresentem propriedades adequadas (reprodutibilidade e validade) (Hallal et. al. 2010).

Os métodos de mensuração de atividade física basicamente são objetivos e subjetivos. Os métodos objetivos (sensores de movimento, monitores de frequência cardíaca, água duplamente marcada, observação direta de comportamento), embora apresentem níveis considerados satisfatórios de reprodutibilidade e validade, possuem muitas limitações em termos de logística e custo, além de mensurar apenas as atividades físicas “atuais” ou “recentes” (Hallal et. al. 2010).

O International Questionnaire Physical Activity (IPAQ) foi criado em 1998 por um grupo de especialistas, para facilitar o monitoramento do nível de atividade física buscando obter um padrão global (Craig et. al. 2003). A partir disso, o IPAQ se tornou o questionário de maior influência nas pesquisas sobre atividade física. Trata-se de um questionário internacional padronizado que avalia a prática de atividades físicas. As respostas podem ser categorizadas em:

Inativo – Não realiza nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana.

Insuficientemente ativo – São os indivíduos que praticam atividades físicas por mais de 10 minutos contínuos por semana, mas não atingem as recomendações

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da OMS (OMS, 2010), que são 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa, por semana.

Ativo – Pessoas que praticam atividade física atingindo as recomendações.

1.2. Bem estar

Diferentemente da compreensão que se tem sobre doenças, pouco se sabe sobre quais comportamentos e características são necessárias para adquirir bom nível de saúde e bem-estar. Houve, então, um aumento no interesse dos pesquisadores em aprofundar estudos nessa área para se chegar a uma conclusão do que é o bem-estar. O estudo do bem-estar tem o objetivo de compreender a avaliação que as pessoas fazem de sua própria vida (Kyriacou, 2001. Jhonson et. al., 2005).

No século XX, com a preocupação de uma reforma social em larga escala, aparece o conceito de Bem-Estar (Veenhoven, 1992). Bem-estar pode estar relacionado com diversos fatores, como por exemplo, emoção positiva, satisfação com a vida e felicidade, relações positivas, denominados de bem-estar subjetivo. O nível de bem-estar subjetivo é o resultado do grau de satisfação com a vida relacionada a vários aspectos, como a saúde, o trabalho e a família, em outras palavras, é um conceito que se refere a como as pessoas se sentem e como avaliam sua vida (Lima et. al. 2012; Bogaert et. al. 2014).

O tema bem-estar se tornou algo extremamente importante nos dias atuais e bastante discutido na sociedade, considerando que o ser humano vive em busca da realização de seus desejos pessoais e diferentemente dos outros seres vivos tem a necessidade de se sentir feliz (Silveira et. al. 2015).

A saúde tem relação direta com o bem-estar, já que se a saúde não está boa, consequentemente a avaliação do sujeito em relação ao seu bem-estar estará comprometida (Lima, 2012). Um elevado grau de bem-estar subjetivo geralmente apresenta maiores níveis de afeto positivo e menores níveis de afeto negativo e alta satisfação com a vida (Comin et. al. 2016).

Na literatura, poucos trabalhos tratam dos temas “satisfação com a vida” e “felicidade”, que geralmente são substituídos pelo termo “bem-estar subjetivo”, isso pode ser pela dificuldade em abordar diretamente felicidade e satisfação com a vida, tornando o termo bem-estar subjetivo mais utilizado (Silveira et. al. 2015).

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O sentimento de felicidade e a satisfação com a vida são indicadores de bem-estar que vêm sendo investigados, em relação à saúde (Lima et. al., 2012; Mehrdad et. al., 2016; Lins et. al., 2016). Estes indicadores, embora interligados, podem ter conceitos diferentes, como serão abordados a seguir.

1.2.1. Satisfação com a vida

A satisfação com a vida tem suas origens no iluminismo do século XVIII na discussão de que o propósito da vida humana é a própria vida (Veenhover, 1992). É um indicador bastante complexo e de difícil mensuração, por se tratar de um estado subjetivo. A satisfação com a vida aborda o contentamento de maneira geral, pois o grau de satisfação com a vida do indivíduo é decorrente de uma auto avaliação sobre vários quesitos, como condições de moradia, emprego, relações sociais, enfim, uma avaliação geral da própria vida. A satisfação com a vida pode ser um reflexo do bem-estar subjetivo de cada pessoa (Silveira et. al., 2016).

Estudo de Veenhover, (2009) encontrou os maiores índices de satisfação com a vida no México, em Honduras, na Costa Rica e na Venezuela. O autor sugere que a diferença no grau de satisfação com a vida entre os países se deve mais a questões culturais e menos às socioeconômicas.

Estudo transversal de Joia et. al. (2007), objetivando avaliar o grau de satisfação com a vida em idosos verificou que, de maneira geral, os idosos entrevistados estavam satisfeitos com a vida, mas também observou essa satisfação maior também em alguns aspectos específicos como conforto domiciliar, valorização do lazer como qualidade de vida, acordar bem pela manhã, não se sentir sozinho, fazer três ou mais refeições diárias e não possuir Diabetes Mellitus.

Estudo de Oliveira et. al. (2009) avaliando o grau de satisfação com a vida em profissionais da saúde através do instrumento Escala de Satisfação com a vida (ESV) com média de idade dos participantes de 42,8 anos (DP = 11,54) e com maioria de sexo feminino (81%), verificou que a maior média de satisfação com a vida foi dos médicos e está positivamente relacionada à remuneração e o menor grau de satisfação com a vida foi relacionado à vontade de mudar de profissão.

Joia e Ruiz (2013) acreditam que a satisfação com a vida é um processo contínuo, dinâmico e dependente de vários fatores, já que, com o passar dos anos, os acontecimentos na vida das pessoas podem mudar o seu grau de satisfação com

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