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AULA 05: Modelo IS-LM

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Academic year: 2021

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AULA 05: Modelo IS-LM

Olá caros(as) amigos(as),

Na aula 03, nós vimos o modelo keynesiano de determinação da renda. Naquele modelo, nós adotamos algumas simplificações bastante rigorosas e difíceis de serem verificadas na “vida real”. Tais simplificações dizem respeito ao fato de considerarmos o nível de preços e a taxa de juros constantes.

Por isso, aquele modelo é também chamado de modelo keynesiano simplificado, onde a renda (Y) da economia não depende ou não leva em conta as taxas de juros e o nível de preços. Nesta aula, nós relaxaremos a primeira hipótese e consideraremos o papel da taxa de juros na determinação da renda para uma economia fechada, donde surge o modelo IS-LM (também chamado de modelo Keynesiano Generalizado). Em um segundo momento, nós incluiremos o resto do mundo na análise IS-LM, dando origem a um outro modelo, chamado de modelo de modelo Mundell-Fleming, que é nada mais que o modelo IS-LM na economia aberta. Em todo o caso, tal modelo nos serve para analisarmos os efeitos das políticas de governo em relação ao nível de renda e taxa de juros da economia.

Como o modelo IS-LM é uma extensão do modelo keynesiano simplificado, vale a pena relembrarmos a condição que define o equilíbrio da economia, segundo aquele estudo realizado: a renda da economia (Y) se equilibra quando o investimento é igual à poupança (ou quando a oferta agregada é igual à demanda agregada). Esta condição reflete o equilíbrio da demanda agregada, ou simplesmente o equilíbrio do lado real da economia, ou ainda, o equilíbrio no mercado de bens e serviços.

Desse equilíbrio, surge a curva IS (investiment=saving1). Assim, temos o

seguinte:

Equilíbrio no mercado de bens e serviços => equilíbrio no lado real da economia => investimento é igual à poupança => curva IS

Nesta primeira do estudo deste modelo, nós incluiremos a taxa de juros no modelo keynesiano. A partir dessa inclusão, surge a necessidade de contrapormos ao mercado de bens o mercado de moeda (mercado monetário); e o equilíbrio no mercado de moeda acontece quando a oferta de moeda é igual à demanda de moeda. Deste equilíbrio, surge a curva LM. Assim, temos o seguinte:

1

(2)

Equilíbrio no mercado de moeda => equilíbrio no lado monetário da economia => demanda é igual à oferta de moeda => curva LM

A sigla LM deve-se aos termos em inglês para demanda e oferta de moeda. Demanda de moeda = Liquidity; oferta de moeda = Money. Assim, a curva LM significa: liquidity=money.

Feita esta breve introdução, faremos um estudo pormenorizado das curvas IS e LM, considerando primeiramente uma economia fechada. Neste estudo, veremos mais detalhadamente o que cada curva significa, o que faz com que elas mudem de lugar e o que faz com que suas inclinações sejam alteradas. Após a análise separada de cada curva, trabalharemos com o equilíbrio simultâneo e a análise das eficácias das políticas fiscal e monetária. Por último, incorporaremos ao nosso modelo o resto do mundo, supondo então uma economia aberta. Nesta última, a politica cambial assumirá importantes contornos.

1. IS-LM NA ECONOMIA FECHADA

1.1. Curva IS – o equilíbrio no mercado de bens

A curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços, mostrando todos os pontos para os quais I (investment) = S (saving). Necessitamos agora definir o que influencia estes agregados: o investimento é função da taxa de juros, enquanto a poupança é função da renda.

Observe que no modelo keynesiano simplificado aprendido na aula 03, nós vimos que o investimento era dependente da renda (basta ver a função investimento, item 3.1.2). Naquela ocasião, era suposição daquele modelo que a taxa de juros era constante. No entanto, no modelo IS-LM, nós consideramos a taxa de juros como um elemento ativo no modelo. Desta forma, considere, a partir deste momento, que o investimento é dependente da taxa de juros.

Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento. Isto é algo bem intuitivo: quanto mais altas forem as taxas de juros, menos os empresários vão querer investir no aumento da capacidade produtiva da economia, e mais eles vão querer investir no mercado financeiro para auferir lucros provenientes dos juros altos. Em contrapartida, se os juros forem baixos, os empresários preferirão investir no aumento da capacidade produtiva a colocar seu dinheiro no mercado financeiro. Assim, nota-se que o investimento é função inversa (ou

(3)

O outro componente da curva IS, a poupança (S), será função da renda. Quanto maior a renda da economia (Y), maior será a poupança (S); quanto menor a renda, menor a poupança. Esta relação também é bastante intuitiva: quanto mais se tem de renda, obviamente, mais dinheiro sobra para se poupar; o inverso também é verdade, quanto menos se tem de renda, menos sobrará para a poupança. Assim, nota-se que a poupança é função direta (ou crescente) da renda.

Podemos então apresentar o seguinte quadro resumindo as relações entre investimento x taxa de juros; poupança x renda:

Juros2 (i/r) Renda (Y)

Investimento (I) r r ↑ e I ↓ -

↓ e I ↑

Poupança (S) - Y ↑ e S ↑

Y ↓ e S ↓

O modelo IS-LM é quase que inteiramente trabalhado com auxílio de gráficos. O uso deles facilitará bastante nosso trabalho e será necessário caso você queira aprender a matéria e ser um exímio acertador de questões. Assim, já se acostume com o diagrama deste modelo, onde teremos, no eixo vertical do gráfico (ou eixo Y, ou eixo das ordenadas), a variável i (taxa de juros) e, no eixo horizontal (ou eixo X, ou eixo das abscissas), a variável Y (=renda/emprego/produto/demanda

agregada3). Veja como exemplo a figura 01.

Neste diagrama, a curva IS possui inclinação negativa, descendente, decrescente ou podemos dizer também que ela é inclinada para baixo. Isto é explicado pelo fato de a renda da economia, no mercado real, possuir uma relação inversa com a taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento. E quanto menor for o investimento, menor também será a renda, afinal o investimento é um dos agregados integrantes da renda da economia. Como estamos considerando que a economia é fechada, temos que a renda será:

Y = C + I + G

Taxas de juros altas significam I baixo, e I baixo significa Y baixo. Assim, temos uma relação inversa entre os juros (i) e a renda (Y) e isso acaba tornando a curva IS negativamente inclinada. Veja a figura 01:

2

A variável taxa de juros é definida pelas letras “r” ou “i”, devido ao termo em inglês: interest rate (taxa de juros).

3

Nesta aula, quando falamos em renda, devemos entender o termo em sentido amplo, de modo que renda, produto, nível de emprego, despesa/demanda agregada tenham significados equivalentes.

(4)

i

A curva IS é negativamente inclinada devido à relação inversa entre o investimento e a taxa de juros. iA A Figura 01 B iB Y YB YA

No ponto A, quando a taxa de juros é iA, a renda da economia é YA.

Ao reduzir a taxa de juros para iB, o investimento é aumentado, tendo em vista ele ser inversamente relacionada aos juros. Em virtude do aumento do investimento, a renda também aumenta. Na figura 1, a renda é aumentada de YA para YB.

Apesar de a curva IS significar a curva/reta para a qual temos a igualdade entre poupança e investimento, veja que quem realmente dá o “tom”, ou realmente “manda” na curva IS é o investimento, pois é ele quem influenciará diretamente a renda economia, uma vez que a renda é o somatório de C, G e I.

Agora que entendemos o “jeito” da curva IS, vendo que ela é negativamente inclinada e significa o equilíbrio no mercado de bens, ou no lado real da economia, nós veremos nos próximos dois itens o que faz com que esta curva seja deslocada e/ou tenha sua inclinação alterada.

1.1.1. Deslocando a curva IS

Quando variamos as taxas de juros, como nós fizemos no caso da figura 01, nós nos deslocamos ao longo da curva IS. Veja que estas alterações dos juros fazem com que façamos movimentos ao longo da curva, sem que haja qualquer alteração do posicionamento da mesma. Assim, em primeiro lugar, devemos entender que alterações das taxas de juros não deslocam a curva IS.

Para que a curva IS seja deslocada ou empurrada para a direita ou para a esquerda, é necessário que haja alterações da renda (Y) para a mesma taxa de juros. Como Y=C+I+G, então, qualquer alteração em C, I ou G fará a nossa curva IS ser deslocada, pois qualquer alteração em C,

(5)

Após o aumento de G, ocorre o aumento de Y para a mesma taxa de juros (i). Assim, devemos deslocar a curva IS para a direita, no sentido do aumento de Y. Fig. 02 i IS2 IS1 IS1 Y2 Y1 Y1

Por exemplo, suponha que o governo decida aumentar os gastos públicos (G). Naturalmente, haverá aumento de Y. Para refletirmos essas mudanças no gráfico, será necessário deslocar toda a curva IS para a

direita, no sentido do aumento da renda4. Veja a figura 02:

Como Y=C+I+G, nós temos que qualquer aumento em C, I ou G fará aumentar a renda (Y) e, consequentemente, empurrará a curva IS para a direita. Ao mesmo tempo, como a curva IS é negativamente inclinada, o deslocamento para a direita também faz com que ela seja deslocada para cima. Ou seja, no nosso exemplo, o aumento de G fez com que a curva IS fosse deslocada para a direita e para cima.

De forma análoga, qualquer redução em C, I ou G fará com que a renda (Y) diminua e, consequentemente, a curva IS seja deslocada para a esquerda, no sentido da redução de Y. Ao mesmo tempo, em virtude da inclinação negativa de IS, o deslocamento para a esquerda também faz com que ela seja deslocada para baixo. Assim, qualquer redução de C, I ou G faz com que a curva IS seja deslocada para a esquerda e para baixo. Decore apenas que alterações no sentido do aumento de renda deslocam a curva para a direita, enquanto alterações no sentido da redução da renda deslocam a curva para a esquerda. O fato de a curva ir para cima ou para baixo será puro reflexo da sua inclinação.

Vejamos graficamente o que ocorre com a curva IS se o governo decide aumentar a tributação sobre as pessoas. Na aula 03, item 3.1.1,

nós vimos que a função consumo tem o seguinte formato C=C0+c(Y – T).

Assim, o aumento de T faz com que o consumo (C) diminua. Isto, por sua vez, fará reduzir a renda. Concluímos então que o aumento de T faz reduzir a renda Y e a curva IS será deslocada para a esquerda. Vejamos isso na figura 03:

4

Como a renda (Y) aumenta para a direita, nós devemos deslocar a curva IS para a direita caso queiramos representar graficamente a consequência do aumento de renda sobre a curva IS.

Após o aumento de G, ocorre o aumento de Y para a mesma taxa de juros (i). Assim, devemos deslocar a curva IS para a direita, no sentido do aumento de Y. Fig. 02 i IS2 IS1 IS1 Y2 Y1 Y1

(6)

Após o aumento de T, ocorre redução de C e, em razão disso, há redução de Y para a mesma taxa de juros (i). Assim, devemos deslocar a curva IS para a esquerda, no sentido da redução de Y. Fig. 03 i IS1 IS2 IS1 Y1 Y2 Y1

As decisões do governo têm grande impacto sobre a curva IS, uma vez que ele controla totalmente o agregado G e ainda possui grande influência sobre o agregado C. Este é influenciado pelo governo por meio

da política de tributação (T) e transferências5 (R). Quanto maior a

tributação, menor o consumo e menor a renda, e vice-versa. Quanto maiores as transferências, maior o consumo e maior a renda, e vice-versa.

Pelo fato de a política de gastos do governo influenciar bastante o posicionamento da curva IS, é muito comum encontrarmos em muitos textos a afirmação de que a curva IS é influenciada ou reflete a política fiscal do governo, o que é inteiramente verdade, conforme

vimos. Se a política fiscal for expansiva6 (aumento de G e/ou R, ou

redução de T), a curva IS será deslocada para a direita. Se a política fiscal for restritiva7 (redução de G e/ou R, ou aumento de

T), a curva IS será deslocada para a esquerda.

Então, finalizando o tópico, podemos entender que a curva IS será deslocada para a direita ou para a esquerda se houver, respectivamente, aumento ou redução da renda (Y) e, obrigatoriamente, este aumento ou redução for provocado por alterações em C, I ou G. Por outro lado, alterações das taxas de juros (i) não deslocam a curva IS, mas apenas provocam deslocamentos ao longo da curva.

1.1.2. Inclinação da curva IS

5Denominam-se transferências pela letra R devido ao termo em inglês: replacement. Um exemplo

de transferências seria o programa bolsa-família do governo federal. Quanto maior o R, maior será o C e, consequentemente, maior a renda (Y).

(7)

Figura 04 i Δi=i2 – i1 ΔI ΔY=Y2 – Y1 i2 i1 IS ΔY=Y2 – Y1 IS Y1 Y2 Renda (Y) Y1 Y2 b) Investimento é menos elástico à taxa de juros a) Investimento é mais

elástico à taxa de juros

A inclinação da curva IS depende basicamente de dois fatores: i. A sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros; ii. A propensão marginal a consumir.

Vejamos em maiores detalhes os dois fatores, a começar pelo primeiro:

i. Sensibilidade investimento x taxa de juros

Quanto ao primeiro caso, nós podemos dizer que, em economia, o termo comumente usado para se referir à sensibilidade com que uma variável muda em resposta à variação de outra variável é chamado elasticidade. Assim, entenda que elasticidade=sensibilidade. Veja que o raciocínio é idêntico àquele apresentado na Microeconomia, quando estudamos a oferta e a demanda. Apenas estamos mudando as variáveis em jogo, mas a ideia é a mesma.

Quanto maior a elasticidade (sensibilidade) da demanda do investimento em relação à taxa de juros, menos inclinada (mais horizontal ou achatada) será a curva IS. Por outro lado, quanto menor a elasticidade da demanda do investimento em relação à taxa de juros, mais inclinada (mais vertical) será a curva IS. Veja a figura 04:

No diagrama a, o investimento é mais elástico (mais sensível) à taxa de juros do que no diagrama b. Naquele, uma pequena variação da taxa de juros (Δi) provoca uma variação proporcionalmente maior no investimento (ΔI > Δi). Como a variação no investimento é grande, a variação na renda (ΔY) também é grande. Ou seja, quando a curva IS é

(8)

Figura 05 IS i Curva IS do modelo keynesiano simplificado, onde o investimento não depende (é totalmente inelástico) da taxa de juros.

.

IS Y a) Investimento é perfeitamente

elástico à taxa de juros b) Investimento é perfeitamente inelástico à taxa de juros Y

mais horizontal ou achatada, o investimento é mais elástico (ou menos inelástico) em relação à taxa de juros e uma pequena variação nos juros induzirá uma grande variação no investimento e, portanto, na renda.

Por outro lado, quando a curva IS é mais inclinada ou vertical, como no diagrama b, uma variação na taxa de juros provoca uma variação menor no investimento que aquela verificada em no diagrama a, de forma que a variação proporcional na renda seja menor que a variação na taxa de juros (ΔY < Δi). Isto acontece porque o investimento é inelástico (pouco elástico) à taxa de juros

Existe um bizú para identificarmos, no gráfico, quando a elasticidade de uma variável em relação a outra é grande ou pequena. Basta vermos o ângulo com que a curva/reta de uma variável intercepta o eixo da outra variável. Por exemplo, no diagrama a, o ângulo com que a curva IS intercepta o eixo Y, onde temos a taxa juros, é bem maior que o ângulo do diagrama b. Logo, a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros é maior em a, pois o ângulo entre a curva IS e o eixo da taxa de juros é maior em a.

Quando o ângulo é máximo (90º), a elasticidade é máxima (é infinita) ou dizemos também que o investimento é perfeitamente ou totalmente elástico. Quando o ângulo é mínimo (a retas são paralelas), a elasticidade é mínima (é igual a zero), ou podemos dizer que o investimento é perfeitamente inelástico à taxa de juros (totalmente insensível à taxa de juros). Observe a figura 05:

Veja que, quanto mais horizontal é a curva IS, maior será o seu ângulo em relação ao eixo onde está a taxa de juros, logo, maior será

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juros é máxima (ângulo de 90º). De forma inversa, no digrama b, a curva IS é vertical e não há ângulo entre ela e o eixo onde está a taxa de juros, o que indica que não há qualquer elasticidade/sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros.

Observe que a curva IS do diagrama b reflete o caso do modelo keynesiano simplificado visto na aula 03, em que a renda e o investimento não sofrem qualquer alteração da taxa de juros (são totalmente insensíveis/inelásticos), já que é pressuposto daquele modelo de determinação da renda não levar em conta a presença da taxa de juros. Para qualquer nível de i, o Y será o mesmo, indicando que Y não sofre qualquer influência (é totalmente inelástico) da taxa de juros.

Nota  não confunda elasticidade com a inclinação. Por exemplo, no diagrama a, a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros é alta, pois o ângulo entre a curva IS e o eixo da taxa de juros é alto. Entretanto, a inclinação da curva IS é baixa, de modo que a curva IS é achatada ou horizontal. Assim, quando a elasticidade do investimento em relação aos juros é alta, a inclinação da curva IS é baixa, e vice-versa.

ii. Propensão marginal a consumir

Em primeiro lugar, deve ficar claro que, quando falamos que a inclinação da curva IS depende da propensão marginal a consumir, também falamos indiretamente que a mesma depende do multiplicador de gastos keynesiano. Afinal, quanto maior a propensão marginal a consumir, maior será o multiplicador, e vice-versa (veja aula 03, item 3.3.2, iii). Assim, podemos dizer também que a inclinação depende do multiplicador de gastos, o que é mera decorrência de ela depender da propensão marginal a consumir.

Se a propensão marginal a consumir ou o multiplicador de gastos forem elevados, qualquer mudança nos investimentos provocada por variações nas taxas de juros causará grande variação na renda. Assim, quando o multiplicador de gastos é elevado, uma pequena variação nos juros (Δi pequeno) causa uma grande variação na renda (ΔY grande), e isso acontece quando a curva IS é mais achatada ou horizontal, conforme se observa na figura 04, diagrama a. Se o multiplicador e a propensão marginal a consumir são baixos, uma alteração nos juros provocará uma variação proporcionalmente menor sobre a renda e a curva IS será mais inclinada/vertical, conforme se observa na figura 04, diagrama b.

Ressalto que, como decorrência das relações postas no parágrafo anterior, também podemos tecer alguns comentários relacionando a inclinação da curva IS com a propensão marginal a poupar. Conforme

(10)

sabemos, esta é o “contrário” da propensão marginal a consumir, tendo

em vista que o que não é consumido, obviamente, é poupado8. Assim,

quanto maior é propensão marginal a poupar, mais inclinada (mais vertical) será a curva IS. Ou seja, é o comportamento contrário ao que se observa na relação entre a inclinação da curva IS e a propensão marginal a consumir.

Podemos resumir assim os fatores que definem a inclinação da curva IS: Inclinação da IS Elasticidade de I em relação a i Propensão marginal a consumir Multiplicador de gastos keynesiano + inclinada/vertical

+ achatada/horizontal

Por fim, apresento um resumo sobre a curva IS.

Curva IS: resumo

1. A curva IS é negativamente inclinada;

2. A curva IS representa o equilíbrio no lado real da economia, ou no mercado de bens e serviços (investimento=poupança), representando as combinações de valores de renda e de taxa de juros que produzem o equilíbrio no mercado real;

3. O investimento é função da taxa de juros; a poupança é função direta da renda;

4. A curva IS será deslocada para a direita quando houver aumento da renda Y, sendo que este aumento deve ser provocado por aumentos em C, I ou G;

5. A curva IS será deslocada para a esquerda quando houver redução da renda Y, sendo que esta redução deve ser provocada por reduções em C, I ou G;

6. A curva IS é afetada pela política fiscal do governo; 7. Alterações da taxa de juros não deslocam a curva IS;

(11)

8. A curva IS será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda por investimento em relação à taxa de juros for alta;

9. A curva IS será pouco inclinada quando a propensão marginal a

consumir e o multiplicador de gastos forem altos e propensão marginal a poupar for baixa.

1.2. Curva LM – equilíbrio no mercado de ativos

Enquanto a curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e

serviços, a curva LM mostra o equilíbrio no mercado de moeda9 e este,

por sua vez, é atingido quando a oferta (M=Money) e a demanda (L=liquidity) de moeda se igualam.

A oferta de moeda10 (M/P) é uma variável exógena (externa ao

modelo), pois é determinada ou fixada institucionalmente pela autoridade monetária. Ou seja, por ser uma variável que não é determinada pelos parâmetros do modelo (exógena), nós a consideramos fixa. Assim, em nosso estudo, é a demanda por moeda quem ditará o “rumo” da curva LM.

Na aula 04, nós vimos que a moeda é demandada por três motivos: transação, precaução e especulação. Em relação aos dois primeiros, a demanda por moeda será uma função direta da renda, indicando que, quanto maior a renda, maior será a demanda por moeda. Em relação ao terceiro motivo (especulação), a demanda por moeda será função inversa da taxa de juros, indicando que, quanto maiores forem os juros, menor será a demanda por moeda. Assim, nós podemos dizer que a demanda por moeda é, ao mesmo tempo, função crescente da renda e decrescente dos juros. Segue um quadro com o resumo das relações:

Motivo Variável

determinante Variável X Demanda de moeda Relação:

Transação Renda Direta

Precaução Renda Direta

Especulação Taxa de juros Inversa

9

Em algumas obras, também é aceito que a curva LM representa o equilíbrio no mercado de ativos, em alusão ao fato de que estes também servem para satisfazer os motivos pelos quais a moeda é demandada.

10

Algebricamente, nós indicamos a oferta de moeda pela expressão (M/P). “M” é a quantidade de moeda. Nós dividimos “M” por “P” para indicar a oferta REAL de moeda, e ela depende do nível de preços (P) da economia. Se os preços aumentam, e a quantidade de “M” permanece constante, podemos entender que há redução da oferta real de moeda (redução de M/P).

(12)

i iB B A curva LM é positivamente inclinada, evidenciando a relação positiva entre a demanda de moeda e a renda e a relação negativa entre aquela e a taxa de juros. Figura 06 A iA Y YB YA

Nota  se você teve dificuldades no entendimento do último parágrafo e/ou do quadro, talvez seja bom reler a aula 04, páginas 04 a 05.

A curva LM, ao contrário da curva IS, possui inclinação ascendente, conforme podemos enxergar na figura 06:

Quando há um aumento da renda (por exemplo, de YA para YB), há

aumento da demanda de moeda para fins de transação e precaução. Como a oferta de moeda (=estoque de moeda) é mantida fixa pela autoridade monetária, isto faz com que haja redução do nível de liquidez da economia. Em outras palavras, o aumento de renda provoca aumento da demanda de moeda e esse aumento de demanda não é suprido pela autoridade monetária. Em virtude disto, o “preço da moeda” aumenta e este “preço da moeda” é a taxa de juros.

Assim, podemos concluir que o aumento de renda provoca o aumento de demanda de moeda e também o aumento da taxa de juros. Logo, como há uma relação direta entre a renda e a taxa de juros (o aumento daquela provoca o aumento desta), a curva LM será positivamente inclinada. Na figura 06, o aumento de Y provoca o aumento de i, segundo o ponto de vista do mercado monetário.

Bem, agora já sabemos que a curva LM é positivamente inclinada, agora, falta-nos saber o que a desloca e o que altera a sua inclinação.

1.2.1. Deslocando a curva LM

Basicamente, a curva LM será deslocada em virtude de alterações na oferta de moeda (que é fixada exogenamente) e na demanda de moeda. Agora, você pode estar se perguntando se não há uma

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oferta de moeda deslocam a curva LM). A resposta é não, não existe contradição.

Em qualquer modelo econômico em que tenhamos uma curva em um gráfico e esta curva relacione algumas variáveis, nós observamos que somente mudanças nas variáveis exógenas podem provocar o deslocamento desta curva como um todo.

Na curva IS, por exemplo, aumentos de C, I e G deslocam a curva IS. Observe que estas variáveis são externas (exógenas) ao modelo da curva IS, pois não são determinadas no modelo da curva IS. Quando o governo aumenta os gastos ou reduz a tributação, estas decisões certamente são externas ao modelo. Por isso, elas deslocam a curva IS como um todo. Então, quando estas variáveis exógenas mudam a renda (Y), temos que deslocar a curva IS como um todo. Se houver alteração de alguma variável endógena da curva IS (alteração de juros ou renda), temos deslocamento ao longo da curva IS e não da curva inteira.

Apenas para exemplificar, suponha que o consumo da economia tenha aumentado em virtude do aumento da renda. Será que haverá deslocamento da curva IS? A resposta é não, pois o que houve, de fato, foi o aumento da renda, que é variável endógena (interna ao modelo). Este aumento da variável endógena, por sua vez, aumentou o consumo. Desta forma, a alteração ocorrida foi de uma variável endógena (aumento da renda) e não de uma variável exógena, então, não há deslocamento da curva IS. Por outro lado, quando o governo reduz a tributação (alteração exógena), há aumento do consumo. Como consequência do aumento do consumo, empurramos a curva IS para a direita, mas veja que o acontecimento inicial foi uma alteração de uma variável exógena (tributação  consumo), indicando que, neste caso, temos que deslocar a curva IS como um todo. Apenas para clarificar, entenda que, na curva IS, as variáveis endógenas são os juros (i), a renda (Y), o investimento que é dependente da taxa de juros (I) e a poupança (S).

O mesmo raciocínio se aplica à curva LM. Apenas mudanças exógenas (externas ao modelo) podem deslocar a curva LM. No caso específico desta curva, a oferta de moeda é variável exógena, por conseguinte, ela tem o efeito de deslocar a curva LM.

Alterações da demanda de moeda que sejam exógenas (não sejam provocadas por alterações dos juros e da renda) também provocam deslocamento da curva LM. Como exemplo desta situação, temos as expectativas dos agentes quanto à rentabilidade futura dos títulos. Se as pessoas entenderem que os títulos tendem a cair de preço e não serão rentáveis, elas preferirão se desfazer de títulos e adquirir moeda, de forma que este desejo de adquirir moeda aumentará a demanda por

(14)

moeda. Este aumento da demanda por moeda (preferência pela liquidez) foi provocada por variáveis exógenas, externas ao modelo (expectativas). Neste caso, ela provocará o deslocamento da curva LM como um todo.

De modo resumido, podemos dizer que quando há aumento da oferta de moeda, fruto da adoção de políticas monetárias expansivas, a curva LM é deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda. Quando há redução da oferta de moeda, fruta da adoção de políticas monetárias restritivas, a curva LM é deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda.

Quando há aumento da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda (e do aumento da taxa de juros). Quando há redução da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda (e da redução da taxa de juros).

Assim, temos o seguinte em relação aos deslocamentos da curva LM:

Alteração de variáveis exógenas: Desloca LM para:

Política monetária (oferta de moeda)

Expansiva (aumento

da oferta de moeda) P/ direita e p/ baixo

Restritiva (redução da

oferta de moeda) P/ esquerda e p/ cima

Alteração da demanda de moeda provocada por mudança no comportamento dos agentes econômicos Redução da demanda

de moeda P/ direita e p/ baixo

Aumento da demanda

de moeda P/ esquerda e p/ cima

Vale destacar que, dentro da política monetária, nós temos uma série de itens que devem estar muito bem memorizados na nossa cabeça. Estes itens foram estudados na aula 04. Se você não os lembra com perfeição, sugiro que releia a aula passada, no que se refere a estes assuntos.

Agora, vejamos um exemplo de aplicação para treinar (você verá na prática que é mais fácil do que parece):

O que acontecerá com a curva LM se o BACEN decidir reduzir a taxa do redesconto que é cobrada dos bancos comerciais e estes, em virtude disto, aumentarem o montante das operações de redesconto?

(15)

Após o aumento das operações de redesconto, haverá mais moeda circulando (mais oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para direita e para baixo.

LM1 LM2 LM1 Fig. 07 i Y2 Y1 Y1

Após o aumento da exigência de depósitos compulsórios, haverá menos moeda circulando (menos oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para a esquerda e para cima.

LM1 LM1 LM2 Fig. 08 i Y2 Y1 Y1

Se o BACEN reduz a taxa do redesconto, e isso faz com que os bancos comerciais aumentem as operações de redesconto, isto significa que haverá mais dinheiro (mais oferta de moeda) circulando na economia. Isto configura um caso de política monetária expansiva, que, com certeza, deslocará a curva LM para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda, conforme se observa na figura 07:

Outro exemplo: o que acontecerá com a curva LM se o governo aumentar a exigência de depósitos compulsórios?

Se os bancos comerciais são obrigados a depositar

compulsoriamente mais dinheiro no BACEN, isto significa que sobrará menos dinheiro para ser emprestado (e multiplicado) ao público, de forma que teremos neste caso menos moeda circulando na economia (política monetária restritiva). Veja a consequência sobre a curva LM:

Após o aumento das operações de redesconto, haverá mais moeda circulando (mais oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para a direita e para baixo.

LM1 LM2 LM1 Fig. 07 i Y2 Y1 Y1

(16)

Figura 09 LM i LM i1 i2 Y1 Y2 Renda (Y) Y1 Y2

b) Demanda de moeda é bastante elástica à renda e pouco elástica

(inelástica) aos juros. a) Demanda de moeda é pouco

elástica (inelástica) à renda e bastante elástica aos juros.

1.2.2. Inclinação da curva LM

Já sabemos que a curva LM é positivamente inclinada, mas quando será que ela é muito ou pouco inclinada? Os fatores que afetam a inclinação da curva LM são as elasticidades da demanda de moeda em relação à renda e à taxa de juros.

Na curva IS, nós vimos que a elasticidade da demanda de investimento em relação à taxa de juros é um dos fatores que define a inclinação da IS, isto porque o investimento é função da taxa de juros. Na curva LM, porém, a demanda de moeda é função de dois fatores (renda e juros), assim, nós analisamos a elasticidade da demanda de moeda em relação a duas variáveis (renda e juros).

Quanto maior a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda (quanto maior for o ângulo entre a curva LM e o eixo onde está a renda), maior será a inclinação da curva LM (mais ela será vertical). Neste caso, uma pequena variação na renda levará a uma grande expansão na demanda de moeda, o que provocará uma maior elevação na taxa de juros para compensá-la. É o caso da figura 09, diagrama b.

Observe também que quando falamos que a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda é alta, isto implica dizer, obrigatoriamente, que a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros é baixa, uma vez que, se o ângulo entre LM e o eixo da renda é alto, necessariamente, o ângulo entre LM e o eixo dos juros é baixo, indicando que a elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros é baixa. Assim, temos as seguintes relações:

(17)

Alta elasticidade da demanda de moeda em relação à renda => curva LM muito inclinada (+ vertical) => baixa elasticidade da demanda de moeda

em relação aos juros

Quanto maior a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros (quanto maior o ângulo entre LM e o eixo dos juros), menor será a inclinação da curva LM. É o caso do diagrama a da figura 9. Observe que o ângulo entre LM e o eixo dos juros é alto, o que nos indica que a elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros é alta, fazendo com que a curva LM seja mais horizontal ou menos inclinada.

Da mesma forma que analisamos para o diagrama b, podemos dizer que, em relação ao diagrama a, a situação de alta elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros implica dizer, obrigatoriamente, que a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda é baixa. Assim,

Alta elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros => curva LM pouco inclinada (+ horizontal) => baixa elasticidade da demanda de

moeda em relação à renda

Podemos resumir na seguinte tabela os determinantes da inclinação da curva LM:

Inclinação da LM demanda de moeda Elasticidade da em relação a Y Elasticidade da demanda de moeda em relação a i + inclinada/vertical

+ achatada/horizontal

Por fim, apresento um resumo sobre a curva LM. Curva LM: resumo

1. A curva LM é positivamente inclinada;

2. A curva LM representa o equilíbrio no lado monetário da economia, ou no mercado de moeda (oferta de moeda=demanda de moeda), representando as combinações de valores de renda e taxa de juros que produzem o equilíbrio no mercado monetário;

3. A demanda de moeda é função direta da renda (motivos transação e precaução) e função inversa da taxa de juros (motivo especulação);

(18)

4. A curva LM será deslocada para a direita e para baixo quando houver aumento da oferta de moeda (política monetária expansiva) ou redução da demanda de moeda provocada por mudanças no comportamento dos agentes (menor preferência pela liquidez); 5. A curva LM será deslocada para a esquerda e para cima quando

houver redução da oferta de moeda (política monetária restritiva) ou aumento da demanda de moeda provocada por mudanças no comportamento dos agentes (maior preferência pela liquidez);

6. A curva LM é afetada pela política monetária do governo;

7. Alterações da taxa de juros e da renda não deslocam a curva LM (pois juros e renda são variáveis endógenas);

8. A curva LM será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros for elevada e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for baixa;

9. A curva LM será muito inclinada (mais vertical) quando a

elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros for baixa e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for alta.

1.3. O equilíbrio: as curvas IS e LM combinadas

Na figura 10, nós combinamos as curvas IS e LM. A curva LM possui inclinação positiva e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado monetário (ou mercado de ativos). A curva IS possui inclinação negativa e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado de bens e serviços. O ponto de intersecção entre as duas curvas, o ponto E, é o (único) ponto de equilíbrio geral para ambos os mercados. Somente ao nível de renda YE e à taxa de juros iE a economia estará em equilíbrio no lado real (investimento=poupança) e no lado monetário (oferta de moeda=demanda de moeda).

(19)

i Curva LM E iE Figura 10 Curva IS Y YE Novo equilíbrio LM LM i Figura 11 Equilíbrio inicial E2 iE2 E1 iE1 E1 iE1 IS2 IS1 IS1 Y YE1 YE1 YE2

1.3.1. Alterando o equilíbrio por meio das políticas fiscal e monetária

Agora que temos plena noção do que representa cada curva e dos fatores que as modificam, nós podemos verificar quais as consequências da adoção de determinadas políticas (fiscais e monetárias) sobre a taxa de juros e o nível de renda/emprego da economia.

Desde já, gostaria de dizer que não é aconselhável decorar nada do que será dito, mas apenas aprender o método de raciocínio e a forma com que as curvas são deslocadas, ora para a direita, ora para a esquerda. Aprender esta sistemática é a nossa meta, pois é ela que nos permitirá resolver as questões de prova com segurança. Inicialmente, apenas vá lendo (e entendendo) os exemplos e acompanhando as resoluções dos questionamentos. Ao fim dos exemplos, será passado um bizú de como se deve raciocinar para resolver os problemas.

Exemplo 1: Política fiscal expansiva

Qual o efeito de um aumento dos gastos do governo sobre a taxa de juros e o nível de renda da economia?

(20)

LM LM

i Equilíbrio inicial equilíbrio Novo Figura 12 E1 iE1 iE1 E2 E1 iE2 IS1 IS1 YE1 IS2 YE2 YE1 Y

Após o aumento dos gastos do governo (G), haverá aumento de Y, uma vez que Y=C+I+G. Como sabemos, aumentos de C, I e G deslocam a curva IS para a direita. Note que, ao deslocarmos a curva IS para a direita, obrigatoriamente, deslocamo-la também para cima. No nosso

gráfico, acima isto está representado pelo deslocamento de IS1 para IS2.

Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros de equilíbrio iE2 e nova renda de equilíbrio YE2. Conclusão: o aumento de gastos do governo (política fiscal expansionista) provocou aumento da taxa de juros e aumento do nível de emprego.

Exemplo 2: Política fiscal restritiva

Qual o efeito de um aumento da tributação em relação à taxa de juros e o nível de renda da economia?

Após o aumento da tributação, haverá redução de C e, consequentemente, redução de Y, o que faz com que desloquemos a curva IS para a esquerda (de IS1 para IS2). Observe que, ao deslocarmos a curva IS para a esquerda, inevitavelmente, temos que deslocá-la também para baixo. Isto é um movimento natural, provocado pela inclinação da curva IS, que é decrescente. Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros de equilíbrio iE2 e nova renda de equilíbrio YE2. Conclusão: o aumento da tributação (política fiscal restritiva) provoca redução da taxa de juros e redução do nível de emprego.

Exemplo 3: Política monetária restritiva

Qual a consequência da venda de títulos públicos ao mercado em relação à taxa de juros vigente e ao nível de renda da economia?

(21)

Figura 13 LM2 Equilíbrio inicial i LM1 iE2 LM1 E 2 iE1 iE1 E1 E1 IS IS YE1 YE2 YE1 Figura 14 LM1 LM1 Novo equilíbrio Equilíbrio inicial i LM2 iE1 iE1 E1 E1 iE2 E2 IS IS YE2 YE1 YE1

A venda de títulos públicos reduz a quantidade de moeda circulando na economia, uma vez que o governo recebe moeda do público e entrega títulos. Esta redução da oferta de moeda (política monetária restritiva) provoca o deslocamento para a esquerda da curva LM. Observe que, pelo fato da curva LM ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a esquerda, mas também para cima (de LM1 para LM2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros e novo nível de renda, iE2 e YE2, respectivamente. Conclusão: a venda de títulos públicos (política monetária restritiva) provoca aumento da taxa de juros e redução do nível de emprego.

Exemplo 4: Política monetária expansiva

Qual a consequência da compra de títulos públicos do mercado para a taxa de juros vigente e para o nível de renda da economia?

A compra de títulos públicos aumenta a quantidade de moeda circulando na economia, uma vez que o governo entrega moeda ao público e recebe

(22)

títulos. Esse aumento da oferta de moeda (política monetária expansiva) provoca o deslocamento para a direita da curva LM. Observe que, pelo fato da curva LM ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a direita, mas também para baixo (de LM1 para LM2). Como

resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2,

onde temos nova taxa de juros e novo nível de renda, iE2 e YE2,

respectivamente. Conclusão: a compra de títulos públicos (política monetária expansiva) provoca redução da taxa de juros e aumento do nível de emprego.

Com estes 04 exemplos, pudemos observar o efeito isolado da adoção de políticas fiscais e monetárias, levando-se em conta a taxa de juros e o nível de renda da economia. No entanto, preste bem atenção, estes efeitos não devem ser decorados. Eles foram colocados apenas para efeito de ilustração do método de raciocínio, e é esta sistemática de raciocínio que você deve adquirir e, de forma nenhuma, a simples memorização dos efeitos.

Para sistematizar o raciocínio, sugiro o seguinte método:

Ao se deparar com um problema em que você tenha que descobrir, a partir de um acontecimento qualquer (pode ser política fiscal ou monetária), quais serão os efeitos sobre as taxas de juros e nível de renda da economia, siga os passos abaixo:

1 – primeiro, verifique se este acontecimento afeta (desloca) a curva IS ou a curva LM. Mudanças em C, I e G deslocam a curva IS. Mudanças na oferta de moeda e na demanda de moeda (desde que esta última seja resultado da mudança de comportamento das pessoas) deslocam a curva LM. Lembre-se também de que a curva IS é relacionada à política fiscal, enquanto a curva LM é relacionada à política monetária.

2 – depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o acontecimento desloca a curva IS ou LM para a direita ou para a esquerda. Lembre-se de que políticas expansionistas (fiscais ou monetárias) irão deslocar as curvas para a direita, no sentido de aumento do nível de renda, que está representado no eixo horizontal do gráfico. Políticas restritivas ou recessivas irão deslocar as curvas para a esquerda. 3 – após deslocar a(s) curva(s), verifique, por si só, o novo ponto de equilíbrio e as consequências sobre a nova taxa de juros e o novo nível de renda da economia.

(23)

Esteja habituado a esta sequência e forma de pensar, pois elas são muito úteis na hora de raciocinar durante as questões. Para quem já estudou microeconomia, é visível que a sistemática é bastante parecida com a que é usada no estudo sobre oferta e demanda. Quando nós aprendermos o modelo de oferta e demanda agregada, este tipo de raciocínio também será bastante útil.

Adendo: Teoria dos Fundos Emprestáveis

No exemplo 01, nós vimos que a política fiscal expansiva faz aumentar os juros. Vejamos esta consequência sob um prisma um pouco diferente, baseado na teoria dos fundos emprestáveis.

Nós sabemos que tudo o que é poupado é igual ao valor dos investimentos (poupança = investimento). Isto quer dizer o seguinte: todo o excesso de recursos serve para financiar os investimentos. Quando as famílias, ou o governo, poupam recursos, estes fundos (ou recursos) ficam disponíveis para serem emprestados às empresas, para que estas possam viabilizar os seus investimentos. Por isso, existe esta tautologia: poupança = investimento. Ou seja, os fundos (ou recursos) emprestáveis são originados dos recursos que a sociedade poupa.

Quando uma empresa vai investir, ela entrega um título para o agente poupador (ou para um intermediário, que é geralmente um banco) e recebe em troca os recursos que viabilizarão o investimento. Em troca, o agente poupador recebe, além do título, uma remuneração pelo recurso (ou fundo) emprestado. Esta remuneração são os juros. Assim, nós podemos entender que os juros funcionam como o preço destes fundos de empréstimos. Se houver muitos fundos emprestáveis (muita poupança), o preço de tais fundos será baixo, pois tudo que temos em excesso ou em muita quantidade é geralmente pouco valorizado, e tem o preço baixo. Desta forma,

Muita poupança  muitos fundos emprestáveis  juros baixos Pouca poupança  poucos fundos emprestáveis  juros altos

Pois bem. O que isto tem a ver com o fato de a política fiscal expansiva aumentar a taxa de juros? Vejamos:

Nós sabemos que a poupança é dividida em: poupança privada, poupança do governo e poupança externa. Quando temos uma política fiscal expansiva (aumento de gastos ou redução de tributos), isto certamente reduz a poupança do governo, o que também reduz a poupança (total). A consequência será uma menor oferta de fundos emprestáveis. A existência de uma menor quantidade de fundos

(24)

i Curva LM ΔG.K iE2 E2 ΔY=YE2 – YE1 E1 iE1 Figura 15 Curva IS2 Curva IS1 Y YE2 YE1

emprestáveis (menor oferta de fundos emprestáveis) tornará o preço de tais fundos mais caros.

Ou seja, a escassez de recursos decorrente da redução da poupança do governo (em função da política fiscal expansiva) faz reduzir a quantidade de fundos emprestáveis, aumentando as taxas de juros da economia.

Veja que a conclusão é a mesma daquela obtida a partir da análise IS-LM. No entanto, achei pertinente colocar esta visão adicional da

relação entre déficit público11 e altas taxas de juros, tendo em vista a

possibilidade de aparecer uma questão teórica sobre o tema, levando em conta o nível mais aprofundado com que a FGV elabora suas provas.

1.4 O efeito deslocamento (crowding out)

Mais uma vez, focaremos nossa análise no resultado obtido no exemplo 1 do item passado. Neste, nós vimos que um aumento dos gastos do governo (política fiscal expansiva) provoca aumento da taxa de juros e do nível de renda da economia. Vejamos esta situação de forma mais detalhada:

O aumento de gastos do governo (ΔG) faz deslocar a curva IS1 para

IS2. Esse aumento dos gastos deveria provocar o aumento na renda de

equilíbrio equivalente ao valor do aumento dos gastos multiplicado pelo multiplicador keynesiano (K). Assim, o aumento na renda de equilíbrio (ΔY) provocado pelo aumento de gastos deveria ser (ΔG.K), de forma que ΔY=ΔG.K, exatamente como aprendemos na aula 03.

(25)

No entanto, observa-se que o aumento em Y foi em magnitude menor que o aumento de gastos do governo multiplicado por K. Ou seja, ΔY<ΔG.K; e isto acontece devido ao papel da taxa de juros.

Quando o governo aumenta os gastos, há aumento da taxa de juros

(iE1 para iE2). Como os investimentos são função inversa da taxa de juros,

consequentemente, o aumento dos gastos do governo resultará em um decréscimo nos investimentos (decréscimo em I), de forma que esse decréscimo em I fará com que a renda não aumente no valor exato do aumento dos gastos do governo multiplicado pelo multiplicador keynesiano. Assim, temos que o aumento de G faz com que a renda aumente em ΔG.K, mas, ao mesmo tempo, faz com que o agregado investimento (I) seja reduzido em algum valor, em virtude do aumento das taxas de juros.

Esse fenômeno é conhecido como crowding-out ou efeito deslocamento. Entende-se que, neste caso, o governo está ocupando um espaço maior na economia, em detrimento do setor privado.

Quanto mais os investimentos forem sensíveis (elásticos) aos juros, maior será o efeito deslocamento. Em outras palavras, quanto menos inclinada (mais deitada) a curva IS, maior o efeito deslocamento. Quanto mais insensível (menos elástico) forem os investimentos em relação aos juros, menor será o efeito deslocamento. Isto é, quanto mais inclinada a curva IS, menor o efeito deslocamento.

1.5. Eficácias das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM

A depender das inclinações das curvas IS e LM, nós podemos apresentar diferentes eficácias na aplicação de políticas fiscal e monetária.

A política fiscal é intimamente ligada à curva IS, ao passo que a política monetária é ligada à curva LM. De modo geral, podemos dizer quanto mais estas curvas forem inclinadas (mais verticais), maior será a eficácia da política a ela relacionada.

Por exemplo, se a curva IS for muito inclinada, a política fiscal será bastante eficaz; por outro lado, se a curva LM for muito inclinada, a política monetária será bastante eficaz. O oposto também é válido: se a curva IS é pouco inclinada, a política fiscal é ineficaz; se a curva LM for pouco inclinada, a política monetária é pouco eficaz.

(26)

Figura 16 – Eficácia da política fiscal

IS2 IS1 LM LM i E2 E1 E2 iE2 iE2 IS2 iE1 E1 iE1 IS1 YE1 YE2 Y

a) Quando a curva IS é mais inclinada, a política fiscal é mais eficaz, havendo elevação da renda em montante semelhante ao deslocamento da curva IS.

b) Quando a curva IS é menos inclinada, a política fiscal é menos eficaz, havendo elevação da renda em montante muito inferior ao deslocamento da curva IS.

YE2 YE1

Figura 17 – Eficácia da política monetária

LM1 LM1 i LM2 LM2 E1 E2 iE1 E1 iE2 iE1 iE2 E2 IS YE1 IS YE2 Y YE2

a) Quando a curva LM é menos inclinada, a política monetária é menos eficaz, havendo elevação da renda em montante bastante inferior ao deslocamento da curva LM.

YE1

b) Quando a curva LM é mais inclinada, a política monetária é mais eficaz, havendo elevação da renda em montante semelhante ao deslocamento da curva LM. Nota  quando falamos em eficácia das políticas fiscal e monetária, estamos querendo falar especificamente sobre os seus impactos sobre o nível de renda (Y).

Estas relações podem ser verificadas visualmente de forma bastante fácil.

(27)

Veja que todas essas conclusões não precisam ser decoradas, pois são deduzidas de modo simples depois que desenhamos os gráficos. Então, nesta parte da matéria, aconselho você a não decorar, mas sim a aprender a trabalhar com os gráficos, porque eles são o ponto de partida das informações de que você necessita.

De qualquer forma, segue o quadro abaixo com o resumo das eficácias relativas das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM:

POLÍTICA MONETÁRIA

Curva IS Curva LM

Muito inclinada Ineficaz Eficaz

Pouco inclinada Eficaz Ineficaz

POLÍTICA FISCAL

Curva IS Curva LM

Muito inclinada Eficaz Ineficaz

Pouco incinada Ineficaz Eficaz

1.6. Casos especiais

Neste item, nós estudaremos três casos especiais dentro do modelo IS-LM:

i. Modelo keynesiano simplificado: o investimento é totalmente

inelástico à taxa de juros e a curva IS é 100% vertical;

ii. Armadilha da liquidez: a elasticidade demanda de moeda em

relação à taxa de juros tende ao infinito, e a curva LM é (quase) plenamente horizontal;

iii. Caso clássico: a demanda de moeda depende somente da renda, e

é totalmente inelástica à taxa de juros, fazendo com que a curva LM seja plenamente vertical.

i. Modelo keynesiano simplificado

No modelo keynesiano simplificado, que aprendemos na aula 03, o investimento não depende ou é totalmente inelástico à taxa de juros, de tal forma que a curva IS será uma reta vertical, indicando que, qualquer que sejam os juros, a renda será a mesma.

Neste caso, a política monetária é totalmente ineficaz para aumentar o nível de emprego da economia. Ela apenas alterará as taxas

(28)

IS2 IS1 i LM1 LM2 iE1 Figura 18 iE2 Y YE2 YE1

de juros, mas o nível de emprego será sempre o mesmo. Por outro lado, a política fiscal terá alto grau de eficácia, uma vez que o deslocamento da curva IS será integralmente refletido na alteração da renda (Y). Isto acontece porque o investimento não depende da taxa de juros, então, neste caso, não existe nenhum crowding out. Se o governo adotar política fiscal expansiva e, como consequência, a taxa de juros for aumentada, os investimentos não serão reduzidos porque eles são totalmente inelásticos (insensíveis) aos juros.

Pela figura 18, observa-se que, quando a curva IS é vertical (investimento é insensível à taxa de juros), o uso de política de monetária não altera o nível de renda. Veja que o deslocamento da curva LM de LM1 para LM2 não tem qualquer efeito sobre a renda. Por outro lado, a política fiscal é totalmente eficaz e o deslocamento para a direita da curva IS (de IS1 para IS2) é integralmente refletido na renda, sem a ocorrência de crowding out ou efeito deslocamento.

Concluímos então que, quando temos a situação em que o investimento não depende da taxa de juros (modelo keynesiano simplificado), somente a politica fiscal é eficaz.

ii. Armadilha da liquidez

Conforme nós aprendemos na aula 04, a demanda por moeda é função inversa da taxa de juros. Portanto, quando a taxa de juros atinge patamares bastante baixos, a demanda por moeda se eleva e as pessoas preferirão guardar sua riqueza sob a forma de moeda (juros baixos => maior demanda por moeda).

Se os juros atingirem patamares extremamente baixos, é provável que as pessoas demandem e guardem consigo grande quantidade moeda.

(29)

LM i Trecho keynesiano: a armadilha da liquidez. Figura 19 IS2 IS1 Y YE2 YE1 Figura 20 LM2 LM1 i

Política monetária expansiva não altera a curva LM no trecho keynesiano.

Y

economia será infrutífero, pois as pessoas já têm bastante moeda em seu poder. Assim, se o governo aumentar a oferta monetária, isso não será motivo para haver aumento da renda. Ao mesmo tempo, a política monetária expansiva também não servirá para baixar a taxa de juros, uma vez que ela já se encontra bastante baixa.

Esta situação de juros baixos, muita moeda em poder das pessoas, e ineficácia da política monetária foi chamada por Keynes de armadilha da liquidez, em alusão ao fato de que as pessoas já estão bastante líquidas (em virtude dos juros baixos) e a política monetária expansiva é ineficaz para aumentar a renda.

A curva LM, no caso da armadilha da liquidez, será horizontal, evidenciando que a elasticidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros é muito grande, tendendo ao infinito. A área da curva LM em que temos a armadilha da liquidez é chamada de trecho keynesiano da curva LM. Veja a figura 19:

Observe que nesta situação de armadilha da liquidez, somente a política fiscal será capaz de aumentar a renda da economia. Se houver política monetária expansiva, a curva LM não será alterada no trecho keynesiano, apenas em seu restante, conforme está na figura 20:

(30)

Figura 21

i Trecho normal ou intermediário: LM LM positivamente inclinada Trecho clássico: LM vertical Trecho keynesiano: LM horizontal Y YPE Figura 22 LM2 LM1 i IS 1 IS2 Somente política monetária é eficaz iii. Caso clássico

Na aula 03, nós vimos algumas diferenças entre as abordagens clássica e keynesiana na macroeconomia. Para os clássicos, a economia tendia ao equilíbrio no produto/renda de pleno emprego e isto não dependia da taxa de juros. Para eles, não existia demanda por moeda motivo especulação, mas tão somente demanda por moeda motivos transação e precaução. Isto implica dizer que, para os clássicos, a demanda por moeda depende somente da renda e não da taxa de juros (já que a relação demanda de moeda x taxa de juros é decorrente do motivo especulação).

Assim, para eles, a demanda por moeda é insensível ou totalmente inelástica à taxa de juros, de tal forma que o trecho clássico da curva LM será plenamente vertical, e estará exatamente sobre o nível da renda de pleno emprego (YPE). Veja a figura 21:

No caso clássico da curva LM, a política fiscal é ineficaz para aumentar o nível de emprego, enquanto a política monetária é plenamente eficaz.

(31)

Podemos resumir assim as eficácias das políticas fiscais e monetárias nos casos especiais:

Caso especial Política fiscal Política monetária

Modelo keynesiano simples Eficaz Ineficaz

Armadilha da liquidez

(trecho keynesiano) Eficaz Ineficaz

Caso clássico (curva LM

vertical) Ineficaz Eficaz

Com isso, terminamos o modelo IS-LM na economia fechada. Ao final da aula, você encontrará algumas questões sobre este modelo. Agora, veremos as implicações para uma economia aberta.

2.

IS-LM NA ECONOMIA ABERTA

2.1. Generalidades

Nós vimos que o modelo IS-LM é dependente da interação entre as curvas IS e LM. A curva IS representa o lado real da economia e é deslocada sempre que há alterações da renda Y, e esta, na economia fechada, é dada como sendo a soma do consumo, investimento e gastos do governo (Y=C+I+G). Quando “abrimos” a economia, a equação da renda se modifica e passa incluir as exportações (X) e importações (M), de forma que Y=C+I+G+X–M.

Assim, neste caso, alterações de X e M alterarão a renda da economia e, por conseguinte, deslocarão a curva IS exatamente como estudamos na economia fechada. Aumentos de X fazem a renda aumentar e deslocam a curva IS para a direita; reduções de X fazem o contrário. Aumentos de M fazem a renda diminuir e deslocam a curva IS para a esquerda; reduções de M fazem o contrário.

Em virtude da entrada das exportações (X) e importações (M) no modelo, precisamos definir quais são as variáveis que influenciam estes agregados. Na verdade, nós já vimos esse assunto na aula 02, mas é

interessante dar uma revisada12.

12

(32)

As exportações e as importações dependem, entre outras coisas, da taxa de câmbio. Quando o câmbio está desvalorizado, há tendência para que haja redução das importações, uma vez que os produtos importados ficam mais caros, desincentivando o seu consumo. Ao mesmo tempo, o câmbio desvalorizado também incentiva a exportação, pois os exportadores recebem mais dinheiro pelos seus produtos vendidos no exterior.

Desta forma, devemos entender que o câmbio também interfere na renda e, consequentemente, fará deslocar a curva IS. Se o câmbio for desvalorizado, as exportações aumentarão e as importações diminuirão, aumentando Y e fazendo a curva IS se deslocar para a direita. Se houver valorização do câmbio, ocorrerá o contrário: aumento das importações, redução das exportações, redução de Y e a curva IS será deslocada para a esquerda.

Bem, já entendemos que o câmbio afeta as exportações e as importações e isso também tem consequências sobre a renda e sobre a posição da curva IS. Agora, devemos entender o que afeta o câmbio.

Na aula 02, nós vimos que muita coisa pode influenciar o câmbio, mas, para o modelo IS-LM na economia aberta, interessa-nos saber apenas a forma com que os juros internos e externos o fazem. O motivo é óbvio: o modelo IS-LM analisa de que forma as curvas IS e LM afetam não só a renda (Y), mas também os juros (i) da economia. Por isso, nosso foco na determinação da taxa de câmbio estará voltado para as taxas de juros internas e externas.

Quando as taxas de juros internas (iINT) são maiores que as

externas (iEXT), haverá estímulo à entrada de capitais estrangeiros

(moeda estrangeira), pois os investidores estrangeiros preferirão investir o seu dinheiro no nosso país, onde os juros estão maiores. Neste caso, a

oferta13 excessiva de moeda estrangeira fará seu valor cair, o que é o

mesmo que dizer que a moeda nacional será valorizada.

Quando os juros externos são maiores que os internos, há estímulo à saída de capitais, pois os investidores preferirão investir o seu dinheiro no exterior, onde os juros estão maiores. Para adquirir títulos no exterior, é necessário se desfazer de Reais (R$) e adquirir moeda estrangeira.

13Conforme comentado na aula 02, o preço da moeda (nacional ou estrangeira) segue o mesmo

comportamento do preço de qualquer bem, uma vez que a moeda também é um bem. Se há oferta abundante de um bem, este bem terá o seu preço reduzido. O mesmo acontece com a moeda. Se os

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