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Modelagem fuzzy para a epidemiologia da doença de chagas

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Academic year: 2021

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Instituto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Cient´ıfica

ANNY MIRLENI ALMEIDA SILVA

MODELAGEM FUZZY PARA A

EPIDEMIOLOGIA DA DOENC

¸ A DE CHAGAS

CAMPINAS 2015

(2)

MODELAGEM FUZZY PARA A

EPIDEMIOLOGIA DA DOENC

¸ A DE CHAGAS

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Cient´ıfica da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exi-gidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestra em Ma-tem´atica Aplicada.

Orientador: LA´ECIO CARVALHO DE BARROS

O ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE `A VERS ˜AO FINAL DA

DISSERTAC¸ ˜AO DEFENDIDA PELA ALUNA ANNY MIRLENI

AL-MEIDA SILVA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. LA ´ECIO

CARVA-LHO DE BARROS.

CAMPINAS 2015

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A Deus, por ter me guiado em mais uma etapa da minha vida. Ao meu namorado, Cristyan, que ´e o grande “culpado” disso tudo. Sem ele, para me dar suporte e for¸ca para seguir em frente eu n˜ao teria chegado t˜ao longe.

(6)

Ao meu orientador, Prof. La´ecio Carvalho de Barros, pela paciˆencia e pelos ensina-mentos no decorrer do mestrado.

As minhas irm˜as, Aline Cristina e Ana Caroline, por acreditarem em mim sempre. A minha querida m˜ae, Ana C´elia, que apesar de todos os pormenores foi meu alicerce durante essa jornada.

A todos os meus amigos de Bel´em que sempre torceram e me apoiaram mesmo estando t˜ao longe.

A todos os amigos daqui, que formam a minha segunda fam´ılia e que est˜ao sempre juntos, torcendo por cada passo dado.

Aos amigos da sala 5B, Marina e Jardel, por sempre me socorrerem quando algo estava dando errado ou, por me ouvirem e comemorar sempre que algo dava certo.

Ao meu querido e amado Paidrasto, Roberto, que sempre me deu apoio e for¸cas para continuar correndo atr´as dos meus sonhos e objetivos.

A minha sogra, Graciete Vale, por estar sempre na torcida e orando por mim. A todos os meus familiares pelo apoio e torcida concedidos a mim.

(7)

O foco desta disserta¸c˜ao de mestrado consiste em um estudo sobre a doen¸ca de Chagas com modelos matem´aticos e o uso da teoria dos conjuntos Fuzzy. Nele trabalha-se com o fluxo de popula¸c˜oes assintom´aticas para sintom´aticas da doen¸ca de Chagas. A dinˆamica da Doen¸ca de chagas ´e feita a partir de dois sistemas de equa¸c˜oes diferenciais, cujos parˆametros s˜ao estimados via L´ogica Fuzzy. Estes parˆametros s˜ao definidos de acordo com a produ¸c˜ao de duas citocinas (IL-10 e IFN-γ) produzidas pelos linf´ocitos T CD4+, que acredita-se, estarem relacionadas com a evolu¸c˜ao ou com o retardo da Doen¸ca de Chagas. Usa-se uma base de regras fuzzy cuja entrada ´e o n´ıvel de produ¸c˜ao das citocinas, IL-10 e IFN-γ, produzidas pelo organismo dos indiv´ıduos infectados e, como parˆametro de sa´ıda, tem-se o coeficiente de transferˆencia da classe de assintom´aticos para a de sintom´aticos. Tanto para as entradas como para as sa´ıdas do Sistema Fuzzy utiliza-se termos lingu´ısticos para representar as formas da doen¸ca na fase crˆonica.

Palavras-chave:

(8)

The focus of this dissertation is a study of Chagas disease with mathematical models and the use of the theory of fuzzy sets. In it works with the flow of asymptomatic populations for symptomatic Chagas disease. The dynamics of Chagas disease is made from two systems of differential equations, whose parameters are estimated by Fuzzy Logic. These parameters are defined according to the production of two cytokines (IL-10 and IFN - gamma) produced by T CD4+ lymphocytes, believed to be related to the development or with the retardation of Chagas disease. Use is a fuzzy rule base whose entry is the level of production of the cytokines IL-10 and IFN - gamma, produced by the body of infected individuals, and as output parameter, has a transfer coefficient of asymptomatic class for the symptomatic. Both for inputs such as the Fuzzy system outputs is used linguistic terms to represent the forms of the disease in the chronic phase.

keywords:

(9)

1.1 Ciclo de Vida do Trypanosoma cruzi. Fonte [8]. . . 21

1.2 Diagrama para realiza¸c˜ao de Testes para doen¸ca de chagas na fase crˆonica. Fonte [11]. . . 24

2.1 Solu¸c˜ao de (2.3) para x(0) = 1 e a = 0.04. . . 29

2.2 Solu¸c˜ao de (2.3) para y(0) = 0 e a = 0.04. . . 30

2.3 Solu¸c˜ao de (2.9) para s(0) = 0.9, λ = 0.5, µ2 = 0.1, p = 0.7, c = 0.1, k = 0.2 e α = 0.2. . . 35

2.4 Solu¸c˜ao de (2.9) para i(0) = 0.1, λ = 0.5, µ2 = 0.1, p = 0.7, c = 0.1, k = 0.2 e α = 0.2. . . 35

2.5 Solu¸c˜ao de (2.12) para s(0) = 0.8, µ2 = 0.1, p = 0.5, c = 0.1, k = 0.5 e α = 0.2. . . 37

2.6 Solu¸c˜ao de (2.12) para i(0) = 0.2, µ2 = 0.1, p = 0.5, c = 0.1, k = 0.5 e α = 0.2. . . 38

3.1 N´umero Fuzzy Triangular. . . 47

3.2 N´umero Fuzzy Trapezoidal. . . 48

3.3 N´umero Fuzzy em Forma de Sino. . . 49

(10)

onde cada ponto representa uma solu¸c˜ao em t. Fonte [18]. . . 55

3.6 Solu¸c˜ao com a t-norma de Hamacher para diversos valores de a. Fonte [18]. 56 4.1 Detec¸c˜ao das citocinas IL-10 e IFN-γ por c´elulas T CD4+ ap´os est´ımulo com CRA. As barras horizontais representam a m´edia aritm´etica e o erro padr˜ao. As diferen¸cas estat´ısticas est˜ao indicadas na Figura com o valor de p ≤ 0.05. Fonte [16]. . . 61

4.2 Detec¸c˜ao das citocinas IL-10 e IFN-γ por c´elulas T CD4+ ap´os est´ımulo com FRA. As barras horizontais representam a m´edia aritm´etica e o erro padr˜ao. As diferen¸cas estat´ısticas est˜ao indicadas na Figura com o valor de p ≤ 0.05. Fonte [16] . . . 62

4.3 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de IL-10. . . 67

4.4 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de IFN-γ. . . 67

4.5 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de taxa de Transferˆencia Λ. 68 4.6 Representa¸c˜ao de Λ via Mamdani. . . 68

4.7 Solu¸c˜ao x(t) do modelo (4.1). . . 69

4.8 Solu¸c˜ao y(t) do modelo (4.1). . . 70

4.9 Fun¸c˜ao Λ = Λ(, ν). . . 70

4.10 Modelo compartimental que mostra a taxa de transferˆencia de acordo com os n´ıveis de produ¸c˜ao de IL-10 e IFN-γ. . . 71

4.11 Solu¸c˜ao do sistema (4.3) para os indiv´ıduos na FI. . . 73

4.12 Solu¸c˜ao do sistema (4.3) para os indiv´ıduos na FC1. . . 73

4.13 Solu¸c˜ao do sistema (4.3) para os indiv´ıduos na FC2. . . 74

4.14 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de IL-10. . . 76

4.15 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de α. . . 77

(11)

4.18 Fun¸c˜oes de Pertinˆencias para os Valores Fuzzy de β. . . 78 4.19 β em fun¸c˜ao de IFN-γ (β = β(ν)) . . . 79

(12)

Introdu¸c˜ao 15

1 A Doen¸ca de Chagas 18

1.1 Hist´orico . . . 18

1.2 A Doen¸ca de Chagas . . . 19

1.3 O Ciclo de Vida do Trypanosoma cruzi . . . 20

1.4 Formas de Transmiss˜ao da Doen¸ca de Chagas . . . 21

1.5 Diagn´ostico da Doen¸ca de Chagas . . . 22

1.5.1 Testes Sorol´ogicos mais Utilizados . . . 23

1.6 Caracter´ısticas Imunol´ogicas na Doen¸ca de Chagas . . . 25

1.7 Tratamento e Cura para a Doen¸ca de Chagas . . . 25

2 Modelos Determin´ısticos para a Dinˆamica da Doen¸ca de Chagas 27 2.1 Modelo com Ausˆencia de Dinˆamica Vital . . . 28

2.2 Modelos SIS com Mistura Proporcional e Transmiss˜ao Vetorial . . . 31

2.3 Modelos SIS com Mistura Proporcional e Ausˆencia de Transmiss˜ao Vetorial 36 3 Normas Triangulares e Conjuntos Fuzzy 39 3.1 Normas Triangulares . . . 39

(13)

3.3 α-n´ıveis de um Conjunto Fuzzy . . . 45

3.4 N´umeros Fuzzy . . . 46

3.5 Rela¸c˜oes Fuzzy . . . 49

3.6 Base de Regras e Inferˆencia Fuzzy . . . 50

3.7 Controlador Fuzzy . . . 51

3.8 O m´etodo de Inferˆencia de Mamdani . . . 53

3.9 Um Exemplo do Uso da Teoria Fuzzy Aplicada a Doen¸ca de Chagas . . . 54

3.9.1 Modelo SIS com t -norma de Hamacher . . . 55

4 Convers˜ao de Portador Assintom´atico para Sintom´atico 57 4.1 Determina¸c˜ao da Forma da Doen¸ca na Fase Crˆonica . . . 58

4.1.1 Ant´ıgenos Recombinantes CRA e FRA de Trypanosoma cruzi . . 59

4.1.2 Os N´ıveis de Produ¸c˜ao de Citocinas ap´os Est´ımulo in vitro com CRA e FRA [16] . . . 61

4.1.3 Modelo com Parˆametros Fuzzy . . . 64

4.2 Taxa de Transferˆencia Dependendo dos N´ıveis de Produ¸c˜ao de IL-10 () e IFN-γ (ν) . . . 65

4.2.1 Base de Regras para os Parˆametros Fuzzy: N´ıveis de Produ¸c˜ao de IL-10 (), IFN-γ (ν) e Taxa de Transferˆencia Λ . . . 66

4.2.2 Simula¸c˜oes para Estimar Λ = Λ(, ν) . . . 69

4.3 Modelo com Trˆes Compartimentos . . . 71

4.4 Modelo com Trˆes Compartimentos e Parˆametros Fuzzy . . . 74

(14)
(15)

Introdu¸

ao

Ao longo de muitos anos, a humanidade sofreu epidemias de doen¸cas infecciosas que mudaram o rumo da sua hist´oria. Essas epidemias influenciaram o tamanho das po-pula¸c˜oes atingidas e a sua organiza¸c˜ao social. A necessidade de se estudar o comporta-mento dinˆamico dessas epidemias ´e muito importante no que diz respeito `a sua evolu¸c˜ao, estabilidade e controle. Na ´area de epidemiologia, observamos a associa¸c˜ao de muitas ´

areas do conhecimento, para se obter um melhor entendimento dos mecanismos de trans-miss˜ao de doen¸cas infecciosas. A modelagem matem´atica da transmiss˜ao de doen¸cas infecciosas leva em considera¸c˜ao v´arias suposi¸c˜oes com o objetivo de tornar o modelo o mais pr´oximo da realidade poss´ıvel. As principais hip´oteses dos modelos em epidemiolo-gia tomam com um dos seus pontos principais o mecanismo de intera¸c˜ao entre as classes de indiv´ıduos na qual a popula¸c˜ao est´a dividida, onde essas divis˜oes s˜ao classificadas de acordo com as caracter´ısticas da doen¸ca.

A Doen¸ca de Chagas ´e uma doen¸ca infecciosa e parasit´aria, que foi descoberta em 1909 pelo m´edico epidemiologista Carlos Chagas, ela ´e causada pelo protozo´ario Trypa-nosoma cruzi e sua principal forma de transmiss˜ao ´e a vetorial, onde o vetor transmissor ´e um inseto conhecido vulgarmente como “barbeiro”, pois o mesmo costumava picar os indiv´ıduos na regi˜ao da face.

Ap´os a transmiss˜ao, a doen¸ca apresenta duas fases no organismo dos indiv´ıduos in-fectados. A primeira fase ´e conhecida como fase aguda que pode ser sintom´atica ou assintom´atica e inicia-se ap´os o per´ıodo de incuba¸c˜ao que varia de quatro a dez dias quando a transmiss˜ao ´e vetorial. Na maioria dos indiv´ıduos, a fase aguda ´e impercept´ıvel devido `a escassez ou ausˆencia de manifesta¸c˜oes cl´ınicas. Esta fase pode perdurar por at´e 12 semanas. A segunda fase da doen¸ca ´e conhecida como fase crˆonica e esta fase ´e

(16)

subdividida em trˆes formas: indeterminada, card´ıaca e digestiva. A forma indeterminada tem como principal caracter´ıstica a ausˆencia de sintomas (o diagn´ostico para esta forma da doen¸ca se d´a atrav´es de exames de sangue), podendo durar de 15 a 30 anos, ou por toda a vida do indiv´ıduo infectado. Uma das principais caracter´ısticas da forma card´ıaca s˜ao os danos ao tecido do cora¸c˜ao. E, a forma digestiva tem como principal caracter´ıstica os danos ao sistema digestivo do indiv´ıduo infectado.

Apesar de j´a ser conhecida a mais de um s´eculo, os estudos que definem quais aspectos influenciam a evolu¸c˜ao para as demais formas da doen¸ca, ainda s˜ao escassos. Portanto, ainda n˜ao se tem certeza do que pode contribuir ou n˜ao para que a doen¸ca progrida. Por contas dessas incertezas encontradas, o objetivo deste trabalho ´e descobrir como seria a evolu¸c˜ao da doen¸ca, se tiv´essemos informa¸c˜oes suficientes, sobre como o organismo de indiv´ıduos infectados reage a infec¸c˜ao.

Os modelos para a Doen¸ca de Chagas [14, 23] est˜ao ligados com a varia¸c˜ao da po-pula¸c˜ao e, mostram de forma clara os mais variados e complexos limiares que podem ocorrer quando se considera essa popula¸c˜ao sujeita a mudan¸cas como crescimento e de-crescimento e, consequentemente a sua rela¸c˜ao com os efeitos demogr´aficos que tamb´em est˜ao relacionados com as mudan¸cas populacionais, uma vez que a doen¸ca pode surgir em ´

areas onde o “barbeiro”n˜ao esta presente. Os modelos em [14] estudam tanto os modelos determin´ısticos na popula¸c˜ao humana hospedeira, quanto os modelos do tipo hospedeiro-vetor e, os modelos desenvolvidos em [23] estudam a dinˆamica do tipo hospedeiro-vetor. Neste trabalho, buscamos desenvolver modelos matem´aticos considerando distintas suposi¸c˜oes em v´arios aspectos da doen¸ca. Na primeira parte deste trabalho, consta uma breve descri¸c˜ao da Doen¸ca de Chagas, com suas caracter´ısticas, formas de transmiss˜ao, sintomas e diagn´osticos; posteriormente, s˜ao apresentados os principais modelos deter-min´ısticos da doen¸ca de Chagas encontrados na literatura; no pr´oximo cap´ıtulo, s˜ao in-troduzidos os principais conceitos e defini¸c˜oes sobre a Teoria Fuzzy e algumas aplica¸c˜oes da mesma. A importˆancia do Cap´ıtulo 3 para este trabalho se d´a pelo fato, de estarmos considerando todas as incertezas que a Doen¸ca de Chagas apresenta, principalmente no que diz respeito a sua evolu¸c˜ao. Por fim, no ´ultimo cap´ıtulo temos a sugest˜ao de dois novos modelos para a evolu¸c˜ao da doen¸ca de Chagas, baseado nos estudos que sugerem

(17)

que a doen¸ca evolui de acordo com a produ¸c˜ao de duas citocinas (IL-10 e IFN-γ) pro-duzidas pelos linf´ocitos T CD4+. Para tratar matematicamente a evolu¸c˜ao da doen¸ca em suas diferentes formas na fase crˆonica, usamos uma base de regras cujas entradas do sistema Fuzzy s˜ao os n´ıveis de produ¸c˜ao das citocinas e, como parˆametro de sa´ıda, temos o coeficiente de transferˆencia da classe de assintom´aticos para a de sintom´aticos. Tanto para as entradas como as sa´ıdas do sistema Fuzzy utilizamos termos lingu´ısticos para representar as formas da doen¸ca na fase crˆonica.

(18)

Cap´ıtulo 1

A Doen¸

ca de Chagas

1.1

Hist´

orico

A doen¸ca de Chagas foi assim nomeada em homenagem ao m´edico e epidemiologista brasileiro Carlos Chagas, primeiro a descrevˆe-la em 1909. Carlos Chagas descobriu que o intestino dos triatom´ıneos abrigava um protozo´ario flagelado, uma nova esp´ecie do gˆenero Trypanosoma, e provou experimentalmente que o mesmo poderia ser transmitido a saguis que haviam sido picados pelo inseto infectado [14].

Diferentemente do que se observa quando estudamos uma doen¸ca, Carlos Chagas descreveu primeiro o vetor, o parasita e seu ciclo de vida para, depois, identificar a enfermidade `a qual esses agentes estavam relacionados. Ap´os tentativas frustradas, o Trypanosoma cruzi foi identificado em um gato dom´estico e, posteriormente, no sangue de uma menina febril, na cidade de Lassance, Minas Gerais, mesmo local em que Carlos Chagas desenvolveu as primeiras pesquisas sobre a doen¸ca. A menina Berenice, de dois anos, foi o primeiro paciente com a doen¸ca de Chagas a ser descrito. Carlos Chagas descreveu o parasita patogˆenico como Trypanosoma cruzi em 1909, em homenagem a Oswaldo Cruz [14, 17].

(19)

1.2

A Doen¸

ca de Chagas

A doen¸ca de Chagas ou tripanossom´ıase americana, ´e uma doen¸ca infecciosa e pa-rasit´aria causada pelo protozo´ario Trypanosoma cruzi e ´e transmitida para humanos e outros mam´ıferos, principalmente pela via vetorial, atrav´es da picada de insetos da sub-fam´ılia Triatominae, conhecidos popularmente como “barbeiros”. ´E uma doen¸ca com caracter´ısticas rurais e, tradicionalmente, acomete pessoas de origem interiorana que ha-bitam ou habitaram casas de baixa qualidade, nas quais o vetor facilmente se aloja e coloniza [14].

A transmiss˜ao vetorial ocorre quando o inseto, contaminado com o parasita, pica as pessoas, geralmente na regi˜ao da face e res´ıduos das fezes do inseto, os quais est˜ao contaminados com o Trypanosoma cruzi, aderem `a les˜ao aberta com o ferr˜ao. A pessoa, ao co¸car o local da picada, espalha as fezes do inseto sobre o ferimento e ocorre a penetra¸c˜ao dos parasitas nas c´elulas da pele, atingindo a corrente sangu´ınea humana, assim como a de outros mam´ıferos [14, 17].

Ap´os a entrada do parasita no organismo do hospedeiro humano, ocorrem duas etapas fundamentais na infec¸c˜ao humana pelo Trypanosoma cruzi [6, 8, 17]:

1) Fase Aguda (inicial): Nesta fase predomina o parasita circulante na corrente sangu´ınea, em quantidades expressivas. ´E uma fase pouco evidente, pois o indiv´ıduo contami-nado apresenta sintomas que se resumem a uma rea¸c˜ao local `a picada, febre alta e cont´ınua al´em de prostra¸c˜ao, diarreia, vˆomitos, falta de apetite, cefaleia, mial-gias e aumento de linfonodos. Esta fase, mesmo n˜ao tratada nem diagnosticada, pode evoluir com desaparecimento espontˆaneo da febre e da maior parte das outras manifesta¸c˜oes cl´ınicas;

2) Fase Crˆonica: Nesta fase, existem raros parasitas circulantes na corrente sangu´ınea. Inicialmente, ´e uma fase assintom´atica e sem sinais de comprometimento card´ıaco e/ou digestivo. Pode ser apresentada como uma das seguintes formas:

• Forma Indeterminada: paciente assintom´atico e sem sinais de comprometi-mento do aparelho circulat´orio (avalia¸c˜ao cl´ınica, eletrocardiograma e

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radio-grafia de t´orax normais) e do aparelho digestivo (avalia¸c˜ao cl´ınica e radiol´ogica normais de esˆofago e c´olon). Esse quadro poder´a perdurar por toda a vida da pessoa infectada, ou pode evoluir tardiamente para uma das formas a seguir. • Forma card´ıaca: evidˆencias de acometimento card´ıaco que, frequentemente, evolui para quadros de miocardiopatia dilatada e insuficiˆencia card´ıaca con-gestiva (ICC). A forma card´ıaca ocorre em cerca de 30% dos casos crˆonicos e ´

e a maior respons´avel pela mortalidade na doen¸ca de Chagas crˆonica.

• Forma digestiva: evidˆencias de acometimento do aparelho digestivo que, fre-quentemente, evolui para megac´olon ou megaesˆofago. Ocorre em cerca de 10% dos casos.

A fase crˆonica da doen¸ca de Chagas (DCC) evolui para ´obito em cerca de 1% a 10% dos casos estudados e n˜ao tratados, especialmente em crian¸cas.

1.3

O Ciclo de Vida do Trypanosoma cruzi

O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi ´e complexo, com v´arias formas de desenvolvi-mento no inseto vetor e em seu hospedeiro. O inseto vetor , ao alimentar-se de mam´ıferos infectados com elevadas taxas de Trypanosoma cruzi, pode se infectar e, ao alimentar-se novamente, infecta outro mam´ıfero, inclusive o homem. No interior das c´elulas do in-div´ıduo infectado o parasita se diferencia para a forma amastigota, multiplicando-se por divis˜ao bin´aria. Quando as c´elulas est˜ao cheias de parasitas na forma amastigota, eles mu-dam novamente para a forma tripomastigota e rompem a c´elula hospedeira, espalhando-se pela corrente sangu´ınea e infectando novas c´elulas teciduais e ´org˜aos. Se o hospedeiro, humano ou animal ´e picado pelo inseto vetor, os parasitas em seu sangue podem ser transmitidos ao inseto. No intestino deste, mudam mais uma vez de forma (epimasti-gotas), multiplicam-se e tornam-se, novamente, formas infectantes, que s˜ao eliminadas junto com as fezes e a urina do inseto. Fechando-se, assim, o ciclo [8, 20].

(21)

Figura 1.1: Ciclo de Vida do Trypanosoma cruzi. Fonte [8].

1.4

Formas de Transmiss˜

ao da Doen¸

ca de Chagas

Nas ´areas endˆemicas, o principal mecanismo de transmiss˜ao da Doen¸ca de Chagas ´e o vetorial, ou seja, atrav´es de um inseto vetor da subfam´ılia Triatominae. O inseto infecta-se com o Trypanosoma cruzi ao se alimentar do sangue de animais ou humanos contaminados. Por causa da tendˆencia de picar a face das pessoas, o inseto ´e popular-mente conhecido como “barbeiro” ou “chup˜ao”. Ap´os a picada e a ingest˜ao de sangue, ele defeca pr´oximo ao local da picada. O prurido intenso no local da picada ajuda as formas infectantes de Trypanosoma cruzi, contidas nas fezes, a penetrarem na ferida da picada, mas elas tamb´em podem penetrar por mucosas intactas, como a conjuntival [8, 17].

Outro mecanismo de transmiss˜ao ´e a vertical, em que a doen¸ca ´e passada congenita-mente durante a gesta¸c˜ao, ou no momento do parto. H´a possibilidade de transmiss˜ao pelo leite, durante a fase aguda da doen¸ca. A transmiss˜ao vertical pode ocorrer em qualquer fase da doen¸ca. J´a em lactantes na fase crˆonica, a transmiss˜ao durante a amamenta¸c˜ao pode ocorrer em casos de sangramento por fissura mam´aria e n˜ao propriamente pelo leite [8].

(22)

O Trypanosoma cruzi pode, tamb´em, ser transmitido por transfus˜oes de sangue. An-tigamente, a transfus˜ao de sangue era o segundo modo mais comum de transmiss˜ao da doen¸ca de Chagas, mas, com o desenvolvimento e a implementa¸c˜ao do controle dos bancos de sangue, houve uma redu¸c˜ao dr´astica desse risco na ´ultima d´ecada. A doa¸c˜ao de san-gue, em todos os pa´ıses endˆemicos da Am´erica Latina, ´e submetida a uma pesquisa para Chagas. O teste est´a sendo expandido para outros pa´ıses, como Fran¸ca, Espanha e Es-tados Unidos, que apresentam popula¸c˜oes significativas ou em crescimento de imigrantes oriundos de ´areas endˆemicas. Na Espanha, os doadores s˜ao avaliados com question´arios para identificar indiv´ıduos em risco de exposi¸c˜ao `a doen¸ca de Chagas para realizar a triagem. Com a exce¸c˜ao dos derivados sangu´ıneos (como anticorpos fracionados), todos os componentes do sangue s˜ao infecciosos [8].

A transmiss˜ao oral ´e uma via pouco frequente de infec¸c˜ao, que ocorre quando h´a ingest˜ao de alimentos contaminados, acidentalmente, com o parasita. Ocorre em lo-cais definidos, em um determinado tempo, por diferentes tipos de alimentos, geralmente encontrando-se vetores ou reservat´orios infectados nas imedia¸c˜oes da ´area de produ¸c˜ao, manuseio ou utiliza¸c˜ao do alimento contaminado. ´E o tipo de transmiss˜ao que geralmente est´a associada aos surtos de doen¸ca de Chagas aguda (DCA). Em grande parte dos ca-sos, tem como poss´ıvel causa o consumo de alimentos contaminados pela n˜ao ado¸c˜ao de boas pr´aticas de higiene na manipula¸c˜ao dos alimentos e pela invas˜ao humana de habi-tat silvestres, que aumenta os riscos associados `a proximidade de vetores e reservat´orios silvestres [17].

Outros modos de transmiss˜ao incluem o transplante de ´org˜aos e exposi¸c˜ao laboratorial acidental [8].

1.5

Diagn´

ostico da Doen¸

ca de Chagas

Os exames laboratoriais indicados para o diagn´ostico da doen¸ca de Chagas dependem da fase da doen¸ca em que o paciente se encontra: aguda ou crˆonica. Quando suspeita-se da fase aguda, os exames ser˜ao, prioritariamente, parasitol´ogicos, pois a parasitemia ´e elevada. Na hist´oria natural da doen¸ca, a fase aguda ´e habitualmente oligossintom´atica

(23)

ou mesmo assintom´atica, passando despercebida pelo paciente e pelo m´edico [9].

O diagn´ostico parasitol´ogico na fase aguda da doen¸ca de Chagas ´e realizado pela demonstra¸c˜ao de formas tripomastigotas do Trypanosoma cruzi em amostras de sangue diretamente ao exame microsc´opico. Nessa etapa, o n´umero de parasitas na corrente sangu´ınea ´e, geralmente, bastante elevado. Dentre as diversas t´ecnicas para diagn´ostico da fase aguda, a mais simples ´e a da microscopia direta sobre gota fresca de sangue, examinada entre lˆamina e lam´ınula. O exame deve ser minucioso, sendo positivo quando se encontra o parasita. Se negativo o primeiro exame, deve-se repeti-lo por trˆes ou quatro vezes ao dia, durante v´arios dias [9].

A fase crˆonica, que se segue logo ap´os o est´agio agudo da infec¸c˜ao, caracteriza-se por n´ıveis baixos de parasitas circulantes e altos t´ıtulos de anticorpos espec´ıficos contra ant´ıgenos do Trypanosoma cruzi. Assim, em indiv´ıduos infectados, o diagn´ostico da fase crˆonica baseia-se, principalmente, na presen¸ca de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi no soro, detectados pelos testes usados na sorologia convencional, como imunofluorescˆencia indireta (IFI), hemaglutina¸c˜ao (HA) e rea¸c˜ao imunoenzim´atica (ELISA). A presen¸ca de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi apenas certifica a condi¸c˜ao de infectado. A sorologia, se positiva, n˜ao permite afirmar que as altera¸c˜oes cl´ınicas encontradas sejam, necessari-amente, devidas ao parasita [9].

1.5.1

Testes Sorol´

ogicos mais Utilizados

A Organiza¸c˜ao Mundial da Sa´ude recomenda trˆes testes b´asicos, de ampla difus˜ao na Am´erica Latina, suficientemente testados em todos os Centros de pesquisa e dispon´ıveis no mercado, que s˜ao [8]:

1) hemaglutina¸c˜ao indireta (HAI); 2) imunofluorescˆencia indireta (IFI);

3) teste imunoenzim´atico (ELISA, ou Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay). A doen¸ca ´e confirmada quando pelo menos dois dos testes citados acima s˜ao reagentes, sendo que preferencialmente o ELISA seja um deles.

(24)

O diagn´ostico molecular da doen¸ca de Chagas (PCR - Polymerase Chain Reaction, PCR acoplado `a hibridiza¸c˜ao com sondas moleculares) tem apresentado resultados extre-mamente promissores, permitindo que esta metodologia seja utilizada como teste confir-mat´orio. Atualmente existem dificuldades para a realiza¸c˜ao de testes sorol´ogicos em pa-cientes na fase aguda, devido `a falta de kits comerciais registrados na ANVISA (Agˆencia Nacional de Vigilˆancia Sanit´aria) e a carˆencia de controles positivos para IgM. Dessa forma, recomenda-se que em alguns laborat´orios de referˆencia regional (LACENs) sejam implantadas metodologias de maior complexidade, a partir de testes de IFI-IgM (Imu-nofluorescˆencia Indireta com pesquisa de IgM), Western blot (WB) e, eventualmente, ELISA-IgM (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay com pesquisa de IgM) [11].

A Figura 1.2 ilustra o diagrama do funcionamento, para os resultados dos testes para doen¸ca de Chagas:

Figura 1.2: Diagrama para realiza¸c˜ao de Testes para doen¸ca de chagas na fase crˆonica. Fonte [11].

(25)

1.6

Caracter´ısticas Imunol´

ogicas na Doen¸

ca de

Cha-gas

V´arios fatores possuem pap´eis importantes na progress˜ao da doen¸ca de Chagas. Os aspectos imunol´ogicos, para entender o porque da evolu¸c˜ao dos pacientes para as dis-tintas formas cl´ınicas da doen¸ca, s˜ao explicados por duas teorias principais: a primeira postula que a persistˆencia do Trypanosoma cruzi nos ´org˜aos afetados ´e a maior causa da patologia e, consequentemente, causa dano aos tecidos. A segunda postula que processos autoimunes tˆem importˆancia fundamental para a destrui¸c˜ao dos tecidos [16].

Estas teorias podem estar associadas com a severidade das formas cl´ınicas da doen¸ca. Assim, os estudos que buscam os fatores imunol´ogicos que atuam na gera¸c˜ao e manu-ten¸c˜ao da doen¸ca em indiv´ıduos que manifestam as formas graves s˜ao importantes para o entendimento da infec¸c˜ao chag´asica. Alguns trabalhos demonstraram o envolvimento da imunidade celular em todas as formas cl´ınicas da doen¸ca, mas a patogenia das les˜oes que levam `as formas graves da doen¸ca ainda ´e desconhecida. Estudos sugerem que a resposta imune do indiv´ıduo contra o parasita contribui para a evolu¸c˜ao da doen¸ca. Desta forma, o poss´ıvel papel dos mecanismos imunes para o desenvolvimento das formas cl´ınicas severas da doen¸ca de Chagas tem sido avaliado [16].

1.7

Tratamento e Cura para a Doen¸

ca de Chagas

Na fase aguda, definida pela evidˆencia do Trypanosoma cruzi, o tratamento deve ser realizado em todos os casos e o mais r´apido poss´ıvel. Entretanto, devido `a toxicidade dos medicamentos atualmente dispon´ıveis, n˜ao ´e recomendado o tratamento durante a gesta¸c˜ao. O tratamento espec´ıfico para a Doen¸ca de Chagas Aguda ´e padr˜ao para todas as modalidades de transmiss˜ao do parasita. O Benznidazol ´e a droga dispon´ıvel para o tratamento espec´ıfico da DC em alguns pa´ıses. O Nifurtimox pode ser utilizado como alternativa em casos de intolerˆancia ao Benznidazol, embora seja um medicamento de dif´ıcil obten¸c˜ao na rede do sistema de sa´ude de alguns pa´ıses, como o Brasil. O tratamento espec´ıfico ´e eficaz na maioria dos casos agudos (> 60%) e congˆenitos (> 95%)

(26)

apresentando ainda boa efic´acia em 50% a 60% de casos crˆonicos recentes. O tratamento etiol´ogico tem como objetivos: curar a infec¸c˜ao, prevenir les˜oes orgˆanicas ou a evolu¸c˜ao das mesmas e diminuir a possibilidade de transmiss˜ao do Trypanosoma Cruzi. Por estes motivos, recomenda-se o tratamento em crian¸cas e adultos jovens, na forma crˆonica indeterminada e nas formas card´ıaca leve e digestiva [8, 17].

N˜ao existem crit´erios cl´ınicos que possibilitem definir com exatid˜ao a cura de pacientes com a doen¸ca de Chagas Aguda. Conforme o crit´erio sorol´ogico, a cura ´e a negativa¸c˜ao sorol´ogica. Recomenda-se realizar exames sorol´ogicos convencionais (IgG) anualmente, por 5 anos, devendo-se encerrar a pesquisa quando dois exames sucessivos forem n˜ao reagentes. ´E poss´ıvel utilizar a PCR (Rea¸c˜ao em cadeia da polimerase) para o controle da parasitemia p´os-tratamento, por ser mais realizado que os m´etodos parasitol´ogicos de enriquecimento. O controle cl´ınico evolutivo de altera¸c˜oes card´ıacas e digestivas ´e recomendado para orienta¸c˜ao ao paciente sobre a evolu¸c˜ao de sua doen¸ca [8].

Considera¸

oes Finais do Cap´ıtulo

Neste cap´ıtulo, foram vistas algumas descri¸c˜oes e principais caracter´ısticas da Doen¸ca de Chagas, tais como sintomas, formas de transmiss˜ao, fases da doen¸ca e etc. Essa pequena descri¸c˜ao ´e importante, pois, no pr´oximo cap´ıtulo ser˜ao apresentados alguns modelos epidemiol´ogicos para a Doen¸ca de Chagas, alguns dos quais s˜ao baseados nos estudos de [14] e, nestes modelos ser˜ao consideradas as formas de transmiss˜ao e fases da Doen¸ca de Chagas que foram apresentados agora.

(27)

Cap´ıtulo 2

Modelos Determin´ısticos para a

Dinˆ

amica da Doen¸

ca de Chagas

A principal forma de transmiss˜ao da Doen¸ca de Chagas ´e a vetorial atrav´es da picada do barbeiro. Al´em da transmiss˜ao vetorial, temos tamb´em a transmiss˜ao por transfus˜ao de sangue contaminado e tamb´em a possibilidade da transmiss˜ao congˆenita (aquela que ocorre de m˜ae para filho durante a gravidez).

Neste cap´ıtulo veremos alguns modelos matem´aticos que abordam a dinˆamica da doen¸ca na popula¸c˜ao humana hospedeira. Levaremos em conta os v´arios tipos de trans-miss˜ao citados no Cap´ıtulo 1. No primeiro modelo estamos considerando a popula¸c˜ao estacion´aria (ou seja, as taxas de natalidade e mortalidade s˜ao praticamente iguais, por-tanto desprez´ıveis) e, tamb´em estamos considerando que a popula¸c˜ao j´a se encontra contaminada e na fase crˆonica da doen¸ca. Neste primeiro modelo a popula¸c˜ao total P (t) est´a dividida em indiv´ıduos assintom´aticos (aqueles que est˜ao na forma indeterminada da fase crˆonica) e indiv´ıduos sintom´aticos (aqueles que est˜ao nas formas card´ıacas e di-gestiva). Nos pr´oximos modelos consideramos a popula¸c˜ao n˜ao estacion´aria (taxas de natalidade e mortalidade diferentes) e, consideramos tamb´em todas as fases da doen¸ca.

(28)

2.1

Modelo com Ausˆ

encia de Dinˆ

amica Vital

Como dito anteriormente, neste primeiro modelo estamos considerando que toda a popula¸c˜ao est´a contaminada e se encontra na fase crˆonica da Doen¸ca de Chagas. Este primeiro modelo ser´a baseado nos estudos de [13].

Como a fase crˆonica ´e caracterizada pelas formas indeterminada, card´ıaca e digestiva, vamos ent˜ao considerar dois grupos de indiv´ıduos infectados: os assintom´aticos (na forma indeterminada) e os sintom´aticos (nas formas card´ıaca e digestiva). Sendo assim, um modelo que pode nos mostrar de forma clara a convers˜ao de pacientes assintom´aticos para sintom´aticos, ´e um modelo proposto por Anderson et al. (1986) (que foi um modelo proposto para analisar a dinˆamica da infec¸c˜ao da AIDS, e que pode ser aplicado para analisar esta fase da dinˆamica da Doen¸ca de Chagas, pois, para este modelo estamos considerando que todos os indiv´ıduos j´a est˜ao infectados), que estabelece uma taxa de transferˆencia λ entre a forma assintom´atica e a forma sintom´atica da doen¸ca. O modelo est´a representado a seguir:

           dx dt = −λ(t)x x(0) = 1 dy dt = λ(t)x y(0) = 0 , (2.1)

onde x representa a propor¸c˜ao dos indiv´ıduos na forma Assintom´atica (forma indetermi-nada da fase crˆonica) e y representa a propor¸c˜ao dos indiv´ıduos na forma Sintom´atica (formas card´ıacas e digestiva ). Estamos considerando que no instante t = 0 toda a popula¸c˜ao j´a est´a contaminada. Consideramos a propor¸c˜ao inicial de infectados assin-tom´aticos como sendo m´axima e a propor¸c˜ao inicial de infectados sintom´aticos sendo nula. O modelo se limita a uma popula¸c˜ao total constante, o que caracteriza a ausˆencia de dinˆamica vital.

Como a forma indeterminada (assintom´atica) da fase crˆonica da doen¸ca de Chagas pode perdurar de 15 a 30 anos, presumimos ent˜ao que quanto mais tempo um indiv´ıduo passar infectado, mais perto de manifestar qualquer sintoma da doen¸ca ele estar´a. Sendo assim, vamos considerar λ como uma fun¸c˜ao crescente e, tamb´em vamos supor que λ ´e

(29)

linear [13], portanto:

λ(t) = at,

sendo a uma constante positiva. Desta forma, o modelo (2.1) passa a ser:            dx dt = −atx x(0) = 1 dy dt = atx y(0) = 0 . (2.2)

Assumindo que x(t) + y(t) = 1, e usando as condi¸c˜oes iniciais, obtemos as seguintes solu¸c˜oes

x(t) = e−at22 e y(t) = 1 − e− at2

2 . (2.3)

Os gr´aficos de (2.3) podem ser vistos a seguir:

(30)

Figura 2.2: Solu¸c˜ao de (2.3) para y(0) = 0 e a = 0.04.

Na Figura 2.1, podemos perceber que a popula¸c˜ao dos indiv´ıduos assintom´aticos tende a decrescer, tendendo para zero no decorrer do tempo (t). Na Figura 2.2 vemos que ocorre o inverso e, a popula¸c˜ao dos indiv´ıduos sintom´aticos cresce, tendendo para 1.

Os resultados obtidos nas simula¸c˜oes e apresentados nas Figuras 2.1 e 2.2, mostram que dada a situa¸c˜ao em que todos os indiv´ıduos da popula¸c˜ao est˜ao infectados mas, permanecem na forma assintom´atica da doen¸ca (Forma Indeterminada), estes indiv´ıduos tendem a evoluir para a forma sintom´atica da doen¸ca.

Na pr´oxima se¸c˜ao, ser´a apresentado o primeiro modelo do tipo SIS, onde todas as fases da doen¸ca ser˜ao consideradas, tamb´em ser˜ao considerados os v´ario tipos de transmiss˜ao e diferentes taxas de natalidade e mortalidade para as popula¸c˜oes dos indiv´ıduos suscet´ıveis e infectados.

(31)

2.2

Modelos SIS com Mistura Proporcional e

Trans-miss˜

ao Vetorial

Um modelo do tipo SIS ´e utilizado para descrever doen¸cas nas quais os indiv´ıduos sus-cet´ıveis tornam-se infectados e, ap´os a recupera¸c˜ao, n˜ao adquirem imunidade, tornando-se suscet´ıveis novamente. A doen¸ca de Chagas pode tornando-ser modelada dessa forma, pois tornando-se descoberta ainda na fase aguda, ou no in´ıcio da da fase crˆonica (nos primeiros anos de in-fec¸c˜ao da forma indeterminada) o indiv´ıduo infectado pode curar-se e se tornar suscet´ıvel de novo. Os modelos do tipo SIS tratados a partir daqui foram baseados nos estudos de [14].

O primeiro modelo do tipo SIS que veremos, ´e um modelo com dinˆamica vital, ou seja, estamos supondo que hajam nascimentos e mortes. Al´em disso, adotaremos diferentes taxas de natalidade e mortalidade para a classe dos indiv´ıduos suscet´ıveis S e infectados I, sendo a popula¸c˜ao total P (t) = S(t) + I(t). Para este modelo, consideraremos todas as fases da doen¸ca de Chagas.

Aqui, consideraremos as formas de transmiss˜ao vertical, horizontal via transfus˜ao de sangue e horizontal via transmiss˜ao vetorial. A transmiss˜ao vetorial ser´a por causa da presen¸ca de vetores transmissores que est˜ao portando o Trypanosoma cruzi (agente transmissor).

Como este modelo trata-se de um modelo do tipo SIS com transmiss˜ao vetorial, ser´a adotada uma taxa (λ) de transmiss˜ao vetorial da infec¸c˜ao para a popula¸c˜ao humana de indiv´ıduos suscet´ıveis devido a presen¸ca dos vetores transmitindo a doen¸ca. Neste modelo, λ ser´a constante.

Considerando a transmiss˜ao horizontal via transfus˜ao de sangue contaminado, te-mos que somente uma fra¸c˜ao da popula¸c˜ao total est´a sendo infectada. Por conta disso, adotaremos a for¸ca de infec¸c˜ao conhecida como Mistura Proporcional [5].

Supondo que na popula¸c˜ao onde ocorre a infec¸c˜ao, cada indiv´ıduo suscet´ıvel entre em contato com um n´umero C de outros indiv´ıduos (em m´edia), ent˜ao o n´umero total de contatos dos indiv´ıduos suscet´ıveis na popula¸c˜ao total por unidade de tempo t ´e CS.

(32)

Sendo que desse total, a propor¸c˜ao I

S + I desses contatos, ´e realizado com os indiv´ıduos infectados. Assumindo tamb´em que existe uma propor¸c˜ao ρ de contatos entre S e I que est˜ao efetivamente transmitindo a doen¸ca. Ent˜ao, a raz˜ao com a qual os suscet´ıveis tornam-se infectados ´e ρCS I S + I = k SI S + I onde, k = ρC.

Assim, temos os seguintes parˆametros: • k ´e a raz˜ao de contatos dos suscet´ıveis; • I

S + I ´e a propor¸c˜ao do total de contatos, via transfus˜ao de sangue contaminado, de cada suscet´ıvel que ocorre com indiv´ıduos infectados;

As outras taxas foram adotadas de acordo com as caracter´ısticas da doen¸ca que, s˜ao as seguintes:

• µ1 ´e a taxa de natalidade na popula¸c˜ao dos suscet´ıveis;

• µ2 ´e a taxa de natalidade na popula¸c˜ao dos infectados;

• γ1 ´e a taxa de mortalidade na popula¸c˜ao dos suscet´ıveis;

• γ2 ´e a taxa de mortalidade na popula¸c˜ao dos infectados;

• c ´e a taxa cura dos indiv´ıduos infectados;

Para a transmiss˜ao vertical, estamos considerando q como a probabilidade de trans-miss˜ao vertical, e p como a probabilidade de n˜ao transmiss˜ao vertical. Assim, temos que p + q = 1.

Com base nos dados acima, estabelecemos as equa¸c˜oes que ditam a dinˆamica da infec¸c˜ao para este caso:

           dS dt = (µ1− γ1 − λ)S + (µ2p + c)I − k SI S + I dI dt = (µ2q − γ2− c)I + λS + k SI S + I (2.4)

(33)

Podemos simplificar as equa¸c˜oes do modelo (2.4) para de obter a equa¸c˜ao dinˆamica para a popula¸c˜ao total P (t), que est´a subdividida nas classes dos indiv´ıduos suscet´ıveis e infectados. Somando as equa¸c˜oes do modelo (2.4), obtemos

dP

dt = (µ1− γ1)S + (µ2− γ2)I. (2.5) Usando agora, na soma das equa¸c˜oes do mesmo modelo, o fato que

P (t) = S(t) + I(t) ⇒ S(t) = P (t) − I(t) , e que p + q = 1 ⇒ p = 1 − q temos dS dt + dI dt = (µ1− γ1− λ)(P − I) + (µ2p + c)I+ (µ2− µ2q − γ2− c)I + λ(P − I) ⇒ dP dt = (µ1− γ1)P + (γ1− µ1 + µ2− γ2)I. (2.6) Para encontrarmos as solu¸c˜oes do sistema (2.4) onde dP

dt 6= 0, vamos assumir para as propor¸c˜oes de indiv´ıduos suscet´ıveis e infectados, as seguintes vari´aveis:

s(t) = S(t)

P (t) < 1, i(t) = I(t)

P (t) < 1, α = (µ1− γ1) − (µ2 − γ2). De onde temos que

s + i = 1.

Considerando a propor¸c˜ao dos indiv´ıduos suscet´ıveis, temos

S(t) = s(t)P (t) ⇒ dS dt = s dP dt + P ds dt. (2.7)

(34)

Substituindo as equa¸c˜oes de (2.4), (2.6) e (2.5) em (2.7) e, fazendo as devidas ma-jora¸c˜oes temos:

ds

dt = −λs + (µ2p + c)i − (k − α)si.

Analogamente, considerando a propor¸c˜ao dos indiv´ıduos infectados e, fazendo as de-vidas substitui¸c˜oes, temos

I(t) = i(t)P (t) ⇒ di dt = i dP dt + P di dt. o que nos leva a

di

dt = λs − (µ2p + c)i + (k − α)si.

Esse tipo de an´alise foi assumido em alguns modelos para doen¸ca de Chagas [23]. Sendo assim, temos as seguintes equa¸c˜oes equivalentes ao modelo (2.4)

           ds dt = −λs + (µ2p + c)i − (k − α)si di dt = λs − (µ2p + c)i + (k − α)si . (2.8)

Se usarmos o fato que s + i = 1 vamos obter uma ´unica equa¸c˜ao diferencial ordin´aria de primeira ordem em i

di

dt = f (i) = λ − (λ + µ2p + c − k + α)i − (k − α)i

2. (2.9)

A solu¸c˜ao da equa¸c˜ao acima ´e bem simples e a sua resolu¸c˜ao expl´ıcita em termos das taxas do modelo e das condi¸c˜oes iniciais dadas pode ser facilmente obtida, pois o lado direito da igualdade ´e uma equa¸c˜ao quadr´atica em i. Isso torna o tratamento alg´ebrico bem mais f´acil e, podemos fatorar a equa¸c˜ao em fun¸c˜ao das ra´ızes de f (i) = 0.

As solu¸c˜oes de (2.9) para os valores de λ = 0.5, µ2 = 0.1, p = 0.7, c = 0.1, k = 0.2 e

(35)

Figura 2.3: Solu¸c˜ao de (2.9) para s(0) = 0.9, λ = 0.5, µ2 = 0.1, p = 0.7, c = 0.1, k = 0.2

e α = 0.2.

Figura 2.4: Solu¸c˜ao de (2.9) para i(0) = 0.1, λ = 0.5, µ2 = 0.1, p = 0.7, c = 0.1, k = 0.2

e α = 0.2.

A escolha dos valores dos parˆametros foi feita de forma que as taxas de transmiss˜oes k+λ+q = 1. Nas Figuras 2.3 e 2.4 podemos ver que o decrescimento dos suscet´ıveis, assim como o crescimento dos infectados acontece de forma mais r´apida quando consideramos as taxas de natalidade e mortalidade de ambas as popula¸c˜oes. Isso tamb´em se deve ao fato de estarmos considerando outros tipos de transmiss˜ao, al´em da transmiss˜ao vetorial.

(36)

Na pr´oxima se¸c˜ao ser´a visto outro modelo do tipo SIS, no entanto, para este modelo a forma de transmiss˜ao vetorial ser´a considerada nula, para verificar como seria a evolu¸c˜ao da doen¸ca, caso a sua principal forma de transmiss˜ao fosse erradicada.

2.3

Modelos SIS com Mistura Proporcional e Ausˆ

encia

de Transmiss˜

ao Vetorial

Para este caso, estamos supondo que o vetor transmissor (barbeiro) foi eliminado. Tendo como base as equa¸c˜oes do modelo (2.4), usando as mesmas taxas, por´em, sem a presen¸ca de transmiss˜ao vetorial (λ = 0), vamos obter um outro modelo que ser´a tratado agora. As novas equa¸c˜oes s˜ao:

           dS dt = (µ1− γ1)S + (µ2p + c)I − k SI S + I dI dt = (µ2q − γ2− c)I + k SI S + I . (2.10)

Para normalizar as equa¸c˜oes deste modelo, vamos considerar as mesmas propor¸c˜oes para s e i, e vamos considerar tamb´em que α = (µ1− µ2) + (γ2− γ1) > 0 e que k > α.

Temos ent˜ao:

s(t) = S(t)

P (t) < 1, i(t) = I(t) P (t) < 1. De onde segue que

S(t) = s(t)P (t) e I(t) = i(t)P (t).

Analogamente ao modelo anterior, estamos considerando as propor¸c˜oes dos indiv´ıduos suscet´ıveis e dos indiv´ıduos infectados, tendo respectivamente:

dS dt = s dP dt + P ds dt, e dI dt = i dP dt + P d dt.

(37)

De onde, temos as seguintes equa¸c˜oes equivalentes as equa¸c˜oes do modelo (2.10):            ds dt = (µ2p + c)i − (k − α)si di dt = −(µ2p + c)i + (k − α)si . (2.11)

Usando novamente o fato que s(t) + i(t) = 1, chegamos a uma ´unica equa¸c˜ao em i: di

dt = f (i) = (k − α − c − µ2p)i + (α − k)i

2. (2.12)

A solu¸c˜ao da equa¸c˜ao acima ´e feita de forma an´aloga a (2.9). Sendo assim, as solu¸c˜oes de (2.12) para os valores de µ2 = 0.1, p = 0.5, c = 0.1, k = 0.5 e α = 0.2, com condi¸c˜oes

iniciais s(0) = 0.8 e i(0) = 0.2 podem ser vistas a seguir:

Figura 2.5: Solu¸c˜ao de (2.12) para s(0) = 0.8, µ2 = 0.1, p = 0.5, c = 0.1, k = 0.5 e

(38)

Figura 2.6: Solu¸c˜ao de (2.12) para i(0) = 0.2, µ2 = 0.1, p = 0.5, c = 0.1, k = 0.5 e

α = 0.2.

Novamente, a escolha dos valores dos parˆametros foi feita de forma que as taxas de transmiss˜oes k + λ + q = 1 Na Figura 2.5 vemos que o decrescimento da popula¸c˜ao dos suscet´ıveis ´e mais suave que na Figura 2.3. O mesmo ocorre na Figura 2.6 (o crescimento da mesma ´e mais suave), se a compararmos com a Figura 2.4. Isso ocorre, devido ao fato de que nesse modelo a taxa de transmiss˜ao vetorial ´e igual a zero (λ = 0).

Considera¸

oes Finais do Cap´ıtulo

Neste Cap´ıtulo foram visos alguns modelos para a Dinˆamica da Doen¸ca de Chagas, que s˜ao importantes, pois atrav´es deles pode-se verificar o comportamento da doen¸ca em diversos tipos de popula¸c˜ao. No pr´oximo Cap´ıtulo ser˜ao apresentados os principais conceitos da Teoria Fuzzy, pois a mesma ser´a utilizada no Cap´ıtulo 4.

(39)

Cap´ıtulo 3

Normas Triangulares e Conjuntos

Fuzzy

A teoria dos conjuntos Fuzzy vem se desenvolvendo, ganhando espa¸co e est´a sendo usada como ferramenta para a formula¸c˜ao de modelos nos v´arios campos das ciˆencias. Esta teoria foi introduzida em 1965 pelo matem´atico Lotfi Asker Zadeh, com a inten¸c˜ao de dar um tratamento matem´atico a certos termos lingu´ısticos subjetivos como: “apro-ximadamente”, “em torno de”, dentre outros. Durante aproximadamente 300 anos a modelagem de imprecis˜ao e incerteza nas ciˆencias tem sido tratada pelos modelos es-tat´ısticos. Atualmente, incertezas e imprecis˜oes tamb´em s˜ao tratadas pela teoria dos conjuntos Fuzzy. Zadeh (1965) introduziu o conceito de conjunto Fuzzy acreditando que tais conjuntos poderiam resolver de maneira natural problemas com imprecis˜oes, ou seja, poderiam ser tratados por fun¸c˜oes de pertinˆencia ao inv´es de uma vari´avel aleat´oria.

A seguir, apresentaremos alguns conceitos relacionados a teoria Fuzzy. Os conceitos apresentados neste Cap´ıtulo, foram tirados de [3].

3.1

Normas Triangulares

Defini¸c˜ao 3.1. Uma t-norma T ´e um operador T : [0, 1] × [0, 1] → [0, 1], que satisfaz as condi¸c˜oes abaixo:

(40)

t1) elemento neutro: T (1, x) = 1T x = x;

t2) comutatividade: T (x, y) = xT y = yT x = T (y, x);

t3) associatividade: xT (yT z) = (xT y)T z;

t4) monotonicidade: se x ≤ u e y ≤ v, ent˜ao xT y ≤ uT v.

Exemplos:

1) t-norma do m´ınimo: TM(x, y) = min{x, y};

2) t-norma do produto: TP(x, y) = xy;

3) t-norma dr´astica: TD(x, y) =          x se y = 1 y se x = 1 0 caso contr´ario

;

4) t-norma de Lukasiewicz: TL(x, y) = max{0, x + y − 1};

5) t-norma de Frank: TF(x, y) = loga

 1 + (a x− 1)(ay − 1) a − 1  , a > 0 e a 6= 1; 6) t-norma de Hamacher: TH; (x, y) = xy a + (1 − a)(x + y − xy), a ≥ 0.

Proposi¸c˜ao 3.1. Para todo (x, y) ∈ [0, 1] × [0, 1], vale TL(x, y) ≤ TP(x, y) ≤ TM(x, y).

Demonstra¸c˜ao: Primeiramente, vamos mostrar que TL(x, y) = max{0, x + y − 1} ≤

TP(x, y) = xy. Assim,

i) Suponhamos que max{0, x + y − 1} = 0, logo para qualquer x, y ∈ [0, 1] temos xy ≥ 0.

ii) Agora, vamos supor que

max{0, x + y − 1} = x + y − 1 > 0.

Para (x, y) ∈ (0, 1) × (0, 1), faremos

(41)

Assim,

TP(x, y) = xy = (1 − a)(1 − b) = (x + y − 1) + ab ≥ x + y − 1 = TL(x, y).

Portanto,

TL(x, y) ≤ TP(x, y).

De i) e ii), temos TL(x, y) ≤ TP(x, y).

Agora, vamos mostrar que TP(x, y) = xy ≤ TM(x, y) = min{x, y}.

Supondo, sem perda de generalidade, que min{x, y} = x. Logo, para qualquer x, y ∈ [0, 1] temos x ≥ xy. Analogamente para min{x, y} = y. Portanto, TP(x, y) ≤ TM(x, y).

 Defini¸c˜ao 3.2. Uma s-norma S ´e um operador S : [0, 1] × [0, 1] → [0, 1], que satisfaz as seguintes condi¸c˜oes:

s1) elemento neutro: S(0, x) = 0Sx = x;

s2) comutatividade: S(x, y) = xSy = ySx = S(y, x);

s3) associatividade: xS(ySz) = (xSy)Sz;

s4) monotonicidade: se x ≤ u e y ≤ v, ent˜ao xSy ≤ uSv.

Exemplos:

1) s-norma do M´aximo: SM ax(x, y) = max{x, y};

2) s-norma de Lukasiewicz: SM(x, y) = min{1, x + y};

3) s-norma do Produto: SP(x, y) = x + y − xy;

4) s-norma de Frank: SF(x, y) = 1 − loga

 1 + (a 1−x− 1)(a1−y− 1) a − 1  , a > 0 e a 6= 1; 5) s-norma de Hamacher: SH(x, y) = (a − 2)xy + x + y 1 + (a − 1)xy , a ≥ 0.

(42)

Proposi¸c˜ao 3.2. Para todo (x, y) ∈ [0, 1] × [0, 1], vale SM(x, y) ≤ SP(x, y) ≤ SL(x, y).

Demonstra¸c˜ao: Primeiramente, vamos mostrar que SL(x, y) = min{1, x+y} ≥ SP(x, y) =

x + y − xy.

i) Suponhamos que min{1, x + y} = x + y, logo para qualquer x, y ∈ [0, 1] temos x + y ≥ x + y − xy.

ii) Agora, vamos supor que min{1, x + y} = 1. Para (x, y) ∈ (0, 1) × (0, 1), faremos

x = 1 − a, com 0 < a < 1 e y = 1 − b, com 0 < b < 1.

Assim,

SP(x, y) = x + y − xy = (1 − a) + (1 − b) − (1 − a)(1 − b) = 1 − ab ≤ 1 = SL(x, y).

Portanto, SL(x, y) ≥ SP(x, y).

Portanto, de i) e ii) temos SL(x, y) ≥ SP(x, y).

Agora, vamos mostrar que SP(x, y) = x + y − xy ≥ SM(x, y) = max{x, y}.

Supondo, sem perda de generalidade, que max{x, y} = x. Logo, para qualquer x, y ∈ [0, 1] temos 0 ≤ xy ≤ 1 logo x+y−xy ≥ x. Analogamente para max{x, y} = y. Portanto, SP(x, y) ≤ SM(x, y).



3.2

Conjuntos Fuzzy

Defini¸c˜ao 3.3. Seja U um conjunto e A um subconjunto de U . A fun¸c˜ao caracter´ıstica de A ´e dada por χA(x) =    1 se x ∈ A 0 se x /∈ A .

(43)

Assim, χA´e uma fun¸c˜ao cujo dom´ınio ´e U e a imagem est´a contida no conjunto {0, 1}

logo, a fun¸c˜ao caracter´ıstica descreve completamente o conjunto A.

Defini¸c˜ao 3.4. Seja U um conjunto (cl´assico). Um subconjunto Fuzzy F de U ´e carac-terizado por uma fun¸c˜ao

ϕF : U → [0, 1] ,

denominada fun¸c˜ao de pertinˆencia do subconjunto Fuzzy F .

O valor de ϕF(x) indica o grau com que o elemento x de U est´a no conjunto Fuzzy

F ; a pertinˆencia completa e a n˜ao pertinˆencia de x ao conjunto Fuzzy F s˜ao indicadas, respectivamente, por ϕF(x) = 1 e ϕF(x) = 0.

Do ponto de vista formal, a defini¸c˜ao de subconjunto Fuzzy foi obtida simplesmente do fato de ampliar o conta-dom´ınio da fun¸c˜ao caracter´ıstica χAque ´e o conjunto {0, 1}, para

o intervalo [0, 1]. Assim, podemos dizer que um conjunto cl´assico ´e um caso particular de um conjunto Fuzzy, cuja sua fun¸c˜ao de pertinˆencia ϕF ´e sua fun¸c˜ao caracter´ıstica χF.

Um subconjunto Fuzzy F de U , pode ser dado por um um conjunto cl´assico de pares ordenados:

F = {(x, ϕF(x)), com x ∈ U }.

Observa¸c˜ao:Vamos nos referir ao subconjunto cl´assico de U por conjunto e ao subcon-junto Fuzzy, por consubcon-junto Fuzzy.

Exemplos:Conjunto Fuzzy dos Pobres

Se considerarmos que o conceito de Pobre ´e baseado no n´ıvel de renda r, ´e razo´avel supor que quanto menor for a renda, maior ´e a pobreza de um indiv´ıduo. Portanto, o conjunto Fuzzy Ak dos pobres de uma determinada localidade pode ser dado pela fun¸c˜ao

de pertinˆencia: ϕAK(r) =        " 1 − r r0 2#k , se r ≤ r0 0, se r ≤ r0 ,

onde k ´e o parˆametro que caracteriza o grupo estudado; r0 ´e o parˆametro limite da

(44)

3.2.1

Opera¸

oes com Subconjuntos Fuzzy

Defini¸c˜ao 3.5. Sejam A e B subconjuntos Fuzzy de um conjunto cl´assico U . Dizemos que:

a) A est´a contido em B se:

ϕA(x) ≤ ϕB(x), ∀x ∈ U ;

b) A ´e igual a B se:

ϕA(x) = ϕB(x), ∀x ∈ U ;

c) O conjunto vazio ´e determinado por:

ϕ (x) = 0, x ∈ U ;

d) O conjunto universo ´e definido por:

ϕU(x) = 1, x ∈ U.

Defini¸c˜ao 3.6. A uni˜ao entre A e B ´e dada pela fun¸c˜ao de pertinˆencia:

ϕA∪B = max{ϕA, ϕB}, ∀x ∈ U.

Defini¸c˜ao 3.7. A intersec¸c˜ao entre A e B ´e dada pela fun¸c˜ao de pertinˆencia:

ϕA∩B(x) = min{ϕA, ϕB}, ∀x ∈ U.

Defini¸c˜ao 3.8. O complementar de A ´e o conjunto Fuzzy A0 dado pela fun¸c˜ao de per-tinˆencia:

(45)

3.3

α-n´ıveis de um Conjunto Fuzzy

Um subconjunto Fuzzy A de U ´e formado por elementos de U com um certo grau de pertinˆencia. Um elemento x de U est´a em uma classe se seu grau de pertinˆencia ´e maior que um determinado limiar ou n´ıvel α ∈ [0, 1] que define aquela classe.

Defini¸c˜ao 3.9. Seja A subconjunto Fuzzy de U . O suporte de A, supp(A) ´e o subconjunto cl´assico de U , tal que:

supp(A) = {x ∈ U : ϕA(x) > 0}.

Defini¸c˜ao 3.10. Seja A subconjunto Fuzzy de U e α ∈ [0, 1]. O α-n´ıvel de A ´e o subconjunto cl´assico de U definido por:

[A]α = {x ∈ U : ϕA(x) ≥ α} para 0 < α ≤ 1.

O n´ıvel zero de um subconjunto Fuzzy A ´e definido como o menor conjunto fechado que cont´em o suporte do conjunto Fuzzy A, isto ´e,

[A]0 = supp(A) = {x ∈ U : ϕA(x) > 0} para α = 0.

Teorema 3.1. Teorema da Representa¸c˜ao de Negoita e Ralescu

Seja Aα, α ∈ [0, 1], uma fam´ılia de subconjuntos cl´assicos de U de modo que se

verifiquem:

i) S Aα ⊂ A0 com α ∈ [0, 1];

ii) Aα ⊂ Aβ se β ≤ α;

iii) Aα =T

k≥0Aαk se αk convergir para α com αk≤ α.

Nestas condi¸c˜oes existe um ´unico subconjunto Fuzzy A de U cujos α-n´ıveis s˜ao exata-mente os subconjuntos cl´assicos Aα, ou seja,

(46)

3.4

umeros Fuzzy

Defini¸c˜ao 3.11. Um subconjunto Fuzzy A ´e chamado n´umero Fuzzy quando o conjunto universo no qual ϕAest´a definido, ´e o conjunto dos n´umeros reais R e satisfaz `as seguintes

condi¸c˜oes:

i) todos os α-n´ıveis de A s˜ao intervalos fechados e n˜ao vazios, com 0 ≤ α ≤ 1; ii) supp A ´e limitado.

Denotaremos os α-n´ıveis do n´umero Fuzzy A por:

[A]α = [aα1, aα2].

Notemos tamb´em que, todo n´umero r ´e um n´umero Fuzzy cuja sua fun¸c˜ao de pertinˆencia ´e a sua fun¸c˜ao caracter´ıstica.

Defini¸c˜ao 3.12. Um n´umero Fuzzy ´e dito triangular se sua fun¸c˜ao de pertinˆencia ´e da forma ϕA(x) =                        0, se x ≤ a x − a u − a, se a < x ≤ u x − b u − b, se u < x ≤ b 0, se x > b .

Os n´umeros reais a, u e b definem o n´umero Fuzzy triangular A que ser´a denotado pela terna ordenada (a; u; b).

(47)

Figura 3.1: N´umero Fuzzy Triangular. Os α-n´ıveis desses n´umeros Fuzzy s˜ao os intervalos

[aα1, aα2] = [(u − a)α + a, (u − b)α + b].

Defini¸c˜ao 3.13. Um n´umero Fuzzy A ´e dito trapezoidal se sua fun¸c˜ao de pertinˆencia tem a forma de um trap´ezio e ´e da forma

ϕA(x) =                        x − a b − a, se a ≤ x < b 1, se b ≤ x ≤ c d − x d − c, se c < x ≤ d 0, caso contr´ario

(48)

Figura 3.2: N´umero Fuzzy Trapezoidal.

Os n´umeros Fuzzy trapezoidais ser˜ao definidos pela quadra (a; b; c; d). Os α-n´ıveis de um conjunto Fuzzy trapezoidal s˜ao os intervalos

[aα1, aα2] = [(b − a)α + a, (c − d)α + d].

Defini¸c˜ao 3.14. Um n´umero Fuzzy tem Forma de Sino se sua fun¸c˜ao de pertinˆencia for suave e sim´etrica em rela¸c˜ao a um n´umero real. A seguinte fun¸c˜ao de pertinˆencia tem estas propriedades para u, a e δ dados

ϕA(x) =        exp − x − u a 2! , se u − δ ≤ x ≤ u + δ 0, caso contr´ario

(49)

Figura 3.3: N´umero Fuzzy em Forma de Sino. Os α-n´ıveis desse conjunto Fuzzy s˜ao os intervalos

[aα1, aα2] =                      " u − r ln 1 αa2, u + r ln 1 αa2 # , se α ≥ e −   δ a   2 [u − δ, u + δ] , se α < e −   δ a   2 .

3.5

Rela¸

oes Fuzzy

Defini¸c˜ao 3.15. Sejam U1, U2, . . . , Un conjuntos n˜ao-vazios. A rela¸c˜ao < em U1, U2,

. . ., Un ´e simplesmente um subconjunto do produto cartesiano U1× U2 × . . . × Un. Se o

produto cartesiano for formado por apenas dois conjuntos U1×U2, a rela¸c˜ao ´e denominada

rela¸c˜ao bin´aria sobre U1×U2. Se U1 = U2 = . . . = Un = U , dizemos que < ´e uma Rela¸c˜ao

n-´aria sobre U .

Como a rela¸c˜ao < ´e um subconjunto do produto cartesiano, ent˜ao ela pode ser repre-sentada por sua fun¸c˜ao caracter´ıstica

(50)

com χ<(x1, x2, . . . , xn) =    1, se (x1, x2, . . . , xn) ∈ < 0, se (x1, x2, . . . , xn) /∈ < .

Defini¸c˜ao 3.16. Uma Rela¸c˜ao Fuzzy < sobre U1× U2× . . . × Un´e qualquer subconjunto

Fuzzy de U1 × U2 × . . . × Un. Sendo assim, uma rela¸c˜ao Fuzzy < ´e definida por uma

fun¸c˜ao de pertinˆencia ϕ< : U1× U2× . . . × Un→ [0, 1].

Defini¸c˜ao 3.17. O Produto Cartesiano Fuzzy dos subconjuntos Fuzzy A1, A2, . . . , An

de U1, U2, . . . , Un, respectivamente, ´e a rela¸c˜ao Fuzzy A1× A2× . . . × An, cuja fun¸c˜ao

de pertinˆencia ´e dada por

ϕA1×A2×...×An(x1, x2, . . . , xn) = ϕA1(x1) ∧ ϕA2(x2) ∧ . . . ∧ ϕAn(xn),

onde ∧ representa t-norma do m´ınimo.

3.6

Base de Regras e Inferˆ

encia Fuzzy

Um Sistema Baseado em Regra Fuzzy tenta fazer uma representa¸c˜ao matem´atica de uma determinada situa¸c˜ao, a fim de obter respostas a algum tipo de problema. Com o aux´ılio de alguns m´etodos, torna-se poss´ıvel traduzir termos lingu´ısticos, que s˜ao constan-temente empregados por especialistas com o intuito de controlar suas tarefas, em f´ormulas matem´aticas, possibilitando a automa¸c˜ao de certas tarefas. Os termos lingu´ısticos tra-duzidos por conjuntos Fuzzy, s˜ao utilizados para transcrever a base de conhecimentos por meio de uma cole¸c˜ao de regras Fuzzy, denominada base de regras Fuzzy. A partir dessa base de regras obtem-se a rela¸c˜ao Fuzzy, que produzir´a a sa´ıda (resposta, a¸c˜ao) para cada entrada (estado, condi¸c˜ao) [3].

(51)

Figura 3.4: Forma de uma Base de Regras Fuzzy.

3.7

Controlador Fuzzy

Para um sistema Fuzzy qualquer, a cada entrada Fuzzy faz-se corresponder uma sa´ıda Fuzzy. Os controladores Fuzzy tamb´em tem essa caracter´ıstica. Um Controlador Fuzzy ´e formado pelos m´odulos de fuzzifica¸c˜ao, de base de regras, de inferˆencia Fuzzy e de defuzzifica¸c˜ao. A seguir, vamos explicar o que desempenha cada m´odulo de um Controlador Fuzzy.

odulo de Fuzzifica¸

ao

Nesta etapa, as entradas do sistema s˜ao modeladas por conjuntos Fuzzy com seus respectivos dom´ınios, isto ´e, associa-se cada entrada a uma fun¸c˜ao de pertinˆencia. Aqui, as fun¸c˜oes de pertinˆencia s˜ao formuladas para cada conjunto Fuzzy envolvido no processo. Se a entrada for crisp, ela ser´a associada a sua fun¸c˜ao caracter´ıstica.

(52)

odulo da Base de Regras

Uma base de regras Fuzzy ´e formada por proposi¸c˜oes Fuzzy, da seguinte forma:

Se x1 ´e A1 e x2 e´ A2 e · · · e xn ´e An

Ent˜ao u1 ´e B1 e u2 e´ B2 e · · · e un ´e Bn

onde as vari´aveis lingu´ısticas xi s˜ao modeladas por conjuntos Fuzzy Ai, isto ´e, fun¸c˜oes

de pertinˆencia). O conjunto das condi¸c˜oes A1, A2, ..., An´e chamado de antecedente, e o

conjunto das a¸c˜oes B1, B2, ..., Bm ´e chamado de consequente. Quanto mais informa¸c˜oes

tivermos das condi¸c˜oes, mais preciso ser´a o resultado.

odulo de Inferˆ

encia Fuzzy

Este m´odulo nos fornecer´a a sa´ıda a ser adotada pelo controlador a partir de cada en-trada. Neste m´etodo ´e onde se define quais as t-normas, t-conormas e regras de inferˆencia ser˜ao utilizadas para se obter a rela¸c˜ao Fuzzy que modela a base de regras. Assim, o m´odulo de inferˆencia Fuzzy ´e de fundamental importˆancia para o sucesso do sistema Fuzzy, j´a que fornece a sa´ıda a partir de cada entrada Fuzzy e da rela¸c˜ao definida pela base de regras. Neste trabalho apresentaremos o M´etodo de Inferˆencia de Mamdani.

odulo de Defuzzifica¸

ao

No controlador Fuzzy, a cada entrada , o m´odulo de inferˆencia produz uma sa´ıda Fuzzy que indica o controle a ser adotado. O defuzzificador converte tal sa´ıda Fuzzy em um n´umero real. Na teoria dos conjuntos Fuzzy, a defuzzifica¸c˜ao ´e um processo que permite representar um conjunto Fuzzy por um valor crisp.

(53)

3.8

O m´

etodo de Inferˆ

encia de Mamdani

O M´etodo de Inferˆencia da Mamdani ´e baseado na regra de decomposi¸c˜ao de inferˆencia max-min, de acordo com o seguinte procedimento:

1. Em cada regra Rj, da base de regras Fuzzy, a condi¸c˜ao:

“ se x ´e Aj ent˜ao u ´e Bj”

´e modelada pela aplica¸c˜ao ∧ (m´ınimo) que costuma ser denominada implica¸c˜ao de Mamdani (essa domina¸c˜ao n˜ao est´a correta, pelo de ∧ n˜ao ser uma implica¸c˜ao Fuzzy, pois n˜ao preserva a tabela de uma implica¸c˜ao cl´assica);

2. adota-se a t-norma ∧ (m´ınimo) para o conectivo l´ogico “e”;

3. para o conectivo l´ogico “ou” adota-se a s-norma ∨ (m´aximo) que conecta as regras Fuzzy da base de regras.

Do ponto de vista te´orico, Mamdani prop˜oe uma rela¸c˜ao Fuzzy bin´aria µ entre x e u para modelar matematicamente a base de regras. Formalmente, a rela¸c˜ao Fuzzy µ ´e o subconjunto Fuzzy de X × U cuja fun¸c˜ao de pertinˆencia ´e dada por

ϕµ(x, u) = max

1≤j≤r(ϕRj(x, u)) = max1≤j≤r[ϕAj(x) ∧ ϕBj(u)],

onde r ´e o n´umero de regras que comp˜oe a base de regras e, Aj e Bj s˜ao os subconjuntos

Fuzzy da regra j. Cada um dos valores ϕAj(x) e ϕBj(u) s˜ao interpretados como os graus

com que x e u est˜ao nos subconjuntos Fuzzy Aj e Bj, respectivamente, de maneira que

µ nada mais ´e que a uni˜ao dos produtos cartesianos Fuzzy entre os antecedentes e os consequentes de cada regra.

(54)

3.9

Um Exemplo do Uso da Teoria Fuzzy Aplicada

a Doen¸

ca de Chagas

Em [18] temos uma aplica¸c˜ao de t-normas para uma modelagem epidemiol´ogica para a fase aguda da doen¸ca de chagas. A abordagem para esta aplica¸c˜ao se deu da seguinte forma: quando a fra¸c˜ao de indiv´ıduos suscet´ıveis ´e muito pequena, a varia¸c˜ao da po-pula¸c˜ao de suscet´ıveis cai de forma proporcional a essa popula¸c˜ao, isto ´e, quanto menor o n´umero de indiv´ıduos suscet´ıveis menor ser´a o decaimento desta. Por outro lado, quando a fra¸c˜ao de infectados for muito pequena a varia¸c˜ao desses indiv´ıduos tamb´em ´e pequena. Em ambos os casos, a taxa de transmiss˜ao ´e proporcional ao m´ınimo entre suscet´ıveis e infectados [19].

Sendo assim, obtˆem-se:            dx dt = −λ(x ∧ y) + βy dy dt = λ(x ∧ y) − βy , (3.1)

sendo x e y as fra¸c˜oes dos indiv´ıduos suscet´ıveis e infectados no instante t, respectiva-mente. A solu¸c˜ao do sistema (3.1) ´e

y(t) =            y0e(λ−β)t se t ≤ ¯t 0.5(β − λ)e−(β+λ)(t−¯t)+ λ β + λ se t > ¯t , (3.2) onde ¯t = 1 λ − β ln 0.5 y0

e pode ser vista na Figura 4.5

Na Figura 3.5, pode-se verificar que, assim como num modelo determin´ıstico, em um modelo com parˆametros Fuzzy a popula¸c˜ao dos indiv´ıduos infectados tende a crescer no decorrer do tempo t.

(55)

Figura 3.5: Solu¸c˜ao de infectados com a t-norma do M´ınimo e condi¸c˜ao inicial 0.144, onde cada ponto representa uma solu¸c˜ao em t. Fonte [18].

3.9.1

Modelo SIS com t -norma de Hamacher

A t -norma de Hamacher ´e dada por

TH(x, y) =            xy a + (1 − a)(x + y − xy) se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) , (3.3) sendo x, y ∈ [0, 1]. Logo,              dx dt = −λxy

a + (1 − a)(x + y − xy) + βy dy

dt =

λxy

a + (1 − a)(x + y − xy)− βy

. (3.4)

No sistema (3.4) n˜ao temos solu¸c˜ao expl´ıcita para qualquer a, mas a solu¸c˜ao num´erica ´e verificada na Figura 3.6, para v´arios valores de a

(56)

Figura 3.6: Solu¸c˜ao com a t-norma de Hamacher para diversos valores de a. Fonte [18]. O ponto de inflex˜ao usando a t-norma do m´ınimo ´e y = 0, 5 e os pontos de inflex˜ao com o uso da t-norma de Hamacher pode ser visto no quadro ao lado da Figura 4.6. O ponto de inflec¸c˜ao indica que at´e esse momento ainda h´a reinfec¸c˜ao na popula¸c˜ao, isto ´e, o vetor ainda est´a atuante naquela regi˜ao [18].

Considera¸

oes Finais do Cap´ıtulo

Neste Cap´ıtulo foram vistos os principais conceitos sobre a Teoria Fuzzy e uma Aplica¸c˜ao da Teoria Fuzzy a Doen¸ca de Chagas, proposta por [18]. A abordagem da Teoria Fuzzy ´e interessante, pois ela pode ser aplicada nas mais diversas ´areas do co-nhecimento e neste caso, ser´a aplicada para uma nova modelagem para a Doen¸ca de Chagas, uma vez que n˜ao se tem dados suficientes para dizer como a Doen¸ca evolui. No pr´oximo Cap´ıtulo ser˜ao apresentados algumas citocinas que, ao serem estimuladas por dois ant´ıgenos espec´ıficos, acredita-se que tem rela¸c˜ao direta com a evolu¸c˜ao da Doen¸ca de Chagas no organismo dos indiv´ıduos infectados. Ap´os a apresenta¸c˜ao dessas citocinas, ser˜ao propostos dois modelos, onde a principal caracter´ıstica s˜ao as incertezas nos dados para a Doen¸ca de Chagas e, por conta disso, ser´a feito o uso da Teoria Fuzzy, para se obter alguns resultados.

(57)

Cap´ıtulo 4

Convers˜

ao de Portador

Assintom´

atico para Sintom´

atico

O diagn´ostico parasitol´ogico na fase aguda da doen¸ca de Chagas ´e dado quando se encontram presentes as formas tripomastigotas do Trypanosoma cruzi em amostras de sangue diretamente ao microsc´opio pelo fato de nessa fase o n´umero de parasitas na corrente sangu´ınea ser elevado. A fase crˆonica caracteriza-se por n´ıveis baixos de para-sitas circulantes no sangue e t´ıtulos altos de anticorpos espec´ıficos contra ant´ıgenos do Trypanosoma cruzi. Portanto, em indiv´ıduos infectados, o diagn´ostico da fase crˆonica se baseia principalmente na presen¸ca de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi no soro, de-tectados pelos testes usados na sorologia convencional, como imunofluorescˆencia indireta (IFI), hemaglutina¸c˜ao indireta (HAI) e rea¸c˜ao imunoenzim´atica (ELISA) [8, 9].

Na fase crˆonica da doen¸ca de chagas, a forma Indeterminada ´e a que desperta o maior interesse entre m´edicos e pesquisadores, pois nesta fase ´e que parece se determinar a evolu¸c˜ao do paciente infectado. Este aspecto da evolu¸c˜ao da forma indeterminada para as formas cl´ınicas sintom´aticas (card´ıaca e digestiva) ainda n˜ao ´e muito claro [16].

Por conta disso, nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e fazer uma an´alise, atrav´es da produ¸c˜ao das citocinas IL-10 e IFN-γ, produzidas pelo sistema imunol´ogico dos indiv´ıduos infecta-dos atrav´es das c´elulas TCD4+. Acredita-se que a interleucina IL-10 ´e a citocina secre-tada pelos pacientes da forma indeterminada, o que sugere que esta citocina pode estar

(58)

relacionada com a prote¸c˜ao do hospedeiro contra o desenvolvimento da forma crˆonica sintom´atica. Acredita-se tamb´em que os paciente na forma card´ıaca produzem altos n´ıveis de IFN-γ, sendo essas citocinas relacionadas com o n´ıvel de severidade das les˜oes card´ıacas [16].

4.1

Determina¸

ao da Forma da Doen¸

ca na Fase

Crˆ

onica

Ap´os as eficientes campanhas de combate ao vetor transmissor da Doen¸ca de Cha-gas, a incidˆencia de fase aguda no Brasil ´e muito baixa. O mecanismo de transmiss˜ao por transfus˜ao de sangue, frequente no passado, diminuiu bastante nas grandes capitais devido o controle adequado nos bancos de sangue. Portanto, hoje em dia no Brasil, a maioria dos pacientes encontra-se na fase crˆonica da doen¸ca [9].

De um modo geral, os indiv´ıduos que permanecem assintom´aticos (na forma inde-terminada) s˜ao capazes de reduzir o n´umero de parasitas da fase inicial da infec¸c˜ao e eles possuem mecanismos regulat´orios que limitam o desenvolvimento da doen¸ca. Mas, indiv´ıduos que desenvolvem a doen¸ca card´ıaca apesar de controlar a parasitemia, podem n˜ao ser capazes de elaborar uma resposta imunoregulat´oria eficiente, persistindo uma resposta inflamat´oria duradoura [10].

Alguns pesquisadores mostraram um padr˜ao de citocinas regulat´orias produzidas por c´elulas de sangue perif´erico de indiv´ıduos portadores da forma indeterminada, contras-tando com um perfil de citocinas inflamat´orias de pacientes portadores da forma card´ıaca [24].

Abordagens para a investiga¸c˜ao de padr˜oes de secre¸c˜ao de citocinas em sangue pe-rif´erico de pacientes com doen¸ca de Chagas tˆem sido realizadas com a utiliza¸c˜ao de ant´ıgenos complexos das formas epimastigotas e tripomastigotas de T. cruzi. Esses tra-balhos demonstraram que a IL-10 ´e a citocina secretada por pacientes portadores da forma indeterminada sugerindo que a mesma esta associada com a prote¸c˜ao dos pacien-tes com a doen¸ca de Chagas, enquanto os pacienpacien-tes chag´asicos com a forma card´ıaca tˆem

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