Informativo mensal nº 53
Junho/2018
AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL
EUA SE RETIRAM DO UNCHR, MATAM REFUGIADOS NA SÍRIA E CRITICAM AVANÇO MILITAR CHINÊS NO MAR DA CHINA MERIDIONAL Durante a segunda metade do mês de junho, os Estados Unidos cumpriram sua ameaça e abandonaram o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (em inglês, United Nations Human Rights Council – UNHRC), em um anúncio feito por Nikki Haley, Embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU). Esta foi a forma de protesto da administração do atual presidente, Donald Trump, contra o tratamento que o órgão supostamente estaria dando a Israel, considerado pelos Estados Unidos como injusto, desproporcional e parcial. A decisão veio logo após Zeid Ra’ad al-Hussein, Representante Permanente da Jordânia na ONU, chamar de “inadmissível” a política dissuasória estadunidense de separar crianças de seus pais na fronteira do país com o México. Em episódio distinto, aviões da coalizão internacional coordenada pelos Estados Unidos efetuaram um ataque aéreo contra um povoado no sul da província síria de Al-Hasakah, no qual morreram 18 refugiados iraquianos e outros 15 civis sírios. De acordo com a agência estatal de notícias da Síria, SANA, o povoado que foi vítima do ataque faz parte de um campo temporário para refugiados que vêm do Iraque. Por fim, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, afirmou que o avanço militar chinês no Mar da China Meridional tem intimidado e coagido os países vizinhos. No entanto, apesar de criticar o avanço militar chinês, o país norte-americano reafirmou a continuidade de seus exercícios militares com o Japão.
PROTESTOS NA NICARÁGUA SE TORNAM MAIS VIOLENTOS E NUMERO DE MORTOS AUMENTA
Durante o mês de junho, novos desdobramentos violentos voltaram a marcar a atual crise política da Nicarágua. Em cidades distintas, manifestantes armados atearam fogo em uma casa e participaram de um tiroteio em meio a uma barricada, deixando pelo menos oito pessoas mortas nos dois episódios. Por outro lado, testemunhas locais afirmaram que as forças do governo vêm utilizando armas de fogo contra os manifestantes, que enfrentam a polícia mascarados, empunhando bombas caseiras e estilingues.
ELN E COLÔMBIA CONTINUAM NEGOCIAÇÕES DE PAZ
Os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), último grupo de guerrilha ainda ativo na Colômbia, anunciaram um cessar-fogo unilateral para o fim de semana de 17 de junho, quando a votação presidencial que reelegeu Juan Manuel Santos para mais um mandato no país. A paralisação das operações militares estava marcada para ir de sexta-feira, 15 de junho, à meia-noite de terça-feira, 19 de junho. Paralelamente, autoridades colombianas informaram a captura de três integrantes das células urbanas do ELN em Bogotá, que pretendiam realizar atentados terroristas na capital. O ELN vem desafiando o governo colombiano, que permanece à frente de negociações de paz que estão sendo realizadas em Cuba, embora os últimos acordos de cessar-fogo tenham sido unilaterais, feitos somente pelo grupo guerrilheiro. Por fim, 16 dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), grupo guerrilheiro já inativo, foram mortos em uma operação militar na fronteira com a Venezuela. O Exército colombiano informou que os dissidentes haviam se unido a líderes locais do ELN, a fim de tentarem controlar o fluxo de drogas nos departamentos colombianos de Arauca, Boyacá e Casanare, além de coordenarem atividades de extorsão, tráfico de armas e articulação de planos terroristas na região.
PAÍSES EUROPEUS VOLTAM A ENFRENTAR AMEAÇAS TERRORISTAS Ao início do mês de junho, a polícia francesa deteve um homem que filmava o prédio da prefeitura da cidade de Nice com um smartphone durante a madrugada, enquanto entoava versos do Corão. Ao ser abordado, o homem tentou atacar os policiais com um
estilete e uma faca, chamando-os de “infiéis”. Ele foi imobilizado rapidamente pelos policiais. O caso ocorreu algumas horas depois de uma jovem ter ferido duas pessoas com um estilete em supermercado próximo à Nice, vestida inteiramente de preto, a mulher atacou o local aos gritos de “Allahu Akbar” (em tradução livre, “Alá é grande”), ferindo um cliente e uma funcionária da loja que tentou reagir. Até o momento, nenhum dos dois casos foi reconhecido ou ligado à algum grupo terrorista. Já na Alemanha, um tunisiano foi detido por portar um frasco contendo ricina, material comumente utilizado na fabricação de bombas e que é considerado um veneno mortal. O homem estaria seguindo instruções divulgadas pelo grupo terrorista Estado Islâmico sobre como construir uma bomba contendo esse material , segundo autoridades alemãs, planejava executar um ataque biológico no país.
ÁSIA/LESTE EUROPEU
NOVOS CONFRONTOS ELEVAM O NÚMERO DE MORTOS NA CAXEMIRA Durante o último mês, aproximadamente dez militantes rebeldes foram mortos na Caxemira. Em contrapartida, militares também foram mortos nas ondas de protestos que vêm ocorrendo, tanto do lado paquistanês, quanto do lado indiano. A justiça indiana acusou o Paquistão de ter matado dois soldados indianos, causando uma nova onda de protestos, deixando dezenas de mortos. Além dos protestos, a Caxemira sofre também com ataques do grupo Jasih-e-Muhammad, no sul da região, deixando civis e militares feridos.
TURQUIA SEGUE INVESTIDA PARA RETIRAR CURDOS DE SUAS FRONTEIRAS
Após a neutralização de mais de quatro mil curdos na região de Afrin, no norte da Síria, o governo turco afirmou que agora busca retirar os curdos da região fronteiriça com o Iraque, utilizando-se de ataques aéreos para destruir alvos estratégicos dos mesmos. Somente durante o mês de junho, mais de 25 alvos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado como grupo terrorista pela Turquia, foram destruídos.
TALIBÃ E ESTADO ISLÂMICO PROMOVEM ATAQUES NO AFEGANISTÃO Seguindo a tendência de conflitos na região, uma série de ataques foi registrada no Afeganistão durante o último mês. No primeiro deles, um homem-bomba se explodiu e matou cerca de 15 pessoas que participavam de um encontro clérigo em Cabul, capital do país, onde discursavam contra os grupos terroristas atuantes na região e seus ataques. Em seguida, em uma série de ataques a postos de segurança afegãos promovidos pelo grupo rebelde Talibã, ao menos 24 policiais e 17 soldados do Exército do país foram mortos. De volta a Cabul, ao menos 12 civis foram mortos e mais 31 pessoas ficaram feridas quando um suicida se explodiu próximo a um ministério do governo afegão, sendo este ataque assumido pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Por fim, em episódio paralelo, militantes invadiram um prédio e forçaram civis a pularem das janelas na cidade de Jalalabad, no leste do país, deixando ao menos 15 feridos no ocorrido.
COREIA DO NORTE E ESTADOS UNIDOS TÊM ENCONTRO HISTÓRICO Durante o mês de junho, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se encontrou com o presidente estadunidense, Donald Trump, em uma reunião histórica e muito esperada pela comunidade internacional. Na cúpula entre os dois líderes houve a assinatura de um documento, cujo foco era a desnuclearização da península coreana. Rússia, Índia e China elogiaram a iniciativa dos líderes, sendo que esta última até requisitou a suspensão das sanções impostas à Coreia do Norte pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Japão e Coreia do Sul, no entanto, não viram o encontro com bons olhos. Apesar do balanço da cúpula ter sido positivo, autoridades atuantes no Pentágono suspeitam que a Coreia do Norte estaria utilizando uma instalação importante na parte ocidental do país para testar motores de mísseis de longo alcance, contrariando os compromissos que o país havia feito com o presidente dos Estados Unidos. Além do encontro com o presidente estadunidense, em mais uma tentativa de melhorar suas relações internacionais, Jong-un também afirmou que pretende se encontrar com o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, que deverá visita-lo na Coreia do Norte, se tornando o primeiro Chefe de Estado a se encontrar com Kim Jong-un em solo norte-coreano.
ORIENTE MÉDIO
SÍRIA: CONFRONTOS ENTRE GRUPOS TERRORISTAS DEIXAM MILITANTES MORTOS E GUERRA CIVIL CONTINUA
O governo sírio tem divulgado confrontos entre a Al Qaeda e uma célula do Estado Islâmico formada por militantes iraquianos, cujos embates recentes deixaram dezenas de combatentes mortos, sendo a maioria deles pertencente ao Estado Islâmico. O presidente sírio, Bashar al Assad, disse que seu governo ainda está buscando uma solução política para o sudoeste do país, a fronteira com a Jordânia e as Colinas de Golã, ocupadas por Israel. Washington expressou preocupação com relatos de uma iminente ofensiva do Exército sírio na região. Além disso, aeronaves da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardearam uma posição das forças do governo sírio em Al-Harra, na região de Deir ez-Zor, onde, inclusive, estaria sendo construída uma nova base militar norte-americana equipada com avançados sistema, segundo a mídia iraniana.
ARÁBIA SAUDITA CONTINUA OFENSIVA CONTRA HUTIS NO IÊMEN Ao início deste mês, forças sauditas interceptaram um míssil balístico que atingiria a cidade de Yanbu, no oeste da Arábia Saudita, depois de terem atacado o território controlado por rebeldes no Iêmen. No entanto, dias após o ocorrido, outro míssil balístico foi lançado em direção à província de Jazan, no sudoeste da Arábia Saudita, matando três civis e ferindo outras dezenas de pessoas. A milícia Huti, que é apoiada pelo Irã, aumentou os ataques com mísseis contra a vizinha Arábia Saudita, que lidera uma coalizão militar que combate a milícia desde 2015. Além disso, novos confrontos na cidade iemenita de Hodeida mataram cerca de 40 militantes. Atualmente, a cidade é mantida por rebeldes Huti, enquanto uma ofensiva da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos para retomar a cidade continua. Além dos rebeldes neutralizados, nove soldados de tropas pró-governo foram mortos na mesma região.
ISRAEL E HAMAS CONTINUAM A TROCAR OFENSIVAS NA FAIXA DE GAZA
O exército israelense atingiu 15 posições do Hamas em Gaza, em resposta à retomada de lançamento de foguetes contra Israel. Os alvos atingidos incluíram complexos militares, fábricas de munição e forças navais. Diante disso, o Hamas tem orquestrado
protestos semanais ao longo da fronteira entre Israel e Gaza. As manifestações populares na Faixa de Gaza vêm sendo acompanhadas por confrontos menores, mas que já resultaram em mais de 115 palestinos mortos pelo exército israelense desde que começaram, ao final de março deste ano. Além disso, ainda parte desta retaliação mencionada, um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza destruiu um túnel de três metros abaixo d’água, pertencente ao Hamas. A construção dava acesso ao Mediterrâneo e seria estratégica para o grupo, uma vez que a utilizava para mover seus militantes de uma região a outra. Diante da discussão internacional sobre os episódios violentos na Faixa de Gaza, Israel continua culpando o Hamas pelo alto número de mortes em manifestações na região.
TROPAS LÍBIAS AVANÇAM E TRAVAM EMBATES COM REBELDES ISLÂMICOS
Durante o mês de junho, tropas aliadas ao Marechal Khalifa Hafter, que comanda o leste líbio, começaram a avançar em Derna, única cidade do país que ainda não está sob seu controle. O autodeclarado Exército Nacional Líbio (ENL), liderado por Hafter, iniciou uma série de ataques na cidade há cerca de um mês, com o objetivo de libertá-la do domínio de grupos extremistas islâmicos. Não há dados de civis que tenham sido vítimas das ofensivas.
ÁFRICA
NOVOS EPISÓDIOS VIOLENTOS ASSOLAM PAÍSES AFRICANOS Durante o mês de junho, o país que mais contou com ações terroristas foi a Nigéria. No começo do mês, um homem que tentava fazer um ataque a um mercado em Maiduguri, capital do país, detonou os explosivos que carregava ao notar que estava sendo vigiado mantando a si mesmo e um civil. Em episódio distinto, dois homens-bomba explodiram seus coletes em Damboa, cidade no Nordeste nigeriano, deixando 31 pessoas mortas. Também na Nigéria, confrontos envolvendo pastores da etnia Fulani deixaram ao menos 150 mortos, devido à competição de terras aráveis na região que habitam. Já no Níger, três mulheres-bomba explodiram seus coletes dentro de um estabelecimento,
matando 10 pessoas e ferindo outras 37, mas nenhum grupo foi responsabilizado pelo ocorrido.
EXÉRCITOS AFRICANOS CONTRA-ATACAM FORÇAS REBELDES E PERDEM SOLDADOS EM OPERAÇÕES
Durante o mês de junho, 19 policiais morreram em estradas no Quênia, devido à detonação de explosivos em diferentes ocasiões. Autoridades quenianas acreditam que o grupo terrorista Al Shabaab tenha instalado explosivos na região, visando desestabilizar as forças do governo, contra as quais lutam. Já na Somália, soldados estadunidenses, somalis e quenianos foram atingidos por disparos enquanto realizavam uma operação contra o Al Shabaab. Um soldado das forças especiais dos Estados Unidos foi morto pela emboscada. Por fim, na Nigéria, a operação Lafiya Dole realizou várias ofensivas contra o grupo terrorista Boko Haram, resultando em dezenas de insurgentes mortos e feridos. Em uma das ofensivas, a operação contou com o apoio aéreo da Força Aérea da Nigéria para atividades de inteligência, reconhecimento e vigilância. Uma enorme gama de munições e armas foi apreendida, incluindo artefatos que iam desde arco e flechas até fuzis AK-47, além de explosivos improvisados que seriam usados em estradas nigerianas.
ONU
OPERAÇÕES DE PAZ DA ONU SOFREM BAIXAS E PEACEKEEPERS INDIANOS TÊM TRABALHO ELOGIADO
Durante o mês de junho, duas das mais letais missões da Organização das Nações Unidas (ONU) sofreram ataques violentos contra seus peacekeepers. O primeiro deles ocorreu na República Centro-Africana, onde um peacekeeper na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA) foi morto e outros sete ficaram feridos enquanto patrulhavam a parte oeste do país. Em seguida, dois ataques separados foram desferidos contra peacekeepers da MINUSCA, resultando na morte de um deles, de origem burundiana. Ambos os ataques ocorreram no mesmo dia, sendo o primeiro deles na
cidade de Bambari e o segundo em Bangassou, realizado pelo grupo intitulado Unidade e Paz, que teve cinco militantes mortos. Paralelamente, de acordo com fontes da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), tropas de paz da ONU foram atacadas durante uma inspeção das condições de segurança próxima à cidade de Leer, no estado sul-sudanês de Unity. A ofensiva ocorreu quando o comboio parou para acolher um civil que fugia da região, devido ao rápido aumento da violência. Nenhum soldado foi morto ou ferido, e que nenhum dano foi causado aos seus veículos. Apesar disso, a UNMISS condenou o ataque e quaisquer outras ações que impeçam ou dificultem o trabalho das operações de paz das Nações Unidas em sua missão humanitária e pacificadora. Por outro lado, peacekeepers indianos que participam da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) foram parabenizados pelos avanços em direção da paz na cidade de Akobo, no nordeste do Sudão do Sul. A base temporária foi a primeira a ser estabelecida em um território controlado por rebeldes. A Índia é um dos países que mais contribuem com o envio de tropas para operações de paz das Nações Unidas, com 2.341 soldados servindo na UNMISS.
