Aula 07- Tipologia - Fenômenos anímicos 02
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Mediunidade & Espiritualidade Online 2016
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Livro: BUSCA DO CAMPO ESPIRITUAL PELA CIÊNCIA
Jorge Andréa dos Santos
INTUIÇÃO, FENÔMENO MEDIÚNICO?
A mediunidade constitui a fenomenologia paranormal mais expressiva do psiquismo humano. Isto porque ainda não temos a suficiente evolução psíquica que mostre tais fenômenos como normais, fazendo parte do nosso cotidiano. Enquanto não tivermos o fenômeno mediúnico incluso nos capítulos oficiais da psicologia, ele anda sofrerá limitações de interpretação e desconfianças por parte de algumas escolas.
No passado, tais fenômenos eram considerados anormais e fazendo parte da patologia psíquica. Hoje, com estudos mais amplos e mais categorizados, a tendência é aceitá-los como normais, embora as variações e nuanças sejam de tal ordem que, situá-los na psicologia, não é tarefa fácil; contudo, as sendas encontram-se abertas, possibilitando avaliações mais bem adequadas.
O termo mediunidade traduz a existência de um medianeiro, com a presença de um estado de transe. Este variará, dos tipos que poderíamos denominar de ostensivos até aqueles que se apresentam de modo impreceptível, parecendo nada existir e, por isso, quase sempre negados.
Assim, teríamos nas apresentações do mecanismo mediúnico tonalidades imensas, desde os transes com apagamento total da consciência até aqueles cuja sutilidade é de tal ordem que parecem não existir qualquer influência. Nesses sutis e imperceptíveis transes podemos incluir a denominada mediunidade intuitiva.
Sobre o médium intuitivo, assim se expressa Kardec em O Livro dos Médiuns: “O médium tem consciência do que escreve, embora não se trate de seu próprio pensamento”. Alguns têm conhecimento do processo pelas vivências, experiências e adestramento; entretanto, outros nada registram de especial, acreditando que as imagens-pensamentos são o resultado de sua própria criação. Conhecer os detalhes do fenômeno torna-se difícil – o que corresponde ao espírito comunicante e o que é do próprio médium. Neste grupo de médiuns instuitivos podemos incluir, conforme assertiva kardequiana, os chamados médiuns inspirados.
Por tudo, o fenômeno mediúnico de característica intuitiva é sutil e de difícil demarcação; mesmo porque pode ser confundido com as próprias criações do encarnado, representando autêntico fenômeno anímico. Também poderá haver uma associação do fenômeno anímico com a influência espiritual externa.
O que se observa no fenômeno mediúnico intuitivo é um verdadeiro processo captativo de idéias-imagens, acompanhado por transe sutil de difícil registro pela zona consciente. É como se as idéias despontassem no psiquismo profundo do próprio médium, de modo tão espontâneo, chegando mesmo a surpreendê-lo.
A zona nervosa que deve participar desse tipo mediúnico intuitivo, na conclusão do trabalho consciente (córtex), só poderá situar-se nas regiões mais nobres do cérebro e, como tal, em pleno lobo frontal. Assim, o lobo frontal do cérebro, onde se passam os mais expressivos trabalhos da tomada consciente dos seres, seria a região onde se refletiriam as imagens-idéias captadas pelo perispírito do médium, após decodificação na base cerebral (região talâmica); isto é, o bloco receptivo de imagens e idéias vindos de dimensão superior, por parte do agente espiritual externo, sofreria as necessárias transmutações a fim de se adaptar nas funções neuronais da zona talâmica.
O transe mediúnico, com a variedade de seus aspectos e expressão fenomênica, no momento, ainda não pode oferecer uma boa estruturada demonstração biopsicológica como é exigida pela ciência, embora existam explicam explicações pela existência do fato em si. O transe mediúnico não poderá jamais ser explicado sem a participação
direta das camadas energéticas do espírito, ou seja, do perispírito ou psicossoma. Sua complexa energética, imposta na zona consciencial, representaria ponte e fonte das manifestações espirituais. É bem possível que as regiões do lado direito do cérebro, onde se pensa se apresentarem as conexões subjetivas, participem assiduamente.
Em tese e sem computarmos as variações individuais calcadas nos biótipos psicológicos, o início do transe mediúnico estaria na concentração (estado de passividade, jamais de neutralidade), o que propiciaria sintonia psíquica. A comunhão entre as mentes, em sintonia, seria feita por “remoinhos mensuráveis de força mental” (André Luiz), proporcionando um campo de atenção, permanentemente desenvolvido dentro desse especial circuito, garantindo o processo de sintonia.
Formado o ambiente apropriado ou ambientação e a concentração do médium pelo acúmulo dinâmico da energética psíquica, haveria o entrosamento dos elos de ligação com o espírito comunicante. A zona ideal para o contato inicial do médium com o espírito manifestante seria o perispírito. Consideramos, entretanto, que a chegada da “onda espiritual” que tenta sintonia, poderá dar-se em qualquer das zonas do psiquismo do médium, desde as camadas internas energéticas até as zonas mais densas do perispírito.
A corrente espiritual do comunicante, assim encaixada na zona perispiritual do médium e comandando os influxos internos, atingiria a base cerebral da organização talâmica, no subcórtex, promovando e movimentando a arquitetura nervosa do médium. Nesta posição, o cerebelo entraria como função corretora de equilíbrio “vibratório-elétrico” e a glândula pineal como aferidora real da energética em apreço. Que mecanismos seriam realmente desenvolvidos na base cerebral? Que multiplicidade de circuitos seriam criados, despertados, solicitados? Que espécie de vibração energética se produziria na intimidade dessas células nobres da base cerebral? Como os dígitos da zona cerebral se decodificariam de modo a serem recebidos e adaptados no neurônios? Somente após um conhecimento mais profundo da fisiologia celular, em seus íntimos detalhes, é que estaremos na posição de penetrar, com segurança, no mundo dinâmico das energias psíquicas e mais bem apreciar a estrutura fisiológica da mediunidade.
Desencadeada a fenomenologia mediúnica, no subcórtex, a própria zona da base cerebral impulsionaria as comunicações, em circuitos, para o córtex através das fibras nervosas que partem do soalho talâmico sob vigilância e influência do sistema reticular ativador ascendente. Nesta região do sistema reticular ativador ascendente devem existir grupos neuroniais especializados funcionando à maneira de verdadeiras chaves seletoras, a proporcionarem as variações de estado de sono e vigília que estão sob a sua dependência. Isto daria ao fenômeno mediúnico em pauta um maior ou menor grau de estado de consciência.
No caso do processo intuitivo inspirativo, devemos ter em mente a existência de autênticas criações a representar, exclusivamente, processo anímico, sem interferência espiritual de qualquer natureza. Como demonstrar as diferenças dos respectivos processos? Muito difícil, algumas vezes impossível... Se a idéia for boa, correta, válida e aplicável na vida, que importa sua origem!
A mediunidade intuitiva, como fenômeno captativo harmonizado, permitiria ao médium atingir campos espirituais mais desenvolvidos do que o seu próprio, donde poderia arrecadar idéias-imagens, símbolos ou mesmo grupo de pensamentos, logo transferidos à sua própria zona consciente de modo “perceptivo especial”, dando a impressão de um acontecimento inspirativo. O que é interessante é que muitos desses médiuns desconhecem o mecanismo em questão pela filtragem e leveza com que se processam; os seus próprios pensamentos, em penetrando dimensão mais evoluída, conseguem retirar da mesma blocos de idéias, verdadeiras composições da mais alta significação para as atividades humanas, quer dentro da ciência ou mesmo das artes. Tudo isso sem conhecimento da zona consciente; assim, não exise um processo de análise intelectual – é processo de percepção criativa integral. Não queremos com isso dizer que toda descoberta ou criação humana tenha tido origem num fenômeno mediúnico captativo, porém asseverar que parte das nossas conquistas, nas ciências e nas
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artes, despertam misteriosamente dos recônditos do espírito humano, por captação externa. Aliás, este é o mecanismo mediúnico mais expressivo (como processo), da espécie humana, observando a sutileza de suas características manifestações. Os grandes poemas épicos da humanidade, as excelentes criações literárias da prosa e do verso, as maiores sinfonias, as manifestações mais sublimes da pintura, todos, com raras exceções, devem estar comprometidos nas inspirações intuitivas de fundo mediúnicas.
O espírito, pelo seu teor energético, poderá penetrar, fora do espaço e do tempo, em vivência que a zona consciencial nem de leve percebe; motivo pelo qual nosso cérebro não está em condições de analisar e avaliar as inspirações intuitivas. Estas despertam na zona consciente após desenvolvimento energético nos vórtices do inconsciente, em condições dimensionais que nos escapam inteiramente. Este tipo de mediunidade captativa-intuitiva, sendo o tipo bem significativo de indivíduos evoluídos, ainda em número tão reduzido no arraiais terrenos, deverá ser a próxima etapa que o homem comum dos nossos dias alcançará, fazendo jus à sua própria e árdua caminhada na grande trilha da ecolução através dos milênios. Evolução, sendo a aquisição de novas formas de consciência, o processo intelectivo analítico do psiquismo humano, característico da atual etapa psicológica evolutiva na Terra, será suplantado, aos poucos, pelo processo intelectual intuitivo, mais avançado, mais preciso, mais amplo de horizontes, de modo a permitir que o homem dilate as suas potencialidades e participe mais acendradamente do Amor Universal.
