Versão Oficial
EF110 E S T Ú D I O F - programa número 110 Á U D I O T E X T O
Música-tema entra e fica em BG;
Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F,
Momentos Musicais da Funarte
Apresentação de Paulo César Soares Paulo César : - Esse carioca com pinta de surfista é um dos mais
importantes compositores da chamada segunda geração da bossa-nova. Mas, para além dos limites do movimento, ele formou, ao lado do irmão, uma das duplas de autores mais importantes da MPB. Seu trabalho ganhou o mundo, conquistando das pistas de dança londrinas ao público japonês.
Entra “Mentira” fica brevemente e cai em BG quando ele cantar a palavra Mentira!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Paulo César: - Não, não é mentira. Com sua prancha musical, Marcos Valle vem surfar no Estúdio F.
cariocas que davam espaço para grupos de jazz e Jam sessions. Então, Marcos formou um trio com Edu Lobo e Dori Caymmi, apresentando-se algumas vezes na noite do Rio de Janeiro. Nesse mesmo período, Marcos – com o impulso de Roberto Menescal e Lula Freire –, além de músico, começou também sua trajetória como compositor. E, em 1963, com apenas 20 anos de idade, teve uma composição sua gravada pela primeira vez. Era “Sonho de Maria” – parceria com seu irmão Paulo Sérgio Valle - que ganhou a interpretação do Tamba Trio.
Entra “Sonho de Maria” e rola inteira.
Paulo César: - Em 1965, Marcos Valle participou do espetáculo “A Bossa no Paramount”, realizado no Teatro Paramount em São Paulo. Na ocasião, Marcos interpretou “Preciso Aprender a Ser Só” – outra parceria com o irmão Paulo Sérgio que, além de se tornar uma composição emblemática na carreira de ambos, ganharia inúmeras regravações por intérpretes de todo mundo. Entre eles, a diva Sarah Vaughan que, em seu disco “I Love Brazil”, gravou uma versão intitulada “If you went away”.
Paulo César: - Além de “Preciso Aprender a Ser Só”, outro momento chave na carreira de Marcos Valle na década de 60 foi o lançamento de “Samba de Verão”, uma das músicas de seu LP “O Cantor e o compositor” de 1965. No ano seguinte, a música ganhou uma gravação de Walter Wanderley que alcançou o segundo lugar nas paradas dos Estados Unidos. Aliás, só em terras americanas a música ganhou pelo menos 80 versões. Mas os recordes não param por aí, “Samba de Verão” tem mais de dois milhões de execuções em todo mundo, perdendo apenas para Garota de Ipanema. Sobre esse clássico dos irmãos Valle, Caetano Veloso declarou ao jornalista Mauro Ferreira no jornal O Globo: “Eu adoro “Samba de Verão”. Sua melodia é uma das mais marcantes da música brasileira moderna. Na minha música “Tempo de Estio”, eu faço até uma referência a ela. É uma música do Rio, da praia”
Paulo César: - Atento ao momento político pelo qual atravessava o Brasil nos anos 60, Marcos Valle – como vários compositores da época – abriu espaço em seu trabalho para as músicas de protesto e, por isso, chegou a ter problemas com a ditadura. Composições de sua autoria como “Terra de Ninguém” e “Gente” foram banidas das rádios. Outra criação de Marcos que enfrentou a repressão foi a toada moderna “Viola Enluarada”. A música, que deu nome ao seu LP de 1968, dizia em seus versos que “a mão que toca um violão também faz a guerra”. Nesta gravação original, Marcos divide os vocais com Milton Nascimento.
Entra “Viola Enluarada” e rola inteira.
Paulo César: - No próximo bloco, Marcos Valle vai da bossa ao pop e parte para os Estados Unidos.
Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte.
I N T E R V A L O
Locutor: - Continuamos com Estúdio F
Entra “Samba de Verão”, cai em BG e permanece brevemente durante a fala de Paulo César.
Paulo César: - Nos anos 70, Marcos Valle aproximou-se mais do pop e chegou a compor diversas trilhas para novelas e outros programas de TV. Sobre essa fase de sua carreira, o compositor deu o seguinte depoimento a Mario Adnet no jornal O Globo: “Sempre fui um criador. Só queria saber de fazer música e tinha dificuldade em enfrentar os palcos. Como tinha essa versatilidade em compor diversos gêneros, isso atraiu a atenção dos produtores das trilhas da TV”. E foi uma sucessão delas. Marcos compôs músicas para novelas como “O Cafona”, “Pigmalião 70”, “Véu de Noiva”, além de assinar toda a trilha de “Os Ossos do Barão”, “Selva de Pedra” e “Vila Sésamo”. Muita criança daquela época aprendeu a somar e a subtrair com a música de Marcos Valle.
Paulo César: - Um dos destaques da trilha nacional de “Selva de Pedra” é a música “Capitão de Indústria”. No final dos anos 90, esta canção foi atualizada pelo grupo “Paralamas do Sucesso” que a incluiu em seu álbum “Nove Luas”. Desta forma, o compositor Marcos Valle foi descoberto por jovens que ainda não conheciam o seu trabalho.
Entra “Capitão de Indústria” e rola inteira.
Paulo César: - “Capitão de Indústria” é uma crítica à sociedade industrial. Outra canção de Marcos Valle nessa linha – só que com tons tropicalistas – é “Mustang Cor de Sangue”, o que ninguém sabia é que o tal Mustang inspirador trazia ninguém menos que Elis Regina. Anos depois, Marcos brincou: “A gente não queria o Mustang. O que a gente queria era a Elis”.
Paulo César: - Entre 1975 e 1980, Marcos Valle morou nos Estados Unidos, onde – entre outros trabalhos – participou do LP “Songs of The Beatles” de Sarah Vaughan, dividindo com a cantora a canção “Something” de George Harrison. Mas, antes de partir para a América, Marcos lançou no Brasil os LPs “Previsão do Tempo” e “Marcos Valle” com sucesso como “Flamengo Até Morrer”, “No Rumo do Sol” e “Nem Paletó, nem gravata”.
Entra “Nem Paletó, nem gravata” e rola inteira.
Paulo César: - No próximo bloco, a música de Marcos Valle conquista as pistas de dança.
Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte.
I N T E R V A L O
Locutor: - Continuamos com Estúdio F
Entra “Samba de Verão”, cai em BG e permanece brevemente durante a fala de Paulo César.
Paulo César: - - De volta ao Brasil, Marcos Valle tornou-se o autor do mega hit “Bicicleta”, que acabou virando um hino da geração saúde em 1984. Já a partir da segunda metade da década de 80 até 1998, o artista enveredou por composições que seguiam uma linha mais popular. Assim, o compositor abasteceu o repertório de astros como Roberto Carlos, Sandra de Sá, Rosana e Tim Maia, que gravou “Paixão Antiga”. Entra “Paixão Antiga” e rola inteira.
Paulo César: - No início dos anos 90, os clássicos de Marcos Valle voltaram a tocar nos clubes europeus, sobretudo, em Londres. O som de Marcos invadiu as pistas de dança européias graças a Djs como Joe Davis, dono da gravadora “Far Out Records”, pela qual Marcos lançou em 1998 seu primeiro disco inglês chamado “Nova Bossa Nova”. Outro álbum de sucesso de Valle pelo mesmo selo chama-se “Escape”, que teve até uma bem sucedida turnê pelo velho continente. Hoje, músicos do pop americano e europeu incorporam influências de Valle e sua geração. A ex- Spice Girl Emma Button, por exemplo, gravou uma versão em inglês para “Os Grilos”, música criada pelo compositor em 1967.
Entra “Os Grilos” e rola inteira.
Paulo César: - Em 1998, Marcos Valle ganhou um song book que contou com a produção de Almir Chediak. O álbum trouxe regravações de seus 30 maiores sucessos pela nata da MPB e do pop nacional. Fagner ficou com “Viola Enluarada”. Nana Caymmi escolheu “Passe por Mim” e “Ao amigo Tom”. Ed Motta fez dueto com Joyce em “Os Grilos”. Até o produtor Eumir Deodato resolveu responder por uma faixa: a desconhecida “Adam’s Hotel”. Mas um dos grandes destaques do álbum é a interpretação do Chico Buarque para o clássico “Bloco do Eu Sozinho”.
Jobim que era o responsável pelos arranjos. O maestro adorou o trabalho. Nesta época, Marcos, por ter estudado piano clássico, sabia ler partitura, mas na hora de escrever não conseguia. Tom lhe disse que, se ele sabia ler, certamente saberia escrever. Então, o maestro levou Marcos para um quarto no andar de cima de sua casa na Barão da Torre, dizendo para o jovem ir tentando escrever música sozinho. De vez em quando, Tom ia ao quarto para ver como Marcos estava se saindo. Desse dia em diante, Marcos nunca mais teve dificuldade em escrever suas próprias músicas. E continua firme, trabalhando. Em 2009, Valle lançou em parceria com Celso Fonseca o álbum Página Central, contendo 12 criações inéditas. Valeu o incentivo, Tom!
Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG;
Paulo César: - O programa de hoje foi roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio, e a pesquisa do repertório e de Nelson Lopes. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC - Empresa Brasil de Comunicação. Os programas da série também são uma das atrações do Canal Funarte. Acessem a nossa rádio virtual. O endereço é
www.funarte.gov.br/canalfunarte. Cultura ao alcance
de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da EBC: www.ebc.com.br. Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: Praça Mauá número 7 - 21 andar, Rio de janeiro - CEP/ 20081-240
Se quiser mandar um e-mail, anota aí: estudiof@ebc.com.br
Paulo César: - Valeu Pessoal! Até a próxima!!!
ENCERRAMENTO / FICHA TÉCNICA
Paulo César: - Valeu Pessoal! Até a próxima!!!
