Oficina de Interpretação de ECG
Estratégias educacionais para o
desenvolvimento de habilidades
APRESENTAÇÃO da habilidade DEMONSTRAÇÃO da habilidade PRÁTICA da habilidade FEEDBACK Ao examinar um ECG não inspecione
somente curvas e intervalos, relacione sua interpretação com a história clínica do paciente e verá como cresceu a importância do método.
O ECG é um método de grande utilidade,
de fácil obtenção, de baixo custo, mas não exija dele o impossível: o diagnóstico de cardiopatia é exclusivamente feito por um clínico.
O registro do ECG básico é feito em 12
derivações
6 periféricas
-Unipolares: AVL, AVR, AVF -Bipolares: DI, DII, DIII
6 precordiais
Regiões cardíacas
Parede lateralDI, AVL, V5, V6 Parede inferiorDII, DIII, AVF Parede septalV1, V2
Parede anteriorV3, V4
Parede antero septalV1, V2, V3, V4
Parede antero lateralV3, V4,V5,V6,DI,AVL Anterior extensoV1 a V6, DI, AVL
ECG em 15 derivações
V4R - ventrículo direito.
V7,V8 - parede posterior do coração.
Deve ser feito em todos os pacientes com
quadro compatível com Síndrome Coronariana Aguda Angina Instável, IAM.
Padronização Universal
Papel quadriculado
-1 quadrado menor=1 mm -1 quadrado maior=5 mm
Linhas horizontais
registram a duração do impulso elétrico: -1 mm=0,04 segundos
-5 mm=0,2 segundos
Linhas verticais
registram a amplitude do impulso elétrico: -1 mm=0,1 mv
Calibragem do ECG
1 mv=10 mm N=25 mm/s
É importante sempre verificar a calibragem
do ECG antes de interpretá-lo, pois todos os valores normais das ondas/intervalos são referentes à sua calibração.
Em cada derivação a inscrição é feita de acordo
com o vetor formado pelas correntes elétricas: -se a corrente elétrica vem no sentido do eletrodo, aproximando-se do mesmo, ocorrerá uma deflexão positiva.
-se a corrente elétrica vem no sentido contrário do eletrodo, afastando-se do mesmo, ocorrerá uma
deflexão negativa.
-se a corrente elétrica é perpendicular ao plano, ocorrerá uma deflexão bifásica.
ONDAS P
Representa a despolarização de ambos os átrios. Duração: 0,06 a 0,10 segundos.
Amplitude: até 2,5 mm. Eixo: 0 - 90 graus.
**As ondas P devem ser positivas em DI, DII e AVF, além de negativa em AVR para que o ritmo seja considerado sinusal (normal).
Nas demais derivações, a onda P é variável
INTERVALO PR
- Medida do início da onda P até o início do complexo QRS.
- Duração de 0,12 até 0,20 segundos.
- Corresponde à despolarização atrial+atraso da passagem do impulso elétrico pelo nodo AV.
Segmento PR
- Intervalo entre o final da onda P e o início do complexo QRS.
- Corresponde ao atraso da passagem do impulso elétrico pelo nodo AV.
- Por ser isoelétrico é um bom indicador para marcar o início do ponto J (início do segmento ST).
Complexo QRS
- Corresponde à despolarização dos ventrículos. - Q,R,S não aparecem em todas as derivações. - Duração menor que 0,12 segundos.
- A Amplitude varia de acordo com a derivação, eixo elétrico, biotipo, idade do paciente.
- Eixo elétrico: entre 0° e +90°(alguns autores admitem entre -30° e +100°).
- É predominantemente negativo em precordiais direitas (V1,V2)-S>R.
- É predominantemente positivo em precordiais esquerdas (v5,v6) - R>S.
- Em v3 ou v4, ocorre a chamada zona de transição, onde a onda R começa a predominar sobre a onda S.
A onda R, corresponde à primeira deflexão
positiva do QRS.
A onda Q, corresponde à deflexão negativa
que antecede o QRS.
A onda S, corresponde à deflexão negativa
Quando existem 2 deflexões positivas,
denominamos a primeira como R e a segunda como R’.
Quando não existe onda R (apenas ondas
negativas), denominamos o complexo como QS.
As ondas do complexo QRS, também podem
ser identificadas com letras maiúsculas (se as ondas forem amplas) ou minúsculas (se as ondas forem pequenas).
SEGMENTO ST
-Linha isoelétrica que vai do final do complexo QRS até o início da onda T.
-Representa o início da repolarização ventricular. -Desnivelamento normal: até 1 mm em derivações periféricas, e até 2 mm em derivações precordiais.
Ponto J
- Ponto que marca o encontro do final do QRS e o início do segmento ST.
- Através dele identificamos as alterações de desnivelamento do segmento ST (supra e infra de ST).
-Como já foi dito anteriormente, o segmento pr, deve ser tomado como ponto de referência quando analisamos os desnivelamentos do ponto J.
Ondas T
-Correspondem à repolarização dos ventrículos.
-Morfologia ligeiramente assimétrica, vem sempre após o QRS.
-Amplitude: cerca de 30 a 60% da onda R. ** deve ser positiva em DI, DII, V3 a V6. ** e negativa em AVR.
ECG normal
T + em DI, DII, V3 a V6/- em AVR/variável em
AVL,AVF,VI,V2.
P + em DI, DII, AVF/- em AVR.
QRS predominantemente negativo em V1 e V2 e
Intervalo QT
- Representa a atividade elétrica ventricular total (ou seja, despolarização + repolarização ventricular).
- É medido do início do QRS até o final da onda T. - Duração normal de 0,30 a 0,46.
- É influenciado pela FC, portanto em bradicardia ou taquicardia, devemos utilizar o QT corrigido (existem tabelas e fórmulas para obtenção do
Onda U
- Corresponde à onda que ocorre após a onda T, positiva e em menor amplitude (cerca de 10 a 20% da onda T).
- Nem sempre está presente no ECG, é mais comum em ritmos bradicárdicos.
Eixo elétrico
Representa o vetor resultante da somatória dos vários vetores elétricos que ocorrem em determinada fase do ciclo cardíaco.
D1
F D2
avR avL
D3
Projeção dos 4 vetores de despolarização ventricular
1-TERÇO MÉDIO DO SEPTO 2 - TERÇO INFERIOR DO SEPTO
3 -PAREDE LIVRE DO VENTRÍCULO
4 - Regiões basais dos ventrículos e Terço superior do septo
1 2
3 4
Simplificadamente, podemos determinar o eixo
elétrico através de 2 linhas perpendiculares:
-a horizontal: representa DI, sendo positiva à direita e negativa à esquerda.
-a vertical: representa AVF, sendo positiva na região inferior e negativa na região superior.
Desta forma, também podemos dividir em
4 quadrantes as áreas formadas por estas 2 linhas:
QSE=quadrante superior esquerdo QSD=quadrante superior direito QID=quadrante inferior direito QIE=quadrante inferior esquerdo
***os eixos normais das ondas de importância clínica (QRS,P), situam-se entre 0 e +90°, ou seja, no QIE.
Na prática, olhamos o QRS e a onda P em DI e
AVF, e as mesmas devem ser predominantemente positivas nestas derivações.
ECG normal
Quando o eixo encontra-se no QSE, ou
seja, DI é positivo e AVF é negativo, o eixo está desviado para a esquerda (como por exemplo na sobrecarga do VE).
- Desvio do eixo p/ esquerda (cerca de – 30°). - Sinais de HVE, além de alterações da regularização ventricular tipo isquemia subepicárdica.
Quando o eixo encontra-se no QID, ou seja,
DI é negativo e AVF é positivo, o eixo está desviado para a direita (como ocorre por exemplo na SVD).
- Eixo desviado para a direita (+110°).
- QRS predominantemente positivo em V1,V2. - SVD.
Se quisermos calcular com mais precisão o
eixo do QRS, podemos procurar em qual derivação o mesmo é isoelétrico. A linha que é perpendicular (ou seja, forma um ângulo de 90°) a linha desta derivação indicará o eixo do QRS no quadrante correspondente.
Exemplo :