Inspira-se no Panóptico de Jeremy Bentham (1748-1832): figura arquitetal dessa composição, onde são organizadas unidades espaciais que garantem controle constante, automatizam e desindividualizam o poder.
Michel Foucault
“Sociedade Disciplinar” - a partir sécs XVII e XVIII: sistema de controle social
técnicas de classificação, seleção, vigilância e controle
Ramificam-se a partir de uma cadeia hierárquica vinda do poder central e multiplicam-se numa rede de poderes interligados
Prisão de Petite Roquette (sistema panóptico). Fonte: FOUCALT, Michel. Op. cit.
Sistema com disposição circular das celas individuais, dividas por paredes e com a parte frontal exposta à observação do Diretor por uma torre do alto, no centro, de forma que o diretor “veria sem ser visto”. Poder visível e inverificável.
Na torre central: vê-se tudo, sem nunca ser visto; No anel periférico: se é totalmente visto, sem ver.
Isto permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco, mantendo os observados num ambiente de incerteza: são objetos de informações, nunca sujeitos numa comunicação.
Interior da Penitenciária de Stateville, Estados Unidos, século XX. Fonte: FOUCALT, Michel. Op. cit.
Projeto de Penitenciária de N. Harou-Romain, 1840. Sistema panóptico: detento reza em sua cela, diante da torre de vigilância central. Fonte: FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis, Vozes, 1987
Efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder.
Essa incerteza resultaria em eficiência e economia no controle dos subalternos, pois tendo invadida a sua privacidade de modo alternado, furtivo, incerto, ele mesmo se vigiaria.
Penitenciária Compacta de Potim, São Paulo. Unidades I e II. Fonte www.schahin.com.br
Esse sistema permitiria também um controle externo do funcionamento do Panóptico, pois uma simples observação a partir da torre, permitiria a avaliação da qualidade da administração do Diretor, sendo ele também vigiado.
Foucault fala da impessoalidade do diretor, ele pode estar na torre, pode não estar. O observador não precisa necessariamente ser o diretor, pode ser um amigo, seus familiares, um simples funcionário subalterno, pode não haver ninguém.
Sistemas eletrônicos de vigilância. À esquerda, Recreio Shopping, Rio de Janeiro. À direita, Penitenciária Dr. Serrano Neves, Presídio Bangu III, Rio de Janeiro. Fonte www.switchsystems.com.br
É necessário multiplicar o número de instituições de disciplina e disciplinar os aparelhos existentes. Além disso, os mecanismos do Panóptico tem uma certa tendência a se desinstitucionalizar, a sair das fortalezas fechadas onde funcionavam e a circular em estado “livre”.
Esta vigilância se espalhou de modo similar por toda a sociedade em uma rede ramificada além da estrutura física das instituições.
"Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota
prensando um rosto humano para
sempre“ George Orwell
SLOGANS DO PARTIDO: GUERRA É PAZ,
LIBERDADE É ESCRAVATURA, IGNORÂNCIA É FORÇA
George Orwel – “1984”
• Big Brother – governante que tudo vê e controla sem que saibam quem é
• Crítica ao desejo de onipresença dos Estados totalitários
“A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”.
•Duplipensar - Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos,saber que está errado e se convencer que esta certo."inconsciência é ortodoxia".
Novilíngua
Uma das características da novilíngua é o fato de ela ser a primeira língua a reduzir seus termos (principalmente os que são inconvenientes).
O maior de todos os crimes: o thoughtcrime, ou seja, o pensar por si próprio
•Crimideia - Crime ideológico, pensamentos ilegais
•Impessoa - Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos
•Bempensante - Pessoa naturalmente ortodoxa
•Crimideter - "Faculdade de deter, de paralisar, como por instinto, no limiar, qualquer
pensamento perigoso. Inclui o poder de não perceber analogias, de não conseguir observar erros de lógica, de não compreender os argumentos mais simples e hostis ao Ingsoc, e de se aborrecer ou enojar por qualquer trem de pensamentos que possa tomar rumo herético." - Como citado pelo próprio autor no livro.
Ministérios
Os Ministérios são as principais representações do Partido, e encarregados, cada um, de manter a harmonia da ideologia do Partido.
Ministério do Amor (em Novilíngua: Miniamo)
É responsável pela espionagem e controle da população. O Ministério do Amor lida com quem se vira contra o Partido, julgando, torturando e fazendo constantes lavagens cerebrais.
Ministério da Paz (em Novilíngua: Minipaz)
É responsável pela Guerra. Mantendo a Guerra contra os inimigos da Oceânia. A Guerra no contexto do livro é usada de forma permanente para manutenção dos ânimos da população num ponto ideal. Uma forma de domínio também.
Ministério da Fartura (em Novilíngua: Minifarto)
É responsável pela fome. Em termos práticos, a economia da Oceânia é responsabilidade deste.
Divulgando seus boletins de produção exagerados fazendo toda a população achar que o país vai muito bem.
Ministério da Verdade (em Novilíngua: Miniver)
É responsável pela falsificação de documentos e literatura que possam servir de referência ao passado, de forma que ele sempre condiga com o que o Partido diz ser verdade atualmente.
Biosfera 2
• Tentativa de construir uma miniatura de planeta auto-suficiente.
• Numa redoma de vidro com 12 mil metros quadrados, oito cientistas ficaram confinados de 1991 a 1993.
• Construído no Arizona - Estados Unidos.
O que se quer são figuras interessantes, gente que sirva para fazer uma boa festa. Tem que ter a barraqueira, o cara engraçado, e por aí vai. São as reações dessas pessoas juntas – os conflitos, as armações, as tensões, o humor e os romances – que farão a receita.
BONINHO (diretor no Brasil) “O Big Brother nasceu com a proposta
de analisar a sociabilidade dos participantes e a emergência de suas verdadeiras personalidades”
De Mol (produtor)
Criado na pequena produtora de TV holandesa Endemol, o programa vem sendo vendido para diversos países do mundo.
-Exibição em cadeia de TV aberta e fechada;
- Interatividade com o público votante, via telefonia fixa, móvel e site na internet;
- Fórum de discussão virtual, chat de bate-papo com ex-participantes;
- Serviço de notícias através de telefone celular;
- Exibição de vídeos para assinantes do portal Globo.com;
- Compra de imagens de personagens para serem bichinhos amestrados virtuais dentro dos celulares, como aqueles espécimes tamagochis;
- Possibilidade não só de “espiar” os habitantes 24 horas por dia através do pay-per-view;
- Escuta através de um “grampo” telefônico.
A divulgação
• Os reality shows de confinamento também são, a seu modo, sintomas de uma gestão midiática da insegurança que, implícita ou explicitamente, incita à vigilância, ao controle e à auto-proteção em ambientes privados.
• A vigilância e a visibilidade não mais coagem, nem aprisionam, mas libertam da condição do anonimato rumo à celebridade, conferindo existência social aos participantes.
• O reality show acaba sendo uma esfera de visibilidade absoluta atravessada pelo isolamento físico, e espetacularização da intimidade, como se aquelas vidas a que assistimos nos pertencessem, sem que desfrutassem de direitos.
• Programas como o Big Brother “respondem ao difuso desejo da audiência de ver pessoas comuns e anônimas ganharem existência e identidade midiática”. Esta simples existência midiática seria, sozinha, responsável pela elevação do participante do programa ao patamar de celebridade, independente de qualquer outro mérito que o mesmo possa ter
• A audiência subitamente percebe que o “olimpo midiático” não é inalcançável. Potencialmente, todos poderiam tornar-se estrelas de televisão
• Público votante, leva em conta o perfil social e a conduta moral dos participantes, isto é, os personagens construídos têm o desafio de serem competitivos sem passar dos limites, havendo aí um paradoxo: ao mesmo tempo em que se faz apologia dos atributos inatos e conquistados, da competitividade e da adaptabilidade, premia-se os ingênuos, os não-manipuladores e menos “aptos”. Elabora-se, assim, um projeto de hierarquização moral e de “justiça social” em um fórum privado publicizado.
Autenticidade: cada um a seu modo tenta parecer mais autêntico e natural, por isso não escondem sua origem social, seus dramas familiares, seus problemas sexuais, ou, até mesmo, problemas de saúde, como a participante que teve bulimia.
Voyeurismo: Termo criado pelo alemão Richard Von Kraft-Ebing, que o criou como perversão sexual daqueles que sentem prazer ao ver a cópula de outras pessoas. Mas, foi seu aluno Freud que destacou o voyeurismo como um impulso que faz parte da vida das pessoas comuns, que se traduz na vontade de ver o proibido.
• Assim, a interatividade proporcionada pelo jogo, através da qual é o público votante quem exerce o voto de exclusão, torna-se uma maneira de saciar uma sociedade que se sente impotente politicamente e que tem sede de punição.
