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XVII Congresso Nacional de Administração e Contabilidade - AdCont e 29 de outubro de Rio de Janeiro, RJ

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Academic year: 2021

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1 Internacionalização e Reputação corporativa: uma análise das maiores empresas

brasileiras de capital aberto

Ivaneide Ferreira Farias

Mestranda em Administração e Controladoria - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

ivaneideffarias@yahoo.com.br

José Wanderson Lima da Silva

Mestrando em Administração e Controladoria - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

wandersom2008@hotmail.com

Márcia Martins Mendes De Luca

Doutora em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo - USP Professora da Universidade Federal do Ceará

marciadeluca@ufc.br

Alessandra Carvalho de Vasconcelos

Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Professora da Universidade Federal do Ceará – UFC

alevasconcelos.ufc@gmail.com

Resumo

A internacionalização está relacionada à Visão Baseada em Recursos (Resource-Based View – RBV), na medida em que se pressupõe a obtenção de vantagens competitivas com reflexo no desempenho empresarial, a partir dos novos recursos proporcionados por essa estratégia. Algumas pesquisas apontam que as empresas com melhor desempenho tendem a apresentar uma boa imagem, o que influencia a percepção dos stakeholders, gerando boa reputação. Nesse contexto, a presente pesquisa objetiva averiguar se há correlação entre internacionalização e reputação nas 100 maiores empresas brasileiras de capital aberto segundo o ranking da revista Exame Melhores e Maiores, edição 2015. Especificamente, objetiva-se confrontar o desempenho das empresas com forte reputação com o daquelas de fraca reputação, além de se fazer uma comparação similar entre a média do desempenho das empresas mais internacionalizadas e a das menos internacionalizadas. A amostra do estudo reúne 90 empresas. Por meio de múltiplas dimensões de internacionalização, foi definido o grau de internacionalização, sendo o índice de reputação construído a partir de uma adaptação do Reptrak™. Por meio da correlação de Pearson, constatou-se que não há correlação entre o grau de internacionalização e o índice de reputação nas empresas da amostra. Ademais, por meio do teste de diferenças entre médias, comparou-se o desempenho médio do grupo de empresas com forte reputação com a média do grupo com fraca reputação, assim como a do grupo de empresas mais internacionalizadas com a do grupo de empresas menos internacionalizadas, sendo observada a ocorrência de significativa diferença de desempenho apenas entre o grupo das empresas mais internacionalizadas e o do grupo das menos internacionalizadas, confirmando-se os pressupostos da RBV no que tange à internacionalização.

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2 1 Introdução

A globalização tem trazido novas oportunidades de negócios, desafios competitivos, a intensificação da concorrência e a necessidade de procedimentos gerenciais mais eficazes (ZEN, 2012). Kovacs, Moraes e Oliveira (2007) acrescentam que as mudanças na economia, na tecnologia e na política afetam o ambiente dos negócios, exigindo das empresas novas estratégias para se tornarem e se manterem competitivas. Nesse ambiente de disputa por mercados e de aumento de competitividade, a internacionalização, na maioria das vezes, impõe-se como uma condição para a sobrevivência das organizações cujo desempenho tem sido impactado no mercado doméstico (ZEN, 2012).

Barney (1991) entende que o processo de internacionalização leva ao desenvolvimento de novas estratégias para atuação no mercado externo, haja vista que as empresas avaliam os ambientes externo e interno antes de implementar estratégias que explorem suas forças internas e respondam às oportunidades do ambiente, ao mesmo tempo em que neutralizam as ameaças e as fraquezas internas.

A internacionalização da empresa pode ser entendida como uma alternativa ou oportunidade para o seu crescimento, pois pode alavancar seus retornos por meio da atuação no mercado externo, a partir de medidas como, por exemplo, submissão aos padrões internacionais de produção, utilização de novas tecnologias e acesso a conhecimentos e mecanismos gerenciais (SANTOS; VASCONCELOS; DE LUCA, 2013; STAL, 2010).

De acordo com Floriani e Fleury (2012) e Zen (2012), à medida que a empresa eleva o seu nível de internacionalização, mais experiência ela adquire, o que pode levar ao desenvolvimento de práticas mais eficazes e, consequentemente, a um melhor desempenho e maior percepção por parte dos stakeholders. Alguns estudos comprovam que a internacionalização influencia positivamente o desempenho (CONTRACTOR; KUMAR; KUNDU, 2007; RUA; MELO, 2015). Ademais, de acordo com o preconiza a Visão Baseada em Recursos (Resource-Based View – RBV), a capacidade de criação de valor e de desempenho acima da média dos concorrentes (PETERAF; BARNEY, 2003) está relacionada aos recursos e estratégias que a empresa detém e administra (BARNEY, 1991).

Alguns estudos apontam ainda que o desempenho empresarial é um dos fatores construtivos, ou até mesmo a razão da boa reputação, pois as empresas que apresentam maior retorno são mais atraentes para os stakeholders que pretendem investir seus recursos (BROWN; PERRY, 1994; CAIXETA et al., 2011; DUNBAR; SCHWALBACH, 2000; GÓIS, 2014; ROBERTS; DOWLING, 2002; THOMAZ; BRITO, 2010).

Nesse contexto, a reputação corporativa pode ser definida como uma representação das ações e resultados da empresa, através dos quais ela demonstra sua habilidade de gerar valores para múltiplos stakeholders (FOMBRUN; RINDOVA, 1998; MOTA et al., 2013), sendo, portanto, um recurso, fonte de vantagens competitivas difíceis de ser imitadas pelos concorrentes (BRITO, 2005).

Levando-se em conta que as empresas utilizam seus recursos para se internacionalizar, e que essa ação pode gerar melhor desempenho e, consequentemente, melhorar a imagem e a percepção dos stakeholders, criando uma boa reputação, formula-se o seguinte questionamento: Qual a correlação entre a internacionalização e a reputação nas maiores empresas brasileiras de capital aberto?

O presente estudo tem como objetivo geral verificar se há correlação entre a internacionalização e a reputação corporativa em empresas brasileiras de capital aberto. Adicionalmente, pretende-se comparar o desempenho de empresas de forte reputação com o daquelas de fraca reputação, e, ainda, fazer uma comparação similar de desempenhos entre as empresas mais internacionalizadas e as menos internacionalizadas.

A pesquisa reúne dados secundários de 90 das 100 maiores empresas de capital aberto segundo o ranking da revista Exame Melhores e Maiores, edição 2015, utilizando-se os testes

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de correlação de Pearson e de diferenças entre médias de Mann-Whitney e a Análise de Correspondência (Anacor). Para a reputação corporativa, o estudo considerou três dimensões – governança corporativa, ambiente de trabalho e inovação –, adaptadas do modelo

Reptrak™, do Reputation Institute, organização internacional dedicada a estudos e pesquisas

sobre reputação corporativa. Para a internacionalização, foram consideradas a participação de acionistas estrangeiros no capital social, a proporção de receitas provenientes do exterior, a quantidade de bolsas que negociam as ações da empresa e a quantidade de países onde a empresa possui instalações. O desempenho é representado pelo valor de mercado, obtido na base de dados Economatica. Vale destacar que os dados coletados referem-se ao exercício findo em 31/12/2015.

O estudo contribui para enriquecer a discussão sobre a internacionalização empresarial como estratégia que pode aumentar o desempenho, e, consequentemente, gerar boa reputação. Ressalte-se o pioneirismo da proposta de pesquisa, haja vista que não foi encontrado outro estudo empírico que examine a internacionalização como uma variável que, ao gerar vantagem competitiva, conduza à melhoria da percepção da empresa pelos stakeholders, gerando uma boa reputação corporativa. Vale citar a importância de estudos com foco na internacionalização, sob as suas várias perspectivas, haja vista tratar-se de tema ainda escasso, merecendo, pois, ser mais explorado (KROENKE; MARCOS; NASCIMENTO, 2016; SANTOS; VASCONCELOS; DE LUCA, 2013).

2 Referencial Teórico

2.1 Internacionalização e reputação corporativa

No cenário econômico globalizado, a internacionalização torna-se uma orientação estratégica capaz de impactar significativamente a estrutura da empresa, devido às exigências competitivas do mercado internacional, que vão além daquelas circunscritas tão-somente ao país de origem. Assim, o processo de internacionalização, na maioria vezes, mostra-se fundamental para as empresas brasileiras que pretendem alcançar elevados padrões de competitividade (ARANTES; MOTTIN; GOMES, 2010; SANTOS; VASCONCELOS; DE LUCA, 2015; ZILLI; VIEIRA; HEINZEN, 2015).

Reynoso e Figueroa (2010) definem o processo de internacionalização como o compromisso de uma empresa fora do seu país de origem e transferência de serviços, produtos ou recursos além-fronteiras. Merino (2012) entende a internacionalização como um conjunto de processos ou fases por meio do qual a empresa sai do ambiente doméstico para o externo, com o intuito de obter vantagem competitiva.

As motivações para internacionalização dos negócios envolvem a busca por recursos, mercados e tecnologia orientados por aspectos como a expansão dos negócios e a manutenção da competitividade no mercado de origem. Além disso, o processo de internacionalização proporciona oportunidades de desenvolvimento além daquelas relacionadas aos ganhos de competitividade no mercado nacional (ZEN, 2012).

A estratégia de internacionalização baseia-se na análise dos recursos disponíveis e daqueles que a empresa poderá desenvolver, considerando-se a percepção do ambiente externo por parte dos gestores (BARNEY, 1991). Floriani e Fleury (2012) acrescentam que o nível de internacionalização de uma empresa tem relação direta com os recursos utilizados; ou seja, quanto mais internacionalizada, mais recursos, principalmente financeiros e humanos, serão destinados às atividades internacionais, podendo-se realocar, na maioria das vezes no início do processo, recursos de outras áreas. Deve-se levar em conta, porém, que ao longo do processo de internacionalização a empresa também poderá desenvolver e acessar novos recursos, diferentes daqueles gerados no mercado de origem. Cysne, Santos e Vasconcelos (2015) e Lecerf (2012) reforçam que as atividades de internacionalização oferecem oportunidade para as empresas aumentarem seus recursos, alcançando novos mercados.

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Segundo preceitua a RBV, os recursos e capacidades das firmas são fontes de vantagem competitiva que diferenciam a empresa das demais, podendo isso levá-la a obter melhor desempenho (FORTE; MOREIRA; 2007). Contudo, esses recursos devem possuir quatro atributos: serem valiosos, raros, imperfeitamente imitáveis, não podendo haver recurso estrategicamente substituto (BARNEY, 1991). Nesse sentido, Floriani e Fleury (2012) e Zen (2012) acrescentam que o desenvolvimento de novos recursos proporcionados pela internacionalização influenciará a estratégia implementada pela empresa no seu mercado de atuação e, consequentemente, o seu desempenho. Desse modo, à medida que aumenta o grau de internacionalização, a empresa adquire mais experiência, mais recursos, ampliando a eficiência e o desempenho (FLORIANI; FLEURY, 2012). Assim, a internacionalização pode ser compreendida como uma alternativa para o crescimento, gerando retornos com a finalidade de ampliar a capacidade de competição e alavancagem (CYSNE; SANTOS; VASCONCELOS, 2015; RODRIGUES et al., 2012; STAL, 2010).

Dórea, Pereira e Martins (2015) ressaltam que a influência do nível de internacionalização da empresa no desempenho depende da sua nacionalidade, que tem correlação com a experiência internacional, com a forma de entrada em mercados estrangeiros e com o objetivo do processo de internacionalização. Os autores afirmam que o ambiente de cada país influencia a correlação entre internacionalização e desempenho. Em contraponto, a RVB atribui papel secundário ao ambiente na determinação da estratégia competitiva (FORTE; MOREIRA; 2007).

A literatura sobre internacionalização tem trazido ao debate algumas temáticas importantes, destacando-se a internacionalização e o desempenho (ANDRADE; GALINA, 2013; FLORIANI; FLEURY, 2012; SCHUMACHER et al., 2012; SILVA et al. 2015; SILVA; BOAVENTURA, 2011; ZEN, 2012), a internacionalização e a inovação (CYSNE; SANTOS; VASCONCELOS, 2015; DÓREA; PEREIRA; MARTINS, 2015; SANTOS; VASCONCELOS; DE LUCA, 2013; STAL, 2010), a internacionalização como fonte de vantagem competitiva (MANZANO et al. 2010), as estratégias e grau de internacionalização (ZILLI; VIEIRA; HEINZEN, 2015) e a internacionalização e a governança corporativa (SANTOS; VASCONCELOS; DE LUCA, 2015).

Nas pesquisas acerca da correlação entre internacionalização e desempenho, alguns resultados apontam que o desempenho cresce à medida que aumenta o grau de internacionalização (CONTRACTOR; KUMAR; KUNDU, 2007; FLORIANI; FLEURY, 2012; RUA; MELO, 2015; SILVA et al., 2015; TERUEL; PEREIRA; MAESTRI, 2015; ZEN, 2012).

Teruel, Pereira e Maestri (2015) analisaram a correlação entre internacionalização e desempenho nas empresas listadas no ranking das transnacionais brasileiras da Fundação Dom Cabral, no período de 2006 a 2013, e verificaram que em estágios iniciais de internacionalização, o desempenho sofre um declínio, mas ao aumentar o grau de internacionalização, a rentabilidade também passa a crescer.

Rua e Melo (2015) analisaram a vantagem competitiva no processo de internacionalização das empresas portuguesas do setor eletromecânico com vistas a alcançar desempenhos competitivos. Observou-se que as estratégias de internacionalização potencializam positivamente a obtenção de vantagem competitiva, que, por sua vez, influencia positivamente o desempenho.

Floriani e Fleury (2012) analisaram as correlações entre o grau de internacionalização, o desempenho financeiro e o desenvolvimento de competências internacionais nas pequenas e médias empresas brasileiras, e verificaram que com o aumento do grau de internacionalização, as empresas desenvolvem competências internacionais, e, assim, obtêm desempenho superior.

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Zen (2012) analisou o processo de internacionalização da Casa Valduga (uma vinícola da Serra Gaúcha), e o seu impacto nos recursos estratégicos da empresa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, observação direta e análise de documentos sobre o histórico da vinícola e as premiações obtidas no exterior. As evidências indicaram que o conhecimento das tendências do mercado internacional e a valorização do produto pelo consumidor brasileiro podem influenciar positivamente o desempenho da empresa no próprio mercado doméstico. Assim, o conhecimento e a reputação podem ser definidos como recursos estratégicos desenvolvidos a partir da internacionalização, contribuindo para a obtenção de uma vantagem competitiva sustentável no mercado nacional.

Segundo Ferreira, Medeiros e Silva (2015), as empresas que pretendem se manter competitivas e internacionalizadas devem construir uma imagem positiva, reconhecida e diferenciada pelos stakeholders, para poder continuar produzindo resultados superiores aos dos concorrentes de forma duradoura.

Ferreira, Medeiros e Silva (2015) e Zen (2012) destacam que as empresas internacionalizadas e com bom desempenho terão uma boa imagem. Ressalte-se que a noção de boa imagem, de identidade e de comportamento esperado da organização está atrelada à ideia de boa reputação. Desse modo, a imagem refletiria a avaliação que as pessoas fazem da empresa a partir de seu conjunto de sentimentos, valores e crenças, sendo construída e adaptada em conformidade com o desempenho organizacional (CHUN, 2005).

A reputação corporativa possui diversas conceituações, e alguns autores a definem como a capacidade de uma organização para atender às expectativas de múltiplos

stakeholders, por meio de critérios de julgamento socialmente construídos e legitimados (DE

LUCA et al.; 2015; FOMBRUN; SHANLEY, 1990; ROSSONI; GUARIDO FILHO, 2011). Segundo Jorge (2010), a reputação representa o grau de estima e de confiança dos

stakeholders na organização, e, consequentemente, o grau da sua preferência para trabalhar,

investir e fazer negócio. Sánchez e Sotorrío (2007) e Thomaz e Brito (2010) apontam que a reputação é o resultado de interações repetidas e de experiências acumuladas ao longo do tempo nos relacionamentos com a organização. Fombrun e Rindova (1998) consideram a reputação o resultado de atributos criados a partir das ações passadas da empresa, razão pela qual ela pode ser considerada também uma variável resultante da estratégia empresarial. Reforçando essa ideia, Fombrun, Gardberg e Sever (2000) argumentam que a reputação corporativa diz respeito à percepção dos stakeholders sobre o desempenho de uma empresa.

Alguns estudiosos investigaram a correlação entre desempenho econômico e reputação corporativa (BRITO, 2005; CAIXETA et al., 2011; CARDOSO et al., 2015; DOMINGOS; MOURA, 2013; FOMBRUN; SHANLEY,1990; GÓIS, 2014; MOTA et al., 2013; THOMAZ; BRITO, 2010). Alguns desses estudos apontam que as empresas com boa reputação corporativa apresentam melhor desempenho (CARDOSO et al., 2015; FOMBRUN; SHANLEY,1990; GÓIS, 2014; MOTA et al., 2013; THOMAZ; BRITO, 2010).

Brown e Perry (1994) argumentam que o desempenho é um dos aspectos que levam à aferição de melhor reputação corporativa, sendo, portanto, um dos fatores construtivos, ou uma causa, da reputação corporativa, pois as empresas que apresentam maiores retornos durante certo período são atraentes para os stakeholders interessados em investir seus recursos.

De acordo com Góis (2014), as empresas que gozam de estima e confiança no mercado, ou seja, de reputação corporativa, conseguem adquirir vantagem competitiva. Dessa forma, segundo a RVB, a reputação corporativa seria um recurso estratégico valioso, com a capacidade de destacar a empresa perante as demais, tendo como contrapartida um desempenho empresarial acima da média. Esse desempenho pode ainda ser considerado um aspecto que influencia a reputação; logo, “os gestores devem tomar decisões assertivas para

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manter o desempenho superior, e assim, manter o ciclo, onde a reputação influencia o desempenho, que por consequência influencia a reputação” (GÓIS, 2014, p. 6).

Observa-se que a reputação corporativa possui diversas definições e características. Para este estudo, adota-se a definição de Fombrun e Rindova (1998), que consideram a reputação uma representação das ações passadas da empresa e dos resultados que favorecem a valorização e percepção dos variados stakeholders. Portanto,tudo que uma organização faz, reflete-se em sua reputação, positiva ou negativamente (GIRARD, 2009).

Nessa perspectiva, na ausência de estudos específicos sobre a correlação entre internacionalização e reputação, a presente pesquisa considera que a internacionalização poderá levar a empresa a obter desempenho superior, que a destacará das concorrentes, gerando, assim, maior reputação perante os stakeholders.

3 Metodologia

Trata-se de estudo descritivo, por delinear a correlação entre os construtos internacionalização e reputação corporativa, e quantitativo, por focar na mensuração dos fenômenos, envolvendo a coleta e análise dos dados numéricos, através de métodos estatísticos (COLLIS; HUSSEY, 2005). Quanto aos procedimentos, a pesquisa é documental, tendo como fonte os seguintes relatórios referentes a 2015: Formulário de Referência, Demonstrações Financeiras Padronizadas e formulários cadastrais, consultados no website da BM&FBovespa. Além desses documentos, alguns dados foram obtidos na base do Economatica.

A população da pesquisa reúne as 100 maiores empresas brasileiras de capital aberto de acordo com a revista Exame Melhores e Maiores, edição 2015. No processo de delimitação da amostra, tiveram que ser excluídas dez empresas, sendo duas que em maio de 2016 não mais eram listadas na BM&FBovespa, uma que não apresentou valor de mercado e sete que apresentaram grau de internacionalização nulo.

Para o cálculo do índice de reputação, foram empregadas três dimensões, adaptadas do modelo Reptrak™, do Reputation Institute, a saber: governança corporativa, ambiente de trabalho e inovação. A governança foi examinada com base na participação das empresas nos níveis diferenciados da BM&FBovespa. O ambiente de trabalho foi mensurado de acordo com o índice de rotatividade de colaboradores das empresas investigadas, e à inovação foi atribuído o índice de investimento em marcas e patentes. A metodologia utilizada para mensurar o índice de reputação foi o Quociente de Reputação, desenvolvido por Fombrun e Gardberg (2000), também utilizado pelo Reptrak™.

O Quadro 1 explicita as dimensões da reputação corporativa e sua operacionalização.

Quadro 1 – Dimensões e variáveis da reputação corporativa

Dimensão Métrica utilizada Base teórica Fonte de dados

Ambiente de Trabalho (TRAB) Índice de rotatividade de colaboradores Dantas e Vieira (2015) Website da BM&FBovespa: Formulário de Referência, item 15 Governança corporativa (GOV)

0 = não participa de nenhum dos níveis diferenciados

1 = participa do Nível 1 2 = participa do Nível 2 3 = participa do Novo Mercado

Mota et al. (2013)

Website da BM&FBovespa

Inovação (INOV) Índice de investimento em marcas e patentes = Razão entre o valor do investimento em marcas e patentes e o valor de ativos intangíveis

Santos,

Vasconcelos e De Luca (2013)

Website da BM&FBovespa: Balanço Patrimonial e Notas Explicativas

Fonte: Elaborado pelos autores.

Para a variável internacionalização foram consideradas a participação de acionistas estrangeiros no capital social da empresa, a proporção de receitas oriundas do exterior, a

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quantidade de países onde a empresa possui instalações e as ações no exterior. O Quadro 2 apresenta as dimensões da internacionalização, sua operacionalização, bem como a fundamentação teórica.

Quadro 2 – Dimensões e variáveis de internacionalização

Dimensão Métrica utilizada Base teórica Fonte de dados

Internacionalização dos mercados

Proporção da quantidade de países onde a empresa possui instalações Floriani e Fleury (2012) Santos, Vasconcelos e De Luca (2015) Sullivan (1994) Website da BM&FBovespa: Formulário de Referência, itens 7.1, 7.2 e 7.3 Internacionalização das receitas

Razão entre o valor das receitas externas da empresa e o valor da sua receita total Santos, Vasconcelos e De Luca (2015) Sullivan (1994) Website da BM&FBovespa: Formulário de Referência, item 7.6, e Demonstração do Resultado do Exercício Internacionalização das ações Proporção de bolsas estrangeiras em que são negociadas as ações da empresa Santos, Vasconcelos e De Luca (2013) Website da BM&FBovespa: Formulário Cadastral Internacionalização do capital social Proporção de acionistas estrangeiros no capital social da empresa Hassel et al. (2003) Santos, Vasconcelos e De Luca (2015) Website da BM&FBovespa: Formulário de Referência, item 15

Fonte: Elaborado pelos autores.

A metodologia utilizada para mensurar o grau de internacionalização foi uma adaptação do Índice da Unctad (1995), ajustado pelas variáveis proporção de acionistas estrangeiros no capital social (HASSEL et al., 2003) eproporção de subsidiárias no exterior (SULLIVAN, 1994). Assim, o grau de internacionalização corresponde à média aritmética das variáveis de internacionalização apresentadas no Quadro 2.

O desempenho de cada empresa é representado pelo seu valor de mercado, extraído do banco de dados Economatica. Segundo Pereira, Crispim e Savoia (2013), o valor de mercado pode ser considerado um indicador de competitividade para a identificação das empresas nacionais de alto desempenho. Além do desempenho, foram consideradas, para cada empresa, as características tamanho e idade. O tamanho foi representado pelo logaritmo natural do valor do Ativo, e para a idade atribuiu-se o logaritmo natural do número de anos de operação da empresa. O valor do Ativo foi extraído da Economatica, enquanto a idade de cada empresa foi coletada no website da BM&FBovespa.

Com o intuito de responder à questão suscitada nesta investigação, foram aplicados a correlação de Pearson, o teste de Mann-Whitney e a Anacor.

Inicialmente, realizou-se a correlação de Pearson, para verificar as relações entre grau de internacionalização, índice de reputação, tamanho e idade. Em seguida, aplicou-se o teste de Mann-Whitney, que é utilizado quando se deseja comparar a média de determinada variável (ordinal ou quantitativa) em amostras que tiveram a hipótese de normalidade violada (FÁVERO et al., 2009), como na presente pesquisa. Foram aplicados dois testes de médias: no primeiro momento, objetivou-se comparar a média do indicador de desempenho das empresas mais internacionalizadas com o das menos internacionalizadas, enquanto no segundo momento comparou-se a média do indicador de desempenho das empresas com menor reputação e com o das empresas com maior reputação. Para a realização desses testes, foi necessário classificar as empresas em duas subamostras independentes, uma de acordo com o grau de internacionalização e a outra de acordo com o índice de reputação.

Após o teste de Mann-Whitney, aplicou-se a Anacor, que, segundo Fávero, Lima e Martins (2007), apresenta associações entre um conjunto de variáveis categóricas nominais em um mapa, possibilitando um exame visual de uma estrutura nos dados. Para esse teste, as

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variáveis reputação e internacionalização foram agrupadas em categorias nominais correspondentes aos quartis, na forma a saber: baixo, médio baixo, médio alto e alto.

Para realização dos testes, utilizou-se o aplicativo Statistical Package for the Social

Sciences 22.0 (SPSS). 4 Resultados da Pesquisa

Inicialmente, realizou-se uma análise descritiva das dimensões de internacionalização das 90 empresas da amostra, a fim de se verificar o seu comportamento.

Tabela 1 – Estatística descritiva das empresas internacionalizadas

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na Tabela 1, observa-se que todas as variáveis caracterizam-se pela alta heterogeneidade dos dados, evidenciando-se, assim, uma grande variabilidade na amostra. A internacionalização das receitas, do capital social e dos mercados registrou os maiores coeficientes de variação, sugerindo que o processo de inserção no mercado externo é diferente em cada empresa. Percebe-se que as empresas da amostra, em sua maioria, internacionalizaram-se, principalmente através do mercado, ou seja, de unidades instaladas em outros países. Com efeito, 86 empresas da amostra possuem alguma unidade no exterior, o que faz a internacionalização dos mercados alcançar uma média geral de participação estrangeira de 2,97 por empresa.

No que tange à internacionalização das receitas, verificou-se que 35,56% das empresas têm se internacionalizado por meio de receitas advindas de exportações. Esse resultado corrobora os estudos de Santos, Vasconcelos e De Luca (2013) e vai de encontro aos achados de Floriani e Fleury (2012), que apontam a exportação como o meio mais frequente de internacionalização. Quanto à internacionalização do capital social, apenas 26 empresas possuem acionistas estrangeiros, com uma média de 0,2 país por empresa.

A internacionalização por meio das ações negociadas nas bolsas do exterior ocorreu em 20 empresas da amostra, com uma representatividade média de 1,26 por empresa. Comparativamente às outras dimensões de internacionalização, essa dimensão apresentou a menor variação, assinalando coeficiente de variação da ordem de 81,47%.

Quanto à reputação corporativa, a Tabela 2 mostra a estatística descritiva das dimensões que compuseram o índice respectivo.

Tabela 2 – Estatística descritiva das dimensões de reputação corporativa

Dimensão Média Mínimo Máximo Desvio-

padrão Coeficiente de variação (%) Governança corporativa 1,92 0,00 3,00 1,25 64,89 Ambiente de trabalho 0,13 0,00 0,53 0,12 88,74 Inovação 0,04 0,00 0,75 0,10 278,19 Fonte: Elaborada pelos autores.

Dimensão Nº de

empresas

Proporção

(%) Média Mínimo Máximo

Desvio-padrão Coeficiente de variação (%) Internacionalização da Receita 32 35,56 0,17 0,00 4,48 0,52 297,27 Internacionalização do Mercado 86 95,56 2,97 0,00 25,00 5,77 194,62 Internacionalização do Capital Social 26 28,89 0,20 0,00 3,00 0,51 256,81 Internacionalização das Ações 20 22,22 1,26 0,00 8,00 1,02 81,47

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A dimensão ambiente de trabalho, mensurada pelo índice de rotatividade, evidencia que o giro médio geral de entradas e saídas de pessoal alcançou 13% em 2015. Quanto à dimensão inovação, representada pela razão entre o valor investido em marcas e patentes e aquele desembolsado em ativos intangíveis, observou-se uma média geral de 0,04 e um coeficiente de variação de 278,19%, significando uma grande heterogeneidade dos dados. Essa variabilidade dos dados pode estar relacionada ao fato de que os índices de investimento de marcas e patentes das empresas da amostra são distintos, havendo algumas cujas demonstrações não registraram o investimento com marcas e patentes. Em relação à dimensão governança corporativa, que varia de 0 a 3, obteve-se uma média geral igual a 1,92, representando os segmentos de listagem das empresas – Nível 1 (16 empresas), Nível 2 (8 empresas) e Novo Mercado (47 empresas). As outras 19 empresas da amostra não participavam de nenhum dos níveis diferenciados. Evidencia-se que mais da metade da amostra (52, 22%) é constituída de empresas participantes do Novo Mercado.

Após a análise descritiva dos dados, realizou-se o teste de correlação de Pearson, no intuito de identificar as correlações entre as variáveis internacionalização, reputação corporativa, tamanho e idade, cujos resultados são mostrados na Tabela 3.

Tabela 3 – Correlação entre as variáveis quantitativas

VARIÁVEL INTERN IDAD TAM REPC

INTERN 1

IDAD 0.085 1

TAM 0.099 0.339(*) 1

REPC 0.145 -0.272(*) -0.243(**) 1

(*) Significância estatística ao nível de 1%; (**) Significância estatística ao nível de 5%; (***) Significância estatística ao nível de 10%.

Fonte: Elaborada pelos autores.

De acordo com o resultado do teste de Pearson, as variáveis internacionalização e reputação corporativa não se mostraram correlacionadas. Desse modo, considerando a amostra utilizada e o período analisado, essas variáveis não têm correlação entre si. Da mesma forma, o grau de internacionalização não se correlaciona significantemente com as variáveis tamanho e idade, o que confirma o estudo de Rasheed (2005), segundo o qual o tamanho não apresenta correlação com a internacionalização. Observou-se, ainda, que a reputação corporativa tem correlação negativa com a idade e o tamanho, com significância de 1% e 5%, respectivamente. Esse resultado, por sua vez, refuta os achados de Fombrun e Shanley (1990) e Góis (2014), que encontraram uma correlação positiva entre o tamanho e a reputação corporativa.

Em seguida, aplicou-se a Anacor, com a intenção de, por meio do mapa perceptual, verificar a existência de alguma associação entre as variáveis internacionalização e reputação corporativa. Cabe ressaltar que, antes de executar a Anacor, fez-se necessário aplicar testes como Qui-quadrado, para avaliar se as variáveis em estudo possuíam alguma associação (FÁVERO; LIMA; MARTINS, 2007).

Tabela 4 – Resumo do teste Qui-quadrado Relação

Sumário dos casos Testes χ2 Casos válidos Proporção

(%)

Valor GL Sig. Internacionalização versus

Reputação corporativa 90 100,00 39,456 9 0,000 Fonte: Elaborada pelos autores.

Como se percebe na Tabela 4, o resultado do teste se revelou significativo na relação analisada, com valor de probabilidade inferior a 5%, o que significa que há uma associação estatisticamente significante entre as variáveis internacionalização e reputação corporativa, o que justifica a aplicação da Anacor, representada pela Figura 1.

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10 Fonte: Elaborada pelos autores.

De acordo com o mapa perceptual da Figura 1, há uma associação entre o grau de internacionalização médio alto e o índice de reputação corporativa médio alto. Ou seja, as empresas com grau de internacionalização acima da média tendem a uma maior associação com empresas com índice de reputação corporativa também acima da média. Por outro lado, ainda na Figura 1, também se observa que o alto grau de internacionalização está associado ao médio baixo índice de reputação corporativa, enquanto o alto índice de reputação corporativa se associa ao médio baixo grau de internacionalização.

O mapa perceptual também evidencia que o baixo grau de internacionalização está associado a um índice de reputação corporativa também baixo, sugerindo que as empresas com baixa reputação corporativa teriam também uma baixa internacionalização. Destaque-se que o alto grau de internacionalização mostrou-se distante do alto índice de reputação corporativa, evidenciando não haver, nesse caso, uma associação.

Antes da aplicação do teste de diferenças entre médias do desempenho, representado pelo valor de mercado nos grupos das empresas menos internacionalizadas e no das mais internacionalizadas, assim como nos grupos das empresas com forte reputação e no daquelas com fraca reputação, verificou-se, por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov, que os percentuais de atendimento não eram normais (Sig. = 0,000). Desse modo, o teste de Mann-Whitney confirmou-se como adequado na comparação das médias da amostra.

A Tabela 5 evidencia os resultados dos testes entre médias nos quatro grupos acima mencionados.

Tabela 5 – Teste não paramétrico de Mann-Whitney

Internacio nalização Nº de empresas Média do ranking Soma dos rankings Mann- Whitney Wilcoxon W Z Asymp.Sig. (2-tailed) Mais internaciona lizadas 45 38,38 1727,00 692,000 1727,000 -2,586 0,010(*) Menos internaciona lizadas 45 52,62 2368,00

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11 Reputação corporativa Nº de empresas Média do ranking Soma dos rankings Mann- Whitney Wilcoxon W Z Asymp.Sig. (2-tailed) Forte 45 44,29 1993,00 958,000 1993,000 -0,440 0,660 Fraca 45 46,71 2102,00

(*) Significância estatística ao nível de 1%. Fonte: Elaborada pelos autores.

Com base nos dados da Tabela 5, verifica-se que há diferença estatisticamente significante na comparação entre as empresas menos internacionalizadas e as mais internacionalizadas, com grau de significância de 1%. Nesse sentido, as empresas mais internacionalizadas tendem a apresentar melhor desempenho, corroborando os resultados de Rua e Melo (2015), Teruel, Pereira e Maestri (2015) e Zen (2012).

Quanto à reputação corporativa, percebe-se que não foi constatada nenhuma diferença entre os grupos de empresas, sugerindo que não há diferença estatisticamente significante entre as empresas com forte reputação e aquelas com fraca reputação no tocante ao desempenho. Portanto, nesse caso, a reputação corporativa não distingue os desempenhos das companhias. Dessa forma, o presente estudo confirma os achados de Inglis et al. (2006), que testaram a associação entre a reputação corporativa e o desempenho em 77 empresas australianas em 2003 e 2004, constatando não haver associação entre os dois construtos. Também indicam a mesma direção os estudos de Caixeta et al. (2011) e Domingos e Moura (2013). No primeiro, estudou-se a correlação entre reputação corporativa e desempenho econômico-financeiro em cinco grandes grupos empresariais brasileiros, concluindo-se que não há correlação direta entre desempenho econômico-financeiro e reputação corporativa. No segundo estudo, analisou-se a associação entre a reputação corporativa e o desempenho nas 100 maiores companhias abertas listadas no ranking da Revista Exame Melhores e Maiores para o período de 2011, concluindo-se que nenhuma evidência pôde ser inferida quanto à correlação entre desempenho e reputação corporativa.

Destarte, com base nos resultados obtidos, e à luz da RBV, verificou-se que, para as empresas da amostra, não há correlação entre internacionalização e reputação corporativa.

5 Considerações Finais

No contexto das 100 maiores empresas brasileiras de capital aberto, listadas pela revista Exame Melhores e Maiores, edição 2015, esta pesquisa investigou a correlação entre internacionalização, representada pelo grau de internacionalização – medido pelas variáveis participação de acionistas estrangeiros no capital social, quantidade de bolsas que negociam as ações da empresa, proporção de receitas oriundas do exterior e quantidade de países onde a empresa possui instalações –, e a reputação corporativa, representada por um índice de reputação corporativa, que levou em conta as dimensões ambiente de trabalho, governança corporativa e inovação, adaptada do modelo Reptrak™, do Reputation Institute.

Foi considerado o exercício de 2015, e os resultados do estudo apontam que não há correlação entre grau de internacionalização e reputação corporativa. É o que se constata por meio da correlação de Pearson, que não apresentou resultados significantes. Verificou-se, ainda, através desse teste, que há correlação negativa significante entre reputação corporativa e tamanho e idade.

Por meio da análise descritiva dos dados, verificou-se que a maioria das empresas internacionalizou-se através de unidades instaladas em outros países. O teste de diferenças entre médias apontou que as empresas mais internacionalizadas apresentaram melhor desempenho, sendo que o mesmo não ocorre com a reputação corporativa, pois não se verificou diferença significativa de desempenho entre as empresas com forte reputação e aquelas com fraca reputação. Além disso, a Anacor indicou uma associação próxima entre a

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baixa reputação corporativa e a baixa internacionalização, sugerindo que as empresas com baixa reputação corporativa têm também baixa internacionalização.

Este estudo se faz relevante no cenário acadêmico e no âmbito empresarial, por abordar, conjuntamente, dois recursos estratégicos – a reputação corporativa e a internacionalização – carentes de maior atenção de pesquisadores e de gestores. Além disso, a internacionalização destaca-se na perspectiva da investigação do melhor desempenho como um dos benefícios conquistados pela decisão de se internacionalizar em razão do acesso a recursos estratégicos que fazem diferença significativa, como aponta a VBR.

Por fim, destaque-se que, embora o grau de internacionalização adotado no estudo considere algumas dimensões, como, por exemplo, o índice de reputação corporativa, os resultados aqui encontrados não podem ser generalizados, pois limitam-se às empresas da amostra, tomando-se como base os dados de 2015. Dessa forma, recomendam-se estudos que contemplem mais empresas de capital aberto e, ainda, de diferentes países, bem como a ampliação do espaço temporal. Sugerem-se, também, testes estatísticos mais robustos, que possam ajudar a analisar a eventual relação de influência entre os construtos.

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