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JUSTIÇA AMBIENTAL: BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE JARDIM GRAMACHO E BAHIA DE GUANABARA

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Academic year: 2019

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JUSTIÇA AMBIENTAL: BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE JARDIM

GRAMACHO E BAHIA DE GUANABARA

Marcelo Pereira da Silva1

Introdução

O presente trabalho se debruça sobre o conceito de justiça ambiental e para tanto seguiu uma diretriz um tanto quanto heterodoxa.

Na primeira parte do trabalho, fora feita uma breve súmula sobre a formação dos Estados Unidos, pois para que possamos entender os problemas de ordem social daquele país, berço do conceito, - e que desencadearam o surgimento de movimentos que lutam pelos direitos humanos - é preciso que saibamos como se configurava a valoração das categorias sociais formadas pelos habitantes daquele país.

Em seguida falamos de forma breve e objetiva sobre a elaboração do termo em questão, seus desdobramentos e sua internacionalização.

Posteriormente o texto tentou identificar alguns tipos de injustiça ambiental em nosso país, apresentando os fatores causadores de tal realidade.

Mais a diante nos remetemos mais especificamente no caso do Rio de Janeiro, com ênfase no aterro sanitário de Jardim Gramacho e também uma breve explanação sobre a Baía de Guanabara observando os riscos e o ônus resultantes da desigualdade social e do desenvolvimento mal planejado.

Por fim o texto tenta apresentar possíveis soluções a fim de alterar a atual realidade, para alcancemos na prática a plena justiça ambiental. Este ensaio expõe uma opinião sobre o tema discutido com base nos estudos realizados acerca do assunto e também da observação de casos concretos.

1 Mestrando no programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Estadual Paulista –UNESP.

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Apresentação

A elaboração de um conceito

Para que possamos nos debruçar profundamente sobre a temática da justiça ambiental torna-se imprescindível que nos atenhamos para o contexto histórico e social que serviu como manancial para o desenvolvimento desta corrente de pensamento que nos dias atuais se faz presente nas diversas esferas sociais, assim como no meio acadêmico. E para tanto faremos uma breve recapitulação da formação do território que serviu como berço deste conceito.

A História do continente americano foi basicamente marcada por dois grandes períodos, o primeiro deles ficou conhecido como Período Colonial onde este vasto continente nada mais fora do que uma possessão territorial dilacerada pelas metrópoles européias; e o ultimo, e atual, é marcado pela independência dos países inseridos nesse continente.

A parte norte do continente americano fora ocupada gradativamente por espanhóis, ingleses e franceses. Por conta desta tripartição houve nuanças dentro o processo colonial fruto das particularidades de cada uma das metrópoles envolvidas nesta aventura.

Porém, muito embora tenhamos a presença de três potências européias – Espanha, Inglaterra e França – houve características bastante parecidas durante o processo colonial. 1. A concentração de terras nas mãos de colonos oriundos ou com ascendência européia; 2. A exploração da mão-de-obra indígena ou africana; 3. Produção voltada para atender – de acordo com a dada produção – o mercado externo.

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Todo este movimento deu ao processo de colonização poderes para os chamados

pais fundadores tivessem o domínio sobre a área ocupada. E com base nesta lógica é

que surge a terminologia WASP – White (branco), Anglo-saxão e protestante2.

A princípio, o caminho percorrido por estas linhas pode parecer prolixo, no entanto é fundamental dissecarmos a formação sócio-política da antiga colônia para que possamos entender porque a sociedade norte-americana se comporta na atualidade de tal maneira.

Durante a segunda década do século XVIII – 1776 – as treze colônias tornaram- se independentes, mas a autonomia em relação a metrópole não significou alterações no quadro social e político daquele novo país. Se durante o período colonial não havia um projeto que inserisse negros e índios dentro do cenário social, isso tão pouco aconteceu com o advento da independência.

Desde cedo os Estados Unidos da América seguiram os passos de sua antiga metrópole, buscando a industrialização. E este mecanismo de produção de bens de consumo fora elaborado pela classe burguesa, grupo este eivado pela lógica capitalista. E se tratando desta, segundo as palavras de Aurélio Buarque de Holanda, capitalismo seria um sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de

produção, na organização da produção visando o lucro e empregando o trabalho

assalariado, e no funcionamento do sistema de preços.3

Fica bastante claro que a trajetória seguida pelos Estados Unidos da América não visou a igualdade entre os seus habitantes. E se tratando de desigualdade podemos observar a presença desta em vários setores sociais e esferas do poder. Seja no que diz respeito a funções públicas, atividade profissional, mecanismo de lazer e, sobretudo no que tange a organização e ocupação do espaço, seja ele urbano ou rural.

Foi em meio a esse universo de disparidades sociais dento daquele país, que surgiram a partir da década de 1960 movimentos sociais que se debruçavam sobre a questão étnica.

Personalidades expoentes como Martin Luther King e Malcolm X foram fundamentais para o desenvolvimento desses movimentos em busca dos direito civis dos menos aquinhoados, sobretudo dos negros americanos.

2 Cf. KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2001. p. 29-66.

3 Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. Coordenação de edição

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Na busca por esses direitos até então negados aos negros americanos, esses movimentos passaram a desenvolver estudos acerca da condição dos negros naquele país chegando a conclusões bastante curiosas que até então não se tinha ciência.

Observou-se a princípio aquilo que de forma empírica já se há muito já era vivido, mas que até então não se havia dado a devida importância, ou seja, que existia uma latente desigualdade na organização e ocupação do espaço, onde os negros e demais classes discriminadas estavam localizados em áreas de menor infra-estrutura e sujeitos aos riscos oferecidos por estes locais.

Esses estudos assim como a luta por melhores condições de vida ganham corpo e atravessam as décadas seguintes até que na década de 1980 surge o conceito justiça

ambiental. Este conceito iria mudar a diretriz dos movimentos ambientais nos Estados

Unidos, assim como em outros países.

Sobre o conceito de justiça ambiental, Henri Acselrad diz ressignificação da

questão ambiental. Ela resulta de uma apropriação singular da temática do meio

ambiente por dinâmicas sociopolíticas tradicionalmente envolvidas com a construção

da justiça social em sentido amplo.4

Segundo as informações contidas no livro justiça ambiental e cidadania os movimentos em busca da igualdade social perceberam que depósitos de lixos químicos e

radioativos, ou de indústrias com efluentes poluentes, concentravam-se

desproporcionalmente na vizinhança das áreas habitadas por esses grupos.5

A identificação das formas injustiça ambiental

Atualmente o estudo sobre a justiça ambiental está em avanço em vários países através do desenvolvimento artigos e fóruns para a discussão do tema com base nas experiências específicas de cada país.

Calcado na afirmativa de Robert Bullar justiça ambiental é a condição de

existência social configurada através da busca do tratamento justo e do envolvimento

significativo de todas as pessoas, independente de sua raça, cor, origem ou renda no

que diz respeito à elaboração, desenvolvimento, implementação e reforço de políticas,

4 Cf. JÚNIOR, Luiz Antônio Ferraro (org). Encontro e caminhos: formação de educadoras(es) e coletivos

educadores. Brasília: MMA, Diretoria de Educação Ambiental, 2005. p. 219.

5 Cf. ACSELRAD, H. HERCULANO, S. Pádua, J.A. Justiça ambiental e cidadania. Relume Dumará, Rio de Janeiro.

(5)

((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( leis e regulações ambientais. Nenhum grupo deve suportar uma parcela

desproporcional das conseqüências ambientais.6

Muito embora o conceito de justiça ambiental tenha como parâmetro a condição igualitária para a ocupação do espaço, o que se observa em âmbito mundial é justamente o avesso, fazendo com que se faça necessário a elaboração de um árduo trabalho para que futuramente se alcance os fins desejados.

A presença da injustiça pode ser identificada como um reflexo da organização social visto que a paisagem urbana, ao ser um meio de comunicação da identidade

social e étnica, torna-se um relevante elemento do processo de reprodução social, em

virtude de ser um importante “repositório de símbolos de classe social e de herança

étnica”.7 Sendo assim a injustiça ambiental apresenta-se como um desdobramento da

desigualdade social.

A discussão sobre o tema principal deste texto internacionalizou-se e o Brasil passou a fazer parte deste debate, visto que nosso país é marcado pela histórica injustiça nas diversas esferas sociais, seja no meio rural com a distribuição assimétrica da terra, seja no espaço urbano onde podemos notar a existência de áreas extremamente valorizadas - restritas a poucos grupos - e a existência de favelas e bairros pobres onde uma gama significativa de pessoas sobrevive em meio a tantas dificuldades.

A discussão sobre justiça ambiental é bastante abrangente, pois entende-se que para se alcançar os fins desejados tornasse imprescindível que haja a resolução dos problemas causadores da injustiça, independente de onde esta se faça presente.

No Brasil, mesmo antes do termo tornar-se usual existiam movimentos que buscavam uma maior igualdade na organização da ocupação do espaço, como é o caso dos seringueiros do Acre ou as quebradeiras de babaçu no Maranhão.8

Em uma sociedade baseada na existência da propriedade privada e na desigualdade social, a preservação do espaço, a perpetuação benefícios logrados e a obtenção de lucros, por vezes suplantam os interesses da maior parcela populacional que é desprovida de riquezas e participação política.

6 Idem.

7 Cf. CORRÊA, Roberto Lobato. Capítulo: A Geografia cultural e o urbano. Geografia Cultural Roberto Lobato

Corrêa, Zeny Rosendahl (orgs). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. p. 180.

8 Cf. ACSELRAD, H. HERCULANO, S. Pádua, J. A. Justiça ambiental e cidadania. Relume Dumará, Rio de Janeiro.

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Com base no livro Justiça ambiental e cidadania identificamos que em nosso país concentra-se a renda e concentram-se também os espaços e recursos ambientais

nas mãos dos poderosos.9

O agro-negócio, uma marca em nosso país, desenvolve ações que acarretam na geração e na propagação da injustiça ambiental ao passo que tendo como objetivo último a geração de lucros, os investidores deste ramo de atuação ocupam as melhores terras e em muitos casos excluindo camponeses e pequenos proprietários do usufruto daquelas.

A aqueles que desenvolvem a construção de hidroelétricas, represas ou outros investimentos que necessitam de capital grande vulto não titubeiam no momento de desalojar os antigos habitantes de determinadas regiões. Estes temas são objeto de estudo de entidades como a Rede Brasileira de Justiça Ambiental sediada no Rio de Janeiro.10

Os empreendimentos financeiros realizados pelos poderosos causam reflexos negativos que resvalam sobre os mais pobres. A instalação de indústrias e fábricas em geral se localizam nas cercanias dos bairros habitados pelos mais pobres, proporcionando a maior exposição destes grupos a possíveis acidentes ou contaminações. Esta exposição vivenciada por aqueles grupos se perpetua ao passo que os mais pobres estão demasiadamente distantes das decisões políticas e possuem pouco esclarecimento para reivindicarem seus direitos civis e políticos.

Em determinadas situações a injustiça ambiental pode se alastrar para outras regiões distantes de onde de fato é realizada. A poluição de um determinado rio pode afetar uma cidade muito distante da fonte poluidora. O Rio Tietê pode ser identificado como um paradigma para o exemplo precedente.

Outro exemplo significativo é o caso das queimadas da palha nos canaviais no estado de São Paulo afetam cidades vizinhas, que em tese não possuem relação com as áreas plantadoras. Nos períodos de queimada verifica-se um surto de doenças respiratórias que são potencializadas pela fuligem provenientes dos canaviais. Este exemplo se encaixa nas chamadas externalidades. Termo esse que dentro da visão dos geógrafos nada mais é que o reflexo involuntário causado por uma ação.

A globalização tem grande parcela de contribuição para este aspecto da propagação da injustiça ambiental ao passo que os países em desenvolvimento

9 Idem. p.12.

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( se receptáculos para reciclagem do lixo oriundo dos países ricos ou recebem os pneus usados daquelas nações. Os containers com lixo inglês talvez seja o exemplo mais palpável neste momento.

Muitas indústrias estrangeiras emissoras de poluentes e resíduos tóxicos buscam os países em desenvolvimento para implantarem novas sucursais ao passo que em seus países de origem há uma legislação eficaz que impede tal empreendimento. Esta iniciativa expõe ainda mais os mais pobres aos riscos ambientais.

A gama de empresas americanas que se instalaram em países como a China crescente. A empresa americana GHS voltada para o ramo da microfonia possui fábrica naquele país asiático, assim como marca Groovin de violões. Existe aí dois componentes para a instalação dessas fábricas, preço da mão-de-obra e a permissividade das leis e dos governos dos países em desenvolvimento.

Voltando ao processo em tela, vemos que em geral o que se nota é a seguinte questão, os mais ricos sofrem muito menos que o mais pobres por diversos fatores. Seja pelo fato de os mais ricos estarem próximos das decisões políticas ou administrativas em nosso país, seja pela questão da mobilidade que os grupos mais ricos possuem.

A implementação dos projetos que possam causar riscos a vida humana é muito mais difícil em áreas habitadas pelos ricos. Visto que, através da influência política exercida por esses grupos é possível embargar tais iniciativas e redirecioná-las para outras localidades menos valorizadas e, portanto, habitualmente ocupada pelos mais pobres. Alguém consegue imaginar com facilidade pessoas bem amparadas economicamente sendo remanejadas em razão da instalação de uma represa ou construção de uma estrada?

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Riscos e ônus

A organização do espaço urbano como já fora dito nas linhas anteriores é um reflexo da organização social e sendo assim visualizamos com nitidez o ônus de todo o desenvolvimento almejado e alcançado em nossas cidades. Como caso emblemático há o “lixão de Gramacho” no Rio de Janeiro. Este repositório dos detritos produzidos pela cidade do Rio de Janeiro está situado no Município de Duque de Caxias, RJ, no bairro

de Jardim Gramacho, 1º Distrito (Duque de Caxias). Situado ás margens da Baia de

Guanabara e ocupa atualmente uma área de aproximadamente 1,3 milhões de m². Foi

instalado a partir de convênio firmado em 1976 entre a FUNDREM, a COMLURB e a

Prefeitura Municipal de Nilópolis, e com termos aditivos ao convênio foram incluídos

os municípios de Nova Iguaçu e São João de Meriti11. Este é caso notório em que a

injustiça ambiental se propaga para outras áreas.

A cidade de Duque de Caxias pertence a chamada baixada fluminense, região pouco valorizada se comparada com as áreas da capital carioca. Desta forma é notório que em geral os habitantes da supracitada cidade possuem menor poder aquisitivo que muitos bairros da cidade do Rio de Janeiro produtores dos detritos lançados naquele repositório.

Observa-se a transmissão da injustiça ambiental para uma área com menor poder decisório.

A presença deste “lixão” em Jardim Gramacho é objeto de uma discussão que há muito vem se arrastando. Autoridades ambientais, políticos e representantes sociais possuem opiniões acerca do assunto, mas a resolução do problema parece não ter fim.

Estudos técnicos realizados pela Companhia de Limpeza Urbana do Rio de

janeiro – COMLURB mostram que o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho

(AMJG) está condenado. Cerca de 80% do lixo produzido na região metropolitana do

Rio de Janeiro, perto de 8.000 toneladas/dia, já ameaçam sua integridade e apontam

para riscos de um grave desastre sócio-ambiental.12

A capacidade reservatória da área há muito está extrapolada, causando reflexos sobre o solo e podendo causar desastres de largas proporções ao passo que o chorume produzido pela gigantesca quantidade de lixo que contamina o solo, pois que não há nenhum tipo de tratamento do lixo ali despejado. Esta contaminação pode chegar a Baía

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( de Guanabara e desta forma afetar aqueles que conseguem sua subsistência advinda do mar.

O aterro de Jardim Gramacho é a representação da injustiça ambiental presente na Baixada Fluminense e que afeta os mais pobres que vivem próximos daquele local. Muitas famílias habitam nas cercanias do citado “lixão” e têm sua subsistência proveniente da coleta de objetivos reaproveitáveis encontrados por lá. O Documentário produzido pelo diretor Marcos Prado intitulado de Estamira fala acerca de uma mulher homônima ao filme que vive no aterro e desenvolve uma espécie de “atividade econômica” com base naquilo que ela coleta.

Outro palco da injustiça ambiental na região metropolitana do Rio de Janeiro é a Baía de Guanabara, local por onde transitam os grandes cargueiros provenientes de várias partes do mundo repletos de containeres abarrotados com diversos produtos. Em meio ao entra e sai de embarcações na Baía de Guanabara temos a presença de inúmeros cargueiros repletos de petróleo ou substâncias químicas e que por vezes encontram-se fora dos padrões de segurança. O resultado de tamanha imprudência pode ser visualizado no diversos desastres ecológicos ocorridos na citada baía.

Foram coletados no sitio eletrônico Ambiente Brasil.13

• Março de 1975 - Um cargueiro fretado pela Petrobrás derrama 6 mil toneladas

de óleo na Baia de Guanabara.

• 10 de março de 1997 - O rompimento de um duto da Petrobrás que liga a

Refinaria de Duque de Caxias (RJ) ao terminal DSTE-Ilha D´Água provoca o vazamento de 2,8 milhões de óleo combustível em manguezais na Baía de Guanabara (RJ).

• 16 de agosto de 1997 - Vazamento de 2 mil litros de óleo combustível atinge

cinco praias na Ilha do Governador (RJ) - Petrobrás.

• 18 de janeiro de 2000 - O rompimento de um duto da Petrobrás que liga a

Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d'Água provocou o vazamento de 1,3 milhão de óleo combustível na Baía de Guanabara. A mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados. Laudo da Coppe/UFRJ, divulgado em 30 de março, concluiu que o derrame de óleo foi causado por negligência da Petrobras, já que as especificações do projeto original do duto não foram cumpridas.

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• 26 de junho de 2000 - Nova mancha de óleo de um quilômetro de extensão

apareceu próximo à Ilha d'Água, na Baía de Guanabara. Desta vez, 380 litros do combustível foram lançados ao mar pelo navio Cantagalo, que presta serviços à Petrobras. O despejo ocorreu numa manobra para deslastreamento da embarcação.

• 23 de fevereiro de 2002 - Cerca de 50 mil litros de óleo combustível vazaram do

transatlântico inglês Caronia, atracado no Pier da Praça Mauá, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O óleo foi rapidamente contido.

• 20 de março de 2004 - Cerca de dois mil litros de petróleo vazaram de um navio

desativado, Meganar, pertencente a uma empresa privada, na Baía de Guanabara, próximo a Niterói, no Rio de Janeiro. O alerta foi dado pela Capitania dos Portos ao Serviço de Poluição Ambiental da Feema - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente.

Esses são alguns exemplos acerca dos acidentes ocorridos na Baía de Guanabara ao longo destes anos e que têm desdobramento sobre a população que mora em locais banhados por esta Baía.

Ao longo da Baía de Guanabara encontram-se alguns manguezais e colônias de pescadores, que obtêm sua subsistência justamente do trabalho realizado naquele local. Ao passo que cargueiros ou transatlânticos causam algum tipo de dano a natureza, estão afetando diretamente as famílias que têm sua sobrevivência ligada a Baía.

No entanto os dirigentes de empresas como a Petrobrás ou sócios de uma empresa privada não são residentes do entorno da baía visto que na atualidade este local possui um valor imobiliário inferior se comparado com outras áreas da cidade e da cidade do Rio banhadas pelo Oceano Atlântico. Isso, quando se trata de empresas nacionais. E aquelas empresas transnacionais? Nota-se mais uma vez com clareza a transmissão do ônus do desenvolvimento desenfreado e mal planejado.

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((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( A busca por soluções

Acreditamos que para alcançarmos a meta desejada para a solução de tais problemas e a implementação da justiça ambiental de fato, a diretriz a seguir resume-se em uma palavra: conscientização.

A conscientização deverá passar por várias esferas para que cada grupo dê a sua parcela de contribuição para tenhamos um desfecho mais feliz do que a atual realidade.

Torna-se imprescindível que as populações mais carentes tenham acesso a informações para que desta forma possam lutar de maneira mais justa por melhores condições e desta feita impedir a continuidade e o crescimento dos riscos ambientais a que estão expostos.

Um potente mecanismo para a propagação de tais informações acerca do assunto seria a utilização dos movimentos sociais e centrais sindicais em nosso país. Estes poderiam contribuir sobremaneira para a propagação do conceito de justiça ambiental contribuindo para que em um futuro próximo alcancemos uma democracia plena.14

O Brasil deu seu ponta-pé inicial – e oficial - acerca do assunto no ano 2001, no campus da Universidade Federal Fluminense em Niterói – RJ -, com o “Colóquio internacional sobre justiça ambiental e cidadania”.15 E dentre as decisões encontradas está a busca de esclarecimento da população acerca do conceito apresentado por este texto.

O debate sobre o assunto será fundamental para que encontremos uma solução em consonância com nossa realidade e desta forma seja viável de fato.

A realização de um trabalho conjunto levando em consideração a busca pela preservação da natureza, a igualdade social e a justiça ambiental são pontos fundamentais para que se alcancem os fins desejados.

Somente com o esclarecimento e a informação presente nos diversos grupos sociais e a capacitação e fortalecimento político dos mais pobres é que conseguiremos pressionar empresas, órgãos e o próprio governo – nas três esferas – para a realização de ações de deságüem na justiça ambiental, pois enquanto os males ambientais puderem

ser transferidos para os mais pobres a pressão geral sobre o ambiente não cessará.16

14 Cf. ACSELRAD, H. HERCULANO, S. Pádua, J.A. Justiça ambiental e cidadania. Relume Dumará, Rio de Janeiro.

2004.

15 Idem. p 13.

16 Cf. JÚNIOR, Luiz Antônio Ferraro (org). Encontro e caminhos: formação de educadoras(es) e coletivos

(12)

((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Acreditamos que a maior barreira para que se logrem os desejados fins será conscientizar aqueles que de fato sãos os causadores da injustiça ambiental. Pois a utilização sustentável dos recursos naturais passa invariavelmente pela diminuição do desenvolvimento predatório. A questão é: quem será o primeiro a abrir mão do seu desenvolvimento em prol da natureza e do bem comum? Pois a lógica capitalista na sua atual composição é incompatível com o conceito de justiça ambiental.

Aqueles que possuem melhores condições são os menos afetados, portanto estão mais distantes dos efeitos maléficos do desenvolvimento e da desigualdade. Conseqüentemente os mais abastados, por sofrerem menos, sentem menor necessidade de mudanças da atual realidade. Ou seja, aqueles que mais deveriam fazer, por estarem distantes da caótica realidade são os que menos fazem.

Os mais ricos são aqueles que de fato, podem mudar a atual situação, mas para que isso aconteça é fundamental que haja a conscientização de todos os grupos sociais e o aumento da pressão por mudanças.

A primeira tarefa será proporcionar a igualdade social e a justiça ambiental entre os grupos intra-geracionais e somente depois poderemos nos arvorar fazer um planejamento para o desenvolvimento sustentável que proporcione benefícios para gerações futuras.

Conclusão

Vimos que o surgimento conceito de justiça ambiental fora fruto do fortalecimento dos grupos que lutavam por maior justiça social. Portanto a injustiça ambiental nada mais é do que um desdobramento da desigualdade entre os setores sociais, tônica marcante em grande parte dos países impregnados pela lógica capitalista, porém não é uma exclusividade deste sistema político. A China nos mostra que não.

Apresentemos o caso específico no Rio de Janeiro onde a injustiça ambiental e a desigualdade social se mostra em um viés fortíssimo. E com base naquele exemplo em específico, ficou claro que no caso brasileiro a ausência de justiça ambiental não se restringe a um grupo étnico, mas sim a um grupo maior que podemos chamá-los de despossuídos.

(13)

((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( os mais ricos que por serem portadores de melhores condições de vida e de informação podem se precaver de tais riscos.

O estágio de justiça ambiental só será alcançado quando houver conscientização das classes sociais, sobretudo dos mais pobres; assim como também uma ação conjunta para o fim da disparidade social em relação ao acesso aos recursos ambientais.

Por fim é indispensável lembrar que o desenvolvimento sustentável é a forma mais eficaz para que possamos alcançar a justiça ambiental entre os grupos intra-geracionais e só assim conseguiremos perpetuar este conceito para as gerações futuras.

Referências Bibliográficas

ACSELRAD, H. HERCULANO, S. Pádua, J.A. Justiça ambiental e cidadania. Relume Dumará, Rio de Janeiro. 2004.

CORRÊA, Roberto Lobato. Capítulo: A Geografia cultural e o urbano. Geografia Cultural Roberto Lobato Corrêa, Zeny Rosendahl (orgs). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. Coordenação de edição Margarida dos Anjos; Marina Baird Ferreira. Curitiba: positivo, 2007.

JÚNIOR, Luiz Antônio Ferraro (org). Encontro e caminhos: formação de educadoras(es) e coletivos educadores. Brasília: MMA, Diretoria de Educação Ambiental, 2005.

KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2001.

Sítios eletrônicos consultados

Referências

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