Programa de P´os-Graduac¸˜ao em Matem´atica Dissertac¸˜ao de Mestrado
Superf´ıcies tipo-espac
¸o de curvatura m´
edia
constante com bordo livre em espac
¸os de
Lorentz-Minkowski
Ednaldo Oliveira da Silva Junior
Salvador-Bahia
Superf´ıcies tipo-espac
¸o de curvatura m´
edia
constante com bordo livre em espac
¸os de
Lorentz-Minkowski
Ednaldo Oliveira da Silva Junior
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
Orientador: Prof. Dr. Enaldo Silva Vergasta.
Salvador-Bahia
de Lorentz-Minkowski / Ednaldo Oliveira da Silva Junior. – Salvador, 2009. 32 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Enaldo Silva Vergasta.
Disserta¸c˜ao (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica, Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, 2009.
Referˆencias bibliogr´aficas.
1. Geometria diferencial. 2. Superf´ıcies (Matem´atica). 3. Superf´ıcies de curvatura constante. I. Vergasta, Enaldo Silva. II. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica. III. T´ıtulo.
Superf´ıcies tipo-espac
¸o de curvatura m´
edia
constante com bordo livre em espac
¸os de
Lorentz-Minkowski
Ednaldo Oliveira da Silva Junior
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
Banca examinadora:
Prof. Dr. Enaldo Silva Vergasta (Orientador) UFBA
Prof.a Dr.a Rosa Maria dos Santos Barreiro Chaves USP
Agradecimentos
Neste trabalho, tratamos de um problema variacional para superf´ıcies tipo-espa¸co no espa¸co de Lorentz-Minkowski, cujos pontos cr´ıticos s˜ao superf´ıcies de curvatura m´edia constante que intersectam uma dada superf´ıcie suporte sob um ˆangulo hiperb´olico cons-tante. Verifica-se que, se a superf´ıcie suporte ´e um plano tipo-espa¸co ou um plano hi-perb´olico, ent˜ao os pontos cr´ıticos tˆem que ser, respectivamente, um disco plano ou uma calota hiperb´olica.
Abstract
In this work, we deal with a variacional problem for spacelike into Lorentz-Minkowski space, whose critical points are constant mean curvature that intersect a given support surface under a constant hyperbolic angle. It is shown that, if the support surface is a spacelike plain or a hyperbolic plan, then the critical points must be a hyperbolic plain disc or a hyperbolic cap, respectively.
Introdu¸c˜ao 1
1 Preliminares 3
1.1 Nota¸c˜oes necess´arias . . . 3
1.2 Defini¸c˜oes e resultados necess´arios . . . 4
1.2.1 Conex˜oes afins . . . 5
1.2.2 Primeira e segunda forma fundamentais . . . 5
2 O problema variacional 7
3 Superf´ıcies Estacion´arias com bordo livre plano ou hiperb´olico 13
4 Algumas considera¸c˜oes sobre o caso n-dimensional 28
Introdu¸
c˜
ao
O estudo de hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co (ou mas geralmente hipersuperf´ıcies) em espa¸cos de Lorentz ´e de interesse substancial, n˜ao somente do ponto de vista matem´atico, mas tamb´em do ponto de vista f´ısico. Por exemplo, as hipersuperf´ıcies maximais (que s˜ao hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co de curvatura m´edia nula) s˜ao solu¸c˜oes iniciais conveni-entes para o problema de Cauchy das equa¸c˜oes de Einstein. Quando a hipersuperf´ıcie tipo-espa¸co possui curvatura m´edia constante n˜ao-nula, elas s˜ao usadas no estudo da propaga¸c˜ao de ondas gravitacionais.
Do ponto de vista matem´atico, Barbosa e Oliker em [BO1] e [BO2] mostraram que as hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co de curvatura m´edia constante s˜ao solu¸c˜oes de um problema variacional, j´a que s˜ao pontos cr´ıticos do funcional ´area para varia¸c˜oes que possuem fun¸c˜ao volume constante e mantˆem o bordo fixo.
Sejam Σ⊂L3 uma superf´ıcie tipo-espa¸co conexa mergulhada eM uma superf´ıcie tipo-espa¸co compacta imersa em L3, com bordo contido em Σ e interior contido em L3
+ (futuro de Σ).
Nosso problema consiste em estudar os pontos cr´ıticos de um certo funcional energia, para todas as superf´ıcies imersas em L3, com bordo contido em Σ e interior contido no futuro de Σ. Tais pontos cr´ıticos s˜ao chamados de superf´ıcies estacion´arias.
O funcional energia ´e dado por E = A−coshβS onde A ´e a ´area de M, S ´e a ´area do dom´ınio de Σ limitada pelo bordo de M e β ´e o ˆangulo formado pela interse¸c˜ao entre Σ eM.
Esta disserta¸c˜ao ´e baseada no artigo de Lu´ıs J Al´ıas e Jos´e A Pastor [AP2]. Enunciaremos abaixo os teoremas principais deste trabalho.
Teorema 3.0.5. As ´unicas superf´ıcies estacion´arias imersas em L3 com
su-perf´ıcie suporte plana s˜ao os discos planos com (H = 0) e as calotas hiperb´olicas com (H 6= 0).
Teorema 3.0.6. As ´unicas superf´ıcies estacion´arias imersas em L3 com
su-perf´ıcie suporte hiperb´olica s˜ao os discos planos com (H = 0) e as calotas hiperb´olicas com (H 6= 0).
Em 1998, Lu´ıs Al´ıas e R. L´opez obtiveram um resultado de unicidade similar para
o caso de superf´ıcies tipo-espa¸co com curvatura m´edia constante emL3,com bordo circular fixado, onde a prova foi baseada em duas f´ormulas integrais para superf´ıcies tipo-espa¸co em L3: a f´ormula do fluxo e a desigualdade integral.
A prova feita por Al´ıas e Pastor ´e baseada na estrutura complexa da superf´ıcie como uma superf´ıcie de Riemann, explorando o fato de que a curvatura m´edia ´e cons-tante, condi¸c˜ao esta que implica que a diferencial de Hopf da imers˜ao ´e holomorfa. A demostra¸c˜ao dos teoremas principais depende da combina¸c˜ao de dois resultados.
O primeiro ´e uma caracteriza¸c˜ao de superf´ıcies estacion´arias, dada pela seguinte proposi¸c˜ao.
Proposi¸c˜ao 2.0.2. Seja Σ uma superf´ıcie suporte e seja x : M −→ L3 uma
imers˜ao tipo-espa¸co tal que x(int(M)) ⊂ L3
+ e x(∂M) = Γ ⊂ Σ ´e uma curva fechada
contida em Σ cujo bordo delimita um dom´ınio compacto. Ent˜ao x ´e estacion´aria, se e somente se, a curvatura m´ediaH ´e constante ex(M)intersecta a superf´ıcie suporteΣ,ao longo deΓ, sob um ˆangulo hiperb´olico β,dado por coshβ =−hN, NΣi. Sex:M −→L3 ´e
estacion´aria, ent˜ao {τ, ν, N} e {τ, νΣ, NΣ} s˜ao dois triedros ao longo de Γ que satisfazem
`as equa¸c˜oes,
ν= coshβνΣ−sinhβNΣ
e
N =−sinhβνΣ+ coshβNΣ
O outro resultado trata de observar que a superf´ıcie ´e topologicamente um disco, resultado este que ´e consequˆencia do seguinte Lema,
Lema 3.0.7. Seja x : M −→ L3 uma imers˜ao tipo-espa¸co compacta tal que x(∂M) = Γ ´e uma curva fechada contida no plano tipo-espa¸coΣ, cujo bordo delimita um dom´ınio Ω. Ent˜ao a proje¸c˜ao ortogonal de M sobre o plano Σ ´e um difeomorfismo entre
M e Ω.
No Cap´ıtulo 1, trataremos de alguns conceitos e resultados relacionados com Geometria Riemanianna, que ser˜ao utilizados ao longo do trabalho.
No Cap´ıtulo 2, trataremos do problema variacional e mostraremos a Proposi¸c˜ao 2.0.2.
No Cap´ıtulo 3, mostraremos os teoremas principais deste trabalho, referentes `a superf´ıcies estacion´arias com bordo livres plano ou hiperb´olico, bem com o Lema 3.0.7.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e apresentar defini¸c˜oes, resultados e estabelecer as nota¸c˜oes necess´arias `a compreens˜ao dos cap´ıtulos subseq¨uentes.
1.1
Nota¸
c˜
oes necess´
arias
Denotaremos porL3 o espa¸co tri-dimensional de Lorentz-Minkowski, formado por vetores do R3 com a m´etrica Lorentziana
h. , .i= (dx1)2+ (dx2)2−(dx3)2,
onde (x1, x2, x3) s˜ao as coodenadas canˆonicas emR3. Durante esta disserta¸c˜ao, denotare-mos por Σ uma superf´ıcie conexa tipo-espa¸co mergulhada emL3, e consideraremos que Σ est´a orientada por NΣ, que ´e o ´unico campo vetorial unit´ario normal a Σ, do tipo-tempo e dirigido para o futuro, ou seja, apontando para o mesmo lado do vetor (0,0,1).
Assuma que Σ divide L3 em duas componentes conexas e denotaremos por L3 + a componente para a qual NΣ est´a apontando. Neste caso, n˜ao h´a dificuldade em ver que a proje¸c˜ao Π : Σ−→ R2 sobre o plano x
3 = 0 ´e um difeomorfismo local que satisfaz Π∗(h., .i0) ≥ h., .i, onde h., .i
0 representa a metrica Euclidiana no R2. Isso mostra que Π aumenta a distˆancia. Como Σ ´e completa isto implica que Π(Σ) = R2 e que Π ´e uma aplica¸c˜ao de recobrimento. J´a queR2 ´e simplesmente conexo, ent˜ao Π ´e um difeomorfismo global e a superf´ıcie Σ ´e, de fato, um gr´afico inteiro sobre o plano (x1, x2).
Seja M uma superf´ıcie conexa compacta e suave com bordo n˜ao-vazio∂M e seja x:M→L3 uma imers˜ao suave tipo-espa¸co tal que
x(int(M)⊂L3
+ (1.1)
e
x(∂M) = Γ⊂Σ (1.2)
´e uma curva contida em Σ cujo bordo ´e um dom´ınio compacto Ω⊂Σ.
Assumiremos que a restri¸c˜ao da imers˜aoxao bordo∂M´e um difeomorfismo sobre Γ e dizemos que a imers˜aox:M→L3 ´e uma superf´ıcie tipo-espa¸co com bordo Γ.
Ao longo deste trabalho, consideraremos queM´e orientada por um campo vetorial unit´ario tipo-tempoNnormal aM. Se∇0 denota a m´etrica da conex˜aoflat deL3, ent˜ao ooperador de Weingartein A associado a N´e dado por
A(υ) =−∇0υN
para um vetor tangente qualquerυ. A fun¸c˜ao curvatura m´edia de M ´e definida porH=
−1
2tr(A).
A orienta¸c˜ao de M induz uma orienta¸c˜ao natural em ∂M da seguinte maneira: um vetor tangente n˜ao-nuloυ ∈Tp(∂M) ´e orientado positivamente, se e somente se, para
qualquer vetor w ∈ TpΣ apontando para dentro, {υ, w} ´e uma base de TpΣ orientada
positivamente. Denotaremos por ν um vetor conormal unit´ario ao longo de ∂M apon-tando para dentro. Da mesma forma, τ denotar´a um campo vetorial unit´ario orientado positivamente ao longo de∂M. Denotaremos por v∧w o produto vetorial em L3 de dois vetoresv, w∈L3, definido como o ´unico vetorv ∧w tal que
hv∧w, ui=det(v, w, u)
para todou∈L3. Observe ent˜ao que τ ´e dado por τ =−N∧ν.
1.2
Defini¸
c˜
oes e resultados necess´
arios
Na se¸c˜ao anterior, falamos sobre superf´ıcies tipo-espa¸co, vetores tipo-espa¸co, ve-tores tipo-tempo, entre outros. Mas o que vem a ser esses entes matem´aticos?
Bom, nosso ambiente de trabalho ´e o espa¸co de Minkowiski, que nada mais ´e do que o R3 munido da m´etricah., .i= (dx1)2+ (dx2)2−(dx3)2.
´
E f´acil ver que, com essa m´etrica, R3 fica dividido em trˆes subconjuntos, da seguinte maneira: vetores v para os quais hv, vi > 0 (incluindo v = 0), hv, vi < 0 e
hv, vi = 0. Tais vetores s˜ao chamados de vetores tipo-espa¸co, tipo-tempo e tipo-luz, respectivamente. O conjunto formado pelos vetores tipo-luz ´e chamado decone de luz.
Dizemos que uma superf´ıcie Σ ⊂L3 ´e do tipo-espa¸co se dado um ponto qualquer p∈Σ, tivermos que qualquer vetor n˜ao-nulov ∈TpΣ ´e do tipo-espa¸co, ou seja,hv, vi>0.
5
Figura 1.2.1
1.2.1
Conex˜
oes afins
Indicaremos por χ(Σ) o conjunto dos campos de vetores de classe C∞ em Σ e por
D(Σ) o anel das fun¸c˜oes reais de classe C∞ definidas em Σ.
Uma conex˜ao afim ∇em uma variedade diferenci´avel Σ ´e uma aplica¸c˜ao
∇:χ(Σ)×χ(Σ) −→χ(Σ)
que se indica por (X, Y)7−→ ∇XY e que satisfaz as seguintes propriedades:
1. ∇f X+gYZ =f∇XZ+g∇YZ,
2. ∇X(Y +Z) = ∇XY +∇XZ,
3. ∇X(f Y) =f∇XY +X(f)Y,
onde X, Y Z ∈χ(Σ) e f, g∈ D(Σ).
Seja Σ uma variedade diferenci´avel com conex˜ao afim ∇ e m´etrica Riemanniana
h., .i. A conex˜ao ´e dita compat´ıvel com a m´etrica h,i se para toda curva diferenci´avel ce quaisquer pares de campos de vetores pararelos P e P′ ao longo de c, tivermos hP,P′i= constante.
Lema 1.2.1. Uma conex˜ao ∇ em uma variedade Riemanniana Σ ´e compat´ıvel com a m´etrica se e s´o se
XhY, Zi=h∇XY, Zi+hY,∇XZi, ∀X, Y, Z ∈χ(Σ).
1.2.2
Primeira e segunda forma fundamentais
Sew1, w2 ∈TpΣ, ent˜aohw1, w2ip´e o produto interno Lorentziano dew1 ew2 como vetores
do L3. A esse produto interno, que ´e uma forma bilinear e sim´etrica, corresponde uma forma quadr´aticaIp :TpΣ−→R, dada por
Ip(w) =hw, wip =|w|2≥0,
que ´e chamada deprimeira forma fundamental de Σ em p.
Como vimos anteriormente, NΣ representa um campo vetorial normal unit´ario do tipo-tempo dirigido para o futuro de Σ. Assim, a aplica¸c˜ao dNΣ
p
: TpΣ −→ TpΣ
com p ∈ Σ, ´e uma aplica¸c˜ao linear auto-adjunta. Esse resultado ´e bastante conhecido na literatura corrente e isso nos permite associar adNΣ
p
uma forma quadr´atica em TpΣ
definida porIIp(v) = −hdNΣ|p(v), vi, que ´e chamada asegunda forma fundamental de Σ
Cap´ıtulo 2
O problema variacional
´
E bastante conhecida a caracteriza¸c˜ao das superf´ıcies de curvatura m´edia cons-tante, como solu¸c˜oes de um problema variacional. Elas s˜ao pontos cr´ıticos do funcional ´area quando se consideram varia¸c˜oes que mantˆem o bordo fixo e preservam volume.
Neste cap´ıtulo, abordaremos um problema variacional um pouco diferente, que se origina na tentativa de encontrar as superf´ıcies estacion´arias imersas emL3, com bordo contido numa superf´ıcie suporte. Por´em nosso problema possui uma condi¸c˜ao menos res-tritiva no bordo. A formula¸c˜ao do problema variacional, neste caso, nos leva a considerar varia¸c˜oes de uma dada superf´ıcie impondo que, para cada parˆametro num intervalo real, a superf´ıcie correspondente tenha seu bordo (n˜ao necessariamente fixo) sobre uma su-perf´ıcie dada (susu-perf´ıcie suporte), intersectando-a sob um ˆangulo hiperb´olico constanteβ. Em virtude da condi¸c˜ao estabelecida sobre o bordo, um problema deste tipo ´e chamado deproblema de bordo livre.
Seja x:
mathbf M −→L3 uma imers˜ao suave tipo-espa¸co satisfazendo
x(intM)⊂L3 + e
x(∂M) = Γ ⊂Σ.
Umavaria¸c˜ao admiss´ıvel dex´e uma aplica¸c˜ao diferenci´avelX : (−ǫ, ǫ)×M −→ L3 tal que, para cada t∈(−ǫ, ǫ),a aplica¸c˜ao Xt:M −→L3 definida porXt(p) =X(t, p) ´e uma imers˜ao tipo-espa¸co com
Xt(intM)⊂L3+ e
Xt(∂M)⊂Σ,
Dada uma varia¸c˜ao admiss´ıvel X, a fun¸c˜ao energia E : (−ǫ, ǫ)−→ R ´e definida por
E(t) = A(t)−cosh(β)S(t),
onde β∈R ´e uma constante real arbitr´aria,
A(t) = ´area(M, Xt) =
Z
M
dAt
´e a ´area de M na m´etrica induzida por Xt e
s(t) = ´area(Ωt) =
Z
Ωt
dΣ
´e a ´area do dom´ınio em Σ limitado por Γt =Xt(∂M), denotado por Ωt⊂Σ.
Aqui dΣ denota o elemento de ´area de Σ com respeito `a m´etrica induzida e a escolha da orienta¸c˜ao, dAt denota o elemento de ´area de M com respeito `a m´etrica
induzida porXte a orienta¸c˜ao dada pelo campo vetorial normal aXt,tipo-tempo dirigido
para o futuro o qual ser´a denotado por Nt.
A fun¸c˜ao volume de uma varia¸c˜ao V : (−ǫ, ǫ)−→R´e dada por
Vt=
Z
[0,t]×M
X∗(dV),
ondedv´e o elemento canˆonico de volume doL3. Como no caso euclidiano,V(t) representa o volume limitado pelas superf´ıcies X0 = x e Xt. A varia¸c˜ao ´e dita preservar volume se
V(t) =V(0) = 0 para todo t.
Denotemos por ξ o campo variacional deX, dado por
ξ(p) = ∂X ∂t (0, p).
Ao longo da imers˜aox:
mathbf M −→ L3, decompondo ξ em suas componentes tangente e normal, temos ξ = ξT +ξN, onde ξT ∈ X(M) ´e tangente a M. MasξN =aN, ent˜ao
ξ =ξT +aN
ComohN, Ni=−1 e hξT, Ni= 0, obtemos
hξ, Ni = hξT, Ni+ahN, Ni = −a
Consequentemente,
9
Em 1976, Brill e Flahert em [BF] mostraram que as f´ormulas da primeira varia¸c˜ao da `area eram dadas por
δξA=
dA dt |t=0
=−2
Z
M
Hhξ, NidA−
I
∂Mh
ξ, νids
e
δξS =
dS dt|t=0
=−
I
∂M
hξ, νΣids,
ondeds´e o elemento de linha induzido em∂M eνΣ =NΣ∧τ ´e o vetor unit´ario conormal apontando para dentro de Ω ao longo de Γ.
Logo, a f´ormula da primeira varia¸c˜ao da energia ´e dada por
δξE =
dE dt |t=0
= −2
Z
M
Hhξ, NidA−
I
∂M
(hξ, νi −coshβhξ, νΣi)ds
= −2
Z
M
Hhξ, NidA+
I
∂M
Hhξ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)ds. (2.1)
Por outro lado, em 1993, Barbosa e Oliker em ([BO1] e [BO2]) mostraram que
δξV =
dV dt |t=0
=−
Z
Mh
ξ, NidA (2.2)
Dizemos que a imers˜ao x ´e estacion´aria se δξE = 0 para toda varia¸c˜ao adimiss´ıvel de
x que preserva volume. A seguinte caracteriza¸c˜ao de superf´ıcies estacion´arias segue das f´ormulas 2.1 e 2.2.
Proposi¸c˜ao 2.0.2. Seja Σ uma superf´ıcie suporte e seja x : M −→ L3 uma imers˜ao
suave tipo-espa¸co tal que x(intM)⊂L3
+ e x(∂M = Γ)⊂Σ´e uma curva fechada contida
emΣcujo bordo delimita um dom´ınio compacto. Ent˜aox´e estacion´aria se, e somente se, a curvatura m´edia H ´e constante ex(M) intersecta a superf´ıcie suporte Σsob um ˆangulo hiperb´olico constante β, ao longo de Γ, dado por coshβ =−hN, NΣi.
Se x:M −→L3 ´e estacion´aria, ent˜ao {τ, ν, N} e {τ, νΣ,N
Σ} s˜ao dois triedros ao
longo deΓ que satisfazem as rela¸c˜oes
ν= coshβνΣ−sinhβNΣ (2.3)
e
N =−sinhβνΣ+ coshβNΣ
Prova. SeH ´e constante e coshβ =−hN, NΣi,ent˜ao,
δξE =
dE dt |t=0
= −2
Z
M
Hhξ, NidA−
I
∂M
(hξ, νi −coshβhξ, νΣi)ds
= −2H
Z
Mh
ξ, NidA+
I
∂Mh
ξ, νΣ(−hN, NΣi+hN, NΣi)ds
= −2H
Z
M
Tome uma varia¸c˜ao admiss´ıvel que preserva volume, ou seja,V(t) =V(0) = 0 para todo t, o que nos diz que
δξV =
dV dt |t=0
= 0.
Por outro lado sabemos queδξV =
dV dt |t=0
=−R
Mhξ, NidA. Assim,
Z
M
hξ, NidA= 0,
e finalmente chegamos a δξE = 0 para toda varia¸c˜ao admiss´ıvel que preserva volume.
Provaremos a primeira implica¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 2.0.2 em duas estapas. Primeiro vamos mostrar queH =cteem M,e para isso assumiremos o seguinte resultado.
Lema 2.0.3. Seja f :M −→R uma fun¸c˜ao diferenci´avel por partes tal que R
Mf dM = 0 e f∂M ≡ 0. Ent˜ao existe uma varia¸c˜ao admiss´ıvel que preserva volume cujo campo
variacional ´e dado por ξ=f N.
A prova deste Lema ´e essencialmente a mesma que a do Lema 2.4 em [BdC]. Vamos ent˜ao construir uma fun¸c˜ao f : M −→ R que cumpra as condi¸c˜oes do lema acima. Seja H0 = A1
R
M HdM.
Assuma que (H−H0)(p)6= 0 num pontop ∈intM. Podemos portanto assumir que (H−H0)(p)>0.
Tome M+ ={q∈intM; (H−H0)(q)>0)}, M−={q∈intM; (H−H0)(q)<0}, e observe queM+ 6=∅e M−6=∅.
De fato, por hip´otese (H−H0)(p)>0 e ent˜ao p∈M+. Como
Z
M
(H−H0)dM =
Z
M
HdM −H0
Z
M
dM
= H0A−H0A
= 0,
ou seja,H−H0 possui m´edia nula, ent˜ao existe q∈intM tal que (H−H0)(q)<0, logo q∈M−.
Sejam ϕ, ψ : M −→ R fun¸c˜oes reais n˜ao-negativas, diferenci´aveis por partes, satisfazendo
p∈suppϕ ⊂M+, e
q∈suppψ ⊂M−
11
Podemos tamb´em assumir que
Z
M
(ϕ+ψ)(H−H0)dM = 0. (2.4) De fato, por continuidade existem vizinhan¸cas Vp de p e Vq de q tais que Vp ⊂ suppϕ e
Vq ⊂suppψ,logo
Z
M
(ϕ+ψ)(H−H0)dM =
Z
Vp
ϕ(H−H0)dM +
Z
Vq
ψ(H−H0)dM
Por outro lado ϕ(H−H0)>0 em Vp eψ(H−H0)<0 em Vq, logo
Z
Vp
ϕ(H−H0)dM >0 e
Z
Vq
ψ(H−H0)dM <0.
Multiplicando uma das fun¸c˜oes ϕ ou ψ por uma constante apropriada, obtemos novas fun¸c˜oes, denotadas ainda porϕ e ψ, satisfazendo (2.4), ou seja,
Z
M
(ϕ+ψ)(H−H0)dM = 0.
Sejaf = (ϕ+ψ)(H−H0).Ent˜aof = 0 em∂M eR
Mf dM = 0.Pelo Lema 2.0.3,
existe uma varia¸c˜ao que preserva volume cujo campo variacional ´eξ =f N, ou seja,
hξ, Ni = hf N, Ni = fhN, Ni
= f
Em particular, ξ∂M ≡0.
Como x´e estacion´aria, ent˜ao
0 = −2
Z
M
Hhξ, NidM +
I
∂Mh
ξ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)ds.
Masξ∂M ≡0.logo
0 =−2
Z
M
Hhξ, NidM =−2
Z
M
f HdM.
Note que R
Mf(H−H0)dM =
R
Mf HdM. De fato,
Z
M
f(H−H0)dM =
Z
M
f HdM +H0
portanto,
0 =−2
Z
M
f HdM =−2
Z
M
f(H−H0)dM =−2
Z
M
(ϕ+ψ)(H−H0)2dM >0, o que nos fornece uma contradi¸c˜ao. Logo,H =H0 =cte.
A segunda etapa consiste em mostrar que coshβ = −hN, NΣi. Para isso, assu-mimos tamb´em o seguinte resultado que na sua essencia ´e muito similar ao Lema 2.0.3 utilizado na primeira etapa.
Lema 2.0.4. Dados p∈∂M e f :Vp −→R ondeVp ´e uma vizinhan¸ca de pem M,ent˜ao existe uma varia¸c˜ao admiss´ıvel que preserva volume tal que
ξ(p) = f νΣ(p) ∀p∈Vp.
Dado p ∈ ∂M, suponha que (coshβ +hN, NΣi)(p) > 0. Assim por continuidade, temos (coshβ+hN, NΣi)(q)>0,para todoqnuma vizinhan¸caVpdepem∂M.Sejag :∂M −→R
tal que
g(p)>0,
g(q)≥0 ∀q∈∂M,
e
suppg ⊂Vp.
Pelo lema acima, existe uma varia¸c˜ao Xt que preserva volume tal que
ξ(p) = ∂X
∂t (0, p) =g(p)νΣ(p) ∀p∈Vp. Comox ´e estacion´aria, ent˜ao
0 =−2H
Z
M
hξ, NidM +
I
∂M
hξ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)ds. MasR
Mf dM = 0, poisXt preserva volume, logo
0 =
I
∂M
hξ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)ds.
Como ξ(p) = g(p)νΣ(p) para todo p ∈Vp ⊂ ∂M, hνΣ, νΣi = 1 e (coshβ+hN, NΣi) >0, ent˜ao
0 =
I
Vp
g(p)hνΣ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)>0,
o que nos d´a uma contradi¸c˜ao. Logo
(coshβ+hN, NΣi)(p) = 0. Masp´e arbitr´ario, assim
coshβ =−hN, NΣi, ∀p∈∂M
Cap´ıtulo 3
Superf´ıcies Estacion´
arias com bordo
livre plano ou hiperb´
olico
Neste cap´ıtulo consideramos o caso onde a superf´ıcie suporte ´e um plano tipo-espa¸co ou um plano hiperb´olico. Nosso objetivo ´e mostrar os seguintes resultados de unicidade.
Teorema 3.0.5. As ´unicas superf´ıcies estacion´arias imersas emL3 com superf´ıcie suporte
plana s˜ao os discos planos, com H = 0, e as calotas hiperb´olicas, com H 6= 0.
Teorema 3.0.6. As ´unicas superf´ıcies estacion´arias imersas emL3 com superf´ıcie suporte
hiperb´olica s˜ao os discos planos, com H= 0 e as calotas hiperb´olicas, com H 6= 0.
Antes de iniciarmos a demonstra¸c˜ao do Teorema 3.0.5, precisaremos de uma pro-posi¸c˜ao, algumas afirma¸c˜oes e um lema. O primeiro aux´ılio na prova do Teorema 3.0.5 ´e mostrar que a superf´ıcie ´e topologicamente um disco. Isso ´e consequˆencia do seguinte fato.
Lema 3.0.7. Seja x : M → L3 um imers˜ao tipo-espa¸co compacta tal que x(∂M) = Γ
´e uma curva fechada contida no plano tipo-espa¸co Σ o qual delimita com seu bordo um dom´ınio Ω. Ent˜ao a proje¸c˜ao ortogonal de M sobre o plano Σ´e um difeomorfismo entre
M e Ω. Em particular, M ´e difeomorfa a um disco.
Prova. Podemos assumir, sem perda de generalidade, que o plano tipo-espa¸co Σ = E2 passando pela origem ´e dado porE2 =a⊥, para um vetor a unit´ario tipo-tempo dirigido para o futuro. Seja ˜x:M −→Σ a proje¸c˜ao ortogonal deM sobre o plano Σ e denotaremos tamb´em por ˜x sua restri¸c˜ao ao interior deM, x˜:int(M)−→Σ.
Afirma¸c˜ao 1: x˜ : int(M) −→ Σ ´e um difeomorfismo local e, portanto, ´e uma aplica¸c˜ao aberta.
Prova da Afirma¸c˜ao 1. Tomemos sem perda de generalidade, E2 = {x
3 = 0}, ou seja, ˜
x(x1, x2, x3) = (x1, x2,0), logo d˜xp(v) = d˜xp(v1, v2, v3) = (v1, v2,0), para qualquer v = (v1, v2, v3).
Por outro lado, |d˜xpv|2 = |v|2 = v12 +v22 −v32. Como M ´e uma superf´ıcie tipo-espa¸co e v ∈ Tpint(M), se v 6= 0 ent˜ao |v|2 > 0, logo temos que |d˜xpv| > 0 e portanto
d˜xpv 6= 0.E assim chegamos que d˜xp ´e injetiva, logo pelo Teorema da Aplica¸c˜ao Inversa,
˜
x´e um difeomorfismo local e portanto uma aplica¸c˜ao aberta. Isto mostra aAfirma¸c˜ao 1. Nosso objetivo agora ´e mostrar que ˜x(int(M)) = Ω e, a partir da´ı, que ˜x ´e um difeomorfismo local. Primeiro veremos que ∂ x(int(M˜ ))
= ∂x(M˜ ) ⊂ Γ, que ser´a consequˆencia das duas afirma¸c˜oes abaixo.
Afirma¸c˜ao 2: x˜´e sobrejetiva.
Prova da Afirma¸c˜ao 2. De fato, como M ´e aberto em M e ˜x ´e uma aplica¸c˜ao aberta ent˜ao ˜x(M) e aberto em Ω. Por outro lado M ´e compacta, ent˜ao ˜x(M) ´e compacta, em particular fechado, e assim ˜x(M) ´e aberto e fechado em Ω,e como Ω ´e conexo, conclu´ımos que ˜x(M) = Ω. Portanto, ˜x´e sobrejetiva. Isto mostra a Afirma¸c˜ao 2.
Afirma¸c˜ao 3: Seq∈∂(˜x(M)),ent˜ao existe p∈∂M tal que ˜x(p) = q.
Prova da Afirma¸c˜ao 3. De acordo com a Afirma¸c˜ao 2, existe p ∈ M tal que ˜x(p) = q. Sep ∈int(M), ent˜ao existe uma vizinhan¸ca aberta Up de p ∈int(M) e uma vizinhan¸ca
aberta de Vq de q ∈ x(int(M˜ )) tais que ˜x : Up −→ Vq ´e um difeomorfismo. Isto implica
que q ∈ x(int(M˜ )), que ´e uma contradi¸c˜ao com o fato que q ´e um ponto do bordo de ˜
x(M). Isto mostra a Afirma¸c˜ao 3.
Decorre ent˜ao das Afirma¸c˜oes 2 e 3 que ∂x(int(M˜ ))⊂Γ.
Se existir um ponto em ˜x(int(M)) que n˜ao est´a em Ω,j´a que ˜x(int(M)) ´e limitado, existiriam pontos em ∂x(int(M˜ )) fora de Ω, o que n˜ao ´e poss´ıvel. Analogamente, se existirem pontos em Ω que n˜ao est˜ao em ˜x(int(M)), existiriam pontos em ∂x(int(M˜ )) dentro de Ω,o que novamente seria imposs´ıvel. Concluimos ent˜ao que Ω = ˜x(int(M)).
Consequentemente, ˜x :M −→ Ω ´e um difeomorfismo local, e a compacidade de M implica que ˜x ´e uma aplica¸c˜ao de recobrimento. J´a que Ω ´e simplesmente conexo, ˜x tem que ser um difeomorfismo global, o que demostra o Lema 3.0.7.
Vamos agora `a demostra¸c˜ao do Teorema 3.0.5.
Prova. Seja z =x+iy=reiθ a coordenada usual em C. Sabemos que a m´etrica em M
´e um m´ultiplo da m´etrica em R2, ou seja, ´e dada pela express˜ao ds2 =eρ|dz|2,
para uma fun¸c˜ao suaveρ=ρ(z).
Afirma¸c˜ao 4: A segunda forma fundamental da imers˜ao ´e dada por
II =Re{φdz2+Heρdzdz}. onde
15
Prova da Afirma¸c˜ao 4. De acordo com o Lema 3.0.7, sabemos queM ´e topologicamente um disco. Podemos ent˜ao parametrizar M por um disco unit´ario fechado D no plano complexo.
Sejaz =x+iy=reiθ a coordenada usual emC.Como E >0, podemos
conside-rar, sem perda de generalidade,E =eρ para uma fun¸c˜ao ρ:C−→R.
Seja w=aXx+bXy ent˜ao,
Π(w) = −hdN(w),(w)i
= −hdN(aXx+bXy), aXx+bXyi
= −haNx+bNy, aXx+bXyi
= −[a2hNx, Xxi+b2hNy, Xyi+ab(hNx, Xyi+hNy, Xxi)].
Sabemos que
hNx, Xxi=−e,
hNy, Xyi=−g
e
hNx, Xyi=hNy, Xxi=−f.
Da´ı,
Π(w) =a2e+ 2abf +b2g.
Por outro lado, utilizando que X ´e isot´ermica, ou seja, E = G e F = 0, temos que
I(w) = hw, wi
= haXx+bXy, aXx+bXyi
= a2E+b2E = (a2+b2)E. Portanto
I(w) =E|dz|2 =E(dx2+dy2), logo
Π(w) = edx2+ 2f dxdy+gdy2. Comoz =x+iy, temos
dz =dx+idy, dz =dx−idy
e
Podemos ent˜ao escrever
φdz2+HEdzdz =
e−g 2 −if
dx2−dy2+ 2idxdy
+HE(dx2+dy2).
MasH = e+g
2E e K =
eg−f2 E2 , logo φdz2+HEdzdz =
e−g 2 −if
dx2−dy2+ 2idxdy
+e+g 2 dx
2 +dy2
=
e−g 2 +
e+g 2
dx2+
e+g 2 −
e−g 2
dy2−2f dxdy+i(A) = edx2+gdy2+ 2f dxdy+i(A),
onde A ´e uma fun¸c˜ao real. Dessa forma,
Re φdz2+HEdzdz=edx2+ 2f dxdy+gdy2. e assim
Π =Re φdz2+Heρdzdz. o que prova aAfirma¸c˜ao 4.
A express˜ao Q=φdz2 define uma diferencial quadr´atica invariante emM, que ´e chamada de Diferencial de Hopf.
Afirma¸c˜ao 5: A norma intr´ınseca deQ ´e dada por
|Q|2 = 2e−2ρ|φ|2 = 2(H2−K)≥0. (3.1)
Prova da Afirma¸c˜ao 5. Mostremos inicialmente que |Q|2 = 2e−2ρ|φ|2.
De fato, |Q|2 =|φ|2|dz2|2 e
|dz2|2 = |dx2−dy2 + 2idxdy|2 = (dx2−dy2)2+ (2dxdy)2
= (dx2)2−2dx2dy2+ (dy2)2+ 4dx2dy2 = (dx2)2+ 2dx2dy2+ (dy2)2
= (dx2+dy2)2. (3.2)
Sabemos que
I =ds2 =E|dz|2,
onde |dz|2 =dx2+dy2 e, aplicando a um vetor v = (a, b) temos
17
Assim,
ds2(v) = E|dz|2(v) =E(a2+b2).
Por outro lado,|Q|2 =|Qv1|2+|Qv2|2, onde{v1, v2} ´e uma base ortonormal de TpΣ.
Considere v1 = √1
E(a1, b1) e v2 = 1
√
E(a2, b2), com a 2
1 +b21 = a22 +b22 = 1 e
hv1, v2i= 0. Assim,
ds2(v1) = E
a21 E +
b21 E
= 1
e
ds2(v2) =E
a22 E +
b22 E
= 1.
Da´ı
|Q|2 = |Qv1|2+|Qv2|2
= |φdz2(v1)|2+|φdz2(v2)|2 = |φ|2 |dz2(v1)|2+|dz2(v2)|2
,
por (3.2) temos que
|dz2(v1)|2 = (dx2(v1) +dy2(v1))2 =
a21 E +
b21 E 2 = 1 E(a 2 1+b21)
2
= 1 E2. Do mesmo modo, |dz2(v2)|2 =
1 E2, logo
|Q|2 =|φ|2 2
E2 = 2E −2
|φ|2 = 2e−2ρ|φ|2. (3.3) que ´e a primeira igualdade em (3.1).
Vamos mostrar agora que |Q|2 = 2(H2−K)≥0. De fato, Como φ= e−g
2 −if, temos que
|φ|2 = e
2 −2eg+g2
4 +f
2
= e
2 −2eg+g2+ 4f2
4 ,
ou seja,
usando (3.3) e (3.4), temos,
H2 −K =
e+g 2E
2
+ f 2−eg
E2 = e
2+ 2eg+g2 4E2 +
4f2−4eg 4E2 = e
2−2eg+g2+ 4f2 4E2
= |φ| 2 E2 = e−2ρ|φ|2 = |Q|
2 2 . que ´e a segunda igualdade em (3.1).
Verifica-se facilmente que, se k1 e k2 s˜ao as curvaturas principais da imers˜ao x, ent˜ao
H2−K = (k1−k2)2,
logoH2−K ≥0 e a igualdade ocorre exatamente nos pontos umb´ılicos. E isto conclui a prova da Afirma¸c˜ao 5.
Afirma¸c˜ao 6: ∂φ
∂z =E ∂H
∂z .
Prova da Afirma¸c˜ao 6. Sabemos, de acordo com [dC2], que as equa¸c˜oes de Mainardi-Codazzi s˜ao dadas por
fy −gx =−ExH (3.5)
e
ey−fx =EyH, (3.6)
as quais podem ser reescritas como
e−g 2
x
+fy =EHx (3.7)
e
e−g 2
y
−fx =−EHy. (3.8)
De fato, como x ´e isot´ermica temos
H = e+g 2E =
1
2(e+g) 1 E, que derivando com rela¸c˜ao ax d´a origem a
Hx =
1 2
(ex+gx)
1
E −(e+g) 1 E2Ex
19
Note que H E =
e+g 2E2 , logo
Hx =
ex+gx
2E
−
e+g 2E2
Ex
e assim
EHx =
ex+gx
2
−ExH.
Por (3.5) temos que
EHx =
ex+gx
2 +fy−gx = ex−gx
2 +fy =
e−g 2
x
+fy,
e isso mostra a equa¸c˜ao (3.7).
Derivando agora a fun¸c˜ao H com rela¸c˜ao a y temos
Hy =
1 2
(ey +gy)
1
E −(e+g) 1 E2Ey
.
Lembrando que H E =
e+g
2E2 , ficamos com Hy =
ey+gy
2E
−
e+g 2E2
Ey,
e assim
EHy =
ey+gy
2 −EyH. Por (3.6), temos que
EHy =
ey +gy
2 −ey+fx = −ey+gy
2 +fx
= −
"
e−g 2
y
−fx
#
,
e isso mostra a equa¸c˜ao (3.8). Sabemos que
∂z =
1
2(∂x−i∂y) e
∂z =
1
Assim, ficamos com ∂φ ∂z = 1 2 ∂φ ∂u +i
∂φ ∂v = 1 2 (
e−g 2
x
−ifx+i
"
e−g 2
y
−ify
#)
= 1 2
(
e−g 2
x
−ifx+i
e−g 2
y
+fy
)
= 1 2
(
e−g 2
x
+fy +i
"
e−g 2
y
−fx
#)
e assim teremos que
∂φ ∂z =
1
2(EHx−iEHy) = E
1
2(Hx−iHy)
= E∂H ∂z ,
e isto mostra a Afirma¸c˜ao 6.
Decorre da Afirma¸c˜ao 6, que comoH =cte ent˜ao φ ´e holomorfa.
De acordo com o Lema 3.0.7, M ´e topologicamente um disco. Assim no bordo de M, temos quer=|z|= 1 e ∂z =
1
2(∂x−i∂y). Sabemos que
z =x+iy=reiθ,
onde
r=|z|=px2 +y2 e
θ = arctany x
.
Por outro lado,
∂x =
∂r ∂x∂r+
∂θ ∂x∂θ
e
∂y =
∂r ∂y∂r+
∂θ ∂y∂θ. Como
∂r ∂x =
1
21
∂r ∂y =
1
2px2+y22y= y r, ∂θ ∂x = 1
1 + y 2 x2 −y x2
= −y r2 , e ∂θ ∂y = 1
1 + y 2 x2 1 x = x r2,
para r= 1 ficamos com
∂r ∂x =x,
∂r ∂y =y, ∂θ
∂x =−y, e
∂θ ∂y =x. Portanto,
∂z =
1
2(∂x−i∂y) = 1
2[x∂r−y∂θ−i(y∂r+x∂θ)] = 1
2[(x−iy)∂r+ (−y−ix)∂θ].
Por outro lado, sabemos que
x−iy=z
e
−y−ix=−iz.
Note tamb´em que
z =e−iθ
e
iz =e
−i θ+π 2
!
.
∂z =
1
2(∂x−i∂y)
= 1 2
e−iθ∂r−e
−i θ+π 2 ! ∂θ = 1
2(z∂r−iz∂θ).
Afirma¸c˜ao 7: φ= 2Π(∂z, ∂z).
prova da Afirma¸c˜ao 7. Como Π ´e bilinear e sim´etrica, ent˜ao
2Π[1
2(∂x−i∂y), 1
2(∂x−i∂y)] = 2 1 2 1
2Π(∂x−i∂y, ∂x−i∂y) = 1
2[Π(∂x, ∂x) + Π(∂x,−i∂y) + Π(−i∂y, ∂x) + Π(−i∂y,−i∂y)] = 1
2[Π(∂x, ∂x)−iΠ(∂x, ∂y)−iΠ(∂y, ∂x) + (−i) 2Π(∂
y, ∂y)]
= 1
2[Π(∂x, ∂x)−Π(∂y, ∂y)−2iΠ(∂x, ∂y)]
Como Π(∂x, ∂x) = e, Π(∂y, ∂y) = g e Π(∂x, ∂y) =f, temos que
2Π(∂z, ∂z) =
1
2[e−g−2if] = e−g
2 −if =φ.
o que mostra aAfirma¸c˜ao 7.
Sabemos tamb´em que ∂z =
1
2(z∂r−iz∂θ), logo
φ = 2Π(∂z, ∂z) = 2Π[
1
2(z∂r−iz∂θ), 1
2(z∂r−iz∂θ)] = 21
2 1
2Π(z∂r−iz∂θ, z∂r−iz∂θ) = 1
2[Π(z∂r, z∂r) + Π(z∂r,−iz∂θ) + Π(−iz∂θ, z∂r) + Π(−iz∂θ,−iz∂θ)] = 1
2[z 2Π(∂
r, ∂r)−iz2Π(∂r, ∂θ)−iz2Π(∂θ, ∂r) + (−i)2z2Π(∂θ, ∂θ)].
Para|z|= 1, temos que z2z2 =|z|4 = 1, assim ficamos com
z2φ = 1
2[Π(∂r, ∂r)−2iΠ(∂r, ∂θ)−Π(∂θ, ∂θ)], e finalmente temos que
Im(z2φ) = −Π(∂r, ∂θ).
Por outro lado, o vetor tangente unit´ario τ e o conormal unit´ario ν apontando para dentro ao longo de∂M s˜ao dados por
τ = ∂θ
23
e
ν = −∂r
|∂r|
.
Sabemos que ds2 =eρ|dz|2, x =rcosθ e y =rsinθ. Assim, para r = 1, ficamos com
dx= cosθdr−sinθdθ
e
dy= sinθdr+ cosθdθ.
Portanto, |dz|2 =dx2+dy2 =dr2+dθ2,logo ds2 =eρ(dr2+dθ2),o que nos leva a
|∂r|2 =ds2(∂r) = eρ e |∂θ|2 =ds2(∂θ) = eρ,
ou seja,
|∂r|=e
ρ 2
e
|∂θ|=e
ρ 2,
e assim teremos τ =e−ρ
2 ∂θ eν =−e
−ρ
2 ∂r.
Mas comoIm(z2φ) =−Π(∂
r, ∂θ), ent˜ao
Im(z2φ) = −Π(e−ρ
2 τ,−e− ρ 2 ν)
= −e−2ρ(−e
−ρ
2 )Π(τ, ν)
= eρΠ(τ, ν).
De acordo com a Proposi¸c˜ao 2.0.2 e sabendo que NΣ =a, temos que, ao longo de Γ,
ν = coshβνΣ−asinhβ
e
N =−sinhβνΣ+acoshβ.
Assim, lembrando que
Π(v) =−hdN(v), vi
temos
Π(τ, ν) = −h∇0
τN, νi=h∇0τν, Ni
= h∇0τ(coshβνΣ−asinhβ), Ni
= h∇0
τ(coshβνΣ), Ni − h∇0τ(asinhβ), Ni
= coshβh∇0τνΣ, Ni −sinhβh∇0τa, Ni
= coshβh∇0τνΣ,(−sinhβνΣ+acoshβ)i −sinhβh∇0τa,(−sinhβνΣ+acoshβ)i
= coshβ[−sinhβh∇0τνΣ, νΣi+ coshβh∇0τνΣ, ai] +
Desse modo, obtemos
Π(τ, ν) = −coshβsinhβh∇0τνΣ, νΣi+ cosh2h∇0τνΣ, ai+ sinh2βh∇0τa, νΣi+
− coshβsinhβh∇0τa, ai. (3.9)
Lembramos que
• NΣ=a´e um campo vetorial unit´ario tipo-tempo, normal a Σ dirigido para o futuro;
• νΣ =NΣ∧τ ´e um vetor conormal unit´ario apontando para dentro de Ω ao longo da curva Γ.
Mas a conex˜ao ∇0 ´e compat´ıvel com a m´etrica, ou seja, XhY, Zi=h∇0
XY, Zi+hY,∇0XZi
onde X, Y, Z ∈ X(M).
Se fizermos Y =Z, teremos que h∇0
XZ, Zi=
X
2 hZ, Zi e fazendo Z =νΣ, X =τ, teremos
h∇0
τνΣ, νΣi= τ
2hνΣ, νΣi, e assim a equa¸c˜ao (3.9) fica
Π(τ, ν) =−coshβsinhβτ
2hνΣ, νΣi−cosh 2β
hνΣ,∇0τai+sinh
2βτ
2ha, νΣi−coshβsinhβ τ 2ha, ai.
Mas sabemos que
τhνΣ, νΣi=τha, ai= 0,
ha, νΣi= 0,
e
hνΣ,∇0τai= 0, logo
Π(τ, ν) = 0
Em outras palavras a fun¸c˜ao harmˆonica Im(z2φ) se anula em ∂D, e portanto de acordo com o princ´ıpio do m´aximo ter´a que ser identicamente nula em D, o que implica que a fun¸c˜ao holomorfa Ψ =z2φ, tem que ser constante em D. Observe que essa constante s´o pode ser zero, pois Ψ(0) =z2φ
z=0 = 0, ou seja, Ψ ≡ 0, da´ız
2φ ≡ 0. Mas z ∈ D− {0} ent˜ao φ(z) = 0 em De assim φ≡0.Assim e−2g −if = 0, o que nos leva a,e=g ef = 0, ou seja, a imers˜ao ´e totalmente umb´ılica.
25
Figura 3.1.
Vamos agora ao segundo resultado de unicidade deste trabalho.
Teorema 3.0.6. As ´unicas superf´ıcies estacion´arias imersas em L3 com superf´ıcie
su-porte hiperb´olica s˜ao os discos planos,com H = 0 e as calotas hiperb´olicas, com H6= 0.
Prova. Podemos assumir, sem perda de generalidade, que a superf´ıcie suporte ´e o plano hiperb´olico Σ =H2 definido por
H2 ={x∈L3 :hx, xi=−1, x3 ≥1>0} e orientado porNΣ(x) = x,onde
L3
+ ={x∈L3 :hx, xi ≤ −1, x3 ≥1>0}.
Como na prova do Teorema 3.0.5, o primeiro aux´ılio ´e ver que a superf´ıcie ´e topologicamente um disco. Seja x : M −→ L3 ´e uma imers˜ao compacta tipo-espa¸co tal quex(M)⊂L3
+ e x(∂M) = Γ ´e uma curva contida emH2 cujo bordo ´e um dom´ınio Ω. J´a que x(M)⊂L3
+ podemos projetar ortogonalmente a imers˜ao sobre H2 e con-siderar a aplica¸c˜ao ˜x: int(M)−→H2 dada por
˜
x(p) = 1
|x(p)|x(p)
para todop∈int(M), onde |x(p)|=p−hx(p), x(p)i ≥1.
hx(p),˜ x(p)˜ i = h x(p)
|x(p)|, x(p)
|x(p)|i
= 1
|x(p)|2hx(p), x(p)i = hx(p), x(p)i
−hx(p), x(p)i = −1.
Afirma¸c˜ao 8: x˜satisfaz
dx˜= 1
|x|
dx+hdx, xi
|x|2 x
Prova da Afirma¸c˜ao 8: Seja α : (−ǫ, ǫ) −→int(M) uma curva suave tal que α(0) = p e α′(0) =v. Ent˜ao
˜
x(α(t)) = x(α(t))
|x(α(t))|
= p x(α(t))
−hx(α(t)), x(α(t))i
= (−hx(α(t)), x(α(t))i)−1
2 x(α(t)).
Dessa forma,
d˜x
dt = (
−1
2 )(−hx(α(t)), x(α(t))i)
−3
2 [−2hdx(α(t))α′(t), x(α(t))i]x(α(t))
+ p 1
−hx(α(t)), x(α(t))idx(α(t))α ′(t)
= hdx(α(t))α
′(t), x(α(t))ix(α(t))
p
(−hx(α(t)), x(α(t))i)3 +
dx(α(t))α′(t)
p
−hx(α(t)), x(α(t))i.
Assim, avaliando d˜x em t= 0,temos que
d˜x dt
t=0 =
hdx(p)v, x(p)ix(p)
p
(−hx(p), x(p)i)3 +
dx(p)v
p
−hx(p), x(p)i
Portanto
dx˜= 1
|x|
dx+hdx, xi
|x|2 x
,
e isso mostra a Afirma¸c˜ao 8.
Decorre da Afirma¸c˜ao 8, que ˜x∗(h,i H2) ≥
1
27
´e um difeomorfismo. Em particular, M ´e um disco topol´ogico. Uma vez que sabemos que M ´e um disco topol´ogico, podemos parametriz´a-lo por um disco unit´ario fechado D e proceder como na prova do Teorema 3.0.5, e assim obter
Im(z2φ) =eρΠ(τ, ν).
No caso atual, NΣ(x) =x e, usando (2.3), teremos que, ao longo de Γ,
Π(τ, ν) = −h∇0
τN, νi
= coshβh∇0τνΣ, Ni −sinhβhτ, Ni. Recorde que {τ, ν, N}´e um triedro ortonormal, logo hτ, Ni= 0, e assim,
Π(τ, ν) = coshβh∇0τνΣ, Ni
= −coshβsinhβh∇τνΣ, νΣi+ cosh2βh∇τνΣ, xi = −coshβsinhβ1
2(hνΣ, νΣi)−cosh
2βhνΣ, τi = 0.
Concluimos ent˜ao a prova do Teorema 3.0.6, do mesmo modo como provamos o Teorema
3.0.5.
Algumas considera¸
c˜
oes sobre o caso
n-dimensional
Neste c´apitulo discutiremos um pouco a respeito do problema abordado nesta disserta¸c˜ao, mas no caso n-dimensional. O objetivo aqui ser´a conjecturar os teoremas principais do presente trabalho em dimens˜ao n.
Vejamos ent˜ao algumas considera¸c˜oes sobre o caso geral de hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co de dimens˜ao n, no espa¸co de Minkowski Ln+1 de dimens˜ao n+ 1.
Podemos come¸car com o problema variacional, que nos cap´ıtulos 2 e 3 deste trabalho foi discutido no caso de dimens˜ao 2. E claro que podemos facilmente estender´ o problema para o caso geral,ou seja, dimens˜aon, com pequenas modifica¸c˜oes, conforme exposto a seguir.
Denote por Σn uma hipersuperf´ıcie tipo-espa¸co conexa imersa emLn+1 orientada por NΣ, e assuma que Σn divide Ln+1 em duas componentes conexas. Denotaremos por Ln++1 a componente conexa para a qualNΣ est´a apontando.
Sejax:Mn −→Ln+1 uma imers˜ao tipo-espa¸co suave de uma variedade compacta Mn de dimens˜aon, com bordo n˜ao vazio∂M, orientada por N e tal que
x(int(M))⊂Ln+1 + e
x(∂M) = Γn−1 ⊂Σn.
´e uma variedade fechada de dimens˜ao n−1 contida em Σn cujo bordo ´e um dom´ınio
compacto Ω⊂Σn,
Podemos ent˜ao considerar uma varia¸c˜ao admiss´ıvel Xt, dex, t∈(−ǫ, ǫ) e definir
um correspondente funcional energiaE : (−ǫ, ǫ)−→R por
E(t) =A(t)−coshβS(t),
29
O funcional volume da varia¸c˜ao ´e dado por
V(t) =
Z
[0,t]×M
X∗(dV),
onde dV ´e agora o elemento canˆonico de volume de dimens˜ao n+ 1 de Ln+1. A primeira varia¸c˜ao do funcional energia ´e agora dada por
δξE =−n
Z
M
Hhξ, NidA+
I
∂Mh
ξ, νΣi(coshβ+hN, NΣi)ds,
onde dA e ds denotam, respectivamente, o elemento de ´area de dimens˜ao n de Mn e o
elemento de ´area de dimens˜aon−1 de ∂M, ξ´e a varia¸c˜ao do campo de vetores e νΣ ´e o vetor conormal unit´ario apontando para dentro de Ω⊂Σn ao longo de Γn−1.
Para a primeira varia¸c˜ao de volume, teremos
δξV =−
Z
Mh
ξ, NidA
Isso implica que δξE = 0 para toda varia¸c˜ao admiss´ıvel de x que preserva volume, se e
somente se, a curvatura m´ediaH dex´e constante e coshβ =−hN, NΣiao longo de Γn−1. Portanto, para dimens˜ao n as imers˜oes estacion´arias deste problema variacio-nal podem ser caracterizadas como as hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co, com curvatura m´edia constante emLn+1, que intersectam Σn sob um ˆangulo hiperb´olico constante.
Al´ıas e Pastor [1998], generalizaram para o caso de dimens˜ao n e previram o resultado de unicidade para superf´ıcies tipo-espa¸co com curvatura m´edia constante em L3 com bordo circular fixo, obtido juntamente com L´opez em [ALP] exatamente um ano antes de [AP1].
Recentemente eles provaram que as ´unicas hipersuperf´ıcies tipo-espa¸co compactas imersas emLn+1,com curvatura m´edia constanteHe limitada por uma esfera de dimens˜ao n−1 s˜ao as bolas hiperplanares com (H = 0) e as calotas hiperb´olicas com (H 6= 0).
Essa prova foi consequˆencia de duas f´ormulas integrais a f´ormula do fluxo e a
desigualdade integral. A vers˜ao de dimens˜ao 2 dessas f´ormulas pode ser encontrada em [AP1], usando essencialmente o fato de a superf´ıcie carregar uma estrutura complexa e o bordo ∂M ser uma curva.
Para os resultados encontrados aqui neste trabalho, seria desej´avel estendˆe-los ao caso de dimens˜ao n, ou pelo menos ao caso de dimens˜ao 3, que naturalmente seria de grande interesse do ponto de vista f´ısico.
Pode-se enunciar as duas conjecturas seguintes
Conjectura 1.Assuma que a hipersuperf´ıcie suporte Σn seja um hiperplano tipo-espa¸co. Ent˜ao as ´unicas hipersuperf´ıcies estacion´arias imersas em Ln+1 s˜ao as bolas
Conjectura 2. Assuma que a hipersuperf´ıcie suporte Σn ´e o espa¸co hiperb´olico de dimens˜ao n. Ent˜ao as ´unicas hipersuperf´ıcies estacion´arias imersas em Ln+1 s˜ao as
bolas hiperplanares, com H = 0, e as calotas hiperb´olicas, com H 6= 0.
Entretanto, a t´ecnica usado por n´os para provar a vers˜ao bidimensional somente tem resultado para n = 2, j´a que fazemos o uso essencial da estrutura complexa da superf´ıcie como superf´ıcie de Riemann. Uma outra pergunta interessante a ser considerada seria a respeito da estabilidade do problema variacional no caso geral.
Referˆ
encias
[ALP] Al´ıas, L. J.; L´opez, R.; Pastor, J. A. Compact Spacelike Surfaces with Constant Mean Curvature in the Lorentz-Minkowisk 3-space,Tˆohoku Math. J., v. 50, p. 491-501, 1998.
[AP1] Al´ıas, L. J.; Pastor, J. A. Constant Mean Curvature Spacelike Hypersurfaces with Spherical Boundary in the Lorentz-Minkowski space,J. Geom. Phys., v.28, p. 85-93, 1998.
[AP2] Al´ıas, L. J.; Pastor, J. A. Spacelike surfaces of constant mean curvature with free boundary in the Minkowski space.Class. Quantum Grav., v. 16, p. 1323-1331, 1999.
[BdC] Barbosa, J. L.; do Carmo, M. P. Stability of Hypersurfaces with Constant Mean Curvature, Math. Z., v. 185, p. 339-353, 1984.
[BO1] Barbosa, J. L.; Oliker, V. Spacelike Hypersurfaces with Constant Mean Curvature in Lorentz space,Mat. Contemp., v. 4, 27-44, 1993b.
[BO2] Barbosa, J. L.; Oliker, V. Stable Spacelike Hypersurfaces with constant mean Cur-vature in Lorentz Space,Geometry and Global Analysis (Sendai), Tˆohoku University, p. 161-164, 1993a.
[BF] Brill, D.; Flaherty, F. Isolated Maximal Surfaces in Spacetime, Com-mun.Math.Phys., v. 50, 157-165, 1976.
[dC1] do Carmo, M. P. Geometria Riemanniana. Rio de Janeiro: IMPA, 1988. (Projeto Euclides).
[dC2] do Carmo, M. P.Geometria Diferencial de Curvas e Superf´ıcies. Rio de Janeiro: SBM, 2005. (Textos Universit´arios).
[F] Finn, R. Equilibrium Capillary Surfaces. New York: Springer, 1986.
[KN] Kobayashi, S.; Nomizu K. Foundations of Differential Geometry, v. 2, New York: Interscience, 1969.
[P] Palmer, B. Spacelike Constant mean Curvature Surfaces Pseudo-Riemannian Space Forms, Ann. Global Anal.Geom., v. 8, 217-226, 1990.
[RS] Ros, A.;Souam R. On Stability of surfaces in a ball,Pacific J.Math, v.178, 345-361, 1997.