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A criança com asma: estudo de perfis de adaptação psicológica e de algumas variáveis preditivas

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO. A CRIANÇA COM ASMA Estudo de perfis de adaptação psicológica e de algumas variáveis preditivas. Dissertação apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto para provas de Doutoramento em Psicologia, sob orientação da Professora Doutora Marina Prista Guerra e co-orientação da Professora Doutora Marina Serra de Lemos.. Lígia Maria Monteiro Lima. PORTO - 2005.

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(3) Agradecimentos. Se esta investigação chegou a bom termo foi, em grande medida, fruto do apoio e disponibilidade de muitas pessoas, às quais gostava de expressar aqui o meu sincero agradecimento: À Profª Doutora Marina Prista Guerra, minha orientadora, gostaria de agradecer a confiança que tem depositado em mim ao longo dos anos e por me ter incentivado e e sempre apoiado, nos vários desafios encontrados na realização deste trabalho. A sua forma muita humanista de me acompanhar neste estudo, teve um papel fundamental no meu crescimento profissional e pessoal. À Profª Doutora Marina Serra de Lemos, minha co-orientadora, pela sua confiança, valiosas sugestões e pela sua grande capacidade de incrementar a minha motivação ao longo deste trabalho. À equipa médica que tornou possível a concretização do estudo empírico queria expressar o meu agradecimento pela colaboração inestimável, particularmente ao Dr. Lopes do Santos, ao Dr. Cidrais Rodrigues, à Drª Ana Maria Aguiar e ao Prof. Doutor Alberto Hespanhol. À Drª. Filipa Vieira agradeço a ajuda na realização das entrevistas às crianças com asma e suas famílias e às Professoras Doutoras Carla Martins e Manuela Oliveira, o apoio dado relativamente a aspectos de organização e metodologia. Aos meus colegas e amigos que colaboraram nos estudos de adaptação de alguns instrumentos, quero deixar um grande obrigado, nomeadamente à Gorete, à Leonor, à Rosa Maria e às colegas do Gabinete de Psicologia do Colégio Nª Sª do Rosário. Em especial à Filomena, pela revisão cuidadosa do texto e pela sua grande amizade, tão importante nos momentos mais difíceis. Às muitas crianças e suas famílias que participaram nesta investigação fico grata pela sua disponibilidade e abertura para dividir as suas vidas..

(4) À Olga, à Cândida e à Graça e todos os outros colegas da ESEnf quero agradecer o companheirismo e o apoio prestado. Uma palavra especial ao Zé Luís, pelo tempo generosamente cedido para a formatação final e arranjo gráfico desta tese. Aos meus muitos amigos que pacientemente compreenderam as minhas ausências, quero agradecer por sempre terem acreditado no sucesso deste projecto. De uma forma muito especial, queria agradecer aos meus pais e ao Jorge, por serem o meu porto de abrigo e por tudo terem feito para me apoiar na realização deste trabalho. Finalmente, queria dedicar esta tese ao Francisco e agradecer-lhe pela sua inesgotável alegria que, ao longo dos últimos dois anos, constituiu a minha maior fonte de inspiração.. Porto, Março de 2004.

(5) Resumo Este estudo tem como principal objectivo contribuir para a compreensão do impacte da asma na adaptação da criança. Procurou-se caracterizar sob um ponto de vista psicológico as crianças com asma e suas famílias, compreender que factores estão associados à adaptação das crianças que vivem com este tipo de doença e identificar encontrar diferentes perfis de adaptação. Efectuámos estudos preliminares para a adaptação de três instrumentos destinados a avaliar o temperamento, o coping e a qualidade de vida das crianças. Nestes estudos foram utilizadas amostras de crianças a frequentar diferentes instituições de ensino público e particular. A amostra principal deste estudo constou de 89 crianças, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos anos e com um diagnóstico médico de asma do tipo intermitente, persistente ligeira e moderada. Parte do processo de recolha de dados ocorreu em instituições de saúde, com a criança e a sua mãe presente, tendo ainda sido feita uma recolha de dados junto dos professores das crianças, através do envio de dois instrumentos pelo correio. Relativamente à criança. avaliaram-se. dimensões. do. temperamento,. inteligência,. auto-estima,. estratégias de coping, bem como a quantidades de situações de stress vividas no ano anterior ao estudo. Quanto à família foram avaliados o tipo de agregado familiar, o humor da mãe e o número de alterações e interferências causadas pela asma nas rotinas familiares. Como indicadores de adaptação foram seleccionadas três variáveis, ou seja, a presença de sintomas de ansiedade/depressão, habilidades sociais e qualidade de vida percebida pela criança. Os resultados encontrados demonstraram que as crianças com asma apresentam dois perfis distintos de adaptação psicológica. O perfil que demonstrou uma maior adaptabilidade era constituído por crianças que basicamente não apresentavam diferenças das crianças saudáveis, à excepção do coping. Concluímos que este resultado poderá ser reflexo de um ganho na vivência da asma que se reflecte numa maior sofistificação na utilização das estratégias de coping ou uma menor problematização dos problemas enfrentados pela criança. O estudo também demonstrou que as dimensões de temperamento (de reactividade negativa e de persistência na tarefa), a eficácia percebida do coping e a auto-estima constituem factores preditores da adaptação psicológica da criança com asma..

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(7) Abstract This study aims at the comprehension of the impact of pediatric asthma on children’s psychological adaptation. The main objectives were the characterization of children with asthma and their families, the identification of factors associated with the children´s psychological adaptation and the investigation of the existence of different profiles in terms of adaptation. Preliminary studies were undertaken in order to adapt three instruments aimed a assessing the. temperament, coping and quality of life. For these studies different. samples of schoolaged children were used. The main sample of this study consisted of 89 children, from both sexes and aged betwen 8 and 12 y.o. All had physician diagnosed asthma, with severity ranging from intermittent to moderate-persistent. Participants were assessed during an interview conducted in the hospital or health center, and their teachers were also invited to participate in the study by completing two questionnaires sent by mail. The child’s characteristics assessed were temperament dimensions, inteligence, self-esteem, coping strategies and stressfull life-events that occured during the year before the study. In relation to the family, the variables assessed were: type of family and the mother’s humor and number of interferences in the families routines due to asthma. As indicators of adaptation, three variables were choosen: symptoms of anxiety/depression, social habilities and generic quality of life. The results revealed the existence of two distinct profiles in terms of adaptation and showed that children who belonged to the profile exhibiting the better adaptation were similar to healthy children in most variables, with the exception of coping strategies. We concluded that this last result was the expression of a positive aspect of having asthma, as it may reveal a better use of coping or a more positive approach of these children to their daily problems. The results also demonstrated that two dimensions of temperament (negative reactivity and task persistence), as well as coping perceived efficacy and self-esteem, were significant predictors of psychological adaptation of children with asthma..

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(9) Résumé L’objectif principal de cette étude consiste à contribuer à la compréhension de l’impact de l’asthme dans l’adaptation de l’enfant. On a essayé de caractériser d’un point de vue psychologique les enfants avec asthme e leur familles, de comprendre quels sont les facteurs associés à l’adaptation des enfants qui vivent avec cette maladie et d’identifier différents profils d’adaptation. On a mené deux études préliminaires en vue de l’adaptation de trois instruments destinés à l’évaluation du tempérament, coping et qualité de vie des enfants, dans lesquels. ont. participé. des. enfants. qui. fréquentaient. différentes. institutions. d’enseignement publique et privé. L’ échantillon principal était constitué de 89 enfants des deux sexes, d’âges compris entre 8 et 12 ans, sélectionnés en fonction du diagnostique médicale d’asthme de type intermittent, persistent léger ou modéré. Une partie du processus de recueil des donnés a eu lieu en institutions de santé, avec l’enfant et sa mère, et l’autre en milieu scolaire, auprès des professeurs, qu’ont reçu les instruments par courrier. En ce qui concerne les enfants, on a évalué les dimensions du tempérament, de l’intelligence, de l’estime de soi, de stratégies de coping et du nombre de situations de stress vécues pendant l’année précédente. Pour la famille, on a fait l’évaluation du type de groupe familial, l’humeur de la mère et les altérations et interférences provoquées par l’asthme dans les routines familiales. Trois variables ont été sélectionnées comme indicateurs d’adaptation: la présence de symptômes d’anxiété et dépression, les compétences sociales et la qualité de vie telle que perçue par l’enfant. Les résultats de l’étude montrent que les enfants asthmatiques présentent deux profils d’adaptation psychologique différents, celui d’une plus grande adaptabilité correspondant aux enfants qui ne présentaient pas de différences par rapport aux enfants sains, à l’exception du coping. On peut conclure que ce résultat découle peut-être d’un profit du vécu de l’asthme, ceci étant visible dans une plus grande sophistication concernant l’utilisation des stratégies de coping ou dans une problématisation moins importante des difficultés auxquelles l’enfant doit faire face. L’étude a démontré aussi que les dimensions du tempérament de réactivité négative et de persistance dans la tache, l’efficacité du coping telle qu’elle est perçue et l’estime de soi sont des facteurs qui prédisent l’adaptation psychologique de l’enfant asthmatique..

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(11) ÍNDICE. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 PARTE I - REVISÃO TEÓRICA Capítulo 1 - O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica....... 9 1.1 - Objecto de estudo e história da psicologia pediátrica .......................................... 11 1.2 - A doença crónica na infância ............................................................................... 19 1.2.1 - Implicações psicossociais da doença crónica na infância ......................... 22 1.2.2 - A adaptação psicológica à doença crónica na infância ............................. 25 1.2.2.1 - A adaptação expressa na qualidade de vida ........................................ 29 1.2.2.2 - Variáveis associadas à adaptação psicossocial à doença crónica ....... 32 1.2.2.2.1 - Características da doença ....................................................... 33 1.2.2.2.2 - Características da criança ....................................................... 36 1.2.2.2.3 - Variáveis sócio-ecológicas ...................................................... 41 1.2.3 - Modelos explicativos da adaptação psicossocial à doença crónica na infância ............................................................................................... 45 1.2.3.1 - O modelo de Lipowski ........................................................................... 48 1.2.3.2 - O modelo integrado............................................................................... 49 1.2.3.3 - A teoria da crise aplicada à situação de doença física ......................... 52 1.2.3.4 - O modelo transacional de Stress e Coping........................................... 56 1.2.3.5 - Modelo de “Disability-Stress-Coping”.................................................... 59 1.2.3.6 - Contributos da abordagem da psicopatologia do desenvolvimento...... 63 1.3 - Breve síntese........................................................................................................ 77 Capítulo 2 - A asma infantil........................................................................................ 81 2.1 - Evolução histórica do estudo e definição da asma .............................................. 83 2.2 - Etiopatogenia........................................................................................................ 87 2.2.1 - Agentes indutores da asma. .................................................................. 87 2.2.2 - Factores predisponentes. ...................................................................... 88.

(12) 2.2.3 - Factores desencadeantes das crises de asma. ....................................... 89 2.2.3.1 - Factores alérgicos ................................................................................. 89 2.2.3.2 - Factores infecciosos ............................................................................. 92 2.2.3.3 - Factores inespecíficos .......................................................................... 92 2.2.3.4 - Factores psicológicos............................................................................ 93 2.3 - Diagnóstico........................................................................................................... 94 2.4 - Classificação ........................................................................................................ 96 2.5 - Evolução clínica e prognóstico ........................................................................... 100 2.6 - Dados epidemiológicos ...................................................................................... 103 2.6.1 - Prevalência ........................................................................................ 103 2.6.2 - Morbilidade e mortalidade ................................................................... 105 2.7 - Prevenção e tratamento ..................................................................................... 107 2.7.1 - Terapia farmacológica ........................................................................ 108 2.7.2 - Terapias não-farmacológicas............................................................... 110 2.7.2.1 - Recomendações comportamentais..................................................... 111 2.7.2.1.1 - Medidas de controlo ambiental .............................................. 111 2.7.2.1.2 - Gestão das crises ................................................................. 114 2.7.2.2 - Cinesiterapia respiratória .................................................................... 115 2.7.2.3 - Biofeedback ........................................................................................ 115 2.7.2.4 - Programas educativos ........................................................................ 116 2.7.2.5 - Programas de Self Management / Auto-gestão da asma ................... 117 2.7.3 - Adesão .............................................................................................. 122 2.8 - Breve síntese...................................................................................................... 126 Capítulo 3 - Abordagem psicológica da asma pediátrica ..................................... 129 3.1 - O impacto psicossocial da asma ........................................................................ 131 3.1.1 - Distúrbios internalizados ..................................................................... 133 3.1.2 - Distúrbios externalizados de comportamento ........................................ 135 3.1.3 - Desempenho académico..................................................................... 136 3.1.4 - Dificuldades a nível da prática de exercício físico e desporto .................. 138 3.1.5 - Auto-conceito ..................................................................................... 139 3.1.6 - Interacções da criança com os seus pares ........................................... 140 3.1.7 - Défices cognitivos e efeitos iatrógenicos da medicação ......................... 141 3.2 - Variáveis associadas ao processo de adaptação psicossocial à asma pediátrica .... 144.

(13) 3.2.1 - Variáveis relacionadas com a doença .................................................. 145 3.2.1.1 - Idade em que o diagnóstico da asma foi realizado ............................. 146 3.2.1.2 - Gravidade da doença.......................................................................... 147 3.2.2 - Variáveis da criança ........................................................................... 150 3.2.2.1 - Género ................................................................................................ 150 3.2.2.2 - Temperamento .................................................................................... 151 3.2.2.3 - Inteligência .......................................................................................... 152 3.2.2.4 - Auto-conceito ...................................................................................... 153 3.2.2.5 - Coping................................................................................................. 154 3.2.2.6 - Stress e ansiedade ............................................................................. 155 3.2.2.7 - Competências sociais ......................................................................... 156 3.2.2.8 - Conhecimentos e atitudes acerca da asma ........................................ 157 3.2.3 - Variáveis familiares ............................................................................ 159 3.2.3.1 - Nível sócio-económico da família ....................................................... 159 3.2.3.2 - Funcionamento familiar ....................................................................... 160 3.2.3.3 - Cognições dos pais acerca da asma .................................................. 160 3.2.3.4 - Saúde psicológica dos pais................................................................. 161 3.3 - Modelos psicológicos de compreensão da asma............................................... 162 3.3.1 - Modelo psicodinâmico ........................................................................ 163 3.3.2 - Modelo comportamental ...................................................................... 166 3.3.3 - Modelo sistémico ............................................................................... 168 3.3.4 - Modelos empíricos de compreensão da asma pediátrica ....................... 170 3.3.4.1 - Esquema de Vásquez e Buceta (1996)............................................... 171 3.3.4.2 - Modelo transacional da asma pediátrica de Creer, Stein, Rappaport e Lewis ............................................................................................ 173 3.3.4.3 - Modelo de resiliência de Vinson ......................................................... 174 3.4 - Estratégias de intervenção psicológica na asma pediátrica............................... 178 3.4.1 - Técnicas comportamentais .................................................................. 179 3.4.1.1 - Técnicas de relaxamento .................................................................... 179 3.4.1.2 - Dessensibilização sistemática (Ds)..................................................... 181 3.4.1.3 - Métodos operantes ............................................................................. 182 3.4.2 - Técnicas cognitivo-comportamentais .................................................... 183 3.4.3 - Terapias familiares ............................................................................. 184 3.5 - Breve síntese...................................................................................................... 186.

(14) PARTE II - TRABALHO EMPÍRICO Capítulo 4 - Objectivos e método............................................................................ 191 4.1 - Enquadramento conceptual e objectivos deste estudo ...................................... 193 4.2 - Operacionalização das variáveis em estudo ...................................................... 203 4.2.1 - Variáveis ou atributos internos da criança ............................................. 203 4.2.1.1 - Temperamento .................................................................................... 203 4.2.1.2 - Inteligência .......................................................................................... 204 4.2.1.3 - Auto-estima global .............................................................................. 204 4.2.1.4 - Estratégias de coping.......................................................................... 205 4.2.1.5 - Situações de stress vividas no último ano .......................................... 206 4.2.2 - Variáveis relacionadas com a família:................................................... 206 4.2.2.1 - Tipo de agregado familiar (intacto ou não).......................................... 206 4.2.2.2 - Humor /energia da mãe ...................................................................... 207 4.2.2.3 - Alterações e interferências da asma na vida familiar.......................... 207 4.2.3 - Variáveis indicadoras de adaptação psicossocial à doença .................... 208 4.2.3.1 - Sintomas de depressão/ ansiedade.................................................... 208 4.2.3.2 - Índices normativos de desenvolvimento ............................................. 209 4.2.3.2.1 - Habilidades sociais da criança ............................................... 209 4.2.3.2.2 - Realização académica .......................................................... 210 4.2.3.3 - Qualidade de vida geral da criança..................................................... 210 4.3 - Desenho da investigação ................................................................................... 212 4.3.1 - Análise centrada nas variáveis ............................................................ 212 4.3.1.1 - Tipo descritivo ..................................................................................... 212 4.3.1.2 - Tipo inferencial.................................................................................... 212 4.3.2 - Análise centrada nos sujeitos .............................................................. 213 4.4 - Amostra .............................................................................................................. 213 4.4.1 - Selecção da amostra .......................................................................... 213 4.4.2 - Caracterização sócio-demográfica da amostra ...................................... 216 4.4.2.1 - Idade ................................................................................................... 216 4.4.2.2 - Sexo .................................................................................................... 216 4.4.2.3 - Ano de escolaridade ........................................................................... 217 4.4.2.4 - Nível sócio-económico da família da criança ...................................... 217 4.4.2.5 - Quem acompanhava a criança à consulta .......................................... 219 4.4.2.6 - Instituição de saúde onde a criança estava a ser tratada ................... 219.

(15) 4.4.3 - Caracterização clínica da amostra ....................................................... 220 4.4.3.1 - Índice de gravidade da asma .............................................................. 220 4.4.3.2 - Idade da criança quando foi feito o diagnóstico da doença ................ 220 4.5 - Procedimento para a recolha de dados.............................................................. 221 4.6 - Instrumentos de avaliação.................................................................................. 223 4.6.1 - Questionário (Guião da entrevista) ....................................................... 224 4.6.2 - O School-Age Temperament Inventory (SATI) ...................................... 224 4.6.3 - Teste das matrizes progressivas coloridas de Raven (M.P.C.R.) .................. 227 4.6.4 - Sub-escala de avaliação da auto-estima global ..................................... 228 4.6.5 - Schoolagers Coping Strategies Inventory (SCSI)................................... 229 4.6.6 - Escala para a avaliação de ansiedade/depressão na criança ................. 233 4.6.7 - A escala de habilidades sociais ........................................................... 235 4.6.8 - A escala da realização académica ....................................................... 237 4.6.9 - Pediatric Quality Of Life Inventory 4.0 – (PedsQL) ................................. 238 4.7 - Metodologia de análise de dados- análises estatísticas .................................... 241 Capítulo 5 - Estudo e adaptação de instrumentos ................................................ 245 5.1 - O inventário de qualidade de vida – PedsQL ..................................................... 248 5.1.1 - Elaboração da versão portuguesa ........................................................ 248 5.1.2 - Estudo das características psicométricas da PedsQL ............................ 249 5.1.2.1 - Participantes ....................................................................................... 249 5.1.2.2 - Análise dos dados ............................................................................... 250 5.1.2.3 - Análise de constructo.......................................................................... 250 5.1.2.4 - Fidedignidade...................................................................................... 253 5.1.2.5 - Validade por correlação item-escala ................................................... 254 5.1.3 - Estudo da qualidade de vida na infância e pré-adolescência .................. 255 5.1.3.1 - Estudo da influência da idade e género .............................................. 256 5.1.4 - Apreciação crítica da versão portuguesa do PedsQL ............................. 259 5.2 - O Schoolagers’ Coping Strategies Inventory- SCSI ........................................... 262 5.2.1 - Elaboração da versão portuguesa ........................................................ 262 5.2.2 - Estudo das características psicométricas da SCSI ................................ 263 5.2.2.1 - Participantes ....................................................................................... 263 5.2.2.2 - Análise dos dados ............................................................................... 264 5.2.2.2.1 - Análise de constructo............................................................ 265.

(16) 5.2.2.2.2 - Fiabilidade ........................................................................... 269 5.2.3 - Características do coping na infância e pré-adolescência....................... 271 5.2.3.1 - Estudo do desenvolvimento do coping................................................ 272 5.2.3.2 - Diferenças entre sexos ....................................................................... 274 5.2.3.3 - Análise das estratégias mais comuns ................................................. 274 5.2.4 - Comentários à versão portuguesa do Schoolagers’ Coping Strategies Inventory - SCSI ................................................................................ 275 5.3 - School-Age Temperament Inventory (SATI) ...................................................... 279 5.3.1 - Elaboração da versão portuguesa ........................................................ 279 5.3.2 - Estudo das características psicométricas da SATI ................................. 279 5.3.2.1 - Participantes ....................................................................................... 279 5.3.2.2 - Análise dos dados ............................................................................... 281 5.3.2.2.1 - Análise de constructo............................................................ 281 5.3.2.2.2 - Fidelidade ............................................................................ 283 5.3.3 - Estudo do temperamento .................................................................... 285 5.3.3.1 - Influência da idade e do sexo ............................................................. 285 5.3.4 - A versão portuguesa do School-Age Temperament Inventory (SATI) Comentários ...................................................................................... 286 Capítulo 6 - Apresentação de resultados do estudo da adaptação psicológica das crianças com asma ...................................................................... 291 6.1 - Caracterização das crianças com asma e suas famílias segundo as variáveis em estudo .......................................................................................... 295 6.1.1 - Caracterização das crianças com asma ............................................... 295 6.1.1.1 - Temperamento .................................................................................... 295 6.1.1.2 - Inteligência .......................................................................................... 296 6.1.1.3 - Auto-estima global .............................................................................. 297 6.1.1.4 - Estratégias de coping.......................................................................... 297 6.1.1.5 - Situações stressantes vividas durante o último ano ........................... 299 6.1.2 - Caracterização da amostra relativamente a variàveis familiares ................... 301 6.1.2.1 - Tipo de agregado familiar ................................................................... 301 6.1.2.2 - Alterações e interferências na vida familiar causadas pela asma....... 301 6.1.2.3 - Humor/ boa disposição mãe ............................................................... 303 6.1.3 - Caracterização das crianças relativamente aos indicadores de adaptação..... 303 6.1.3.1 - Ansiedade / depressão ....................................................................... 303.

(17) 6.1.3.2 - Habilidades sociais ............................................................................. 304 6.1.3.3 - Realização académica ........................................................................ 305 6.1.3.4 - Qualidade de vida ............................................................................... 306 6.2 - Estudo correlacional das variáveis relativas à criança, família e gravidade da asma e os indicadores de adaptação psicológica ........................................ 307 6.2.1 - Indicadores de adaptação psicológica .................................................. 307 6.2.2 - Indicadores de adaptação psicológica e características da criança. .................. 309 6.2.3 - Indicadores de adaptação psicológica e características da família da criança. .. 311 6.2.4 - Indicadores de adaptação psicológica e grau de gravidade da asma .................. 313 6.3 - Variáveis preditivas da adaptação psicológica da criança com asma................ 315 6.3.1 - Análise de regressão múltipla usando como variável dependente a nota na escala de ansiedade/depressão. ............................................. 321 6.3.2 - Análise de regressão múltipla usando como variável dependente a nota na escala de habilidades sociais .................................................. 322 6.3.3 - Análise de regressão múltipla usando como variável dependente a nota na escala de qualidade de vida geral ............................................ 323 6.4 - Estudo de perfis de adaptação psicossocial à asma ligeira e moderada........... 324 6.5 - Estudo descritivo de grupos de crianças da amostra obtidos pelo cruzamento das variáveis grau de gravidade da asma e cluster de pertença .. 331 6.6 - Estudo comparativo com amostras saudáveis ................................................... 336 6.6.1 - Temperamento................................................................................... 338 6.6.2 - Estratégias de coping ......................................................................... 340 6.6.3 - Qualidade de vida geral ...................................................................... 343 Capítulo 7 - Discussão dos resultados do estudo da adaptação psicológica das crianças com asma ...................................................................... 345 7.1 - Caracterização das crianças com asma............................................................. 347 7.2 - Caracterização das famílias das crianças com asma ........................................ 353 7.3 - Caracterização das crianças com asma relativamente aos indicadores de adaptação.......................................................................................................... 355 7.4 - Indicadores de adaptação psicológica e variáveis relativas à criança e sua família................................................................................................................ 359 7.5 - Indicadores de adaptação psicológica e grau de gravidade da asma................ 365 7.6 - Adaptação psicológica das crianças com asma: estudo de regressão .............. 367.

(18) 7.7 - Estudo de perfis de adaptação psicológica das crianças com asma ligeira e moderada .......................................................................................................... 376 7.8 - Estudo descritivo de grupos de crianças da amostra obtidos pelo cruzamento das variáveis grau de gravidade da asma e cluster de pertença .......................... 382 7.9 - Estudo comparativo com amostras saudáveis ................................................... 384 CONCLUSÃO............................................................................................................. 391 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 403 ANEXOS..................................................................................................................... 443 Anexo I -. Consentimento informado. Anexo II -. Questionário (guião de entrevista à mãe/ principal cuidador). Anexo III -. Versão portuguesa do School-Age Temperament Inventory (SATI). Anexo IV -. Folha de respostas do teste das matrizes progressivas coloridas de Raven (M.P.C.R.). Anexo V -. Sub-escala de avaliação da auto-estima global. Anexo VI -. Versão portuguesa do Schoolagers’ Coping Strategies Inventory (SCSI). Anexo VII - Escala para a avaliação de ansiedade/depressão na criança Anexo VIII - A escala de habilidades sociais – versão portuguesa do Social Skills Rating System Anexo IX -. A escala da realização académica - – versão portuguesa do Social Skills Rating System. Anexo X -. Versão portuguesa do Pediatric Quality Of Life Inventory 4.0 ([PedsQL). Anexo XI -. Dendograma da análise de clusters realizada com o método hierárquico. Anexo XII - Quadro de aglomeração da análise de clusters realizada com método hierárquico.

(19) ÍNDICE DE QUADROS Quadro 2.1 -. Classificação da Gravidade da Asma (G.I.N.A, 1997) ...................................... 98. Quadro 4.1 -. Distribuição da amostra em função da idade .................................................. 216. Quadro 4.2 -. Distribuição da amostra em função do sexo ................................................... 216. Quadro 4.3 -. Distribuição da amostra em função do ano de escolaridade .......................... 217. Quadro 4.4 -. Classificação do nível sócio-economico da criança em função da profissão do pai ............................................................................................... 218. Quadro 4.5 -. Distribuição da amostra em função do nível sócio-económico do pai ............ 218. Quadro 4.6 -. Distribuição da amostra em função de quem acompanha a criança à consulta e responde ao inquérito – cuidador .................................................. 219. Quadro 4.7 -. Distribuição da amostra em função da Instituição de saúde onde a criança está a ser tratada ................................................................................ 220. Quadro 4.8 -. Distribuição da amostra em função da gravidade da asma da criança .......... 220. Quadro 4.9 -. Distribuição da amostra em função da idade da criança no momento em que foi realizado o diagnóstico da asma ......................................................... 221. Quadro 4.10 - Instrumentos e variáveis em estudo................................................................ 223 Quadro 4.11 - Categorização e definição das estratégias de coping e indicadores .............. 232 Quadro 5.1 -. Distribuição dos sujeitos em função do sexo e da idade ................................ 250. Quadro 5.2 -. Resultados da Análise Factorial ...................................................................... 251. Quadro 5.3 -. Relação entre factores..................................................................................... 253. Quadro 5.4 -. Resultados dos coeficientes de alfa calculados para cada um dos factores e para a totalidade dos itens das escalas de frequência e eficácia........................ 254. Quadro 5.5 -. Correlações dos 20 itens com os sub-totais e resultado total da escala ........ 255. Quadro 5.6 -. Comparação dos resultados obtidos no nosso estudo e no estudo original de Varni et al., 2001............................................................................ 256. Quadro 5.7 -. Comparação dos resultados das sub-escalas/dimensões da PedsQL em função da idade ............................................................................................... 257. Quadro 5.8 -. Comparação dos resultados das sub-escalas/dimensões da PedsQL em função do género............................................................................................. 258. Quadro 5.9 -. Distribuição dos sujeitos em função do sexo e da idade ................................ 264. Quadro 5.10 - Resultados da Análise Factorial da Escala Frequência .................................. 266 Quadro 5.11 - Resultados da Análise Factorial da Escala Eficácia ....................................... 267 Quadro 5.12 - Consistência interna dos factores e das escalas de Frequência e de Eficácia.... 269 Quadro 5.13 - Correlações dos itens com os sub-totais da escala de Frequência................ 270 Quadro 5.14 - Correlações dos itens com os sub-totais da escala de Eficácia ..................... 271 Quadro 5.15 - Comparação dos resultados das dimensões da escala de Frequência da SCSI em função da idade................................................................................ 272 Quadro 5.16 - Comparação dos resultados das dimensões da escala de Eficácia da SCSI em função da idade................................................................................ 273 Quadro 5.17 - Distribuição dos sujeitos em função do sexo e da Idade ................................ 280 Quadro 5.18 - Análise factorial com rotação varimax............................................................. 282.

(20) Quadro 5.19 - Correlações dos 38 itens com os sub-totais do inventário.............................. 284 Quadro 5.20 - Resultados nas sub-escalas/dimensões da SATI por idades ......................... 285 Quadro 5.21 - Comparação dos resultados das sub-escalas/dimensões da SATI em função do género............................................................................................. 286 Quadro 6.1 -. Medidas descritivas relativas às dimensões do temperamento dos elementos da amostra (N=86) ......................................................................... 295. Quadro 6.2 -. Medidas descritivas relativas à inteligência (avaliada através do MPCR) dos elementos da amostra (N=89) em função da idade ................................. 296. Quadro 6.3 -. Medidas descritivas relativas à auto-estima dos elementos da amostra (N=89).... 297. Quadro 6.4 -. Medidas descritivas relativas às dimensões do coping - escala frequência dos elementos da amostra (N=89) .................................................................. 297. Quadro 6.5 -. Medidas descritivas relativas às dimensões do coping – escala eficácia dos elementos da amostra (N=89) .................................................................. 298. Quadro 6.6 -. Frequência dos vários tipos de situações stressantes vividos pelas crianças da amostra durante o ano anterior ao estudo................................... 300. Quadro 6.7 -. Quantidade de situações vividos pelas crianças da amostra durante o ano anterior ao estudo..................................................................................... 300. Quadro 6.8 -. Distribuição da amostra em função do tipo de agregado familiar (N=89)....... 301. Quadro 6.9 -. Frequência dos vários tipos de alterações e interferências na vida familiar causadas pela asma ........................................................................... 302. Quadro 6.10 - Quantidade de alterações e interferências causadas pela asma no funcionamento familiar..................................................................................... 302 Quadro 6.11 - Descrição do humor boa disposição das mães dos crianças da amostra (N=89)..... 303 Quadro 6.12 - Medidas descritivas relativas aos índices de ansiedade/depressão dos elementos da amostra (N=89 .......................................................................... 304 Quadro 6.13 - Medidas descritivas relativas às dimensões das habilidades sociais dos elementos da amostra (N=63) em função dos anos de escolaridade............. 304 Quadro 6.14 - Medidas descritivas relativas à realização académica dos elementos da amostra (N=64) em função dos anos de escolaridade.................................... 305 Quadro 6.15 - Medidas descritivas relativas às dimensões da qualidade de vida dos elementos da amostra (N=89) ......................................................................... 306 Quadro 6.16 - Coeficientes de correlação (produto-momento de Pearson) entre os resultados obtidos nos três “indicadores de adaptação”................................. 308 Quadro 6.17 - Coeficientes de correlação (Pearson) entre os resultados obtidos nos três indicadores de adaptação e os resultados obtidos nos instrumentos destinados a avaliar as características das crianças ...................................... 309 Quadro 6.18 - Coeficiente de correlação (Eta) entre os resultados obtidos nos três “indicadores de adaptação” e os resultados obtidos na questão destinada a avaliar o tipo de agregado familiar ............................................................... 312 Quadro 6.19 - Coeficientes de correlação (Produto-momento de Pearson) entre os resultados obtidos no indicador do humor, energia da mãe da criança e os resultados obtidos nos três indicadores de adaptação .............................. 312 Quadro 6.20 - Coeficientes de correlação (Pearson) entre os resultados obtidos na questão destinada a avaliar as alterações e interferências na vida familiar causadas pela asma e os resultados obtidos nos três “indicadores de adaptação” ............ 313 Quadro 6.21 - Coeficientes de correlação (rho de spearman) entre os resultados obtidos nos três “indicadores de adaptação” e o grau de gravidade da asma................. 314.

(21) Quadro 6.22 - Análise de regressão para predição da ansiedade/depressão utilizando o método enter.................................................................................................... 321 Quadro 6.23 - Análise de regressão para predição das habilidades sociais utilizando o método enter.................................................................................................... 322 Quadro 6.24 - Análise de regressão para predição da qualidade de vida geral utilizando o método enter................................................................................................. 323 Quadro 6.25 - Médias e desvios padrão das variáveis em estudo para cada agrupamento de análise de clusters................................................................ 326 Quadro 6.26 - Distribuição dos sujeitos nos dois perfis de acordo com as suas características sócio-demográficas ................................................................. 328 Quadro 6.27 - Comparação dos resultados nas sub-escalas de Habilidades Sociais e Realização Académica em função da pertença aos dois clusters .................. 329 Quadro 6.28 - Distribuição da amostra pelos dois clusters em função do tipo de agregado familiar da criança ........................................................................... 330 Quadro 6.29 - Comparação dos resultados relativos a situações stressantes vividas durante o último ano e às alterações e interferências na vida familiar causadas pelas asma em função da pertença aos dois clusters .................... 330 Quadro 6.30 - Comparação dos resultados relativos à boa disposição, humor da mãe em função da pertença aos dois clusters ........................................................ 330 Quadro 6.31 - Distribuição dos sujeitos nos perfis de pertença de acordo com o tipo de gravidade da asma .......................................................................................... 331 Quadro 6.32 - Comparação dos resultados obtidos pelos de grupos de sujeitos criados a partir do cruzamento das variáveis grau de gravidade da asma e cluster de pertença .......................................................................................... 333 Quadro 6.33 - Resultados do teste de comparação múltipla para detecção das diferenças entre grupos relativos aos resultados médios obtidos nas variáveis depressão/ansiedade, temperamento, estratégias de coping e qualidade de vida ... 334 Quadro 6.34 - Comparação dos resultados obtidos nos indicadores de adaptação pelo grupo de crianças com asma e o grupo de comparação ................................ 338 Quadro 6.35 - Comparação dos resultados obtidos nas dimensões do temperamento pelos grupos de crianças pertencentes aos dois clusters e ao grupo de comparação .... 339 Quadro 6.36 - Comparação dos resultados obtidos nas dimensões e resultado total das estratégias de coping (frequência e eficácia) pelos grupos de crianças pertencentes aos dois clusters e ao grupo de comparação............................ 340 Quadro 6.37 - Comparação do número de estratégias de coping utilizadas pelos grupos e crianças pertencentes aos dois clusters e ao grupo de comparação .......... 342 Quadro 6.38 - Comparação dos resultados obtidos nas sub-escalas e escala total da PedsQL pelos grupos de crianças pertencentes aos dois clusters e ao grupo de comparação...................................................................................... 343.

(22) ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1 - Modelo de adaptação da criança à doença crónica de Pless e Pinkerton (1975) (cit in Bradford, 1997) ................................................................................................... 50 Figura 1.2 - Modelo Transaccional de Stress e Coping (Thompson, Gustafson, George & Spock, 1994)........................................................................................................... 57 Figura 1.3 - Modelo “Disability Stress-Coping” de Wallander e Varni (1988;1998) ................... 61 Figura 3.1 - Relações entre Variáveis Psicológicas e Asma (Vásquez & Buceta, 1996) ........ 171 Figura 3.2 - Modelo de ResilIência da Criança com asma de Vinson (2002).......................... 175.

(23) INTRODUÇÃO.

(24)

(25) Introdução. A asma pediátrica constitui um risco em termos de adaptação e desenvolvimento psicológicos (Creer & Bender, 1995; McQuaid, Kopel & Nassau, 2001; Thompson & Gustafson, 1996). Trata-se de uma doença crónica muito frequente em Portugal e nos países industrializados em geral, com tendência de crescimento na sua incidência e prevalência (Comissão de Coordenação do Programa Asma, 2001; Pereira, 1998). A asma é a doença crónica mais comum na infância e possui um impacto psicossocial amplamente documentado quer a nível da criança, quer da sua família e outros grupos de pertença (World Health Organization, 2000), justificando-se assim, a pertinência desta investigação. Este estudo tem como objectivo principal contribuir para a compreensão do impacte da asma na adaptação psicológica das crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos de idade, procurando para tal: caracterizar estas crianças enquanto grupo que vive sob uma condição especial, ou seja, com uma doença crónica que é a asma; identificar variáveis que influenciam a adaptação psicológica destas crianças, e verificar a existência de diferentes estilos de adaptação nas crianças com asma. O trabalho organiza-e em torno de duas partes, uma de revisão teórica e de investigação e uma outra dedicada à descrição do trabalho empírico, cada uma delas constituída por vários capítulos, num total de sete. Numa primeira parte apresentaremos uma revisão bibliográfica em que serão explicitados conceitos, referências teóricas e resultados de investigação empírica, que funcionaram como suporte à presente investigação. No primeiro capítulo e para fazermos um enquadramento teórico mais geral deste trabalho, procurámos contextualizar o estudo da problemática da doença crónica na infância dentro de um ramo relativamente recente da Psicologia, que é a Psicologia Pediátrica. Será apresentada, com base na revisão da literatura, a origem e evolução do conceito de adaptação psicológica à doença crónica na infância. Serão ainda descritos os principais resultados da investigação que se tem dedicado ao estudo das variáveis associadas à adaptação das crianças com doença crónica e os modelos que, conjugando. 3.

(26) Introdução. a influência de algumas dessas variáveis, descrevem o processo de adaptação da criança com este tipo de patologia. Relativamente a este último ponto, verificámos uma tendência mais actual e crescente para estes se basearem na perspectiva desenvolvimental da psicopatologia, pelo que terminamos este capítulo fazendo uma breve referência a esta abordagem. E por que este estudo se desenvolverá na interface entre os aspectos físicos e psicológicos da asma, o segundo capítulo será dedicado a uma abordagem mais médica da asma pediátrica. Na actualidade a asma é definida como sendo uma doença das vias aéreas que apresenta como característica fundamental um estado de hiperactividade brônquica, de base constitucional ou adquirida. Manifesta-se clinicamente na criança por episódios de pieira e/ou tosse, acompanhando muita vezes por acessos de dispneia, de tipo expiatório (Queirós, 1988; National Institute of Health, 1997). Serão abordados aspectos gerais relacionados com a doença asmática, mais concretamente sobre a sua etiopatogenia, diagnóstico e classificação, evolução clínica e prognóstico e ainda, dados do tipo epidemiológico, que nos permitem compreender a dimensão da asma enquanto um dos mais importantes problemas de saúde pública das sociedades ocidentais. Neste capítulo serão ainda apresentadas as principais estratégias de prevenção e tratamento da asma, onde podemos constatar que é impossível dissociar os aspectos médicos dos aspectos psicológicos no controlo da asma. No terceiro capítulo, a abordagem da asma será já centrada nos seus aspectos psicológicos e serão apresentados dados da investigação realizada nesta área procurando-se também articular os principais conteúdos apresentados nos dois capítulos anteriores. Serão abordados os aspectos do impacto psicológico da asma pediátrica e ainda os factores que têm sido identificados como estando associados à adaptação das crianças que sofrem desta doença. Serão apresentados os principais modelos psicológicos de compreensão da asma e uma breve descrição das estratégias de intervenção psicológica mais utilizadas no controlo da doença.. 4.

(27) Introdução. A segunda parte da dissertação é consagrada ao estudo empírico. Trata-se de um estudo da adaptação psicológica de crianças com asma do tipo intermitente, ligeira e moderada em que para além de procurar compreender que factores estão associados à adaptação das crianças que vivem com este tipo de doença,. se procura identificar. encontrar diferentes perfis de adaptação e de entre estes, aquele(s) que possuem uma maior probabilidade de condicionar um desenvolvimento psicológico e social mais ajustado. Foram alvo de estudo variáveis que têm sido identificadas como estando associadas ao processo de adaptação das crianças com asma ou outra doença crónica e que, numa perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, têm sido consideradas como podendo agravar ou minimizar os efeitos esperados de se viver sob uma condição stressante (neste caso, asma). Neste. estudo,. a. adaptação. psicológica. foi. conceptualizada. de. forma. multidimensional e avaliada através de três indicadores: as habilidades sociais da criança representando um índice normativo de desenvolvimento1, a qualidade de vida geral percepcionada pela criança e a presença de sintomas de ansiedade/depressão. Para a recolha dos dados foi utilizada a metodologia dos multi-informantes, e desta forma, para além das 86 crianças que constituíram a nossa amostra foram inquiridos os seus principais cuidadores e professores ou directores de turma. No quarto capítulo apresentaremos o enquadramento conceptual do estudo e os objectivos deste estudo. Serão apresentadas as principais linhas orientadoras da investigação, que foram surgindo à medida que foi analisada a infomação decorrente da revisão teórica previamente descrita e que permitiram a formulação dos objectivos da presente investigação. Serão ainda descritos os aspectos metodológicos deste estudo, incluindo a operacionalização das variáveis em estudo, o desenho da investigação, a amostra, os instrumentos e os procedimentos utilizados para a recolha e análise dos dados.. 1. Este índice exprime o padrão de funcionalidade no domínio da competência social e serão tomados como referência os valores esperados para o grupo etário em estudo.. 5.

(28) Introdução. O quinto capítulo descreve os resultados do estudo e adaptação de três instrumentos, o School-age Temperament Inventory, o Schoolagers Coping Strategies Inventory e o Pediatric Quality of Life Inventory, os quais existiam apenas nas suas versões orginais e que julgámos serem bastante utéis não só para o presente estudo mas também à investigação em geral nas áreas da psicologia do desenvolvimento e da saúde infantil. Neste estudo foram utilizadas amostras de crianças recolhidas em meio escolar e por isso, distintas da amostra de crianças com asma que foi utilizada no estudo principal desta tese. No sexto capítulo serão apresentados os resultados do estudo da adaptação psicológica das crianças com asma baseados na recolha de uma amostra clínica. As análises conduzidas apresentam-se organizadas em seis sub-capítulos correspondentes aos seguintes aspectos: caracterização das crianças com asma em função das variáveis estudadas; estudo correlacional em que se testou a associação entre as características das crianças, das suas famílias e a gravidade da doença e os indicadores de adaptação; estudo de regressão em que se procurou identificar variáveis preditivas da adaptação da criança com asma; estudo de perfis de adaptação psicológica das crianças com asma através de uma análise de clusters; estudo descritivo de grupos de crianças da amostra obtidos pelo cruzamento das variáveis gravidade da asma e cluster de pertença; e por fim, um estudo comparativo com as amostras de crianças saudáveis recolhidas em meio escolar e que foram utilizadas para a adaptação de instrumentos. No sétimo capítulo serão discutidos os resultados obtidos, procurando confrontá- los com a teoria e investigação apresentadas na primeira parte da tese. Na parte final serão enunciadas as prinicipais conclusões deste estudo e sugeremse linhas de desenvolvimento futuro da investigação e intervenção psicológicas na asma pediátrica.. 6.

(29) PARTE I Revisão teórica.

(30)

(31) CAPÍTULO 1 O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica.

(32)

(33) O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica. 1.1 - Objecto de estudo e história da psicologia pediátrica A psicologia pediátrica é o ramo da psicologia da saúde que se dedica à investigação e intervenção psicológica na área da saúde infantil (Barros, 1997). É uma disciplina emergente e muito jovem, com cerca de 25 a 30 anos (Bearison, 1998), que surgiu da aceitação da importância das questões de ordem psicológica para a compreensão e tratamento dos problemas de saúde infantil. O reconhecimento da estreita ligação entre problemas de ordem médica e problemas de ordem psicológica, há muito tempo vinha já sendo mencionada por alguns autores. Exemplos disso são Witmer (fim do séc XIX) e Anderson, nos anos 30, que defenderam a necessidade de psicólogos e pediatras trabalharem em conjunto, no sentido de poderem melhor compreender os problemas infantis (Pires, 1998). Na actualidade continuam a existir autores que defendem que a especialidade da psicologia pediátrica foi desenvolvida por razões essencialmente práticas, uma vez que “ os praticantes da pediatria e psicologia perceberam que não podiam responder aos desafios dos problemas infantis mais críticos, apenas com base nas estruturas tradicionais da pediatria ou da psicologia clínica infantil” (Roberts, 1986a, p.2 cit in Roberts & McNeal, 1998). Historicamente, nos anos 40 e 50, autores como Bowlby, Spitz e Robertson integrados na equipa da Clínica Tavistock em Inglaterra, foram chamando a atenção para situações de separação, como no caso das hospitalizações, que estariam na origem de problemas de saúde e atrasos de desenvolvimento graves (Seagull, 2000). Mas a designação de psicologia pediátrica surgiu em 1967 e foi introduzida por Logan Wright num artigo publicado na Revista American Psychologist. Wright pretendeu descrever neste artigo o trabalho realizado pelos psicólogos nos serviços de saúde infantis não psiquiátricos, tendo produzido um texto que é consensualmente. 11.

(34) O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica. considerado como um marco na conceptualização desta área. Neste artigo, Wright traçou linhas orientadoras para a evolução da Psicologia Pediátrica defendendo que era necessário construir um corpo de conhecimento, assim como deveria ser claramente definido o papel desta disciplina emergente para além de desenvolver formação específica para os seus profissionais (Wright, 1967 cit in Roberts & McNeal, 1975). Um ano mais tarde, a Associação Americana de Psicologia Clínica reconhece oficialmente a existência desta disciplina, ao integrar a então formada Society for Pediatric Research. Actualmente a Sociedade da Psicologia Pediátrica é representada pela Divisão nº 54 da Associação Americana de Psicologia (APA). Seagull (2000), uma autora com prática clínica desde o inicio dos anos 70, fez uma resenha histórica daqueles que foram os primeiros interesses da psicologia pediátrica, destacando a luta pelos direitos da criança, entre os quais o direito de não ser separada dos seus pais ou cuidadores durante períodos de hospitalização ou na realização de procedimentos médicos dolorosos. Ainda segundo esta autora, a psicologia. pediátrica. foi. também. uma. das. principais. impulsionadoras. do. reconhecimento da existência de situações de abuso infantil e a necessidade de pediatras e psicólogos terem a responsabilidade de intervir nestes casos. Sendo uma disciplina muito recente, a psicologia pediátrica não possui ainda um corpo teórico específico claramente identificado e a sua definição é geralmente realizada através do contexto onde os psicólogos desta área trabalham – serviços de saúde infantil não psiquiátricos como centros de saúde, hospitais, centros de saúde materno-infantil, entre outros e ainda pela faixa etária da população que assiste – crianças e adolescentes (Fonseca, 1998). Uma outra forma de caracterizar a psicologia pediátrica, consiste em evidenciar os seus objectivos, que não se centram apenas na criança doente e sua família, mas que incluem também a criança saudável em risco, ou seja, sendo também do domínio da prevenção primária e secundária (Viana & Almeida, 1998).. 12.

(35) O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica. Mas a psicologia pediátrica sofreu já um grande crescimento desde a primeira conceptualização de Wright, tendo, por exemplo evoluído de uma definição baseada no campo de actuação pediátrico, para uma visão mais alargada, em que se reconhece a importância de promover a saúde da criança para além dos contextos médicos (Roberts & McNeal, 1998). Uma definição mais actual da psicologia pediátrica é nos dada por Roberts, La Greca e Harper (1988 cit in Barros, 2000, p.15), fundadores e editores do Journal Of Pediatric Psychology (a publicação oficial da Divisão 54 da APA), “a psicologia pediátrica é um campo interdisciplinar que tem como objectivo o âmbito completo das questões do desenvolvimento físico e mental, saúde e doença, que afectam as crianças, adolescentes e famílias. Inclui uma vasta gama de tópicos que exploram a relação entre o bem-estar físico e psíquico das crianças e adolescentes, incluindo: a compreensão, a avaliação e a intervenção em situações de perturbação do desenvolvimento; a avaliação e o tratamento dos problemas e dos concomitantes comportamentais e emocionais da doença; o papel da psicologia na medicina pediátrica e na promoção da saúde e do desenvolvimento; e a prevenção da doença e dos acidentes nas crianças e nos jovens”. Segundo Bearison (1998) a psicologia pediátrica faz fronteira com vários ramos da psicologia entre os quais: a psicologia educacional, clínica, social, diferencial, a psicologia do desenvolvimento, a psicologia comunitária e ambiental, assim como como outras disciplinas próximas como a pedo-psiquiatria, a pediatria, a enfermagem, serviço social, medicina familiar, saúde pública, terapia ocupacional e fisioterapia. O denominador comum de todas estas disciplinas e sub-disciplinas é a preocupação com os aspectos psicossociais dos doentes pediátricos e das suas famílias. Ainda segundo este autor, esta relação próxima com várias disciplinas e a partilha de áreas de interesse traz também alguns problemas de definição, o que se revela por exemplo, na existência de várias denominações que pretendem designar a prática da psicologia pediátrica tais como: pediatria desenvolvimental, pediatria. 13.

(36) O estudo da doença crónica no âmbito da psicologia pediátrica. comportamental, psicologia da saúde infantil (Karoly, Steffen & O’Grady, 1982), entre outras (Bearison, 1998). Outros autores porém, consideram que a psicologia pediátrica possui já limites bem diferenciados (Barros, 1997) e inclusive traçam as suas fronteiras, apontando quais as relações que esta disciplina possui com as outras afins. Relativamente à Psicologia da Saúde, é possível considerar que a psicologia pediátrica constitui um dos seus ramos ou sub-domínios (Arnal, 1998, Pires, 1998; Viana & Almeida, 1998) e existem inclusive autores que definem a psicologia pediátrica como sendo uma “psicologia geral da saúde de um grupo etário” (Viana & Almeida, 1998, p.29). É frequente os manuais de Psicologia da Saúde incluírem um capítulo dedicado às questões especificas da infância e daí que se conclua que as duas disciplinas se sobreponham em alguns domínios. No entanto, existem também diferenças entre a psicologia da saúde e a psicologia pediátrica, nomeadamente ao nível da forma como os problemas de saúde infantil são abordados. Para a psicologia da saúde, o interesse pelo estudo da saúde da criança centra-se mais na sua relevância para a compreensão da saúde do adulto (Barros, 1997), não existindo tanto a preocupação de abordar as questões que são específicas da saúde infantil, como acontece na psicologia pediátrica. Segundo Eiser e Main (1998) esta ênfase da Psicologia da Saúde no adulto em detrimento das questões mais relevantes para a criança é justificada pelas seguintes razões: o assumir-se que a saúde está mais garantida durante a infância comparativamente aos outros períodos do ciclo vital e o facto de se considerar que a informação obtida directamente da criança é pouco fiável. Relativamente ao primeiro pressuposto, a investigação tem demonstrado que a quantidade de queixas de ordem física e psicológica nas crianças é muito superior ao esperado (Dubow, Lovko & Kausch, 1990 cit in Eiser & Main, 1998) e quanto à fiabilidade da informação recolhida junto das crianças, têm vindo a ser desenvolvidas. 14.

Imagem

Figura 1.1 - Modelo de adaptação da criança à doença crónica de Pless e Pinkerton  (1975) (cit in Bradford, 1997)
Figura 1.2 - Modelo Transaccional de Stress e Coping (Thompson, Gustafson, George
Figura 1.3 - Modelo “Disability Stress-Coping” de Wallander e Varni (1988;1998)
Figura 3.1: Relações entre Variáveis Psicológicas e Asma (Vásquez & Buceta, 1996)
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Referências

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