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A História Cultural: métodos e definições

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Academic year: 2022

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AKRÓPOLIS - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR

163 Akrópolis, Umuarama, v. 14, n. 3 e 4, jul./dez. 2006

RESENHA

FALCON, F. J. Calazans. História Cultural. Uma nova visão sobre a sociedade e a cultura. Rio de Janeiro:

Editora Campus, 2002, 118p.

A História Cultural: métodos e defi nições

Diogo Roiz* Tornou-se corriqueira a afi rmação de que houve uma reviravolta nos estudos históricos, a partir dos anos de 1960, culminando numa completa reformulação das abordagens, ou seja, dos enfoques econômicos e sociais em direção à ‘Nova História Cultural’.

O novo livro de Francisco José Calazans Falcon demonstra o alcance e os limites da afi rmação acima. O texto História Cultural foi dividido em cinco capítulos, nos quais o autor analisa a historiografi a contemporânea e a problemática de seus campos de pesquisa, logo em seguida verifi ca o campo problemático da história da cultura, com vistas a pontuar as diferenças entre a História da Cultura e a História Cultural. Observa em seguida suas interações e defi ciências e, por fi m, avalia as inovações e os limites da História Cultural.

Para ele o prestígio atingido pela História Cultural é um fato bastante recente, mas enquanto campo de investigação ela é proveniente do século XIX: “novo, neste caso (...) é o processo, ainda em curso, de redefi nição dessa História e das suas relações com a História Social”. Para este, data dos anos de 1970, com o crescimento do número de pesquisas, e pelo prestígio então alcançado pela História das Mentalidades o aparecimento de

‘novos’ temas culturais, e que “passavam a ser objeto de investigação histórica, simultaneamente à divulgação de abordagens e concepções teóricas distintas da tradicional História da Cultura” (2002, p. 12).

Analisa a proximidade de desenvolvimento entre a História Cultural e a História Social, ainda que suas trajetórias sejam distintas. Houve oscilações conceituais para ambos os campos. Segundo o autor, trata- se “portanto de tentar perceber as implicações historiográfi cas dessa espécie de jogo terminológico/conceitual onde os historiadores se habituaram a referir-se a ‘o social’, ‘o econômico’, ‘o político’ e ‘o cultural’ como se cada um destes constituísse de fato uma região ou dimensão do real cujas expressões disciplinares deveriam ser, na história, a História Social, a História Econômica (...) sem que se saiba ao certo se tal compartimentação disciplinar pode/deve pressupor ou não uma defi nição de métodos, objetos e abordagens específi cos” (2002, p.

14). Essas são questões que demonstrariam, segundo o autor, certas conexões entre o social e o cultural, reveladas mais diretamente quando se verifi ca conceitos e processos como o de representação, a linguagem, ou mesmo no discurso, ou no texto.

Para ele, muito embora existam proximidades entre o social e o cultural, a “história da História tem demonstrado (...) a especifi cidade da História Cultural, ou seja, a difi culdade ou mesmo a inviabilidade de pensá- la ainda em termos dos esquemas tradicionais que legitimaram, e ainda legitimam, a maior parte das disciplinas históricas” (2002, p. 79). Indica que esta não é umas das muitas outras “disciplinas históricas especializadas e defi nidas em função das respectivas temáticas” nem é um “certo tipo de enfoque ou de abordagem” ou ainda um espaço distinto em termos hierárquicos, defi nido em termos de relações com outros espaços do ‘real’.

Por fi m, o autor observa que é um setor ainda pouco desenvolvido teórica e metodologicamente, muito embora esteja no centro das atenções “prejudicado pela divisão mais antiga e inabalável entre as disciplinas academicamente institucionalizadas” (2002, p. 103). Por outro lado, segundo ele, a noção de cultura ainda é pouco operacional, e as relações da história cultural com a antropologia caracterizariam, antes que suas defi ciências, o seu caráter pluridisciplinar.

Ao fi nal da leitura, fi ca-se instigado a se conhecer com maiores detalhes a história da história cultural, seus principais interlocutores e suas pesquisas. Todavia, convêm ressaltar que este não é um livro para principiantes.

Embora possua uma abordagem didática do tema, seja muito bem escrito e detalhado, o autor o escreveu para um público de iniciados no assunto. Quase sempre, indica um autor, mas não a obra que está comentando, e as vezes faz a indicação, mas sem referências as páginas, obrigando ao leitor antecipadamente conhecer os autores discutidos e as referências. A própria coleção só inclui as notas ao fi nal do texto, sem o complemento das referências bibliográfi cas, onde provavelmente constariam os títulos comentados, mas não indicados no texto ou nas notas.

________________________

Recebido em: 06/07/2006 Aceito em: 10/08/2006

*Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Amambai. Coodernador do curso de História. Mestre em História pela Unesp, Campus de Franca.

Referências

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