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#1. 150 — 15 de Dezembro 1920 — Anno VII. Redncçao: Rna S. Bento, 93-/1 — S. Paulo

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REVISTA DE MBIOW CIHCPLflÇflO NO ESTUDO DE 8. PAULO. Mrector-Proprlatarlo, GELASIO PIMENTA

Chronica

ATAL. — Por estes tempos òe nacio- nalismo e por estes òias 5e Dezem- bro, não seria talves õe pouco effeito que me puzesse eu a òeblatear, como quasi toòos os meus collegas plumí- tivos em taes circumstancias o fazem, contra as usanças scanòinavico-saxonicas òas ar- vores òe Natal e lenòas annexas, òas quaes for- ma na primeira fila a òe S. Nicoiau ou Papae Noêl, que eu não sei se são pessoas òistinctas como caõa uma õas òa Santissima Familia, ou se é uma única, com varia òesignaçâo. Sei que am- bos usam barbaças e distribuem, por este tempo, ás creanças bonecos e cavallinhos que carregam, num sacco, ás costas. Sei mais que ambos reve- Iam certa preòilecção pelas creanças bem vesti- òas e bem òormiòas, ás quaes abrem òe costume mais proòignamente os saccos. E não serei eu que os censure por isso, pois que em veròaòe uma creança é animalsinho que só muito bem lavaòo e ataviaòo se faz soffrivel. Nem é por essa preòilecção aliás justificável, como fi a òito, que tem com elies ogerisa o nacionalismo. Este implica-se com o Papae Noêl e com o S. Nicoiau por serem estrangeiros e nem ao menos perten- ceram á raça latina. Assim é que. moviòo pelo nacionalismo, òeveria eu òe preferencia òecantar as usanças antigas, òe quanòo as creanças òe toòas as fortunas, se reuniam, pelo Natal, em banòos que sahiam a correr os presepios, arma- òos pela ciòaòe, nos seus pontos traòicionaes.

E o chronista, recoròanòo-as, não poòe òeixar òe lembrar os seus ex ases ingênuos ante os pasto- rinhos òe massa, ante os Reis Magos, a pé ou a cavallo, quanòo não eram seis, repartiòos entre os òois systemas òe locomoção; ante as collinas feitas òe musgo secco, com seus lagos òe espe- lho, com seus cysnes e marrecos òe louça e a òemais bichai ia que era òe rigor figurar num presepio bem organ saòo, que se transformava ás vezes numa perfeita mesagerie, coino se viesse o Menino Jesus ao munòo incumbiòo òe rever e emenòar a nomenclatura òe toòas as almas vi- ventes feita outrora pelo pae Aòão no paraiso.

Mas òesses bichos toòos, onças, tigres, ma- cacos, pantheras, camellos, aguias, elephantes, coelhos, patos, avestruzes, antas, zebras, jacarés, giboias, gatos, lebres, cães, veaòos, javalis e por- cos-espinhos que toòos se achavam em meetings, nas visintianças òo Divino Estabulo — òois cha- mavam logo a attenção, pela maior familiariòaòe que òemonstravam, nas suas attituòes, com o fu- turo Salvaòor. Eram o jumento e a vacca. Em- quanto os òemais òa creação permaneciam res- peitosamente fora, aquelles òois lá estavam òen- tro òo estabulo, onòe nem á mesma estrella òe Bethlem era òaòo ingresso. De focinhns solicita- mente estenòiòos sobre o Dambino, alli estavam, òiziam os entenòiòos, por amor òe aquecer-lhe o corpinho transiòo òe frio e nú. E eu imaginava que no Seio òe Abrão, para onòe vão os bons, não poòia òeixar òe haver um lugar expressa- mente reservaòo para tão excellentes alimarias.

Mas não só òe animaes viviam os presepios.

W Havia-os armaòos com tal engenho, que certas figuras eram òotaòas Òe movimento, bolinòo e mexenòo òe per-si, caòa uma segunòo a sua es- pecie. Num, que vi em meu tempo, havia um tnojolinho que funccionava, com toòos os ff e rr como monjolo òe veròaòe, bastanòo que para tal se òeixass? cahir, numa frincha aòreòe, um cobre òe òois vinténs. Nas casas ricas, havia-os com eslraòas òe ferro, tunneis, pontes, carruagens, estalagens, bonecos òe engoniço, etc., etc., o que tuòo anòava e bolia, pela mesma virtuòe òe uma òeterminaòa moeòa, como o meu monjolinho, va- rianòo somente o metal e o cunho para o nickel òe tostãs ou òe òuzentos.

E, lorao é òe praxe, sempre que se estão a recoròar coisas, Òevo òizer que era tuío um mesmo e granòe encanto Mas não se fazia òis- tribuição òe coisa nenhuma òe extraoròinario á petisaòa, a não serem palmaòas, se na ronòa aos presepios se òemoravam pelas ruas até muito fora òe horas. E é pelo que, se eu tivesse òe tornar-me outra vez creança, òo que me guaròe Deus muito cuiòaòosamente, creio que havia òe preferir o Natal moòerno ao antigo. Ha òias, to- panòo um pequeno òe nariz espremiòo a uma vi- trina òe bazar, acuòiu-me entrevistai o sobre o assumpto. e foi por que o chamei e lhe propuz a seguinte questão:

_— Qual òestas òuas coisas prefere você: o nacionalismo ou um velocipeòe?

— Um velocipeòe! responòeu sem pestanejar.

No que mostrou possuir iòeia absoluta acerca òo valor òas coisas, pois não tinha cara òe quem soubesse o que vinha a ser a segunòa.

Quanto a òizer-se que o Natal ò hoje é festa para creanças ricas apenas, cujos paes conhecem o segreòo e têm os meios òe pôr o bom òe S.

Nicoiau em movimento, tal qual eu fazia outrora com o monjolo, isso não pega como objecção.

Porque, que é que temos nós com isso! O Natai não é a Lei, perante quem toòos são ou Òevem ser eguaes Não, senhores: toòos são òeseguaes perante uma loja òe brinqueòos. Uns vão até a locomotiva electrica, com toòos os vagoensinhos consecutivos, emquanto que outros ficam só no navio Ce folha òe Nanòres, e outros, ainòa, que- òam na boneca òe panno. E, se assim não fosse, òe que valeria ser alquem creança rica? Se Pe- òrinho fosse tão millionario quanto o é Paulito, para quem havia este òe anòar, á taròe, na sua bicycleta?

Quem faz festas ao Natal não pretenòe, Òe certo, enòireitar o munòo e faz nisso muito bem.

Porque Deus, segunòo o òictaòo, escreve òireito onòe as linhas são tortas. Dahi, se tivessem aquel- Ies a pretenção òe enòireitar o munòo, que é a pauta òaquella escriptura, òar-se-ia talvez o caso òe que, por enòireitar a linha se entortasse a escri- pta, o que reòunòaria em sacrilégio, alem òo mais.

Por causa òtssas e òe outras, viva S. Nicoiau, e Diabo leve os ranzinzas com os seus protestos!

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(5)

Expediente d' "fl

Cigarra"

III Dlrector-Proprletarto, OELRSIO PIMENTH Redacção: RCft S. BENTO, 9J-H Telcphonc No. 5169-Central

III

Correspondência - Toda corres- pondencia relativa á redacção ou administracção d' "A

Cigarra" deve ser dirigida ao seu director-proprie- tario Gelasio Pimenta, e endereçada Á rua dc S. Bento, 93~/\, S. Paulo.

Recibos - Além do director-pro- prietario, a única pessoa auetorisada a assignar recibos nesta capital, em nome d' "A

Cigarra" é o sr. Heitor Braga, do escriptorio desta revista.

Assignaturas - As pessoas que tomarem uma assignatura annual d'"A Cigarra,,, despenderão apenas 12$000, com direito a receber a re- vista até 31 de Dezembro de 1921.

Venda avulsa no interior - Ten- do perto de 400 agentes de venda avulsa no interior de S. Paulo e nos

CIS

Estados do Norte e Sul do Brasil, a administração d* "A

Cigarra,, re- solveu, para regularisar o seu servi- ço, suspender a remessa da revista a todos os que estiverem em atrazo.

Agentes de assignatura - "

A Ci- garra" avisa aos seus representantes no interior de S- Paulo e nos Esta- dos que s<5 remetterá a revista aos assignantes cujas segundas vias de recibos, destinadas á administração, vierem acompanhadas da respectiva importancia.

Collaboração - Tendo já um gran- de numero de collaboradores eflecti- vos, entre os quaes se contam al- guns dos nossos melhores prosado- res e poetas, "A

Cigarra" só publica trabalhos de outros auetores, quando solicitados pela redacção.

Succursal em Buenos Aires - No intuito de estreitar as relações intellectuaes e commerciaes entre a Republica Argentina e o Brasil e facilitar o intercâmbio entre os dois povos amigos, A Cigarra abriu e mantém uma succursal em Buenos Aires, a cargo do sr. Luiz Romero.

A Succursal d'A Cigarra lunc- ciona alli em Calle Perú, 318, onde os brasileiros e argentinos encontram um bem montado escriptorio, com excellente bibliothcca e todas as in- formações que se desejem do Brasil e especia Intente de S. Paulo.

As assignaturas annuaes para a Republica Argentina, custam 12pesos.

Representantes na França e Ingla- terra - São representantes e únicos encarregados de annuncios para A Cigarra, na França e Inglaterra, os srs. L. Mayence <S Comp., rue Trdn- chet, 9, — Pariz.

Representante nos Estados Uni- dos - Faz o nosso serviço de repre- sentação para annuncios nos Esta- dos Unidos a Caldwell Burnet Cor- poration, 101, Park Advenue, Nova

York.

Venda Avulsa no Rio - E' en- carregado do serviço de venda avul- sa $ A Cigarra, no Rio de Janeiro, o sr. Braz Lauria, estabelecido á rua Gonçalves Dias n. 78 e que laz a distribuição para os diversos pontos daquella capital.

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a Gruno photographado pdrâ "AlCigarra.,

por occasi3o~dã encantadora festa do Natal da Escola Montessori, dirigida nesta capital pela distineta educadora senhnrita Mary Buarquo e instatlada, com todos os requisitos modernos, i /Ivenida Angélica n. 24. Viem-se os atumnos daquella acreditada casa de ensino, oer- dadeiramente modelar; a directora, senhorita Mary Buarque, tendo de cada lado duas professoras; e o superintendente da Lscola, pro- fessor M. Cyridião Buarque, lente da Escola Normal de S. Paulo.

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(6)

Natal... Natal...

«Père Fouettard 6 um velho muito máo, que tem umas barbas tão leias e uns olhos tão vivos... E Papa Noel 6 tão boml Como Luluce tem medo de Père Fouettard!

Ora, naquelle inverno, as cego- nhas não vieram dos gelos tristes do Norte scismar sobre as chami- nés, com os seus grandes bicos phi- losophicos enterrados na felpa al- vissima do papo. Só os cataventos assobiavam, sobre os telhados en- velhecidos da neve, a sua musica arrepiada de metal.

E Lulcce tremia, tremia ...

Cada vez que o vento soprava mais forte, vaiando a noite e ani- mando as vidraças, Luluce corria á janella calafetada de lã, a vêr, atra- vez dos crystaes de neve, si era o Bonhomme Noel que vinha, com seu capuz de pelle de urso, seu grande alforgc ás costas e seu ga- lho de pinheiro á mão; ou si era Père Fouettard que chegava, vesgo, tropeçando nas barbas tenebrosas, com seu feixe de varas e seu riso sem dentes ...»

E o conto prosegue, com essa graça branca, melancólica a acida, das lendas do Norte. Prosegue ...

E a pobre creancinha brasileira, que o lê, não comprehende, a principio, aquellas cousas tão extranhas ao nosso clima e aos nossos costumes.

Depois, porisso mesmo, pela attrac- ção do inédito, começa a achar na poesia arida das paizagens agrestes e oxidadas da Europa, utia seduc- ção vertiginosa. E acaba despre- zando o scenario doirado de sol, que a cerca, para suspirar, anciosa e sonhadora:

— Eu quero ir lá. Quero vêr como cáe a neve, como se despem as arvores, como vôam as cegonhas, como cantam as ventoinhas aos ven- tos irresistíveis, cpmo arde o fogo nas lareiras, como sóbe para o céo de chumbo o fumo resinoso dos grossos ttfros de cedro estalando sob o caldeirão de cobre ...

Natal importado 1 Natal artificial I Que tristeza nesses galhos de pi- nho exilado, cultivados em estufa;

nesses cometas de nikel, nesses fes-

tões prateados, nesses bonecos de algodão, pendurados, como fructos exoticos e desacostumados, nos ga- lhos eriçados daquella arvore extran- geira de um verde tão morto I

Que é feito das tradições sadias e bôas que nos vieram da Penin- sula? Que 6 feito do presepe inge- nuo, com o delicioso an-ichronismo dos monjôlos c trens de ferro? Que é feito dessa suave missa do gallo,

na egreja humilde, toda enfeitada de sempre-vivas e alecrim, e abrin- do para a escuridão da meia-noite o reclangulo claro das suas janellas coloniaes de rótulas e azulejos? Que 6 feito das largas ceias patriarchaes, com cüs-ctis, anho assado, casta- nhas e vinho virgem? — Tudo na poeira do esquecimento. Tudo irre- mediavelmente condemnado, porque essas lindas e saudaveis cousas ti- nhani o defeito enorme, o crime im- perdoavel de serem nossas ...

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Lua-cheia...

Lua-nova...

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(Colljborãçào especial para 'A Cigarra)

— D

I -

No velho parque dos fala es encantamentos, passam de leve, sob o luar,

dous vultos lentos.

E a lua, no ar

da noute diaphana, perpassa, cheia de céo, cheia de luz, cheia de

graça...

E os vultos vão, cheios de graça, de mãos dadas, cheios de luz, cheios de céo,

pelas estradas...

Vão como um véo,

fluctuando, quasi... E a lua cheia

confunde as sombras dos dous vultos sobre a areia...

II —

No velho parque das

fataes melancolias, duas silhuetas outomnaes

passam, sombrias.

E a lua mais

sombria que ellas, passa, no alto, entre algas, gelos, ursos brancos e basalto.

E, engrinaldadas de tristeza e de violetas, no parque, ao luar, braços em cruz,

vão-se as silhuetas.

E a nova luz

da lua-nova, nos caminhos,

separa as sombras dos dous vultos, entre espinhos...

S. Pau/o, 16-12-920

GUILHERME DE ALMEIDA

(7)

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Arerigas e palavrorios

LUTA gente bôa tem pen- sado em regulamentar o joio; ha codigos re- gulamentares para qua- si tudo; uma lei qual- quer vem sempre acom- panhada do respectivo regulamento, como um gato pela sua cauda; a cada instante estamos ouvindo os mais pro- vectos pachecos murmurarem: «isto precisa de um novo regulamento!

regula mente-se aquillo de novol»

Ora, no meio de tantas regras e regulações, nur.ca ninguém se lem- brou de pedir a quem de direito um regulamento para os discursos.

Sabe-se que um dos maiores sa- crificios que ha na carreira dos ho- mens políticos é terem de ouvir at- tentamente as centenas de sermões de encommenda que lhes são cer- teiramente pespegados pelos engros- sadores de ambos os sexos.

Um pobre presidente de Estado, quando aprompta as malas para uma viagem qualquer, com destino á inau- guração de uma gare íerro-viaria ou de uma fabrica de phosphoros — in- questionavelmente o mais sagrado e!emento politico nacional—deve Ia- zer maior provisão de paciência que de pidgas e cúecas.

Em cada estação em que o trem especial pára, em cada logar onde s. excia. se demora alguns inslan- tes, ha de ser fatalmente victimado por uma arenga enthusiastica, cheia de palavras cantantes e humildes, prenhe de encomios laudatorios e fulminantes, eriçada de solecismos « trôpos, numa grande falta de cari- dade para com as regras em que de ha séculos se emmaranham e in- trincam os mais atemorizantes gram- maticos.

O mestre-escola da localidade, que 6 sempre um homem que gosta de deitar importani ia, encarrega-se da arenga, cercado pelo bando gar- rulo e sorridente dos seus rliscipu- los; o viva final a s. ex. 6 estento- ricamente despejado, com a maxima força de que pôde dispor uma guela tão parcamente remunerada pelos cofres públicos.

Ro sisudo professor segue-se uma senhorita, que é sempre, nos noti- ciarios, galante e gentilissima; com a sua voz primaveril, onde pipillam os primeiros passaros do amor, en tôa, sem tomar folcgo, uma homilia enluarada por laudares patrioticos, tranquillamentc escripta pelo mais romântico e gaforinhento poeta local e por ella decorada com o fervor que de ordinário só emprega nas suas orações ou nas cartas ao na- morado escolhido.

Pétalas de flôres entram em re- voada pelas janellas do wagon a dentro, como um bando de borbo- letas mortas, e alcatifam a platafor- ma do trem; num silvo de alivio, a locomotiva apita, o sino dobra apres- sadamente, e s. ex , banhado de suor e mais amedrontado que S. Sebas- tião ao receber as flechas do seu flagicio, apresta se para soffrer a outra manifestação que lhe aprompla a banda musical do logarejo pro- ximo.

No ponto terminal da sua roma ria espera-o o banquete; é então que os brindes se multiplicam asus- tadoramente, e as mais graves e gravibundas vozes psalmodiam lon- gas tiradas rhetoricas, onde o pa- triotismo flammeja omnipotente, en- chendo de vibrações sonoras o ar perfumado pelos pitéus fidalgos.

Não tendo podido comer com o socego hygienico que a sciencia me- dica lhe estatue, volta s. ex. para a séde do seu governo com uma nova dyspepsia e mais alguns cabellos brancos.

Ora, para com os presidentes de Estado, cujas vidas são tão precio- sas, urge que se tome uma salutar medida, regulamentando a durabili- dade, qualidade, intensidade e den- sidade das arengas patrioteiras.

Só temos uma devesa luminosa a seguir: imitemos a China, que no ponto particular de que trato, como em muitas coisas mais, vem dando uma demorada lição aos povos do occidente, tão imbuidos de falsos preconceitos contra ella.

No confunciano e celeste ex-im- perio, onde as leis nada tem de ce-

leste e parece provirem dos tarta- ricos abysmos, ha uma disposição que para todo o sempre assegurou o socego de todas as autoridades publicas.

M, quem faz uma saudação ao presidente, ou ao ministro, ou deita o verbo em frente á face amarella de qualquer representante do poder, tem de falar em um s<5 pé, como si fosse um chantecler em horas pen- sativas.

ft falação só dura precisamente o tempo durante o qual o orador se agüente em tão incommoda po sição . .

Alphonsus de Guimaraens

Ysmalia C§D

(Versos inéditos)

Quando' Ysmalia enlouqueceu, Pôz-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.

Mo sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu, Queria descer ao mar.

E no desvario seu

Ma torre poz-se a cantar...

Estava perto do céu, Estava longe do mar.

E como um anjo, pendeu fls azas para voar...

Queria a lua do céu, Queria a lua do mar.

Rs azas que Deus lhe deu, Ruflaram de par em par;..

Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar.

Alphonsus de Guimaraens Marianna, Dezembro de 1920

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(8)

Os olhos não têm expressão Nâo ha olhos expressi- si vos. A expressão dos olhos está realmente nas palpebras, pois ellas, de per si, e isoladamente, leem a mesma expressão, que se íossem de mármore.

Um eminente medico oculista diz:

«Observe-se, e vêr-se-ha, que tenho razão ao dizer que os olhos carecem de expres- são. Se, por um ruido, me chamarem a attenção sobre um objecto, as minhas palpe- bras superiores levantar-se- hão um pouco, porém, em na- da serão alterados os olhos.

Se continuar a surpreza cau- sada pela interrupção, levan- tal-as-hei um pouco mais, e talvez levante a pelle da tron- te, incluindo as sobrancelhas, mas os olhos continuarão co- mo antes.

«Quando nos assombrámos abrimos exaggeradamente os olhos, mas sem enrugar a tes- ta e sem o globo do olho ex- primir nada.

«Observe-se a cara de uma pessoa que ri e vêr se-ha que as palpebras interiores se le- vantam e tornam os olhos mais compridos e mais es- treitos. Rs sobrancelhas in- feriores não teem museu- los proprios e movem-se pela contracção dos mus- culos adjacentes, quando a gente ri. Esta é a razão pela qual as pessoas que riem muito teem uma porção de rugas nas extremidades dos olhos.

«A expressão de uma pes- soa meditabunda produz-se deixando cahir a palpebra su- perior; algumas pessoas bai- xam-a tanto, que quasi se não vê a pupilla; a palpebra inte- rior permanece estacionaria, e o mesmo succede ao olho. Se a meditação fôr sobre assum- pto desagradavel para aquelle que pensa, a expressão é mui- to distineta; as palpebras con- trahem-se e as sobrancelhas unem-se e baixam.

«Ha também as expressões emocionaes como a da ira:

os olhos, em «ez de se cer- rarem, abrem-se desmedida- mente e as sobrancelhas unem-se.

«Ao exprimir tristeza, as palpebras superiores descem até metade do caminho e a préga da pelle une-se ali, dan- do á palpebra um aspecto de peso.

«Porém, em nenhum d'es- tes casos o olho soffe altera- ção. O mais que pode lazer

1

feitiçaria

(Versos Inéditos) d' raparigas da minha terra, Cindas meninas do meu quebranto, fflocas formosas do meu pais!

Porque vos amo, fazem-me guerra, Iflas, do feitiço de vosso encanto,

fiada se diz.

Por artes vossas, tenl)o soffrido encantamentos de enamorado, Desesperanças, de um modo atroz!

Doente incurável, caso perdido, Vivo, entre enlevos, enfeitado

Por todas vós!

(C a todas amo, profundamente.

Basta que sejam mocas e bellas, Gosto de todas, sem excepeão, Sendo vulcânico o amor ardente, Cm que se abrasa, por todas ellas,

tileu coração!

H quantas amo? ílem sei... milhares!

entre as mais novas e as mais antigas, lá nem tem conta! são muitas mil!

multiplicados são meus pesares:

namoro a todas as raparigas due ha no Brasil!) 0' feiticeiras, quando rezardes, Cembral-vos sempre nunca ter

pausa meu desespero, que Inspira dó!

Dizei, no instante de vos deitardes:

Como elle soffre por nossa causa, Dormindo só...

Sonho com as vossas filhas futuras, aue serão mocas, quaes sois aqora,

£ vossos olhos terão também!

Sem que, contudo, taes criaturas, Como as queridas mamans, outrora,

me queiram bem.

Pensando nellas, às vezes choro, Pois serão lindas, e eu, desprezado, Serei um velho, pobre de mim.

Perdoai, portanto, si vos adoro:

merece um pouco do vosso agrado, úiuem ama assim.

meu romanesco, maior desejo,

€' que a tortura da minha vida termine cedo, pode ser já.

SI eu morrer moco, corno prevejo, Quanta menina desconhecida

me chorará...

úiue eu morra jovem, á semelhança Dos paladinos de espada e pluma, De uma maneira nobre qualquer:

Salvando a vida de uma crianca, Pela defesa de um velho, ou de uma

Santa mulher!

Porque a suprema felicidade, Gloria divina, que um sonho encerra,

€', com denodo deslumbrador, Cm pleno brilho da mocidade, Pelas mulheres da minha terra,

morrer de amor!

Iflartins fontes

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alguma pessoa muito ner- vosa é, em momentos de grande emoção, contrahir ou dilatar a pupilla.»

VO Um pensamento de

Fontenelle

«Ha, em certas minas muito profundas, desgraça- dos que ahi nasceram, e que ahi terão de morrer, sem jámais te em visto o sol. Tal é, approximadamente, a con- dição daquellcs que ignoram a natureza, a ordem, o curso dos grandes globos que rolam sobre as suas cabeças, para quem são desconhecidas as maiores bellezas do ceu, e que não teem luzes bastantes para gosarem o universo. São os trabalhos dos astrônomos, que nos dão olhos e nos pa- tenteia.r, a prodigiosa magni- liciencia d'este mundo, quasi que unicamente habitado por cegos.» — Fontenelle. (Elo- gio de Cassini).

ISO

Os «dias maus» das pessoas Está chamando muito a at- tenção a theoria do cjnheci- do physico viennense Dr.

Herman Swoboda, segun- do o qual, todos os ho- mens padecem de exgota- mento physico cada vinte e três dias ou com inter- vallos de um numero de dias múltiplos de vinte e tres. Quasi todas as mor- tes naturaes occorrem n'estes períodos críticos.

O doutor Swoboda diz que os homens passam um d'estes «dias maus», sem pa- ra isso terem praticado exces- sos de nenhum genero. Um

«dia mau», pôde apresentar- se sem nenhuma causa exter- na apreciavel e pôde maniles- tar se com dôr de cabeça, pai- pitações do coração, indiges- tão, excitabilidade nervosa ou lassidão.

Outro medico eminente de Londres declara que a theo- ria do Dr. Swoboda está con- forme com as suas próprias experiencias e observações.

Oi Pedrinho,

perguntou-lhe a mâmâ, onde está o pudim, que a tua mana lez hontem?

Foste tu, que o comeste?

Não,mãmã. Levei-o pa- ra o collegio, e dei-o ao meu professor.

Ah! Sim t E elle co- meu-o ?

Parece-me

que sim, por- que hoje não poude dar aula.

(9)

Villa Guilherme — em Carandlrú — Sant'Anna

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Phoiographlas da florescente Villa Guilherme, fundada pelo sr. Guilherme P. da Silva, ha oito annoa efque aclualmenle se acha em grande desenvolvimento. Está situada num pitoresco e saudavel sitio em Carandiril, SaníAnna, e jd comprehende perto de 400 casas. O seu proprietário está construindo 100 casas conforme o typo que se vô nesta pagina, e está vendendo-as de 4:000$000 a 5:000$000, em pres- tações a prazo longo, ao alcance de todos. Ey dotada de luz electrica, tendo sido projectada uma linha circular d.t bondes do Braz a SanVAnna. para servir a todos os seus moradores. Quem desejar adquirir casas ou terrenos, dirija-se ao escriptorio do sr. Guilherme P. da Silva, na Ponle Guilherme, no fim da rua Carlos de Campos, no Braz. Vê-se em cima o sr. Guilherme P. da Silva, sua esposa e filhos, na sua aprazível vioenda. Em medalhão, o seu filho Oscar— o pião destemido da Villa Guilherme, com o seu laço.

(10)

Cofre do século XV Magníficos exem- plares se conservam, em alguns museus e egrejas, de colres do século XV, moveis nos quaes ostenta- vam a sua perícia e bom gosto os mo- destos carpinteiros, entalhadores e fer- reiros daquelle tem- po, eminentes artis- tas todos elles, e cujos nomes, apesar disso, cahiram em esquecimento com- pleto.

Muitos desses co- fres, eram obras de extraordinário luxo, pelas suas applica- ções de ferragens, suas fechaduras e gonzos, forjados ou cinzelados, couros de que eram reves- tidos e pelos esmal- tes, baixos-relêvos e pinturas das suas almofadas, molduras e frisos.

ra Dois philophos falavam assim:

Tenho passa- do a minha vida a fazer o que toda a gente faz e a pensar o contrario.

E eu tenho passado a minha vi- da a pensar como toda a gente e a fa- zer o contrario.

Qual dos dois é o melhor philoso- pho?

CS?

O Chile é, talvez, o mais adiantado de todos os paizes onde se fala a língua hes- panhola. Foi o pri- meiro que construiu linhas ferreas, das quaesteem hoje para mais de 5.000 kilo- metros. Possue.

egualmente, 18 mil kilometros de linhas

telegraphicas. q _

cr?

Um professor estava leccionando uns rapazelhos e tinha gasto uma boa meia hora a tentar metter-lhes na cabeça a differença que ha entre o homem e os mais Ínfimos ani- maes; mas apparentemente com pou- co êxito.

Thomé, — disse elle com toda a paciência, a um dos pequenos, —

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llnlu» inlroúuiTorls pin <• tal Riprisintinlts Hutorhidot - ENRII flUA 7 DE SETEMBRO, 193 -Sob. .

mendel a c.

a. pie asso

RIO OE J»N11B'0

Únicos depositários no Estado de S. Paulo

Oscar Flues & Cia.

Largo de S. Francisco N. 5 o S. PAULO

responde-me a isto: percebes a dif- ferença que ha enire mim e um porco, por exemplo, ou outro ani- mal?

— Eu, não, sr. mestre, res- pondeu o pequeno Thomé, innocen- temente.

Mas os outros rapazes, menos innocentes, desataram a rir.

Um aguia

O Alfredinho tem cinco annos.

Ouve cá, ftlfredinho, o que gostavas tu mais de ser: passarinho ou flôr?

Passarinho, mamã I

E, entAo, porquê, meu filho?

Porque os passarinhos comem, e as flôres, não, mamã!

13

(11)

Os Poetas e a Felicidade c—o—

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R dias, escrevendo sobre uma recen'e traducção do Fauslo de Goethe, tive occasião de fazer notar o modo por que a maioria dos poetas encara o pro- blema eterno da Felicidade. Coinci- diu isso com a leitura de um estudo do pensador uruguayo Alberto Nin Frias acerca da morte considerada sob o ponto de vista de uma ph'lo- sophia optimista. Esse ponto de vista nunca conseguiu nem conseguirá apagar no espirito humano o terror que só inspira o pensar-se na mor- te. E isso a despeito de quasi todas as religiões allirmarem a immorlali- dade da alma. Mesmo assim ha quem acredite numa época em que ninguém verá na morte essa velha insaciavel de sangue, perseguidora antiga do genero humano. O supra- citado pensador é um delles:

«Quizá cuando la humanidad sea _ más buena y más hermosa que hoy \,>j y que ayer, la madre de la ciência '5?'*!

— la Natureza — rasgue el velo; en- tonces no se la temerá con espanto, sino que se Ia mirará con alegria, la más elevada de todas Ias alegrias, de quen destruye algo inútil» E conclue dizendo:

«Luz, mucha luz en la vida, co- mo luz para dormir en la tierra y despertar en la eternidad.» (1)

Para muitos nisso se resolve o problema da felicidade, que então virá só no outro mundo. R idéia de que

«a morte seja um estado transitorio, um parenthesis na ascenção do ser»

torna-se nesse caso um consolo aos males terrenos. E é por isso que, como diz Q. Papíni, o Budhismo é uma religião utilitaria e optimista. (2) E é por isso que os poetas optimistas, os poetas, note-se bem, amam a morte. E é por isso que Victor Hu- go, a quem não se pode accusar de enfermo do *mal du siècle» de Vi- gny, dirige-se com verdadeiro en- thusiasmo a essa «hora explen- dida. (3)

"Ccux

qui passent a ceux qui restent Disent: Vous navez ricn h vous! vos pleurs

(i'attestent Pour vous, gloire e bonheur sont des mots

(decevants Dieu donne aux morts les biens reéls, les

(vrais royaumes.

Vivants! vous etes des fantomes.

Cest nous qui somme les vivants."

Em outro poema, o auctor das

«Contemplações» escreve:

MNc dites pas: mourir; dites naitre."

Leconte de Lisle é talvez o mais generoso para com a morte:

Et toi divine mort, ou tOut rentre s'efface, actueille tes enfants dans ton sein ctoilé;

affanchis-nous du temps, du nombre et de (1'espace et rend-nous le repôs que la vie a troublé.''

(1) A. Nin Frias — Ensayos de critica é Historia — Valentia.

(2) G. Papini — 24 Cervelli — 5.a edição — Milão, 1919 — pg. 17.

(3) "O mort! heure explendidel 6 rayons mortuaireK." Les Contemplations — flujourd' hui — Cadaver.

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2

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Walt Whitman a qualifica de rica, florida, doce, tranqüila, bemvinda, etc., quando do assassinio do presi- dente Lincoln (Leaves of OrassJ. O poeta persa Omar Kayam declara que «a morte carece de temores quando a vida é sincera e é o >?iver mal, que nos faz temel-a.» André Chenier aponla-a aos desesperados :

"O mort! tu peux attendre; eloigne, (eloignetoi;

^ra consoler les coeurs que la morte, (1'effroi, le pale desespoir dévore.

Pour moi, Pales a des ailes verts, les amours des baisers, los muses des

(concerts!

Je ne veux point mourir encore!..."

Para Baudeldire:

'Cest

la Mort qui console, helas! et qui lait, (vivre, Cest le but de la vie, et c'est le seul espoir Qui, comme un elixir, nous moute e nous en-

(vivre.

Et nous tíonne le coeur de marcher jusqui au (soir!"

Cest la glorie des Dieux, c'est le grenier mys- (tique, Cest la bouse du pauvre et sa patrie antique, Cest le porlique ouvert sur les Cieux incon- (nus I"

E' o portico aberto sobre os Céus ignoradosl

Eis uma nova e interessante ma- neira de encarar a morte, produzida por essa sêde do «novo» a que deve a humanidade a maior parte de seus progressos: a curiosidade. Para cer- tas pessoas ella é um farol, um guia ou, como diz Henry Bordeaux, uma

«razão do viver». Essas pessoas vão pela vida como para um theatro, seja drama, vaudeville ou comedia o que ahi se representa, conservam o mesmo humor para tudo applaudir ou para tudo patear. (4) Baudelaire era assim ou pelo menos aifectava sel-o. Em um de seus poemas che- ga a dizer:

O Mort, vieux capitaine, il est temps! levons i(l'ancre!

Ce pays nous envie, o Mort! Appareillons!

Si le ciei et la mer sont noirs comme de l'en- (cre, Nos coeurs que tu connais sont remplis de

(rayons!

Yerse-nous ton poison pour qu'il nous recon- (forte!

Nous voulons, tant ce feu nous btúle le cer- (veau, Plonger au fond du gouffre, Enfer ou Ciei,

(qu'importe ? Hu fond de Tlnconnu pour trouver du nou-

(veau /"

Isso faz lembrar a curiosa ane- docta que se conta do pintor de qua- dros religiosos Pietro Vanucci. Delle alfirmou Vasari que não era, a des- peito de seu officio, um homem re- ligioso: nunca acreditara na immor- talidade da alma. Quando chegou a sua hora quizeram que se confes- sasse, a que não consentiu, pois de- sejava saber o que acontece a uma alma que morre sem se ter peniten- ciado das suas faltas.

O elogio da morte não é tão

(4) Henry Bordeaux — P.lerinage* liltí- raires — Paris — 3.a edição — pg. 320.'

Referências

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