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Dinho Valladares Solange Lima Naipi

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Academic year: 2022

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(1)

Naipi

a indiazinha e as lendas brasileiras

de

Solange Lima

e

Dinho Valladares

(2)

© Dinho Valladares

Este livro ou qualquer parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.

Registrado na biblioteca nacional sob o n.- 686.007 Livro: 1.323 Folha: 494

Contato para liberação de montagem:

Cia. de Teatro Contemporâneo

Rua Conde de Irajá 253 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ Cep: 22271-020

teatro.secretaria@gmail.com

www.ciadeteatrocontemporaneo.com.br

+55 (21) 984141965

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Histórico:

A peça é uma pesquisa das lendas brasileiras, desdo Rio Grande do Sul, passando pelos estados e chegando ao Amazonas. A peça discute centralmente um assunto recorrente nos dias de hoje: as dificuldades de acreditarmos em nossos sonhos, dificuldades estas que, em muitos casos, atingem a vida de todos ao redor e importância da relação familiar, de pais e filhos, dos valores de amizade amor e verdade– nesta história a indiazinha é quem vai atrás dos seus sonhos, e com ajuda de seu amigo da cidade Léo descobrem a importância da amizade e dos sentimentos verdadeiros entre pais e filhos.

Esta peça teve sua primeira encenação na Sede da Cia. de Teatro Contemporâneo em 2007, com direção de Dinho Valladares e Direção Musical: Sérgio Cleto, Cenario: Duka Nunes, Figurinos: Duka Nunes e Viviane Magalhães, Coreografias: Aline Bourseau, Iluminação:

Don Jaime. No elenco, Duka Nunes, Solange Lima, Duda Wayne, Jéssica Moraes, Ary Aguiar, Mônica Loppi, Eduardo Barbuto, Sevy Silva.

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O autor

Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Ator, autor, diretor e produtor.

Montou a Cia. de Teatro Contemporâneo e tem representado o Brasil em vários encontros internacionais tais como Chicago (Chicago Improv Festival – Maior Festival de Improvisação do Mundo), Buenos Aires/AR, Córdoba/AR, Mendoza/AR, Santiago/CH, Cundinamarca/CO onde ganhou com a Cia. o título de primeiro lugar no festival sul- americano. Como formação fez Pós-Graduação em Teatro Musicado na Uni-Rio Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrado em Teatro na mesma universidade alcançando conceito em sua tese final de Excelente com indicação para publicação. Como Diretor montou a Cia de Teatro Contemporâneo, que ganhou o título da prefeitura do Rio de Janeiro/BR de “Entidade de Utilidade Pública”, a qual dirige até hoje, uma das mais respeitadas do Rio de Janeiro. Como autor já escreveu 10 (dez) peças sendo que 7(sete) já foram a cena, além de adaptar três textos de Shakespeare. Como ator participou de mais de 30 (trinta) peças entre as quais se destacam “Jango, uma Tragédya”, de Glauber Rocha, com Cláudio Marzo e “Uma Rosa para Hitler” de Roberto Vignati com Francisco Milani, além de Adorável Hamlet e Adoráveis Romeu e Julieta, foi indicado como MELHOR ATOR no prêmio Mambembe em 1993. Como professor de teatro já deu aula na UFF - Universidade Federal Fluminense neste período organizou o Seminário de Produção Cultural no Centro Cultural do Banco do Brasil, e foi um dos fundadores do PURO- Nucleo da UFF em Rio das Ostras, além de lecionar por mais de vinte anos dentro da Cia.

de Teatro Contemporâneo é também o Coordenador do Curso Profissionalizante de Ator da Cia. que é reconhecido pelo Ministério da Educação do Brasil pela sua qualidade de ensino. Curso que conta com convênios de escolas de vários países do mundo.

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Dedicatória:

Essa peça é dedicada a minha filha Rebeca Bourseau Valladares. Foi nessa peça que eu vi ela no palco pela primeira vez!!!

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Sinopse:

Leo está ouvindo as histórias contadas por sua avó! De repente pega no sono e vai para o mundo da floresta, lá encontra Naipi, uma indiazinha que está em busca de sua mãe. Ele vai ajudar ela a encontrar sua mãe e vão juntos ao pagé da tribo que fala da necessidade do ritual do quarup. Assim eles parte para uma aventura na busca da mãe de Naipi.

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Personagens:

Naipi Leo Avó Bilu

Pajé Sacipira

Iara Boitatá Inã-Norata

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Naipi , A indiazinha e As Lendas Brasileiras

Voz off: Essa peça é dedicada a todos os meninos e meninas que desejam dar asas a sua imaginação em busca das mais lindas aventuras

Cena 1: (abre a cena com uma luz fechada numa caixinha de música – música de caixinha muito delicada)

O pano abre, a avó Bilú está bordando um quadro que tem como paisagem uma densa floresta com muitos pássaros e árvores dos mais variados tons de verde, enquanto seu neto Leonardo segura o novelo de lã.

Leo – Vó Bilú, por que você foi escolher essa floresta cheia de pássaros para bordar?

Vó Bilú – Ora meu netinho, é porque dessa maneira eu vou me recordando das aventuras que o seu avô Ventura viveu junto com os índios , numa floresta muito parecida com esta aqui do meu bordado.

Leo – Vó Bilu, você conviveu com os índios também?

Vó Bilú – Seu Avô Ventura sempre que podia me levava com ele. Bons tempos aqueles!

Ele foi um grande amigo dos índios, vou cantar para você a música dos índios que ele mais gostava de ouvir.

Música :

Nozani-ná ore kuá, kuá Kasa êtê, êtê....

Nozani-ná ore kuá, kuá

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Nozani noterahan, rahan Oloniti, niti

Noterahan Kozêtozá, tozá Nôterá, terá Kenakiá, kiá Neê êná, ená Uálalô, làlô Giráhalô, halo Uá

Leo – Puxa vó, gosto tanto de ficar ouvindo essas histórias que você conta do vô Ventura.

Como seria bom se eu tivesse vivido essas experiências junto com ele (Leo bota a mão no queixo e faz cara de sonhador)

Vó Bilú – Quem sabe, meu amor, você algum dia vive as mesmas experiências pelas quais ele passou.

Leo – É ruim, heim vó, do jeito que a mamãe me controla!

Vó Bilú – Não critique a sua mãe Leo, pois tudo o que ela faz é por amor a você! E vou lhe dizer mais uma coisa, venha cá:

Música:

Não há nesse mundo louco Quem não tenha a vontade De fantasiar um pouco Mesmo dentro da realidade Pois a vida é uma mistura Das águas de duas fontes Uma é fantasia pura

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A outra são os fatos do dia a dia E assim se forma o dueto Realidade e fantasia

(Terminada a música, Vó Bilu para, suspira e diz)

Vó Bilú – Bem Leo, que tal se a vó Bilú fizesse uma pipoquinha para o meu netinho querido?! Espere um pouquinho que eu vou trazer a melhor pipoca que você comeu até hoje

(Vó Bilú sai da sala )

Leo- Pôxa como seria legal se eu algum dia conseguisse visitar uma tribo de índios e viver com eles um tempo para aprender a sua cultura.

(Leo começa a cantar e a dançar imitando os índios. No fundo música indígena. O novelo de lã cai da sua mão e ele começa tentar pegá-lo enrolando a linha até que....)

(Mudança de cena – começa o canto indígena – Esta música é a Ozanina só que toda orquestrada)

Cena 2

A luz acende e Leo aparece na floresta do bordado. No palco está uma indiazinha sentada com a cabeça apoiada nos braços muito triste

Leo – (assustado) Onde estou? Quem é você? Como é o seu nome?

Naipi- (olhando curiosa para ele) Você está no meio da floresta. Eu sou uma indiazinha e me chamo Naipi. Mas eu é que lhe pergunto, de onde você veio? O que você está fazendo aqui?

Leo – Eu estava na casa da minha Vó Bilú lá na cidade (imitando uma dança indígena) e de repente vim parar nesta floresta. Você é índia mesmo? De verdade?

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Naipi – Sou sim! E mais estranho é você estar perdido no lugar onde eu vivo, com estas roupas esquisitas...

Leo –Não é tão estranho assim! Meu avô foi um grande amigo dos índios. Agora, como eu cheguei aqui, não me lembro.

Naipi - Já sei , você chegou aqui com uma ajudinha de Cananciuê!! É claro!!

Leó – Quem é esse Cananciuê?

Naipi – É o criador! É ele que controla tudo e todos, inclusive os nossos passos !!! E o seu nome? Você ainda não me disse

Leo – Leonardo, significa Leão Bravo (diz Leo todo orgulhoso) Naipi, porque você estava com o olhar tão triste quando eu cheguei aqui? O que de tão ruim pode ter acontecido a uma indiazinha tão nova como você?

Naipi – Estava me lembrando de algumas coisas tristes que aconteceram. Há tempos atrás minha mãe se embrenhou na floresta, para procurar umas ervas para curar minha febre e nunca mais voltou e eu tenho muitas saudades dela!

Leo – Você não tem uma tribo? (Naipi faz que sim com a cabeça) Esta tribo com certeza tem um Pajé. Por que você não consulta o pajé da sua tribo para descobrir o que aconteceu com a sua mãe? Eu já li que os pajés são muito sábios e tem sempre respostas para tudo.

Naipi – Porque tenho medo que ele me tire as esperanças de que ela possa voltar um dia ...

Leo – Eu imagino! Mas olha Naipi, no fundo, no fundo é sempre melhor sabermos a verdade crua e nua do que ficar tapando o sol com a peneira. Vamos, eu lhe ajudo a ter coragem! Vamos! Vamos!

(Leo pega a Naipi pela mão e saem – Canto indígena –“Nozaniná” com um andamento mais rápido simbolizando a pressa deles em encontrar o pajé)

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Cena 3

(Música indígena de fundo ligada a mistério, passando uma atmosfera mística)

(Pajé em cena agachado fumando em frente à sua tenda. Naipi e Leo chegam de mãos dadas e dão uma volta em torno do pajé que está absorto em seus pensamentos e não os vê)

Pajé – Naipi, o que lhe traz aqui minha menina? Em que lhe posso ajudar? Você me parece muito triste!

Naipi – Poderoso pajé Idianacatú, me ajude por favor a desvendar o mistério da minha vida. Quero saber se posso ter esperanças de encontrar Inã – Norata, minha mãe!

A lua já nasceu inteira

O silêncio dói dentro da mata

O céu foi se abrindo em pontos brilhantes As águas se encolheram com sono

Mas antes delas acordarem

Foi para o céu virando uma estrela A bela e brava índia Inã Norata

Naipi – (chorando exclama) Quer dizer, quer dizer...que a minha mãe...(diz soluçando, Leo a abraça)

Pajé – Quero dizer que sua mãe virou uma linda estrela. Ela ilumina o caminho de todos aqueles que se embrenham na floresta em busca da solução para as doenças da sua tribo.

Leo – Pajé Idianacatú, você não pode ajudar Naipi?

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Pajé – Cananciuê assim o quis. Este foi o destino traçado para mãe de Naipi. Mas você Naipi, ainda poderá encontrar Inã Norata. Para isto deverá realizar o ritual do Quarup.

Leo – E o que é o Quarup?

Pajé – É uma cerimônia para homenagear a memória de alguém que já se foi. O espírito de sua mãe descerá sobre uma tora de madeira e para isso vocês deverão buscá-la na floresta para a realização do ritual.

Naipi- Como vou saber qual a árvore apropriada?

Pajé – Você Naipi, junto com seu amigo curumim branco, deverão subir pelas margens do igarapé Rei, pois lá, na sua nascente, está a árvore mais bonita da floresta. Porém, vocês devem tomar muito cuidado para não caírem nas armadilhas que a floresta possui.

Naipi e Leo – Mas quais são essas armadilhas?

Pajé – Vocês só saberão na medida que forem se aproximando daquilo que buscam, pois nada acontece por acaso.

Naipi – Pajé, tenho medo!

Pajé – Naipi, lembre-se que você é filha de Inã-Norata, índia de muita coragem! E para ajudá-la vou lhe dar três coisas, este muiraquitã, que lhe servirá de amuleto para vencer os desafios, a flecha mágica que guarda toda a coragem do seu povo e finalmente um espelho que lhe será de grande utilidade no momento certo.

Leo – É isso mesmo Naipi! Coragem!!(e canta)

Música: alegre

Medo de que? Do escuro?

De monstro? De assombração?

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Do velho que vem com o saco?

De Bruxa ou de dragão?

De gigante que come criança?

De lobo mau ou de bicho papão?

Não, não tenha medo não!

Isso é coisa da imaginação!

E você tem o muiraquitã, a flecha mágica e o espelho Que o Pajé lhe deu na mão!

Pajé – Que Cananciuê vos proteja!

Cena 4

(Leo e Naipi se embrenham na floresta. Ouvem o canto dos pássaros e todos os ruídos naturais da floresta)

Leo – Puxa Naipi, estamos andando há tanto tempo e não conseguimos ainda encontrar o igarapé Rei. Estou com muita fome. Eu daria tudo por um “hamburgão” com um “sundae”

de chocolate!

Naipi – O que é isso? É alguma palavra mágica para fazer cair comida do céu?

Léo – Não, Naipi, esquece! Vou procurar algumas frutas para comermos, pois como diz a minha vó Bilú, saco vazio não para em pé.

Naipi – Leo, procure ter cuidado e só traga frutas que você perceba que os animais comem também, pois como na vida, há também as árvores que não dão bons frutos. Alguns são até venenosos!

(Leo traz os frutos e eles param para comer).

Naipi- Leo, agora vamos continuar o nosso caminho a procura do igarapé Rei.

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(Naipi canta)

Musica : (Alegre)

Se você está seguro

Do que quer e do que não quer Mantenha o desejo puro Que mora no seu coração Verá que o que mais importa É a voz da sua emoção Jogue pois a tristeza fora E à alegria dê a mão Vamos à nossa procura Feita de amor e esperança No nosso coração de criança.

( Naipi e Leo andam durante algum tempo até que ...)

Naipi – Leo, estou cansada, vamos parar um pouco para descansar.

Leo – Naipi, será que nos perdemos?

Naipi - Claro que não Leo! Cananciuê está olhando por nós!

(De repente ouvem umas batidas secas nos troncos das árvores)

Leo – Ouça Naipi, que barulho estranho, parecem batidas secas nos troncos das árvores!!

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Naipi – É esquisito mesmo Leo! Eu acho que o barulho está se aproximando!

(Os dois ficam de costas um para o outro, apreensivos, até que aparece o Sacipira pendurado num cipó. Naipi e Leo gritam assustados com a figurinha esquisita com um cachimbo, carapuça vermelha na cabeça com folhas nas pontas e pés voltados para dentro)

Leo – Olha só Naipi, que ser esquisito! Parece filhote do Cruz Credo com o Deus me Livre! E ainda tem dentes verdes!! Minhas pernas estão implorando para correr e as suas?

Naipi – Calma Leo, calma!

(A figura esquisita dá uma risadinha e diz )

Sacipira – AHAAA...,AHAAA!!!!!! Vocês não me conhecem, não é? Não estão com medo não?????????

Naipi – Eu não estou não (Diz Naipi tentando mostrar coragem )

Sacipira – Mas você deveria estar! Não vê minha figura, é tenebrosa feito o caipora!

Música – (Sacipira canta) Se me vires te assustarás Se te assustares tu correrás Se correres te assombrarei Não tenho medo de homem Nem do cheiro que ele tem Mas quando o machado ronca Parto pra cima pra ver de onde vem

Leo – Você não é tão tenebroso assim e eu já não estou mais com medo. Eu só acho que você deveria escovar os seus dentes que há muito tempo não sabem o que é uma boa limpeza.

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Sacipira - Estou vendo que não me conhecem mesmo! Vou me apresentar de novo!!

(Sacipira sai e entra de novo, tentando dar uma risada mais amedrontadora, mas os dois nem se abalam.)

Sacipira - Se soubessem quem eu sou, vocês teriam mais respeito por mim! Pois eu vou lhes contar. Eu sou o Sacipira, o protetor das florestas e de tudo o que há nelas. Meu pai era Saci e minha mãe Curupira. Ando todos os dias pelas matas batendo nos troncos das árvores para ver se elas estão bem fortes e saudáveis e se irão resistir à força das chuvas e dos ventos.

Naipi e Leo – Como é mesmo o seu nome?

Sacipira – Sa-ci-pi-ra, igual a saci com curupira! Vocês tem certeza de que nunca ouviram falar de mim?

Naipi e Leo – Temos sim senhor!!!

Sacipira – Puxa, que decepção!!!! Meu pai saci e minha mãe curupira eram muito respeitados e botavam para correr todos que viam maltratando a floresta!

Naipi – É mesmo seu Sacopira!

Sacipira – SA-CI-PI-RA!

Naipi – Desculpe seu ...

Leo – Sacipira.

Naipi – Seu Sacipira, já que o senhor vive na floresta, será que o senhor poderia nos ajudar?

Estamos a horas procurando as margens do igarapé Rei para subirmos até à sua nascente.

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Sacipira – Ajudar!!! Ajudar!!! Mas o que é que vocês querem fazer num lugar tão difícil de se chegar?

Naipi – É que precisamos fazer o ritual do Quarup para homenagear a memória da minha mãe Inã-Norata, e para isso iremos buscar a tora de madeira própria. O pajé da minha tribo nos falou que só neste lugar iremos encontrá-la.

Sacipira – Naipi, será que no Quarup, eu poderia pedir a Inã Norata para me transformar numa figura que imponha mais respeito, pois sou meio desengonçado e preciso mostrar mais firmeza e bastante sabedoria para proteger as florestas dos perigos que se apresentam.

Naipi – Pode sim!! É claro que pode!

Sacipira - Está bem!!! Eu posso levá-los até lá, mas vou logo adiantando a vocês que os igarapés da floresta são cheios de segredos e armadilhas que precisamos estar preparados para enfrentar. Inclusive não é possível cortarmos qualquer árvore da floresta. É bom antes pedirmos licença a Mãe natureza! Venham comigo, não tenham receio, venham!

(Sacipira sai marchando com Leo e Naipi atrás, em fila)

Musica (Sacipira Leo e Naipi cantam)

Lá vamos nós em busca da madeira Para o Quarup realizar

Para isso subiremos rio acima E uma bela tora vamos encontrar Aqui na floresta, eu mando e desmando Quem quiser que venha me encarar E eu o enfrentarei de pé

Enquanto o tempo vai passando Vou fumando o meu cachimbo

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Soltando a fumaça que nem chaminé

FIM DO PRIMEIRO ATO

Locução: 10 minutos de intervalo para que Naipi, Leo e Sacipira continuem sua caminhada em direção ao igarapé Rei

INICIO DO SEGUNDO ATO

Música (Os três cantam juntos)

O caminho é longo mas temos que continuar E só assim os objetivos vamos alcançar

É cansativo com perseverança nós vamos chegar Eu tenho que fazer alguma coisa

Pelo menos a minha mãe será lembrada

Eu vou lhe ajudar não me importo com os perigos Porque eu sempre soube que somos amigos Assim aprendemos que com perseverança A gente realiza os nossos sonhos

Naipi – Puxa vida, andamos à bessa e estou muito cansada. Acho que vou dormir um pouquinho para repor as energias.

Sacipira – Leão Bravo, vigie o sono de Naipi, que vou buscar umas frutas para comermos.

Leo – Ótimo Sacipira, pois estou morrendo de fome!!

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(Sacipira sai de cena e Leo fica a postos ouvindo os sons da floresta. Até que começa ao fundo um som diferente, parecendo um canto que vai crescendo. Naipi desperta com o canto que já está forte e fala)

Naipi - O que será isto???

Leo – Parece alguém cantando e vem daquela pedra ali. E é um canto maravilhoso!!

Estranho, eu estou sentindo uns arrepios pelo corpo!

(A luz foca na pedra onde está uma linda moça, com os cabelos compridos e coloridos, cantando uma linda melodia.)

Iara – Olá lindo rapaz, o que faz você por aqui??

(Naipi vendo que Leo está hipnotizado pergunta)

Naipi – Quem é você?

Iara – Eu sou a Iara, a rainha dos igarapés, a mais bela de todas as mulheres da floresta. Até o uirapuru tem inveja do meu canto!

Leo – Nossa como ela é bonita!! Estou fascinado...

(Leo não desgruda o olhar da Iara, neste momento, entra o Sacipira)

Sacipira – Leo, não se aproxime da Iara, fuja dos seus braços, senão o seu destino será o fundo do rio.

Iara – Venha meu rapaz...Não lhe dê ouvidos...venha...

(Leo vai caminhando lentamente em direção à Iara)

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Sacipira – Naipi, só tem um jeito!! Você tem aí um espelho?

Naipi – Tenho sim!! O pajé bem me disse que eu ia precisar dele!

Sacipira – Me dê então rápido!!! Eu vou colocá-lo nas mãos da Iara! Ela é muito vaidosa e vai querer se mirar no espelho. Aí ele refletirá toda a sua maldade, assustando-a.

(Sacipira corre e pula no colo do Leo)

Iara – Deixem o menino em paz. Ouça o meu chamado Leão Bravo e venha encontrar a felicidade no fundo do rio com a Iara.

Naipi – Ele não pode ir não Dona Iara, nós temos uma missão a cumprir! (Diz meio zangada)

Iara – Não tem escolha, a única missão dele é vir comigo para as profundezas do rio.

(Neste momento ouve-se um estrondo de água como uma tsunami – todos vão parar no fundo do rio.) – MUSICA INSTRUMENTAL PARA ISTO – 30 SEGUNDOS

(Iara começa a encantar Leo)

Música (Iara canta – TIPO SEDUTORA)

Eu te vi, E tu me viste Tu me amaste E eu te amei

Qual de nós amou primeiro Nem tu sabes

Nem eu sei

(Naipi canta em contra-ponto)

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Esta noite eu tive um sonho Que não me sai da lembrança Sonhei que vi a verdade Abraçada com a esperança Foi lindo!

Naipi– Portanto desista Dona Iara, pois o Quarup é que é a nossa realidade!

Iara – Agora sumam voces!! Pois aqui só ficaremos eu e Leão Bravo.

Naipi – Nós não sairemos sem ele! Ele é nosso amigo e nós não vamos deixá-lo aqui sozinho.

Iara – Bem veremos então quem vencerá no final!!!

(Iara e Naipi se encaram medindo forças)

(neste momento o Sacipira coloca o espelho nas mãos da Iara que ao ver nele sua própria maldade refletida, diz aos gritos )

Iara – Um espelho!!! Um espelho !!!! (A Iara pega afoita o espelho, mas quando se vê, exclama) Nossa, o que é isso? Uma espinha! Como estou feia! Me deixem! Não me olhem mais! Vou-me embora!

(O pano azul que cobria a platéia é retirado e Sacipira, Naipi e Leo, nadam como se estivessem chegando à margem.) MUSICA INSTRUMENTAL PARA ISTO 30 SEGUNDOS

Sacipira – Nossa esta foi por pouco! A Iara foi traída pela sua própria maldade refletida no espelho!

Naipi – Puxa Sacipira, para um desengonçado você se saiu muito bem!

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Leo – Obrigado Sacipira, quase fui parar lá no fundo do rio com a Iara. Você me salvou!

Sacipira – Bem!!! Pelo menos chegamos às margens do rio. Vamos andando que o dia já está indo embora e a noite aqui na mata é perigosa. Tem paca, tatu e até onça pintada!

(Continuam a andar pela mata – música de fundo com sons da floresta)

Sacipira – Acho melhor pararmos e dormirmos um pouco.

Naipi – Também acho, pois o Leo está muito cansado.

Leo – Estou mesmo, pois não estou acostumado a andar deste jeito lá na cidade não.

Sacipira – Pois vamos parar aqui mesmo para dormirmos!

(Música fantástica para a entrada do Boitatá; acendem-se dois refletores como se fossem dois olhos que se apagam logo em seguida)

Sacipira – Vocês ouviram alguma coisa?? (Pergunta pra platéia)

(Novo barulho – do tipo folhas amassadas pelo rastejar de algum animal - passa na penumbra uma imensa cobra feita de bambolê e pano) 5 SEGUNDOS

Naipi – Vocês ouviram alguma coisa??? (Repete a pergunta pra platéia) Estranho, pois o vento parou de soprar e os grilos de cantar. (De repente acende um clarão. Leo acorda assustado.)

Leo – Que clarão foi este que fez o verde da mata ficar branco feito leite?

(Sons de grilos cantando e de vários pássaros também, como se o clarão tivesse acordado toda a floresta)

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Naipi – Nossa esse clarão foi mais forte que um raio!

Sacipira – É mesmo, eu fiquei cego por um instante! Mas o que foi isso?

Música –(Boitatá entra cantando )

Eu sou a cobra de fogo Que chamam de Boitatá

Não gosto que invadam os meus domínios Pois sou soberana e nas matas quero reinar E quando eu chego em sinal de respeito Todos que fiquem imóveis sem respirar Pois de outra maneira irei me vingar E a todos irei devorar

Leo – E agora Naipi o que faremos? Não dá nem para fugir, pois a Boitatá é rápida feito uma flecha.

Sacipira –. A única coisa que eu sei é que o seu ponto frágil são os seus olhos.

Naipi – Sacipira, você falou em flecha? Já sei! O Pajé me deu uma flecha mágica para nos proteger, irei atirá-la nos olhos do monstro.

( Naipi atira a flecha nos olhos da Boitatá; Leo leva a flecha até os olhos do monstro- música para estes efeitos; Boitatá vai embora- música de efeito para a saída de Boitatá)

Leo – Puxa, escapamos de novo! É, Naipi, acho que Cananciuê está mesmo do nosso lado!

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Naipi – É claro que está! E uma prova disso é ele ter colocado o Sacipira no nosso caminho para nos ajudar!

(Sacipira faz cara de todo bobo com o elogio e diz)

Sacipira – Obrigado, meus amigos! Mas vocês estão me ajudando também a ser mais destemido e a conhecer mais ainda a floresta. E por falar nisso...

(Sacipira para de falar e coloca a mão nos ouvidos – Som de águas para a cachoeira)

Sacipira – Hummm... Estou ouvindo um barulho de águas diferente! Acho que estamos chegando próximo à nascente do Igarapé-Rei.

(Black-out. Puxa-se o pano azul do Igarapé Rei)

Leo e Naipi – Olha só, chegamos!

Leo – Que lugar lindo e cheio de energia!

Naipi – Vejam também um boto lindo pulando na nascente do Igarapé-Rei!

Leo e Sacipira – Onde? Onde?

Naipi –Lá bem na nascente!E é um boto rosa!

Leo – O que estou vendo é um rapaz se aproximando!

Naipi - E que sorriso brilhante! Nunca vi olhos tão bonitos! E está todo elegante!

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Sacipira – Cuidado Naipi, não se deixe encantar! Pois deste modo você acaba desistindo da sua missão e indo embora com o boto. Ele tem o poder de encantar todas as moças que dele se aproximam!

(Música para a entrada do boto)

(O boto entra e começa a dançar com Naipi . . Leo vai para um lado do palco e Sacipira para outro.)

Leo – Sacipira, estou me lembrando que o Pajé Idianacatú deu para Naipi três objetos para nos defendermos dos perigos da floresta. E só falta utilizar o muiraquitã. Sacipira, pegue-o no cesto e coloque no pescoço da Naipi! Rápido! Vamos!

(O Sacipira segue as ordens do Leo e quando coloca o muiraquitã no pescoço de Naipi o boto sai rodopiando de cena. Música para saída do boto)

Leo – Naipi, minha amiga, lembre-se da razão pela qual viemos até aqui.

(Naipi faz cara como tivesse acordando de um sonho)

Naipi – É claro que me lembro, Leo!

Leo- E olha só aquela árvore como é majestosa! Deve ser a árvore da qual o Pajé nos falou!

Leo – Mal posso acreditar que conseguimos encontrá-la!!!!!

(Comemoram)

Música (Leo, Naipi e Sacipira cantam)

(27)

Vamos respeitar as fontes;

Os rios, lagos e mares Que flores haja aos montes,

E muitos pássaros voando nos ares.

Poluição nem pensar,

E que se plantem mais florestas;

Para que os passarinhos, Possam fazer os seus ninhos.

Esta tora iremos levar, Para o Quarup realizar;

Para isso pediremos licença a Cananciuê, Mas no lugar desta árvore,

Com certeza outra iremos plantar!

Sacipira – O caminho foi difícil, mas também nós fizemos por onde! Acho que vocês em nenhum momento deixaram de acreditar que chegaríamos até aqui, não é?

Naipi – Claro Sacipira! Ainda mais com a sua ajuda! Sem ela seria impossível conseguirmos.

Sacipira – Mas o mais importante foi a persistência de voces, pois sem isto não chegaríamos a lugar nenhum.

Leo - Vamos então para a aldeia de Naipi fazer o ritual do Quarup !!!!

Sacipira – Leo, Naipi, gostaria de falar uma coisa para voces. Hoje tenho a certeza, mais do que nunca, que aqui na mata é que é o meu lugar! Ela precisa de mim para protegê-la. E fiquem sabendo que nunca me esquecerei da nossa amizade, que muito me ensinou! Hoje sou mais sábio e corajoso!

(28)

(Música dos amigos)

Naipi – Se você acha que deve ser assim... assim será ! E saiba que estará sempre no nosso coração.

(Todos se abraçam)

. Música para saída do Sacipira

Leo e Naipi- Adeus Sacipira!

Mudança de cena. Começa um fundo musical indígena. Acende a luz. No meio do palco está a tora toda enfeitada. Começam a chegar os índios para o ritual. Dançando, vão se colocando à volta da tora. O Pajé começa a soltar fumaça em cima da tora. Toque de flautas/tambor/chocalhos.

Pajé – Poderoso Cananciuê, peço licença para receber aqui e agora Inã-Norata, a valente índia, mãe de Naipi!

(Os índios começam a entoar cânticos como se fossem lamentos e de repente param) – A PARTIR DAÍ ENTRA BACHIANNAS N.9 DE VILLA LOBOS FAZENDO FUNDO PARA A FALA DE INÃ- NORATA.

(A tora vai abrindo os braços para o alto)

Naipi – Minha mãe! Inã-Norata! Sinto muitas saudades de você. Como poderei viver com essa tristeza dentro de mim?

(a tora vai baixando os braços e estendendo-os em direção a Naipi)

Inã Norata – Naipi, minha Filha!!!!!

(29)

Naipi – Eu sinto tanto a sua falta mãe,!!!!!!!!!!!!!!!

Inã Norata – Eu também Naipi!!!

Naipi – Eu quero ficar sempre com você!!!!!

Inã Norata – Pois vai estar Naipi,! Lembre-se que eu estarei com você em todos os momentos, no seu coração e na sua mente. Eu sou livre, o seu pensamento é livre. E é ele que me receberá sempre que você o desejar. E não se esqueça também que diante da Mãe Natureza, somos pequenos. Ela só se revela para quem quer realmente aprender os seus ensinamentos.

Naipi – Eu te amo mamãe! E amo muito a natureza também!

Inã Norata – Eu também te amo, Naipi!!!! (vira-se para o Leo e diz) Quanto a você Leão Bravo, saiba que conheci o seu avô Ventura. Ele foi muito importante para o nosso povo, pois fez com que os homens brancos começassem a nos aceitar. Ele pede para que você ouça os ensinamentos dos seus pais com o coração. Eles sempre querem o bem de seus filhos.Lembre-se que as experiências de nossos antepassados são sempre peças preciosas no quebra-cabeça da felicidade!

(A música aumenta e depois vai diminuindo até que a luz se apaga. Inã-Norata abaixa os braços.

Pajé - Agora, para terminar o ritual do Quarup levaremos Inã-Norata para o rio, que será a sua eterna morada .

Naipi – Adeus minha mãe, eu te amo muito e voce vai estar sempre no meu coração.

(A música cessa)

Leo - Naipi eu preciso voltar agora para a casa da vó Bilú. Ela deve estar preocupada.

(30)

Naipi – Leo, quero lhe dizer, de verdade, que esse nosso encontro selou nossa amizade para sempre. Você foi um grande companheiro e me ajudou muito a cumprir a minha missão.

Leve com você esse muiraquitã, para que nunca se esqueça da nossa aventura. E olha... ( Naipi, tira um novelo de lã do cesto ) Você vai precisar disso para voltar.

Leo –Naipi, você também pode ter a certeza que sempre lembrarei do nosso encontro, foi uma aventura inesquecível!!!! (Leo e Naipi dão um abraço bem apertado despedindo-se.) Adeus!!

Naipi – Adeus Leão Bravo!!! Que Cananciuê lhe proteja!!!

(Mudança de Cena. Recomeça música Nozaniná baixinho. A luz vai acendendo. Leo está recostado no cubo viajando nos seus pensamento, quase dormindo., tendo às mãos o novelo de lã verde. Entra Vó Bilú)

Vó Bilú – Oi meu Netinho, trouxe o que lhe prometi!.Leo, você está dormindo? Veja só o que eu fiz para nós?!

Leo – (Leo se espreguiça) Vó Bilú, você nem sabe quanta coisa me aconteceu! Conheci a indiazinha Naipi, o Sacipira, o protetor da floresta. Você acredita? E vou lhe contar mais!

Nos deparamos com criaturas que até Deus duvida! A Iara, o Boitatá e o Boto Rosa!

Vó Bilú – Leo, você está me deixando tonta! Vamos parar um pouquinho com essa história e comer esta pipoquinha que está uma delícia e depois preciso continuar o meu bordado.

(Vó Bilú dá a tina de pipoca para o Leo, pega no bordado, olha e exclama)

Vó Bilú – Nossa, o bordado está quase completo? Você continuou a fazê-lo enquanto eu fui à cozinha, não é Leozinho?Quis me fazer uma surpresa...!!!

(31)

(Leo faz cara de maroto. De repente se ouvem batidas secas como se fossem batidas em tronco de árvore) (Leo leva as mãos aos ouvidos para ouvir melhor as batidas. Olha para o muiraquitã no seu pescoço e exclama)

Leo – Quem sabe, vó! Quem sabe!

Música final para entrada dos personagens. (MUSICA BEM ALEGRE!!!)

O canto da fantasia!

Nossa história já terminou O canto da alegria Mas o sonho não acabou Pois a vida é feita de aventuras E de todas elas vamos participar Entre este conto e o real

A diferença é quase nenhuma Pois então seja bem natural

A realidade você tem que assumir Mas não se esqueça de ouvir

À tarde, á noite ou de dia No chegar e no partir O canto da fantasia!

FIM

Referências

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