• Nenhum resultado encontrado

Policiamento comunitário – uma nova tendência de policiamento

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Policiamento comunitário – uma nova tendência de policiamento"

Copied!
61
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA HUMBERTO ANTUNES ROCHA JÚNIOR

POLICIAMENTO COMUNITÁRIO – UMA NOVA TENDÊNCIA DE POLICIAMENTO

Palhoça - SC 2017

(2)

HUMBERTO ANTUNES ROCHA JÚNIOR

POLICIAMENTO COMUNITÁRIO – UMA NOVA TENDÊNCIA DE POLICIAMENTO

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em Gestão Integrada da Segurança Pública, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Especialista.

Orientação: Prof. Giovani de Paula, MSc.

Palhoça - SC 2017

(3)

HUMBERTO ANTUNES ROCHA JÚNIOR

POLICIAMENTO COMUNITÁRIO – UMA NOVA TENDÊNCIA DE POLICIAMENTO

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Segurança Públicae aprovado em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Integrada da Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, em, 8 de setembro de 2017.

_______________________________________

Professor orientador: Giovani de Paula, MSc. Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________________

Professor Joel Irineu Lohn, MSc.

(4)

Dedico esta pesquisa a minha querida e amada esposa Sandra e minhas filhas Marina e Fernanda.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado forças para resistir quando pensei em desistir de continuar o curso.

A minha esposa e conselheira Sandra Regina Vieira Costa Rocha e minhas filhas Marina e Fernanda que sempre se demonstraram compreensíveis e solidários nos momentos que juntos abdicamos de horas de lazer.

Ao amigo Luís Cláudio Pereira Celestino que ao longo do curso prestou valiosa e oportuna ajuda, nos momentos em que eu não pude estar presente, em função de minhas atribuições funcionais, as quais me obrigavam a inúmeras viagens e ao mesmo tempo, dificultavam o acompanhamento do trabalho de final de curso.

Aos estimados companheiros da Polícia Militar de Brasília, que com suas experiências na área do Policiamento Comunitário, contribuíram com seus respectivos conhecimentos em diferentes níveis.

A Professora Maria Lúcia por suas orientações na confecção do trabalho final de curso.

Agradecimento especial, ao estimado Professor Giovani De Paula, que em várias oportunidades, se colocou a disposição para esclarecimentos e orientações oportunas e extremamente importantes para a realização desta monografia.

(6)

“Eu admiro aqueles que conseguem sorrir com os problemas, reunir forças na angústia, e ganhar coragem na reflexão. É coisa de pequenas mentes encolher-se, mas aquele cujo coração é firme, e cuja consciência aprova sua conduta, perseguirá seus princípios até a morte.” (Thomas Paine)

(7)

RESUMO

Este trabalho pretende informar as implicações, de natureza organizacional, do processo de mudança do modelo Policial Tradicional, profissional-burocrático de policiamento, para o modelo de Policiamento Comunitário, sendo uma modalidade de atuação mais moderna no enfrentamento a criminalidade e, o mais importante, com o apoio e participação da comunidade. Desta forma, demonstrar que a transição de uma estratégia organizacional para outra implica mudanças significativas na estrutura e caráter da organização. Nesse mesmo contexto, informar sobre aspectos relevantes para a implementação do policiamento comunitário, bem como, verificar os modelos adotados em outros países e, também, no Brasil, baseado nas experiências elencadas pelos autores Bayley e Skolnick, de acordo com os novos ideais democráticos, em um conceito de polícia que resgata, em seus fundamentos, o caráter preventivo e a ideia do policial como agente da paz social e a manutenção da ordem de forma menos repressiva. Sendo assim, com isso, reforçar a discussão da importância da aplicação desta nova e moderna filosofia de policiamento, como um caminho viável para a busca do equilíbrio entre as forças de segurança pública e o cidadão, razão de ser de um Estado democrático, procurando buscar sempre a melhor qualidade de vida do cidadão.

Palavras-chave: Policiamento Comunitário; Estratégia, Implementação do Policiamento

(8)

ABSTRACT

This monograph intends to inform the implications, organizationally speaking, of the changing process of the traditional police model, professional-bureaucratic of policing, to the community policing model, which is a more modern mode of action in facing criminality and, what is more important, with the community support. Furthermore, the search aims to demonstrate that the transition from an organizational strategy to another requires significant structural changes and character of the organization. In that same context, it also has the objective to inform the relevant aspects for the implementation of the community policing, to check the models that have been adopted in others countries, and also in Brazil, based on experiences made by the writers Bayley and Skolnick, according to the new democratic ideals, in an idea of police that rescues, in its fundamentals, the preventive character and the concept of policeman as a peacekeeper and as an owner of the responsibility to maintain the order in a less repressive way. Therefore, the whole document was made to enhance the discussion of the importance of the application of this new and modern policing philosophy, as a viable path to a balance between the public security forces and the population, the main goal of a democratic state, that always views to improving the quality of life of its citizens.

(9)

LISTA DE FIGURAS E QUADRO

Fotografia 1 - Policiamento Comunitário - São Paulo ... 42

Fotografia 2 - Posto policiamento comunitário - Rio de Janeiro em 24/08/2011... 42

Fotografia 3 - Bases Móveis Comunitárias Porto Alegre 07/07/2016... 43

Fotografia 4 - Policiamento Modular - Curitiba ... 44

Fotografia 5 - CIOPS - Fortaleza - 06/05/2016 ... 44

Fotografia 6 - Posto Comunitário ... 46

Fotografia 7 - Estrutural/DF 22/07/2016 ... 48

Fotografia 8 - Samambaia Sul - 18/10/2016 ... 49

Fotografia 9 - Samambaia Norte - 26/12/2016 ... 49

Fotografia 10 - Ceilândia Vandalismo - 11/03/2017 ... 50

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL 15

2.1 CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA 15

2.1.1 Estado Democrático de Direito 15

2.1.2 Ordem Pública 16

2.1.3 Segurança Pública 16

2.1.4 Tranquilidade Pública 16

2.1.5 Salubridade Pública 17

2.2 O ESTADO E A SEGURANÇA DA SOCIEDADE 18

2.3 VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE 21

2.3.1 Conceituação de Violência 21

2.4 PANORAMA SOBRE VIOLÊNCIA 22

2.5 VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE SOCIAL 23

2.6 ORGANIZAÇÕES POLICIAIS 24

2.6.1 Conceitos para o Entendimento das Organizações Policiais 25

2.7 ORGANIZAÇÒES POLICIAIS NO BRASIL 26

2.8 POLICIAMENTO TRADICIONAL 27

2.9 O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO 29

2.9.1 Fundamentos do Policiamento Comunitário 29

2.9.2 Implementação do Policiamento Comunitário 33

2.10 POLÍTICAS DE GOVERNO 37

2.11 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO MUNDO E NO BRASIL 38

2.12 O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO DISTRITO FEDERAL 45

3 DISCUSSÃO 51

CONCLUSÃO 54

(11)

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como finalidade apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) como requisito parcial para a conclusão do Curso de Especialização em Gestão Integrada de Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

O tema proposto trata da necessidade da implementação de uma Polícia cada vez mais sintonizada com a comunidade, diminuindo a distância e os entraves existentes, hoje, entre o agente público de segurança e o cidadão comum de um determinado grupo social.

Contextualizando a razão da abordagem desse trabalho, nota-se que os meios de comunicações nacionais exploram, constantemente, o crescente aumento da violência no Brasil. De maneira assustadora, nos últimos anos, a insegurança chegou a altos níveis, aumentando os índices de criminalidade, atingindo, desta forma, as instituições responsáveis pela segurança pública, forçando-as a agir de forma repressiva, e isto tem levado a população a questionar os procedimentos utilizados pela polícia militar.

Para tanto, faz-se necessário uma análise sobre a aplicabilidade das atividades desenvolvidas pela Policia Militar que realiza suas missões para a garantia da tranquilidade pública, bem como exercer sua atividade baseada no princípio da universalidade, onde a polícia militar desvia de sua função preventiva para garantir a segurança das pessoas.

Com isso, de acordo com as profundas mudanças, que vem ocorrendo em nossa sociedade, e, também, com o advento do Estado Democrático de Direito, uma nova tendência de policiamento vem surgindo e sendo implantada, com sucesso, no mundo e no Brasil.

Neste prisma de inovação, surge a Polícia Comunitária, como uma modalidade de policiamento moderna, no intuito de enfrentar a criminalidade, de uma maneira menos repressiva e, o mais importante, com o apoio e participação efetiva da comunidade. Policiais e comunidade unidos com o objetivo de reduzir a criminalidade e buscar a paz social.

Diante do aumento da violência e inoperância do Estado, bem como a ineficácia do sistema criminal brasileiro, os órgãos que garantem a segurança pública devem aprimorar suas técnicas e abordagens para obterem melhores resultados frente ao alarmante aumento da criminalidade, diante deste quadro, o modelo de Policiamento Comunitário pode ser uma boa estratégia, por isso parece ser melhor a participação da comunidade para este tipo de policiamento obter eficácia e eficiência nas atividades policiais.

O uso repressivo da força passou a ser questionada pelos diversos setores de nossa sociedade, a nova ordem segue a tendência em buscar o enfrentamento às causas da violência. Diante dessa visão, o policiamento comunitário é um modelo de policiamento que visa

(12)

aproximar-se da sociedade, tornando-se um elo dos organismos estatais com a comunidade para que esta colabore com a polícia.

Ressalta-se que o policiamento comunitário é caracterizado pela atividade ostensiva da polícia existindo distanciamento entre o este e a comunidade.

Os criminosos que cometem pequenos delitos como o furto e uso de entorpecentes convivem livremente nos limítrofes da comunidade, muitos são filhos de cidadãos que se sentem intimidados com as ações coercitivas da polícia e não conseguem manter um bom relacionamento com as polícias.

O interesse pelo tema “Polícia Comunitária” surgiu como uma forma de chamar a atenção das comunidades que ainda não utilizam esse tipo de policiamento, despertar o efetivo relacionamento entre essa e a polícia de sua localidade como forma estratégica de informar suas implicações como meio de reduzir a criminalidade.

O policiamento comunitário contrapõe o modelo tradicional de segurança pública, centrado no controle penal da criminalidade, novos argumentos enfatizam o caráter interdisciplinar e multifatorial do tema. A questão criminal passa a ser vista, agora, como uma das vertentes do fenômeno da insegurança no espaço urbano, que deixa de ser objeto exclusivamente das instituições do sistema de justiça criminal para converter-se em tema transversal do conjunto das políticas públicas e da própria sociedade civil.

Parece notório que deve haver mudanças nas atividades desenvolvidas pelas polícias para se alcançar à eficiência, pois o sistema de segurança pública atual depende de políticas inovadoras, bem como uma melhor relação entre Estado e sociedade, estabelecendo um intercâmbio de informações com a finalidade de garantir a segurança das pessoas.

Portanto, ao viabilizar a construção de canais de comunicação política com os diversos setores da sociedade, o Estado, com a instauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, por meio da Constituição Federal de 1988, e as instituições do sistema criminal, passaram a ter o dever atender os cidadãos respeitando os princípios democráticos.

Consequentemente, as principais reformas recentemente vislumbradas,

envolvendo as instituições do sistema criminal, estão fundadas na premissa de que a eficácia de uma política de prevenção do crime e produção de segurança está relacionada à sociedade. As atividades desenvolvidas pelas polícias parecem não atingir os objetivos esperados, pois o perfil do criminoso mudou e este pode vir de todas as classes, a nova tendência é buscar o enfrentamento as causas da violência.

(13)

Assim, as fórmulas tradicionais que envolvem as tecnologias, táticas e técnicas que sustentam a aplicação do trabalho policial devem mudar para novas abordagens que atendam o perfil atual de comportamento das pessoas.

O uso excessivo da força deve dar lugar a medidas preventivas que culminem na proximidade e apoio da sociedade. O nosso ordenamento jurídico mudou, dando celeridade aos processos e desenvolvendo políticas de ressocialização como: mudanças no sistema penal, carcerário, além da intervenção nas interpretações do Supremo Tribunal Federal – STF.

Mais além, a enorme desproporção entre os recursos humanos e materiais disponíveis e o volume de problemas forçou o Estado a buscar fórmulas alternativas capazes de maximizar o seu potencial de intervenção. Isso implica o reconhecimento de que a gestão da segurança não é responsabilidade exclusiva do Estado, mas da sociedade como um todo.

Nesse novo panorama social, surge, no âmbito das instituições policiais, a doutrina de polícia comunitária como uma das formas de promover a reformulação institucional, adequando-as às novas exigências democráticas. O conceito de polícia comunitária resgata, em seus fundamentos, o caráter preventivo das polícias e a ideia dos policiais como agentes da paz social e de manutenção da ordem, mais do que simplesmente profissionais treinados para reagir às chamadas de emergência, fazendo cumprir a lei penal.

De acordo com SKOLNICK e BAYLE, (2002) a premissa central do policiamento comunitário é que o público deve exercer seu papel mais ativo e coordenado na obtenção de segurança. A polícia não consegue arcar sozinha com a responsabilidade, e, sozinho, nem mesmo o sistema de justiça criminal pode fazer isso. Numa expressão bastante adequada, o público deve ser visto como “coprodutor” da segurança e da ordem, juntamente com a polícia. Desse modo, o policiamento comunitário impõe uma responsabilidade nova para a polícia, ou seja, criar maneiras apropriadas de associar o público ao policiamento e à ordem.

Neste contexto, a polícia comunitária torna-se não apenas uma forma de melhorar a imagem da polícia, as ações e técnica devem trazer melhores resultados que o policiamento tradicional. Desse modo, o policiamento comunitário expressa um conjunto de ideias, no plano operacional, orientado à divisão de responsabilidades entre a polícia e os cidadãos no planejamento e na implementação das políticas públicas de segurança.

Face ao exposto, parece necessário a construção de uma relação sólida com a sociedade, pressupondo um empenho da polícia em adequar as suas estratégias e prioridades às expectativas e necessidades locais. Se não houver uma disposição da polícia de, pelo menos, admitir a influência do público sobre suas operações, o policiamento comunitário será

(14)

percebido como um mero trabalho de relações públicas e a distância entre a polícia e a comunidade será cada vez maior.

Buscou-se pesquisar sobre o que é a polícia comunitária, no pressuposto legal da Constituição Federal do Brasil (1988), seus conceitos na visão de autores como Wadman (1994), Sherman (1995), Trojanowicz e Bucqueroux (1999), Bayley e Skolnick (2001) e Mendonça (2009), suas características, como estão sendo implementadas, as implicações no aumento da segurança, bem como situar estados federativos que já utilizam o policiamento comunitário como modelos para outros serem implantados.

Para tanto, tem como objetivo geral demonstrar como o modelo policiamento comunitário pode complementar as técnicas e abordagens policiais para enfrentar a criminalidade de acordo os princípios democráticos, bem como o novo modelo de policiamento pode diminuir a distância entre as policias e comunidade. Já os Objetivos específicos baseiam-se em oferecer aos interessados conceitos e abordagens sobre o policiamento comunitário e como está sendo implementado; apresentar um histórico sobre a implementação do policiamento comunitário no mundo e, principalmente, no Brasil. Além de verificar como a participação da sociedade pode ajudar na implementação do policiamento comunitário e por fim, demonstrar como políticas desenvolvidas pelas policias pode ajudar a comunidade a enfrentar as causas da violência.

Para elaborar o estudo, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória, bibliográfica, descritiva buscando prover o pesquisador de fundamentos em artigos publicados em sítios da internet, teses de mestrado e doutorado, bem como livros que tratam sobre o tema, onde foram utilizadas como base de pesquisa as palavras-chave: legislação - policiamento – polícia comunitária – comunidade – implementação da polícia comunitária. Isto se evidenciou como sendo adequado para esta pesquisa, propiciando o alcance dos objetivos.

Foram empregados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados em que retratassem a temática em sua íntegra; artigos e os trabalhos acadêmicos com até 10 anos de publicação e de anos anteriores que contribuíram para o conhecimento do tema.

Para a consecução do proposto acima, foram consultadas as fontes bibliográficas existentes sobre a temática abordada, bem como os sujeitos que têm ou tiveram participação relevante na atividade de Segurança Pública, em especial, no tema “Policiamento Comunitário”, como, por exemplo, escritores reconhecidos e integrantes de órgãos que trabalham diretamente na área de Segurança Pública.

(15)

Para tanto, o presente estudo, no intuito de elucidar as ideias acima apresentadas, está composto de um capítulo inicial que contará com a introdução, problematização, justificativa e procedimentos metodológicos, discussão e conclusão.

O segundo capítulo será dedicado à abordagem do tema Segurança Pública, alguns conceitos e a função do Estado perante a sociedade neste cenário de criminalidade e violência.

Para o terceiro capítulo, o autor foca o trabalho na violência e criminalidade no Brasil e seus efeitos causados no seio da sociedade.

No quarto capítulo, dedica-se ao a tratar sobre as organizações Policiais e o Policiamento Tradicional no Brasil.

No quinto capítulo é inteiramente dedicado ao tema principal que é motivo deste trabalho, o Policiamento Comunitário e todas as implicações sobre o assunto.

No último capítulo, a discussão da relevância da implementação desta nova e moderna filosofia de policiamento, como uma modalidade viável para o equilíbrio entre as forças de segurança pública e o cidadão, razão de ser de um Estado democrático.

Por fim, a conclusão onde o autor reforça a relevância do tema, sintetizando, exemplificando e refletindo sobre as principais ideias e argumentações apresentadas anteriormente.

(16)

2 SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

2.1 CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA

Desde os tempos remotos do Império até o período contemporâneo, observa-se que a situação política do Brasil sempre foi muito conturbada e marcada por vários conflitos, desde a Revolução Farroupilha, passando pelas revoltas no Nordeste, o golpe Militar, que proclamou a República, a Revolução de 1930, que iniciou o período ditatorial de Getúlio Vargas, dentre outras. Todos esses conflitos foram motivados por interesses diversos, que marcaram o passado da nação.

Do mesmo modo que o cotidiano do País ia se alterando a cada mudança de regime, também as instituições, dentre elas, as forças policiais, iam modificando também sua forma de atuar, seja garantindo a segurança pública e a defesa da sociedade, seja visando ä segurança nacional e a defesa do Estado.

Atualmente, nosso País vive um Estado Democrático de Direito, com pleno funcionamento das instituições democráticas, e em pleno exercício dos direitos de cidadania.

Esse Estado Democrático de Direito tem como pressuposto básico o acatamento do ordenamento jurídico, ordenamento este que tem na Constituição Federal a sua instância suprema. Aliás, a própria Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, afirma em seu artigo 10 que o Brasil constitui-se em um Estado Democrático de Direito.

2.1.1 Estado Democrático de Direito

Art 10 – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em estado Democrático de Direito, (...)

Dentro deste conceito de estado Democrático de Direito está contida a preocupação com a manutenção de um estado de normalidade social. Há que haver uma determinada ordem para que a sociedade viva em harmonia e possa atingir seu objetivo principal, qual seja o bem comum. A esta ordem convencionou-se chamar de Ordem Pública.

(17)

2.1.2 Ordem Pública

Devemos saber que o conceito de Ordem Pública é de fundamental importância para podermos atender qual é o papel desempenhado pela Polícia, para, desta forma, garantir essa Ordem. Segundo Vedel apud Cretella Júnior (1978), “a noção de ordem pública é básica em direito administrativo, sendo constituída por um mínimo de condições essenciais a uma vida social conveniente. A segurança dos bens e das pessoas, a salubridade e tranqüilidade formam-lhe o fundamento”.

Lazzarin (2004) conceitua assim três elementos que compõem a Ordem Pública: Segurança Pública, Tranqüilidade Pública e Salubridade Pública.

2.1.3 Segurança Pública

É o estado antidelitual, que resulta da observância dos preceitos tutelados pelos códigos penais comuns e pela lei de contravenções penais, com ações de polícia repressiva ou preventiva típicas, afastando-se, assim, por meio de organizações próprias, de todo o perigo, ou de todo o mal que possa afetar a ordem pública em prejuízo da vida, da liberdade individuais, estabelecendo que a liberdade ou dos direitos de propriedade das pessoas, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo em fazer aquilo que a lei não veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, oferecendo-a.

Para Plácido e Silva (1999, p. 740), Segurança Pública tem o seguinte significado:

É o afastamento por meio de organizações próprias de todo perigo, ou, de todo mal, que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida. Da liberdade, ou dos direitos de propriedade do cidadão. A segurança pública assim limita as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a. É da competência da União organizar e manter seus órgãos e instituições, a quem compete também legislar sobre a matéria. É dever do Estado e direito e responsabilidade de todos. Exerce-se para a preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

2.1.4 Tranquilidade Pública

Exprime o estado de ânimo tranquilo, sossegado, sem preocupações nem incômodos, que traz às pessoas uma serenidade, ou uma paz de espírito. A tranquilidade pública, assim, revela a quietude, a ordem, o silêncio, a normalidade das coisas, que, como se

(18)

faz lógico, não transmitem nem provocam sobressaltos, preocupações ou aborrecimentos, em razão dos quais se possua perturbar o sossego alheio. A tranquilidade, sem dúvida alguma, constitui direito inerente a toda pessoa, em virtude da qual está autorizada a impor que lhe respeitem o bem-estar, ou a comodidade do seu viver.

2.1.5 Salubridade Pública

Referindo-se as condições sanitárias de ordem pública, ou coletiva, a expressão salubridade pública designa também o estado de sanidade e de higiene de um lugar, em razão do qual se mostram propícias as condições de vida de seus habitantes.

A compreensão do conceito de Ordem Pública não é fácil, sendo que ele é extremamente incerto, pois varia no tempo e no espaço, de um país para outro, e até mesmo de uma época para outra em um mesmo país.

Sobre o surgimento do conceito de Ordem Pública nos cita Moreira Neto (2005):

A noção de Ordem Pública não é nova. Vamos encontrá-la mencionada desde o Direito Romano. O tema ainda não havia sido cunhado, mas seu conteúdo correspondia ao conceito de “mores”. (...) No Direito Intermédio, a expressão surge como sinônimo de “bons costumes”e “interesses públicos”, (...), com um lastro moral muito profundo no cristianismo. Ao chegar ao século dezenove, o liberalismo reliberta o conceito laico, mas restringe, (...), a aspectos casuísticos. Com o advento do Estado do Bem Estar Social, a Ordem Pública se hipertrofia e passa a ser o conceito instrumental para o alargamento do papel interventivo do estado nos vários campos da atividade humana, (...).

Para Meirelles (1987), “Ordem Pública é a situação de tranqüilidade e normalidade que o Estado assegura – ou deve assegurar – às instituições e a todos os membros da sociedade, consoante as normas jurídicas legalmente estabelecidas”.

O conceito de Ordem Pública, ainda segundo Meirelles (1987), diz que é a necessidade de garantir o exercício dos direitos individuais, manter a estabilidade das instituições e assegurar o regular funcionamento dos serviços públicos, como também impedir os danos sociais, que Marcelo Caetano conceitua como os prejuízos causados à vida em sociedade ou que ponha em causa a convivência de todos os membros dela.

Como caracteriza Lazzarini (2004), “A Ordem Pública não é figura jurídica, embora dela se origine e tenha a sua existência formal”.

Na visão de Cretella Júnior (1978), “a noção de Ordem Pública é extremamente vaga e ampla. Não se trata, apenas, da manutenção material da ordem na rua, mas também da manutenção de certa moral”.

(19)

Plácido e Silva (1999) conceitua Ordem Pública como sendo

[...]

a situação e o estado de legalidade normal, em que as autoridades exercem suas precípuas atribuições e os cidadãos as respeitem e acatam, sem constrangimento ou protesto. Não se confunde com a ordem jurídica, embora seja uma conseqüência desta e tenha sua existência formal dela derivada.

[...]

Segundo o Manual de Bases Doutrinárias para Emprego da Força, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o conceito de Ordem Pública diz:

[...]

Ordem Pública é o estado de paz social que experimenta a população, decorrente do grau de garantia individual ou coletiva propiciado pelo poder público, que envolve, além das garantias de segurança, tranqüilidade e salubridade, as noções de ordem moral, estética, política e econômica, independentemente de manifestações visíveis de desordem.

[...]

Com base nas citações acima, compreende-se que Ordem Pública é uma situação real e que representa a forma de convívio social na qual imperam o interesse público, a estabilidade das instituições e os direitos individuais e coletivos das pessoas.

2.2 O ESTADO E A SEGURANÇA DA SOCIEDADE

As pessoas atualmente sejam brasileiras ou estrangeiras, vivem em constante insegurança e com medo. Para o cidadão infrator que não respeita a lei, a impunidade é um fato que não deve e nem pode haver no Estado de Direito.

Com o estabelecimento do Estado Democrático de Direito no Brasil, através da Constituição Federal de 1988, os institutos do sistema criminal receberam a obrigação de se aperfeiçoar para acolher os preceitos democráticos e ao aumento do engajamento da sociedade nas demandas consideradas de competência do Estado.

O Estado foi constituído para que os conflitos fossem resolvidos com base na lei, que é o meio mais respeitável para que a justiça seja aplicada, garantindo a ordem, possibilitando a vida em sociedade, observando os direitos e as garantias basilares.

Estabelece o art. 144 da CF que,

[...]

A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos policiais”.

(20)

II. Polícia rodoviária federal; III. Polícias civis;

IV. Polícias militares e corpos de bombeiros militares. (BRASIL, 2010) [...]

Portanto, não se deve permitir que o estado de violência seja uma norma na sociedade e como exceção a paz social e a tranquilidade, pois a integridade é uma prerrogativa que deve ser resguardada. As pessoas não esperam juras e promessas, elas necessitam de uma assistência que seja eficaz.

Para LLOP (1997 citado por ROSA, 2012) refere-se à força policial como instituição importante do Estado, e define como “as forças policiais têm como missão a preservação, a manutenção e restauração da segurança e da ordem pública”.

Já Bayley (1975, p. 328) define força policial como “são aquelas organizações destinadas ao controle social com autorização para utilizar a força, caso necessário.”

Oliveira e Tosta (2001, p. 58) assim entendem a polícia no que diz respeito ao seu papel: responsável pela segurança social dos indivíduos e pela manutenção das regras jurídicas, por meio da prevenção ou da investigação. É mantenedora da ordem social.

Pela força da constituição federal, o Estado não é apenas o único responsável pela segurança pública, mas a sociedade como um todo, portanto, a participação do cidadão, da comunidade deve ser mais efetiva buscando a realização de objetivos gerais.

Assim, as associações comunitárias e outras instituições da sociedade devem participar de ações desenvolvidas pelas delegacias e polícias do bairro, a comunidade deve ser incentivada a participar dos serviços de denúncias e das políticas de segurança pública como forma de ajudar a diminuir os índices de violência.

É exato que o policiamento e em particular o patrulhamento a pé, presente nas ruas enfraquece a percepção de insegurança da comunidade, mesmo que não seja ativa na diminuição da criminalidade. A investigação criminal também tem obtido poucos resultados na diminuição desse percentual, portanto é necessário criar estratégias que favoreçam atividades de prevenção à criminalidade e não tão-somente à sua repressão.

Portanto, é importante compreender a relação entre as polícias, o Estado e a sociedade. De acordo com Costa (2004) um dos enfoques influentes sobre o tema recomenda que a polícia deve ser tomada como um objeto histórico.

[...]

Considera-se que as polícias não são atores políticos em si, mas produto de condições históricas determinadas. Desse modo, associam-se inseparavelmente Estado e polícia, sendo o último instrumento para o exercício do controle social. Ainda segundo essa abordagem, o Estado é um produto dessas mesmas condições

(21)

históricas. Nesse sentido, é a estrutura material existente que determina a estrutura e o papel da polícia no controle social. (p.103)

[...]

Quanto ao controle social, às polícias desempenham diferentes papeis. Podem, por exemplo, assumir o papel central em detrimento dos outros mecanismos de controle social existentes no Estado e na sociedade. Podem também tomar o uso da força como seu principal instrumento de atuação. Ou, ao contrário, podem desempenhar papel complementar ao controle social promovido pela sociedade civil. As policias podem reconhecer ou não a existência dos conflitos sociais para desempenhar atividades relacionadas à administração deles.

Assim, a sociedade, o Estado e a Polícia precisam estar unidos na busca da paz, na intenção de minimizar a violência que tanto angustia a população brasileira, pois muitos ficam reféns dentro de suas casas, desses infratores que não medem suas ações, o que não afasta de serem vítimas de violências em suas residências, que de acordo com o art. 5º, inciso XI da CF diz “

[...]

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

[...]

Nesse sentido, as mudanças na comunidade devem acontecer através da educação da população através de seminários entre outros meios de comunicação e a alteração dos modelos propostos. A impunidade deve ser apartada da crença do infrator, que deve respeitar a lei e na certeza de que receberá punição pelos crimes cometidos. Portanto, a polícia deve andar lado a lado da comunidade e esta deve confiar em seus policiais e cooperar espontaneamente com o Estado para juntos buscarem o efetivo enfrentamento a criminalidade.

O tema criminalidade passa a ser observado como um dos caminhos da insegurança no espaço citadino, e deixa de ser elemento unicamente das instituições do sistema de justiça criminal para transformar-se em tema transversal do conjunto das políticas públicas e da própria sociedade civil (ARAÙJO e BRAGA, 2008).

(22)

Portanto, para haver a eficácia e eficiência do aparelho de segurança pública, é indispensável que a relação entre Estado e sociedade seja da melhor forma possível, que exista entre ambos uma interação de subsídios com uma única finalidade a de garantir a segurança das pessoas. Assim, ao tornar viável o estabelecimento de meios de comunicação política com as distintas esferas da sociedade, o Estado

[...] passa a atuar como mediador de conflitos, catalisador de recursos e articulador de políticas voltadas à afirmação de direitos fundamentais, contribuindo, assim, para o fortalecimento dos alicerces de uma sociedade civil autônoma e democrática (DIAS NETO, 2000, p. 127).

Consequentemente, a conexão entre a comunidade e a polícia deve ser incentivada pelo Estado para melhorar os serviços de segurança, pois o dever de preservar a ordem pública pertence exclusivamente as forças policiais, que é responsável pela segurança pública, contudo o cidadão, deve participar de forma ativa nas políticas a serem desenvolvidas pelos órgãos públicos.

2.3 VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE

O Brasil, nos últimos anos, passou a estar associado, tanto no âmbito interno quanto internacionalmente, ao fenômeno do crime e da violência. Tal situação fica pautada pelos conteúdos de mídia nacional e estrangeira, onde são regularmente veiculadas, matérias que mostram rebeliões de presos, conflitos entre a polícia e movimentos sociais, sequestros, dentre outros. As estatísticas da violência e da criminalidade também mostram que a situação merece ser analisada de forma séria e responsável, para que as políticas públicas possam ser efetivas.

2.3.1 Conceituação de Violência

A violência é um fenômeno social que preocupa a sociedade e os governos na esfera pública e privada. Seu conceito está em constante mutação visto que não é fácil defini-lo, pois não existe um conceito absoluto.

Enquanto um conceito mais restrito pode deixar de fora parte das vítimas, uma definição muito ampla recorre, também, no mesmo erro e ainda não levar em conta as micro violências do cotidiano.

Em sentido estrito refere-se à violência física como a intervenção de um indivíduo ou grupo contra a integridade de outro (s) individuo (s) ou grupo (s) e também contra si mesmo. Tal definição abarca desde suicídios, espancamentos de vários tipos, roubos, assaltos

(23)

e homicídios até a violência no trânsito e todas as diversas formas de agressão sexual, ou seja, a violência que se encontra no código civil ou segundo Chesnais (1981) a “violência dura”.

Já a violência simbólica refere-se ao abuso do poder baseado no consentimento que se impõe mediante o uso de símbolos de autoridade, como violência verbal e também a violência institucional marginalização, discriminação e práticas de assujeitamento utilizadas por instituições diversas que instrumentalizam estratégias de poder.

2.4 PANORAMA SOBRE VIOLÊNCIA

Uma das maiores demandas da sociedade moderna é a segurança pública. Em face da violência e da criminalidade, que são entes dinâmicos e não param de crescer, a segurança passou a ser um tema costumeiro na mídia e nos círculos sociais.

O Estado de Direito constantemente se vê afrontando pela questão da violência. No entanto, este Estado não permanece inerte frente aos desafios colocados por esse fenômeno. Os mecanismos de segurança pública são colocados à disposição da população para prevenir, inibir, punir e ressocializar aqueles que entram na criminalidade. O artigo 144 da Constituição Federal de 1988 elenca em seu preâmbulo os seguintes dizeres, [...] A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...] (BRASIL, 2010).

Como consagrado pelo legislador constituinte, a segurança é responsabilidade de todos. Assim, tanto o Estado quando a sociedade tem parcela significativa na questão de segurança pública. Dessa forma, constitui-se um erro pensar em segurança pública apenas no nível de Estado.

A violência dos dias atuais é um dos maiores temores da sociedade. Entretanto, antes de dar prosseguimento a esta temática é prático que se observe o conceito de violência trazido por Michaud (1989):

[...]

Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários autores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a seja em sua integridade moral em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais (1989, p.100).

[...]

A violência que é colocada por Michaud (1989) não se refere apenas à violência física, mas todo tipo que a sociedade está sujeita, por conta da ação da criminalidade, gerando,

(24)

assim, a sensação de insegurança. A violência policial também pode ser agregada a este conceito. Neste contexto, ela tem raízes históricas que remontam à necessidade de controle das classes menos favorecidas pelas elites dominantes, já que nos primórdios da história brasileira a segurança pública era feita para defender os direitos da elite social.

Em relação à cobrança da sociedade por segurança pública, Jesus (2008) faz o seguinte comentário:

[...]

A política de segurança pública só fará algum sentido, desde que haja uma verdadeira política interna bem definida, sincronizada e coordenada, e que as discussões sobre ela sejam pragmáticas, pois, assim será considerado não apenas o êxito e fracassos dos efeitos desejados, mas também, os efeitos colaterais não desejados, mas necessariamente causados. E, sendo pragmática, a política de segurança pública deve convencer-se do fato que a criminalidade, mesmo, a médio prazo, vai continuar existindo (JESUS, 2008, p.59).

[...]

Segundo Pedroso (2005), o componente mais visível do sistema de segurança pública é o policial militar, pois é ele que está constantemente interagindo com a população, tendo em vista a natureza de suas atribuições ser de policiamento ostensivo, o que o coloca em contato direto e constante, com a comunidade. A polícia reflete a ideologia do governo, tendo em vista que os efetivos militares são subordinados, em primeira mão aos comandantes das Corporações e, em segundo plano, aos governadores de estado. Desta forma, o viés de atuação da polícia militar depender, de certa forma, de mecanismos políticos.

2.5 VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE SOCIAL

No Brasil a violência está intimamente ligada à condição da vulnerabilidade social de certos extratos populacionais, como por exemplo, os jovens. Atualmente, esses atores sofrem riscos de exclusão social sem precedentes devido a um conjunto de desequilíbrios provenientes do mercado, Estado e sociedade que tendem a concentrar a pobreza entre os membros deste grupo e distanciá-los do curso central do sistema social.

Outro aspecto perverso da vulnerabilidade é a escassa disponibilidade de recursos materiais ou simbólicos a indivíduos ou grupos excluídos da sociedade. O não acesso a determinadas insumos, como educação, trabalho, lazer e cultura, diminui as chances de aquisição e aperfeiçoamento desses recursos que são fundamentais para que esses jovens aproveitem as oportunidades oferecidas pelo Estado, mercado e sociedade para ascender socialmente.

(25)

Marilena Chauí (1999) define a violência de forma multifacetada: seria tudo o que vale a força para ir contra a natureza de um ator social, ou seja, todo o ato de força contra a espontaneidade, à vontade e a liberdade de alguém e todo o ato de transgressão contra o que a sociedade considera justo e direito.

Para Santos (1986, p. 53), as noções de solidariedade social, consciência coletiva, crime e anomia fornecem um ponto de partida para o estudo da violência. Segundo Durkheim apud SANTOS (1986), a violência seria definida como, “um estado de fratura nas relações de solidariedade social e em relação às normas sociais e jurídicas vigentes em dada sociedade”.

Devido à generalização do fenômeno da violência não existem grupos sociais protegidos, diferentemente dos outros momentos históricos, ainda que alguns tenham mais condições de buscar proteção institucional e individual. Isto é, a violência não mais restringe a determinados nichos sociais, raciais, econômicos e ou geográficos, ela tornou-se um fenômeno sem voz e rosto que invade o cotidiano.

A situação de vulnerabilidade aliada às turbulentas condições socioeconômicas ocasiona uma grande tensão entre os jovens que agravam diretamente os processos de integração social e em algumas situações, fomenta o aumento da violência e da criminalidade.

Ressalta-se que a violência embora, em muitos casos, associada à pobreza, não é a sua consequência direta, mas sim da forma como as desigualdades sociais, a negação do direito ao acesso e bens e equipamentos como os de lazer, esporte e cultura operam nas especificidades de cada grupo social desencadeando comportamentos violentos.

2.6 ORGANIZAÇÕES POLICIAIS

Toda vez que o tema violência e criminalidade urbanas é chamado à discussão, o ponto nevrálgico do debate acabam naturalmente sendo as organizações policiais, cujo papel de manter a lei e preservar a ordem pública é direto e executivo. Nos noticiários, em nossas conversas informais e mesmo nos fóruns governamentais e acadêmicos, somos inevitavelmente conduzidos a enfrentar algumas questões com implicações práticas e, talvez, por isso, muito espinhosas em relação à polícia.

De um lado, cobramos a pronta atuação e a produtividade dos meios de força policiais no enfrentamento da desordem, do crime e da violência; de outro, exigimos sua adesão e a subordinação incontestável ao estado de direito.

(26)

Nesse contexto, cobramos, também, dos policiais, em cada curso de ação escolhido ou em cada ocorrência atendida em alguma rua de nossa cidade, que produzam resultados efetivos sem violar as garantias individuais e coletivas.

2.6.1 Conceitos para o Entendimento das Organizações Policiais

A definição mais geral aplicada ao conceito remete-se à forma particular de ação coletiva organizada (MONET, 2001). Por sua generalidade, contudo, a tal conceituação deve ser acrescentada seu caráter organizativo, em torno de administrações públicas.

[...]

Aqui o termo “Polícia” remete a um tipo de organização burocrática que se inspira ao mesmo tempo na pirâmide das organizações militares e no recente funcional das administrações públicas. Hierarquia e disciplina parecem palavras chaves deste universo (...) (MONET, 2001, p.16).

[...]

Mas as organizações policiais não se confundem com as demais instâncias da administração pública. A polícia apresenta particularidades que a distinguem de modo definitivo e visível a todos os cidadãos que diante dela se encontrem. A autoridade, que se manifesta pelo uso do uniforme e pelo porte legal da arma, destaca o fato de que seu universo é diferente daquele relativo às relações entre administrados e as demais instâncias públicas.

Outro ponto fundamental que pode destacar as particularidades das organizações policiais está em sua importância para o funcionamento político de uma coletividade, segundo MONET (2001). À polícia cabe a aplicação da ordem estabelecida pelo Estado sobre os que estão submetidos a sua autoridade, com o papel explícito de refrear as paixões individuais em nome da produção de um bem coletivo, a segurança.

[...]

(...) um elo associa polícia e soberania do Estado sobre seus territórios; a existência de uma polícia pública é o sinal indiscutível de presença de um Estado soberano e de sua capacidade de fazer prevalecer sua Razão sobre suas razões de seus súditos (MONET, 2001, p.16).

[...]

Ora, a polícia continua a existir mesmo onde a soberania do Estado se encontra assegurada pela legitimidade concedida a ele pelos cidadãos. Contudo, não podemos encontrar indicações claras o suficiente para afirmar que a polícia e capaz de evitar a violência e a criminalidade. Mas sabe-se que, se de todo a polícia não é capaz de evitar a criminalidade

(27)

em uma nação ou sociedade, ela pode diminuir as taxas de criminalidade que afetam aquela sociedade.

Conceitualmente, a polícia constitui um dos aparelhos repressivos do Estado, por meio do qual ele regula os comportamentos pelo uso da violência legítima. Em outras palavras, à polícia cabe assegurar a obediência a normas relativas à ‘modos civilizados’ de existência e resolução de conflitos, como já mencionado.

A polícia moderna burocratizada, por sua vez, apresenta uma dupla justificativa, que se constitui em seu principal dilema: a neutralização do uso privado da força e a restrição ao uso feito pelo Estado de violência, na imposição da ordem. Trata-se do estabelecimento do modelo de ordem sob lei, ou a estratégia democrática para expropriar dos indivíduos o recurso à violência a subordinar o trabalho policial ao judiciário (PAIXÃO, 1993).

2.7 ORGANIZAÇÕES POLICIAIS NO BRASIL

Toda sociedade encontra-se, ao longo de sua história, diante de problemas de ordem e regulamentação de conflitos, bem como de aquisição de paz. Concomitantemente, os instrumentos de coordenação dos comportamentos em torno da manutenção da ordem vigente nunca foram dissociados, segundo Bittner (1975), do uso da coerção e do emprego da força física.

A polícia, tal qual vimos no item anterior, é, portanto, umas das criações do estado moderno. Sob o auspício da racionalidade técnica e da impessoalidade das atividades públicas, as instituições do estado foram adquirindo o formato que conhecemos.

A polícia moderna expropria dos indivíduos o uso privado da força. Desse modo, a violência passa a ser legítima, desde que implementada pelo Estado, o que distingue a natureza de sua aplicação por um policial e por um bandido. O uso da força é legalmente justificado pela necessidade de imposição de normas públicas, explícitas e obrigatórias (PAIXÃO, 1993). Torna-se central a ideia de que a desordem deve ser coibida de modo racional, a partir de medidas práticas. O Estado burocrático e racional deverá, desse modo, garantir a paz social por meio de uma polícia capaz de impor um modelo de ordem sob lei, (BITTNER, 1975).

[...]

O modelo de “ordem sob lei” descreve uma dupla domesticação. Por um lado, o controle social coercitivo de minorias desobedientes indica a natureza punitiva da ordem social democrática é garantir o consenso moral, seja fazendo o crime não compensar pela detenção rápida e certeira do criminoso, seja comunicando à

(28)

periferia social as regras públicas de comportamento da sociedade democrática – a proscrição do ócio, do vício, do crime e da violência instrumental. Por outro lado. A polícia é objetivo a ser contido, dado o potencial de ameaça ao pelo exercício, pelo cidadão, de suas liberdades negativas, representado pelo uso obrigatório de poder pelos agentes do Estado no combate ao crime. (PAIXÃO, 1993, p.41).

As origens do policiamento moderno se dão obedecendo aos padrões estabelecidos ou pela França do período absolutista do século XIX. O primeiro modelo, o modelo francês, diz respeito ao policiamento autoritário, voltando para a segurança das instituições do Estado e sob forte controle central, enquanto o modelo de policiamento inglês reflete uma polícia voltada para o controle e a segurança, em âmbito local – esta polícia adquire sua forma por meio da famosa figura do ‘Bobby’, criação do primeiro do chefe da polícia londrina, Sir Robert Peel, para quem “a polícia e o público é o público é a polícia” (BRETAS, 1997).

Esses dois modelos de forças policiais implicam importantes consequências para o papel que essas instituições desempenham no mundo contemporâneo. Contudo o modelo inglês é tido pelas perspectivas progressistas como a maneira mais civilizada e moderna de fazer policiamento. Ao enfatizar o cidadão e não o Estado surge como uma alternativa ao autoritarismo e à centralização. Entretanto, as diferentes polícias, de diferentes países, desenvolvem-se a partir de características próprias ao seu contexto.

No caso do Brasil, as forças policiais organizaram-se não como força nacional – como no modelo centralizado francês – nem como força local – como no modelo inglês – mas em nível estadual. Suas funções, sem um planejamento sistemático, dividiram-se entre duas forças: uma dotada de pequenas funções judiciárias, com origens na administração local – polícia civil – e outra com o papel de patrulhamento uniformizado e em moldes militares. (ESPÍRITO SANTO, 1999).

2.8 POLICIAMENTO TRADICIONAL

O policiamento tradicional ou policiamento profissional é a estratégia de policiamento que vem orientando o policiamento moderno desde 1930.

O policiamento tradicional ou de combate profissional à criminalidade, foi concebida ao buscar a diminuição dos conflitos urbanos. Tem como característica principal o foco direto sobre o controle do crime, como sendo a missão central da polícia e só da polícia. Fundamentada nesse enfoque, a instituição policial se funda em unidades centralizadas, com profissionais que tem destinação de orçamento público para pessoal, logística, tecnologia e

(29)

treinamento, dentre outros recursos necessários para desenvolver esse serviço (DIAS NETO, 2003).

No policiamento tradicional a relação dos policiais com os cidadãos na maioria das vezes está limitada às situações pontuais tensas e adversas. É justamente essa situação de ausência de comunicação mais direta e cotidiana entre o policial e o cidadão que gera desconfiança, acirra conflitos e promove preconceitos (DIAS NETO, 2003).

Observa-se no quadro a seguir, algumas diferenças entre a concepção de polícia tradicional e da polícia comunitária, de acordo com o extraído do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária - CNMPC-MJ, 2007: p. 460-462.

Quadro 1 -Diferenças entre Polícia Tradicional e Polícia Comunitária

POLÍCIA TRADICIONAL POLÍCIA COMUNITÁRIA

- A polícia é uma agencia governamental responsável, principalmente, pelo cumprimento da lei;

- Na relação entre a polícia e as demais instituições de serviço público, as prioridades são muitas vezes conflitantes;

- O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do crime;

- As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, homicídios e todos aqueles envolvendo violência; - A polícia se ocupa mais com os incidentes;

- O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas rápidas aos crimes sérios;

- A função do comando é prover os regulamentos e as determinações que devam ser cumpridas pelos policiais;

- As informações mais importantes são aquelas relacionadas a certos crimes em particular;

- O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua área, que representa no máximo 2% da população residente ali, onde “todos são inimigos, marginais ou paisanos folgados, até prova em contrário”;

- O policial é o do serviço;

- Emprego da força como técnica de resolução de problemas;

- Presta contas somente a seu superior;

- As patrulhas são distribuídas conforme o pico de ocorrências.

- A polícia é o público, e o público é a polícia: os policiais são aqueles membros da população que são pagos para dar atenção em tempo integral às obrigações dos cidadãos;

- Na relação com as demais instituições do serviço público, a polícia é apenas uma das instituições governamentais responsáveis pela qualidade de vida da comunidade;

- O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo, visando a resolução de problemas, principalmente por meio da prevenção;

- A eficiência da polícia é medida pela ausência de crime e de desordem;

- As prioridades são quaisquer problemas que estejam afligindo a comunidade;

- A polícia se ocupa mais com os problemas e as preocupações dos cidadãos;

- O que determina a eficácia da polícia é o apoio e a cooperação do público;

- O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito relacionamento com a comunidade;

- A função do comando é incutir valores institucionais; - As informações mais importantes são aquelas relacionadas com as atividades delituosas de indivíduos ou grupos;

- O policial trabalha voltado para os 98% da população de sua área que são pessoas de bem e trabalhadoras; - O policial emprega a energia e a eficiência, dentro da lei, na solução dos problemas com a marginalidade, que no máximo chega a 2% da nos moradores de sua localidade de trabalho;

- Os 98% da comunidade devem ser tratados como cidadãos e clientes da organização policial;

- O policial presta contas de seu trabalho ao superior e à comunidade;

- As patrulhas são distribuídas conforme a necessidade de segurança da comunidade.

(30)

Portanto, as diferenças entre o policiamento tradicional e o policiamento comunitário, este último não se foca tão somente no crime, mas também na desordem e nas chamadas “quase criminais”, quais sejam, aquelas chamadas emergenciais que, embora no momento da ligação não tenham uma nítida natureza criminal, podem vir a desencadear uma sucessão de eventos violentos, como, por exemplo, as chamadas de violência doméstica, que muitas vezes inicialmente não são mais que desavenças.

Assim, o policiamento comunitário, foco do estudo, passa a ser tratado no seguinte item.

2.9 O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO

2.9.1 Fundamentos do Policiamento Comunitário

Entre as diversas formas de policiamento existentes, e visando fortalecer a segurança, entre as décadas de 1970 a 1980, surgiram em vários países novas estratégias para o combate à criminalidade. Entre essas estratégias e com características distintas das demais, começaram a introdução e o fortalecimento ao combate à criminalidade, a partir da participação da comunidade.

O significado desse novo tipo de policiamento passou a incluir pessoas de uma área determinada, o que significava a participação nas discussões, estabelecimento de prioridades e estratégias e ação, como também, compartilhar a responsabilidade junto à polícia da segurança da região. Como objetivos desse novo tipo de policiamento, passaram a ajudar na melhora das respostas aos problemas de segurança pública, tornando-a mais eficaz, reconhecida, ativa e participativa.

No Brasil, a Constituição de 1988 atribui, a todos os cidadãos o direito e dever de garantir a segurança pública: “[...] Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]”. (BRASIL, 1988). Isso sugere o reconhecimento de que a gestão da segurança não é encargo exclusivo do Estado, mas da coletividade como um todo.

Nesse novo cenário social, nasce, no campo dos institutos policiais, a doutrina de polícia comunitária como um dos meios de fomentar a reformulação institucional, adaptando-se às novas reivindicações democráticas.

Portanto, a importância da polícia comunitária busca, em seus embasamentos, o modo preventivo das polícias e a ideia dos policiais como promotores da tranquilidade social

(31)

e de mantimento da ordem, mais do que meramente profissionais habilitados para reagir a chamadas de emergência, fazendo cumprir a lei penal.

Assim, Skolnic e Bayle (2002) referem-se

A premissa central do policiamento comunitário é que o público deve exercer seu papel mais ativo e coordenado na obtenção de segurança. A polícia não consegue arcar sozinha com a responsabilidade, e, sozinho, nem mesmo o sistema de justiça criminal pode fazer isso. Numa expressão bastante adequada, o público deve ser visto como “coprodutor” da segurança e da ordem, juntamente com a polícia. Desse modo, o policiamento comunitário impõe uma responsabilidade nova para a polícia, ou seja, criar maneiras apropriadas de associar o público ao policiamento e à ordem. (p. 18).

Dessa forma, o policiamento comunitário exprime uma reunião de ideias na concepção operacional norteando a divisão de responsabilidades entre os cidadãos e a polícia, quanto ao planejamento e a implementação das políticas públicas de segurança.

Existe uma variedade conceitos emitidos sobre o policiamento comunitário e que ao longo do tempo foram alteradas de acordo com estudos realizados por diversos autores como Wadman (1994), Sherman (1995), Trojanowicz e Bucqueroux (1999), Bayley e Skolnick (2001) e Mendonça (2009).

Segundo Wadman (1994) o policiamento comunitário é “uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as energias e os talentos do departamento policial na direção das condições que frequentemente dão origem ao crime e a repetidas chamadas por auxílio local.”

Sherman (1995) citado no “Manual de Policiamento Comunitário: Polícia e Comunidade na Construção da Segurança” (2009) ao referir-se sobre o policiamento comunitário diz que este é uma resposta à crise de legalidade pela qual a polícia norte-americana sofreu durante as fases de conflito com grupos minoritários e raciais. Enfaticamente, é a reaproximação e o instalação de um novo protótipo de relacionamento com a comunidade. O policiamento norteado para dificuldades, nasce como uma estratégia para suplantar outro conflito na polícia, que referia aos seus resultados.

Para Trojanowicz e Bucqueroux (1999) em seu livro “Community policing: how to get started”, apresentam conceitos e definições de forma conceitual e operacional a respeito do policiamento comunitário.

De forma conceitual, policiamento comunitário é definido como “filosofia e estratégia organizacional que proporcionam uma nova parceria entre a população e a polícia, baseada na premissa de que ambos devem trabalhar, conjuntamente, na construção da segurança pública.”

Operacionalmente, definem o policiamento comunitário como “a filosofia de policiamento adaptado às exigências do público que é atendido, em que o policial presta um serviço completo.” Isto é, significa que o mesmo policial realiza patrulhas

(32)

e trabalha em uma mesma área, em uma base permanente, atuando em parceria com a população desse entorno.

Na visão de Bayley e Skolnick (2001) após vários estudos deram maior ênfase aos seguintes enfoques: 1) trabalho voltado para a prevenção do crime com base na comunidade; 2) reorientação das atividades do trabalho policial para ênfase aos serviços não emergenciais; 3) responsabilização da polícia em relação à comunidade; 4) descentralização do comando.

Mendonça (2009) ao referir-se a polícia comunitária traz como um dos principais enfoques a proposta filosófica de humanizar sempre que possível o trabalho de seus profissionais e a possibilidade de aproximar estes aos moradores da comunidade onde atuam.

Assim, o policiamento comunitário deve ser apreendido como uma nova filosofia e estratégia organizacional ou estilo de policiamento que ao fornecer flexibilização é capaz de acolher as mais variadas necessidades, programas e tipos de gestão além das prioridades locais, conforme o contexto em que é implementado.

Não obstante, o policiamento comunitário apresenta características intrínsecas ao seu desempenho.

Souza (2001, p. 8) relata que as características que sustentam a Polícia Comunitária estão baseadas em:

[...]

A polícia se dedica a manter ou a restabelecer a segurança, sendo que suas ações são norteadas visando ao respeito a garantias fundamentais, alicerce do Estado Democrático de Direito, implantado com a Constituição Federal de 1988;

A polícia é o público e o público é a polícia: os policiais são aqueles membros integrantes da comunidade que recebem uma remuneração para destinar maior atenção às obrigações dos cidadãos;

Na relação com as demais instituições de serviço público, a polícia é apenas uma das instituições governamentais responsáveis pela qualidade de vida da comunidade. Não há supremacia das instituições policiais sobre as demais instituições;

O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo, visando à resolução de problemas, principalmente, por meio da prevenção;

A eficácia da polícia é medida pela sensação de segurança entre os membros de uma comunidade e não pelo maior número de prisões efetuadas;

O que determina a eficácia da polícia é o apoio e a cooperação do público;

O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito relacionamento com a comunidade;

O policial trabalha voltado para a população de sua área, que são pessoas de bem e trabalhadoras;

O policial emprega a energia e eficiência, dentro da lei, na solução dos problemas com a marginalidade em sua área;

(33)

O Manual de Policiamento Comunitário: Polícia e Comunidade na Construção da Segurança” (2009) apresenta quatro características básicas para este tipo de policiamento:

1. relação de confiança: está relacionado com a confiança depositada entre a polícia e a comunidade, permitindo compartilhar tarefas, responsabilidade e estratégias em locais que se encontram deterioradas.

2. descentralização da atividade policial: este deve estar integrado às pessoas da comunidade, conheça o cotidiano, conheça as lideranças locais e tenha um levantamento de informações fundamentais para a realização do seu trabalho.

3. ênfase nos serviços não emergenciais: as atividades devem ser orientadas para a prevenção do crime, resolução de conflitos na sua origem. Tanto o policial quanto a comunidade assumem um papel ativo na prevenção, no sentido de minimizar ou evitar que situações se tornem em ocorrências complexas, bem como a diminuição da demanda de atendimentos emergenciais por parte da polícia.

4. ação integrada entre diferentes órgãos e atores: as ações não são realizadas apenas pela comunidade e pelo policial, é preciso que busquem a colaboração de representantes públicos, escolas, hospitais, entre outros. Essa ação integrada de instituições ajudará na resolução de problemas de segurança que nem sempre precisam contar com a participação da polícia, pois fazem parte a outros serviços públicos.

O resultado desse empenho em equipe pode trazer uma nova perspectiva e estilo diante dos problemas de segurança e do próprio trabalho policial. Ao tratar de equipes, importante dizer sobre os atores do policiamento comunitário, ou seja, quem são os participantes e qual o papel desempenhado por cada um.

No programa de policiamento comunitário, três partícipes têm importância especial: polícia militar, polícia civil e a sociedade civil.

A polícia militar tem como funções fundamentais impedir prováveis ações criminosas a partir da sua presença visível e constante nos ambientes públicos, e quando indispensável encontrar transgressores e realizar prisões de acordo com lei.

A polícia civil atua após a ocorrência de um crime. Ela é a encarregada de registrar o Boletim de Ocorrência, da investigação das ocorrências, é responsável pela prisão de acusados de infringir a lei e cuidar do inquérito policial.

No policiamento comunitário, a polícia civil tem um papel fundamental, pois muitos dos embaraços encarados por ela para cumprir sua função de modo eficiente são os mesmos que um efetivo programa de policiamento comunitário tenta resolver.

(34)

A sociedade civil envolve os cidadãos, líderes ou representantes comunitários, até entidades do terceiro setor, associações de bairro, sindicatos e conselhos profissionais, ONGs e institutos de pesquisa. Quanto maior a variedade de agentes da comunidade maior abrangência será o debate promovido e, com isso, maiores as oportunidades de sucesso dos atos do grupo, tendo em vista que as decisões atendem a uma parcela significativa da comunidade e não a um grupo específico.

2.9.2 Implementação do Policiamento Comunitário

Em diversos países, as organizações policiais promoveram experiências e inovações com características diferentes. Mas, algumas destas experiências e inovações são reconhecidas como a base de um novo modelo de polícia, orientada para um novo tipo de policiamento, mais voltado para a comunidade, que ficou conhecido como Policiamento Comunitário (BAYLEY; SKOLNICK, 2001; SKOLNICK; BAYLEY, 2002).

O Programa Nacional de Segurança com Cidadania - Pronasci, desenvolvido pelo Ministério da Justiça (BRASIL, 2010) pode ser considerado uma iniciativa inédita no enfrentamento à criminalidade no país. O projeto articula políticas de segurança com ações sociais; prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública.

Segundo o Pronasci, um conceito de segurança pública que se baseia na interação constante entre a corporação policial e a população. Cujo trabalho será realizado através de rondas na mesma região e os policiais serão capacitados em temas como direitos humanos, ética e cidadania construindo, assim, uma relação de confiança com a população.

Segundo Bayley e Skolnick que através de estudos apontam em diversos países quatro fatores cruciais para a implantação e consolidação do policiamento (BAYLEY; SKOLNICK, 2001). Entre elas:

Quatro inovações são consideradas essenciais para o desenvolvimento do policiamento comunitário (Bayley; Skolnick, 2001, p. 224-232; Skolnick; Bayley, 2002, p.15-39):

 organização da prevenção do crime tendo como base a comunidade;

 reorientação das atividades de policiamento para enfatizar os serviços não emergenciais e para organizar e mobilizar a comunidade para participar da prevenção do crime;

Referências

Documentos relacionados