IDEOLOGIA
E
IMPRENSA
Júlia de Miranda Canoco Professor do Departamento de Comunicação Social e Biblioteconomia. Mestranda em So-ciologiado Desenvolvimento, da UFC.JornalistaINTRODUÇÃO
Pretendemos, com este trabalho, iniciar as reflexões que verão nos levar, posteriormente, a uma leitura político-ideo-lógica do jornal ONordeste, tema que nos propusemos a de-senvolver como dissertação do Curso de Mestrado em Socio-logia do Desenvolvimento, na UFC.
Jornal de orientação eminentemente católica tradicional, órgão criado pela Diocese de Fortaleza, ao tempo de Dom Manoel da Silva Gomes,em junho de 1922,ONordeste chegou a ter tamanho, prestígio e influência política, sobretudo no início dos anos 30, que foi grande incentivador da L.E.C.
(Liga Eleitoral Católica) no Ceará, seu porta-voz e parte fun-damental do poder no qual ela se respaldou para chegar a se constituir em partido político - vencedor no Estado - às vésperas da Constituinte de 1934.
Asposiçõesdefendidas por ONordeste, longe de se ate-rem à simples divulgação da doutrina católica conservadora, foram, num crescendo, enveredando por caminhos políticos que levaram, em várias circunstâncias e sob determinados aspectos, à convergência com as propostas do Integralismo. Esta é, pelo menos, a nossa hipótese central de pesquisa. Não seria, no entanto, conveniente aprofundarmo-nos mais nesse assunto, visto que o tema específico deste trabalho, conforme já frisamos, são reflexões que o antecedem.
Parece-nos que uma boa maneira de iniciar o processo de construção do objeto concreto de nossa pesquisa é partir de uma indagação central: que é ideologia?
A análise do conceito de ideologia se impõe no instante mesmo em que falamos do objeto concreto. Outra não é a nossa concepção de concreto, senão a que Marx utiliza na Contribuição à Crítica da Economia Política e em OCapital, isto é, aquelas relações complexas e contraditórias que cons-tituem o objeto,oser social, tal como elese apresenta à obser -vação.
Entendemos por conhecimento a captação do real con-creto, e opomos a ela tanto as posturas empirista como
idea-lista que, fazendo prevalecer, no primeiro caso, os sentidos e, no segundo, a consciência, tomam o real como um dado puro. Conhecer é, de certa forma, dar sentido, significado.
O homem é pois um produtor de sentido, na medida em que constrói o real, através da linguagem.
Mas o real não pode ser dissociado de sua dimensão social, porque não existem idéias independentemente de situações histórico-sociais determinadas. Logo,será sempre a partir do modo como os homens se relacionam para produzir e repro-duzir suas condições de existência, das formas econômicas, sociais e políticas que lhe são próprias que se deverá pensar a linguagem como reconstrução do real.
É pois o conceito de ideologia que analisaremos na pri-meira parte do trabalho.
Na segunda, tentaremos ver alguns aspectos da ideo-logia integralista, quando ela tem como instrumento de divul-gação um veículo de comunicação de massa como o jornal. Para tanto, utilizamos o jornal A Razão, criado pela Ação Integralista Brasileira no Ceará, em 1936,e cujo nome é pro-positadamente o mesmo daquele que Plínio Salgado ma n-teve em São Paulo, de 1931 a 1932.O chefe do Integralísmo, aliás, reporta-se ao fato: "Este jornal, que os integralistas cearenses quiseram batizar com o mesmo nome do outro, em-pastelado e incendiado pelos separatistas em São Paulo, vem demonstrar a identidade dosespíritos cearenses com o Chefe do Integralismo brasileiro. Não é apenas uma prova de cari-nho, uma resolução que envolve um desagravo, um gesto de afeto que me sensibilizam tanto; é uma profissão de fé." 1
É sabido, pois sobre isso já falaram vários intelectuais com estudos publicados sobre o Integralismo, que o movi-mento teve, no Ceará, um dos seus principais redutos. Quando da fundação da A.I. B ., em 1932,já existia neste Estado, há 36 R. Com. Social, Fortaleza, 10 (1/2): 35-52 1980
um ano, a Legião Cearense do Trabalho que, sob a orientação do então tenente Severino Sombra, defendia idéias mais ou menos semelhantes às do Integralismo. A Legião ligou-se à A.I.B. depois de 1932,o que contribuiu para que o movimento dos "camisas-verdes" tivesse, aqui, amplas bases e caracterís-ticas até certo ponto distintas do restante do País. * .
O próprio Plínio Salgado reconhece esses fatos ao
aíír-mar: "Ali (no Ceará), num paralelismo de ansiedade e pro-cura, alguns moços iam chegando às mesmas conclusões a que eu chegava. E, não demorou muito, as minhas relações com o Ceará foram as mais fraternas, as mais afetuosas, pois nasciam da alegria da mútua compreensão." 2
Um outro fato nos parece da maior relevância no sentido de mostrar que A Razão representa a mais legítima expressão do Integralismo cearense ao nível da chamada comunicação de massa: J ehovah Motta, fundador e primeiro diretor do jornal, além de membro do Conselho Supremo da A.I.B., de junho de 1936até sua dissolução, foi o dirigente do movimento neste Estado, ao lado de Ubirajara índio do Ceará,3e
substi-tuiu Severino Sombra à frente da Legião Cearense do Traba-lho quando, em 1932,este foi exilado em Portugal por apoiar os constitucionalistas de São Paulo. Ora, o mesmo Jehovah "
Motta redigia, emA Razão,um artigo de fundo, à guisa de edi-torial, no qual o pensamento integralista com relação aos acontecimentos diários daquele período histórico fica bem mais claro.
Uma amostra composta pelos artigos de Jehovah Motta durante a primeira semana de circulação deA Razão, além de aspectos relativos à forma e conteúdo das matérias jornalís
-ticas e publicitárias, constituíram o nosso objeto de análise.
2. O CONCEITO DE IDEOLOGIA
"-De uma forma ou de outra, a produção e idéias esteve sempre no cer das discussões sobre o c ceito de ideologia,
::: Enquanto em São 10 e no Rio d aneiro, onde nasceu o pen -samento integralista, ti como demais Estados, o movimento
esteve profundamente vin Ia às elites intelectuais e à chamada
classe média, no Ceará a si ação foi um tanto distinta. E o pró-prio Sombra declara, em I l Legionário: "Comecei este mo
-vimento em 1931,íníci . com vis s às sociedades operárias. Na
-quele tempo não h a sindicatos e que existia eram sociedades
beneficentes (,. Eu comcei a visit uma por uma destas so
-ciedades."
e à sua análise não se poderia furtar quem quer que preten-desse se estender sobre o assunto.
Quando surgiu pela primeira vez, em 1801, no livro de D tutt de Tracy, étemente d'Ideologie, o termo nomeava a gên "e das idéias. Mais tarde foi utilizado tanto como sinô-nimo e teoria, pelos posttívístaâ da escola ~omtiana, como em op íção, exatamente, ao conceito de teoria, de ciência.
É basta e corrente a contraposição dos termos ideologia e
ciência, ar da que saibamos ser a atividade científica uma prática soei 1, inseparável, portanto, d sociedade onde se exerce, e, por esta razão, permeada pelç conteúdo ideológico próprio a essa rmação social específ~9. O que não significa que não possam opor os dois conceipt?s.Ao contrário, se en-tendemos a ciênci com a crítica da deologia, vamos encon-trar, num determirr do nível, essa osição.
Voltemosàprodu ão de idéias. Comoela se relaciona com o conceito de ideologia no qual ntaremos montar a nossa análise?
Em que pese o fato M rx e Engels, em A Ideologia Alemã, haverem se referido i eologia em geral, sabemos que eles realmente trataram foi ideologia dos jovens filósofos alemães, críticos de Hegel. ais, fizeram suas reflexões, obviamente, a partir do qua ro cial e econômico da época, ainda que utilizando a pr pria ntribuição hegeliana, da qual conservaram os cone tos de d lética, e de alienação, a afirmação de que a reali ade é histo íca e a oposição entre concreto e abstrato.
O motor da díalétic em Marx, no err anto, não é o espí-rito, mas o trabalho ma erial dos homens, a formas que assu-mem suas relações co a natureza e com os emais homens, na divisão social do t abalho. Quando esta atO ge, na s ocie-dade capitalista, a di isão entre trabalho materi 1e trabalho intelectual, diz Mar que, "a partir deste mome o, a cons-ciência pode supor-s algo mais do que a conscíênêi a prática existente, que repr senta de fato qualquer coisa, se repr e-sentar algo de real' .4
A divisão soei I do trabalho, que primeiramente determi-nou a existência e proprietários e não proprietários, torna possível, finalme te, a ideologia. E Marilena Chaui contribui para deixar bem clara a questão ao afirmar: "o que torna a ideologia possível, isto é, a suposição de que as idéias existem em si e por si mesmas, desde toda a eternidade, é a separação entre trabalho material e trabalho intelectual, ou seja, a sepa-38 R. Com. Social, Fortaleza, 10 (1/2): 35-52 1980
/ o entre trabalhadores e pensadores. Portanto, enquanto s dois trabalhos estiveram separados, enquanto o
traba-lhudor for aquele que não pensa ou que não sabe pensar,k o
pt nsador for aquele que não trabalha, a ideologia não pe derá u existência nem sua função". 5
A concepção de produção de idéias, portanto, que stá í
m-plí
c
í
no conceito de ideologia que adotamos, é aqulladecor-. nte separação dos níveis onde se dá essa produção e onde )11 home s produzem as suas condições reais de ldstência. E
essas ondições reais de existência que, n capitalismo, parecem a homens, não como produzidas po eles, mas ím-ostas, já da s. A ideologia torna-se, assim, maneira como, lmaginariame e, os homens se representa suas condições d existência.
Numa socied e de classes, a ideolo ··a favorece a domi-nação de uma clas e sobre as outras. Ia vai exatamente ocultar essa divisão luta de classes. ideologia dominante (burguesa) no capita . mo faz, por~x,mPlo, com que, coísífi-cadas as relações socia ,esconda-se eu caráter social deter-minado por uma época istórica e le-se a ilusão de equiva-lência no processo de tro a de m .·cadorias. Intermediados pelo dinheiro (equivalente omujá), os indivíduos aparecem ~ nessa relação, como iguais. rioh Hahn lembra que: "esta aparíencía de equivalencia pr ide también Ia compra y Ia venta de Ia fuerza de trabajo, onsiderada como parte del ín-tercambio de mercancias. S gún esa apariencia, el obrero enfrenta al capitalista com a su i~al. En Ia superfície de Ia sociedad burguesa el salarí o del obr ro aparece como precio del trabajo, no como precí o valor de Ia mercancia fuerza de trabajo".6
Finalmente, a coísí icação das relaçoes sociais faz, ainda, surgir a ilusão de libe dade, de liberdade para que cada indi-víduo persiga seus i eresses próprios, atra és do processo de troca de mercadori
Voltando à aí' mação de que a ideologia sE(,rveà domina-ção de classe, Iri emos que ela consiste em apresentar como dominantes par a sociedade como um todo, as idéias da classe (ou frações de classe) dominante. A ideologia, bem como o Estado, conso da, no plano político, a dominação já existente no plano e~ômico. Colocar como expressão do interesse ge-ralos seus próprios interesses, é função da ideologia, seja a serviço de uma classe que almeja derrubar uma outra em po-sição de dominação (burguesia revolucionária dos secs. XVII e XVIII), seja para consolidar uma situação de poder. .
Uma vez em posição de dominação, a ideologia dessa ~lasse emergente torna-se um conjunto de idéiafse valores
1 teriorizados pelas demais, a tal ponto que, mesmo
reconhe-ci os como interesses então específicos apenas da classe no po r, esses valores permanecem como verdadei os para todos. Os i divíduos dominantes estão dissociados as idéias
domi-.nante .
A eologia representa o conhecimento abstrato da rea-lidade. S a captação pura e simples, como go dado. Pode ser vista, co "um conjunto lógico, sistemrtico e coerente de representa ões (idéias e valores) e de nçrmas ou regras (de conduta) q indicam e prescrevem
ri
S
membros da socie-dade o que d em pensar e como deve, pensar, o que devem valorizar e com devem valorizar, o q e devem sentir e como devem sentir, o ue devem fazer e c mo devem fazer. Ela é, portanto, um cor o explicativo (representações) e prático (normas, regras, p~ceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja Íunç-o é dar aos~(embros de uma sociedade dividida em classes u a explícaç] o racional para as diferen-ças sociais, políticas e c lturais, m jamais atribuir tais dife-renças à divisão da socie ade e classes, a partir das divisões na esfera da produção".Entendemos - segun concepção de Gramsci - o Estado como sendo a hegem nia de uma classe (ou frações de classe) sobre a sociedade eira, hegemonia essa exercida através de instituições priva. as (escola, igreja, partidos, entre outras). O Estado é, pois, orgànizador da hegemonia. Não se reduz apenas ao Aparel o Repre'ssivo de Estado (compreen-dendo o governo, a admí istração, o exército, a polícia, os tribunais e as prisões).
Indo mais além na análise marxista do Estado, o pensa-dor italiano introduz concepção de Aparelhos Ideológicos, que é o que aqui nos í teressa mais espec~lmente. Privados,
mas "do Estado", na medida em que funcíenam como " trin-cheiras protetoras di Estado, sediadas na soc~dade civil".8
Não só o Poder de Estado é o alvo da luta de classes, pois, na mesma medid em que as classes disputam esse poder, concorrem, tambJm, pela influência na sociedade civil,isto é, pela separação
5l?S
Aparelhos Ideológicos, do Estado strictosensu. Aliás, o <11':ljetivopolítico da classe operária seria tornar alguns desses A.I., agências privadas de hegemonia sob sua direção, já di":J;.aGramsci.
Entende os que a ideologia se concretiza, enfim, nas prá-ticas de uma ormação social; que ela é produzida e veicula?a 4Q R. Com. Social, Fortaleza, 10 (112): 35-52 1980
41 ravés dos Aparelhos Ideológicos e que ela garante a
hege-m ia da classe (ou frações de classe) dominante, istp é, a
que tém o Poder de Estado e controla o Aparelho Repressivo
de Est o. Entretanto, é bom deixar claro que oPodér de
Es-tado pod er constituído por classe ou frações de y(asse
domi-nante. "Ai i - diz Poulantzas - en dépit dir' fait qu'une
classe ou frac íon détient, en général, l'hége 0hie, le pouvoir
politique des a res classes ou fractions au ouvoir entraine
des décalages ent les appareils d'État." 9
Esse parece ser n aspecto esquecig por Althusser 10na
sua contribuição aos e tudos de Gram.fci sobre o Estado e os
Aparelhos Ideológicos d Estado. M to abstrato e formal, o
filósofo francês nos parec haver elegado a segundo plano
a questão da luta de classe . ~
Assim, esses Aparelhos Id ógicos de Estado, local e alvo
da luta de classes, são relativ m te autônomos, face ao jogo
de poder que se verifica n Apar ho Repressivo do Estado,
no seio mesmo do Estado orno pode . São, repetimos, os AlE .
que garantem a hege nia, enquant locais de produção e
disseminação das prá icas sociais domí antes. São também
aqueles primeiros p stos a conquistar.
Quando a he monia de uma classe (ou ações de classe)
entra em crise, sto é, quando além do cola so
econômico-político, as ídéras e valores dominantes são recus dos pela
so-ciedade co um todo, os Aparelhos Ideológico tornam-se
presas ma' fáceis para os que querem fazer a crític da
ideo-logia co o tal (isto é, a ideoideo-logia da classe domina te), ao
mesm empo em que se abre a brecha para o surgim ~~o de
nov ideologias no seio da classe (ou frações de classe~
do-minantes.
3. A IDEOLOGIA INTEGRALISTA
Partimos, neste trabalho, da convicção de que o Integra-lismo foi uma ideologia que surgiu num desses momentos de
crise (o período pós-Revolução de 30). Embora surgida no seio
da chamada classe média intelectual, ou, de sua fração
atre-lada à classe dominante (pelo que poderíamos vê-Ia como
fração da classe dominante), a ideologia integralista jamais chegou ao poder, ou seja, jamais se constituiu na ideologia dos que detêm o Poder de Estado e o Aparelho Repressivo de Estado.
Ora, se mesmo entre classes SOCIaISdistintas a luta se trava não só no sentido de se apropriarem do Estado, mas também pela influência na sociedade civil - como lembra
Gramsci -, entre frações de classe dominante, num
mo-mento de crise hegemônica, esse esforço pela "cooptação" da sociedade civil é ainda maior, e, por razões óbvias, mais fácil de se processar.
Mais fácil porque os Aparelhos Ideológicos são mais aces-síveis a essas frações de classe dominante, do que à classe dominada.
A Ação Integralista Brasileira, fundada em 1932, pene-trou com seu pensamento, vários AlE. A família se constituía no sustentáculo primeiro do pensamento integralista. Os apelos, as interpelações ao indivíduo enquanto sujeito, eram feitos em nome da família, tanto quanto de Deus e da Pátria. Também no seio da Igreja como aparelho ideológico penetrou o Integralismo, assim como em vários outros, dos quais são exemplos: o político (a A.I.B. torna-se partido em 1934), o escolar (a A.I.B. dirigiu-se de modo especial à infância e ju-ventude, preocupando-se sobretudo com o ensino primário e profissional) e o da informação.
É este último que nos interessa aqui. E, mais especifica-mente, a imprensa.
Um movimento nascido dentro das elites intelectuais, profundamente relacionado com o movimento modernista dos anos 20, e numa época em que os homens de jornal eram pro-venientes exatamente desses mesmos grupos, teria, indiscuti-velmente, que se afirmar ideologicamente, sobretudo através
da imprensa.
Jornais integralistas foram criados em vários Estados e o Ceará, que conforme já frisamos na introdução, foi talvez aquele onde calou mais fundo o pensamento dos "camisas--verdes", sobretudo com relação à representação de classes, ao culto da autoridade, da hierarquia e da "justiça social" já há algum tempo defendidos pela Legião Cearense do Tra-balho, o Ceará - diziamos - também teve seu jornal inte-gralista. A Razão circulou pela primeira vez na terça-feira, 19 de maio de 1936.
3.1. Antecedentes e Características
O jornal A Razão surgiu, primeiramente, no Ceará, em 1929, sem qualquer relação com o movimento integralista, a essa época ainda embrionário, e dois anos antes de Plínio 42 R. Com. Social, Fortaleza, 10 (1/2): 35-52 1980
Salgado fundar o seu jornal A Razão, em São Paulo. Somente em maio de 1936 a folha cearense passou às mãos da repre
-sentação estadual da A. I. B., que conservou o nome em home-nagem ao chefe nacional, cujo diário fora destruído em 1932,
pelos separatistas paulistas. O primeiro diretor foi Jehovah Motta, chefe provincial da A.I.B. no Ceará e seu dirigente
estadual. Os redatores eram Ubirajara índio do Ceará e Lauro Maciel, tendo, este último, passado, posteriormente, à direção. A Razão era diário, embora algumas vezes deixasse de
circular por problemas técnicos ou financeiros, e o número de páginas variava entre o mínimo de 8 e o máximo de 16. Colo-cava-se, portanto, entre os maiores jornais da época. Sua re-dação e oficinas situavam-se à Avenida Barão do Rio Branco, 581 e o gerente, ao tempo da fundação, era José C. de Sousa. A imprensa no Ceará surgiu e se desenvolveu no ardor dos embates políticos que tinham como constante a defesa de posições liberais ou conservadoras, incluídos, naquelas, os ideais abolicionistas e republicanos e, nestas últimas, a fide
-lidade ao império. A partir de 1915 - diz Geraldo Nobre11 -com o surgimento do jornal Correio do Ceará, a atividade [or
-nalística ganha nova feição. Deixa de ser eminentemente opinativa, passando o noticiário e a publicidade a ganhar es-paço nos jornais.
Entendemos que esse cunho eminentemente opinativo não se acaba simplesmente com o advento do que o autor chama "jornalismo noticioso", mas ressurge sempre que a luta ideológica se faz mais acirrada. Explicamos: O jornalis-mo informativojintepretativo, ou o verdadeiro jornalismo,
como querem alguns, parece-nos fruto de uma situação de he-gemonia da classe (ou frações de classe) dominantes. Ele é intrinsecamente ideológico, na medida em que se vale do argu-mento de que não opinando está sendo imparcial, neutro,
objetivo, quando, exatamente, essa objetividade esconde a ideologia.
Se não, por que informar apenas sobre determinados as
-pectos da realidade social, por que induzir à interpretação através de determinados enfoques e depoimentos e não de
outros? Vale lembrar, com Marilena Chaui, que "a ideologia tem a peculiaridade de fundar a separação entre idéias domi
-nantes e indivíduos domi-nantes, de sorte a impedir a per
-cepção do império dos homens sobre os homens, graças à
figura neutra do império das idéias". 12
Bem, dizíamos que a característica puramente opinativa
ressurge. E isso acontece, quando, durante uma crise de
h~-gemonia como a que propiciou o aparecimento da ideologia
integralista, a imprensa como aparelho ideológico toma-se
alvo da disputa pela influência sobre a sociedade civil. Ou
ainda, quando visto esse mesmo Aparelho Ideológico, além de
alvo, como local da luta de classes,aparece a imprensa
alter-nativa e, com ela, a crítica da ideologia.
3.2 A Dimensão Ideológica
O jornal A Razão é um exemplo do primeiro caso. Nele
vamos encontrar uma grande maioria de textos opinativos;
artigos de dirigentes integralistas e simpatizantes do
movi-mento, bem como matérias que, mesmo não sendo assinadas,
utilizam um discurso opinativo, partidário mesmo, cheio de
adjetivos e suposições, ainda quando têm por objetivo
infor-mar sobre determinados acontecimentos. Tal é o caso, por
exemplo, de matérias sobre a inauguração de uma escola
primária íntegralista (eminentemente propagandística);
pi-chações nos muros do clube Náutico Atlético Cearense, que
o jornal intitulou "Os comunistas picharam as paredes do
Náutico".
O texto começa assim: "Os comunistas, em nosso meio,
não pararam em suas perniciosas atividades. Parece mesmo
que querem zombar de nossas autoridades policiais. Em dias
da semana passada a cidade amanheceu cheia de uns
bole-tins impressos, vindos certamente de Recife ou Rio, mas o
fato é que foram distribuídos profusamente nas ruas e bairros
afastados da cidade.
Agora variou o método de propaganda. Variou para pior.
Passou a ser ato de pura e simples molecagem, qual seja o
pichamento estúpido e inócuo das paredes de edifícios pú-blicos, muros etc." 13
Tratamento semelhante recebem notícias sobre a cotação
do algodão no mercado internacional, irregularidades no
fun-cionamento de escolas proletárias, a falta de transportes
ur-banos, entre inúmeras outras.
A ausência quase total de ilustração no jornal A Razão
deve-se, estamos convencidos, muito mais às dificuldades
técnico-financeiras enfrentadas do que a aspectos ideológicos.
Aliás, não é raro encontrar caricaturas de Hitler e Mussolini 44 R. Com. Social, Fortaleza, 10 (l!2): 35-52 1980
Ilustrando notícias chegadas através de agências. As notícias
iom essa procedência, na grande maioria de origem estran-ira (são poucas as nacionais) e bem curtas, juntam-se a algumas matérias de utilidade pública (tipo informação sobre transportes aéreos, marítimos e terrestres urbanos, mercado de cereais, câmbio e comércio de exportação), completando o quadro dos textos que nós chamamos (para facilitar a aná-lise) de jornalísticos.
Com relação à publicidade - abundante no jornal -podemos verificar diferentes aspectos. O primeiro deles diz respeito ao seu destinatário. Tanto pelo produto ou serviço nunciado quanto pelo aspecto discursivo da mensagem, fi-ca-se convencido de que os leitores de A Razão são represen-tantes da chamada classe média. Apelos elitistas, de
status,
estão presentes na publicidade de roupas feitas sob medida, de perfume francês, de vinhos nacionais que rivalizam com os melhores artigos estrangeiros, e outros muitos.Essa constatação não chega a surpreender, se pensarmos que o movimento integralista foi eminentemente um movi-mento de classe média, das elites intelectuais. E, em que pese o fato de que no Ceará, muito mais do que nos outros Estados (graças à L. C.T.), ele teve características e bases mais po-pulares, não se pode esquecer o caráter excludente - mor-mente em 1936, quando o índice de analfabetismo, sobretudo no Nordeste, era bastante significativo - do jornal como veículo de informação.
Uma característica, no entanto, é bem mar cante nos textos publicitários de A Razão: o apelo ideológico e o tom pomposo, quase literário, com tratamento, muitas vezes,na segunda pessoa do plural.
Não chegamos a ver as mensagens publicitárias dos de-mais jornais cearenses da época, razão pela qual hesitamos em afirmar que essa característica tem algo a ver com o dis-curso integralista, nos aspectos que abordaremos a seguir. A verdade é que nos deparamos mesmo com publicidade em versos, como no caso da Casa Santo Thomaz,14 sob o título "Mercearia de 1.a Ordem":
"Na Casa Santo Thomaz Lá na praça Capistrano Ao Café se defrontando Do correio bem atraz
Vende tudo mais barato
É exato e verdadeiro Você com pouco dinheiro Compra tudo quanto quer Desde sabão Jacaré
Até a pena, o tinteiro Tem muita manteiga fina Patrícia e Diamantina Lírio, Tupy e Princeza
Ébarato, uma beleza
Vende conserva em geral Que chegou de Portugal Muita bebida estrangeira O cognac Macieira A bolacha em água e sal Tem bombons, tem caramelo Vende ao correr do martelo Tem geléia, tem Pesqueira Doces de toda maneira Tem o leite condensado Vende a dinheiro e fiado Conforme seja o freguês Aproveite desta vez
Quando for para o mercado."
O anelo ideológico da identidade 15 ou, nesse caso, mais
ainda da identificação, está presente em várias publicidades:
"INTEGRALISTA! Verifique como se vende barato!
N'O TROVADOR barateiro
" Ou:
"INTEGRALISTAt Lembra-te que não serás nunca um Camisa-Verde si não te ins-creveres na Secretaria Nacional de Educação"
Ou:
"INTEG RALIST A! O dentrifício "Anauê!"
ja se encontra à venda
nos seguintes
estabele-cimentos: " Ou ainda: "INTEG RALIST AS Kaki Anauê Cor Official "
O nosso obietívo ao elaborar este trabalho foto centrando
as reflexões sobre a ideologia e o discurso integralistas, tentar
ver como, ao nível da chamada comunicacão de massa. essa
ideologia se revela e aue características torna esse dic:r.llr!'<o.
Não poderíamos, pois, deixar de chamar à análise, o editorial,
texto que, conforme sabemos, representa a "filosofia" mesmo
do jornal e põe a nu a sua política edttorial. Neste caso, vale
dizer, essa "filosofia", mais do que a política edi.torial
propria-mente dita, estava já exntícrta. de certa forma, pelo fato de
se tratar de um veículo integralista.
Tomamos para leitura - conforme já deixamos claro
-os editoriais da primeira semana de circulação deA Razão (19
a 26 de maio de 1936).
Não voltaremos aqui às costumeiras discussões sobre a
questão do destinatário do discurso integralista ser ou não
da chamada classe média (estamos convencidos de que sim); sobre a existência ou não do dilema: fascismo ou comunismo,
entre a classe média brasileira dos anos 30; sobre as origens
do antibolchevismo brasileiro nesse período, ou sobre o
nacio-nalismo íntegralista. Primeiro, porque estudos publicados
sobre isso foram lidos e eles é que possibilitaram este trabalho
e, segundo, porque as nossas pretensões são, por enquanto,
bem menores, ou talvez fosse mais justo dizer, noutra linha.
Temas-chave do ideário integralista, tais como anticomu
-nismo, nacionalismo, corporativismo, catolicismo,
antilibera-lismo e anticapitalsmo, entre outros, serviram-nos de orien
-tação na análise dos editoriais, e o que fizemos foi, basicamen
-te, ver como e com que ênfase eles apareciam num jornal
como A Razão, com um público leitor bem definido e
rendo com folhas do mesmo porte ou maiores, alguns dos quais francamente em oposição às suas idéias.
Será que nada se perdeu pelo fato de se tratar de uma
capital nordestina, longe, portanto, do poder central, e onde
a A.I.B. juntou-se a um movimento já existente? Nem sequer
por se tratar da adequação do discurso literário ao estilo jor-nalístico?
Estamos certos de que não. Sobretudo no que diz respeito
ao anticomunismo, ele está mais presente do que nunca, tanto
nos editoriais como nas demais matérias. Acreditamos que. por
se tratar do período imediatamente posterior aos
aconteci-mentos de novembro de 1935, essa exacerbação ép
erfeitamen-te explicada. Agora, a "ameaça vermelha" parecia bem
próxi-ma, e não é a toa aue A Razão, em editorial intitulado "O
Combate ao Comunismo" 16 afirma: "As forças morais e as
reservas sadias da Nação se alevantam, se disciplinam para
a grande luta. Chegamos a uma situação em que ninguém
mais põe em dúvida o perigo vermelho. Não há negar que, de
certo ponto de vista, isso já constitui uma vitória. Vale pelo
início da segurança, a certeza generalizada da insegurança."
O Integralismo surge, como de costume, com um papel
histórico de salvador. No entanto, é interessante notar que a
palavra Integralismo jamais é citada. Quando se frisa que a
Nação já fora avisada e não dera ouvidos, fato que propiciou
a ação concreta da ALN,é a imagem dos jovens que substituí
a A.1.B.: ( ... )""Nessa Ieda ilusão viviam todos, tranqüilos
e sorridentes, quando um grupo de moços deu o alerta. Era
preciso a Nação atentar para a propaganda soviética e contra
ela armar-se." ( ... ) "Esses moços não foram, contudo,
acre-ditados. São uns lunáticos, uns agitados por força de leituras
estrangeiras, todos diziam."
O Integralismo é apresentado como solução, mas não de
forma explícita: "Um fato, entretanto, ressaltamos. Somente
uma mística nova e vigorosa pode vencer a mística comunista.
Somente uma técnica de ação apropriada pode vencer a
técni-ca de agitação comunista."
Em editorial intitulado "Inquietações",17 estão
presen-tes os temas do nacionalismo, do anticapitalismo imperialista e, de modo marcante, o uso das imagens na construção do
discurso. Essa é, aliás, uma das características do discurso
integralista, enquanto eminentemente autoritário, segundo
Marilena Chaui. 18
"A diplomacia abandonou as salas da Liga das Nações e
r qüenta os corredores escuros e penumbrosos dos acordos
dos pactos secretos. Os canhões se alinham no palco das
fá-bricas e os aviões enegrecem os céus e enchem-no de um ruído
oderoso e trágico. Nos laboratórios, os sábios acumulam,
fe-brlcitantemente, os gazes que cairão sobre as cidades e
aba-t rão as multidões."
( ... ) "E o Brasil, diante dessa Europa, como vai p roce-der? Terá ele torças para fugir à linha envolvente dos
acon-t cimentos? Vemo-lo tão enfermo, a braços com a possível
r volução comunista, e sem encontrar um centro de gravidade
Ideológico e político, capaz de arregimentar suas reservas de
nergias e disciplinar o seu ânimo!"
As vésperas de se tornar partido político, com pretensões
mais claras do que nunca ao poder, a A.I.B. se aproveita do momento de inquietação, do "perigo vermelho", para anun
-ciar-se como combatente deste e,ao mesmo tempo, como única
capaz de fazê-Io: ( ... ) "Há duas cousas a combater: o perigo comunista e a incapacidade dos que não sabem vencer as
causas do comunismo."
Em "Democracia", editorial de 26 de maio de 1938.A Razão
critica claramente a situação política brasileira, afirmando estarem errados, tanto os defensores quanto os críticos da d
e-mocracia, pois partem todos do mesmo falso pressuposto: o
de que há democracia no Brasil. O que aqui existe, afirma, é
o formalismo constitucional inoperante, uma prática parti
-dária e eleitoral a mais antidemocrática possível.
A posição anti-sufrágio universal é explicitada: "Uma
eleição nos moldes que o sufrágio universal estabelece, está
muito longe de significar uma consulta ao povo, represen
-tando, antes, um expediente através do qual o profissionalis
-mo político e a plutocracia voraz legalizam os seus processos
de extorsão e compressão."
A idéia da representação de classes, ardorosamente defen
-dido pelo Integralismo, foi alvo, segundo outro editorial de A
Razão 19 de deturpação. "A triste realidade brasileira, com
seu sindicalismo incipiente, seus políticos manhosos, seu coro
-nelismo empavonado e compressor, suas ignorâncias e sua
falta de civismo, zombou dos sonhos ingênuos que o id
ea-lismo teceu e das construções de gabinete que os sociólogos
levantaram." Segundo o jornal, os políticos minaram os
sin-dicatos, coagiram e subornaram. Os propósitos do legislador
constituinte falharam porque os mandatos não repre
senta-ram a vontade das representações profissionais.
A Razão crítica também os gaúchos, mais uma vez
re-voltados. Aproveita para reintegrar a posição antipartidos,
nos moldes estaduais, partidarismo que divide a Nação, e
prega a adesão a novos princípios de integração política. É
preciso pacificar o País, afirma, mas não com idéias e homens
do passado.
Parece-nos que as grandes dimensões ideológicas do
dis-curso integralista estão presentes nos editoriais de A Razão,
tanto quanto nos textos jornalísticos ou literários de Plínio
Salgado ou Miguel Reale.
4. CONCLUSãO
Pouco teríamos a acrescentar, ao que já foi exposto, à
guisa de conclusão, senão uma última observação quanto ao
fato de que parece evidente, num jornal integralista como A
Razão, a identificação do seu público com a chamada classe
média urbana; a preservação, mesmo se tratando de um .
outro tipo de texto (no caso o jornalístico), das características
básicas do discurso autoritário dos "camisas-verdes", quais
sejam, segundo Marilena Chaui: a operação com imagens ao
invés de conceitos e a sucessão de conclusões,com total ausên
-cia de premissas.
Ficou-nos, ainda, claro que (aliás nisso A Razão não se
diferencia de qualquer outro jornal) a escolha do conteúdo
das matérias atende aos interesses particulares do jornal
en-quanto aparelho ideológico e,no caso em apreço, essa escolha
recai. na medida do possível,sobre aquelas questões centrais
da ideologia integralista.
É-nos forçoso admitir, e o fazemos sem constrangimentos,
que há muitas falhas neste trabalho. Cada ponto tocado
re-mete, sem duvidas, a inúmeras considerações que não foram
feitas. Não agora, pois já o dissemos, estamos apenas
ini-ciando uma linha de leitura e reflexão, mas que pretendemos
fazer, à medida em que ampliemos e aprofundemos nossas pesquisas.
Os colegas talvez perguntem: e por que publicar agora?
Porque, e exatamente porque ele representa o início. Vemos,
na sua publicação, a oportunidade de promover um debate, de
provocar as críticas, com as quaís, estamos certos, somente
teremos a-lucrar,
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