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Desenvolvimento de um Eletrocardiógrafo Holter com tamanho e custo reduzidos

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Academic year: 2021

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Desenvolvimento de um Eletrocardi ´

ografo

Holter com Tamanho e Custo Reduzidos

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Desenvolvimento de um Eletrocardi ´

ografo

Holter com Tamanho e Custo Reduzidos

Orientador:

Prof. Dr. Ant ˆonio Augusto Medeiros Fr ¨ohlich

Co-orientador:

Prof. M.Sc. Hugo Marcondes

UNIVERSIDADEFEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLOGICO´

DEPARTAMENTO DE INFORMATICA E´ ESTAT´ISTICA

(3)

cardi ´ografo Holter com Tamanho e Custo Reduzidos”, defendida em 25 de Novembro de 2013 por Mario Baldini, como parte dos requisitos `a obtenc¸ ˜ao do grau de Bacharel em Ci ˆencia da Computac¸ ˜ao, e aprovada pela seguinte banca examinadora:

Prof. Dr. Ant ˆonio Augusto M. Fr ¨ohlich Orientador

Prof. M.Sc. Hugo Marcondes

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O desenvolvimento de sistemas computacionais que apoiam a implantac¸ ˜ao da Te-lessa ´ude tem um papel relevante nos dias atuais, pois existe uma oferta crescente das ferramentas de instrumentac¸ ˜ao m ´edica, enquanto que uma parcela constante da populac¸ ˜ao brasileira ainda carece de atendimento b ´asico. Tais sistemas podem am-pliar a abrang ˆencia de atuac¸ ˜ao dos profissionais qualificados.

Este trabalho desenvolveu um Eletrocardi ´ografo Holter, com reduc¸ ˜ao no tamanho do dispositivo e nos custos de fabricac¸ ˜ao. Ao miniaturizar o dispositivo, melhoramos sua usabilidade e a qualidade de atendimento ao paciente. Reduzindo os custos com aquisic¸ ˜ao de insumos aumentamos a viabilidade para que seja produzido em territ ´orio nacional, com prec¸os inferiores aos praticados caso a tecnologia fosse importada.

Foi poss´ıvel fabricar dois prot ´otipos que avaliaram os componentes dispon´ıveis no mercado para aquisic¸ ˜ao de sinais de ECG. O trabalho seguiu a Metodologia de Desen-volvimento de Sistemas da ANVISA, levando em conta aspectos de interoperabilidade e requisitos regulat ´orios. Assim, al ´em de seu papel acad ˆemico, serve como base para a continuidade do desenvolvimento de um equipamento m ´edico apto a ser inserido no mercado.

(5)

The development of computer systems that support the implementation of Telehe-alth has a relevant role nowadays since there is a growing availability of medical instru-mentation tools. Meanwhile a constant parcel of the Brazilian population still lacks of basic healthcare. Such systems have the purpose of expanding the acting coverage of qualified professionals.

This work developed a Holter ECG, with the benefit of reduction on the device size and manufacturing costs. By miniaturizing the device, we improved its usability and, from a patient’s perspective, the quality of the treatment as well. Reducing the acquisition cost we increased the possibility of manufacture in national territory, while maintening competitive prices.

It was possible to manufacture two prototypes that evaluated the available com-ponents in the market for acquisition of ECG signals. The work followed the ANVISA Methodology of Systems Development, taking into account the interoperability and re-gulatory aspects. Thus, beyond of its academic nature, this work provides the ground work for the future development of a Patch ECG Holter to be deployed with national technology.

(6)

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Algoritmos p. 12

Lista de abreviaturas e siglas p. 13

1 Introduc¸ ˜ao p. 15

1.1 Motivac¸ ˜ao e Relev ˆancia no Cen ´ario Nacional . . . p. 15 1.2 Eletrocardiograma Holter . . . p. 16 1.3 Objetivos . . . p. 17

2 Projeto da arquitetura p. 19

2.1 An ´alise de dom´ınio do sinal . . . p. 19 2.1.1 Bomba card´ıaca . . . p. 19 2.1.2 Eletrocardiograma . . . p. 20 2.1.3 Caracter´ısticas el ´etricas do ECG . . . p. 21 2.2 An ´alise de sistemas existentes . . . p. 24 2.3 Escopo abordado . . . p. 27

3 Desenvolvimento p. 30

3.1 Dimensionamento da placa de circuito impresso . . . p. 31 3.2 Primeiro prot ´otipo . . . p. 32 3.2.1 Microcontrolador . . . p. 33

(7)

3.2.3 Gerenciamento da alimentac¸ ˜ao . . . p. 36 3.2.4 Armazenamento de dados . . . p. 39 3.2.5 Aceler ˆometro . . . p. 39 3.2.6 Placa de circuito impresso . . . p. 39 3.2.7 Processo de montagem . . . p. 40 3.3 Segundo prot ´otipo . . . p. 45 3.3.1 Convers ˜ao anal ´ogica-digital . . . p. 45 3.3.2 Microcontrolador . . . p. 45 3.3.3 Interface com eletrodos . . . p. 46 3.3.4 Gerenciamento da alimentac¸ ˜ao . . . p. 47 3.3.5 Armazenamento dos dados . . . p. 47 3.3.6 Aceler ˆometro . . . p. 48 3.3.7 Placa de circuito impresso . . . p. 48 3.3.8 Processo de montagem . . . p. 49

4 Software p. 55

4.1 Configurac¸ ˜ao da aquisic¸ ˜ao do sinal . . . p. 56 4.2 Filtros digitais . . . p. 59 4.3 Armazenamento dos dados . . . p. 65

5 Resultados p. 68

5.1 Sinal adquirido . . . p. 68 5.2 Validac¸ ˜ao . . . p. 71 5.2.1 Sinais de teste ANSI/AAMI EC13 . . . p. 71 5.2.2 Requisitos legais e regulamentares . . . p. 73 5.2.3 Interoperabilidade de Software . . . p. 73

(8)

5.3.1 An ´alise t ´ermica do primeiro prot ´otipo . . . p. 76 5.3.2 An ´alise t ´ermica do segundo prot ´otipo . . . p. 77

6 Considerac¸ ˜oes Finais p. 80

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1.1 Eletrocardi ´ografo Holter. . . p. 17 2.1 Anatomia do corac¸ ˜ao humano . . . p. 20 2.2 Ciclo card´ıaco . . . p. 22 2.3 Sinal de ECG obtido pela derivac¸ ˜ao II de Einthoven . . . p. 22 2.4 Derivac¸ ˜oes bipolares de Einthoven . . . p. 23 2.5 Faixa de frequ ˆencias para aplicac¸ ˜oes de eletrocardiografia. . . p. 23 2.6 Zio Patch, da americana iRhytm . . . p. 25 2.7 Lifetouch HRV011, da Isansys Lifecare. . . p. 25 2.8 Patch ECG, do Holst-IMEC. . . p. 25 2.9 Zephyr Biomodule . . . p. 25 2.10 Topologia dos m ´odulos de hardware. . . p. 28 2.11 Topologia geral do software de aquisic¸ ˜ao embarcado. . . p. 29 3.1 Exemplo de placa de circuito impresso flex´ıvel. . . p. 32 3.2 M ´odulo de convers ˜ao anal ´ogica-digital do sinal de eletrocardiograma. p. 34 3.3 Microcontrolador ATmega2560 e seu circuito de suporte . . . p. 35 3.4 Eletrodos utilizados utilizados na captac¸ ˜ao de ECG. . . p. 36 3.5 Circuito de ponte entre o conversor anal ´ogico-digital e os eletrodos

externos. . . p. 37 3.6 Circuito de alimentac¸ ˜ao. . . p. 38 3.7 Cart ˜ao de mem ´oria Micro SDHC. Acima suas dimens ˜oes e abaixo seu

posicionamento no prot ´otipo 1. . . p. 42 3.8 Circuito de interface com o cart ˜ao de mem ´oria. . . p. 42

(10)

3.10 PCB do primeiro prot ´otipo (topo e fundo). . . p. 43 3.11 Imperfeic¸ ˜oes t´ıpicas encontradas na PCB do primeiro prot ´otipo. . . p. 43 3.12 Primeiro prot ´otipo, com componentes montados. . . p. 44 3.13 Circuito de ADC da segunda vers ˜ao. . . p. 50 3.14 Microcontrolador ADuCM360, da Analog Devices. . . p. 51 3.15 Circuito de conex ˜ao dos eletrodos ao front-end de aquisic¸ ˜ao. . . p. 51 3.16 Circuito de alimentac¸ ˜ao do segundo prot ´otipo. . . p. 52 3.17 Esquem ´atico da conex ˜ao com a mem ´oria n ˜ao vol ´atil. . . p. 52 3.18 Cart ˜ao de mem ´oria posicionado na borda do dispositivo e permitindo

sua retirada sem abertura do inv ´olucro. . . p. 53 3.19 Circuito do aceler ˆometro ADXL362. . . p. 53 3.20 Comparativo de fabricantes estrangeiros de PCB com prec¸o efetivo

equivalente `a fabricantes nacionais. . . p. 53 3.21 Segundo prot ´otipo com compnentes montados. . . p. 54 4.1 Fluxograma do software embarcado. . . p. 55 4.2 Fluxo de inicializac¸ ˜ao do ADS1298 . . . p. 58 4.3 Erro causado pela inicializac¸ ˜ao incorreta do filtro digital. . . p. 63 4.4 Sinal processado com filtro de primeira ordem. . . p. 63 4.5 Trac¸o do ECG adquirido, ap ´os aplicac¸ ˜ao do filtro de segunda ordem. . p. 64 4.6 Topologia do filtro de segunda ordem. . . p. 64 5.1 ECG adquirido sem filtro de 60 Hz. . . p. 70 5.2 Sinal no dom´ınio da frequ ˆencia, evidenciando o ru´ıdo 60 Hz e sua

harm ˆonica em 180 Hz. . . p. 70 5.3 An ´alise t ´ermica . . . p. 77 5.4 An ´alise t ´ermica . . . p. 78 5.5 An ´alise t ´ermica em modo de repouso . . . p. 79

(11)
(12)

2.1 Principais caracter´ısticas dos projetos de refer ˆencia. . . p. 26 3.1 Valores de configurac¸ ˜ao utilizados no ADS1298, levantados neste

tra-balho. . . p. 41 3.2 Comparativo de consumo energ ´etico de aceler ˆometros com

sensitivi-dade equivalente. . . p. 50 5.1 Situac¸ ˜ao atual dos padr ˜oes IEEE PHD . . . p. 75

(13)

Lista de abreviaturas e siglas

ECG Eletrocardiograma, p. 14

IoT Internet of Things, p. 14

JSON JavaScript Object Notation, p. 14

XML Extensible Markup Language, p. 14

PGA Programmable Gain Amplifier, p. 14

ADC Analog-to-digital converter, p. 14

SDHC Secure Digital High Capacity, p. 14

SOC System On Chip, p. 14

RLD Right Leg Drive, p. 14

BOM Bill of materials, p. 14

EMI Electromagnetic Interference, p. 14

IMEC Interuniversity Microelectronics Centre, p. 14

LiPo Lithium polymer battery, p. 14

IETF Internet Engineering Task Force, p. 14

RFC Request for Comments, p. 14

DICOM Digital Imaging and Communications in Medicine, p. 14

HL7 Health Level Seven, p. 14

PACS Picture Archiving and Communication System, p. 14

CBOR Concise Binary Object Representation, p. 14

DCNT Doenc¸as Cr ˆonicas N ˜ao Transmiss´ıveis, p. 14

SPS Samples Per Second, p. 14

CPU Central Processing Unit, p. 14

MCU Microprogram Control Unit, p. 14

CI Circuito Integrado, p. 14

QFN Quad Flat No-lead, p. 14

MDS Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas, p. 14

(14)

IMEC Interuniversity Microelectronics Centre, p. 14

BLE Bluetooth Low Energy, p. 14

BOM Bill Of Materials, p. 14

WFDB WaveForm DataBase, p. 14

(15)

1

Introduc¸ ˜ao

A medicina contempor ˆanea utiliza, direta ou indiretamente, sistemas computacio-nais em quase todas suas ramificac¸ ˜oes. Desde registros eletr ˆonicos de informac¸ ˜oes, passando por exames fisiol ´ogicos at ´e ferramentas de apoio ao aprendizado que simu-lam pacientes (NEUMANN; TUNIS, 2010).

Dentre suas sub- ´areas, a Telessa ´ude se destaca como uma das mais favor ´aveis a se beneficiar de tais sistemas, dado o n ´umero elevado de atividades que podem ser automatizadas (POUR, 2006). Esta integrac¸ ˜ao permite n ˜ao somente a reduc¸ ˜ao de custos, mas tamb ´em o incremento da qualidade do servic¸o (NOURIZADEH et al., 2009).

1.1

Motivac¸ ˜ao e Relev ˆancia no Cen ´ario Nacional

As Doenc¸as Cr ˆonicas N ˜ao Transmiss´ıveis (DCNT) se tornaram prioridade no Bra-sil, visto que representaram 72% das mortes em 2007. Destas, as doenc¸as cardio-vasculares geraram o maior custo referente a internac¸ ˜oes hospitalares no sistema de sa ´ude de nacional. Anualmente 344 mil pessoas morrem de doenc¸as cardiovascula-res no pa´ıs e, se nada for feito, o Brasil ter ´a em 2040 o maior n ´umero no mundo em mortes por doenc¸as cardiovasculares (SCHMIDT, 2009).

A utilizac¸ ˜ao de equipamentos de tele-monitoramento cardiovascular est ´a orien-tada a pacientes portadores de patologias cardiovasculares com possibilidades reais de infarto. Um paciente que sofre evento card´ıaco realiza visitas mensais ao m ´edico cardiologista para avaliac¸ ˜ao e acompanhamento do quadro cl´ınico. De acordo com a evoluc¸ ˜ao do quadro o acompanhamento poder ´a ser espac¸ado, por ´em nunca eli-minado. Nesse sentido, a busca e utilizac¸ ˜ao de um sistema de monitorac¸ ˜ao e tele-consulta card´ıaca possui duas motivac¸ ˜oes que se complementam:

(16)

di-ante de real possibilidade de ocorr ˆencia de eventos card´ıacos, em geral, procura se cercar de recursos que lhe ajudem a sobrepor a fobia por uma ocorr ˆencia de emerg ˆencia.

• Na tele-consulta remota: motivado tanto pelo desejo de m ´edicos quanto de pa-cientes. Para os m ´edicos, surge a oportunidade de expandir seu horizonte de atuac¸ ˜ao a um grupo maior de pacientes. Para o paciente, o m ´edico poder ´a estar presente mais vezes, sem a necessidade de se deslocar, evitando os custos e esforc¸os associados com translado em grandes centros ou localidades de dif´ıcil acesso. Al ´em disso, o m ´edico pode, num caso mais urgente, verificar imediata-mente o quadro do paciente, eliminando uma indisponibilidade de hor ´ario para consultas emergenciais.

1.2

Eletrocardiograma Holter

Dentro do conjunto de ferramentas para o tratamento de doenc¸as cardiovascula-res, est ´a inserida a eletrocardiografia, que se trata da captac¸ ˜ao dos sinais el ´etricos emitidos pela movimentac¸ ˜ao muscular do corac¸ ˜ao. A aquisic¸ ˜ao do sinal de eletro-cardiograma pode ser efetuada por um per´ıodo continuado (ie. 24 horas ou mais), constituindo este um exame complementar chamado de eletrocardiografia din ˆamica, tamb ´em conhecida como sistema holter, ilustrado na Figura 1.1 (HILBEL, 2008).

Ele ´e utilizado para avaliar a presenc¸a de irregularidades e dist ´urbios do ritmo card´ıaco (taquiarritmias, bradiarritmias e extrass´ıstoles). Este exame ´e indicado para pacientes que apresentam palpitac¸ ˜oes, tonturas, desmaios, dor no peito ou outros sin-tomas espor ´adicos. Logo, pela frequ ˆencia irregular de suas ocorr ˆencias, este exame necessita fazer a aquisic¸ ˜ao continuada dos sinais por um per´ıodo de tempo que varia entre cerca de 24 horas `a 7 dias (NHLBI, 2012). Os sinais adquiridos pela plataforma necessitam ser acumulados para uma posterior an ´alise ou enviados em tempo real para uma plataforma remota.

Um eletrocardi ´ografo holter do tipo patch se trata de uma vers ˜ao suficientemente miniaturizada do equipamento a ponto de ser utilizada como um adesivo aderido ao corpo do paciente (patch) (PLATT, 1993). Os benef´ıcios principais desta variac¸ ˜ao s ˜ao (WIKLUND, 1995):

(17)

Figura 1.1: Eletrocardi ´ografo Holter.

• Permite o uso confort ´avel por maiores per´ıodos de tempo;

• Reduz o eventual estresse induzido ao paciente pela presenc¸a do equipamento e sua influ ˆencia na qualidade do sinal adquirido.

Como o p ´ublico alvo deste tipo de dispositivo, em sua grande maioria, j ´a apresenta algum sintoma ou complicac¸ ˜ao card´ıaca, quaisquer avanc¸os do ponto de vista de con-forto ou reduc¸ ˜ao do estresse induzido s ˜ao bem vindas, pois influenciam positivamente na qualidade de vida do paciente e a fidedignidade das informac¸ ˜oes obtidas.

1.3

Objetivos

O objetivo deste trabalho ´e o desenvolvimento do projeto de hardware e soft-ware de um eletrocardi ´ografo holter do tipo patch, com reduc¸ ˜ao em tamanho e custo (em relac¸ ˜ao aos existentes no mercado), servindo como refer ˆencia p ´ublica para a fabricac¸ ˜ao e implantac¸ ˜ao deste tipo de equipamento em territ ´orio nacional.

Os t ´opicos abordados foram:

• Levantar dispostivos de eletrocardiografia holter do tipo patch dispon´ıveis, levan-tando especificac¸ ˜oes t ´ecnicas de refer ˆencia e cruzando com as necessidades do contexto nacional.

(18)

• Avaliar a viabilidade de se utilizar front-ends de anal ´ogico-digitais para biopoten-ciais na captura de sinais de eletrocardiograma.

• Avaliar o uso de filtros digitais como ferramenta para simplificar a eletr ˆonica anal ´ogica necess ´aria na etapa de aquisic¸ ˜ao do sinal.

• Projeto de hardware do dispositivo e placa de circuito impresso em at ´e duas camadas, para viabilizar a implementac¸ ˜ao em materiais flex´ıveis.

• Desenvolver o software embarcado de controle do hardware para realizar a aquisic¸ ˜ao do sinal de eletrocardiograma.

• Aplicar filtros para eliminac¸ ˜ao de sinais e ru´ıdos n ˜ao pertinentes ao sinal de eletrocardiograma.

(19)

2

Projeto da arquitetura

2.1

An ´alise de dom´ınio do sinal

Antes do in´ıcio do projeto do sistema em si foi necess ´ario um estudo preliminar do dom´ınio do sinal a ser adquirido. Foram levantados os aspectos do funcionamento do corac¸ ˜ao humano e como ocorre sua resposta el ´etrica, que corresponde ao sinal que ´e captado em si pelo eletrocardiograma. Assim foi poss´ıvel dimensionar as carac-ter´ısticas el ´etricas do sinal que seria capturado, como: faixa de frequ ˆencia, n´ıveis de tens ˜ao e pontos do corpo para captura.

2.1.1

Bomba card´ıaca

Esta sec¸ ˜ao analisa o corac¸ ˜ao humano e os aspectos fisiol ´ogicos que influenciam seu comportamento el ´etrico. Este estudo, apesar de n ˜ao fazer parte da ´area de concentrac¸ ˜ao deste trabalho, se fez necess ´ario para que o sinal de eletrocardiograma fosse apropriadamente compreendido e a partir dai extra´ıdos os par ˆametros t ´ecnicos usados no projeto de hardware e software.

O corac¸ ˜ao ´e formado por um sistema de bombas e v ´alvulas. A Figura 2.1 segmenta suas regi ˜oes principais: a direita (que bombeia sangue para os pulm ˜oes) e a esquerda (que bombeia sangue para os ´org ˜aos). Cada uma destas possui uma bomba com duas c ˆamaras: o ´atrio e o ventr´ıculo (PINA, 2010).

O ´atrio serve como regi ˜ao de apoio ao ventr´ıculo, acumulando o fluxo sangu´ıneo para que o ventr´ıculo, por sua vez, fornec¸a a forc¸a principal para propelir o sangue. O fluxo destinado para a circulac¸ ˜ao pulmonar flui pelo ventr´ıculo direito, enquanto aquele para circulac¸ ˜ao perif ´erica, pelo ventr´ıculo esquerdo.

O funcionamento normal do corac¸ ˜ao d ´a origem ao ciclo card´ıaco mostrado na Figura 2.2, onde existe um sincronismo entre o relaxamento e a contrac¸ ˜ao do m ´usculo card´ıaco. O per´ıodo de relaxamento ´e chamado de di ´astole, enquanto o per´ıodo de

(20)

Figura 2.1: Anatomia do corac¸ ˜ao humano

contrac¸ ˜ao ´e chamado de s´ıstole.

A gerac¸ ˜ao espont ˆanea de um potencial de ac¸ ˜ao (PA) no nodo sinusal ´e propa-gada rapidamente pelos ´atrios, mas ´e retardada por mais de 0,1s na regi ˜ao do nodo atrioventricular (nodo A-V) quando existe a passagem dos ´atrios para os ventr´ıculos. Assim os ´atrios contraem-se antes dos ventr´ıculos, ejetando sangue antes que estes comecem a se contrair. Quando atinge o Feixe de Hiss (colec¸ ˜ao de c ´elulas muscu-lares card´ıacas especializadas em conduc¸ ˜ao el ´etrica), o PA espalha-se por meio das Fibras de Purkinje (c ´elulas especial de conduc¸ ˜ao do est´ımulo el ´etrico no corac¸ ˜ao, do nodo aur´ıculo-ventricular, mas incapazes de transmitir os potenciais de ac¸ ˜ao no sen-tido contr ´ario) para o endoc ´ardio, se propagando lentamente pelo m ´usculo ventricular em direc¸ ˜ao ao epic ´ardio. A conduc¸ ˜ao e sincronia do PA s ˜ao moduladas pelos nervos simp ´aticos e parassimp ´aticos presentes no corac¸ ˜ao (SANCHES, 2010).

2.1.2

Eletrocardiograma

Para que o corac¸ ˜ao seja estimulado e seu movimento muscular executado, on-das el ´etricas fluem atrav ´es de seus tecidos constituintes. A distribuic¸ ˜ao destas car-gas el ´etricas pode ser modelada como um dipolo el ´etrico (separac¸ ˜ao entre as carcar-gas el ´etricas), onde a soma vetorial das cargas el ´etricas ser ´a diferente de zero (WEISS-TEIN, 2007). A colocac¸ ˜ao de um par de eletrodos sobre o corpo permite a captac¸ ˜ao da magnitude da projec¸ ˜ao deste dipolo, na direc¸ ˜ao dada pelos eletrodos. Este registro

(21)

´e denominado de eletrocardiograma. O eletrocardiograma considerado normal, mos-trado na Figura 2.3, ´e formado pela onda P, pelo complexo QRS e pelas ondas T e U (BURGHARDT, 2011).

Os valores normais das tens ˜oes registradas e caracter´ısticas do ECG dependem da maneira na qual os eletrodos foram dispostos na superf´ıcie do corpo. Willem Einthoven prop ˆos o primeiro sistema de derivac¸ ˜oes em 1924 (SANCHES, 2010), que se baseia na utilizac¸ ˜ao de tr ˆes eixos de projec¸ ˜ao no plano frontal do corpo, formando assim um tri ˆangulo equil ´atero conhecido como o tri ˆangulo de Einthoven.

As posic¸ ˜oes dos eletrodos mostradas na Figura 2.4 s ˜ao definidas pelos pontos RA (abreviatura de Rigth Arm, em portugu ˆes, brac¸o direito), LA (Left Arm, brac¸o esquerdo) e LL (Left Leg, perna esquerda). (BURGHARDT, 2011)

Na sua proposic¸ ˜ao Einthoven descreveu um sistema para captac¸ ˜ao de sinais pa-dronizados, no qual a disposic¸ ˜ao dos eletrodos obedece locais pr ´e-determinados e que se tornou amplamente utilizado. O presente trabalho se baseia nesta disposic¸ ˜ao. Assim os sinais adquiridos podem ser correlacionados com bancos de refer ˆencia e usados para fins de diagn ´ostico (PHYSIOBANK, 2013).

2.1.3

Caracter´ısticas el ´etricas do ECG

O registro dos sinais de ECG depende da disposic¸ ˜ao dos eletrodos na superf´ıcie do corpo. Nos registros n ˜ao invasivos as tens ˜oes do complexo QRS s ˜ao da ordem de 1 mV entre a linha de base e o pico da onda R. A onda P possui tens ˜oes entre 0,1 e 0,3 mV; a onda T, tens ˜oes entre 0,2 e 0,3 mV (SANCHES, 2010).

Dependendo da aplicac¸ ˜ao desejada ´e necess ´aria uma largura de banda distinta na aquisic¸ ˜ao do sinal. Para fins cl´ınicos ´e usada a faixa de frequ ˆencia entre 0,05 e 100 Hz. J ´a para a monitorac¸ ˜ao uma faixa entre 0,5 e 50 Hz ´e suficiente (BHARADWAJ, 2011). A frequ ˆencia card´ıaca ´e determinada em uma faixa centrada em 17 Hz. A Figura 2.5 mostra as diferentes amplitudes do sinal de ECG distribu´ıdas no dom´ınio da frequ ˆencia.

No cen ´ario de monitorac¸ ˜ao a restric¸ ˜ao da banda contribui para atenuar os ru´ıdos causados pela movimentac¸ ˜ao dos eletrodos (baixa frequ ˆencia) e tamb ´em os oriundos das contrac¸ ˜oes musculares ou EMI (frequ ˆencias mais elevadas) (WEBSTER, 1984). O sistema proposto foi projetado contemplando toda a faixa de frequ ˆencia das tr ˆes aplicac¸ ˜oes (0,05 at ´e 110 Hz).

(22)

Figura 2.2: Ciclo card´ıaco

(23)

Figura 2.4: Derivac¸ ˜oes bipolares de Einthoven

(24)

2.2

An ´alise de sistemas existentes

Para desenvolver o Zio Patch, mostrado na Figura 2.6, o fabricante americano iRhythm contou com recursos de cinco fundos de investimento e apoio de duas fundac¸ ˜oes m ´edicas (IRHYTHM, 2013). O projeto iniciou-se em 2006, entrou em fase de certificac¸ ˜ao em Setembro de 2013 e at ´e ent ˜ao obteve um financiamento total de 63 milh ˜oes de d ´olares (HEUSSNER, 2013). Em 2010 foi vencedor do pr ˆemio conceito Medical De-sign Excellence Awards.

A Isansys Lifecare foi constitu´ıda em 2010 no Reino Unido com o objetivo de desenvolver sistemas m ´edicos simplificados e com conectividade em rede. Possui acreditac¸ ˜ao EN ISO 13485:2012 e filiais nos Estados Unidos e ´India. Seu produto Lifetouch HRV011 (Figura 2.7) venceu o pr ˆemio de melhor design de refer ˆencia em radiofrequ ˆencia microondas (ED - Original Design Award 2012). O projeto iniciou-se em 2010 e obteve financiamento governamental do fundo Isle of Man (IOM-UK, 2013). O Instituto Holst Centre ´e um centro de pesquisa e desenvolvimento independente que atua com tecnologias de transdutores e comunicac¸ ˜oes sem fio. Possui como dife-rencial um modelo de parceria entre ind ´ustria e academia em torno de projetos com-partilhados. Foi constitu´ıdo em 2005 na B ´elgica com apoio do Minist ´erio Holand ˆes de Assuntos Econ ˆomicos. O IMEC (Interuniversity Microelectronics Centre) ´e uma cen-tro de pesquisa independente atuante em nanotecnologia, com escrit ´orios na B ´elgica, China, Estados Unidos, Taiwan e Jap ˜ao. Emprega mais de 1600 pessoas diretas e mais de 500 residentes em parcerias industriais. Em 2007 seu faturamento atingiu 245 milh ˜oes de Euros. Ambos, em parceria, desenvolvem o projeto Patch ECG, mos-trado na Figura 2.8.

A Zephyr Technology, desenvolvedora do Zephyr Biomodule (Figura 2.9), foi cons-titu´ıda em 2003 e ´e uma das l´ıderes mundiais em monitoramento de par ˆametros psi-col ´ogicos e biomec ˆanicos de pacientes. Entre seus parceiros estrat ´egicos est ˜ao a Qualcomm Life, Motorola, Departamento de Defesa Americano, UCLA Medical School, Universidade de Stanford e a NASA. Possui representantes nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Singapura. Recebeu 14 milh ˜oes de d ´olares em investimentos at ´e 2013 (CRUNCHBASE, 2013).

(25)

Figura 2.6: Zio Patch, da americana iRhytm

.

Figura 2.7: Lifetouch HRV011, da Isansys Lifecare.

Figura 2.8: Patch ECG, do Holst-IMEC.

(26)

Zeph yr IMEC-Holst Lif etouc h Zio P atc h Or igem: Estados Unidos B ´elgica Reino Unido Estados Unidos Comercialmente dispon ´ıv el: N ˜ao N ˜ao Sim N ˜ao Canais captur ados: 1 1 1 1 Aquisic ¸ ˜ao de mo vimento: N ˜ao Sim (aceler ˆometro 3D) N ˜ao N ˜ao Loop feedbac k : N ˜ao N ˜ao N ˜ao N ˜ao Reutiliz ´av el: Sim Sim * N ˜ao *** N ˜ao (uso ´unico) A utonomia: N ˜ao divulgado 30 dias ** 4 dias 14 dias Resistente `a ´agua: N ˜ao N ˜ao Sim Sim Banda de captur a: N ˜ao divulgado N ˜ao divulgado N ˜ao divulgado 0,15 a 34 Hz Imped ˆancia de entr ada: N ˜ao divulgado N ˜ao divulgado N ˜ao divulgado 3+ Mohms Resoluc ¸ ˜ao: N ˜ao divulgado 12 bits N ˜ao divulgado 10 bits Dimens ˜oes: 135 x 70 x 22 mm N ˜ao divulgado 200 x 50 x 10 mm 123 x 53 x 10,7 mm Conectividade sem fio: Sim (BLE) Sim (BLE) Sim (ANT) N ˜ao * Mediante substituic ¸ ˜ao do eletrodo . ** Sem a tr ansmiss ˜ao contin uada. *** Bater ia n ˜ao substitu ´ıv el. Tabela 2.1: Pr incipais car acter ´ısticas dos projetos de ref er ˆencia.

(27)

2.3

Escopo abordado

Ap ´os o levantamento das caracter´ısticas do sinal a ser captado e caracter´ısticas de produtos equivalentes (que deveriam tamb ´em ser atendidas pelo trabalho, para que este tivesse relev ˆancia no cen ´ario real), foi poss´ıvel definir o escopo a ser desenvolvido pelo trabalho, em relac¸ ˜ao `as ferramentas j ´a dispon´ıveis e o que seria desenvolvido pelo trabalho e disponibilizado como refer ˆencia para comunidade acad ˆemica.

Os blocos preenchidos da Figura 2.10 representam os m ´odulos de hardware que foram integralmente desenvolvidos neste trabalho, a partir de componentes passivos e sem a utilizac¸ ˜ao de circuitos integrados que implementassem suas funcionalidades. Tais circuitos foram projetados a partir das especificac¸ ˜oes el ´etricas necess ´arias, con-tida nas respectivas folhas de dados dos componentes. Os blocos n ˜ao preenchidos representam sec¸ ˜oes do circuito tamb ´em implementadas, por ´em que contaram com circuitos integrados.

As sequ ˆencia de setas, que se origina no paciente e chega at ´e o computador, mostra o caminho por onde o sinal de eletrocardiograma transita at ´e ser mostrado ao usu ´ario.

Tamb ´em foi desenvolvido o software embarcado para controle dos perif ´ericos de hardware, descrito em detalhes no Cap´ıtulo 4 e ilustrado em sua arquitetura geral na Figura 2.11.

(28)
(29)
(30)

3

Desenvolvimento

O desenvolvimento iniciou-se pelos componentes de hardware, para que ent ˜ao fosse poss´ıvel implementar o software embarcado e realizar a aquisic¸ ˜ao do sinal. O dispositivo desenvolvido possui os seguintes componentes:

• Microcontrolador: respons ´avel pelo controle do m ´odulo de aquisic¸ ˜ao anal ´ogica-digital e armazenamento dos dados na mem ´oria n ˜ao vol ´atil.

• Interface de aquisic¸ ˜ao dos sinais anal ´ogicos: m ´odulo para convers ˜ao anal ´ogica-digital e filtragem do sinal de eletrocardiograma.

• Sensor de movimento: aceler ˆometro para captar a movimentac¸ ˜ao do paciente, correlacionada ao sinal de eletrocardiograma.

• Bot ˜ao de Loop: jarg ˜ao m ´edico para um bot ˜ao ativado pelo paciente caso ocorra a percepc¸ ˜ao de alguma sensac¸ ˜ao de desconforto (card´ıaco) ou anomalia.

• Mem ´oria n ˜ao vol ´atil: cart ˜ao Micro SD para armazenamento dos sinais adquiri-dos e posterior leitura e interpretac¸ ˜ao destes em um computador.

• Gerenciador de energia: circuito integrado que ajusta a tens ˜ao de entrada para uma faixa pr ´e-determinada. Deriva m ´ultiplos valores de tens ˜ao (necess ´arios em cada sub-m ´odulo), a partir de uma ´unica entrada. Alterna entre a fonte de alimentac¸ ˜ao dispon´ıvel (externa ou bateria). Gerencia a recarga da bateria. • Bateria: bateria de L´ıtio-Pol´ımero, para uso continuado do dispositivo.

A reduc¸ ˜ao de custo do sistema foi abordada atrav ´es de tr ˆes frentes:

• Minimizando-se o n ´umero de componentes discretos do sistema eletr ˆonico, com impactando direto na lista de componentes necess ´arios para fabricac¸ ˜ao (BOM). A reduc¸ ˜ao do custo de aquisic¸ ˜ao dos componentes na origem tem um papel sig-nificativo devido aos impostos acumulados durante toda a cadeia de suprimentos (WU; HSU, 2008); em especial quando existe importac¸ ˜ao de componentes na cadeia. (direta)

(31)

• Ao reduzir os componentes discretos reduz-se tamb ´em a complexidade de fabricac¸ ˜ao da placa de circuito impresso e custos de montagem. Ambos est ˜ao relacionados com a oferta de m ˜ao de obra especializada (MARTIN et al., 2008) e t ˆem um peso significativo para a produc¸ ˜ao do equipamento em territ ´orio nacional. (indireta) • A simplificac¸ ˜ao do projeto (j ´a levando em conta as caracter´ısticas e requisitos

do processo fabril alvo) tamb ´em reduz o ´ındice de falhas (PECHT; DASGUPTA, 1995) e o custo destas que seriam amortizadas no prec¸o final do lote produzido. (indireta)

A metodologia utilizada como refer ˆencia foi a Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas (MDS) (GGTIN, 2013), estipulada pela Ag ˆencia Nacional de Vigil ˆancia Sa-nit ´aria (ANVISA), que regula, dentre outras ´areas, os equipamentos m ´edico-hospitalares em territ ´orio nacional (ANVISA, 2013). Ela descreve um conjunto de regras, padr ˜oes e tarefas imprescind´ıveis para a execuc¸ ˜ao de projetos com qualidade, produtividade e seguranc¸a. Como a MDS aborda todo o ciclo de vida do produto (ANTUNES, 2011), tendo um escopo maior do que o deste trabalho, a etapa de teste foi parcialmente aten-dida (sem a efetiva validac¸ ˜ao em pacientes) e as fases de implantac¸ ˜ao no mercado e acompanhamento de vida ´util n ˜ao abordadas.

3.1

Dimensionamento da placa de circuito impresso

Para um dado circuito pode ser mais simples implement ´a-lo em uma placa com quatro ou mais camadas do que com apenas duas, pois a disponibilidade de mais ca-madas livres implica em mais opc¸ ˜oes de disposic¸ ˜ao de trilhas e componentes sem que haja conflitos (pode n ˜ao existir caminho poss´ıvel na topologia da placa para conectar dois componentes). O maior n ´umero de camadas tamb ´em traz benef´ıcios do ponto de vista de compatibilidade eletromagn ´etica (EMC) (WU et al., 2008). Observou-se tamb ´em que o prec¸o para fabricar a PCB com mais de duas camadas n ˜ao seria ex-pressivo no custo final do projeto (OSHPARK, 2013).

Ainda sim foi definido como um objetivo opcional a elaborac¸ ˜ao da PCB em at ´e duas camadas pois isto permite sua fabricac¸ ˜ao em superf´ıcies flex´ıveis utilizando t ´ecnicas comercialmente dispon´ıveis (ITEAD, 2013). Tal t ´ecnica permite vers ˜oes do dispositivo com ganhos significativos em usabilidade (em especial em situac¸ ˜oes onde o disposi-tivo est ´a em contato direto com o corpo do usu ´ario) (CHRISTIAENS et al., 2009).

(32)

Figura 3.1: Exemplo de placa de circuito impresso flex´ıvel.

3.2

Primeiro prot ´

otipo

A primeira vers ˜ao desenvolvida foi baseada no componente ADS1298IPAG, que ´e uma interface anal ´ogico-digital da Texas Instruments apta a operar na faixa de sinal do eletrocardiograma. Dentre suas caracter´ısticas as de maior relev ˆancia ao projeto de um ECG holter s ˜ao:

• Oito PGAs de baixo-ru´ıdo e oito ADCs de alta resoluc¸ ˜ao • Baixo consumo: 0,75 mW por canal

• Ganho program ´avel: 1, 2, 3, 4, 6, 8, or 12 • Detecc¸ ˜ao de desconex ˜ao de eletrodo • Sinais de teste embutidos

• Interface de comunicac¸ ˜ao SPI

• Temperatura de operac¸ ˜ao: -40 a 85 C

• Detecc¸ ˜ao digital da presenc¸a de marca-passo

• Compatibilidade com os padr ˜oes: AAMI EC11, EC13, IEC60601-1, IEC60601-2-27, e IEC60601-2-51

• Prec¸o: USD 25,95 (em lote de 1000 unidades)

O circuito de aquisic¸ ˜ao de sinais (Figura 3.2) possui duas sec¸ ˜oes principais: a captac¸ ˜ao do sinal el ´etrico oriundo dos eletrodos (que possui seus respectivos

(33)

com-ponentes de protec¸ ˜ao) e o m ´odulo de convers ˜ao anal ´ogica-digital em si (com seus componentes passivos secund ´arios).

Um problema encontrado nesta etapa foi a exist ˆencia de erros nos valores de configurac¸ ˜ao padr ˜ao do ADS1298 informados na documentac¸ ˜ao. Tanto na vers ˜ao mais recente do documento dispon´ıvel no momento (Rev. I), quanto o software de configurac¸ ˜ao do componente do fabricante, presente no kit de demonstrac¸ ˜ao do dis-positivo, possu´ıam par ˆametros padr ˜ao que n ˜ao configuravam corretamente o compo-nente.

Ap ´os in ´umeras tentativas sem sucesso de efetuar a utilizac¸ ˜ao esperada do compo-nente, foi aberto um chamado de suporte junto ao fabricante. Este ent ˜ao retornou uma tabela de configurac¸ ˜ao alternativa e a nota atestando que, de fato, a documentac¸ ˜ao e o software do kit de demonstrac¸ ˜ao possu´ıam par ˆametros errados de configurac¸ ˜ao. Foi informado que estes seriam corrigidos na pr ´oxima vers ˜ao da documentac¸ ˜ao.

Foi atribu´ıdo um ganho de n´ıvel 6 no subsistema de PGA, pois este apresentou o melhor resultado nos ensaios. A fonte do sinal de refer ˆencia de RLD foi definida como metade da AVDD. Todos os canais foram configurados no modo de operac¸ ˜ao normal, tanto para o aspecto power-down, quanto de entrada dos eletrodos. Para a aquisic¸ ˜ao do sinal, foi utilizada uma taxa de amostragem em 500 amostras por segundo (SPS).

3.2.1

Microcontrolador

A escolha do microcontrolador da primeira vers ˜ao foi guiada pela familiaridade do projetista com a plataforma AVR, indiferentemente dos aspectos de custo, consumo ou funcionalidades do microcontrolador em relac¸ ˜ao a outros dispon´ıveis no mercado. J ´a existia no planejamento a previs ˜ao da elaborac¸ ˜ao de um segundo prot ´otipo, sendo que nesta etapa ´e que ocorreriam as otimizac¸ ˜oes relacionadas ao consumo energ ´etico e tamanho. A vers ˜ao inicial continha como objetivo exclusivo a validac¸ ˜ao do m ´odulo de aquisic¸ ˜ao do trac¸o de ECG, que por si s ´o implicaria uma carga de trabalho elevada (e constitui a funcionalidade central do dispositivo). Assim sendo, como o controle do front-end ´e feito completamente no dom´ınio digital, via interface SPI, o microcontrola-dor poderia ser modificado na pr ´oxima vers ˜ao sem implicar em retrabalho significativo. O microcontrolador selecionado foi o ATmega2560V-8AU da fam´ılia AVR, fabricado pela Atmel (ATMEGA2560, 2012). O circuito acess ´orio ao MCU implementado ´e mos-trado na Figura 3.3.

(34)

Figur a 3.2: M ´odulo de con v ers ˜ao anal ´ogica-digital do sinal de eletrocardiog rama.

(35)

Figur a 3.3: Microcontrolador A Tmega2560 e seu circuito de supor te

(36)

3.2.2

Interface com eletrodos

Apesar do front-end possuir integrado dentro de seu encapsulamento os filtros necess ´arios para aquisic¸ ˜ao do sinal, os eletrodos (ilustrados na Figura 3.4) n ˜ao s ˜ao conectadas diretamente ao mesmo, visto ser necess ´ario um circuito de protec¸ ˜ao entre eles (Figura 3.5). Al ´em de prover uma camada adicional de reduc¸ ˜ao de ru´ıdo, este circuito trata em especial da influ ˆencia das correntes parasitas presentes nos cabos dos eletrodos (SOUNDARAPANDIAN, 2009).

Figura 3.4: Eletrodos utilizados utilizados na captac¸ ˜ao de ECG.

3.2.3

Gerenciamento da alimentac¸ ˜ao

O circuito de alimentac¸ ˜ao (Figura 3.6) teve como papel o fornecimento, de forma est ´avel, dos n´ıveis distintos de tens ˜ao necess ´arios aos demais m ´odulos, a partir de uma entrada n ˜ao necessariamente constante. O esquem ´atico foi elaborado tendo como base os circuitos de refer ˆencia dos respectivos datasheets e n ˜ao foram criteri-osamente analisados do ponto de vista de efici ˆencia energ ´etica (ie. minimizac¸ ˜ao de correntes de fuga (ROY; MUKHOPADHYAY; MAHMOODI-MEIMAND, 2003)). Isto fi-cou evidente na etapa de an ´alise t ´ermica, onde foi poss´ıvel observar uma dissipac¸ ˜ao relativamente alta de energia nesta sec¸ ˜ao do circuito.

(37)

Figur a 3.5: Circuito de ponte entre o con v ersor anal ´ogico-digital e os eletrodos e xter nos .

(38)

Figur a 3.6: Circuito de alimentac ¸ ˜ao .

(39)

3.2.4

Armazenamento de dados

Foi escolhida como mem ´oria n ˜ao vol ´atil para armazenamento dos dados um cart ˜ao do tipo Secure Digital High Capacity (SDHC), mostrado na Figura 3.18. Os fatores que levaram a esta escolha foram:

• Alta disponibilidade no mercado • Baixo custo

• C ´odigo de escrita de f ´acil implementac¸ ˜ao

• Alta disponibilidade de dispositivos compat´ıveis (para posterior resgate dos da-dos)

O circuito para controle do cart ˜ao (Figura 3.8) ´e constitu´ıdo por um barramento SPI. Na sec¸ ˜ao 4.3 ´e apresentado o software implementado para escrita dos dados em mem ´oria.

3.2.5

Aceler ˆ

ometro

Seguindo o planejamento de que o objetivo da primeira vers ˜ao era a validac¸ ˜ao dos sinais de eletrocardiograma, o sensoriamento de movimento foi suprimido da vers ˜ao inicial e o aceler ˆometro n ˜ao instalado na placa. Ainda assim a conex ˜ao para o mesmo foi prevista no esquem ´atico e disponibilizada no formado de um conector (Figura 3.9), permitindo sua posterior integrac¸ ˜ao ao prot ´otipo, caso desejado.

3.2.6

Placa de circuito impresso

A placa de circuito impresso da primeira vers ˜ao (Figura 3.10) foi produzida em territ ´orio nacional, na cidade de Porto Alegre - RS (ENGEMAUTICOS, 2012), pelo fabricante Engemauticos Ltda. Este fornecedor foi escolhido por atender os requisitos t ´ecnicos e por apresentar o menor custo para pequenos volumes de placas.

Visto que uma das metas do trabalho ´e viabilizar o projeto em territ ´orio nacional, uma considerac¸ ˜ao importante a se citar tange os custos de prototipagem. Apesar da presenc¸a de diversos fabricantes nacionais tecnicamente aptos a produzir as placas projetadas, a maioria n ˜ao possui prec¸os competitivos em pequenos volumes. Isto en-carece significativamente as fases de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

(40)

No exterior a viabilidade de se produzir placas em pequenos volumes (1 a 10 unida-des), mantendo-se um baixo custo (equiparado a lotes de 100 a 500 placas), viabiliza um n ´umero maior de iterac¸ ˜oes de desenvolvimento de prot ´otipos, incrementando sig-nificativamente as chances de sucesso dos projetos.

A disposic¸ ˜ao dos componentes foi concentrada em um ´unico lado da placa para facilitar o posterior desenvolvimento de um inv ´olucro, visto que isto facilitaria o acopla-mento direto da parte eletr ˆonica com a parte pl ´astica externa.

A placa n ˜ao apresentou defeitos graves e o circuito operou com sucesso, entre-tanto ela n ˜ao atingiu a qualidade esperada em todos os crit ´erios. A camada de r ´otulos n ˜ao possuiu boa resoluc¸ ˜ao em certos locais (Figura 3.11), criando uma dificuldade adicional no momento da solda manual dos componentes. O mais impactante foi a falta da camada de protec¸ ˜ao entre os pads dos componentes SMD. Isto dificultou o processo de montagem, pois a presenc¸a desta camada entre os pads facilita o correto dep ´osito de estanho para realizac¸ ˜ao da solda.

3.2.7

Processo de montagem

A primeira vers ˜ao foi montada manualmente (Figura 3.12). Apesar da densidade de componentes, a prefer ˆencia por componentes com encapsulamento TQFP com pads, ao inv ´es de BGA, facilitou significativamente o processo.

Esta vers ˜ao foi elaborada com um conector de cart ˜oes SD do tipo bandeja. Esta escolha se mostrou altamente problem ´atica. Al ´em de um enorme esforc¸o necess ´ario para sua montagem, o processo de inserc¸ ˜ao e retirada do cart ˜ao em si se mostrou trabalhoso. O conector possui pinos em sua base, que requerem a soldagem atrav ´es de ar quente. Entretanto, o mesmo possui regi ˜oes pl ´asticas, logo, erros de variac¸ ˜ao na temperatura do ar implicam o derretimento destas partes pl ´asticas; ou m ´a ader ˆencia na placa.

(41)

Registrador Enderec¸o Valor ID 0x00 0x92 CONFIG1 0x01 0x86 CONFIG2 0x02 0x10 CONFIG3 0x03 0xDC LOFF 0x04 0x03 CH1SET 0x05 0x00 CH2SET 0x06 0x00 CH3SET 0x07 0x00 CH4SET 0x08 0x00 CH5SET 0x09 0x00 CH6SET 0x0A 0x00 CH7SET 0x0B 0x00 CH8SET 0x0C 0x00 RLD-SENSP 0x0D 0x00 RLD-SENSN 0x0E 0x00 LOFF-SENSP 0x0F 0xFF LOFF-SENSN 0x10 0x02 LOFF-FLIP 0x11 0x00 LOFF-STATP 0x12 0xF9 LOFF-STATN 0x13 0x00 GPIO 0x14 0x00 PACE 0x15 0x00 RESP 0x16 0xF0 CONFIG4 0x17 0x22 WCT1 0x18 0x0A WCT2 0x19 0xE3

(42)

Figura 3.7: Cart ˜ao de mem ´oria Micro SDHC. Acima suas dimens ˜oes e abaixo seu posicionamento no prot ´otipo 1.

Figura 3.8: Circuito de interface com o cart ˜ao de mem ´oria.

(43)

Figura 3.10: PCB do primeiro prot ´otipo (topo e fundo).

(44)
(45)

3.3

Segundo prot ´

otipo

No momento da elaborac¸ ˜ao da segunda vers ˜ao j ´a estava dispon´ıvel comercial-mente o componente alternativo AD8232 (AD8232, 2013), com funcionalidades de aquisic¸ ˜ao e filtragem de sinais de eletrocardiograma integradas em um ´unico encapsu-lamento (SoC front-end para sinais fisiol ´ogicos), comercializado pelo fabricante Ana-log Devices. O m ´odulo de aquisic¸ ˜ao anal ´ogica-digital da segunda vers ˜ao do desenvol-vida foi baseada neste componente. Esta escolha foi tomada com o intuito de evitar os problemas anteriormente enfrentados com o front-end da Texas Instruments, bem como para avaliar este componente alternativo.

3.3.1

Convers ˜ao anal ´

ogica-digital

O m ´odulo de aquisic¸ ˜ao do sinal anal ´ogico (e filtragem associada), que obt ´em o trac¸o adequado de ECG, ´e o n ´ucleo de qualquer eletrocardi ´ografo. A exist ˆencia de um front-end comercial que integra estas func¸ ˜oes acelera significativamente seu de-senvolvimento, mas n ˜ao necessariamente o facilita. O desenvolvimento n ˜ao necessita abortar a construc¸ ˜ao f´ısica das etapas de filtros ou ADs, visto que j ´a est ˜ao integrados no SoC, por ´em um trabalho cauteloso ´e necess ´ario para que o SoC seja corretamente configurado e calibrado.

Na realidade, este componente n ˜ao deixa de ser um ADC gen ´erico, que apenas cont ´em as especificac¸ ˜oes orientadas para faixa de sinal do ECG. Por isto ´e necess ´ario que seus par ˆametros ainda sim sejam analisados cuidadosamente para a correta especificac¸ ˜ao dos componentes auxiliares que influenciam os par ˆametros de filtra-gem. O maior impacto disto ´e em relac¸ ˜ao a eliminac¸ ˜ao de ru´ıdos externos (BROWN, 2002). O circuito desenvolvido para controle do AD8232 ´e mostrado na Figura 3.13.

3.3.2

Microcontrolador

O ADUCM360BCP ´e um sistema de aquisic¸ ˜ao que incorpora dois conversores anal ´ogico-digitais sigma-delta de 24 bits operando a 3.9 kSPS (ADUCM360, 2013). Apesar destes conversores estarem aptos a realizar a aquisic¸ ˜ao de sinais de ECG, eles n ˜ao foram utilizados caso fossem, seria necess ´ario a implementac¸ ˜ao dos filtros em hardware. Foi mais vantajoso adicionar um segundo componente na placa, que efetua a etapa de AD do sinal e j ´a possui os filtros necess ´arios. Logo, temos que

(46)

o segundo prot ´otipo possui estes dois canais AD de alta performance ociosos, por hora. Nestes podem ser futuramente integradas a aquisic¸ ˜ao de outros par ˆametros (ie. condutividade da pele (PICARD; SCHEIRER, 1999)).

O processador deste microcontrolador ´e um ARM Cortex-M3, de 32 bits, com 128 kB de mem ´oria e 8 kB de SRAM. Logo, seu poder de processamento ´e relativamente consider ´avel e atende aos requisitos do projeto. A carga computacional de filtragem n ˜ao ´e alta, visto que boa parte da mesma ´e assumida pelo AD8232, com apenas algum filtro secund ´ario sendo eventualmente necess ´ario. O acesso `a mem ´oria n ˜ao vol ´atil (SDHC) n ˜ao apresenta carga significativa, bem como o controle de um r ´adio (caso adicionado) tamb ´em n ˜ao. A maior carga estaria caso o sistema fosse expandido para aquisic¸ ˜ao de novos par ˆametros, diretamente a partir das suas entradas ADC sigma-delta. Neste caso seria necess ´aria a filtragem do sinal em software pela CPU. O circuito desenvolvido para controle do MCU ´e mostrado na Figura 3.14.

Al ´em das funcionalidades tradicionalmente encontradas em MCUs da fam´ılia Cor-tex (eg. UART, I2C, PWM, SPI, GPIO), este modelo possuiu uma caracter´ıstica es-pecial em relac¸ ˜ao a outros candidatos para a segunda vers ˜ao: ser de uma fam´ılia orientada para aplicac¸ ˜oes m ´edicas. Seu projeto ´e voltado para utilizac¸ ˜ao em dispo-sitivos m ´edicos m ´oveis, operados `a bateria. Logo, al ´em de um baixo consumo, j ´a atende aos requisitos de operac¸ ˜ao em aplicac¸ ˜oes m ´edicas (e consequentemente as demandas relacionadas com o processo de certificac¸ ˜ao). Exemplos disto s ˜ao a faixa de temperatura operacional ser de -40 a 120 graus Celsius e j ´a possui filtros de modo-comum e modo-normal para frequ ˆencias de 50 e 60 Hz. A maioria dos MCUs comer-ciais n ˜ao opera nesta faixa de temperatura. A presenc¸a de ru´ıdo na faixa de 50/60 Hz (originada pela rede el ´etrica e equipamentos nela operantes) n ˜ao pode deixar de ser propriamente tratada nos dispositivos para sa ´ude. No caso do ECG, por exemplo, esta faixa de frequ ˆencia est ´a dentro da banda do sinal emitido pelo corac¸ ˜ao (0,5 - 150 Hz). Ent ˜ao possuir estas funcionalidades j ´a embarcadas no MCU constituem em um grande diferencial em relac¸ ˜ao `as alternativas de uso geral (ZAROLA, 2013).

3.3.3

Interface com eletrodos

Para o AD8232 n ˜ao ´e necess ´ario um tratamento especial na conex ˜ao com os ele-trodos. Apenas dois pull-ups, mostrados na Figura 3.15, s ˜ao adicionados no canal de sinal e um capacitor de 1 nF como filtro no canal de RLD.

(47)

3.3.4

Gerenciamento da alimentac¸ ˜ao

Uma vantagem adicional do front-end utilizado na segunda vers ˜ao ´e sua menor complexidade do ponto de vista de requisitos de alimentac¸ ˜ao (Figura 3.16). Ao neces-sitar de uma quantidade menor de n´ıveis de tens ˜ao distintos ´e poss´ıvel a utilizac¸ ˜ao de um regulador com menor complexidade. Foi escolhido o TPS61221DCK da Texas Instruments devido aos seus aspectos de mercado (custo e disponibilidade de supri-mento) e desempenho: efici ˆencia de 95%, sa´ıda ajust ´avel entre 1,8 e 5,5 Volts (com vers ˜ao de sa´ıda fixa dispon´ıvel), corrente quiescent de 5,5 uA e tens ˜ao m´ınima de en-trada de 0,7 Volts (possibilitando a operac¸ ˜ao eficiente em circuitos com apenas uma c ´elula de bateria).

Como dois ADCs do ADuCM360 de 24 bits n ˜ao foram utilizados nesta segunda vers ˜ao, eventualmente poderiam ser interconectados `a entrada do TPS61221DCK para leitura da tens ˜ao e corrente. Esta ligac¸ ˜ao poderia ser direta (para a tens ˜ao), pois apesar da sa´ıda de tens ˜ao do regulador poder ultrapassar a toler ˆancia m ´axima da entrada anal ´ogica do MCU, esta aquisic¸ ˜ao estaria ocorrendo antes do est ´agio de regulac¸ ˜ao, diretamente na c ´elula de bateria. A aquisic¸ ˜ao neste ponto seria ainda mais fiel ao c ´alculo do consumo real do sistema, pois incluiria as perdas oriundas do re-gulador (existentes mesmo enquanto o sistema estiver em repouso). Para leitura da corrente prop ˜oe-se um resistor de precis ˜ao com 1 Ohm, em s ´erie com a c ´elula de carga, operando como um resistor de shunt. Existem t ´ecnicas mais adequadas, es-pecialmente para baixas tens ˜oes, como exemplo aquelas que operam pela medic¸ ˜ao do campo gerado pela corrente passante. Neste caso a resist ˆencia em s ´erie do cir-cuito de medic¸ ˜ao ´e reduzida (com impactos no consumo energ ´etico). Por ´em para uma an ´alise preliminar, a medic¸ ˜ao via resistor de shunt ´e suficiente.

3.3.5

Armazenamento dos dados

Na segunda vers ˜ao os problemas do conector de cart ˜ao SD foram resolvidos utilizando-se outro modelo mais adequado. Foi utilizado um conector do tipo push-push manual (Figura 3.18). Este modelo n ˜ao possui a bandeja de inserc¸ ˜ao e reduziu significativamente a complexidade da operac¸ ˜ao.

O fato de ser manual, n ˜ao possuindo mecanismo de ejec¸ ˜ao autom ´atica, faz com que ele possua menor estrutura pl ´astica, al ´em de uma disposic¸ ˜ao dos pinos de sol-dagem mais adequada. Isto facilitou muito o processo de montagem. Adicionalmente

(48)

este modelo permite que o cart ˜ao seja posicionado na borda da placa de circuito e que sejam desenvolvidos inv ´olucros pl ´asticos onde a inserc¸ ˜ao e retirada do cart ˜ao ocor-ram diretamente, sem que outras partes sejam removidas (eg. sem necessitar que uma tampa seja removida, a bandeja do cart ˜ao aberta e este retirado). O circuito de comunicac¸ ˜ao com o MCU ´e mostrado na Figura 3.17.

3.3.6

Aceler ˆ

ometro

O componente utilizado para sensoriamento de movimentac¸ ˜ao foi um de uso ge-ral, especificado na faixa de acelerac¸ ˜ao prevista para o corpo do paciente (LUINGE; VELTINK, 2005).

Foi observada uma grande diferenc¸a entre componentes MEMS operando com sa´ıda no dom´ınio digital, em relac¸ ˜ao aos que possuem sa´ıda anal ´ogica. A Tabela 3.2 apresenta os diferentes n´ıveis de consumos:

Podemos observar que todos os dispositivos com sa´ıda digital apresentam um con-sumo significativamente inferior aos anal ´ogicos. At ´e Outubro de 2013 o aceler ˆometro de 3 eixos ADXL362, utilizado no segundo prot ´otipo, mantinha o recorde de menor consumo do mercado (MUSKETT, 2013). Como tamb ´em estava dentro do prec¸o alvo estimado, seu baixo consumo foi o fator decisivo para sua escolha.

Os capacitores C16 e C18 s ˜ao opcionais. Seu posicionamento foi previsto no esquem ´atico e na PCB, por ´em n ˜ao foram instalados. Como seus valores dependem de ensaios emp´ıricos, seus respectivos valores n ˜ao foram listados no esquem ´atico (Figura 3.19).

3.3.7

Placa de circuito impresso

A placa de circuito impresso da segunda vers ˜ao foi confeccionada no fabricante OSH Park dos Estados Unidos (OSHPARK, 2013). Com o objetivo de resolver os pro-blemas da fabricac¸ ˜ao da primeira vers ˜ao, foram enumerados fabricantes que possu´ıam um prec¸o suficientemente baixo para que, considerados os custos de despacho e tri-butos, n ˜ao excedessem o prec¸o alvo estimado ou ficassem significativamente acima dos praticados pelos fabricantes nacionais.

A OSH Park foi escolhida devido `a qualidade superior em relac¸ ˜ao aos outros dois fabricantes analisados, ilustrados na Figura 3.20. Apesar do seu prec¸o relativamente

(49)

superior aos demais fabricantes estrangeiros, o custo final foi inferior ao praticado pelo fabricante nacional (Engemauticos). Isto ressalta a import ˆancia da an ´alise da cadeia de suprimentos ocorrer simultaneamente `a pesquisa e desenvolvimento do projeto, tal como foi feito neste trabalho.

Foi poss´ıvel acomodar todos os componentes necess ´arios em duas camadas de circuito impresso. Isto comprometeu parcialmente posicionamento dos r ´otulos dos dis-positivos (impactando a fase de montagem), por ´em n ˜ao apresenta preju´ızo funcional ao dispositivo.

Em sua segunda vers ˜ao o projeto disp ˆos o conector de cart ˜ao SDHC no lado oposto aos componentes. As premissas da primeira vers ˜ao sobre o posicionamento dos componentes em um ´unico lado da placa se mant ´em na segunda vers ˜ao. O conec-tor SDHC foi uma excec¸ ˜ao `a regra apenas por limitac¸ ˜oes f´ısicas, pois caso contr ´ario, seria necess ´ario estender a ´area da PCB em cerca de 3 cm2 apenas para acomod ´a-lo do mesmo lado que os componentes. O aumento do tamanho, nesta proporc¸ ˜ao, n ˜ao compensaria os ganhos funcionais.

3.3.8

Processo de montagem

Apesar da disposic¸ ˜ao de componentes, vista na Figuras 3.21, ser mais densa na segunda vers ˜ao, ela n ˜ao impactou significativamente a dificuldade de montagem. Entretanto houveram complicac¸ ˜oes com a montagem dos CIs do ADC e MCU. Foi utilizado o encapsulamento WFQFN Exposed Pad. Este encapsulamento n ˜ao ´e de montagem trivial, mas era o ´unico dispon´ıvel para os CIs do front-end e do MCU. O problema principal ocorreu com o posicionamento de uma passagem entre camadas diretamente abaixo dos CIs. Apesar desta regi ˜ao ser destinada `a um plano de terra ao CI, e a passagem fazer conex ˜ao ao plano propriamente, o orif´ıcio da passagem implicou em um ac ´umulo de estanho na etapa de soldagem e consequentemente um desn´ıvel do componente em relac¸ ˜ao `a placa. Isto dificultou ainda mais o posiciona-mento correto do componente. Foi observado que em vers ˜oes futuras este espac¸o dever ´a ser mantido exclusivamente como plano de terra, sem a possibilidade de apro-veit ´a-lo para conex ˜oes entre camadas.

(50)

Figura 3.13: Circuito de ADC da segunda vers ˜ao.

Fabricante Identificador Sa´ıda de dados Consumo (uA)

Analog Devices ADXL362 Digital 1,8

STMicroelectronics LIS2DH Digital 11

Freescale MMA7341LC Digital 47

Analog Devices ADXL335 Anal ´ogico 350

STMicroelectronics LIS332AX Anal ´ogico 350

Freescale MMA7341LC Anal ´ogico 400

Tabela 3.2: Comparativo de consumo energ ´etico de aceler ˆometros com sensitividade equivalente.

(51)

Figura 3.14: Microcontrolador ADuCM360, da Analog Devices.

(52)

Figura 3.16: Circuito de alimentac¸ ˜ao do segundo prot ´otipo.

(53)

Figura 3.18: Cart ˜ao de mem ´oria posicionado na borda do dispositivo e permitindo sua retirada sem abertura do inv ´olucro.

Figura 3.19: Circuito do aceler ˆometro ADXL362.

Figura 3.20: Comparativo de fabricantes estrangeiros de PCB com prec¸o efetivo equi-valente `a fabricantes nacionais.

(54)
(55)

4

Software

O software do sistema possui a funcionalidade de adquirir o sinal, efetuar o p ´os-processamento (eliminac¸ ˜ao de ru´ıdos) e sua transmiss ˜ao ao usu ´ario (armazenando na mem ´oria n ˜ao-vol ´atil ou transmitindo diretamente `a um computador). A Figura 4.1 mos-tra o fluxo de execuc¸ ˜ao do software em linhas gerais. Seu funcionamento ´e detalhado nas sec¸ ˜oes `a seguir.

(56)

4.1

Configurac¸ ˜ao da aquisic¸ ˜ao do sinal

As etapas de software necess ´arias para correta inicializac¸ ˜ao, testes e operac¸ ˜ao do ADS1298 s ˜ao mostradas na Figura 4.2. Seu processo de configurac¸ ˜ao requer que um vetor de par ˆametros seja enviado ao ADC.

C ´odigo fonte 4.1: C ´odigo de comunicac¸ ˜ao com o ADS1298A.

# include ” A r d u i n o . h ” / / d i g i t a l W r i t e ( ) ; delayMicroseconds ( ) ; spiSend ( ) ;

# include ” SpiDma . h ” const i n t PIN CS = 5 2 ; const i n t WAKEUP = 0x02 , const i n t STANDBY = 0x04 , const i n t RESET = 0x06 , const i n t START = 0x08 , const i n t STOP = 0x0a ,

const i n t RDATAC = 0x10 , const i n t SDATAC = 0x11 , const i n t RDATA = 0x12 , const i n t RREG = 0x20 , const i n t WREG = 0x40 void f r o n t e n d c m d ( i n t cmd ) {

/ / cmd = parametros de c o n f i g u r a c a o conforme Tabela 3 . 1 d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , LOW) ; spiSend ( cmd ) ; delayMicroseconds ( 1 ) ; d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , HIGH ) ; } void f r o n t e n d w r i t e ( i n t reg , i n t v a l ) { d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , LOW) ; spiSend (WREG | reg ) ;

delayMicroseconds ( 2 ) ; spiSend ( 0 ) ;

delayMicroseconds ( 2 ) ; spiSend ( v a l ) ;

(57)

delayMicroseconds ( 1 ) ; d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , HIGH ) ; } i n t f r o n t e n d r e a d ( i n t reg ) { u i n t 8 t o u t = 0 ; d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , LOW) ; spiSend (RREG | reg ) ;

delayMicroseconds ( 2 ) ; spiSend ( 0 ) ; delayMicroseconds ( 2 ) ; o u t = spiRec ( ) ; delayMicroseconds ( 1 ) ; d i g i t a l W r i t e ( PIN CS , HIGH ) ; r e t u r n ( ( i n t ) o u t ) ; }

(58)
(59)

4.2

Filtros digitais

Apesar da exist ˆencia de filtros em hardware no front-end para a faixa de 50/60 Hz, em ambos os front-ends avaliados estes filtros se mostraram insuficientes para tratar adequadamente o sinal e eliminar a interfer ˆencia existente nesta banda.

Foi necess ´ario aplicar um filtro adicional, no dom´ınio digital, para eliminar adequa-damente este ru´ıdo (FERGJALLAH; BARR, 1990). Esta sec¸ ˜ao evidencia o dist ´urbio transit ´orio inserido por devido este filtro.

A Figura 4.3 mostra a aquisic¸ ˜ao sinal (a partir do instante zero de operac¸ ˜ao do fil-tro), onde podemos notar a exist ˆencia de uma componente de sinal de maior frequ ˆencia e que claramente n ˜ao est ´a relacionada ao sinal de ECG. Estes dist ´urbios s ˜ao oriundos da inicializac¸ ˜ao do vetor de c ´alculo do filtro, que ´e definida em zero. Observamos que `a medida que o sinal avanc¸a para o regime permanente o problema ´e gradualmente atenuado, at ´e seu desaparecimento por completo.

Na etapa de implementac¸ ˜ao do filtro, como foi necess ´ario um grande esforc¸o de p ´os-processamento do sinal at ´e ser interpretado quais ru´ıdos estavam deturpando a qualidade, foi realizada a aquisic¸ ˜ao do sinal diretamente do front-end atrav ´es do programa mostrado no c ´odigo fonte 4.2. Isto permitiu que o sistema fosse ensaiado mais de uma vez sem que fosse necess ´ario gravar novamente o firmware na placa.

C ´odigo fonte 4.2: C ´odigo de comunicac¸ ˜ao direta com o front-end.

# ! / u s r / b i n / env python

# l e i t u r a P a t c h 1 . py / dev / ttyUSB0 115200

# U t i l i z a d a s b i b l i o t e c a s Python para acesso s e r i a l e tempo .

import sys , time , d a t e t i m e import s e r i a l

N AMOSTRAS = 100000

# Parametro para c o n f i g u r a c a o dos r e g i s t r a d o r e s WAKEUP = 0x02 STANDBY = 0x04 RESET = 0x06 START = 0x08 STOP = 0x0a # enderecos de l e i t u r a RDATAC = 0x10

(60)

SDATAC = 0x11 RDATA = 0x12 # enderecos de e s c r i t a RREG = 0x20 WREG = 0x40 # c o n f i g u r a c o e s g e r a i s ID = 0x00 CONFIG1 = 0x01 CONFIG2 = 0x02 CONFIG3 = 0x03 LOFF = 0x04 HR = 0x80 DR0 = 0x01 HIGH RES 16k SPS = (HR | DR0) # modo do r i g h t l e d d r i v e r PD REFBUF = 0x80 VREF 4V = 0x20 RLD MEAS = 0x10 RLDREF INT = 0x08 PD RLD = 0x04 RLD LOFF SENS = 0x02 RLD STAT = 0x01 def main ( ) :

PORT = sys . argv [ 1 ] BAUDRATE = sys . argv [ 2 ]

c ha rs = ” ”

s e r = s e r i a l . s e r i a l f o r u r l (PORT, b a u d r a t e =BAUDRATE, t i m e o u t = 0 . 1 )

send ( ser , ” s d a t a c ” )

sampleMode = HIGH RES 16k SPS

# parametros m o d i f i c a d o s nas c o n s t a n t e s d e f i n i d a s acima sampleModeCommand = ” wreg %x %x ” % ( CONFIG1 , sampleMode ) send ( ser , sampleModeCommand )

send ( ser , ” r d a t a c ” ) l i n e = ” ”

(61)

l i n e s = [ ] co unt = 0 s t a r t = d a t e t i m e . d a t e t i m e . tod ay ( ) b u f = s e r . read (N AMOSTRAS∗28) l i n e s = b u f . decode ( ) . s p l i t ( ’ \n ’ ) co unt = l e n ( l i n e s ) end = d a t e t i m e . d a t e t i m e . tod ay ( )

send ( ser , ” s d a t a c ” ) # i n i c i a modo c o n t i n u o

f o r i i n range ( 0 , N AMOSTRAS ) : # l e grupo de amostras

l i n e = s e r . r e a d l i n e ( ) p r i n t ( ”%d,%d ” % ( i , l i n e ) ) # d e l t a = tempo d e c o r r i d o d e l t a = end − s t a r t deltaSegundos = d e l t a . t o t a l s e c o n d s ( ) t a x a = c oun t / deltaSegundos

p r i n t ( ”%d amostras em %f segundos . ” % ( count , deltaSegundos ) ) p r i n t ( ” Taxa : %f ” % t a x a ) p r i n t ( l i n e s [ 3 : 1 0 ] ) p r i n t ( ” ” ) s e r . c l o s e ( ) i f n a m e == ” m a i n ” : main ( )

Foi observado que a exist ˆencia de ru´ıdo na banda centrada em 60 Hz ´e significativa e um filtro de primeira ordem n ˜ao foi suficiente. Abaixo temos o sinal sob um filtro rejeita-faixa de primeira ordem, onde apesar de mais adequado que o sinal sem filtro, ainda possui uma componente de 60 Hz que afeta consideravelmente o sinal.

Ap ´os o refinamento do filtro digital e utilizac¸ ˜ao de uma vers ˜ao de segunda ordem (MILLER, 2005), foi poss´ıvel apresentar o sinal adquirido sem a interfer ˆencia de 60 Hz, conforme visto na Figura 4.5. O fluxograma de software do filtro de segunda ordem ´e visto no diagrama da Figura 4.6.

(62)

i n t passaBaixa ( i n t dado ) { s t a t i c i n t y1 = 0 , y2 = 0 , x [ 2 6 ] , n = 1 2 ; i n t y0 ; x [ n ] = x [ n + 1 3 ] = dado ; y0 = ( y1 << 1 ) − y2 + x [ n ] − ( x [ n + 6 ] << 1 ) + x [ n + 1 2 ] ; y2 = y1 ; y1 = y0 ; y0 >>= 5 ; i f (−−n < 0 ) n = 1 2 ; r e t u r n ( y0 ) ; } i n t p a s s a A l t a ( i n t dado ) { s t a t i c i n t y1 = 0 , x [ 6 6 ] , n = 3 2 ; i n t y0 ; x [ n ] = x [ n + 3 3 ] = dado ; y0 = y1 + x [ n ] − x [ n + 3 2 ] ; y1 = y0 ; i f (−−n < 0 ) n = 3 2 ; r e t u r n ( x [ n + 1 6 ] − ( y0 >> 5 ) ) ; }

(63)

Figura 4.3: Erro causado pela inicializac¸ ˜ao incorreta do filtro digital.

(64)

Figura 4.5: Trac¸o do ECG adquirido, ap ´os aplicac¸ ˜ao do filtro de segunda ordem.

(65)

4.3

Armazenamento dos dados

Ap ´os ser adquirido e filtrado, o sinal deve ser enviado ao usu ´ario. Isto pode ocorrer em tempo real, na situac¸ ˜ao em que o utilizador est ´a com o dispositivo conectado dire-tamente `a um computador que far ´a a leitura; ou de maneira que os dados sejam arma-zenados temporariamente em uma mem ´oria n ˜ao vol ´atil. No segundo caso, os dados ainda ser ˜ao recuperados atrav ´es de um computador, pelo mesmo m ´etodo que o moni-toramento em tempo real. Logo, o cart ˜ao SDHC n ˜ao ´e utilizado da maneira tradicional, na qual o mesmo ´e retirado do dispositivo manualmente pelo usu ´ario. Este modelo de comunicac¸ ˜ao permite que o sistema seja mais facilmente estendido e acrescido de um r ´adio para fazer a comunicac¸ ˜ao com outro dispositivo. Assim o cart ˜ao SDHC t ˆem um papel de mem ´oria tempor ´aria dos dados, at ´e que sejam transmitidos ao computador de destino.

A comunicac¸ ˜ao com o cart ˜ao ´e feita atrav ´es do c ´odigo 4.4. A func¸ ˜ao spi cartao init() ´e utilizada para inicializac¸ ˜ao e a spi cartao txrx() faz a escrita de um byte e tamb ´em a leitura do retorno.

C ´odigo fonte 4.4: Comunicac¸ ˜ao SPI com o SDHC.

void s p i c a r t a o i n i t ( void )

{

DDR SPI | = BV ( DD MOSI ) | BV ( DD SCK ) ; DDR SPI &= ˜ BV ( DD MISO ) ;

SPCR = BV (SPE) | BV (MSTR) | BV (SPR0) | BV (SPR1 ) ; SPSR = BV ( SPI2X ) ; } u i n t 8 t s p i c a r t a o ( u i n t 8 t b y t e ) { SPDR = b y t e ; / / aguarda f i m do e n v i o

while ( ! ( SPSR & BV ( SPIF ) ) ) ;

/ / l e o r e t o r n o ( usa mesma v a r i a v e l ) b y t e = SPDR;

r e t u r n b y t e ;

(66)

void t x c a r t a o ( u i n t 8 t arg ) {

s p i c a r t a o ( 0 x58 ) ; / / w r i t e cmd ( padrao SDHC) s p i c a r t a o ( arg ) ; / / dado

s p i c a r t a o ( 0 xFF ) ; / / i g n o r a c r c

}

O cart ˜ao foi utilizado apenas como uma mem ´oria tempor ´aria para ac ´umulo dos dados e posterior envio ao computador. Desta maneira n ˜ao se implementou um sis-tema de arquivos no cart ˜ao (para que o usu ´ario o acessasse diretamente), conforme seria a rotina de uso apresentada anteriormente. O

O Concise Binary Object Representation (CBOR) (BORMANN, 2013) ´e um formato de representac¸ ˜ao de dados que possui como objetivo, dentre outros, a implementac¸ ˜ao de codificadores e decodificadores com tamanho de c ´odigo extremamente pequeno, tamanho razoavelmente pequeno das mensagens e extens ˜oes futuras sem a neces-sidade de negociac¸ ˜ao de vers ˜ao. Estes objetivos o tornam particular em relac¸ ˜ao `as vers ˜oes anteriores de padronizac¸ ˜ao de serializac¸ ˜ao bin ´aria, como a ANS.1 (D, 2004) ou MessagePack (FURUHASHI, 2013). Este formato ´e definido pela documento de recomendac¸ ˜ao RFC 7049 e gerenciado pelo Internet Engineering Task Force (IETF). Um exemplo atrav ´es da formatac¸ ˜ao dos dados, do ponto de vista de tamanho de men-sagem, usando JSON ou MessagePack ´e mostrado na Figura.

Inicialmente desenvolveu-se o projeto supondo o armazenamento dos dados em um formato JSON, devido sua extensibilidade (dispensando a necessidade de se definir uma estrutura de dados est ´atica logo nas fases iniciais de projeto) e facili-dade de processamento (que reduz a complexifacili-dade de leitura a partir do software de aplicac¸ ˜ao). Por ´em a recente proposic¸ ˜ao do CBOR se mostrou favor ´avel ao projeto, tanto pelo seu car ´ater bin ´ario de representac¸ ˜ao, quando a este ter como base o for-mado JSON em si. Ele n ˜ao ´e compat´ıvel com o JSON, mas por ter sido inicialmente baseado no mesmo, representa certa facilidade em adequac¸ ˜ao ao projeto.

Objetivos da padronizac¸ ˜ao CBOR que a tornam interessantes para sistemas em-barcados como o deste projeto:

• O codificador e o decodificador necessitam ser compactos a ponto de suporta-rem sistemas com severas limitac¸ ˜oes de mem ´oria, processamento e conjunto de

(67)

instruc¸ ˜oes.

• Os dados possam ser decodificados sem uma descric¸ ˜ao do esquema. Similar-mente ao JSON, os dados codificados s ˜ao auto-descritivos, de forma que um decodificador gen ´erico possa ser escrito.

• A serializac¸ ˜ao necessita ser razoavelmente compacta, mas a compactac¸ ˜ao dos dados ´e secund ´aria ao tamanho de c ´odigo do codificador e decodificador.

Podemos ver que estes objetivos se alinham diretamente com o escopo do projeto, que possui limitac¸ ˜oes mais severas de processamento e mem ´oria dispon´ıvel, mas uma disponibilidade maior de armazenamento n ˜ao vol ´atil dos dados (dado ao tamanho dispon´ıvel do SDHC).

(68)

5

Resultados

O custo de desenvolvimento do primeiro prot ´otipo foi de US$ 107,74 (FOB), sendo reduzido para US$ 50,13 (FOB) na segunda vers ˜ao. Foi poss´ıvel atingir a meta do custo de fabricac¸ ˜ao estar abaixo de US$ 100 (FOB).

Em relac¸ ˜ao `as dimens ˜oes, o tamanho volum ´etrico do primeiro prot ´otipo foi de 55,66 cm3 (6,56 x 7,07 x 1,20 cm), sendo reduzido para 17.27 cm3 (4,55 x 2,53 x 1,50 cm) na segunda vers ˜ao. Tais dimens ˜oes j ´a contemplam o espac¸o necess ´ario para o inv ´olucro. Houve reduc¸ ˜ao em relac¸ ˜ao ao ECG Holter Patch de menor tamanho j ´a anun-ciado (Zio Patch, que possui 69.75 cm3(12,3 x 5,3 x 1,07 cm), mostrado na Sec¸ ˜ao 2.2). O Zio Patch j ´a se trata de um ECG Holter miniaturizado. Quando comparamos o re-sultado com um ECG Holter tradicional, como por exemplo o Philips DigiTrak XT, que possui 97.18 cm3 (9.15 x 5.59 x 1.90 cm) e se trata do menor ECG Holter atualmente comercializado, podemos perceber uma reduc¸ ˜ao ainda mais expressiva.

5.1

Sinal adquirido

Dada a natureza do dipolo formado pelo t ´orax e a propagac¸ ˜ao resultante do sinal el ´etrico do corac¸ ˜ao, no m´ınimo um filtro passa-alta, com frequ ˆencia de corte em 0,5 Hz, ´e necess ´ario na elaborac¸ ˜ao de um eletrocardi ´ografo (para que a componente DC do sinal seja removida).

Outro grupo de filtros necess ´ario ´e aquele destinado `a remoc¸ ˜ao de ru´ıdos externos (LEVKOV et al., 2005). Os principais ru´ıdos s ˜ao oriundos da movimentac¸ ˜ao natural do corpo do paciente (baixa frequ ˆencia); ru´ıdos da rede el ´etrica e seus dispositivos (50/60 Hz) e ru´ıdos na faixa de frequ ˆencia al ´em da maior componente do sinal (acima de 150 Hz) (THAKOR; ZHU, 1991) (HUHTA; WEBSTER, 1973).

Observamos que os ru´ıdos da rede el ´etrica foram os mais impactantes. Sem a adic¸ ˜ao de um filtro rejeita-faixa em 60 Hz (PEI; TSENG, 1995) n ˜ao ´e poss´ıvel adquirir um sinal minimamente aceit ´avel (Figura 5.1).

(69)

Atrav ´es da an ´alise do sinal da Figura 5.2, no dom´ınio da frequ ˆencia, podemos con-firmar que o ru´ıdo existente ´e devido `a uma componente de 60 Hz e suas harm ˆonicas (eg. 180 Hz).

(70)

Figura 5.1: ECG adquirido sem filtro de 60 Hz.

Figura 5.2: Sinal no dom´ınio da frequ ˆencia, evidenciando o ru´ıdo 60 Hz e sua harm ˆonica em 180 Hz.

Referências

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