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TEXTO I: A menina dos fósforos

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Academic year: 2021

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COLÉGIO DE APLICAÇÃO DOM HÉLDER CÂMARA EXERCÍCIO COMPLEMENTAR I

DISCIPLINA: PORTUGUÊS

ALUNO(A): __________________________________________________

SÉRIE: 8° ANO

DATA PARA ENTREGA: ____/____/2012

TEXTO I:

A menina dos fósforos

Isto foi num desses países onde a neve cai durante o tempo de inverno — e fazia um horrível frio naquela noite do ano.

Dentro do frio e dentro do escuro da noite a menina lá seguia, de pés descalços pela cidade deserta Descalça? Sim. É verdade que saíra de casa com um par de chinelas muito grandes para seus pés, pois tinham sido de sua mãe. Ao atravessar a rua, porém, teve de correr para desviar-se duma carruagem na disparada, e perdeu as chinelas; quando voltou para procurá-las, viu que um moleque havia apanhado um pé, saindo a correr com ele na mão. “Vou fazer um berço desta chinela!”, dizia ele. O outro pé não foi possível encontrar — com certeza sumiu enterrado na neve pelas patas dos cavalos.

Por isso lá ia a menina de pés nus e já azuis do frio. Era uma vendedora de fósforos, do tempo em que os fósforos se vendiam soltos e não em caixa; no avental trazia uma porção deles e na mão um punhadinho. Mas ninguém lhe comprara ainda um só, e lá se ia ela, tiritando de frio, sem um vintém no bolso. Verdadeiro retrato da miséria, a coitadinha!

Flocos de neve recobriam seus cabelos cor de ouro, todos cacheados, sem que a menina desse por isso.

Em muitas casas a luz do interior saía pelas janelas misturada com um saboroso cheiro de ganso assado — porque era dia de S. Silvestre, dia em que todos que podem comer um ganso assado.

Em certo ponto a menina sentou-se encolhidinha rente a uma parede e cruzou os pés debaixo da saia. Nada adiantou. Sentiu-os mais enregelados ainda. Como não tivesse vendido nenhum fósforo não se animava a voltar para casa. Sem dinheiro no bolso estava proibida de aparecer lá.

Seu pai com certeza que a surraria — além disso o frio era lá tanto como ali. Uma casa velha, de teto esburacado e paredes rachadas por onde o vento entrava zunindo. Suas mãozinhas começaram a perder os momentos.

Teve uma ideia: acender um daqueles fósforos para aquecer os dedos entanguidos. Assim fez. Riscou um fósforo na parede — chit! Que luz bonita e que agradável quentura! O fósforo queimava qual velinha, com a chama defendida do vento pela sua mão em concha. Que bom! A menina sentia como se estivesse sentada diante dum grande fogão, com ferro para mexer as brasas e uma caixa de lenha ao lado. Tão agradável aquele calorzinho do fósforo, que ela espichou o pé para que também aproveitasse um pouco — mas nisto a chama foi morrendo e afinal apagou-se. Só ficou em sua mão um toquinho carbonizado.

A menina riscou outro fósforo, e a luz dele a parede da casa a que estava encostada tornou-se transparente como um véu, deixando ver tudo quanto se passava lá dentro. Estava posta uma grande mesa, com toalha alvíssima e prataria de porcelana; no centro, um ganso recheado de maçãs e ameixas, que recendia um perfume delicioso. De repente o ganso ergueu-se da travessa e, ainda com a faca e o garfo de trinchar espetados no papo, veio na direção dela. Nisto o fósforo apagou-se e tudo desapareceu. A menina riscou outro fósforo, e imediatamente se achou sentada debaixo da mais bela árvore de Natal que seus olhos tinham visto nas casas de brinquedos. Mil velinhas ardiam na ponta dos galhos, e os enfeites dependurados pareciam olhar para ela. Mas esse fósforo também foi-se apagando, e a medida

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que se ia apagando a árvore de Natal ia crescendo, crescendo, e as velinhas subindo até ficarem como estrelas no céu. Uma delas caiu, traçando um longo risco de luz.

— Alguém está morrendo, pensou a menina com a ideia em sua avó. A boa velhinha fora a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma estrela cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu.

A menina acendeu outro fósforo — e desta vez o que apareceu foi a sua própria vovó, brilhante como um espírito e com o mesmo olhar meigo de sempre.

— Vovó! exclamou ela. Leve-me consigo! Eu sei que a senhora vai sumir-se quando este fósforo chegar ao fim, como aconteceu com o ganso recheado e a linda árvore de Natal...

E para que isso não acontecesse a menina tratou de acender um fósforo atrás do outro, sem esperar que a chama morresse. Era o meio de conservar a vovó perto de si.

E os fósforos foram ardendo com luz brilhante como a do dia, e sua vovó nunca lhe apareceu tão bela, nem tão grande. Foi-se chegando, tomou a netinha nos braços e com ela voou, radiante, para onde não há neve, nem frio mortal, nem fome, nem cuidados — para o céu.

No outro dia encontraram o corpo da menina entanguido na calçada, com as faces roxas e um sorriso feliz nos lábios. Havia morrido de fome e frio na última noite daquele dezembro.

O sol do novo ano veio brincar sobre o pequenino cadáver. Em sua mãozinha rígida estavam ainda os fósforos que não tivera tempo de acender. Os passantes olhavam e diziam: ‘’A coitada procurou aquecer-se com os fósforos”, mas ninguém suspeitou as lindas coisas que ela viu, nem o deslumbramento com que começou o ano novo em companhia de sua avó.

(Novos cantos de Andersen. Tradução e adaptação do Monteiro Lobato)

VOCABULÁRIO:

a) Enregelar: provocar sensação intensa de frio em; resfriar, congelar. b) Entanguido: tolhido de frio; encolhido, contraído.

c) Rescender: exalar (aroma penetrante)

d) Rígido: teso, hirto, inteiriçado; que não é flexível); rijo, resistente. e) Tiritar: tremer e/ou bater os dentes com frio e/ou medo

f) Trinchar: cortar em pedaços (a carne que se serve à mesa).

1. Era o último dia do ano, dia de São Silvestre, a neve caia e a cidade estava deserta. a) O que a protagonista fazia?

_______________________________________________________________________ b) Ela estava vestida adequadamente para a situação? Justifique sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ c) Por que a vendedora de fósforos não quis voltar para casa?

__________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 2. À medida que a menina acende os fósforos, nós, leitores, partilhamos de suas visões e de seus desejos. Qual das visões relaciona-se:

a) Ao calor?__________________________________________________________

b) À beleza? ______________________________________________________________ c) Ao alimento______________________________________________________________ d) À afeição? _____________________________________________________

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TEXTO II:

3. Leia este fragmento do texto Mavutsinim de Villas Boas e responda:

Mavutsinim mandou fechar todas as portas. Só ele ficou de fora, junto com os Kua-rup. Só ele podia vê-los, ninguém mais. Quando estava quase completa a transformação de pau para gente, Mavutsinim mandou que o pessoal saísse das casas para gritar, fazer barulho, promover alegria, rir alto junto dos Kuarup. O pessoal, então, começou a sair das casas.

a) O autor fez uso de que tipo de sujeito nas três primeiras frases do texto. _______________________________________________________________ b) O complemento Das casas, encontrado na última frase do texto é classificado

sintaticamente como?

_________________________________________________________________ c) A locução verbal mandou fechar presente na primeira frase é uma forma

com-posta por verbos regulares ou irregulares?

_________________________________________________________________

TEXTO III:

4. Na segunda fala do personagem Calvin foi utilizada quatro orações. Indique os verbos e suas predicações (transitividades).

________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

TEXTO IV:

5. Neste fragmento do texto Charlie e o grande Elevador de Vidro, de Roald Dahl há dois períodos compostos. Observe que no segundo período o autor usou os verbos ERA

e LEVAVA, portanto como classificaríamos o predicado dessas orações?

Só que é impossível hospedar pessoas num hotel quando não há gente para cuidar delas, e isso explica por que naquele momento havia um outro objeto interessante girando em torno da Terra. Era a imensa Cápsula Transportadora que levava toda a equipe de tra-balho do Hotel Espacial U.S.A. Havia gerentes, subgerentes, secretários, garçonetes, mensageiros, camareiras, confeiteiros, porteiros.

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TEXTO V:

Caderno novo

Uma vez eu estava conversando com amigos e a conversa chegou naquele estágio em que só há duas opções: ou ir para casa dormir ou cair na bobagem. Afinal é para isso que servem os amigos. Depois de nos propormos vários desafios do tipo “quem era que melhor gritava de pavor no cinema?” (a Barbara Stanwick ganhou fácil), che-gamos a uma daquelas questões definitivas, e definidoras. Qual é a sensação do mun-do? As respostas variavam, desde “banho quente” até “acordar cedo, começar a sair da cama e então lembrar que é feriado”, passando, claro, por outras menos publicá-veis. Mas aí um amigo disse duas palavras que liquidaram a questão.

- Caderno novo.

Todos concordaram. Não foi preciso nem entrar em detalhes, dizer ‘’a sensação de abrir um caderno novo, no primeiro dia da escola, e alisar com a ponta dos dedos a página vazia, sentindo o volume de todas as páginas vazias par trás dela, aquele mun-do de coisas ainda não escritas... E o cheiro mun-do caderno!”. Não houve um que não concordasse que nenhuma outra sensação do mundo se igualava àquela.

O caderno novo também nos provocava uma certa solenidade, lembra? Diante de sua limpeza, fazíamos um juramento silencioso que aquele ano seríamos alunos perfei-tos. E realmente caprichávamos ao preencher o caderno novo com cuidado respeitoso. Pelo menos até a quarta ou quinta página, quando então voltávamos a ser os mesmos relaxados do ano anterior. Mesmo porque aí o caderno não era mais novo.

(Luis Fernando Veríssimo)

6. Na primeira oração dos parágrafos primeiro e terceiro, Luis Fernando Veríssimo usou que tipo de sujeito?

a) Simples – indeterminado. b) Composto – simples. c) Simples – simples.

d) Oração sem sujeito – simples. e) Desinencial – desinencial.

7. Quanto à predicação os verbos DISSE – LIQUIDARAM encontrados na última oração do primeiro parágrafo são:

a) Transitivo direto – transitivo indireto. b) Transitivo indireto – intransitivo. c) Intransitivo – intransitivo.

d) Transitivo direto – transitivo direto. e) Transitivo direto – intransitivo.

8. O termo NOVO encontrado na última oração do terceiro parágrafo é classificado sintaticamente como: a) Adjunto adnominal. b) Predicativo do sujeito. c) Predicativo do objeto. d) Objeto direto. e) Objeto indireto.

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TEXTO VI:

9. Morfossintaticamente como é classificada a primeira palavra da primeira fala da tira da personagem Mafalda?

a) Advérbio de lugar – adjunto adverbial. b) Advérbio de tempo – adjunto adverbial. c) Advérbio de modo – adjetivo.

d) Adjetivo – predicativo do objeto.

e) Advérbio de intensidade – objeto direto.

10. Na oração: “Todos nós temos necessidade de amigos.” Qual termo desta oração é um complemento nominal?

a) Todos. b) Todos nós.

c) Temos necessidade. d) Amigos.

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