Mandado de Injunção
Fonte: Pedro Lenza
Inicialmente, cumpre salientar que o mandado de injunção é um remédio constitucional previsto pela primeira vez na Constituição Federal de 1988. Vejamos a previsão constitucional do tema:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
A Lei 13.300, complementando o tema, dispõe que a falta da norma regulamentadora pode ser total ou parcial. Vejamos:
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação
quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão
legislador competente.
Sobre o tema, vejamos a lição do Professor Lenza:
A omissão é total quando a inércia é absoluta, ou seja, o preceito constitucional de eficácia limitada não foi disciplinado (exemplo: Lei da Greve do Servidor Público).
Por sua vez, considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente (Exemplo: Direito ao Salário Mínimo).
Os requisitos, portanto, para a o mandado de injunção, são: - Norma de Eficácia Limitada;
- Falta de norma regulamentadora.
Em relação ao Mandado de injunção individual, temos os seguintes legitimados: 1) Pessoa Física e 2) Pessoa Jurídica. Inclusive as pessoas jurídicas de direito público podem impetrar o remédio constitucional, nos termos da decisão do STF (MI 725).
Para o Mandado de Injunção Coletivo, temos como legitimados ativos: - Ministério Público;
- Partido político com representação no Congresso Nacional;
- Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano (Cuidado! desde que para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para
tanto, autorização especial);
- Defensoria Pública.
O legitimado passivo, tanto no mandado de injunção individual como no mandado de injunção coletivo será o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.
A petição inicial deve seguir o rigor processual em vigor, bem como deve indicar além do órgão responsável pela elaboração da norma, a pessoa jurídica que ele integra ou está vinculado.
Atenção! No caso de normas de iniciativa reservada, como,
por exemplo, aquelas previstas no art. 61, § 1º, em relação ao Presidente da República, o mandado de injunção deverá ser
impetrado também em face do titular da referida iniciativa reservada, pois é ele que deve deflagrar (dar início) o processo legislativo, não podendo o Congresso Nacional atuar sem a sua provocação formal, sob pena de inconstitucionalidade do eventual ato normativo a ser editado (vício formal propriamente dito subjetivo).
Recebida a petição inicial, será seguido o procedimento a seguir:
- A notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste informações;
- A ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo ser-lhe enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito.
Caso a petição seja indeferida por ser a ação incabível ou improcedente, caberá agravo ao órgão competente no prazo de cinco (5) dias. Findo o prazo para apresentar informações, os autos irão para o Ministério Público para que no prazo de 10 dias, manifeste ou não sua opinião sobre o tema.
No tocante à decisão do Mandado de Injunção, prevê o artigo 8º o seguinte: Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
É importante também mencionarmos o previsto no artigo 9º, que está sendo cobrado em várias provas de concursos. Vejamos:
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e
produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão
ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática
do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.
Em relação à revisão da decisão, prevê a legislação:
Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei.
Por fim, em relação ao mandado de injunção coletivo, a legislação prevê: “O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração coletiva”.
Bem como no âmbito do Mandado de Injunção, podem ser aplicadas de maneira subsidiária a legislação do Mandado de Segurança (Lei 12.016) e o Código de Processo Civil (CPC/15).
Bons Estudos! Equipe CTPGE
Pedido de Revisão da decisão
A pedido de qualquer interessado, desde que: