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ECLI:PT:TRL:2013: TVLSB.C.L1.1.D9

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ECLI:PT:TRL:2013:447.12.0TVLSB.C.L1.1.D9

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRL:2013:447.12.0TVLSB.C.L1.1.D9

Relator Nº do Documento

Rui Vouga rl

Apenso Data do Acordão

05/03/2013

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso

Público

Meio Processual Decisão

Apelação procedente

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores

(2)

Sumário:

1. Um despacho que se limita a ordenar que a remessa dos autos à distribuição perante os Juízos Cíveis (ordenada num Despacho anteriormente proferido, que, na sequência da fixação do valor da causa em € 20.500,00, determinou que, doravante, os autos passassem a seguir os trâmites do processo comum de declaração na sua forma sumária e, por via disso, concluiu pela incompetência das Varas Cíveis para apreciar e decidir a presente acção), em lugar de aguardar o trânsito em julgado desse Despacho anteriormente proferido sobre a Incompetência do tribunal, fosse feita imediatamente, em face do efeito meramente devolutivo atribuído ao recurso entretanto interposto do mesmo despacho, constitui um despacho de mero expediente que, como tal, não é sequer passível de recurso para os tribunais superiores, nos termos do cit. art. 679º do CPC.

2. Efectivamente, um despacho deste teor não atinge os direitos de nenhum interveniente

processual, nem de quaisquer terceiros, limitando-se a prover ao regular andamento do processo e, designadamente, ao integral cumprimento, por parte da secção de processos, da ordem de

remessa dos autos à distribuição pelos Juízos Cíveis (contida no despacho que já antes declarara a incompetência das Varas Cíveis), como simples corolário do efeito (necessariamente) meramente devolutivo que o art. 692º, nºs 1, 2 e 3, do CPC atribui ao recurso interposto da decisão que aprecia a competência do tribunal.

3. Na verdade, decorre cristalinamente do art. 111º, nº 3, do CPC que, tirando o caso em que a incompetência do tribunal se funda na violação dum pacto privativo de jurisdição (caso em que o réu é absolvido da instância), uma vez julgada procedente a excepção de incompetência relativa (é disso que se trata quando ocorre infracção das regras de competência fundadas no valor da causa ou na forma do processo aplicável – como, in casu, sucedeu: cfr. o art. 108º do CPC), o processo é, necessariamente, remetido para o tribunal competente. Por isso, o despacho em questão, ao

ordenar tão só que a remessa do processo à distribuição pelos Juízos Cíveis ocorra imediatamente, sem necessidade de se aguardar pelo trânsito em julgado do despacho anterior que declarou a incompetência em razão do valor das Varas Cíveis onde a acção foi instaurada, constitui o mero cumprimento do disposto no cit. n.º 3 do artigo 111.º do Código de Processo Civil.

(Sumário do Relator)

Decisão Integral:

Acordam, na Secção Cível da Relação de LISBOA:

“I.” intentou, nas Varas Cíveis de Lisboa, com distribuição à 1ª Vara Cível, acção declarativa de condenação, com processo comum, na forma ordinária, contra “E, LDA.” e “D, S.A.”, peticionando que fossem declarados inválidos o contrato de cessão de um crédito (a que será dado pagamento no âmbito do processo de falência da “M., S.A.” que, sob o n.º …/.. corre termos no Tribunal Judicial da Comarca..) que ajustou com a Ré “D, S.A.” e o contrato de cessão desse mesmo crédito que esta, subsequentemente e por sua vez, ajustou com a Ré “E, Lda.”, devendo ainda esta última ser condenada a restituir à Autora o que haja recebido por conta desse crédito no aludido processo. À acção foi atribuído o valor de € 207.436,04, o qual não foi impugnado pelas Rés e que

corresponde ao valor que, por conta da cessão de crédito de que foi beneficiária a Ré “E…, Lda.”, a Autora estima que esta venha a receber no âmbito daquele processo judicial.

(3)

Findos os articulados, a 1ª Vara Cível de Lisboa - por Despacho datado de 26/6/2012 - fixou o valor da causa em € 20.500,00 e, consequentemente, determinou que, doravante, os autos passassem a ser tramitados sob a forma sumária (nos termos das disposições conjugadas dos arts. 461º, 462º, 199º, nº 1, 202º, 220º, al. a), e 221º, todos do Código de Processo Civil, e do art. 24º, nº 1, da Lei nº 3/99, de 13 de Janeiro [Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais]) e declarou as Varas Cíveis de Lisboa incompetentes, em razão da forma do processo, para apreciar e decidir a acção, determinando que, após trânsito, os autos fossem remetidos à distribuição perante os Juízos Cíveis de Lisboa.

Por requerimento entrado em juízo a 12/7/2012, a Autora “I…B.V.” requereu que se ordenasse a imediata remessa dos autos à distribuição perante os Juízos Cíveis de Lisboa, invocando, para tanto, a circunstância de estar apenso à acção um procedimento cautelar de carácter urgente e o facto de o eventual recurso que as partes viessem a interpor do aludido Despacho de 26/6/2012 sobre o valor da causa e a incompetência do tribunal ter sempre efeito meramente devolutivo (nos termos do art. 692º do CPC), nada obstando, portanto, à imediata execução de tal decisão.

A Ré “D…, S.A.” opôs-se a tal requerimento, aduzindo ser sua intenção interpor recurso da aludida Decisão de 27/6/2012 e pretender requerer a atribuição de efeito suspensivo a esse recurso, ao abrigo do nº 4 do cit. art. 692º (cfr. o contra-requerimento por ela apresentado em 25/7/2012). Por Despacho proferido em 18/10/2012, a 1ª Vara Cível de Lisboa, invocando o efeito meramente devolutivo próprio do recurso que porventura viesse a ser interposto do mencionado Despacho de 26/6/2012 (que declarou este tribunal incompetente em razão da forma de processo), nos termos do art. 692º, nºs 1 e 2, do CPC, a pendência de um procedimento cautelar apenso à acção e o facto de tal despacho (o de 26/6/2012) – no segmento em que determinou que a remessa dos autos à distribuição pelos juízos cíveis de Lisboa deveria aguardar o trânsito em julgado da decisão que declarou a incompetência do tribunal – teria a natureza de “despacho de mero expediente” (por se limitar a conformar os termos do processo, não constituindo, portanto, caso julgado formal

impeditivo da reapreciação do decidido), deferiu o aludido Requerimento da Autora de 12/7/2012 e determinou a imediata remessa da acção, acompanhada da respectiva providência cautelar

apensa, à distribuição pelos Juízos Cíveis de … (sem prejuízo do que vier a ser superiormente decidido no recurso entretanto já interposto sobre a decisão de incompetência das varas Cíveis para a tramitação e decisão dos autos).

Inconformada com essa decisão de 18/10/2012, a Ré “E…, LDA.” interpôs recurso da mesma - que foi recebido como de Apelação, para subir em separado e com efeito meramente devolutivo (arts. 691º, nº 2, al. m), 691º-A, nº 2, e 692º, todos do Código de Processo Civil, na redacção introduzida pelo DL 303/2007, de 24 de Agosto), tendo rematado as alegações que apresentou com as

seguintes conclusões: “1ª

A decisão do Tribunal a quo de 26/6/2012, mediante a qual determinou a remessa dos autos, apenas após o transito em julgado da mesma, à distribuição pelos Juízos Cíveis, foi tomada de acordo com as normas processuais.

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A decisão do Tribunal a quo referida cumpria a norma resultante da conjugação dos n.os 2 e 3 do artigo 111°, do CPC.

Da interpretação conjunta dos n.os 2 e 3 do artigo 111°, do CPC, resulta que a remessa dos autos para distribuição, em casos de declaração de incompetência, só pode acontecer depois de essa decisão estar transitada em julgado.

A decisão só transita em julgado nos termos do artigo 677°1 do CPC. 5ª

Ora, a A. I… interpôs recurso de apelação da decisão do Tribunal a quo de 26/6/2012. 6.ª

Os tribunais judiciais devem obediência à lei, nos termos do artigo 203°, da Constituição da Republica Portuguesa, dos artigos 3° e 4, n° 1, da Lei n° 3/99, de 13 de Janeiro1 e ainda dos artigos 4° e 5, n° 1, da Lei 52/20081 de 28 de Agosto.

O Tribunal a quo não especificou os fundamentos de direito que, em seu entender, permitiam afastar a aplica o de outras normas legais, a saber, as disposições constantes nos n.os 2 e 3 do artigo 111°, do CPC.

Ou seja, a decisão de imediata remessa dos autos à distribuição, não só viola normas legais, como também se apresenta como nula, nos termos do disposto no artigo 668°, alínea b), do CPC.

O recurso de apelação interposto pela A. I… teve o seu efeito erroneamente determinado. 10ª

Na verdade, o efeito desse recurso deve ser suspensivo, ao abrigo do disposto nos artigos 692, n° 3, alínea b), do CPC, e artigo 678o, no 3, também do CPC, ao contrário do que aventou o Tribunal a quo.

11ª

O valor da causa nos procedimentos cautelares tem regras específicas, sendo, no caso, aplicável o critério de determina ao do valor do procedimento previsto para o arresto, ao abrigo do disposto no artigo 313, n° 3, alínea e), do CPC; o valor a considerar será o do crédito (que e cerca de 20 vezes superior) e não o do preço (que e cerca de 20 vezes inferior).

12ª

A decisão do Tribunal a quo viola as regras referentes ao valor da causa nos procedimentos cautelares e, consequentemente, à determinação da respectiva competência dos Tribunais. 13ª

A existência de uma providência cautelar apensa aos autos justifica que o efeito do recurso seja suspensivo e não o contrário, como pretendeu o Tribunal a quo.

14ª

A decisão que determinou a imediata remessa dos autos à distribuição não é de mero expediente, porquanto por violar conformação legal e interfere no conflito de interesses entre as partes, nos termos do disposto no artigo 156°, nº 4 , do CPC, a contrario.

15ª

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conjugação dos n.os 2 e 3 do artigo 111°, do CPC. 16ª

O Tribunal a quo com a decisão que determinou a imediata remessa dos autos à distribuição potenciou largamente o risco de existir um conflito negativo de competência.

17ª

O Tribunal a quo com a decisão que determinou a imediata remessa dos autos à distribuição potenciou o risco de produção de actos inúteis.

18ª

A partir do momento em que o Tribunal a quo aceitou o recurso de apelação da A . I… deixou de ter competência para prover ao andamento do processo.

19ª

Sendo nula a decisão que determinou a imediata remessa dos autos a distribuiçao, na medida em que conheceu de quest6es que não podia tomar conhecimento, nos termos do artigo 668°, alínea d), do CPC.

20ª

Reconhecendo-se como incompetente o Tribunal que decidir a matéria de incompetência, não pode o Tribunal que se reconheceu como incompetente decidir a tramitação dos autos e da providencia cautelar, mantendo os poderes de decisão no processo que no entender do despacho recorrido cabem unicamente ao juízo cível para o qual o processo deve ser remetido após o trânsito em julgado da decisão que decidiu sobre a competência.

Nestes termos, requer-se a V. Ex.as que se dignem revogar a decisão do Tribunal a quo que determinou a imediata remessa dos autos a distribuição, mais se determinando que os autos aguardem o transito em julgado da decisão posta em crise pelo recurso de apela ao da A. I,,,, sem qualquer tramita ao na providencia cautelar e na acção, enquanto não existir decisão com transito em julgado sobre o incidente de incompetência ..

Normas violadas: 111o, n.os 2 e 3 do CPC; 6770 do CPC; 30 e 4o, no 1 da Lei 3/99, de 13 de Janeiro; 4° e 5°, n° 1 da Lei 52/2008, de 28 de Agosto; 203° da Constituição da República

Portuguesa; 668°, n° 1, alínea b), do CPC; 692o, n° 3, alínea b), do CPC; 678°, n° 3, alínea b), do CPC; 313°, no 3, do CPC; 313°, no 3, alínea e), do CPC; 679, do CPC; 1560, n° 4, do CPC; e 668o, n° 1, alínea d), do CPC.”

A parte contrária contra-alegou, pugnando pela improcedência do aludido recurso e pela consequente manutenção da decisão recorrida, tendo formulado as seguintes conclusões:

1.º O recurso interposto pela Recorrente E… faz parte de uma estratégia processual manifestamente dilatória que visa, pura e simplesmente, retardar ainda mais a prolação de uma decisão no âmbito do procedimento cautelar instaurado pela Recorrida já em 11.5.2012 (isto é, há mais de 6 meses (!));

2.º Sucede, porém, que o presente recurso nem sequer deve ser admitido pelo Tribunal ad quem, uma vez que não se encontram, in casu, verificados os

pressupostos específicos para o efeito;

3.º Na verdade, o despacho em crise - o qual ordenou a remessa imediata dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis - constitui um despacho de mero expediente, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 4 do artigo 156.º do Código de

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Recorrente …;

4.º Acresce que o despacho em crise constitui - apenas e só - o cumprimento do disposto no n.º 3 do artigo 111.º do Código de Processo Civil;

5.º Ora, os despachos de mero expediente não são recorríveis, razão pela qual deve o presente recurso ser rejeitado pelo Tribunal ad quem, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 679.º do Código de Processo Civil;

6.º Por outro lado, o despacho em crise - que determinou a remessa imediata dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis - não constitui uma decisão que ponha termo ao processo, nem se encaixa em nenhuma das alíneas do n.º 2 do artigo 691.º do Código de Processo Civil, razão pela qual não é recorrível;

7.º A Recorrente E… aceitou expressamente a decisão que julgou as Varas Cíveis incompetentes para conhecer a presente acção em razão da forma do processo, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 681.º do Código de Processo Civil; 8.º Ora, se a Recorrente E… se conformou com a decisão de incompetência das Varas Cíveis em razão da forma do processo, também aceitou, tacitamente, o despacho que remeteu os presentes autos para distribuição nos Juízos Cíveis, uma vez que esta última decisão constitui uma consequência natural daqueloutra;

9.º Assim sendo, é manifesto que a Recorrente E… aceitou a decisão de incompetência das Varas Cíveis que está subjacente à remessa imediata dos autos para os Juízos Cíveis, razão pela qual o presente recurso não deve ser admitido, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 681.º do Código de Processo Civil;

10.º Noutro prisma, a Recorrente E…também não teve qualquer sucumbência com a decisão de enviar os presentes autos para distribuição nos Juízos Cíveis,

razão pela qual o despacho em crise também não é recorrível por este motivo, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 678.º do Código de Processo Civil;

11.º Acresce que o despacho em crise em nada prejudicou ou afectou a esfera jurídica da Recorrente E…, razão pela qual esta última não tem legitimidade para interpor o presente recurso, ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 680.º do Código de Processo Civil;

12.º Por outro lado, a Recorrente E… também não tem interesse em agir com o presente recurso, na medida em que a hipotética procedência do mesmo não lhe traria qualquer utilidade prática, pelo que também por este motivo, deve o presente recurso ser considerado inadmissível;

13.º Para o caso de se entender que o presente recurso deve ser admitido - o que não se concede e apenas por mero dever de patrocínio se admite - a verdade é que o mesmo não tem efeito suspensivo, uma vez que, ao contrário do que sustenta a Recorrente E…, o despacho em crise não se encontra abrangido pelo âmbito de aplicação da alínea b) do n.º 3 do artigo 692.º do Código de Processo Civil;

14.º Por conseguinte, é evidente que o presente recurso tem efeito meramente devolutivo, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 692.º do Código de Processo Civil;

15.º Segundo a Recorrente E…, da interpretação conjugada do disposto no n.º 3 do artigo 110.º e no n.º 2 do artigo 111.º, ambos do Código de Processo Civil resultaria que “a remessa dos autos para distribuição, em casos de declaração de incompetência, só pode[ria] acontecer depois de essa decisão estar transitada em julgado”;

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16.º Sucede, porém, que, ao contrário do sustenta a

Recorrente E…, o disposto no n.º 2 do artigo 111.º do Código de Processo Civil visa apenas garantir que, transitada em julgado a decisão que declarou a incompetência, o tribunal para onde foi

remetido o processo não poderá voltar a apreciar esta questão;

17.º Contudo, a remessa do processo ocorre antes mesmo de a decisão que declarou a incompetência do Tribunal transitar em julgado (cfr. Abrantes Geraldes in Recursos em Processo Civil, 3.ª Edição Revista e Actualizada, Almedina, 2010, página 243).

18.º Assim sendo, e ao contrário do que sustenta a Recorrente E…, o facto de o Tribunal a quo ter ordenado a remessa imediata dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis constitui, na verdade, o cabal cumprimento do disposto no n.º 3 do artigo 110.º e no n.º 2 do artigo 111.º, ambos do Código de Processo Civil.

19.º O despacho em crise apresenta uma fundamentação suficiente para se compreender inteiramente o teor da decisão, razão pela qual não se verifica qualquer nulidade por falta de fundamentação;

20.º O recurso interposto pela Recorrida da decisão de incompetência das Varas Cíveis em razão da forma do processo para conhecerem o presente processo tem efeito meramente devolutivo, por força do disposto no n.º 1 do artigo 692.º do Código de Processo Civil e assim foi admitido;

21.º Por conseguinte, o Tribunal a quo decidiu correctamente ao remeter os autos para distribuição nos Juízos Cíveis, por forma a dar cumprimento ao disposto no n.º 3 do artigo 111.º do Código de Processo Civil;

22.º Não existe qualquer risco de surgir um verdadeiro e puro conflito negativo de competência entre os Juízos e as Varas Cíveis do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa (cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, datado de 13.9.2007, Processo

3509/2007-2, disponível em www.dgsi.pt);

23.º Na verdade, e caso o Juízo Cível de Lisboa também se considerasse incompetente para apreciar o presente processo (poderia fazê-lo visto que a decisão proferida pelas Varas Cíveis ainda não transitou em julgado), prevaleceria a decisão que primeiro transitasse em julgado ao abrigo do disposto no artigo 675.º do Código de Processo Civil (cfr.

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, datado de 13.9.2007, Processo 3509/2007-2, disponível em www.dgsi.pt);

24.º Sucede que tal risco hipotético está afastado, por a remessa do processo ter sido aceite, tendo já havido despachos com vista ao prosseguimento dos autos proferidos pelo Juiz titular do processo;

25.º Também não existe qualquer risco de anulação do

processado e da prática de actos inúteis, na medida em que, em caso de revogação da decisão de incompetência das Varas Cíveis, o processo regressará dos Juízos Cíveis para o tribunal primitivo, sem que, apesar disso, sejam anulados os actos entretanto praticados (cfr. Abrantes Geraldes in Recursos em Processo Civil, Novo Regime, 3.ª Edição, Almedina, 2010, página 243);

26.º A remessa dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis constitui um acto de mero expediente, razão pela qual não existe qualquer nulidade relacionada com a alínea d) do n.º 1 do artigo 668.º do Código de Processo Civil.

Termos em que, com o douto suprimento de direito de V.ª Ex.as, deverá rejeitar-se liminarmente o recurso interposto, ou, caso assim não se entenda ? o que se alega por mera cautela e sem

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qualquer caso, julgado improcedente, por tal ser da mais elementar justiça.

DA TAXA SANCIONATÓRIA EXCEPCIONAL: Considerando que o presente recurso não visa a discussão do mérito da causa e se revela manifestamente dilatório, REQUER-SE a aplicação da taxa sancionatória excepcional prevista no artigo 447.º-B do Código de Processo Civil, com fundamento no seguinte:

Em primeiro lugar, é manifesto que a interposição do presente recurso é resultado exclusivo da falta de prudência ou diligência da Recorrente E….

De facto, é evidente que o despacho que ordenou a remessa dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis não é recorrível.

Acresce que é igualmente manifesto que não se encontram verificados, in casu, os pressupostos específicos que legitimariam o recurso interposto pela Recorrente E… (como sejam a sucumbência, a legitimidade ou o interesse em agir).

Ademais, a Recorrente E… aceitou expressamente a decisão de incompetências das Varas Cíveis para julgar a acção instaurada pela Recorrida (por isso é que requereu, inclusivamente, o

desentranhamento dos autos da réplica apresentada pela Recorrida), pelo que não se compreende que venha agora insurgir-se contra a decisão de mera remessa que constitui a consequência natural daquela decisão de incompetência.

Assim sendo, é evidente que - no mínimo - apenas por mera falta de prudência ou diligência da Recorrente E… é que o presente recurso foi interposto.

Em segundo lugar, é igualmente evidente que o presente recurso visa apenas evitar a discussão do mérito da causa e retardar uma decisão do processo cautelar.

Em face do exposto, deve a Recorrente E… ser condenada no pagamento da taxa sancionatória excepcional prevista no artigo 447.º-B do Código de Processo Civil e no artigo 10.º do Regulamento das Custas Processuais.”

Cumpre apreciar e decidir. A DECISÃO RECORRIDA

O despacho que constitui objecto do presente recurso de apelação é do seguinte teor : “Folhas 1178 a 1180 (reqto da autora de 12 de Julho–I I ):

A autora vem pugnar pela imediata remessa dos autos à distribuição, a fim de que os mesmos passem a ser tramitados nos Juízos Cíveis conforme decidido no despacho 26 de Junho de 2012 na parte relativa à incompetência das Varas Cíveis, em razão da forma de processo, para a tramitação e julgamento da acção.

As rés opõem-se ao requerido. Cumpre decidir.

Do despacho que declarou este tribunal incompetente em razão da forma de processo para tramitar e decidir a acção cabe recurso de apelação nos termos dos art ºs 678º , nº 1, 680º , nº 1, 684º -B, nºs 1 e 2 e 691º , nº 2, alínea b) e nº 5, todos, do Código de Processo Civil.

Esse recurso de apelação, conforme flui do disposto nos nºs 1 e 2 do art º 692º do mesmo código tem efeito meramente devolutivo, não suspendendo nem a marcha do processo, nem os efeitos da

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decisão recorrida.

Inexiste, pois, salvo melhor juízo e com o respeito devido a opinião contrária, fundamento

estritamente legal para que o cumprimento da decisão em crise aguarde o respectivo trânsito em julgado.

As razões de ordem prática que aconselhariam a reter a marcha do processo seriam a vantagem de evitar um eventual conflito negativo de competência, bem como de obviar a uma, também eventual, necessidade de anulação de processado em caso de procedência do recurso interposto. Porém, no caso concreto, a pendência de uma providência cautelar apensa à acção, considerada a natureza urgente desse procedimento, desabonam fortemente a tal solução.

Finalmente, o despacho que determinou que a remessa dos autos à distribuição aguardasse o trânsito em julgado da declaração de incompetência é um despacho de mero expediente, que têm por objecto a mera conformação dos termos do processo e, nessa medida, não forma caso julgado formal.

Assim e pelo exposto, deferindo o requerido pela autora, determino a imediata remessa da acção, acompanhada da respectiva providência cautelar, à distribuição pelos Juízos Cíveis, sem prejuízo, naturalmente, do que vier a ser superiormente decidido, face ao recurso interposto no apenso B, sobre a ( in)competência destas Varas Cíveis para a tramitação e decisão dos mesmos autos. Notifique.”.

O OBJECTO DO RECURSO

Como se sabe, sem embargo das questões de que o tribunal ad quem possa ou deva conhecer ex officio, é pelas conclusões com que o recorrente remata a sua alegação (aí indicando, de forma sintéctica, os fundamentos por que pede a alteração ou anulação da decisão recorrida: art. 690º, nº 1, do C.P.C.) que se determina o âmbito de intervenção do tribunal ad quem [1] [2].

Efectivamente, muito embora, na falta de especificação logo no requerimento de interposição, o recurso abranja tudo o que na parte dispositiva da sentença for desfavorável ao recorrente (art. 684º, nº 2, do C.P.C.), esse objecto, assim delimitado, pode vir a ser restringido (expressa ou tacitamente) nas conclusões da alegação (nº 3 do mesmo art. 684º) [3] [4]. Por isso, todas as questões de mérito que tenham sido objecto de julgamento na sentença recorrida e que não sejam abordadas nas conclusões da alegação do recorrente, mostrando-se objectiva e materialmente excluídas dessas conclusões, têm de se considerar decididas e arrumadas, não podendo delas conhecer o tribunal de recurso.

Por outro lado, como meio impugnatório de decisões judiciais, o recurso visa tão só suscitar a reapreciação do decidido, não comportando, assim, ius novarum, i.é., a criação de decisão sobre matéria nova não submetida à apreciação do tribunal a quo.

Ademais, também o tribunal de recurso não está adstrito à apreciação de todos os argumentos produzidos em alegação, mas apenas – e com liberdade no respeitante à indagação, interpretação e aplicação das regras de direito (art. 664º, 1ª parte, do C.P.C., aplicável ex vi do art. 713º, nº 2, do mesmo diploma) – de todas as “questões” suscitadas, e que, por respeitarem aos elementos da causa, definidos em função das pretensões e causa de pedir aduzidas, se configurem como relevantes para conhecimento do respectivo objecto, exceptuadas as que resultem prejudicadas pela solução dada a outras (art. 660º, nº 2, do C.P.C., ex vi do cit. art. 713º, nº 2).

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LDA.” ora Apelante que o objecto do presente recurso de apelação está circunscrito a 3 (três) questões:

1) Se o despacho recorrido padece da nulidade prevista na al. b) do nº 1 do art. 668º do CPC (falta de fundamentação jurídica), por não ter especificado os fundamentos de direito que, em seu

entender, permitiam afastar a aplicação de outras normas legais, a saber: as disposições constantes nos n.os 2 e 3 do artigo 111°, do CPC;

2) Se o despacho recorrido padece igualmente da nulidade prevista na al. d) do nº 1 do art. 668º do CPC (excesso de pronúncia), porquanto, a partir do momento em que o Tribunal a quo admitiu o recurso de apelação da Autora I… deixou de ter competência para prover ao andamento do processo;

3) Se da interpretação conjunta dos n.ºs 2 e 3 do artigo 111° do CPC, resulta que a remessa dos autos para distribuição, em casos de declaração de incompetência, só pode acontecer depois de essa decisão estar transitada em julgado (nos termos do artigo 677°-1 do CPC), pelo que, tendo, in casu, a Autora I… interposto recurso de apelação da decisão do Tribunal a quo de 26/6/2012 (que declarou a incompetência das Varas Cíveis para a tramitação e julgamento da acção), os autos só podiam ser remetidos á distribuição perante os Juízos Cíveis após o trânsito em julgado de tal decisão.

FACTOS PROVADOS

Os factos provados, com relevância para o julgamento do mérito do recurso, são unicamente os que já constam do Relatório do presente aresto, para o qual se remete.

QUESTÕES PRÉVIAS SUSCITADAS PELA APELADA

A) A QUESTÃO PRÉVIA DA INADMISSIBILIDADE DO PRESENTE RECURSO, DECORRENTE DA CIRCUNSTÂNCIA DE O DESPACHO IMPUGNADO CONSTITUIR UM DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE (NOS TERMOS DO ART. 156º-4 DO C.P.C.) E PARA OS EFEITOS DO ART. 679º DO MESMO DIPLOMA.

Na sua contra-alegação, a Apelada “I… … B.V.” levantou a questão prévia da inadmissibilidade do presente recurso, fundada na circunstância de o despacho em crise - o qual ordenou a remessa imediata dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis - constituir um despacho de mero

expediente, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 4 do artigo 156.º do Código de Processo Civil, na medida em que, por um lado, não prejudica ou sequer interfere com os

interesses da Recorrente E…e, por outro, constitui - apenas e tão só - o cumprimento do disposto no n.º 3 do artigo 111.º do Código de Processo Civil, sendo certo que os despachos de mero

expediente não são recorríveis, nos termos do artigo 679.º do Código de Processo Civil. Quid juris ?

Resulta, efectivamente, do cit. Art. 679º do CPC que os despachos que tenham a natureza de mero expediente (tal como os proferidos no uso legal de um poder discricionário) não são sequer

passíveis de recurso.

Despachos de mero expediente são, na definição actualmente contida no art. 156º, nº 4, do mesmo Código (na redacção introduzida pelo DL. nº 329-A/95, de 12 de Dezembro), os que se destinam “a prover ao andamento regular do processo, sem interferir no conflito de interesses entre as partes”. Tendo em conta a anterior definição de despachos de mero expediente constante do nº 2 do cit. Art. 679º (na redacção anterior ao cit. Dec.-Lei nº 329-A/95) – nos termos da qual os despachos de

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mero expediente eram os destinados “a regular, em harmonia com a lei, os termos do processo” -, era corrente incluir em tal categoria conceitual «os despachos mediante os quais o juiz se limita a dar natural sequência à tramitação prevista pela lei adjectiva para a concreta forma de processo, envolvendo, assim, a actividade de natureza puramente burocrática destinada a cumprir cada um dos passos ou fases processuais» (ABRANTES GERALDES in “Recursos em Processo Civil. Novo Regime”, Dezembro de 2007, p. 54).

São, nas palavras de ALBERTO DOS REIS (in “CPC Anotado”, vol. V, p. 249), os despachos banais que não põem em causa a situação subjectiva das partes ou que se limitam a fixar datas para a prática de certos actos processuais.

Todavia – segundo ABRANTES GERALDES (in ob. cit., p. 54) -, apesar das alterações de redacção verificadas em 1995 e 1996 na definição legal de “despachos de mero expediente”, deve manter-se o manter-sentido que antes era atribuído ao cit. Art. 679º-2, 1ª parte.

Despachos de mero expediente, insindicáveis em via de recurso, «são aqueles que se limitam a prover ao andamento do processo, de acordo com a tramitação legalmente prescrita, daí se afastando, por exemplo, os que não encontrem cobertura em tal tramitação, ou os que de algum modo possam interferir no resultado da lide» (ABRANTES GERALDES, ibidem).

Trata-se ou dum despacho interno, proferido no âmbito da relação hierárquica estabelecida com a secretaria – ou, no novo processo executivo (oriundo do DL 38/2003) da relação de controlo

estabelecida com o solicitador de execução -, ou dum despacho que diz respeito à mera tramitação do processo, não tocando em direitos das partes ou de terceiros (cfr., neste sentido, LEBRE DE FREITAS e ARMINDO RIBEIRO MENDES in “Código de Processo Civil Anotado”, Vol. 3º, Tomo I, 2ª ed., 2008, p. 22).

De qualquer modo, a doutrina vem chamando a atenção que os despachos de mero expediente só são irrecorríveis se forem proferidos de acordo com a lei. Assim, se, por exemplo, em desvio da lei, o despacho admitir, em determinado processo, actos ou termos que a lei não prevê para ele ou se, embora estando previstos, os actos ou termos forem ordenados em despacho proferido com um condicionalismo distinto do previsto na lei, já esses despachos, conquanto de mero expediente, não deixarão de ser passíveis de recurso (cfr., neste sentido, jacinto Rodrigues bastos in “Notas ao Código de Processo Civil”, vol. III, 3ª ed., p. 129).

No caso dos autos, o despacho objecto do presente Recurso limitou-se a ordenar que a remessa dos autos à distribuição perante os Juízos Cíveis (ordenada no Despacho anteriormente proferido [em 26/6/2012] que, na sequência da fixação do valor da causa em € 20.500,00, determinou que, doravante, os autos passassem a seguir os trâmites do processo comum de declaração na sua forma sumária e, por via disso, concluiu pela incompetência das Varas Cíveis de Lisboa para apreciar e decidir a presente acção), em lugar de aguardar o trânsito em julgado desse Despacho anteriormente proferido sobre a Incompetência do tribunal, fosse feita imediatamente, em face do efeito meramente devolutivo atribuído ao recurso entretanto interposto do mesmo despacho. Um despacho deste teor não atinge os direitos de nenhum interveniente processual, nem de quaisquer terceiros, limitando-se a prover ao regular andamento do processo e, designadamente, ao integral cumprimento, por parte da secção de processos, da ordem de remessa dos autos à distribuição pelos Juízos Cíveis (contida no despacho que já antes declarara a incompetência das Varas Cíveis), como simples corolário do efeito (necessariamente) meramente devolutivo que o art. 692º, nºs 1, 2 e 3, do CPC atribui ao recurso interposto da decisão que aprecia a competência do tribunal.

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Na verdade, decorre cristalinamente do art. 111º, nº 3, do CPC que, tirando o caso em que a incompetência do tribunal se funda na violação dum pacto privativo de jurisdição (caso em que o réu é absolvido da instância), uma vez julgada procedente a excepção de incompetência relativa (é disso que se trata quando ocorre infracção das regras de competência fundadas no valor da causa ou na forma do processo aplicável – como, in casu, sucedeu: cfr. o art. 108º do CPC), o processo é, necessariamente, remetido para o tribunal competente. Por isso, o despacho posto em crise no presente recurso constitui - apenas e tão só - o mero cumprimento do disposto no cit. n.º 3 do artigo 111.º do Código de Processo Civil.

Acresce que – como bem observa a Apelada (nas suas contra-alegações) - a remessa dos autos para distribuição jamais prejudicará ou interferirá com os direitos ou interesses da ora Recorrente “E.., Lda.”, a qual – muito significativamente – até se conformou com a declaração de

incompetência das Varas Cíveis em razão da forma do processo, não tendo sequer interposto recurso (em devido tempo) do aludido Despacho de 26/6/2012.

Que sentido tem que uma parte que nem sequer pôs em crise a decisão que fixou o valor da causa, alterou a forma de processo (de ordinária para sumária) e declarou a incompetência do tribunal (onde a acção foi instaurada) venha depois insurgir-se, em via de recurso, contra o despacho que, dando execução àquela primeira decisão e em vista do efeito meramente devolutivo atribuído por lei ao recurso da decisão que aprecia a competência do tribunal (cfr. o cit. art. 692º, nºs 1, 2 e 3, do CPC), ordena que a remessa do processo ao tribunal competente se faça imediatamente, não tendo de aguardar o trânsito em julgado do despacho que declarou a incompetência do tribunal (como sucederia se, porventura, o recurso interposto deste último tivesse, ao invés, efeito suspensivo) ?

Assim sendo, trata-se, efectivamente, dum despacho de mero expediente que, como tal, não é sequer passível de recurso para os tribunais superiores, nos termos do cit. art. 679º do CPC. Procede, portanto, esta 1ª Questão prévia suscitada (na respectiva contra-alegação) pela Apelada I….” e, consequentemente, acha-se prejudicada (nos termos do art. 660º, nº 2, do CPC, aqui aplicável ex vi do art. 713º, nº 2, do mesmo diploma) a apreciação do mérito do recurso, bem como das demais questões prévias obstativas do julgamento do mérito da apelação levantadas pela Apelada, a saber: i) inadmissibilidade do presente recurso, por o despacho em crise - que

determinou a remessa imediata dos autos para distribuição nos Juízos Cíveis - não constituir uma decisão que ponha termo ao processo, nem se enquadrar em nenhuma das alíneas do n.º 2 do artigo 691.º do Código de Processo Civil; ii) perda do direito de recorrer, por parte da ora Apelante, nos termos do art. 681º, nºs 2 e 3, do CPC, decorrente do facto de ela se ter conformado com a decisão de incompetência das Varas Cíveis em razão da forma do processo, o que implicaria que também tivesse aceite, tacitamente, o despacho que remeteu os presentes autos para distribuição nos Juízos Cíveis, uma vez que esta última decisão constitui uma consequência natural

daqueloutra; iii) ausência de sucumbência da ora Recorrente na decisão de enviar os presentes autos para distribuição nos Juízos Cíveis, nos termos e para os efeitos do art. 678º-1 do CPC; iv) falta de legitimidade e de interesse em agir por parte da Recorrente para interpor o presente recurso (nos termos e para os efeitos do art. 680º-1 do CPC), visto o despacho em crise em nada ter prejudicado ou afectado a esfera jurídica da Recorrente, tão pouco se vislumbrando a utilidade prática que ela poderia retirar da eventual procedência do presente recurso (a não ser o

retardamento do andamento do processo e o entorpecimento da acção da justiça, que, todavia, não são interesses atendíveis ou dignos de tutela judicial).

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DECISÃO

Acordam os juízes desta Relação em:

1) Julgar procedente a questão prévia (suscitada pela Apelada) quanto à inadmissibilidade do presente recurso, dada a natureza de “despacho de mero expediente” do despacho nele posto em crise, nos termos das disposições conjugadas dos arts. 679º e 156º, nº 4, 1ª parte, ambos do C.P.C.;

2) Condenar a Apelante “E…” nas custas do presente recurso (art. 446º, nºs 1 e 2, do CPC); 3) Condenar a Apelante “E...” no pagamento da taxa de justiça sancionatória excepcional prevista no art. 447º-B do CPC e no art. 10º do Regulamento das Custas Processuais aprovado pelo

Decreto-Lei nº 34/2008, de 26 de Fevereiro, que se fixa em 5 (cinco) UCs, por ser manifesto que a interposição do presente recurso resultou exclusivamente da falta de prudência ou diligência da Recorrente (ao interpor recurso dum despacho de mero expediente que, como tal, não era sequer passível de recurso, ex vi do cit. art. 679º do CPC).

Lisboa, 5 de Março de 2012 Rui Torres Vouga (relator)

Maria do Rosário Barbosa (1º-Adjunto) Maria do Rosário Gonçalves (2º-Adjunto)

---[1] Cfr., neste sentido, ALBERTO DOS REIS in “Código de Processo Civil Anotado”, vol. V, págs. 362 e 363.

[2] Cfr., também neste sentido, os Acórdãos do STJ de 6/5/1987 (in Tribuna da Justiça, nºs 32/33, p. 30), de 13/3/1991 (in Actualidade Jurídica, nº 17, p. 3), de 12/12/1995 (in BMJ nº 452, p. 385) e de 14/4/1999 (in BMJ nº 486, p. 279).

[3] O que, na alegação (rectius, nas suas conclusões), o recorrente não pode é ampliar o objecto do recurso anteriormente definido (no requerimento de interposição de recurso).

[4] A restrição do objecto do recurso pode resultar do simples facto de, nas conclusões, o recorrente impugnar apenas a solução dada a uma determinada questão: cfr., neste sentido, ALBERTO DOS REIS (in “Código de Processo Civil Anotado”, vol. V, págs. 308-309 e 363),

CASTRO MENDES (in “Direito Processual Civil”, 3º, p. 65) e RODRIGUES BASTOS (in “Notas ao Código de Processo Civil”, vol. 3º, 1972, pp. 286 e 299).

Referências

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