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Introdução

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Academic year: 2021

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Salvador

da Bahia

Interações entre

América e África

(séculos XVI-XIX)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitor João Carlos Salles Pires da Silva Vice-reitor Paulo Cesar Miguez de Oliveira Assessor do Reitor Paulo Costa Lima

EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora

Flávia Goulart Mota Garcia Rosa Conselho Editorial

Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Álves da Costa Charbel Niño El Hani Cleise Furtado Mendes Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria do Carmo Soares Freitas Maria Vidal de Negreiros Camargo

Direção da coleção Evergton Sales Souza (UFBA) Pedro Cardim (CHAM/NOVA-FSCH) Hugo Ribeiro da Silva (CHAM/NOVA-FSCH) Giuseppina Raggi (CES-UC)

Comissão Científica da colecção Diogo Ramada Curto (IPRI-UNL) Jean-Frédéric Schaub (EHESS – Paris) João José Reis (UFBA)

José Pedro Paiva (Universidade de Coimbra) Júnia Furtado (UFMG)

Laura de Mello e Souza (Université de Paris IV - Sorbonne)

Lígia Bellini (UFBA)

Luís de Moura Sobral (Université de Montréal) Maria Fernanda Bicalho (UFF)

Margarida Vaz do Rego Machado (CHAM/UAc) Nuno Gonçalo Monteiro (ICS-UL)

Pedro Puntoni (USP) Rafael Chambouleyron (UFPA) Roquinaldo Fereira (Brown University) Stuart Schwartz (Yale University)

CHAM – CENTRO DE HUMANIDADES

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, Universidade dos Açores

Director

João Paulo Oliveira e Costa Sub-Director (Pelouro Editorial) Luís Manuel A. V. Bernardo Coordenadora Editorial Cátia Teles e Marques

O CHAM – Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa e da Universidade dos Açores é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, através do projecto estratégico UID/ HIS/04666/2013.

Esta publicação resulta dos seguintes projetos de investigação e desenvolvimento:

• Salvador da Bahia: American, European, and African forging of a colonial capital city (BAHIA 16-19), financiado pelo IRSES / Marie Curie Actions (PIRSES-GA-2012-31898); • Uma cidade, vários territórios e muitas culturas. Salvador

da Bahia e o mundo Atlântico, da América portuguesa ao Brasil República, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (2165/2013) e pela CAPES (10395/13-0).

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SALVADOR – LISBOA EDUFBA – CHAM

2017

Salvador

da Bahia

Giuseppina Raggi, João Figueirôa-Rego

e Roberta Stumpf (Organizadores)

Interações entre

América e África

(séculos XVI-XIX)

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2017, autores.

Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o Depósito Legal.

Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009.

Capa e Projeto Gráfico Gabriel Cayres Revisão Líliam Cardoso de Souza Silva Sistema de Bibliotecas – UFBA

Editora filiada à

Editora da UFBA Rua Barão de Jeremoabo s/n - Campus de Ondina 40170-115 - Salvador - Bahia Tel.: +55 71 3283-6164 Fax: +55 71 3283-6160 www.edufba.ufba.br edufba@ufba.br CHAM NOVA FCSH – UAc Avenida de Berna, 26 1069-061 Lisboa - Portugal Tel.: +351 217972151 Fax: +351 217908308 www.cham.fcsh.unl.pt cham@fcsh.unl.pt

S182 Salvador da Bahia: interações entre América e África (séculos XVI-XIX) / Giuseppina Raggi, João Figueirôa-Rego, Roberta Stumpf, organizadores. –Salvador: EDUFBA, CHAM, 2017. 288 p. il.

ISBN: 978-85-232-1630-6 978-989-8492-53-1

1. África. 2. Bahia. 3. Escravidão. I. Giuseppina Raggi. II. João Figueirôa-Rego. III. Roberta Stumpf, IV. Título. 

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Sumário

Introdução, 7

GIUSEPPINA RAGGI, JOÃO FIGUEIRÔA-REGO E ROBERTA STUMPF

parte i comércio, escravidão e poder: bahia e áfrica ocidental

Entre Bahia e a Costa da Mina, libertos africanos no tráfico ilegal, 13 LUIS NICOLAU PARÉS

“Preto cativo nada é seu?”: escravos senhores de escravos na Cidade da Bahia no século XVIII, 51

DANIELE SANTOS DE SOUZA

Interações Atlânticas entre Salvador da Bahia e Porto Novo (Costa da Mina) no século XVIII, 73

CARLOS DA SILVA JR.

O Regimento que se há de observar no Estado do Brasil na arrecadação do tabaco: Administração fumageira, atores, interesses e conflitos (séculos XVII e XVIII), 99 JOÃO FIGUEIRÔA-REGO

As práticas governativas de Dom João de Lencastre no Atlântico Sul: a regulação do comércio da aguardente entre Angola e Brasil (1688-1702), 121

CAMILA TEIXEIRA AMARAL

parte ii administração e agentes no espaço americano

Entre a catequese e o cativeiro: notas sobre a administração das aldeias pelos jesuítas no século XVIII, 141

FABRICIO LYRIO SANTOS

Curas de almas nativas: o clero indígena na América Portuguesa (século XVIII), 161 MARIA LEÔNIA CHAVES DE RESENDE

A formação acadêmica dos prelados da América Portuguesa (séc. XVII e XVIII, Bahia, Olinda e Rio de Janeiro), 195

EDIANA FERREIRA MENDES

“Bahia de Todos os Santos e de quase todos os pecados”: O luso-tropicalismo e a história comparativa no espaço luso-americano (1640-1750), 223

JAIME RICARDO GOUVEIA

A representação do ultramar nos armoriais portugueses (séculos XVI-XVIII), 251 MIGUEL METELO DE SEIXAS

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Introdução

Território mais amplo do que os seus próprios limites geográficos, espaço de conflu-ências e divergconflu-ências, Salvador da Bahia oferece-se como lugar histórico de encruzi-lhadas e marco simbólico de encontros e desencontros entre historiografias. Como o título deste volume deixa transparecer, a cidade é entendida em conexão com outros espaços – baianos, americanos e africanos – e analisada sob novos ângulos. O que faz com que este livro seja uma partilha de estudos sob âmbitos diversos, predominando, entretanto, perspetivas que elegem, maioritariamente, como ponto de partida, geo-grafias extraeuropeias. Salvador da Bahia surge como palco de relações atlânticas per-mitindo destacar a história da África, sobretudo a partir do tráfico de africanos es-cravizados, mas também como centro de relações continentais, com o interior baiano – Recôncavo e sertões – e com outros territórios brasileiros. Esses olhares trazem à superfície novos atores sociais, um leque diversificado de povos indígenas, clero nati-vo e, ainda, africanos escravizados, libertos e livres, os quais protagonizam dinâmicas em que os maniqueísmos são revistos e as identidades ganham diversos significados.

A primeira secção deste volume, denominada “Escravidão, comércio e relações de poder: Bahia e a África Ocidental”, incide nas múltiplas implicações do contato mer-cantil, em particular as nascidas do tráfico de escravizados de África e das trocas de produtos como o tabaco e a aguardente. Circunstância geradora de transformações económicas, sociais, políticas e culturais decorrentes de um variado jogo de interesses. Dinâmicas essas protagonizadas por homens e mulheres cujas identidades vão sendo construídas em função das respetivas trajetórias.

Os estudos de João Figueirôa-Rego e Camila Amaral tratam de outras dimensões das relações mercantis entre o Brasil e a África. Figueirôa-Rego incide sobre o comér-cio do tabaco e sua interdependência com o tráfico de escravizados, mas olhados a par-tir das relações institucionais ligadas ao tabaco, bem como o papel da conflituosidade

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introdução

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velada ou notória entre os actores sociais que interagiam nesse âmbito. O sistema eco-nómico atlântico é, pois, observado a partir da macro visão das transações tabaqueiras e, também da micro visão que retrata a actividade dos diversos agentes que, em

Sal-vador da Bahia, veiculavam a sua comercialização para diferentes espaços geográficos,

no contexto de um monopólio da Coroa Portuguesa, muitas vezes em flagrante anta-gonismo com os interesses desta última. Por seu turno, a querela em torno do comér-cio da aguardente entre Bahia e África ocidental é vista por Amaral através da ação preponderante de governador D. João de Lencastre, no sentido num sistema mais de conciliar os interesses antagónicos das diferentes partes envolvidas e os seus enquanto “agente” do tráfico de africanos escravizados.

Os textos de autoria de Daniele Santos, Carlos Silva Júnior e Nicolau Parés, consti-tuem uma tríade, sobretudo por abrirem perspetivas de pesquisa profundamente ino-vadoras, ainda que tributárias do legado deixado pela forte tradição do estudo da es-cravidão e do tráfico negreiro desenvolvido na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Daniele Santos aborda um tema importante: os escravos proprietários de escravos na cidade de Salvador da Bahia, ressaltando a complexidade das lógicas do escravismo no Brasil. A autora traça a biografia destes homens cujo estatuto jurídico tornava precá-ria sua condição de proprietários; Carlos da Silva Jr., por sua vez, toma como ponto de partida o protagonismo emergente de Porto Novo na disputa pelo comércio negreiro. Este cenário levou à reconfiguração geopolítica do Golfo de Benim, no período sete-centista. O autor evidencia o forte predomínio de negociantes baianos naquela região, bem como os interesses cruzados das autoridades envolvidas nesse contexto; Nicolau Parés centra-se na temática dos retornados agudás e nas dinâmicas sociais e comer-ciais que desenvolveram na Costa da Mina, estabelecendo redes atlânticas, sobretudo na época do tráfego ilegal de escravos, no século XIX. Para tanto, o autor recorre à reconstrução de percursos excecionais de libertos africanos que ascenderam social-mente através do comércio escravocrata. Parés esclarece ainda as diferenças de escala, de proporções e de investimentos dos seus negócios face ao tráfego atlântico equacio-nado como um todo.

Os textos que integram a segunda parte deste livro, intitulada “Povos indígenas,

clero e representações simbólicas”, avançam significativamente no estudo da agência indígena, bem como de um tema que só muito recentemente ganhou, verdadeiramen-te, a atenção dos historiadores: a administração eclesiástica e os seus agentes surgem trabalhados a partir de um enfoque americano mas sem esquecer a influência da ma-triz cultural portuguesa, presente em normativas e regimentos. Esta perspectiva ana-lítica possibilita destacar a atuação dos vários povos indígenas com os quais os portu-gueses interagiram, bem como as problemáticas relacionadas com o clero nativo.

Fabrício Lyrio problematiza as dinâmicas sociais internas e externas dos aldea-mentos jesuítas através da análise de uma proposta de regimento elaborada por um

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provincial da Companhia em 1745. O documento permite repensar questões relaciona-das com a liberdade e a escravidão indígena no Brasil do século XVIII, e com a ação dos índios aldeados. Maria Leônia Resende aborda o clericato dos padres indígenas, pondo em evidência a criatividade dos processos de elaboração e reformulação de identida-des, próprios das situações de contato com a sociedade colonial. Dilemas, vivências antagônicas e oscilações entre culturas constituíram o universo plural americano, re-dutivamente interpretado pelas historiografias do século XX, na dicotomia “mansi-dão” e “selvajaria”.

Se nestes textos emerge uma perspetiva focada nos indivíduos e grupos que mais foram atingidos pela colonização portuguesa, Ediana Mendes, por sua vez, fixa o seu ângulo de observação no patamar superior da hierarquia eclesiástica. A autora inves-tiga o perfil de formação dos bispos nomeados para as dioceses do ultramar – Bahia, Rio de Janeiro e Olinda, designadamente os conteúdos aprendidos na Universidade de Coimbra e os ensinamentos adquiridos com a experiência na direção das dioceses portuguesas. Quanto a Jaime Gouveia, este propõe repensar as ideias do

luso-tropi-calismo. Comparando os índices de luxúria clerical nas duas margens do Atlântico, o autor desvenda realidades equivalentes que contradizem, através de estatísticas e computação de dados, a afirmação recorrente da maior incidência dos comportamen-tos desviantes nos trópicos.

Por fim, Miguel Metelo de Seixas encerra o livro com uma reflexão sobre a difusão da heráldica no Império português. Esta forma de representação simbólica produzida pelas elites coloniais, primeiramente entendida como mero instrumento de domínio, acaba por se converter também em ferramenta identitária, ganhando desta forma um novo significado nas sociedades que resultaram da conquista e colonização portuguesa. Este livro resulta de uma investigação efetivamente colaborativa – no quadro de dois projetos, um deles financiado pelas Marie Curie Actions e o outro pelo pro-grama de cooperação entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-vel Superior (CAPES) – Brasil – e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) – Portugal 1– entre investigadores e/ou professores brasileiros e portugueses em

diferentes estágios das suas carreiras académicas. Alguns dos pesquisadores que colaboram neste volume estão ainda em fase de conclusão dos seus projetos de

1 No âmbito dos seguintes projetos: “Bahia 16-19 – American, European, and African forging of a colonial capital city –” financiado pela Marie Curie Actions, International Reserach Staff Exchange Scheme, GA-2012-318988, e que reúne equipes de pesquisadores do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar (CHAM, FCSH, Universi-dade NOVA de Lisboa, UniversiUniversi-dade dos Açores), da École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia (PPGH/UFBA); “Uma cidade, vários territórios e muitas culturas. Salvador da Bahia e o mundo Atlântico, da América portuguesa ao Brasil Repúbli-ca”, Programa de Cooperação FCT/CAPES.

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introdução

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doutoramento, enquanto outros se encontram numa fase adiantada da sua trajetó-ria científica. Estes dois projectos cumpriram, pois, o seu papel na área da formação avançada. Quanto à originalidade dos debates levados a cabo em Salvador, Lisboa e Paris, foi também reforçada pela heterogeneidade dos temas e pelas abordagens que estiveram sobre a mesa. Longe de estarem isolados em seus objetos de estudo, o projeto Bahia 16-19 proporcionou a seus integrantes a partilha dos resultados das pesquisas e, consequentemente, um intercâmbio frutífero. Não se pretendeu aqui enaltecer a cidade de Salvador, nem apontar para a sua singularidade histórica ou eventualmente para as características que tinha em comum como outras cidades ou vilas do Império português. Tampouco se procurou abarcar todas as relações da cidade com os demais espaços imperiais. Apesar de serem monográficos, cada um dos ensaios deste livro resulta de sinergias historiográficas mantidas ao longo da implementação dos dois projetos atrás referidos. Sem dúvida uma das suas grandes mais-valias.

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