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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE PSICOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA. Curso de Psicologia. ELAINE FERRÃO FERNANDES. RELAXAMENTO PSICOFÍSICO EM CRIANÇAS: ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM BASES DE DADOS. São Bernardo do Campo 2005.

(2) ELAINE FERRÃO FERNANDES. RELAXAMENTO PSICOFÍSICO EM CRIANÇAS. Dissertação. apresentada. à. Faculdade. de. Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde. Orientadora: Profª. Dra. Vera Maria Barros de Oliveira.. São Bernardo do Campo 2005.

(3) FERNANDES, Elaine F. Título: Relaxamento Psicofísico em Crianças, São Bernardo do Campo, 2005, 118 p. Dissertação apresentada à Universidade Metodista de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde. Palavras-chave: relaxamento, relaxamento e crianças, relaxamento autógeno, relaxamento progressivo, relaxamento psicofísico e terapia cognitivocomportamental..

(4) Dedico este trabalho ao meu filho Vinícius. EU TE AMO MUITO..

(5) AGRADECIMENTOS. Gostaria de agradecer de coração: A Deus por estar presente em todos os momentos de minha vida inclusive neste. À minha orientadora, Prof. Vera Maria Barros de Oliveira, que muitas vezes me surpreendeu com a sua dedicação sendo mais do que uma super orientadora, chegando muitas vezes a fazer até o papel da mãe que acolhe e faz crescer, através do amor e do exemplo. Professora eu lhe tenho como modelo para seguir o meu caminho na vida acadêmica. À minha Família, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida, em especial aos meus Pais que sempre respeitaram e apoiaram as minhas decisões e o meu irmão Ricardo que sempre me incentivou e esteve presente principalmente nos meus momentos ruins. Ao meu filho Vinicius Fernandes do Nascimento, por ter sempre compreendido a minha necessidade de estar ausente em alguns momentos para realizar este trabalho, por ter ficado ao lado do computador quieto vendo o meu trabalho surgir, pelo seu interesse no que eu estava realizando e principalmente por ser o filho maravilhoso que você é. Ao meu marido Valdinei Roberto do Nascimento, pela companhia algumas vezes silenciosa para me trazer tranqüilidade. E pelo amor dedicado nestes anos em que estamos juntos..

(6) Às minhas amigas de trabalho e de coração Bete, Mirna e Rosangela, aprendi o que é amizade estando ao lado de vocês. Obrigada pelo apoio, pelo incentivo, pela ajuda. Tenho as três como se fossem minhas irmãs. Às amigas do mestrado, principalmente Ana, Cecília, Dora, Geni e Izabel, pelo companheirismo em cada aula, em cada trabalho e em cada cafezinho que tomamos juntas. Enfim, por terem tornado agradável este percurso. À professora Aidyl M. Q. Perez-Ramos e ao professor Manoel M. Rezende ao contribuírem no direcionamento deste trabalho. À Professora Geraldina Porto Witter, por ter me auxiliado na metodologia deste trabalho tão gentilmente. Sua ajuda foi muito importante. A todas as Crianças que eu já tratei ou supervisionei o tratamento, aprendo muito a cada instante em que estou com vocês. Obrigada pelos abraços, beijos, sorrisos e brincadeiras. E aos meus Alunos que me estimulam a continuar crescendo..

(7) Assim é que a criança aprende, captando as habilidades pelos dedos das mãos e dos pés, para dentro de si. Absorvendo hábitos e atitudes dos que a rodeiam, empurrando e puxando o seu próprio mundo. Assim a criança aprende, mais por experiência do que por erro, mais por prazer do que pelo sofrimento, mais pela experiência do que pela sugestão e dissertação, e mais por sugestão do que por direção.É assim a criança aprende pela afeição, pelo amor, pela paciência, pela compreensão, por pertencer, por fazer e por ser. Dia a dia a criança passa, a saber, um pouco do que você sabe, um pouco mais do que você pensa e entende. Aquilo que você sonha e crê é, na verdade, o que essa criança esta se tornando. Se você percebe confusa ou claramente, se pensa nebulosa ou agudamente, se acredita tola ou sabiamente, se sonha sonhos sem graça ou dourados, se você mente ou diz a verdade, é assim que a criança aprende.. FREDERICK MOLFETT.

(8) RESUMO. Trabalho de natureza monográfica bibliográfica investiga o relaxamento psicofísico na área da saúde, em crianças, por um intervalo de oito anos, entre janeiro de 1997 e novembro de 2004. Inicialmente, com base em literatura neuropsicológica, descreve o papel do relaxamento na busca da homeostase e da consciência corporal saudável, enfocando comportamentos de prazer e dor. A seguir, descreve e analisa diversas técnicas de relaxamento, Relaxamento Progressivo de Jacobson, Autógeno de Schultz e Relaxamento de Michaux. A fim de desenvolver sua pesquisa utiliza-se de 27 bases de dados, devido a pouca produção encontrada sobre o tema, por base. Como resultados, levanta ao todo 500 artigos sobre relaxamento, sendo 200 em crianças. São artigos nacionais e internacionais, com predomínio do idioma inglês. A seguir, classifica esses artigos por ano de produção, constatando um crescimento significativo, porém não sistemático em seu número, de 14 artigos em 1997, para 39, em 2004. Quanto à temática, os dados revelam em primeiro lugar, um interesse em dor, em segundo em problemas respiratórios, e, em terceiro lugar, em ansiedade. Os artigos sobre dor, por serem os mais numerosos levantados, sofrem análise mais detalhada, com discriminação da quantidade de artigos por ano e dos tipos de situação e de patologia caracterizados por quadro álgico. Finalmente é feita uma classificação dos artigos segundo a utilização do relaxamento junto à problemática clínica predominantemente física, a de fundo psíquico afetivo-emocional, sem utilização de fármacos e, a de fundo psíquico, com intervenção psiquiátrica farmacológica. Na discussão dos resultados, vários artigos pesquisados são também comentados. Dada a riqueza dos dados, evidenciando interesse crescente de profissionais da área da Saúde na literatura levantada, sugere-se pesquisa complementar. Palavras-Chave: relaxamento, relaxamento e crianças, relaxamento autógeno, relaxamento. progressivo,. comportamental.. relaxamento. psicofísico. e. terapia. cognitivo-.

(9) ABSTRACT. Research of bibliographical and monographical nature, this paper investigates the psychophysics relaxation in the health area, of children in a period of eight years, between January 1997 and November 2004. Initially, based in neuropsychological literature, it describes the relaxation role in homeostasis and the conscious body health, emphasizing the pleasure and painful behavior. Next, it describes and analyses several relaxation techniques, Jacobson Progressive Relaxation, Schulz Autogenos and Michaux Relaxation. To develop this research it was used 27 databases, due to the lack of production of this theme, per base. As result, it shows the total of 500 articles about relaxation, 200 of them related to children. They are national and international articles, most of them in English. Following this, it classifies these group in production by year, showing a significant increasing, although it is not systematic in number, from 14 articles in 1997 to 39 in 2004. As for the thematic, the data reveals first, the interest in pain, second in breathing problems and third in anxiety. The articles about pain, as they are in more quantity, have more detailed analysis, with discrimination by year, situation type, relaxation usage and pathology characterized by painful behavior. Finally, it is made a classification of the articles due to the usage of relaxation in clinical problems mainly the physical ones, those of affectionate-emotional psychic background, those with no usage of drugs and those with psychic background with the aid of drugs and psychiatric treatment. To discuss the results, several articles researched are also mentioned. Due to the richness of data, showing up the increasing of professionals in this health area, it is suggested further reading. Key-Words: relaxation; relaxation and children; autogenic relaxation; relaxation progressive; psychophysics relaxation; cognitive-behavioral therapy.

(10) SUMÁRIO. Resumo ................................................................................................................. 6 Abstract ................................................................................................................. 7 1. Introdução ......................................................................................................... 9 2. Bem-Estar e Homeostase: O Equilíbrio Entre Dor e Recompensa ................. 13 2.1 Trajetória da Dor: Sofrimento Físico e/ou Mental ........................................... 16 3. O Desenvolvimento da Consciência Corporal ................................................. 28 4. Relaxamento Psicofísico em Crianças ............................................................. 37 4.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 42 5. Método .............................................................................................................. 43 5.1 Material ........................................................................................................... 43 5.2 Procedimento .................................................................................................. 44 6. Resultados e Discussão ................................................................................... 45 7. Conclusão ......................................................................................................... 63 Referências Bibliográficas .................................................................................... 64 Bibliografia: Artigos da Pesquisa (Crianças) ....................................................... 69 Bibliografia: Artigos da Pesquisa (Adultos) ......................................................... 89.

(11) 1.. INTRODUÇÃO. O presente trabalho de natureza monográfica pretende estudar o emprego do relaxamento psicofísico junto a crianças, através de uma investigação bibliográfica. O objetivo que se propõe é investigar a bibliografia relativa a relaxamento psicofísico na área da saúde em crianças. O interesse pelo tema deste estudo surgiu da reflexão sobre a prática clínica desta pesquisadora, por mais de dez anos, atuando junto a crianças. Essa atividade clínica utilizando-se do relaxamento levou-a a perceber que ao utilizar as técnicas de relaxamento em crianças no contexto da fisioterapia, obtém-se uma diminuição significativa do quadro álgico, melhora da consciência corporal associada à normalização do tônus muscular, aspectos que possibilitam a criança desenvolver suas habilidades motoras e um maior envolvimento com o processo terapêutico, talvez pela melhora da atenção ou por tornar a terapia prazerosa. Por outro lado, tem observado que diversas técnicas de relaxamento, progressivamente vêm sendo empregadas junto a crianças, por diferentes profissionais. Daí nasceu o interesse em fazer-se um levantamento da literatura a respeito. Segundo Sandor (1982), o relaxamento é um método de recondicionamento psicofísico, utilizado nas diferentes faixas etárias e nas diferentes áreas de atuação como saúde, pedagogia, esportes, artes e religião. Na área da saúde vem sendo empregado tanto como técnica maior, quanto como um complemento alternativo na composição do tratamento de uma grande variedade de patologias instaladas e em condições preventivas. Dentre as técnicas de relaxamento as mais citadas são o relaxamento muscular progressivo de Jacobson e o relaxamento autógeno de Shultz. O relaxamento de Michaux não é uma das técnicas mais utilizadas, mas é uma técnica desenvolvida especificamente para crianças e por este motivo também é abordada neste trabalho. O método de relaxamento muscular progressivo de Jacobson utiliza a contração muscular e a descontração para a conscientização do estado de tensão corporal. Através desta conscientização surge com o treino, a possibilidade de controlar e programar um tônus muscular ideal que deverá ser mantido mesmo nas.

(12) situações mais estressantes. A consciência corporal permite a identificação da tensão o que pode levar a decisão de utilizar o relaxamento com o objetivo de dissolver a tensão (GREENBERG, 2002; LALONI, 1997; SANDOR, 1982). O método de Johannes Shultz foi desenvolvido baseado nos estudos de Vogt sobre hipnose. Shultz observou que algumas pessoas desenvolviam um estado hipnótico voluntariamente, conseguindo minimizar os sintomas de estresse. A partir daí, passou a estudar o processo da auto-hipnose nestas pessoas e acabou por desenvolver o seu método terapêutico que conduz ao equilíbrio fisiológico e a introspecção contemplativa.Uma grande vantagem deste método é a possibilidade do paciente utilizá-lo, sem a presença do terapeuta após o aprendizado. Segundo Sandor (1982), o relaxamento de L. Michaux foi desenvolvido durante sessões de Reeducação Psicomotora, após a observação de que algumas crianças possuíam dificuldade em permanecer imóveis e atentas com a utilização de técnicas de relaxamento comumente empregadas em adultos. A técnica de Michaux busca a regulação tônica através da realização de movimentos passivos nas diferentes articulações e a readaptação tônica dos movimentos ativos nas diferentes atividades realizadas por uma criança em seu desenvolvimento neuropsicomotor. Os efeitos obtidos no sistema músculo-esquelético estendem-se ao sistema neuro-vegetativo de tal forma que propiciam a regulação da vigília, das tensões, das emoções, ou seja, a interação mente-corpo após as sessões de relaxamento. As técnicas de relaxamento psicofísico atuam através das mais variadas modalidades na integração corpo-mente. O corpo ao longo da história, foi colocado em um segundo plano em relação à supremacia da mente-alma. O interesse pelo estudo corporal teve inicio no século XX, atualmente com os novos estudos da neurociência passou a ser considerado como referência essencial para mente saudável (DAMÁSIO, 1996; FONSECA, 1996). Damásio (1996) descreve esta nova visão que dá origem a um corpo participativo, a um organismo que interage com o meio ambiente sem a dicotomia corpo-mente. Na relação com o meio, o corpo capta as informações provenientes deste meio e as transmite ao cérebro, que irá por diferentes estruturas processar as informações recebidas, o corpo durante o processo recebe informações e se.

(13) modifica. As mudanças corporais dão origem a um novo registro neural o que evidência que o corpo não é passivo nas interações com o ambiente. A interação com o meio permite, ao organismo manter a sua homeostase e a sua sobrevivência. Permite que ele tenha consciência do que ocorre no seu interior ao mesmo tempo em que permite que perceba o que ocorre ao seu redor, para evitar os perigos e para procurar o alimento e tudo que é necessário para a manutenção da vida. Em um sentido mais amplo, o autor menciona que a consciência permitiu ao homem o poder de criar. Com a tomada de consciência o homem pôde criar as ciências, as artes, a filosofia e as religiões. Para Oliveira; Bossa (2001), a gênese da consciência tem início com o nascimento, quando o bebê começa a experimentar mudanças ambientais que estabelecem os esquemas sensório-motores, que vão progressivamente permitindo que o bebê se perceba como um todo. Quanto mais ele observar e explorar com todas as suas modalidades sensoriais os objetos, mais ele elabora a idéia de si, desconectado do meio, entretanto, interagindo com ele em um contexto histórico. A consciência de si como sendo um ser eficiente, criativo e inserido no contexto histórico, espaço-temporal, é que permite a internalização das experiências vividas. O alicerce sensório-motor permite o desenvolvimento da consciência simbólica, expressa na capacidade de se utilizar as imagens mentais e da linguagem. A homeostase que é obtida a partir da consciência do corpo, vem sendo definida atualmente como a capacidade de regular a vida e produzir um estado bem estar. Surgiu de mecanismos simples e hoje é dotada de uma rede complexa e intrincada de mecanismos fisiológicos, comportamentais e emocionais. Como por exemplo, em uma situação de perigo ou dor automaticamente o comportamento de dor surge, o organismo se retrai, expressões de dor são evidenciadas e os mecanismos de defesa fisiológica começam a atuar. Quando a situação é agradável gera o comportamento de prazer, o organismo se abre e se aproxima do objeto ao mesmo tempo em que as endorfinas são liberadas e levam a percepção de bem estar e ao bom funcionamento do organismo (DAMÁSIO, 2004). Neste sentido, este trabalho inicia por um capítulo sobre a regulação da homeostase que integra a descrição da dor por ser o enfoque deste trabalho.A seguir possui um capítulo referente a consciência corporal e a sua gênese baseado no fato de que a mesma é necessária para a homeostase e por também ser considerada um dos efeitos básicos do relaxamento na obtenção da regulação da.

(14) vida. E, no último capítulo é feita uma descrição do relaxamento, das suas técnicas mais difundidas e dos seus efeitos. Em seu desenvolvimento propriamente dito, num primeiro momento foram levantados artigos científicos relacionados a relaxamento psicofísico empregados na área da saúde, sem realizar qualquer tipo de diferenciação, somente com o objetivo de levantar o número total de artigos desta natureza. A partir deste material selecionado, num segundo momento, os artigos foram separados por duas categorias: artigos sobre relaxamento psicofísico em crianças e adolescentes e artigos sobre relaxamento psicofísico em adultos.. Os artigos sobre relaxamento psicofísico em crianças, em um terceiro momento, foram separados por ano com o intuito de observar se o interesse por esta técnica esta aumentando ou não. A partir deste momento somente os artigos relacionados a crianças passaram a serem analisados devido as mesmas serem o maior interesse deste trabalho. Num quarto momento, os artigos foram separados e analisados por área de atuação ou patologia por ano. Em seguida, os artigos referentes à dor foram separados por ano e por patologias e ou áreas de atuação, por apresentarem o maior número de trabalhos publicados. Por último os artigos foram distribuídos em outras três categorias: a dos distúrbios físicos, psíquicos sem a intervenção de fármacos e psíquicos com a terapia psiquiátrica farmacológica. Este trabalho apresenta duas fontes de referências, uma relativa à fundamentação teórica e uma referente à produção científica de base de dados. Havendo consultado 27 bases, este grande número de bases foi necessário em função da obtenção de poucos artigos por base. Os artigos selecionados são nacionais e internacionais com predomínio da língua inglesa. Na análise dos dados além da literatura consultada antes da pesquisa, são usados dados de alguns artigos significativos que compõem os resultados deste trabalho..

(15) 2.. BEM-ESTAR E HOMEOSTASE: O EQUILÍBRIO ENTRE DOR E RECOMPENSA. Neste capítulo será realizada a descrição da homeostase e da dor, já que se pretende obter através do relaxamento a diminuição da dor e a regularização da vida. A psicologia da saúde, ao longo da sua existência vem passando por muitas mudanças, diretamente relacionadas com a evolução do modo de pensar do homem concernente às ciências médicas, sociais, políticas e econômicas, a partir dos anos 60. Inicialmente, a psicologia da saúde se especializou na avaliação, posteriormente passou a atuar na saúde mental. Atualmente, a nova definição de saúde considera um individuo saudável não aquele que somente apresenta ausência de doença, mas sim, aquele que também possui um estado de bem-estar geral. Esta visão permitiu que a psicologia da saúde transpassasse a dicotomia corpo-mente e chegasse a um conjunto de conceitos básicos, embasando a intervenção multiprofissional de quadros clínicos existentes nas sociedades modernas. As relações entre pensamento, comportamento, saúde, e doença são valorizadas. Ampliou-se a atuação multidisciplinar na promoção e.

(16) proteção à saúde, em busca da qualidade de vida e do bem-estar (CABALLO; MARINHO, 2001; RIBEIRO, 1998). Saúde e bem-estar estão diretamente correlacionados e são essenciais para o desenvolvimento humano, que, por sua vez, envolve mudanças dos padrões de comportamento. ou. de. percepções,. provenientes. da. interação. entre. as. características biológicas do individuo em desenvolvimento e as do meio ambiente em que vive. As constantes mudanças do nascimento à morte, nos remetem ao equilíbrio dinâmico denominado homeostase (RIBEIRO, 1998). A homeostase foi descrita inicialmente em 1878 pelo fisiologista francês Claude Bernard, como sendo a capacidade do meio interno do corpo de autoregulação, para se manter numa faixa estável (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1997). Para Damásio (2004), esta capacidade de regular a vida e sobreviver deve produzir um estado que transpõem a neutralidade e chega ao bem-estar. As nossas sociedades modernas deixam transparecer esta necessidade do sentimento de bem estar, através do uso constante de diferentes formas, adequadas ou não, para obtê-lo, como o uso do álcool ou drogas ilícitas, medicamentos, boa ou ma alimentação, sexo, exercícios físicos e mentais e todas as formas de consumo e práticas sociais que desencadeiam o prazer mesmo que momentâneo e seguido de desprazeres. A. homeostase. partiu. de. mecanismos. simples. relacionados. com. a. aproximação ou ao retraimento em relação a um objeto, observado até mesmo em organismos muito simples como a ameba e atingiu um alto grau de complexidade, relacionado até mesmo com a competição e a cooperação entre os seres humanos. Segundo este autor, a regulação da vida parte dos processos metabólicos, dos reflexos básicos, das repostas do sistema imunológico, dos comportamentos de dor e prazer, das pulsões e motivações e chegam nas emoções e sentimentos continuamente conectados.. Por exemplo, a ativação imunológica e a regulação. metabólica integram-se no mecanismo que gera comportamentos de dor e prazer, os quais, por sua vez, fazem parte das motivações ligadas aos processos metabólicos e novamente aos comportamentos de dor e prazer, que finalmente estão entrelaçados as emoções e aos sentimentos. Os processos metabólicos regulam os ritmos cardíacos, a pressão arterial, os ajustes químicos do meio interno e o armazenamento e distribuição de lipídios, proteínas e carboidratos, necessários para a obtenção da energia utilizada para a.

(17) execução dos diferentes movimentos e para a produção de enzimas que atuam na manutenção e renovação orgânica. Dentre a atuação reflexa, são incorporados, os reflexos básicos de alarme e os reflexos de tropismo que conduzem os organismos a procurar condições que favoreçam a vida como o calor e a luz. A constante exposição do corpo a vírus, bactérias, parasitas e a substâncias tóxicas internas ou externas ativa o sistema imunológico, para a manutenção da integridade corpórea. Os comportamentos que surgem nos momentos de prazer (e recompensa) e dor (e punição), aproximam ou afastam o organismo do objeto ou situação que gerou um destes comportamentos. Nas situações em que a integridade física é ameaçada, observa-se automaticamente um comportamento de dor, do qual a natureza se utiliza como um meio de restabelecer o equilíbrio biológico. O corpo entra em retraimento para a sua proteção, expressões de dor são, evidenciadas e em seguida, inicia-se a atuação do sistema imunológico para a defesa orgânica. Quando, pelo contrário, a situação gera prazer, o organismo se aproxima do objeto, torna-se aberto, descontraído, confiante e neste momento as endorfinas, são liberadas e a soma de todas estas ocorrências levam ao bom funcionamento orgânico e a percepção de bem estar. Pode-se incluir as técnicas de relaxamento dentre as situações que levam a comportamentos de prazer, baseados na observação e pelos dados obtidos nas últimas pesquisas sobre relaxamento. Essa observação tem sido constatada de um modo empírico por esta autora, ao aplicar as técnicas de relaxamento em crianças (pacientes) e adultos (alunos). Dentre as pesquisas sobre relaxamento, Lohaus; Klein-Hessling (2003) realizaram um estudo com 106 crianças de 9 a 12 anos e constataram que o relaxamento trouxe equilíbrio para as funções fisiológicas destas crianças ao mesmo tempo em que possibilitou comportamentos de bem estar e prazer. As motivações estão relacionadas com as necessidades internas de alimentação, sede, respiração, regulação da temperatura e auto-proteção. Atividades que suprem estas motivações são prazerosas e o organismo tende a agir de forma que estas necessidades internas sejam supridas com o intuito de sentir prazer (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1997)..

(18) Nos seres humanos, as motivações deixam de ser reguladas somente por processos homeostáticos básicos e passam a estarem interligadas às emoções e aos sentimentos. Estes são, considerados primordiais na regulação da vida, estando no topo dessa cadeia. O que difere as emoções e os sentimentos dos outros processos de regulação da vida, é a sua complexidade de avaliar e dar respostas para a auto-preservação. As emoções e os sentimentos estão tão próximos que é difícil de diferenciá-los (DAMÁSIO, 2004). As emoções podem ser observadas, já que ocorrem no corpo frente a estímulos externos e internos. Estão presentes nos diferentes movimentos faciais e corporais: força, precisão, freqüência e amplitude destes movimentos deixam transparecer o estado emocional, da mesma forma que se pode perceber o conteúdo emocional de um indivíduo através da cadência e sonoridade da sua voz. A partir destas características, as emoções passaram a serem definidas, como sendo um conjunto de respostas químicas e neurais que formam um padrão de representação neural específico. Seguindo a exposição desse autor, os sentimentos não são observáveis, surgem em decorrência da representação mental de uma emoção, tornando-a consciente. Com a elaboração consciente, o homem pode controlar suas emoções e passa a escolher quais objetos e situações devem receber a sua atenção. Desta forma pode realizar escolhas que o conduzam para a homeostase. Uma emoção tem início com o surgimento de um. estímulo-emocional-. competente que pode ser visual, auditivo, olfatório, tátil ou interno. O estímulo é considerado competente quando tem a capacidade de produzir imagens nas áreas sensitivas relacionadas a este estímulo. Em seguida, as regiões capazes de desencadear as emoções, como a amígdala, são estimuladas e enviam informações para as áreas executoras da emoção, que são: o hipotálamo, o prosencéfalo basal e alguns núcleos do tronco cerebral. O hipotálamo, através da hipófise, libera na corrente sanguínea moléculas que alteram o meio interno, as vísceras, o sistema muscular e a própria atividade do sistema nervoso central. A dopamina é um exemplo de neurotransmissor que modula a atividade nervosa e causa comportamento de recompensa e prazer. A área ventrotegmental do tronco cerebral após ser estimulada pelo hipotálamo libera e transporta a.

(19) dopamina para o núcleo acumbens do prosencéfalo basal e este determina. a. execução do comportamento de prazer. As mudanças que ocorrem no corpo desencadeiam novos mapas neurais de representação corporal e a partir destes surgem os sentimentos relacionados ao prazer. Segundo Rossi (2003), todos os processos vitais podem ser regulados pela mente, pelo hipotálamo e pelos sistemas nervoso autônomo, endócrino, imunológico e neuropeptideo. O primeiro estágio é caracterizado pela atuação da atividade mental (pensamentos e imagens) do córtex cerebral frontal, sobre o hipotálamo, que ocorre através do sistema límbico, do hipocampo, da amígdala e do tálamo. No segundo estágio os impulsos mentais são filtrados pelas áreas relacionadas à memória, a aprendizagem e de áreas emocionais do sistema límbico-hipotalâmico e enviam o produto final das informações para o sistema nervoso autônomo. Com a liberação de neurotransmissores pelo sistema nervoso autônomo inicia-se o terceiro estágio. Os neurotransmissores ajustam-se aos receptores das membranas celulares e alteram a permeabilidade da membrana aos diferentes íons e em conseqüência são alteradas as propriedades elétricas das células e as suas atividades. Os receptores também podem ativar uma enzima como a adenilciclase que atua na formação de trifosfato de adenosina (ATP) e de monofosfato de adenosina cíclico (AMPC) e ambos dão energia para as funções celulares necessárias frente aos estímulos que tiveram início nos pensamentos. Os pensamentos sugeridos em uma sessão de relaxamento podem desencadear emoções, e estas sentimentos. Ambos, emoções e sentimentos, podem desencadear respostas de bem-estar necessárias para a regulação da vida.. 2.1. Trajetória da Dor: Sofrimento Físico e/ou Mental. A dor é uma experiência emocional e sensorial desagradável. No dia a dia, a palavra dor está ligada ao sofrimento físico e ou mental. Podendo ser referida como um sofrimento moral ou desconforto. Sua ação informa o organismo sobre um perigo.

(20) potencial ou real que possa provocar a perda da homeostase orgânica (CARVALHO, 1999). Causas e tratamentos dos quadros dolorosos foram objetos de estudos desde as mais primitivas civilizações. Mesmo assim na maioria dos cursos da área da saúde, a dor não é estudada como uma disciplina e tão pouco é abordada a sua totalidade (CARVALHO, 1999; CASTRO; PARIZOTTO; BARBOSA, 2003). Segundo Merskey; Bogduk (1994), nas sociedades primitivas a dor aguda era associada aos traumatismos e a dor crônica, era atribuída à penetração de maus espíritos no interior do corpo, sendo necessária à remoção destes espíritos para ser controlada. No Egito antigo e na Babilônia, a dor foi considerada punição dos deuses, estando envolvidos na sua percepção o coração e os vasos sangüíneos. Na Índia antiga, a medicina ayurvédica, já buscava estabelecer uma relação entre os aspectos psicológicos, comportamentais e a percepção da dor. Na Grécia, Alcmaeon, discípulo de Pitágoras (566-497 a.C.), atribuiu ao cérebro e não ao coração o papel de processamento da sensação nociceptiva (TEIXEIRA, 1999; SOUZA; QUAYLE, 2003). Aristóteles (384-322 a.C.), que também já associara os aspectos emocionais aos desequilíbrios orgânicos, afirmava que mudanças de humor levavam a alterações na cor da bile. Herófilo (335-280) e Erasiatrato (310-250 a.C.) conseguiram demonstrar que o cérebro e os nervos estavam envolvidos no mecanismo das sensações (TEIXEIRA, 1999; SOUZA; QUAYLE, 2003). No término do século XIX, e no decorrer do século XX, Freud, Reich, a Psicossomática e a Psiconeuroimunologia estabeleceram a relação entre saúde mental e a manifestação de doenças em um contexto teórico-clínico, que contribuíram muito para a compreensão da relação corpo-mente (TEIXEIRA, 1999; SOUZA; QUAYLE, 2002). Atualmente, o Comitê de taxonomia da International Association for the Study of. Pain (IASP) conceitua a dor como experiência sensorial e emocional. desagradável, associada com danos teciduais existentes ou potenciais, ou descrita em termos de tais danos (GRIEVE, 1994; TEIXEIRA, 1999; SOUZA; QUAYLE, 2003). Com base neste conceito de dor observa-se a existência de dois componentes envolvidos nos processos dolorosos: um relacionado com a percepção.

(21) do tecido danificado e outro com a interpretação cognitiva e emocional de desagrado frente a uma determinada situação (GRIEVE, 1994; RIBEIRO, 1998). A dor é uma das experiências humanas mais importantes e é considerada pela fisiologia como sendo um mecanismo de defesa do corpo, acionado quando um tecido está sendo lesado; a sua importância consiste em motivar o indivíduo a reagir, para remover a causa da dor (GUYTON, 1986; RIBEIRO, 1998). A ausência da ação dos mecanismos de dor, que são observados na insensibilidade congênita a dor são prejudiciais, pois, podem levar à morte prematura, em casos de infecções não diagnosticadas pela falta da dor (GRIEVE, 1994). Este autor, também considera que em algumas situações, as respostas que acompanham uma sensação de dor são desvantajosas. A angina, por exemplo, é capaz de ser tão intensa, que pode desencadear uma reação do sistema nervoso simpático, levando ao aumento da freqüência cardíaca e da força de contração do miocárdio que conseqüentemente compromete o tecido do miocárdio e intensifica a angina podendo ser fatal. Experiências de dor são descritas tanto por pessoas doentes como por pessoas saudáveis. Compartilhando desta visão, Ribeiro (1998) relata também uma pesquisa sua (RIBEIRO, 1993) onde investigou 609 estudantes universitários, saudáveis e verificou que 34,4% referiam ter semanalmente dores nos olhos, 32,9% dores de cabeça, 28% dores nas costas e 23% dores musculares. Relata também experiência de McGrath (1987) que investigou crianças e adolescentes em idade escolar, dentre elas 7 a 30% referiam dor sem causa orgânica. Os estudos sobre a dor em crianças surgiram em meados dos anos 80 e atualmente as principais linhas de pesquisa buscam a integração de abordagens não-farmacológicas no controle da dor infantil como as técnicas de relaxamento. Durante a infância a dor pode diminuir a qualidade de vida da criança e de seus familiares, principalmente em crianças portadoras de doenças crônicas que necessitam de procedimentos médicos evasivos. O fato de a criança sofrer episódios de dor constantemente, como ter que receber medicação por via endovenosa por várias vezes ao dia, vem sendo considerado um dos principais agentes estressores infantis (GUIMARÃES, 1999). Pimenta (2001) levanta a evidência de que não há uma correspondência tão rígida entre dor e lesões teciduais. Menciona que existe a possibilidade de ocorrerem, lesões teciduais sem a percepção de dor, como ocorre, em algumas patologias.

(22) degenerativas da medula espinal, bem como pode ocorrer dor sem presença de lesão tecidual que é exemplificada na dor fantasma e nos processos psicológicos que alteram a relação dor e lesões teciduais. A dor é classificada em dois tipos principais: rápida e lenta; esses dois tipos de dor possuem característica e propósitos diferentes. A dor rápida ou aguda é sentida em cerca de 0,1 segundo após a estimulação dolorosa ter sido iniciada. É, desencadeada em lesões de tecidos superficiais, como em picadas, cortes e choques na pele. Já a dor lenta ou crônica é percebida após 1,0 segundo ou mais ao início do estímulo doloroso. Este tipo de dor surge frente a lesões de tecidos superficiais e profundos e pode desencadear um sofrimento prolongado e insuportável (GUYTON, 1986). Segundo Guyton (1986), a transmissão do estímulo doloroso tem início nas terminações nervosas livres que estão distribuídas de forma difusa nas camadas superficiais da pele e nos tecidos internos, como o periósteo, as paredes arteriais e as superfícies articulares. Os outros tecidos na sua maioria são supridos de terminações nervosas de forma mais escassa, porém, eficiente para desencadear a percepção da dor com o surgimento de estímulos dolorosos. Os estímulos dolorosos são classificados como estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. A dor rápida é desencadeada por estímulos mecânicos ou térmicos, enquanto a dor lenta pode ser desencadeada pelos três tipos de estímulos. A temperatura passa a ser um estímulo doloroso quando atinge um pouco mais de 45 graus. A esta temperatura os tecidos também passam a serem destruídos com a permanência deste estímulo. Provavelmente a dor desencadeada pelo calor, esta correlacionada com a intensidade que a destruição dos tecidos ocorre. Dentre as substâncias químicas que estimulam os receptores de dor estão a bradicinina, a serotonina, a histamina, os íons de potássio, os ácidos, a aceltilcolina e as enzimas proteolíticas. A bradicinina é considerada a substância que mais estimula a despolarização das terminações nervosas livres, já os íons de potássio e as enzimas proteolíticas aumentam a permeabilidade das membranas nervosas e melhoram a condutibilidade da dor. As lesões teciduais causadas por ação mecânica, como por exemplo, a contusão muscular, libera extratos químicos como os descritos acima e geram dor. Com o bloqueio do fluxo sangüíneo por alguns minutos, a dor começa a ser sentida, provavelmente pela.

(23) destruição de células teciduais e/ou pela mudança metabólica induzida pela isquemia. O metabolismo passa a ser anaeróbico e, portanto, passa a produzir uma grande quantidade de acido lático que se acumula no tecido isquêmico e estimula os receptores de dor. O espasmo muscular também é uma causa comum de dor por causar isquemia e por estimular os receptores mecanossensiveis de dor pela compressão mecânica. Cada tipo de dor embora possua o mesmo receptor, tem a sua transmissão para o sistema nervoso central ocorrendo por vias diferentes. A dor rápida-aguda é transmitida por nervos periféricos através das fibras mielinizadas A-Delta, com a velocidade de 6 a 30 m/ s e a dor lenta-crônica é transmitida pelas fibras amielinizadas do tipo C, com a velocidade de 0,5 e 2 m /s (GUYTON, 1986; GRIEVE, 1994).. Continuando com a leitura de Guyton (1986), em decorrência da existência dessas duas vias de transmissão, tem-se a sensação de dor dupla frente a um estímulo doloroso. Uma dor rápida é transmitida pela fibra A e uma dor lenta que surge cerca de 1 segundo depois, é transmitida pela fibra C. A dor rápida faz com que ocorra uma reação imediata para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta torna a percepção dolorosa mais intensa, e com o tempo desencadeia novas reações para tentar eliminar a possível causa da dor. Os sinais de dor ao serem conduzidos para a medula espinal nos cornos dorsais, possuem duas vias para o encéfalo uma é o trato neoespinotalâmico e a outra é o trato paleoespinotalâmico. As fibras de condução de dor rápida do tipo A, terminam na lâmina I dos cornos dorsais e excitam neurônios de segunda ordem constituintes do trato neoespinotalâmico. Os neurônios de segunda ordem dão origem a fibras longas que cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e seguem em direção ao tronco encefálico, pelas colunas ântero-laterais. Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco encefálico, porém, a maioria estende-se até a tálamo e termina no complexo ventrobasal, junto ao sistema coluna dorsal-leminesco medial para as sensações táteis e algumas fibras terminam no grupo nuclear posterior do tálamo que irá regular a consciência e as emoções relacionadas a dor. Do tálamo, os sinais são conduzidos para outras áreas basais do cérebro e do córtex somatossensorial. Quando é desencadeada a dor rápida, a sua localização nas diferentes partes do corpo é muito mais precisa do que a dor lenta. A estimulação conjunta entre.

(24) receptores dolorosos e do tato pelo sistema coluna dorsal leminesco medial é que garante a precisão da localização da área corporal dolorosa. Existem evidências de que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada na medula espinal e nas terminações das fibras nervosas do tipo A. O glutamato é considerado o principal neurotransmissor expiatório do sistema nervoso central,. sua. ação. ocorre. em. cerca. de. poucos. milissegundos.. A. via. paleoespinotalamica que transmite a dor, especialmente a partir das fibras nervosas periféricas de dor do tipo C, transmitem também alguns sinais das fibras de dor do tipo A em direção ao cérebro. Provavelmente as terminações das fibras de dor tipo C que ingressam na medula espinal secretam o glutamato e a substancia P. O glutamato rapidamente excita os neurônios, entretanto, a sua duração exitatória é curta em torno de alguns milissegundos, a substancia P por sua vez é liberada de forma lenta, aumentando a sua concentração ao longo de segundos ou minutos. A ação do glutamato resulta na sensação da dor imediata e a substância P resulta na sensação tardia e prolongada da dor. A via paleoespinatalâmica da dor lenta-crônica termina de forma difusa no tronco encefálico. Essas regiões inferiores do encéfalo provavelmente estão correlacionadas com a percepção dos diferentes tipos de dor lenta. Somente um décimo a um quarto das fibras direcionam-se diretamente para o tálamo. A transmissão da dor a partir do tronco encefálico, passa por múltiplos neurônios de fibras curtas responsáveis por retransmitirem os sinais de dor para os núcleos intralaminares e ventrolaterais do tálamo e para certas regiões do hipotálamo e outras regiões próximas do encéfalo basal. A dor lenta-crônica pode ser localizada em uma grande área corporal, mas não em um ponto especifico, devido à conectividade difusa e multissináptica da via paleoespinotalâmica. Possivelmente os impulsos de dor que chegam na formação reticular do tronco encefálico, no tálamo e em outros centros inferiores são responsáveis pela sensação consciente da dor. Este fato não significa que o córtex cerebral não tenha função na percepção da dor, acredita-se que as áreas somatossensoriais corticais atuam principalmente na interpretação da qualidade da dor percebida pelos centros inferiores. As estimulações dos centros inferiores onde termina o tipo de dor lentacrônica, aciona a atividade nervosa por todo o encéfalo. O que explica o estado de.

(25) alerta de quem sente dor, tanto quanto a sua dificuldade em dormir. A dor desencadeia também respostas reflexas e psíquicas como: os reflexos de retirada, excitabilidade muscular excessiva em todo o corpo, náusea, choro, angustia, ansiedade e depressão. Damásio (1996) vai além e descreve que a dor e o sofrimento estão diretamente relacionados com a evolução do homem em termos biológicos, sociais e culturais. Para o mesmo autor, o comportamento social humano é muito complexo e possui mecanismos inatos, os quais são possivelmente as bases da estrutura ética humana. Possui também mecanismos mais sofisticados, que surgiram, foram e são transmitidos de forma cultural. As reações à dor são respostas constituídas a partir de um componente genético (inato) e de um componente cultural que é determinado pelo aprendizado diferenciado de cada grupo social. A relação da dor e do comportamento social esta nessas estratégias que provavelmente surgiram, como um meio de abrandar o sofrimento sentido por indivíduos, cuja capacidade de lembrar o passado e antever o futuro tinham obtido um conspícuo desenvolvimento. Significa que essas estratégias eram utilizadas nos momentos em que a sobrevivência era ameaçada ou ainda quando era necessário melhorar a qualidade de vida (DAMÁSIO, 1996). Os cérebros das espécies que atingiram este grau de desenvolvimento necessitavam serem dotados de uma grande capacidade de memória para categorizar diferentes objetos e acontecimentos, associada a uma capacidade de igual. magnitude. para. manipular. os. componentes. dessas. representações. memorizadas, bem como ter a habilidade de manipular novas criações por meio de novas combinações. A utilidade dessas criações esta na formulação de planos futuros e na criação de novas metas que melhorassem a sobrevivência (DAMÁSIO, 1996). Desta forma, ao longo da evolução humana, a dor associada a outros fatores predominantemente de prazer, possibilitou o desenvolvimento biológico e social. Por gerarem no âmbito biológico a necessidade do aparecimento de novos sistemas e estruturas corporais, como o sistema imunológico, o hipotálamo e os córtices frontais ventromedianos e no âmbito social, o que comprova a sua evolução foi a necessidade de formular a declaração dos Direitos do Homem (DAMÁSIO, 1996)..

(26) A dor pode ser considerada uma das alavancas de que o organismo precisa para que as estratégias instintivas e adquiridas atuem com eficácia. Provavelmente foi também um dos instrumentos que controlaram o desenvolvimento das estratégias sociais de tomada de decisão. Por terem levado os grupos sociais a experimentarem as conseqüências dolorosas dos fenômenos psicológicos, sociais e naturais que tornaram possível o desenvolvimento de estratégias culturais e intelectuais para permitir a adaptação dos indivíduos frente às experiências de dor e para conseguir agir de forma correta para reduzi-la (DAMÁSIO,1996). A dor surge com a tomada de consciência do estado do corpo modificado por algum agente. A percepção dos estímulos dolorosos é estabelecida na estrutura cerebral. O cérebro organiza a representação da alteração da percepção somatossensorial proveniente da pele, de uma mucosa ou de um local dos sistemas corporais em um primeiro plano na seqüência o cérebro passa a perceber uma alteração mais geral do estado do corpo que corresponde a uma emoção. A percepção desta emoção é modulada por neurotransmissores e neuromoduladores, que afetam a transmissão de informações e funcionamento das diferentes regiões cerebrais que participam na representação corporal. Atualmente, Damásio (2004) considera os sentimentos de dor e prazer alicerces da mente já que revelam o estado da vida dentro do organismo. A liberação de endorfinas frente a um episodio de dor pelo sistema de analgesia é um fator que pode alterar a percepção da dor anulando-a e ou transformando-a em uma percepção de prazer (DAMÁSIO, 1996). Guyton (1986), compartilhando deste pensamento, descreve que o sistema de analgesia e constituído pela substância cinzenta periaquedutal, pelas áreas periventriculares do mesencéfalo e da porção superior da ponte que circundam o aqueduto de Sylvius e também por porções do terceiro e quarto ventrículos. Os neurônios dessas regiões enviam sinais para o núcleo magno da rafe e para o núcleo reticular paragigantocelular. A partir destas regiões os sinais são transmitidos ao longo das colunas dorso-laterais da medula para o complexo inibitório da dor, localizado nos cornos dorsais da medula espinal que podem inibir grande parte da transmissão da dor para o encéfalo..

(27) Os neurotransmissores implicados na analgesia são as encefalinas e a serotonina. Acredita-se que estas substâncias promovem a analgesia por atuarem na inibição sináptica. Os aspectos psicológicos, tanto quanto os aspectos fisiológicos, culturais e sociais descritos anteriormente, devem ser integrados ao estudo e ao tratamento da dor.. Existe uma diversidade de reações comportamentais em situações de dor em. adultos e principalmente em crianças, o estado emocional da criança e o interesse, fazem com que ela reaja de forma diferente frente à dor, se ela estiver realizando uma atividade que lhe seja prazerosa como brincar e se machuca, sua reação à dor não será tão intensa como se obtivesse esta mesma lesão em uma atividade que não lhe fosse tão prazerosa (GUIMARÃES, 1999). As emoções, a cognição e o comportamento podem participar do processo de modulação da dor, por atuarem diretamente na percepção e na elaboração da resposta aos estímulos dolorosos (CARVALHO, 1999). Sintomas. psicológicos. como. depressão, ansiedade. e. estresse, são. considerados aspectos moduladores do aparecimento de síndromes dolorosas (CARVALHO, 1999). A depressão é considerada o distúrbio psicológico mais comumente identificado em pacientes portadores de dor crônica. Ao mesmo tempo os sintomas físicos são freqüentemente observados em indivíduos com depressão. O paciente com depressão demonstra perda da auto-estima, sintomas somáticos caracterizados por quadros álgicos crônicos (cefaléia, lombalgia, dor torácica e musculoesquelética) e insônia. A relação entre dor e depressão frente a estes fatos é evidente, sendo que em algumas situações a dor é a causa e em outras ela é o efeito (FIGUEIRÓ, 1999). Pacientes com dor crônica e depressão, freqüentemente relatam, maior intensidade álgica, menor capacidade de controle de suas vidas, maior uso de estratégias passivas e evitativas de enfrentamento, maior dependência nas atividades de vida diária e comportamentos doentios (FIGUEIRÓ, 1999). A descrição da depressão em crianças é recente, mas acredita-se que ela pode estar presente até mesmo antes da idade pré-escolar. Os sinais e sintomas da depressão na criança podem ser percebidos pela inexpressividade facial, por.

(28) retraimento ou inquietude corporal, alterações do sono, falta de apetite, tristeza, dor no abdome e na cabeça, entre outros (MALAGRIS; CASTRO, 2000). As causas da depressão na criança podem ser divididas em orgânicas e ou comportamentais. As causas comportamentais estão relacionadas, com a maneira que a criança percebe e estrutura seu mundo, com a falta de habilidades sociais e com a interação inadequada entre a criança e seus pais ou por vivenciar situações negativas que vão além do seu controle como a morte de um parente muito próximo e querido (MALAGRIS; CASTRO, 2000). As emoções e, conseqüentemente, a conduta de uma criança dependem de como ela se relaciona com o mundo que a cerca, se ela adota uma visão negativa do mundo e de si psicologicamente ela poderá estar mais suscetível a desenvolver depressão. Por falta de vivenciar situações que favoreçam o desenvolvimento de habilidades sociais como participar de festas, ir ao clube e ter amigos e brincar, pode levar a uma incapacidade de adequação social que gera desprazer frente as situações sociais. O desprazer social possivelmente vai fazer com que esta criança procure o isolamento onde supostamente desenvolvera um quadro depressivo (MALAGRIS; CASTRO, 2000). As causa biológicas da depressão estão relacionadas com achados fisiológicos dentre eles a diminuição da latência da fase Rem do sono, diminuição da melatonina plasmática e diminuição da ligação de H3-imipramina a plaquetas, estes dados ainda precisam ser investigados e correlacionados com a depressão (FIGUEIRÓ, 1999). A depressão biológica possui um histórico familiar, o que caracteriza a transmissão genética. Crianças com depressão biológica apresentam falta de prazer na vida sem uma causa ambiental aparente (MALAGRIS; CASTRO, 2000). Um outro sintoma psicológico relacionado com a dor é a ansiedade. Ansiedade é definida por um estado emocional de apreensão, preocupação ou inquietação com relação a uma ameaça potencial. Em crianças, alterações na respiração,. dores. abdominais,. rubor,. urgência. urinaria,. tremor,. distúrbios. gastrointestinais, voz tremula, postura rígida, choro demasiado e pensamentos negativos sobre possíveis situações de perigo ou crítica, são sintomas freqüentes de ansiedade (MALAGRIS; CASTRO, 2000)..

(29) Malagris; Castro (2000) descrevem que certas situações parecem estar ligadas ao inicio ou intensificação da ansiedade: inicio das atividades escolares, mudança de casa e ou de escola, gravidez da mãe, nascimento de um irmão, doença da criança, a hospitalização, perdas de pessoas queridas, crises familiares e doença dos pais. As crianças mais ansiosas sentem-se ameaçadas com as situações cotidianas, sempre antecipam fracassos e experimentam sintomas desagradáveis ao ter que realizar tarefas simples que lhe competem por parecerem ameaçadoras. Acredita-se que as respostas comportamentais frente a situações de medo, ansiedade e ou estresse, podem ser transmitidas de duas formas: pela observação do comportamento do grupo social em que o organismo esteja inserido, e pela transmissão genética (DAMÁSIO, 2004; KALIN, 2004). Kalin (2004), em suas experiências sobre o medo e a ansiedade realizadas em macacos Rhesus e, posteriormente, em humanos, demonstrou que as diferenças individuais no comportamento defensivo exagerado estão relacionadas com a atividade elétrica cerebral frontal assimétrica. Os macacos e os humanos, que apresentaram atividade cerebral frontal direita maior em relação aos outros da sua espécie, apresentavam também aumento do hormônio cortisol e comportamento predominantemente ansioso (KALIN, 2004). Os macacos bebês, durante as experiências observavam as reações maternas e passavam a reproduzir as mesmas reações, o que justifica salientar que parte do comportamento pode ser aprendido pela observação. Em analises da atividade cerebral de mães e filhos (macacos) também, encontrou-se atividade cerebral similar entre ambos. Mães que apresentavam maior atividade cerebral frontal tinham filhos que apresentavam o mesmo padrão de atividade cerebral, o que justifica a transmissão genética do comportamento de medo e ansiedade. O córtex pré-frontal, a amígdala e o hipotálamo são estruturas interligadas que participam da neurobiologia do medo. Sendo o córtex pré-frontal uma área cognitiva e emocional, estima-se que a sua função é interpretar os sinais sensoriais, avaliando o potencial de perigo. A amígdala participa da gênese do medo e o hipotálamo integra o sistema hipotálamo-hipofise-supra-renal. Em uma situação de medo que leva ao estresse, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de corticotropina. Com a liberação deste hormônio a hipófise passa a ser estimulada, para produzir o hormônio adrenocorticotropico (ACTH), que induz a supra-renal a.

(30) produzir o cortizol com o objetivo de preparar o organismo para a defesa (KALIN, 2004). Kalin (2004) acredita que os neurônios que liberam os opiáceos endógenos neste momento de ansiedade são inibidos, o que leva a uma sensação de desprazer que denota vulnerabilidade e produz respostas motoras para a busca da solução do problema inicial. Considerando que os opiáceos endógenos atuam na modulação da dor, o fato de que a produção destas substâncias serem inibidas nos momentos de ansiedade, esta inibição talvez seja a causa da dor em situações de ansiedade e estresse. Uma explicação já aceita na relação dor e ansiedade é de que a preocupação que acompanha os quadros ansiosos gera aumento da tensão muscular por longo período e acaba produzindo isquemia desse tecido, desencadeando dor como descrito anteriormente. Os mecanismos de estresse que são iguais aos mecanismos da ansiedade também podem ser desencadeadores da percepção de dor (FIGUEIRÓ, 1999). Recentes pesquisas moleculares e farmacológicas identificaram a relação do sistema imunológico com o cérebro e destes com os quadros de estresse. O sistema cerebral elabora respostas fisiológicas e de comportamento para favorecer a preservação da vida em momentos de perigo. Atenção, medo e reação de fuga ou luta, são aguçados. O sistema imunológico e o sistema cerebral agem conjuntamente para permitir o equilíbrio orgânico interno - a homeostase (GOLD; STERNBERG, 2004). O hormônio que libera a corticotropina (CRH), desencadeia reposta no sistema imunológico e no sistema cerebral através do hormônio cortisol. O cortisol aumenta a freqüência cardíaca, sensibiliza os vasos a ação da noradrenalina, altera muitas funções metabólicas, que possibilitam o corpo enfrentar as situações de estresse. Da mesma forma, é um vigoroso imuno-regulador e agente antiinflamatório, que impede a ação excessiva do sistema imunológico. As secreções excessivas do cortisol, da adrenalina e da noradrenalina relacionados ao estresse, alteraram as habilidades do sistema imunológico frente aos agentes infecciosos e a moléculas estranhas. No estresse agudo ocorre um aumento na atividade das células imunológicas que desencadeiam reações alérgicas como as dermatites de contato. Num segundo.

(31) momento. quando. o. estresse. se. torna crônico sua ação. passa. a ser. imunossupressora podendo surgir doenças infecciosas e inflamatórias com altos índices de dor. Neste momento o organismo entra em um ciclo, onde a dor aumenta o quadro de estresse e o estresse intensifica cada vez mais a dor.. Concluindo, a dor esta presente em todos os períodos da vida do homem mesmo quando este é considerado sadio sofre episódios de dor. É um fator primordial de defesa, porém, quando intensa e de longa duração pode passar a ser uma ameaça a vida ou pelo menos ser um fator de diminuição de qualidade de vida o que justifica a necessidade de buscar formas eficazes para a sua supressão tais como, as diferentes técnicas de relaxamento psicofísico..

(32) 3.. O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA CORPORAL. Este capítulo, objetiva conceituar a gênese da. consciência corporal e. descrevê-la evidenciando a relação mente-corpo no contexto da saúde humana, em uma abordagem biológica. A descrição da consciência corporal se faz necessária já que é considerada. um dos principais efeitos das técnicas de relaxamento. psicofísico, que serve de base para o desenvolvimento psicomotor. Foi somente no século XX que o corpo passou a ser estudado por neurologistas, psicólogos e psiquiatras entre outros profissionais, pela necessidade de entender as estruturas cerebrais e os fatores desencadeantes das diferentes patologias envolvidas nas atividades destes profissionais (FONSECA, 1996). A essência do homem residia exclusivamente em seus pensamentos, seu corpo era considerado simplesmente uma extensão que não participava do ato de pensar. A alma era completamente distinta do corpo, porém, não podia existir sem este corpo objeto (BUENO, 1998). Segundo Fonseca (1996), o corpo segregado dos aspectos espirituais, foi colocado por muitas vezes em um plano de fundo o que levou o homem a dar pouca importância aos estudos relacionados a existência corporal. Os estudos realizados a partir do século XX por vários pesquisadores descrevem o corpo não só como o meio de comunicação com o mundo, como também uma referência cinestésica para a constituição do eu. Vários são os termos que surgem referentes ao corpo, imagem espacial do corpo, esquema corporal, esquema postural, imagem de si, imagem do nosso corpo e somatognosia. Estas diferentes designações pretendem descrever as sensações corporais e a sua participação na construção do Eu..

(33) Fonseca (1996) afirma ainda que o esquema corporal representa um processo psicofisiológico, que surge das informações sensoriais motoras resultantes do corpo em movimento, das informações vinculadas aos aspectos emocionais e às necessidades biológicas do organismo. Le Boulch (2001) descreve a imagem do corpo como sendo o equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Considera que esta surge através das relações do organismo com o meio, organizando-se como núcleo central da personalidade.. Para Bueno (1998), a imagem corporal difere do esquema corporal. Para a autora, o esquema corporal é o conhecimento intelectual das partes do corpo e das suas funções, através deste esquema a criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam. Sua personalidade se desenvolverá gradativamente através da progressiva tomada de consciência de seu corpo, do seu ser e de suas possibilidades de agir e transformar o mundo. Já a imagem corporal é somente a impressão que a pessoa tem de si mesma em relação a sua estrutura corporal. Com base nas definições descritas, podemos observar que podem existir algumas diferenças entre os autores quanto a conceituação de imagem corporal e de esquema corporal. Enquanto Fonseca os descreve como conceitos de mesmo significado, Bueno difere um termo do outro e a descrição de Le Boulch para imagem corporal se assemelha a descrição que Bueno atribui de esquema corporal. Segundo Oliveira (1992), a consciência corporal. chamada por Piaget de. consciência elementar, fundamenta-se na percepção do próprio eu corporal como um todo. Salienta também a importância da consciência corporal, relatando que a mesma organiza as experiências táteis, visuais, cinestésicas, gustativas, auditivas e interoceptivas na procura. do objeto significativo. Portanto a coordenação dos. esquemas é um pré-requisito para a consciência corporal que é precedente à consciência simbólica. A gênese da consciência corporal, inicia-se a partir do momento do nascimento pela experimentação de mudanças ambientais . A experiência que o bebê. possui até então é a de um meio estável que supre suas necessidades. fisiológicas. Ao nascer, vai sentir mudanças climáticas, mudanças de luminosidade, entre outras e suas necessidades não serão mais supridas da mesma forma.

(34) anterior; o bebê passa a sentir a falta de seu ambiente anterior a se sentir incompleto. A sensação de incompletude seria demasiadamente dramática se ao nascer o bebê se percebesse separado de sua mãe. Essa sensação de falta contudo é que o impele a buscar fora de si o que precisa, ou seja, a agir motoramente (OLIVEIRA, 1992). Através dos esquemas sensório-motores que vão se coordenando com a interação com o meio e com o objeto significativo, o bebê paulatinamente vai se percebendo como um todo, o que permite estabelecer o processo de separação sujeito-objeto. Esta separação ocorre à medida que surgem as resistências (impostas principalmente por pessoas significativas) que lhe dão possibilidades de ir demarcando o seu próprio corpo, juntamente com as sensações de aceitação, de acolhida, proteção e calor do outro, o que possibilita a significação do meio de forma motivada e particular, de tal maneira que ele se abre gradativamente a esse meio que lhe é acolhedor. O bebê, entre o fim do primeiro mês e segundo e terceiro meses brinca com o seu próprio corpo, através desta brincadeira chamada de exercício ele está aprendendo a lidar com o seu próprio corpo e exercitando os seus esquemas sensório-motores organizando-os. No quarto mês, com o ganho em complexidade da coordenação óculo-motora, o bebê adquire uma certa intencionalidade na ação. Repete o que foi aprendido por acaso, incluindo um objeto externo na. ação. (OLIVEIRA; BOSSA, 2001). Aos oito meses ele percebe que os objetos continuam a existir mesmo estes estando fora do seu campo perceptivo (permanência do objeto). Uma vez aprendida a permanência do objeto o bebê consegue organizar suas ações, elaborando mecanismos para atingir suas metas, afirmando-se na intencionalidade da ação. Separa-se do objeto favorecendo o surgimento da representação pré-simbólica. A consciência de si, do outro e a representação simbólica vão se desenvolvendo de forma gradual e complementar.A consciência corporal da separação da mãe seria extremamente difícil se o bebê não esboçasse uma forma pré-simbólica de representá-la perto de si. Esta fase é de suma importância para o desenvolvimento da consciência corporal do bebê. Nesse momento, aparece pela primeira vez um equilíbrio relativo entre assimilação (prazer) e acomodação (tensão ou esforço para se obter algo). A homeostase de forma já gerenciada por processos psíquicos mais elaborados. O bebê já tem intencionalidade. Vê-se portanto como o equilíbrio entre.

Referências

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