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CONSUMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: A DINÂMICA DO MERCADO NA BUSCA DO LUCRO. Mateus Vieira Orio 1

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Academic year: 2021

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1 CONSUMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: A DINÂMICA DO MERCADO NA BUSCA DO LUCRO

Mateus Vieira Orio1

Introdução2

Na sociedade contemporânea o consumo aparece inicialmente como mera troca de mercadorias por outra mercadoria: o dinheiro (eletrônico, cheque ou espécie) e a posse deste aparece como fruto de trabalho e empenho individuais. As desigualdades no consumo ilustram as diferenças entre ricos e pobres, entre aqueles que têm prestígio e os que não o têm, e estas desigualdades aparecem como triviais ou mesmo naturais. Por isso torna-se necessário um estudo aprofundado do consumo em suas múltiplas determinações para uma compreensão dos fundamentos histórico-sociais das relações que aparecem naturalizadas por uma compreensão superficial desta sociedade.

O objetivo deste trabalho é o estudo do consumismo do ponto de vista da dinâmica social do mercado. Tendo como base as teorias que abordam a relação entre produção capitalista e consumo, pretende-se empreender uma investigação acerca dos fundamentos histórico-sociais do consumismo, bem como do desenvolvimento do capitalismo contemporâneo e sua dinâmica na criação de novas necessidades para a reprodução socialsegundo a lógica do lucro.

Para tanto é proposto um estudo da criação e aprimoramento do computador, do desenvolvimento da informática e, por meio de pesquisa bibliográfica, bem como do levantamento de dados acerca dos diversos produtos lançados ao mercado e suas respectivas relações com consumo e lucro, entender como este conjunto de

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Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás.

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2 mercadorias passa a ser extremamente volátil na diversificação da produção com o vertiginoso desenvolvimento de novos softwares – aplicativos, games, sistemas operacionais, etc. – e hardwares – MP3 players, pen drives, impressoras, etc. – ajustados à criação de símbolos que motivam a aquisição de bens a serviço da aparência alimentando os anseios de lucro no modo de produção capitalista.

Consumo na sociedade capitalista

A modernidade, advinda a partir do século XIX, constitui o período que tem como marco a Reforma Protestante, a Revolução Francesa, e a Revolução Industrial que inaugura o capitalismo como modo de produção e reprodução das condições materiais da então sociedade ocidental. Este modo de produção veio a se tornar, contemporaneamente, predominante em todo o mundo.

O consumismo é característico da sociedade capitalista onde a produção de mercadorias – que é crescente e invade novos espaços – se dá sob a contradição entre capitalistas – não produtores, proprietários dos meios de produção – e trabalhadores – produtores, proprietários meramente de força de trabalho. A classe social dos capitalistas tem como objetivo fundamental a obtenção de lucro, essencialmente pela expropriação do mais-valor que é, nada mais, que trabalho efetivado pelos produtores não pago pelos capitalistas. Este modo de produção é marcado por intensa competição e constantes recessões, fazendo com que haja uma tendência expansionista e uma constante busca pelo aumento dos lucros por meio da subjugação dos trabalhadores, da racionalização do trabalho, do imperialismo e, além de outras coisas, da criação de novas necessidades.

A lógica da criação de novas necessidades parte da criação de novos bens de consumo. Nesta sociedade há a crença de que maior aquisição acarreta maior prestígio social. Ademais necessidades são construções sociais, o que é necessário para uma sociedade pode não o ser para outra. Distinguimos então dois tipos de necessidades: as vitais e as conspícuas – que chamaremos aqui de supérfluas:

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3 Cada produto na sociedade de consumo simboliza alguma coisa. Os símbolos são incorporados à infinidade de bens de consumo disponíveis no mercado sob a ação direta dos meios de comunicação de massa. Estes símbolos resultam da criação infinita e múltipla de novas necessidades ajustadas, evidentemente às condições históricas das organizações sociais. Assim, na nossa sociedade, é comum comprar um carro ou uma casa em função do status que a posse do mesmo confere ao seu consumidor. Compra-se um símbolo ou uma imagem a partir da criação de necessidades exteriores aos desejos originais do homem. Estes são os bens de consumo conspícuo que distinguimos dos vitais. Eles representam o supérfluo, fruto da criação infinita de novas necessidades concretizadas em novos bens de consumo. Tal armadilha do mercado envolve o homem na busca ansiosa de auto-satisfação levando-o, inconscientemente, a comprar tudo aquilo que aparentemente lhe traz felicidade. Assim, se um bem ou um dispêndio serve para intensificar a vida humana em sua totalidade, se ele promove o processo vital impessoalmente, ele é um bem vital. Caso o dispêndio se oriente para o preenchimento de necessidades que atendam à aparência, deixa de ser vital para ser conspícuo. (PIETROCOLLA, 1987, p.40)

Para o capitalismo a criação de necessidades supérfluas é essencial. Na sociedade capitalista os bens supérfluos tendem a ser confundidos com bens vitais e quanto mais alguém vê supridas as suas necessidades vitais, mais se sujeita à persuasão de bens supérfluos. Além de objetos são vendidas também imagens e símbolos que invadem a vida social criando concepções da sociedade cada vez mais ilusórias (PIETROCOLLA, 1987).

Constituição e desenvolvimento do computador

A constituição da informática é perpassada pelos valores culturais de lógica e racionalidade fundamentados na imperfeição humana. O sentimento de frustração do ser humano em gastar muito tempo realizando atividades vitais é a chave para entender a criação de automatismos. A criação de autômatos parte do princípio de que o ser humano regula e programa algum objeto para que este desenvolva por si só as atividades pretendidas pelo criador. (BRETON, 1991)

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4 Com a industrialização, a confecção de máquinas e automóveis, o desenvolvimento do Estado, de sistemas políticos, das trocas comerciais, das ciências exatas, etc. a necessidade de cálculos passa a crescer cada vez mais. Os computadores viriam para ser instrumentos de cálculo adaptados a resolver grande variedade de problemas. (BRETON, 1991)

Vários interesses perpassam o desenvolvimento dos domínios da informática desde um manejo livre e democrático da informação até a guerra e demais formas de opressão. Porém a difusão real da informática se dá mesmo pela força dos interesses militares e mercantis. Na guerra moderna o combate corpo a corpo perde a preponderância em detrimento do uso de projéteis, nesta conjuntura o tempo de observação e decisão é sobre-humano. A guerra fria, por isso, dá margem a grande desenvolvimento e inovações nos computadores, amplamente financiados pelo governo estadunidense que não poupará gastos com a defesa nacional resultando na construção de computadores sofisticados, confiáveis e bastante caros.

Os supercomputadores, o que há de mais avançado em tecnologia, jamais chegam ao usuário comum, civil. Isto porque os custos são muito altos e as empresas não se lançam à produção destes tipos ao grande mercado. O consumo civil está sempre à margem daquele consumo estatal de objetivos científicos e bélicos. O lançamento de novos produtos no mercado compreende tecnologia já defasada o que leva a questionar acerca das inovações lançadas frequentemente, se são realmente inovações ou se são apenas tecnologia já suficientemente barata a ponto de poder ser difundida, efetivando o dinamismo do mercado.

A indústria da informática apresentou um dinamismo sem precedentes. Na crise de 1973 ela foi uma das poucas que conseguiu manter altas taxas de crescimento. As companhias que se firmaram no ramo foram as que primeiro se estabeleceram. As principais eram notadamente estadunidenses, tiveram inicialmente a influência dos financiamentos militares que foram muito importantes na pesquisa e desenvolvimento. E a produção destas companhias esteve, por muito tempo, ligada às

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5 encomendas do Estado. “A maioria das invenções em eletrônica e em informática realizada sob contratos militares será realmente difundida na indústria sem que na maior parte do tempo, as companhias gastem um único dólar com elas.” (BRETON, 1991, p.206).

A indústria da informática é marcada inicialmente pelo predomínio estadunidense a nível mundial e da IBM a nível de empresa. Cinco outros países completam o grupo dos seis maiores produtores: França, Reino Unido, Alemanha, Japão e Itália. Os grandes sucessos comerciais não eram necessariamente aqueles que apresentavam tecnologia mais avançada e os custos de se ingressar nesta indústria ficavam cada vez mais caros favorecendo as companhias já consolidadas. (BRETON, 1991)

O desenvolvimento do mercado da informática está ligado também à criação de um espírito de consumo destas novas máquinas, pois elas muitas vezes realizavam meramente o trabalho que as antigas máquinas mecanográficas podiam realizar. Este espírito foi encontrado no setor do comércio estadunidense que estava aberto a inovações tecnológicas. Juntamente com as máquinas as companhias vendem uma ideia nova de organização social. Comprar um computador não era comprar uma máquina, mas um novo estilo de gestão, decisão e de organização. (BRETON, 1991)

A cultura da informática se expande com a ideia de modernização trazendo a ilusão do computador para todos, mas as inovações se concretizam sob a lógica do lucro das grandes companhias que desfrutam do dinamismo da tecnologia informática e a venda de artigos de informática compreende a criação de símbolos em alusão ao prestígio social em que acarreta a posse destes artigos.

Referências Bibliográficas

BRETON, Philippe. História da Informática. São Paulo: Unesp, 1991.

PIETROCOLLA, Luci Gati. Que Todo Cidadão Precisa Saber Sobre Sociedade de Consumo. São Paulo: Global, 1987.

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