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Academic year: 2021

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Ementa e Acórdão

15/10/2013 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 116.929 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

PACTE.(S) :ADRIANO PEREIRA PREITE

PACTE.(S) :JORGE EDGAR GATTO

IMPTE.(S) :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO

COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS

SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL. INADMISSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA JULGAR HABEAS CORPUS: CF, ART. 102, I, d E i. ROL TAXATIVO. TRÁFICO DE DROGAS PRATICADO NAS IMEDIAÇÕES DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO (ART. 33, CAPUT, C/C ART. 40, III, AMBOS DA LEI 11.343/2006). REDISCUSSÃO DE CRITÉRIOS DE DOSIMETRIA DA PENA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA DEVIDAMENTE MOTIVADA. AUSÊNCIA DE ARBITRARIEDADES NO ACÓRDÃO DE ORIGEM. IMPOSISIBILIDADE DE REVISÃO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ORDEM EXTINTA POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.

1. O tráfico de drogas nas imediações de estabelecimentos de ensino é suficiente para incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, independente de os agentes visarem ou não os frequentadores daquele local.

2. A dosimetria da pena, bem como os critérios subjetivos considerados pelos órgãos inferiores para a sua realização, não são passíveis de aferição na via estreita do habeas corpus, por demandar minucioso exame fático e probatório inerente a meio processual diverso.

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Ementa e Acórdão

HC 116929 / SP

Turma, julgado em 01/03/2011; HC 94073, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 09/11/2010.

3. In casu, os pacientes foram condenados, respectivamente, a 5 (cinco) anos de reclusão e a 6 (seis) anos, 9 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão pela prática do delito previsto no art. 33, caput, c/c o art. 40, III, ambos da Lei 11.343/2006 (tráfico de drogas na imediações de estabelecimento de ensino), a ser cumprida no regime fechado, pois foram presos em flagrante, próximo a estabelecimento de ensino, na posse de 180 (cento e oitenta) pedras de crack, uma porção de maconha e R$ 257,00, em notas de pequeno valor.

4. O Superior Tribunal de Justiça, chancelando a dosimetria realizada pela Corte estadual, manteve a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, em razão dos pacientes terem sido flagrados praticando o crime de tráfico de entorpecentes próximo a estabelecimento de ensino.

5. No caso sub examine, conforme destacou a Procuradoria Geral da República, “o entendimento jurisprudencial e doutrinário é no sentido que a

causa de aumento deve incidir sempre que o tráfico seja praticado em locais em que há maior facilidade de difusão do vício diante da maior concentração pessoas. No caso, cuidando-se de crime praticado nas imediações de estabelecimentos de ensino, não há como negar que é maior o perigo para a saúde pública e, mais: não exige a lei que esse estabelecimento seja especialmente visado pelo delinquente. Basta a proximidade física e o conhecimento dessa proximidade”.

6. A competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer e julgar habeas corpus está definida, taxativamente, no artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, da Constituição da República, sendo certo que a presente impetração não está arrolada em nenhuma das hipóteses sujeitas à jurisdição desta Corte. Inexiste, no caso, excepcionalidade que justifique a concessão, ex officio, da ordem.

7. Ordem de Habeas corpus extinta por inadequação da via eleita. A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do 2

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HC 116929 / SP

Turma, julgado em 01/03/2011; HC 94073, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 09/11/2010.

3. In casu, os pacientes foram condenados, respectivamente, a 5 (cinco) anos de reclusão e a 6 (seis) anos, 9 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão pela prática do delito previsto no art. 33, caput, c/c o art. 40, III, ambos da Lei 11.343/2006 (tráfico de drogas na imediações de estabelecimento de ensino), a ser cumprida no regime fechado, pois foram presos em flagrante, próximo a estabelecimento de ensino, na posse de 180 (cento e oitenta) pedras de crack, uma porção de maconha e R$ 257,00, em notas de pequeno valor.

4. O Superior Tribunal de Justiça, chancelando a dosimetria realizada pela Corte estadual, manteve a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, em razão dos pacientes terem sido flagrados praticando o crime de tráfico de entorpecentes próximo a estabelecimento de ensino.

5. No caso sub examine, conforme destacou a Procuradoria Geral da República, “o entendimento jurisprudencial e doutrinário é no sentido que a

causa de aumento deve incidir sempre que o tráfico seja praticado em locais em que há maior facilidade de difusão do vício diante da maior concentração pessoas. No caso, cuidando-se de crime praticado nas imediações de estabelecimentos de ensino, não há como negar que é maior o perigo para a saúde pública e, mais: não exige a lei que esse estabelecimento seja especialmente visado pelo delinquente. Basta a proximidade física e o conhecimento dessa proximidade”.

6. A competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer e julgar habeas corpus está definida, taxativamente, no artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, da Constituição da República, sendo certo que a presente impetração não está arrolada em nenhuma das hipóteses sujeitas à jurisdição desta Corte. Inexiste, no caso, excepcionalidade que justifique a concessão, ex officio, da ordem.

7. Ordem de Habeas corpus extinta por inadequação da via eleita. A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do 2

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Ementa e Acórdão

HC 116929 / SP

Senhor Ministro Luiz Fux, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em julgar extinta a ordem de habeas corpus por inadequação da via processual, nos termos do voto do Relator.

Brasília, 15 de outubro de 2013. LUIZ FUX – Relator

Documento assinado digitalmente

Supremo Tribunal Federal

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HC 116929 / SP

Senhor Ministro Luiz Fux, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em julgar extinta a ordem de habeas corpus por inadequação da via processual, nos termos do voto do Relator.

Brasília, 15 de outubro de 2013. LUIZ FUX – Relator

Documento assinado digitalmente

Supremo Tribunal Federal

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Relatório

15/10/2013 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 116.929 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

PACTE.(S) :ADRIANO PEREIRA PREITE

PACTE.(S) :JORGE EDGAR GATTO

IMPTE.(S) :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO

COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de habeas corpus

impetrado contra acórdão proferido pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, cuja ementa possui o seguinte teor:

“HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CRIME

PRATICADO PERTO DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO. APLICAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PREVISTA NO ART. 40, INCISO III, DA LEI N.º 11.343/06. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. INEXISTÊNCIA. PERIGO ABSTRATO. ALEGADA IGNORÂNCIA DO FATO PELOS AGENTES. IRRELEVÂNCIA. HABEAS CORPUS DENEGADO.

1. Incide a causa de aumento de pena constante do art. 40, inciso III, da Lei de Tóxicos quando o crime tiver sido praticado nos locais designados no aludido dispositivo. A pena é elevada exclusivamente em função do lugar do cometimento da infração, tendo em vista a exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa.

2. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no firmou-sentido de que a simples prática do delito na proximidade de estabelecimentos listados no inciso III do art. 40 da Lei n.º 11.343/06 já é motivo suficiente para a aplicação da majorante,

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15/10/2013 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 116.929 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

PACTE.(S) :ADRIANO PEREIRA PREITE

PACTE.(S) :JORGE EDGAR GATTO

IMPTE.(S) :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO

COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de habeas corpus

impetrado contra acórdão proferido pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, cuja ementa possui o seguinte teor:

“HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CRIME

PRATICADO PERTO DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO. APLICAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PREVISTA NO ART. 40, INCISO III, DA LEI N.º 11.343/06. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. INEXISTÊNCIA. PERIGO ABSTRATO. ALEGADA IGNORÂNCIA DO FATO PELOS AGENTES. IRRELEVÂNCIA. HABEAS CORPUS DENEGADO.

1. Incide a causa de aumento de pena constante do art. 40, inciso III, da Lei de Tóxicos quando o crime tiver sido praticado nos locais designados no aludido dispositivo. A pena é elevada exclusivamente em função do lugar do cometimento da infração, tendo em vista a exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa.

2. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no firmou-sentido de que a simples prática do delito na proximidade de estabelecimentos listados no inciso III do art. 40 da Lei n.º 11.343/06 já é motivo suficiente para a aplicação da majorante,

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Relatório

HC 116929 / SP

sendo desnecessário que o tráfico de drogas vise os frequentadores desses locais.

3. Ordem de habeas corpus denegada.

Consta dos autos que os pacientes foram presos em flagrante em 30/03/2010, próximo a estabelecimento de ensino na posse de 48,9 (quarenta e oito gramas e oito decigramas) de cocaína e 39,5g (trinta e nove gramas e cinco decigramas) de Cannabis Sativa L (maconha), e R$ 257,00 (duzentos e cinquenta e sete reais), em espécie.

Ao final da instrução criminal, foram condenados, Adriano à pena de 1 (um) ano e 8 (oito) meses de reclusão e Jorge à pena de 5 (cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/2006.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu parcial provimento ao recurso de apelação do Ministério Público estadual para aplicar a majorante prevista art. 40, III, da Lei 11.343/06 (tráfico praticado próximo a estabelecimento de ensino), aumentando a pena de Adriano para 5 anos de reclusão e quinhentos dias-multa e de Jorge para 6 anos, 9 meses e 20 dias de reclusão e seiscentos e oitenta dias-multa, mantido o regime inicial fechado.

Irresignada, a defesa impetrou habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, que teve a ordem denegada pela Quinta Turma.

É contra esse acórdão que se insurge a impetrante.

Sustenta, em suma, que deve ser afastada a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, ao fundamento de que não restou demonstrada a intenção dos pacientes de difundir o uso da droga nas proximidades de estabelecimento de ensino.

Alega, ainda, que a sentença condenatória e o acórdão do TJSP que

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HC 116929 / SP

sendo desnecessário que o tráfico de drogas vise os frequentadores desses locais.

3. Ordem de habeas corpus denegada.

Consta dos autos que os pacientes foram presos em flagrante em 30/03/2010, próximo a estabelecimento de ensino na posse de 48,9 (quarenta e oito gramas e oito decigramas) de cocaína e 39,5g (trinta e nove gramas e cinco decigramas) de Cannabis Sativa L (maconha), e R$ 257,00 (duzentos e cinquenta e sete reais), em espécie.

Ao final da instrução criminal, foram condenados, Adriano à pena de 1 (um) ano e 8 (oito) meses de reclusão e Jorge à pena de 5 (cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/2006.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu parcial provimento ao recurso de apelação do Ministério Público estadual para aplicar a majorante prevista art. 40, III, da Lei 11.343/06 (tráfico praticado próximo a estabelecimento de ensino), aumentando a pena de Adriano para 5 anos de reclusão e quinhentos dias-multa e de Jorge para 6 anos, 9 meses e 20 dias de reclusão e seiscentos e oitenta dias-multa, mantido o regime inicial fechado.

Irresignada, a defesa impetrou habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, que teve a ordem denegada pela Quinta Turma.

É contra esse acórdão que se insurge a impetrante.

Sustenta, em suma, que deve ser afastada a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, ao fundamento de que não restou demonstrada a intenção dos pacientes de difundir o uso da droga nas proximidades de estabelecimento de ensino.

Alega, ainda, que a sentença condenatória e o acórdão do TJSP que

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Relatório

HC 116929 / SP

julgou o recurso de apelação realizaram interpretação divergente referente ao mencionado dispositivo legal, uma vez que sentença afirma que a incidência da mencionada majorante depende do dolo do agente, já a tese do acórdão admite que o elemento subjetivo é indiferente para a incidência da majorante.

Aduz, outrossim, que “foi admitido, em sentença e no acórdão, que não

houve qualquer nexo entre o delito praticado e os estabelecimentos educacionais supostamente próximos”.

Argumenta, nesse sentido, que não se demonstrou qualquer relação entre a conduta dos pacientes e as atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos mencionados, e que a mera caracterização de proximidade de instalações que se encaixem no previsto no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, não basta para a incidência da majorante.

Assevera, também, que não há que se aplicar a causa de aumento, pois a proximidade geográfica não exerceu qualquer relevância no delito imputado.

Afirma, ademais, que “é de suma importância que se comprove a

existência do elemento subjetivo, qual seja, a intenção incontestável de vender substâncias entorpecentes para aquele mercado consumidor, que no presente caso, seriam os estudantes”.

Requer, ao final, a concessão da ordem para excluir a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei 11.343/2006 da condenação dos pacientes.

A Procuradoria Geral da República manifestou-se pela denegação da ordem.

É o relatório.

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HC 116929 / SP

julgou o recurso de apelação realizaram interpretação divergente referente ao mencionado dispositivo legal, uma vez que sentença afirma que a incidência da mencionada majorante depende do dolo do agente, já a tese do acórdão admite que o elemento subjetivo é indiferente para a incidência da majorante.

Aduz, outrossim, que “foi admitido, em sentença e no acórdão, que não

houve qualquer nexo entre o delito praticado e os estabelecimentos educacionais supostamente próximos”.

Argumenta, nesse sentido, que não se demonstrou qualquer relação entre a conduta dos pacientes e as atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos mencionados, e que a mera caracterização de proximidade de instalações que se encaixem no previsto no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, não basta para a incidência da majorante.

Assevera, também, que não há que se aplicar a causa de aumento, pois a proximidade geográfica não exerceu qualquer relevância no delito imputado.

Afirma, ademais, que “é de suma importância que se comprove a

existência do elemento subjetivo, qual seja, a intenção incontestável de vender substâncias entorpecentes para aquele mercado consumidor, que no presente caso, seriam os estudantes”.

Requer, ao final, a concessão da ordem para excluir a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei 11.343/2006 da condenação dos pacientes.

A Procuradoria Geral da República manifestou-se pela denegação da ordem.

É o relatório.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

15/10/2013 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 116.929 SÃO PAULO

V O T O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Preliminarmente,

verifica-se que a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer e julgar habeas corpus está definida, taxativamente, no artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, da Constituição Federal, verbis:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I – processar e julgar, originariamente: (…)

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância.”

In casu, os pacientes não estão arrolados em nenhuma das hipóteses

sujeitas à jurisdição originária desta Corte.

A ementa do acórdão proferido na Pet 1738-AgR, Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, Dje de 1º.10.99, é elucidativa e precisa quanto a taxatividade da competência do Supremo Tribunal Federal:

Supremo Tribunal Federal

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15/10/2013 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 116.929 SÃO PAULO

V O T O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Preliminarmente,

verifica-se que a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer e julgar habeas corpus está definida, taxativamente, no artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, da Constituição Federal, verbis:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I – processar e julgar, originariamente: (…)

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância.”

In casu, os pacientes não estão arrolados em nenhuma das hipóteses

sujeitas à jurisdição originária desta Corte.

A ementa do acórdão proferido na Pet 1738-AgR, Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, Dje de 1º.10.99, é elucidativa e precisa quanto a taxatividade da competência do Supremo Tribunal Federal:

Supremo Tribunal Federal

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

“E M E N T A: PROTESTO JUDICIAL FORMULADO CONTRA DEPUTADO FEDERAL - MEDIDA DESTITUÍDA DE CARÁTER PENAL (CPC, ART. 867) - AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.

A PRERROGATIVA DE FORO - UNICAMENTE INVOCÁVEL NOS PROCEDIMENTOS DE CARÁTER PENAL - NÃO SE ESTENDE ÀS CAUSAS DE NATUREZA CIVIL.

- As medidas cautelares a que se refere o art. 867 do Código de Processo Civil (protesto, notificação ou interpelação), quando promovidas contra membros do Congresso Nacional, não se incluem na esfera de competência originária do Supremo Tribunal Federal, precisamente porque destituídas de caráter penal. Precedentes.

A COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - CUJOS FUNDAMENTOS REPOUSAM NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - SUBMETE-SE A REGIME DE DIREITO ESTRITO.

- A competência originária do Supremo Tribunal Federal, por qualificar-se como um complexo de atribuições jurisdicionais de extração essencialmente constitucional - e ante o regime de direito estrito a que se acha submetida - não comporta a possibilidade de ser estendida a situações que extravasem os limites fixados, em numerus clausus, pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I, da Constituição da República. Precedentes.

O regime de direito estrito, a que se submete a definição dessa competência institucional, tem levado o Supremo Tribunal Federal, por efeito da taxatividade do rol constante da Carta Política, a afastar, do âmbito de suas atribuições jurisdicionais originárias, o processo e o julgamento de causas de natureza civil que não se acham inscritas no texto constitucional (ações populares, ações civis públicas, ações cautelares, ações ordinárias, ações declaratórias e medidas cautelares), mesmo que instauradas contra o Presidente da República ou contra qualquer das autoridades, que, em matéria

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Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

HC 116929 / SP

“E M E N T A: PROTESTO JUDICIAL FORMULADO CONTRA DEPUTADO FEDERAL - MEDIDA DESTITUÍDA DE CARÁTER PENAL (CPC, ART. 867) - AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.

A PRERROGATIVA DE FORO - UNICAMENTE INVOCÁVEL NOS PROCEDIMENTOS DE CARÁTER PENAL - NÃO SE ESTENDE ÀS CAUSAS DE NATUREZA CIVIL.

- As medidas cautelares a que se refere o art. 867 do Código de Processo Civil (protesto, notificação ou interpelação), quando promovidas contra membros do Congresso Nacional, não se incluem na esfera de competência originária do Supremo Tribunal Federal, precisamente porque destituídas de caráter penal. Precedentes.

A COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - CUJOS FUNDAMENTOS REPOUSAM NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - SUBMETE-SE A REGIME DE DIREITO ESTRITO.

- A competência originária do Supremo Tribunal Federal, por qualificar-se como um complexo de atribuições jurisdicionais de extração essencialmente constitucional - e ante o regime de direito estrito a que se acha submetida - não comporta a possibilidade de ser estendida a situações que extravasem os limites fixados, em numerus clausus, pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I, da Constituição da República. Precedentes.

O regime de direito estrito, a que se submete a definição dessa competência institucional, tem levado o Supremo Tribunal Federal, por efeito da taxatividade do rol constante da Carta Política, a afastar, do âmbito de suas atribuições jurisdicionais originárias, o processo e o julgamento de causas de natureza civil que não se acham inscritas no texto constitucional (ações populares, ações civis públicas, ações cautelares, ações ordinárias, ações declaratórias e medidas cautelares), mesmo que instauradas contra o Presidente da República ou contra qualquer das autoridades, que, em matéria

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Supremo Tribunal Federal

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

penal (CF, art. 102, I, b e c), dispõem de prerrogativa de foro perante a Corte Suprema ou que, em sede de mandado de segurança, estão sujeitas à jurisdição imediata do Tribunal (CF, art. 102, I, d). Precedentes.”

Afigura-se paradoxal, em tema de direito estrito, conferir interpretação extensiva para abranger no rol de competências do Supremo Tribunal hipóteses não sujeitas à sua jurisdição.

A prevalência do entendimento de que o Supremo Tribunal Federal deve conhecer de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário constitucional contrasta com os meios de contenção de feitos, remota e recentemente implementados - Súmula Vinculante e Repercussão Geral - com o objetivo de viabilizar o exercício pleno, pelo Supremo Tribunal Federal, da nobre função de guardião da Constituição da República.

E nem se argumente com o que se convencionou chamar de jurisprudência defensiva. Não é disso que se trata, mas de necessária, imperiosa e urgente reviravolta de entendimento em prol da organicidade do direito, especificamente no que tange às competências originária e recursal do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar

habeas corpus e o respectivo recurso ordinário, valendo acrescer que essa

ação nobre não pode e nem deve ser banalizada a pretexto, em muitos casos, de pseudonulidades processuais com reflexos no direito de ir e vir.

A propósito da organicidade e dinâmica do direito, impondo-se a correção de rumos, bem discorreu o Ministro Marco Aurélio no voto proferido no HC n. 109.956, que capitaneou a mudança de entendimento na Primeira Turma, verbis:

“O Direito é orgânico e dinâmico e contém princípios, expressões e vocábulos com sentido próprio. A definição do alcance da Carta da República há de fazer-se de forma integrativa, mas também considerada a regra de hermenêutica e

Supremo Tribunal Federal

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HC 116929 / SP

penal (CF, art. 102, I, b e c), dispõem de prerrogativa de foro perante a Corte Suprema ou que, em sede de mandado de segurança, estão sujeitas à jurisdição imediata do Tribunal (CF, art. 102, I, d). Precedentes.”

Afigura-se paradoxal, em tema de direito estrito, conferir interpretação extensiva para abranger no rol de competências do Supremo Tribunal hipóteses não sujeitas à sua jurisdição.

A prevalência do entendimento de que o Supremo Tribunal Federal deve conhecer de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário constitucional contrasta com os meios de contenção de feitos, remota e recentemente implementados - Súmula Vinculante e Repercussão Geral - com o objetivo de viabilizar o exercício pleno, pelo Supremo Tribunal Federal, da nobre função de guardião da Constituição da República.

E nem se argumente com o que se convencionou chamar de jurisprudência defensiva. Não é disso que se trata, mas de necessária, imperiosa e urgente reviravolta de entendimento em prol da organicidade do direito, especificamente no que tange às competências originária e recursal do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar

habeas corpus e o respectivo recurso ordinário, valendo acrescer que essa

ação nobre não pode e nem deve ser banalizada a pretexto, em muitos casos, de pseudonulidades processuais com reflexos no direito de ir e vir.

A propósito da organicidade e dinâmica do direito, impondo-se a correção de rumos, bem discorreu o Ministro Marco Aurélio no voto proferido no HC n. 109.956, que capitaneou a mudança de entendimento na Primeira Turma, verbis:

“O Direito é orgânico e dinâmico e contém princípios, expressões e vocábulos com sentido próprio. A definição do alcance da Carta da República há de fazer-se de forma integrativa, mas também considerada a regra de hermenêutica e

Supremo Tribunal Federal

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

aplicação do Direito que é sistemática. O habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, além de não estar abrangido pela garantia constante do inciso LXVIII do artigo 5º do Diploma Maior, não existindo qualquer previsão legal, enfraquece este último documento, tornando-o desnecessário no que, nos artigos 102, inciso II, alínea ‘a’, e 105, inciso II, alínea ‘a’, tem-se a previsão de recurso ordinário constitucional a ser manuseado, em tempo, para o Supremo, contra decisão proferida por tribunal superior indeferindo ordem, e para o Superior Tribunal de Justiça, contra ato de tribunal regional federal e de tribunal de justiça. O Direito é avesso a sobreposições e impetrar-se novo habeas, embora para julgamento por tribunal diverso, impugnando pronunciamento em idêntica medida implica inviabilizar, em detrimento de outras situações em que requerida, a jurisdição.

Cumpre implementar – visando restabelecer a eficácia dessa ação maior, a valia da Carta Federal no que prevê não o habeas substitutivo, mas o recurso ordinário – a correção de rumos. Consigno que, no tocante a habeas já formalizado sob a óptica da substituição do recurso constitucional, não ocorrerá prejuízo para o paciente, ante a possibilidade de vir-se a conceder, se for o caso, a ordem de ofício.”

No caso, não há excepcionalidade que justifique a concessão, ex

officio, da ordem.

Conforme relatado, a controvérsia dos autos está em saber se para aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006 (tráfico praticado nas imediações de estabelecimento de ensino), deve-se comprovar o dolo do agente em cometer o crime de tráfico de drogas para os frequentadores de estabelecimento ensino.

O mencionado dispositivo previsto na Lei de Drogas, possui a seguinte redação, verbis:

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Supremo Tribunal Federal

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HC 116929 / SP

aplicação do Direito que é sistemática. O habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, além de não estar abrangido pela garantia constante do inciso LXVIII do artigo 5º do Diploma Maior, não existindo qualquer previsão legal, enfraquece este último documento, tornando-o desnecessário no que, nos artigos 102, inciso II, alínea ‘a’, e 105, inciso II, alínea ‘a’, tem-se a previsão de recurso ordinário constitucional a ser manuseado, em tempo, para o Supremo, contra decisão proferida por tribunal superior indeferindo ordem, e para o Superior Tribunal de Justiça, contra ato de tribunal regional federal e de tribunal de justiça. O Direito é avesso a sobreposições e impetrar-se novo habeas, embora para julgamento por tribunal diverso, impugnando pronunciamento em idêntica medida implica inviabilizar, em detrimento de outras situações em que requerida, a jurisdição.

Cumpre implementar – visando restabelecer a eficácia dessa ação maior, a valia da Carta Federal no que prevê não o habeas substitutivo, mas o recurso ordinário – a correção de rumos. Consigno que, no tocante a habeas já formalizado sob a óptica da substituição do recurso constitucional, não ocorrerá prejuízo para o paciente, ante a possibilidade de vir-se a conceder, se for o caso, a ordem de ofício.”

No caso, não há excepcionalidade que justifique a concessão, ex

officio, da ordem.

Conforme relatado, a controvérsia dos autos está em saber se para aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006 (tráfico praticado nas imediações de estabelecimento de ensino), deve-se comprovar o dolo do agente em cometer o crime de tráfico de drogas para os frequentadores de estabelecimento ensino.

O mencionado dispositivo previsto na Lei de Drogas, possui a seguinte redação, verbis:

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

(…)

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou

imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou

hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos”

Sem embargo das razões lançadas na impetração, verifica-se, de plano, a inviabilidade de conhecimento dessa questão, porquanto pretende a reapreciação dos critérios subjetivos considerados pelos órgãos inferiores para a realização da dosimetria, o que, segundo a jurisprudência da Corte, não é compatível com a via estreita do habeas

corpus, por demandar minucioso exame fático e probatório inerente a

meio processual diverso. É o que se extrai dos seguintes julgados:

“EMENTA: Habeas Corpus. Sentença condenatória transitada em julgado. Impossibilidade de admitir-se o habeas

corpus como sucedâneo de revisão criminal. Exacerbação da

pena-base. Fundamentação. Ocorrência. Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Existência de circunstâncias desfavoráveis. Reexame do conjunto fático-probatório. Impossibilidade. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o habeas corpus não pode ser manejado como sucedâneo de revisão criminal em face da ausência de ilegalidade flagrante em condenação com trânsito em julgado. Não cabe reexaminar os elementos de convicção essenciais ao estabelecimento da sanção penal, porque necessária, para tanto, a concreta avaliação das circunstâncias de fato subjacentes aos critérios legais que regem a operação de dosimetria da pena. No que se refere à não substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, o magistrado

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HC 116929 / SP

“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

(…)

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou

imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou

hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos”

Sem embargo das razões lançadas na impetração, verifica-se, de plano, a inviabilidade de conhecimento dessa questão, porquanto pretende a reapreciação dos critérios subjetivos considerados pelos órgãos inferiores para a realização da dosimetria, o que, segundo a jurisprudência da Corte, não é compatível com a via estreita do habeas

corpus, por demandar minucioso exame fático e probatório inerente a

meio processual diverso. É o que se extrai dos seguintes julgados:

“EMENTA: Habeas Corpus. Sentença condenatória transitada em julgado. Impossibilidade de admitir-se o habeas

corpus como sucedâneo de revisão criminal. Exacerbação da

pena-base. Fundamentação. Ocorrência. Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Existência de circunstâncias desfavoráveis. Reexame do conjunto fático-probatório. Impossibilidade. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o habeas corpus não pode ser manejado como sucedâneo de revisão criminal em face da ausência de ilegalidade flagrante em condenação com trânsito em julgado. Não cabe reexaminar os elementos de convicção essenciais ao estabelecimento da sanção penal, porque necessária, para tanto, a concreta avaliação das circunstâncias de fato subjacentes aos critérios legais que regem a operação de dosimetria da pena. No que se refere à não substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, o magistrado

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

de primeiro grau fundamentou sua decisão no quantum da pena imposta (superior a 4 (quatro) anos) e na existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu, o que encontra amparo no art. 44 do Código Penal. A análise dos elementos de convicção acerca das circunstâncias judiciais avaliadas negativamente na sentença condenatória não é compatível com a via estreita do habeas corpus, por demandar minucioso exame fático e probatório inerente a meio processual diverso. Precedentes. Ordem denegada”. (HC 97058, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe-060 DIVULG 29-03-2011 PUBLIC 30-03-2011 EMENT VOL-02492-01 PP-00014)

“EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGADA OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. CONDENAÇÕES FUNDADAS EM FATOS DISTINTOS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO NA FIXAÇÃO DA PENA. VERIFICAÇÃO DA CORRETA DOSIMETRIA DA PENA. INVIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO HABEAS CORPUS.

IMPOSSIBILIDADE DE ADMITIR-SE O WRIT

CONSTITUCIONAL COMO SUCEDÂNEO DE REVISÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE FLAGRANTE. ORDEM DENEGADA. I – Não há falar em bis in idem ou litispendência, uma vez que as ações penais mencionadas trataram de fatos diferentes, os crimes foram praticados em situações diversas, as substâncias apreendidas também não são as mesmas, bem como os sujeitos envolvidos em cada ação penal são distintos. II - Não se presta o habeas corpus para realizar novo juízo de reprovabilidade, ponderando, em concreto, qual seria a pena adequada ao fato pelo qual foi condenado o paciente. Precedentes. III - O habeas corpus, em que pese configurar remédio constitucional de largo espectro, não pode ser empregado como sucedâneo de revisão criminal, ante a verificação do trânsito em julgado do acórdão que tornou definitiva a condenação. Precedentes. IV - Ordem denegada” (HC 94073, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,

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HC 116929 / SP

de primeiro grau fundamentou sua decisão no quantum da pena imposta (superior a 4 (quatro) anos) e na existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu, o que encontra amparo no art. 44 do Código Penal. A análise dos elementos de convicção acerca das circunstâncias judiciais avaliadas negativamente na sentença condenatória não é compatível com a via estreita do habeas corpus, por demandar minucioso exame fático e probatório inerente a meio processual diverso. Precedentes. Ordem denegada”. (HC 97058, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe-060 DIVULG 29-03-2011 PUBLIC 30-03-2011 EMENT VOL-02492-01 PP-00014)

“EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGADA OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. CONDENAÇÕES FUNDADAS EM FATOS DISTINTOS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO NA FIXAÇÃO DA PENA. VERIFICAÇÃO DA CORRETA DOSIMETRIA DA PENA. INVIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO HABEAS CORPUS.

IMPOSSIBILIDADE DE ADMITIR-SE O WRIT

CONSTITUCIONAL COMO SUCEDÂNEO DE REVISÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE FLAGRANTE. ORDEM DENEGADA. I – Não há falar em bis in idem ou litispendência, uma vez que as ações penais mencionadas trataram de fatos diferentes, os crimes foram praticados em situações diversas, as substâncias apreendidas também não são as mesmas, bem como os sujeitos envolvidos em cada ação penal são distintos. II - Não se presta o habeas corpus para realizar novo juízo de reprovabilidade, ponderando, em concreto, qual seria a pena adequada ao fato pelo qual foi condenado o paciente. Precedentes. III - O habeas corpus, em que pese configurar remédio constitucional de largo espectro, não pode ser empregado como sucedâneo de revisão criminal, ante a verificação do trânsito em julgado do acórdão que tornou definitiva a condenação. Precedentes. IV - Ordem denegada” (HC 94073, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,

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(13)

Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

Primeira Turma, julgado em 09/11/2010, DJe-226 DIVULG 24-11-2010 PUBLIC 25-24-11-2010 EMENT VOL-02438-01 PP-00009).

In casu, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu provimento

ao recurso de apelação do Ministério Público para aplicar à pena-base dos pacientes a majorante prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, ao fundamento de que restou demonstrado nos autos que os paciente foram presos em flagrante cometendo o crime de tráfico de entorpecentes nas proximidades de estabelecimento de ensino, in verbis:

“(...)

a razão do aumento não se dá pela intenção de atingir público específico, mas pelo simples perigo de que as pessoas frequentadoras dos espaços relacionados na lei comprem e consumam o entorpecente; e isto tanto pela suscetibilidade do público quanto pela facilidade de distribuição da droga. (…)

Consoante se verifica do mapa de fls. 52, o local onde

foram os réus flagrados em uma das múltiplas ações caracterizadoras do crime de tráfico está situado a uma distância aproximada de apenas duzentos e setenta metros de um colégio, em dia e horário letivos (fl. 62). É o suficiente para

a incidência do aumento, desprezada a circunstância de terem sido os réus abordados defronte de entidade beneficente, consoante demonstrado nos autos, porque não mencionada expressamente na denúncia” (grifei).

Na Corte Superior de Justiça, o relator do feito afirmou que:

“Ao contrário do alegado pela Impetrante, incide o aumento de pena constante do art. 40, inciso III, da Lei de Tóxicos, se o crime tiver sido praticado nos locais designados no aludido dispositivo, ou seja, a pena é elevada exclusivamente em função do lugar do cometimento da infração.

(…)

De fato, a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça,

Supremo Tribunal Federal

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HC 116929 / SP

Primeira Turma, julgado em 09/11/2010, DJe-226 DIVULG 24-11-2010 PUBLIC 25-24-11-2010 EMENT VOL-02438-01 PP-00009).

In casu, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu provimento

ao recurso de apelação do Ministério Público para aplicar à pena-base dos pacientes a majorante prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/2006, ao fundamento de que restou demonstrado nos autos que os paciente foram presos em flagrante cometendo o crime de tráfico de entorpecentes nas proximidades de estabelecimento de ensino, in verbis:

“(...)

a razão do aumento não se dá pela intenção de atingir público específico, mas pelo simples perigo de que as pessoas frequentadoras dos espaços relacionados na lei comprem e consumam o entorpecente; e isto tanto pela suscetibilidade do público quanto pela facilidade de distribuição da droga. (…)

Consoante se verifica do mapa de fls. 52, o local onde

foram os réus flagrados em uma das múltiplas ações caracterizadoras do crime de tráfico está situado a uma distância aproximada de apenas duzentos e setenta metros de um colégio, em dia e horário letivos (fl. 62). É o suficiente para

a incidência do aumento, desprezada a circunstância de terem sido os réus abordados defronte de entidade beneficente, consoante demonstrado nos autos, porque não mencionada expressamente na denúncia” (grifei).

Na Corte Superior de Justiça, o relator do feito afirmou que:

“Ao contrário do alegado pela Impetrante, incide o aumento de pena constante do art. 40, inciso III, da Lei de Tóxicos, se o crime tiver sido praticado nos locais designados no aludido dispositivo, ou seja, a pena é elevada exclusivamente em função do lugar do cometimento da infração.

(…)

De fato, a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça,

Supremo Tribunal Federal

(14)

Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

firmou-se no sentido de que a simples prática do tráfico de

drogas na proximidade de estabelecimentos listados no inciso III do artigo 40 da Lei 11.343/2006 já é motivo suficiente para a aplicação da majorante, tendo em vista a exposição das

pessoas ao risco inerente à atividade criminosa. (grifei)”

Não reputo verificada, na espécie, qualquer irregularidade ou excesso que justifique a intervenção corretiva do Supremo Tribunal Federal.

Destarte, não procede a alegação da impetrante no sentido de que não há demonstrativo de relação evidente entre a conduta dos pacientes e as atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos ensino, uma vez que é irrelevante o fato de haver ou não intenção dos acusados de atingir os frequentadores do estabelecimento. Para incidência da mencionada causa de aumento de pena, basta a proximidade física do local onde o tráfico estava sendo praticado e o estabelecimento de ensino, o que ficou corretamente assentado pelas instâncias ordinárias.

A respeito da aplicação do aumento especial de pena, assim discorre Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi:

“Os locais enumerados, em geral mais visados pelos traficantes em virtude da reunião de pessoas, fazem com que o perigo à saúde pública seja maior se a infração, em qualquer de suas fases de execução ou formas, ocorrer em seu interior ou proximidades. (…) não exige a lei que esse estabelecimento seja especialmente visado pelo delinquente. Basta a proximidade física e o conhecimento dessa proximidade.

O termo ‘imediações’ não pode ser convertido em medida métrica rígida, mas deve ser entendido dentro do critério razoável em função do perigo maior que a lei procura coibir; as imediações, portanto, abrangem a área em que poderia facilmente o traficante atingir o ponto protegido em especial, com alguns passos, em alguns segundos, ou em local de

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Supremo Tribunal Federal

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HC 116929 / SP

firmou-se no sentido de que a simples prática do tráfico de

drogas na proximidade de estabelecimentos listados no inciso III do artigo 40 da Lei 11.343/2006 já é motivo suficiente para a aplicação da majorante, tendo em vista a exposição das

pessoas ao risco inerente à atividade criminosa. (grifei)”

Não reputo verificada, na espécie, qualquer irregularidade ou excesso que justifique a intervenção corretiva do Supremo Tribunal Federal.

Destarte, não procede a alegação da impetrante no sentido de que não há demonstrativo de relação evidente entre a conduta dos pacientes e as atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos ensino, uma vez que é irrelevante o fato de haver ou não intenção dos acusados de atingir os frequentadores do estabelecimento. Para incidência da mencionada causa de aumento de pena, basta a proximidade física do local onde o tráfico estava sendo praticado e o estabelecimento de ensino, o que ficou corretamente assentado pelas instâncias ordinárias.

A respeito da aplicação do aumento especial de pena, assim discorre Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi:

“Os locais enumerados, em geral mais visados pelos traficantes em virtude da reunião de pessoas, fazem com que o perigo à saúde pública seja maior se a infração, em qualquer de suas fases de execução ou formas, ocorrer em seu interior ou proximidades. (…) não exige a lei que esse estabelecimento seja especialmente visado pelo delinquente. Basta a proximidade física e o conhecimento dessa proximidade.

O termo ‘imediações’ não pode ser convertido em medida métrica rígida, mas deve ser entendido dentro do critério razoável em função do perigo maior que a lei procura coibir; as imediações, portanto, abrangem a área em que poderia facilmente o traficante atingir o ponto protegido em especial, com alguns passos, em alguns segundos, ou em local de

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Voto - MIN. LUIZ FUX

HC 116929 / SP

passagem obrigatória ou normal das pessoas que saem do estabelecimento ou a ele se dirigem” (Lei de Drogas Anotada . 2ª ed., Saraiva, pág. 145).”

Nesse sentido, foi o parecer da Procuradoria Geral da República exarado nos autos:

“Nada há o que prover, afigurando-se acertadas as decisões do Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça. Com efeito, o entendimento jurisprudencial e doutrinário é no sentido que a causa de aumento deve incidir sempre que o tráfico seja praticado em locais em que há maior

facilidade de difusão do vício diante da maior concentração pessoas.

No caso, cuidando-se de crime praticado nas imediações de estabelecimentos de ensino, não há como negar que é maior o perigo para a saúde pública”

Ex positis, voto no sentido da extinção do presente writ, por

inadequação da via eleita.

Supremo Tribunal Federal

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passagem obrigatória ou normal das pessoas que saem do estabelecimento ou a ele se dirigem” (Lei de Drogas Anotada . 2ª ed., Saraiva, pág. 145).”

Nesse sentido, foi o parecer da Procuradoria Geral da República exarado nos autos:

“Nada há o que prover, afigurando-se acertadas as decisões do Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça. Com efeito, o entendimento jurisprudencial e doutrinário é no sentido que a causa de aumento deve incidir sempre que o tráfico seja praticado em locais em que há maior

facilidade de difusão do vício diante da maior concentração pessoas.

No caso, cuidando-se de crime praticado nas imediações de estabelecimentos de ensino, não há como negar que é maior o perigo para a saúde pública”

Ex positis, voto no sentido da extinção do presente writ, por

inadequação da via eleita.

Supremo Tribunal Federal

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Extrato de Ata - 15/10/2013

PRIMEIRA TURMA

EXTRATO DE ATA HABEAS CORPUS 116.929

PROCED. : SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

PACTE.(S) : ADRIANO PEREIRA PREITE PACTE.(S) : JORGE EDGAR GATTO

IMPTE.(S) : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma julgou extinta a ordem de habeas corpus por

inadequação da via processual, nos termos do voto do Relator. Unânime. Não participou, justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Dias Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 15.10.2013.

Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Rosa Weber e Roberto Barroso.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas.

Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma

Supremo Tribunal Federal

PRIMEIRA TURMA

EXTRATO DE ATA HABEAS CORPUS 116.929

PROCED. : SÃO PAULO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

PACTE.(S) : ADRIANO PEREIRA PREITE PACTE.(S) : JORGE EDGAR GATTO

IMPTE.(S) : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma julgou extinta a ordem de habeas corpus por

inadequação da via processual, nos termos do voto do Relator. Unânime. Não participou, justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Dias Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 15.10.2013.

Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Rosa Weber e Roberto Barroso.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas.

Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma

Referências

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