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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL LIVIA SANTANA DE SOUZA SILVA

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

LIVIA SANTANA DE SOUZA SILVA

A EFICACIA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

DE TERCEIRA ONDA NO PROCESSO DE ACEITAÇÃO DE

DOENÇAS

São Paulo

2018

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LIVIA SANTANA DE SOUZA SILVA

A EFICACIA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

DE TERCEIRA ONDA NO PROCESSO DE ACEITAÇÃO DE

DOENÇAS

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu

Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

São Paulo

2018

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Silva, Livia Santana de Souza

A eficácia da terapia cognitivo-comportamental de terceira onda no processo de aceitação de doenças

Livia Santana de Souza Silva, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019.

24 f. + CD-ROM

Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins

1 processo de aceitação de doenças 2. Eficácia da terapia cognitivo-comportamental de terceira onda. I. Silva, Livia Santana de Souza. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

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Livia Santana de Souza Silva

A eficácia da terapia cognitivo-comportamental de terceira onda no processo de aceitação de doenças

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________ Prof. _____________________________________________________ Parecer: ____________________________________________________________ Prof. _____________________________________________________ São Paulo, ___ de ___________ de _____

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Aceitar não é concordar ou achar bom. Da mesma forma, não é assumir uma postura conformista e resignada. Aceitar implica receber as coisas como são apresentadas, sem tentar controlar as emoções.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas com dificuldade de enfretamento de suas doenças, aos meus mestres avaliadores, aos colegas de profissão, aos meus

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial ao CETCC, Eliana e Elcio, aos professores incríveis e aos colegas de sala que contribuíram com seus conhecimentos para uma especialização enriquecedora com troca de experiências e apoio nos processos de entendimento da técnica. Agradeço meu marido Leonardo, que me incentivou a continuar a formação e que acredita na minha carreira profissional como psicóloga especialista, a minha mãe que sempre me deu força em todas as minhas empreitadas, a minha família e amigos, que me apoiaram e que aguardam o meu sucesso. Agradeço também a Deus pela oportunidade da vida e de me especializar no que é a minha maior paixão e certeza de carreira de sucesso: a Psicologia.

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RESUMO

Existem momentos em nossa vida que enfrentamos situações difíceis. Infelizmente, isso acontece com todas as pessoas. A saúde no mundo está cada vez mais difícil de ser preservada e mantida, o diagnóstico de doenças tem sido cada vez mais frequente nas famílias. O processo de aceitação é bem difícil e passa por algumas etapas que, sem acompanhamento psicológico, é mais difícil ainda. A terapia cognitivo-comportamental é bastante eficaz nestes casos. Dentro dela, encontramos a terapia de terceira onda onde conhecemos a técnica ACT –Acceptance and Commitment Therapy (Terapia de Aceitação e Compromisso). A ACT tem técnicas de aceitação de diversas situações, dentre elas a doença. Vamos falar sobre o que é cada um destes itens e te orientar a passar pelo processo de aceitação de doenças de uma maneira menos dolorosa e mais adaptativa.

Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental, terceira onda, ACT, aceitação de doenças

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ABSTRACT

There are times in our lives that we go facing difficult situations. Unfortunately, this happens to everyone. Health in the world is becoming increasingly difficult to preserve and maintain, the diagnosis of diseases has been increasing in families. The acceptance process is very difficult and goes through some steps that, without psychological counseling, is even more difficult. Cognitive-behavioral therapy is quite effective in these cases. Within it, we find the third wave therapy where we know the ACT- Acceptance and Commitment Therapy. The ACT has techniques of acceptance of several situations, among them the disease. Let is talk about what each of these items is and mentor you to go through the process of accepting disease in a less painful and more adaptive way.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 OBJETIVO ... 10

3 METODOLOGIA ... 11

4 RESULTADOS ... 12

4.1 O que é Terapia Cognitivo Comportamental? ... 12

4.2 O que é Terapia de Terceira Onda? ... 12

4.3 O que é Terapia de Aceitação e Compromisso ACT? ... 14

4.4 O que é doença? ... 15 4.5 O processo de aceitação ... 15 4.6 Técnicas de aceitação ... 16 5 DISCUSSÃO ... 21 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 23

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INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, as doenças estão cada vez mais presentes nas pessoas, seja ela uma doença simples como uma gripe e até uma doença terminal ou autoimune. Nunca estamos preparados para receber um diagnóstico, apesar de vermos com frequência o quanto as pessoas estão adoecendo por diversos motivos. As vezes, sabemos que o tratamento é simples e rápido, outras vezes o tratamento é demorado e arriscado e alguns casos, não há tratamento.

O processo de aceitação de doenças precisa ser maior explorado entre as pessoas, que normalmente buscam ajuda quando já descobrem a doença e não sabem o que fazer. Se o tema for tratado no dia a dia, visando uma preparação do que pode vir pela frente, o processo de aceitação tende a ser mais adaptativo.

A Terapia Cognitiva Comportamental é uma terapia breve com foco nos pensamentos e comportamentos que levam a disfunções cognitivas e trazem sentimentos e sintomas negativos ao paciente (BECK, 1964 apud JUDITH BECK, 2013). Saber que está com uma doença, ativa pensamentos negativos de que não sairá dessa, de que vai morrer, que o tratamento é dolorido, que não há tratamento e isso gera comportamentos depressivos, vontade de se isolar, de não encarar o tratamento com otimismo e buscar a melhora, ativando assim crenças intermediárias de resistência que pode levar a crença central de desamor, desvalor ou desamparo. (BECK, 1964 apud JUDITH BECK, 2013)

Este tema gera bastante interesse, principalmente quando surge uma situação no consultório e percebe-se o quanto é difícil para o paciente aceitar uma doença que não tem cura, mas que há tratamento. São muitas as dificuldades do paciente quanto à dedicação devido aos altos custos com medicação, dificuldade em conseguir a medicação no Sistema Único de Saúde, as oscilações de humor, a descrença da medicina em não encontrar uma cura para uma doença, com tanta tecnologia e com tantos estudos que temos hoje em dia. Não consegue-se dar as respostas ao paciente para todos os seus questionamentos, mas é possível dar a ele um conforto e uma esperança em lutar para superar ou combater uma doença. A Terapia Cognitiva Comportamental tem algumas técnicas que levam ao conforto do paciente, técnicas de enfrentamento, técnicas que o fazem enxergar porque está

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reagindo desta forma, quais suas crenças sobre o assunto saúde, como foi tratado na infância o tema doença, dentre outros fatores que serão explanados na pesquisa.

Esse trabalho tem como objetivo verificar com a terapia de terceira onda pode auxiliar na aceitação de doenças. Como ajudar o paciente a minimizar os impactos negativos que estão evidenciados nas doenças e nos tratamentos médicos apenas controlando os pensamentos, comportamentos, sintomas e sentimentos, além das disfunções cognitivas e crenças intermediárias e centrais.

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OBJETIVO

Esse trabalho teve como objetivo explanar o tema aceitação de doenças e avaliar a eficácia da terapia de terceira onda neste processo, buscando uma linha de aceitação daquilo que não está no poder de decisão do indivíduo e aprendendo a lidar com o mix de sentimentos durante a descoberta de uma doença.

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METODOLOGIA

A pesquisa teve como base a coleta de dados em artigos científicos da Scielo, Google Acadêmico e BVS além de livros com fundamentação sobre a terapia cognitiva comportamental, terapia de terceira onda e aceitação de doenças.

As palavras-chave pesquisadas foram: aceitação de doença, terapia cognitiva comportamental, terapia de terceira onda e eficácia. Os termos para busca em inglês foram: cognitive behavioral therapy, acceptance of diseases e effect.

Os critérios de inclusão foram artigos de pesquisa de campo, publicados em português e inglês. Os critérios de exclusão foram artigos que tratem de outro foco que não seja a aceitação de doenças e que tratem de doenças específicas.

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RESULTADOS

4.1 O que é Terapia Cognitivo Comportamental?

É uma psicoterapia estruturada de curta duração voltada para o presente e com foco na solução de problemas atuais, modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais (BECK, 1964 apud JUDITH BECK, 2013). O tratamento está baseado em uma formulação cognitiva, crenças intermediárias e centrais e estratégias comportamentais que caracterizam um transtorno específico, além de uma conceitualização ou compreensão de cada paciente, onde analisamos suas crenças especificas e padrões de comportamento (ALFORD E BECK, 1997 apud JUDITH BECK, 2013).

O papel do terapeuta é procurar e produzir formas para a mudança cognitiva, que nada mais é do que a mudança do pensamento e das crenças do paciente, para que assim haja uma mudança emocional e comportamental, trazendo a sensação de alivio sobre algum incomodo que o paciente trouxer. Desta forma, o terapeuta passa a desenvolver com o paciente uma flexibilidade cognitiva através da intervenção sobre os seus pensamentos que gera uma mudança de comportamento. Ao longo do processo terapêutico, o terapeuta atua diretamente sobre os esquemas e crenças do paciente com foco na reestruturação cognitiva e resolução de problemas (ALFORD E BECK, 1997 apud JUDITH, 2013).

Para que haja sucesso no processo terapêutico, o terapeuta investe bastante na relação terapêutica, na psicoeducação do modelo cognitivo e nas técnicas que apoiam o paciente mesmo fora do setting terapêutico (ALFORD E BECK, 1997 apud JUDITH, 2013).

4.2 O que é Terapia de Terceira Onda?

Para falar sobre Terapia de terceira onda, é necessário explicar a diferença destas ondas e porque foram criadas. A prática clínica da psicologia comportamental começou nos anos 1950 e chamada de primeira onda, onde a preocupação dos psicólogos era com o condicionamento clássico e a aprendizagem operante, através de alterações no ambiente das pessoas, buscando, através disso, levar a uma

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mudança nos comportamentos. Estudos provaram que, como ela estava muito voltada a corrigir certos comportamentos, ela deixava de lado aspectos humanos mais profundos que não deveriam ser descartados (HAYES, 2004).

A segunda onda veio com a psicologia cognitiva de Beck, porque os psicólogos comportamentais tinham dificuldade em adequar sua linha de raciocínio para lidar com pensamentos e sentimentos. Beck propôs um modelo de terapia que focava justamente nas crenças e percepções que o indivíduo tem sobre o si, sobre o outro e sobre o mundo. A consciência deste conteúdo é importantíssima para a compreensão do indivíduo (HAYES, 2004).

Seguindo esta linha, a partir dos anos 2000, surgiu mais um modelo de terapia comportamental, que foi chamada de terceira onda e que incluem: Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), Terapia Comportamental Dialética (TCD), Terapia Analítica Funcional (FAP), Terapia Comportamental Baseada em Mindfulness e Aceitação, entre outras. A definição da terceira onda, de acordo com Hayes (2004), é a seguinte:

“Baseada numa abordagem empírica e em princípios, a terceira onda da terapia comportamental e cognitiva é particularmente sensível ao contexto e às funções dos fenômenos psicológicos, não apenas à sua forma, e por isso tende a enfatizar estratégicas de mudanças contextuais e experimentais em acréscimo às mais diretas e didáticas. Esses tratamentos procuram buscar a construção de um repertório [de comportamentos] amplo, flexível e efetivo em vez de uma abordagem muito específica para problemas definidos de maneira muito estreita. (^) A terceira onda reformula e sintetiza gerações anteriores de terapias cognitivas e comportamentais e as levam adiante para questões e domínios previamente trabalhados por outras tradições, na esperança de melhorar tanto a compreensão do ser humano como a dos resultados dos tratamentos.”

As terapias de terceira onda avaliam principalmente aspectos de como a linguagem afeta a relação terapêutica, a nossa experiência, o conceito de atenção plena (ou mindfulness), o self como contexto e a aceitação (HAYES, 2004).

Desta forma, a terceira onda vem para tornar a terapia comportamental ainda mais abrangente, aprofundada e preocupada não só com os resultados, mas em estabelecer uma relação com as dificuldades humanas com maior amplitude (HAYES, 2004).

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4.3 O que é Terapia de Aceitação e Compromisso ACT?

A Terapia de Aceitação e Compromisso proposta por Steven C. Hayes tem como objetivo criar flexibilidade psicológica, ou seja, aceitar eventos privados que são desagradáveis para manter ações que são importantes e valorizadas pelo indivíduo para que ele tenha uma vida mais significativa (HAYES, 2012). Para chegar a esta definição, Hayes entendeu que o sofrimento psicológico intenso não é a consequência da atividade cognitiva ou das emoções em si, mas sim da maneira como a pessoa se relaciona e responde a própria atividade cognitiva e demais eventos internos (HAYES & LILLIS, 2012). Ele passou a reconhecer que, mesmo experienciando pensamentos distorcidos e emoções provocadoras de desconforto, era possível agir de modo a criar uma vida significativa.

O foco de intervenção da ACT é a Aceitação desses eventos que são ruins para o sujeito de modo que ele não resista a eles e os sinta para evitar um futuro sofrimento adicional. Também se foca na escolha, que deve ser baseada na experiência e história do indivíduo sem repetir erros, além do foco na Ação, que deve ser direcionada para o futuro e comportamentos abertos, que podem ser mudados (HAYES, 2012).

As terapias não são especificamente para a redução de sintomas ou para o tratamento e psicopatologias específicas. Elas se caracterizam pela inserção contextual e sócio verbal dos problemas e a análise funcional dos eventos privados, destacando o papel do comportamento verbal na origem do sofrimento humano (CONTE, 2010, PEREZ-ALVAREZ, 2006 apud VANDENBERGHE, 2011).

Um evento ambiental pode evocar um determinado evento privado e este, pode influenciar uma determinada ação, mas a causa do comportamento ainda está no ambiente. Exatamente por este motivo, pensamentos e sentimentos são elaborados através de técnicas de atenção plena (Mindfulness) e aceitação, ao invés da reestruturação cognitiva e equivalentes. Afinal, por não assumir que os eventos privados são causa do comportamento, o foco não está em mudar tais eventos, mas sim em mudar a relação do indivíduo com seu mundo privado. Para isso, o terapeuta ensina o paciente a responder aos eventos externos (como fazer as coisas que lhe importam), enquanto cadeias de respostas privadas se sucedem (sejam elas aversivas ou não). O objetivo final é tornar o individuo menos sensível a tais eventos

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privados e mais sensíveis às reais contingências em vigor (TWOHIG, 2012 apud WILSON, 2014).

4.4 O que é doença?

Há pouco tempo atrás, a doença era definida como ausência de saúde e saúde era definida como ausência de doença. Depois foi falado que ambos são estados de desconforto físico e de bem estar (BOLANDER, 1998). Hoje é difícil ter uma definição clara sobre o que é doença, mas entende-se que ela está relacionada a fatores psicológicos, sociais e biológicos. Apesar de todos os avanços da biomedicina, a doença está ligada ao equilíbrio entre estes fatores (DIENER, 1984).

Em geral, a doença é caracterizada como ausência de saúde, um estado que ao atingir um indivíduo provoca distúrbios das funções físicas e mentais. Pode ser causada por fatores externos (ambiente) ou internos (do próprio organismo). Ao examinar um doente, o profissional observa os sinais e sintomas e os associa a uma determinada doença, solicita exames diversos e a partir dos resultados informa um diagnóstico, que será a base para o tratamento (BOLANDER, 1998).

Dependendo do contexto, alguns conceitos, tais como anormalidade, desordem, patologia, perturbação etc., são utilizados como sinônimos de doença.

Para compreender como uma pessoa recebe o diagnostico de uma doença é necessário entender o histórico desta pessoa em relação ao que ela enxerga sobre si, sobre o outro e sobre o mundo. A pessoa que recebe um diagnóstico de doença pode ficar deprimida, sem perspectiva de vida nem de futuro, além da dificuldade em aceitar todo o tratamento médico, se houver esta possibilidade. A experiência do diagnostico pode trazer perdas significativas, isolamento social e início de depressão, que gera uma negação, que costuma ser o primeiro estágio da aceitação (CAPARELLI, 2002 apud ANGERAMI 2013).

4.5 O processo de aceitação

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) recebe o seu nome por causa de uma de suas propostas mais centrais de modelo de terapia: aceitar o que está fora de seu controle pessoal, e comprometer-se à ação que melhore e enriqueça a

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sua vida praticando ações significativas e não atingindo um resultado específico (HARRIS, 2009).

A ideia central da ACT é que o sofrimento psicológico intenso não é consequência da atividade cognitiva ou das emoções em si, mas sim da maneira como a pessoa se relaciona e responde a própria atividade cognitiva e demais eventos internos (HAYES & LILLIS, 2012).

Às vezes, tentamos evitar pensamentos e emoções negativas ou desagradáveis, mas isso faz com que as pessoas vivenciem mais intensamente estas emoções. Quando temos pensamentos e sentimentos emocionalmente desafiadores, reagimos a eles como se fossem reais (PURDON & CLARK, 1999 apud WILSON, 2014).

A aceitação experiencial, também chamada de disposição, oferece um modo alternativo do indivíduo se relacionar com suas experiencias pessoais. Os processos baseados na aceitação “consistem em adotar uma postura intencionalmente aberta, receptiva e não julgadora com respeito a vários aspectos da experiencia” (K. G. WILSON & DUFRENE, 2009). A disposição para ter contato direto com as experiencias difíceis não é proposta como fim em si mesma, e sim a escolha de experimentar totalmente até os eventos internos mais difíceis, como uma das metas que valorizamos na vida (por exemplo, a superação). Ou seja, a aceitação e disposição não significam passar ou buscar experiencias desagradáveis ou desfrutar e querer a dor e o sofrimento. Na realidade, somos forçados a admitir que a vida envolve um certo nível de dor e sofrimento e que pode vir de diversas formas e para todas as pessoas, mesmo que de forma diferente. Este sofrimento pode surgir de experiencias pessoais difíceis ou eventos reais não desejados, que estão além da nossa capacidade de controle ou modificação. Disposição não significa desistir diante do sofrimento. (LINEHAN, 1993 apud WILSON, 2014).

4.6 Técnicas de aceitação

Na ACT, fazemos o paciente se engajar em exercícios que estimulam a disposição em presença de eventos privados desafiadores. O objetivo da disposição é que o paciente sinta todos os sentimentos da forma mais completa, mesmo os ruins, para que possa viver de maneira mais completa. As técnicas ajudam o

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paciente a entender o valor de ter uma postura de disposição ou aceitação para viver uma experiencia plena adotando estratégias mais efetivas de regulação emocional. (HAYES E SMITH, 2005 apud LEAHY, 2013).

Técnicas de exposição implicam que o paciente experimente estados desafiadores de ansiedade no intuito de conter uma fobia ou outras formas de ansiedade (BARLOW, 2002 apud LEAHY, 2013).

A terapia cognitiva encoraja o paciente a suspender a supressão de pensamentos e ir ao encontro de emoções difíceis, principalmente nos transtornos de ansiedade (CLARK & BECK, 2009 apud LEAHY, 2013).

Os métodos da TCC de terceira geração tendem a usar métodos experimentais baseados na atenção plena para o cultivo gradual da exposição, ao invés da exposição comportamental tradicional e direta. Dentro do paradigma da ACT, a disposição não é buscada a serviço da redução de sintomas ou da mudança direta de sentimentos e pensamentos, o objetivo é o paciente sentir todos os sentimentos de forma completa, mesmo aqueles ruins, para que possa viver de maneira completa (HAYES E SMITH, 2005 apud LEAHY, 2013).

As técnicas a seguir auxiliam o paciente a entender o valor de uma postura de disposição ou aceitação radical para viver uma experiência plena pela adoção de estratégicas mais efetivas de regulação emocional (HAYES E SMITH, 2005 apud LEAHY, 2013).

Abaixo, algumas técnicas cognitivas comportamentais que auxiliam no tratamento e aceitação da doença como:

Psicoeducação: nesta etapa, o psicólogo explica ao paciente o modelo da TCC (estabelecer objetivos e metas, checar os sintomas, dar e receber feedback, preparar e conferir as tarefas), forma de trabalho, estrutura cognitiva do paciente, abordagem sobre doença e compreensão do processo e métodos de tratamento da doença do ponto de vista psicológico. O psicólogo atua como um bom professor ou coach, ministrando apresentações breves e sugerindo leituras (WRIGHT, BASCO & THASE, 2008 apud WILSON, 2014).

Reestruturação Cognitiva: Ajudar o paciente a identificar pensamentos que afetam seu humor e estado físico, encontrando assim suas crenças intermediárias e centrais com objetivo de mostrar ao paciente que o ponto de vista dele é uma questão de escolha (BUTLER & HOPE, 2007 apud WILSON, 2014). O psicólogo

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pode usar alguns matérias para ajudar o paciente, como o RPD (Registro de Pensamento Disfuncional) onde o paciente vai escrever uma situação, o que pensou e como reagiu. Através destas anotações, identificaremos estratégias de pensamento assertivo e estratégias compensatórias (GREENBERG & PADESKY, 1999 apud WILSON, 2014).

Entrevista motivacional: estimular o paciente a expressar seus sentimentos sejam eles negativos ou positivos, principalmente nos casos em que o paciente não enxerga um ponto positivo, as vezes por uma desesperança pelo processo. Por isso, o objetivo desta técnica é aumentar a intensidade do comprometimento do paciente com a mudança (MOYERS E MARTIN, 2006 apud WILSON, 2014). O psicólogo deve estar atendo a possíveis recaídas do paciente frente ao processo psicoterápico e engajar cada vez mais o paciente (WESTRA, 2011 apud VANDENBERGHE, 2014). Conforme Miller (2001) e Beck (2013), o mais poderoso agente de mudança é a relação terapêutica e não qualquer técnica específica. A entrevista motivacional auxilia o paciente a lidar com os obstáculos motivacionais à mudança (BUCKNER E SCHMIDT, 2009 apud WILSON, 2014).

Habilidade Social: encorajar o paciente a manter-se em atividades sociais, dentro de suas possibilidades, como passeios em shopping, ida a igrejas, aniversários de amigos, encontro de famílias de forma a integrar-se com a comunidade (BEAUCHAMP & ANDERSON, 2010 apud WILSON, 2014).

Estratégias para alívio do stress e ansiedade: o stress designa todo esforço exercido sobre o organismo que exceda seus recursos e demande esforços para adaptação a nova realidade (SELYE, 1936 apud WILSON, 2014). Junto com o stress vem a ansiedade, que é um mecanismo biológico preparado para enfrentar perigo e situações novas que permite que o individuo crie uma estratégia para lidar com o que está por vir (COUTINHO ET AL., 2010 apud WILSON, 2014). Para isso, o psicologo ensina ao paciente técnicas de relaxamento baseados em mindfulness, exercícios de respiração, respiração diafragmática (SARDINHA ET AL., MENEZES, 2009/2012 apud WILSON, 2014)

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Este é o protocolo básico da TCC em que podemos nos aprofundar com outras técnicas que ajudam o paciente a entender porquê é difícil aceitar algumas situações. Neste momento, notaremos que muitos pacientes se esquivam da realidade e o terapeuta precisa conduzir para trabalhar a aceitação. Inicialmente, temos que definir o conceito de aceitação no contexto do paciente e da situação em que ele se encontra. Um dos passos deste processo é ajudar o paciente se tornar consciente das diversas estratégias que utiliza como base na esquiva ou no controle, questionar o quão funcional essa estratégica foi para ele e validar a experiência da frustração ou tristeza diante das estratégias que ainda não foram validadas (LUOMA et al, 2007 apud WILSON, 2014).

Neste momento, algumas perguntas chaves levará o paciente a reflexão imediata: há quanto tempo você tem experimentado emoções difíceis? Você se lembra de alguma situação em sua vida em que nenhuma experiência ruim foi sentida? Contra o que você está lutando? Você teve que abrir mão de alguma coisa durante esta luta? O que? Quem te ensinou que poderia superar os sentimentos ruins apenas sentindo eles? Como você tentou se livrar dos seus sentimentos? Como funcionou? Você se lembra de algum momento em que se permitiu sentir os sentimentos ruins sem culpa? Como seria parar de lutar contra o sentimento ruim e apenas observar sua mente lidando com eles de uma maneira menos dolorosa? Como acha que seria abandonar essa luta e focar sua energia em buscar princípios que você valoriza e que têm mais importância em sua vida? (LUOMA et al, 2007 apud WILSON, 2014).

Com estes questionamentos, levamos o paciente a uma reflexão. Ele pode também usar tarefas de casa para ajudar no raciocínio pós-psicoterapia, que seria um diário de automonitoramento para que percebam quando estão com atitude esquiva ou de disposição e aceitação. O paciente se compromete em anotar diariamente comportamentos que sejam significativos para eles, que sejam compensadores e que possam promover certo domínio como ativação comportamental e também se compromete a aceitar e observar os pensamentos e sentimentos que surgirem durante a semana. O paciente vai avaliar em 3 dimensões: grau de disposição, quantidade de sofrimento e grau de engajamento (MARTELL, ADDIS E JACOBSON, 2001 apud WILSON, 2014)

Outra técnica bem aceita na ACT é a Desfusão, que significa fazer contato com os produtos verbais como eles são, não como eles se dizem ser (K. G. WILSON

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E DUFRENE, 2009). Produtos verbais, neste caso, são pensamentos e eventos mentais como comportamentos verbais privados. A técnica consiste em permitir que o paciente amplie o leque de respostas comportamentais possíveis na presença de pensamentos e sentimentos difíceis. Aqui segue alguns questionamentos para fazer ao paciente durante este processo: Você pode ter um pensamento sem acreditar completamente nele? Você acredita em tudo que pensa? Você consegue olhar os seus pensamentos, ao invés de e não a partir deles? (K. G. WILSON E DUFRENE, 2009).

Um clássico modelo de desfusão é o exercício “Leite, leite, leite”, que consiste em falar a palavra “leite” e pedir que o paciente relate o que vem a cabeça. O paciente vai associar a leite materno, sorvete, queijo, derivados de leite, pode trazer memórias de quando toma leite, como gosta. Na sequencia, o terapeuta pede para que o paciente repita várias vezes a palavra “leite”. O terapeuta inicia e o paciente faz junto. O terapeuta aumenta o ritmo até que a palavra fique difícil de falar e ser associada, então o terapeuta e paciente param de falar a palavra e ficam em silencio. Na sequencia, o terapeuta pede que o paciente fale uma vez a palavra “leite” e pergunta o que ele sentiu. A sensação será diferente da inicial. E desta forma, o terapeuta propõe fazer o mesmo com um pensamento ruim ou sofrido para que façam o exercício de desfusão (K. G. WILSON E DUFRENE, 2009).

Além destas, temos outras técnicas que podem ser citadas: Como parar a guerra, monstros no ônibus, dentre outras (K. G. WILSON E DUFRENE, 2009). No geral, quando falamos de aceitação e disposição na regulação emocional não estamos nos referindo apenas a técnicas, e sim, dos processos psicoterapêuticos que estão envolvidos na mudança.

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DISCUSSÃO

Diante desta pesquisa, nota-se que a terapia cognitivo-comportamental é bastante ampla e que surgem outras linhas, como a terapia de terceira onda. Dentro desta, encontramos a ACT, que é a Terapia de Aceitação e Compromisso, foco central da pesquisa. Acredita-se que esta é a abordagem com maior gama de técnicas e alternativas para toda e qualquer demanda que encontramos no consultório. Não é a toa que muitos médicos já estudam a TCC e recomendam a seus pacientes como linha terapêutica de maior resultado.

Nota-se que o protocolo da TCC é usado também na terceira onda e na ACT, como tema central o foco em pensamentos e comportamentos. Mesmo diante de uma situação inesperada, como por exemplo, a descoberta de uma doença maligna, os pensamentos e comportamentos ao receber o diagnóstico são baseados em uma história de vida, em como lidar com a frustração, como controlar os pensamentos, como se comportar diante de si e dos outros, a triage cognitiva e o processo da ACT orienta como lidar com tudo isso e seguir em frente. A ACT ajuda a elaborar esses pensamentos e comportamentos vivendo todos intensamente, para que seja aceito e elaborado através da experiência. Por este motivo vê-se que a TCC tem protocolos simples, porém bem completos, para ajudar os pacientes em situações de extrema dor, como este fato de receber a noticia de uma doença.

O processo psicoterapêutico orientado pela TCC permite que o paciente aprenda a expressar seus pensamentos, controlá-los e reverter para bons pensamentos, ou pensamento funcional.

Pouco se estudou sobre a terceira onda e por este motivo, o trabalho buscou aprofundar no tema. Encontrou-se neste tema uma possibilidade para muitas pessoas em sofrimento que não conseguiram elaborar o processo de aceitação.

Cita-se como dificuldade encontrar material acadêmico suficiente para me aprofundar na pesquisa. Nota-se também que as técnicas são muito simples e fáceis de explicar e aplicar nos pacientes. Entende-se ser uma técnica de fácil aceitação e pouca resistência, visto que já está se abordando a aceitação (onde há uma resistência natural).

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CONSIDERAÇÕES

FINAIS

A Terapia de Terceira Onda veio dando um novo sentido e nova forma de ver a terapia cognitivo-comportamental. Algumas pessoas têm dificuldades em aceitar coisas boas em suas vidas, com crenças de “eu não merecia essa promoção” e isso também tem que ser trabalhado. Falar de aceitação com um paciente em fase terminal não é nada fácil. O papel do psicólogo é ensinar o paciente a compreender que aquilo está acontecendo e que não está ao alcance dele mudar a realidade e sim, dar sentido a ela e aprender a enfrentar situações difíceis de uma forma mais leve, compreendendo seus pensamentos e sentimentos.

O processo de aceitação é de fato um processo em que exige uma boa relação terapêutica entre paciente e psicólogo, exige um desenvolvimento de maturidade psicológica e inteligência emocional do paciente, que terá que abrir mão de seus pensamentos automáticos disfuncionais para aceitar uma condição contrária a eles. A insegurança neste processo é altíssima e muitas crenças de desvalor são ativadas. Cabe ao profissional da Psicologia acolher o paciente neste momento e apoiá-lo no processo de aceitação.

Este processo é bastante eficaz quando feito da maneira correta. Por isso vale a pena investir em um processo terapêutico eficaz voltado a linha cognitivo comportamental para lidar com processos difíceis, como aceitação de doenças.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Angerami, V.A. Psicologia & Câncer. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.

Beck, Judith S. Terapia Cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2.ed. Porto Alegre: Artmed,2013

Bolander, V.B (1998). Enfermagem fundamental: abordagem psicofisiológica. (pp.32-52) Lisboa: Lusodidacta

Diener, E (1984). Subjective Well-being. Psychological Bulletin, 95, 542-575

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Hayes, S. (2004). Acceptance and Commitment Therapy, Relational FrameTheory, and the Third Wave of Behavioral and CognitiveTherapies. Behavior Therapy, 35, 639-665

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(27)

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ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Livia Santana de Souza Silva, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “A eficácia da terapia cognitivo comportamental de terceira onda no

processo de aceitação de doenças”, isentando, mediante o presente termo, o

Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador

e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, 01 de dezembro de 2018.

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Referências

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