Hidráulica fluvial e
regularização de canais
PORTOS E VIAS NAVEGÁVEIS
Prof. Antônio Nélson Rodrigues da Silva
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos Departamento de Transportes
Portos de mar, rios e canais
Tópicos:
1. Noções de hidrografia 2. Noções de hidrologia 3. Morfologia fluvial
4. Dimensões desejáveis para os canais de navegação
5. Melhoramentos dos cursos d'água para navegação
n Melhoramentos gerais ou Normalização n Regularização
Noções de Hidrografia
Representação de aspectos reais
envolvendo áreas marítimas ou fluviais
No caso de rios ou canais:
n
Seções transversais
nVazões
n
Velocidades
n
Transporte de material sólido
nQualidade da água
Elementos gerais de uma bacia
hidrográfica
nÁrea
nForma
nGeologia
nDeclividade
nVentos e Chuvas
Merecem referência, em virtude das
técnicas utilizadas para a obtenção de
dados:
n
Geodésia/Topografia
nAltimetria Fluvial
Noções de Hidrologia
Estudo da água nos estados
líquido, sólido e gasoso, da sua
ocorrência, distribuição e
circulação na natureza.
nPrecipitação
n
Infiltração
nEvaporação
Morfologia fluvial
Conformação dos cursos d'água
ÁGUAS LIVRES
n cabeceiras das bacias n leito não definido
n declividade acentuada
n dependem das precipitações n regime descontínuo
n intensa erosão
n também chamadas torrentes
ÁGUAS SUJEITAS
n menor declividade n menor velocidade
n caminho definido talvegues
Características da seção transversal de um rio
N.A. Leito Maior N.A. Leito Médio N.A. Leito Menor
RIBANCEIRA PRAIA
Rios podem ser:
Estáveis
n
água não tem, praticamente, poder
erosivo
n
declividade é muito baixa
Errantes (ou Divagantes)
naltera a posição do leito
Evolução dos cursos d'água
Leis de Surel (1938):
1) A erosão natural dos cursos d'água é retrógrada, ou seja, ocorre de jusante para montante;
2) O perfil longitudinal tende para uma curva contínua, de concavidade voltada para o zênite, tangente na parte inferior a uma horizontal.
NÍVEL DE BASE A PERFIL LONGITUDINAL B C D E NÍVEL DE BASE F
E AS QUEDAS D'ÁGUA? RIOS NÃO SÃO ESTÁVEIS
William Morris Davis, geógrafo americano, comparou o ciclo vital dos rios ao dos animais
n MOCIDADE - busca de um talvegue definitivo
n MATURIDADE - talvegue definido e busca do perfil de
equilíbrio
n VELHICE - Perfil estabilizado e acúmulos de matéria sólida
dos afluentes
n MEANDROS
Vista em planta de um rio meândrico
SACADO J H G D E F E1 A B I CCurvas representam um problema para a
navegação
n
maior dificuldade e risco
nacréscimo na distância
Qual é a solução?
RETIFICAÇÃO dos meandros
Busca de novo perfil de equilíbrio
n
erosão a montante
A forma do leito de um curso d'água é
definida pela erosão
n
Pode começar no fundo do rio
n
Concentração da corrente no
ponto frágil
nAlteração da seção
n
Filetes d'água passam a incidir sobre uma
das margens
n
Filetes "refletem" e atingem a outra
margem
Vista em planta de bancos nas curvas de rios
canal banco a) Boa passagem ponto de inflexão b) Má passagemPrincípios gerais que regem a
formação dos cursos d'água
(H. Girardon) 1) A forma é sinuosa em planta
2) Perfil transversal não apresenta profundidades uniformes
3) Perfil longitudinal não apresenta um declive uniforme 4) Leito constituído de uma série de fossas, separadas por
bancos
5) Cada cheia renova os materiais do leito, modificando a forma do curso d'água
Melhoramentos podem induzir o comportamento natural do rio
Fargue conseguiu estabelecer correlações entre os
acidentes em planta e perfil
.
Características gerais de um rio, segundo estudo realizado por Fargue.
Estirão Perfil longitudinal
Detalhe do Trecho 1-3 Planta 1/R Distância N.A. 0 1B1 2 3 F1 B2 4 F2 5 B3 6 F3 7 B4 F48 1 B1 2 3 F1 L L/5 L/4
Sendo L o comprimento da curva considerada
n Bancos a L/5 a jusante do ponto de inflexão n Fossas a L/4 a jusante do vértice da curva
n Valores estudados por Fargue (17 pontos) geraram
uma relação numérica:
C = 0,03.H3 - 0,23.H2 + 0,78.H - 0,76
Onde:
C = curvatura quilométrica (inverso do raio de curvatura)
As conclusões obtidas permitiram a
formulação de 6 leis, de caráter geral, e de
base empírica
1) Lei dos afastamentos - profundidades máximas
e mínimas a jusante dos vértices e inflexões
2) Lei das fossas (ou da maior profundidade) - A
profundidade de uma fossa é tanto maior, quanto
maior a curvatura dos vértices correspondentes
R1 R2 H1 N.A. H2 Planta Perfil R1 > R2 C1 < C2 H2 > H1
3)Lei dos desenvolvimentos - Para maiores
profundidades máxima e média, o
desenvolvimento das curvas deve ter um valor
médio, específico para cada rio
4)Lei dos ângulos - Para desenvolvimentos iguais
de curvas, a profundidade média é tanto maior,
quanto maior o ângulo externo formado pelas
tangentes
a 1 D1 a2 D2 D1 = D2 Hm1 < Hm2a1 < a25) Lei da continuidade - Toda a mudança brusca de curvatura produz uma redução brusca de
profundidade.
6) Lei da inclinação dos fundos - Se a curvatura varia de maneira contínua, a inclinação da tangente à curva das curvaturas (inverso do raio) determina, em qualquer ponto, a declividade do fundo.
C1
C3 C2
C4
C1 < C2 - aumento da profundidade a jusante C3 > C4 - redução da profundidade a jusante
B A C D O distância 1/R distância 1/R
Regras complementares:
Entre pontos de inflexão consecutivos, a
largura deve crescer junto com a
curvatura, com o valor máximo no
vértice da curva;
L1 L2 I2 I1 L3 V1 L4 V2 L1 < L2 L2 > L3 AAs larguras dos pontos de inflexão
sucessivos crescem de montante para
jusante.
I1 I2 La Lb Lc I3 La < Lb < Lc fluxoB
As margens côncavas devem ter um
desenvolvimento notavelmente superior
ao das margens convexas
Margem externa (côncava)
Margem interna (convexa)
D2
D1
Dimensões desejáveis para
os canais de navegação
Definidas, a princípio, segundo critérios econômicos
Profundidade: hmin = C + 0,5 metros, hdesejável = 1,5.C Largura: dmin = 4.B, ddesejável = 10.B
Área da seção molhada (seção): Amin = 6.S Adesejável = 15.S Raio de Curvatura (em função do comprimento - l): Rmin = 10.L Raios menores só com superlargura (s):
d H B S C s = L 2.R 2
Melhoramentos dos cursos
d'água para navegação
Problemas que dificultam a utilização
plena dos cursos d'água para navegação
são:
n
Obstáculos naturais ou acidentais
nDesbarrancamentos
n
Irregularidade das vazões
n
Instabilidade do canal (o talvegue pode se
alterar após uma enchente)
n
Pluralidade de canais
nCorredeiras e quedas.
Melhoramentos dos cursos
d'água para navegação
NORMALIZAÇÃO REGULARIZAÇÃO CANALIZAÇÃO GERAIS ou MELHORAMENTOS CONSERVAÇÃO DE SOLEIRAS CORRENTES HELICOIDAIS SIMPLES CONTRAÇÃO REMOÇÃO DE OBSTÁCULOS
LIMITAÇÃO DO LEITO DE INUNDAÇÃO
FECHAMENTO DE BRAÇOS SECUNDÁRIOS RETIFICAÇÃO DE MEANDROS
Melhoramentos Gerais ou
Normalização
n
Obras de baixo custo
n
Simples
n
Necessitam de grande manutenção
n
Menor vida útil
Limitação do Leito de Inundação
n
Protege terrenos ribeirinhos
n
Barragens longitudinais no leito maior
nDiques ou muros
n
Limitam as águas nas cheias, prevenindo
inundações
Fundação
indireta Leito Menor Fundação direta
Leito Maior
Limitação do Leito de Inundação
Diques
n Barragens de terra ou enrocamento n Geralmente de gravidade
n Materiais impermeáveis
n Solo local ou gabiões, com núcleo impermeável
Muros
n Estruturas esbeltas
n Em geral, de concreto armado
Remoção de Obstáculos
n
Retirada de material sólido do leito do rio
nObstáculo ocasional
n
Rochas permanentes
Remoção de Obstáculos
Dragagem
n
Equipamentos mecânicos ou hidráulicos
nPouca influência no regime dos rios
n
Comum sedimentação do canal dragado
n
Material pode ser removido do leito ou deixado no mesmo
nEquipamentos contínuos (alcatruzes)
elinda alcatruz calha
Remoção de Obstáculos
n Equipamentos descontínuos (colher, concha ou
pá-de-arrasto)
Equipamentos hidráulicos (dragas de sucção):
n è Simples
n è Com desagregador giratório n Com pá de sucção
Back-shovel
Clamshell
Material sólido e água são despejados:
n
Nas próprias dragas
nEm batelões
n
Na corrente, fora do canal
n
Na margem, recalcados por tubulação
Derrocamento fluvial
n
è Explosivos
n
è Percussão (hastes de derrocagem ou
Proteção das Margens
n Busca a fixação do canal navegável n Reduz transporte de sólidos
n Permite o equilíbrio da seção transversal n Protege terrenos ribeirinhos
n Desgaste das margens pode ser provocado por:
èArrancamento (oriundo da erosão)
èEscorregamento da ribanceira (erosão no pé das margens ou escoamento de águas de infiltração) èAção das ondas (vento ou embarcações)
Proteção das Margens
Diretas ou Contínuas
n Taludamento
n Revestimento simples
n Proteção com enrocamentos, alvenaria de pedra e cortinas
contínuas
Indiretas ou Descontínuas
n Obras localizadas
n A curta distância das margens n Desviam o curso d'água
n Provocam a deposição de material sólido n Espigões isolados
n Espigões de repulsão
Espigão isolado e seu efeito na margem a jusante
espigão
pilar erosão
linhas de fluxo espigões
colchão líquido
estático linhas de fluxo
Fechamento de Braços Secundários
Aprofundamento do canal principal
n
Deposição dos materiais sólidos, à jusante
Feitos em enrocamento ou terra Sedimentação
Ilha
Retificação de Meandros
Pode gerar problemas
n
Embocadura do novo canal próxima do
vértice da curva pode evitar que o rio
consiga refazer o meandro
REGULARIZAÇÃO
n
Obras de custo elevado
n
Necessitam de pouca manutenção
n
Resultados permanentes
Simples Contração
Ai NA Li Seção inicial Le Seção estreitada NA Ae Lf Seção final NA H H D AfConservação de Soleiras
canal dique
Correntes Helicoidais
Seção transversal d = distância de atuação do painel erosão d NA cheiaCANALIZAÇÃO
Vantagens
n Permite maiores calados
n Reduz os tempos de viagem
n Menor percurso pela retificação por recobrimento n Controle da vazão na estiagem
n Facilidade para construção de portos n Aproveitamento hidrelétrico
n Irrigação
NA
Barragem Obra de transposição
Perfil longitudinal
NA NA