Artigo Original 1
Associação entre a prática de exercícios físicos no lazer e equilíbrio em idosos com 2
osteoporose e saudáveis 3
4 5
Maria Ruth da Silva Reis1,2, Vanessa Ribeiro dos Santos1,3 6
7
1. Laboratório de Avaliação do Sistema Musculoesquelético (LABSIM), Departamento de
8
Educação Física, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista,
9
Presidente Prudente, São Paulo.
10
2. Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade
11
Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo.
12
3. Programa de Pós-graduação em Ciências da Motricidade, Instituto de Biociências,
13
Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Rio Claro, São Paulo.
14 15
Autor Correspondente: Prof. Ms. Vanessa Ribeiro dos Santos, Laboratório de Avaliação do
16
Sistema Musculoesquelético (LABSIM), Departamento de Educação Física, Faculdade de
17
Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Rua Roberto Simonsen, 305, Presidente
18
Prudente, SP, CEP 19.060-900, Tel. (18)3229-5910, e-mail: van_vrs@yahoo.com.br
19 20 21 22 23 24 25
Resumo 1
Com o envelhecimento ocorre a diminuição da densidade mineral óssea, que pode levar
2
ao desenvolvimento da osteoporose, tornando o idoso mais frágil e suscetível às fraturas. A
3
prática de exercícios físicos melhora a mobilidade e o equilíbrio, e pode ser benéfica na
4
prevenção de quedas e fraturas em idosos, principalmente àqueles com osteoporose. O objetivo
5
do presente estudo foi analisar a associação entre a prática de exercícios físicos no lazer (EFL)
6
e equilíbrio em idosos com osteoporose e saudáveis. Foram avaliados 216 idosos com idade
7
entre 60e 92 (71±6,9) anos, do município de Presidente Prudente, SP. Para avaliar o equilíbrio
8
estático e dinâmico foram utilizados dois testes funcionais propostos pela literatura. A técnica
9
de Absorciometria de Raios-X de Dupla Energia foi utilizada para mensurar a densidade
10
mineral óssea. Para o diagnóstico da osteoporose foi utilizado exames nos sítios (fêmur
11
proximal total e coluna lombar). A prática de EFL foi verificada por meio de entrevista face a
12
face. O teste qui-quadrado foi empregado para verificar a associação entre a prática de EFL e
13
equilíbrio, e análise de regressão logística binária para construção de modelo múltiplo. Todas
14
as análises foram realizadas utilizando o software SPSS(17.0), com nível de significância
15
estabelecido em 5%. Verificou-se que idosos que não praticam EFL tem maior chance de
16
apresentarem baixo equilíbrio estático (OR:5,43; IC:1,46-20,22) e dinâmico (OR:4,25;
IC:1,26-17
14,38), quando comparados aos que praticam EFL, independente do sexo. A prática regular de
18
EFL está inversamente associada ao baixo equilíbrio, principalmente em idosos com
19
osteoporose, independente do sexo.
20 21 22 23 24 25
Abstract 1
With aging occurs a decrease of bone mineral density, that can lead to development of
2
osteoporosis, making the elderly people more fragile and susceptible to the fractures. The
3
practice of physical activities improve the mobility and balance, and can be benefit on
4
prevention of falls and fractures in elderly people, manly those with osteoporosis. The objective
5
of the present study was analyze the association between the practice of physical activity on
6
recreation (PAR) and balance in elderly people with osteoporosis and healthy. Were evaluated
7
216 elderly people with age between 60 and 92 (71±6,9) years old, of the municipality
8
Presidente Prudente, SP. To evaluate the estatic and dinamic balance was used two functional
9
tests proposed by literature. The tecnic of Dual Energy X-Ray Absorptiometry was used to
10
mensure bone mineral density. To diagnosis of osteoporosis was used exames on places (total
11
proximal femur and lumbar spine). The practice of PAR was verified by face-to-face interview.
12
The qui-square test was appointed to verified the association between the practice of PAR and
13
balance, and binary logistic regression analysis for the construction of multiple model. All the
14
analysis was realized using the software SPSS (17.0), with level of significance stablished in
15
5%. It was found that elderly people who do not practice PAR have a greater chance of present
16
low estatic balance (OR:5,43; IC:1,46-20,22) and dinamic (OR:4,25; IC:1,26-14,38), when
17
compared to those who practice PAR, independent of gender. The regular practice of PAR is
18
inversely associated to low balance, mainly in elderly people with osteoporosis, independent of
19 gender. 20 21 22 23 24 25
Introdução 1
A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada por perda
2
gradual da massa óssea e deterioração estrutural do tecido, tornando-os mais frágeis e
3
suscetíveis a fraturas (WHO, 2003). Os principais fatores causais da osteoporose incluem
4
baixos níveis de atividade física, inflamação crônica e mudanças hormonais. A combinação
5
desses fatores, sendo o principal a inatividade física, leva à progressão da doença e aumento do
6
risco de quedas e fraturas (DRIUSSO, 2000).
7
Ademais outra consequência da doença é a diminuição do equilíbrio
8
(MENESES, 2012). Com o processo de envelhecimento são observadas mudanças fisiológicas
9
no sistema vestibular, somatosensorial e muscular, o que afetam a coordenação motora
10
(ANTONINI, 2011). Nos idosos diagnosticados com osteoporose a diminuição do equilíbrio
11
gera um maior impacto na sua condição física, visto a associação de outros fatores decorrentes
12
da doença (MENESES, 2012), podendo esses fatores contribuir para o aumento de quedas nessa
13
população.
14
Entretanto evidências apontam que a participação em programas de exercícios
15
físicos é uma forma independente de prevenção a uma série de declínios funcionais associados
16
com o envelhecimento (Mynarski, 2014). Além disso, observam-se benefícios sobre a
17
qualidade de vida, mobilidade e equilíbrio em idosos com osteoporose após a inserção em
18
programas de exercícios físicos (MATSUDO, 2009).
19
Diante do exposto, o objetivo do estudo foi analisar a associação entre a prática
20
de exercícios físicos no lazer e equilíbrio em idosos com osteoporose e saudáveis.
21 22 23 24 25
Métodos 1
2
Delineamento do estudo e recrutamento dos sujeitos 3
Os dados utilizados neste estudo referem-se ao segundo momento de avaliação de uma
4
coorte, realizada entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2017 no município de Presidente Prudente
5
(região Sudeste do Brasil), com um dos objetivos investigar a influência da prática de atividade
6
física sobre a densidade mineral óssea, osteoporose e incapacidade funcional em idosos. A
7
seleção da amostra foi realizada por amostragem por conveniência.
8
O tamanho amostral mínimo para a realização do estudo foi identificado por uma
9
equação para coeficiente de correlação. Assim, utilizando poder de 80%, erro alfa de 5% e um
10
coeficiente de correlação esperado entre massa magra apendicular e atividade física de 0.28
11
(Park et al. 2010), a equação indicou a necessidade de se avaliar ao menos 99 sujeitos.
12
Adicionalmente, por considerar uma perda amostral possível de 100% ao longo do seguimento,
13
o mesmo deveria ser iniciado envolvendo 200 sujeitos.
14
Como critério de exclusão foi considerado os seguintes fatores: residir em instituição de
15
longa permanência; possuir alguma doença que possa propiciar redução da massa muscular,
16
tais como câncer, HIV/Aids, tuberculose e doença renal crônica.
17
Foram convidados a participar da pesquisa, indivíduos com idade igual ou superior a 60
18
anos. A pesquisa foi divulgada na mídia local e em locais do município com alta concentração
19
de idosos (praças, academias da saúde, centros de convivência e outros projetos sociais). As
20
avaliações foram agendadas por meio de ligação telefônica. Ao todo, foram avaliados 216
21
participantes com idade entre 60 e 92 anos.
22
A coleta dos dados foi realizada no Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e
23
Prescrição de Atividade Motora (CELAPAM) do departamento de Educação Física da
FCT-24
UNESP de Presidente Prudente.
Os participantes que aceitaram o convite para o projeto assinaram o “Termo de
1
Consentimento Livre e Esclarecido”. Todos os protocolos foram revisados e aprovados pelo
2
Comitê de Ética em pesquisas da Universidade Estadual Paulista (Processos 980.458/2015).
3 4 Equilíbrio 5 - Estático 6
O teste de equilíbrio estático possui três etapas, realizadas em sequência (10 segundos
7
cada): i) ficar em pé, com os pés unidos, um ao lado do outro; ii) encostar o calcanhar de um
8
dos pés na lateral do hálux do pé oposto; iii) ficar em pé, com o pé na frente do outro. Cada
9
medida foi considerada concluída com êxito, quando o indivíduo conseguir ficar 10 segundos
10
na posição mencionada (Guralnik et al., 1994).
11 12
- Dinâmico
13
Para avaliar a velocidade de marcha e equilíbrio dinâmico, o teste timed-up-and-go
14
(TUG) foi aplicado, o qual consiste em levantar-se de uma cadeira, andar a uma distância de
15
três metros, dar a volta e retornar. O teste foi iniciado com o avaliado sentado corretamente em
16
uma cadeira estável e com braços para apoio (quadris e costas encostados totalmente no
17
assento); o avaliado pôde utilizar os braços da cadeira para sair da posição sentada para a
18
posição de pé e vice-versa (Mathias et al., 1986).
19
Ao sinal do avaliador (que iniciou o cronometro concomitantemente), o avaliado
20
levantou-se, caminhou (em seu passo habitual) até a demarcação, deu a volta por ela, retornou,
21
e sentou-se na cadeira novamente (o cronômetro foi parado no momento em que ele(a) estava
22
na posição sentada, corretamente, com os braços sobre o apoio da cadeira, ao fim da
23
caminhada).
Para a realização do teste pôde ser utilizado qualquer aparato para a caminhada (bengala,
1
andador, etc.), bem como o avaliado poderia parar, descansar ao longo do teste. Entretanto, eles
2
não poderiam ser auxiliados por outra pessoa nem se sentar durante o percurso.
3
O ponto de corte adotado para identificar os idosos com baixo equilíbrio nesse teste foi
4
valores superiores ao quarto quartil (10,14 segundos).
5 6
Osteoporose 7
A técnica de Absortiometria de Raios-X de Dupla Energia (DXA) da marca Lunar,
8
modelo DPX-MD, software 4,7 foi utilizada para analisar a densidade mineral óssea nos sítios
9
específicos (fêmur proximal total e coluna lombar) para identificar a presença de osteoporose,
10
com os exames realizados seguindo as recomendações indicadas pelo fabricante. A presença de
11
osteoporose foi definida como valor de T-score ≤ -2,5 (WHO, 2003).
12 13
Exercício físico no lazer 14
As informações referentes a pratica de exercícios físicos foram levantadas a partir de
15
entrevista com a utilização do questionário desenvolvido por Baecke et al. (1982).
16
O instrumento é composto por 16 questões e investiga o nível de atividade física habitual
17
em três domínios: ocupacional (tipo de ocupação e atividades realizadas durante o trabalho);
18
exercício físico no lazer (prática de exercícios físicos regulares); e atividades de lazer e
19
locomoção (assistir TV, caminhar ou andar de bicicleta no lazer e para locomoção).
20
No presente estudo foi utilizada a questão nove da sessão dois (exercício físico no lazer);
21
“Você pratica algum tipo de esporte, vai à academia ou faz caminhada regularmente?”
22 23 24
Co-variáveis 1
2
Medidas antropométricas 3
O peso corporal foi mensurado com a utilização de uma balança eletrônica e a estatura
4
em um estadiômetro fixo. As medidas foram realizadas segundo a padronização descrita por
5
Freitas Jr. et al. (2009). Os valores obtidos de peso e estatura foram utilizados para o cálculo do
6
índice de massa corporal (IMC, em kg/m2), a partir da razão entre peso e estatura ao quadrado. 7
A classificação do IMC dos idosos foi realizada segundo os valores sugeridos por
8
Troiano et al. (1996).
9 10
Variáveis sociodemográficas e comportamentais 11
As informações referentes às variáveis: idade, sexo, etnia e hábito de fumar e a presença
12
de artrite/artrose foram levantadas por meio de entrevista.
13 14
Análise estatística 15
A estatística descritiva foi composta por valores percentuais. Os valores percentuais de
16
cada variável foram associados ao equilíbrio (normal ou baixo) por meio do teste qui-quadrado.
17
Para comparar o desempenho nos testes de equilíbrio e os valores de densidade mineral óssea
18
entre idosos praticantes e não praticantes de EFL de cada grupo (osteoporose ou saudável) foi
19
utilizado o teste Mann-Whitney.
20
O teste qui-quadrado também foi empregado para verificar a associação entre as
21
variáveis dependentes (equilíbrio e osteoporose) e independente (exercícios físicos).
22
Posteriormente, a análise de regressão logística binária univariada e múltipla foi empregada
23
para identificar a magnitude das associações em valores de odds ratio (OR) e seus respectivos
intervalos de confiança de 95%. O tratamento estatístico foi realizado utilizando o software
1
SPSS (SPSS inc. Chicago. IL), versão 17.0 e o nível de significância foi estabelecido em 5%.
2 3
Resultados. 4
A idade dos 216 idosos participantes (homens, N = 55; mulheres, N = 161) da amostra variou
5
entre 60 e 92 anos (71±7anos). A idade média dos homens (73±7 anos) foi significantemente maior
6
(p≤0,05) comparado às mulheres (70±7 anos). Em contrapartida, a participação de mulheres no estudo
7
foi maior em comparação aos homens (75% x 25%). A maioria dos participantes da amostra referiu
8
praticar algum tipo de EFL (72%), e não houve diferença significativa entre os sexos. A prevalência
9
de osteoporose observada na amostra geral foi de aproximadamente 17%, com maior percentual em
10
mulheres (20% x 07%); [p≤0,05].
11 12
A Tabela 1. apresenta as características gerais da amostra segundo equilíbrio (estático ou
13
dinâmico). Foi observado que a maioria dos idosos com baixo equilíbrio (estático ou dinâmico)
14
apresentaram idade igual ou superior a 70 anos (p<0,05). Observou-se também que idosos com
15
osteoporose estão mais predispostos a apresentarem baixo equilíbrio estático.
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Tabela 1. Características gerais da amostra segundo a condição de equilíbrio. 1
Equilíbrio estático Equilíbrio dinâmico
Total (n) Normal [n (%)] Baixo [n (%)] Normal [n (%)] Baixo [n (%)] Sexo Masculino 55 51 (92,7) 04 (7,3%) 42 (76,4) 13 (23,6) Feminino 161 140 (87,0) 21 (13,0) 120 (74,5) 41 (25,5) Idade (anos) 60-69 109 102 (93,6) 07 (6,4)* 89 (81,7) 20 (18,3)* > 70 107 89 (83,2) 18 (16,8) 73 (68,2) 34 (31,8) IMC (Kg/m2) Baixo 26 25 (96,2) 01 (3,8) 21 (80,8) 05 (19,2) Eutrófico 93 77 (82,8) 16 (17,2) 72 (77,4) 21 (22,6) Obesidade 97 89 (91,8) 08 (8,2) 69 (71,1) 28 (28,9) Etnia Branco 153 133 (86,9) 20 (13,1) 110 (71,9) 43 (28,1) Pardo/negro 38 36 (94,7) 02 (5,3) 30 (78,9) 08 (21,1) Asiático 25 22 (88,0) 03 (12,0) 22 (88,0) 03 (12,0) Fumante Não 206 - - 155 (75,2) 51 (24,8) Sim 10 - - 07 (70,0) 03 (30,0) Osteoporose Não 180 163 (90,6) 17 (9,4)* 138 (76,7) 42 (23,3) Sim 36 28 (77,8) 08 (22,2) 24 (66,7) 12 (33,3) Artrite/artrose Não 111 98 (88,3) 13 (11,7) 89 (80,2) 22 (19,8) Sim 105 93 (88,6) 12 (11,4) 73 (69,5) 32 (30,5) p≤0,05 2 3
Na Tabela 2. é apresentada a comparação dos valores medianos obtidos nos testes de
4
equilíbrio e das variáveis de densidade mineral óssea entre os grupos de idosos com osteoporose
5
e saudáveis que praticam ou não praticam EFL. Observou-se que idosos com osteoporose que
praticam EFL apresentaram melhor desempenho no teste de equilíbrio dinâmico e densidade
1
mineral óssea da coluna comparado àqueles que não praticam EFL (p<0,05).
2 3
Tabela 2. Valores de medianos e intervalo interquartil das variáveis de equilíbrio e densidade 4
mineral óssea segundo a condição de saúde (osteoporose ou saudável) e prática de EFL.
5
Variáveis
Osteoporose (n=36)
P Exercício Físico no Lazer
Sim (n=23) Não (n=13) Mediana (P25-75) Mediana (P25-75)
Equilíbrio estático (pontos) 4,00 (4,00-4,00) 4,00 (3,00-4,00) 0,062 Equilíbrio dinâmico (seg.) 8,39 (7,67-10,37) 9,51 (8,86-11,00) 0,019
BMD fêmur (g/cm2) 0,74 (0,69-0,82) 0,74 (0,71-0,76) 0,542
BMD coluna (g/cm2) 0,84 (0,80-0,86) 0,73 (0,67-0,84) 0,020
T-score fêmur -2,20 (-2,50- -1,50) -2,20 (-2,35- -1,95) 0,668 T-score coluna -2,90 (-3,20- -2,60) -3,7 (-4,25- -2,80) 0,033
Saudáveis (n=180) Exercício Físico no Lazer Sim (n=132) Não (n=48)
Equilíbrio estático (pontos) 4,00 (4,00-4,00) 4,00 (4,00-4,00) 0,382 Equilíbrio dinâmico (seg.) 8,80 (8,00-9,74) 9,48 (8,12-10,60) 0,057 BMD fêmur (g/cm2) 0,92 (0,83-1,03) 0,96 (0,89-1,05) 0,134
BMD coluna (g/cm2) 1,08 (1,00-1,21) 1,08 (0,98-1,23) 0,108
T-score fêmur -0,80 (-1,40- -0,12) -0,60 (-1,00-0,27) 0,881 T-score coluna -0,90 (-1,50-0,20) -0,85 (-1,75-0,37) 0,952
A associação entre a prática de EFL e equilíbrio é apresentada na Tabela 3. Observou-se que
1
idosos que não praticam EFL, principalmente àqueles com osteoporose estão mais predispostos a
2
apresentarem baixo equilíbrio.
3 4
Tabela 3. Associação entre a prática de EFL e equilíbrio em idosos com osteoporose e saudáveis. 5
Equilíbrio Estático Equilíbrio Dinâmico
EFL Normal Baixo Normal Baixo
n (%) n (%) n (%) n (%)
Osteoporose=não 08 (61,5) 05 (38,5)* 07 (53,8) 06 (46,2)*
Osteoporose=sim 20 (87,0) 03 (13,0) 17 (73,9) 06 (26,1)
Saudáveis=não 45 (93,8) 03 (6,3) 29 (60,4) 19 (39,6)
Saudáveis=sim 118 (89,4) 14 (10,6) 109 (82,6) 23 (17,4)
Notas: EFL=exercícios físicos no lazer *p<0,05
6 7
Verificou-se que idosos com osteoporose que não praticam EFL tem maior chance de
8
apresentarem baixo equilíbrio (estático e dinâmico), quando comparados aos que praticam EFL,
9
sendo esta associação válida para o modelo de regressão univariado ou ajustado
10 (Tabela 4). 11 12 13 14 15 16 17 18
Tabela 4. Modelos de regressão logística univariado e múltiplo da associação entre a prática de EFL e 1
equilíbrio em idosos com osteoporose e saudáveis.
2 EFL Equilíbrio Estático OR IC 95% ORA IC 95% Saudáveis=sim 1,00 - 1,00 - Saudáveis=não 0,56 0,15-2,04 0,61 0,16-2,25 Osteoporose=sim 1,26 0,33-4,79 1,23 0,32-4,72 Osteoporose=não 5,26 1,51-18,33 5,43 1,46-20,22 Equilíbrio Dinâmico Saudáveis=sim 1,00 - 1,00 - Saudáveis=não 3,10 1,49-6,46 3,58 1,67-7,67 Osteoporose=sim 1,67 0,59-4,70 1,66 0,58-4,70 Osteoporose=não 4,06 1,24-13,21 4,25 1,26-14,38
Notas: EFL=exercícios físicos no lazer; regressão ajustada por sexo e idade, OR=odds ratio, IC
3 95%=intervalo de confiança. 4 5 Discussão 6
O principal achado observado neste estudo foi que a prática de EFL está inversamente
7
relacionada ao baixo equilíbrio de idosos, principalmente àqueles com osteoporose (equilíbrio
8
estático e dinâmico). Um dos fatores que pode explicar esta associação neste grupo específico
9
refere-se à diminuição do equilíbrio observado nestes indivíduos decorrentes das alterações
10
posturais e musculoesqueléticas desenvolvidas na osteoporose (MATSUDO,2009). Contudo,
11
essas alterações podem ser controladas por meio da prática de exercícios físicos (DRIUSSO,
12
2008).
A prevalência de osteoporose observada na amostra geral foi de aproximadamente 17%,
1
com maior percentual em mulheres relacionado ao estilo de vida, que não praticam exercício
2
físico no lazer, e também pode estar associado por serem mulheres pós-menopausa, o que causa
3
as disfunções hormonais, a perda de massa óssea acentuada, que consequentemente resulta no
4
baixo nível de equilíbrio e apresentam alteração postural, distúrbio da marcha e desequilíbrio
5
corporal, o que favorece a ocorrência de quedas (MENESES, 2012). Tais achados são próximos
6
aos observados por Fulano et al....
7
A prática de exercícios físicos pode ser eficaz para a prevenção da osteoporose, sendo
8
altamente recomendada, uma vez que promove benefícios para os sistemas cardíaco,
9
respiratório, muscular e ósseo (SIQUEIRA, 2009). Há uma relação direta entre histórico de
10
quedas com baixo equilíbrio e controle postural, limitando e diminuindo a mobilidade e as
11
atividades da vida diária (MENESES, 2012).
12
Como observado no presente estudo, idosos com osteoporose estão mais predispostos a
13
apresentarem baixo equilíbrio estático, justificada pelas mudanças que ocorrem além da
14
fragilidade mecânica, alterações na estrutura óssea, mudanças nas informações sensoriais,
15
somatossensorial resultando na diminuição mais pronunciada de força e equilíbrio, reduzindo
16
o controle postural, consequentemente, a base de sustentação do centro de gravidade do corpo
17
(MENESES, 2012). Podemos também observar, que idosos que não praticam EFL apresentam
18
menor densidade mineral óssea na coluna, somando a degeneração provocada pelo
19
envelhecimento, o conteúdo mineral ósseo diminui, sendo na coluna mais acentuado
20
(DRIUSSO, 2008).
21
O exercício físico é uma das ferramentas para combater os efeitos oriundos da
22
osteoporose, Renno (2007) em um estudo comratas osteopenicas submetidas ao exercício de
23
saltos na águaobservou efeitos estimulantes nos ossos osteopenicos melhorando a resistência
24
femoral e aumentando o conteúdo de cálcio. Outro estudo feito com mulheres com osteoporose
que tinham sintomas de dor obteve resultados positivos na flexibilidade, força muscular,
1
coordenação e equilíbrio (DRIUSSO, 2008). Uma das hipóteses é de que a prática de exercícios
2
físicos promova estímulos mecânicos que induzem a adaptação do tecido ósseo, a estimulação
3
osteoblástica ocorre no local onde e gerado o estimulo, e o sistema musculo esquelético
4
responde de forma geral aos níveis de cálcio (MATSUDO; MATSUDO, 1992).
5
Como ressalva, vale destacar que o delineamento transversal do presente estudo não
6
permite o estabelecimento de uma relação de causa-efeito. Entretanto, considera-se como
7
aspectos fortes do estudo a avaliação da densidade mineral óssea por meio do equipamento de
8
medida mais acurado (DEXA) e da funcionalidade por meio de testes físicos, que apresentam
9
baixo custo, em idosos brasileiros de ambos os sexos.
10 11
Conclusão 12
A prática regular de EFL está inversamente relacionada ao baixo equilíbrio,
13
principalmente em idosos com osteoporose, independente do sexo.
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Referências. 1
2
Baecke JAH, Burema J, Frijters JER. A short questionnaire for the measurement of habitual
3
physical activity in epidemiological studies. Am J Clin Nutr 1982; 35(6):936-942.
4 5
Guralnik JM, Simonsick EM, Ferrucci L, Glynn RJ, Berkman LF, Blazer DG, et al. A short
6
physical performance battery assessing lower extremity function: association with self-reported
7
disability and prediction of mortality and nursing home admission. J Gerontol
1994;49(2):M85-8
94.
9 10
Mathias S, Nayak US, Isaacs B. Balance in elderly patients: the "get-up and go" test. Arch Phys
11
Med Rehabil 1986;67(6):387-389.
12 13
Freitas Junior IF, Bueno DR, Buonani C, Codogno JS, Conterato I, Fernandes RA, et al.
14
Padronização de Técnicas Antropométricas. Presidente Prudente, SP: Cultura Acadêmica;
15
2009.
16 17
Troiano RP, Frongillo EAJR, Sobal J, Levitsky DA. The relationship between body weight and
18
mortality: A quantitative analysis of combined information from existing studies. Int J Obes
19
Relat Metab Disord 1996;20(1):63-75.
20 21
World Health Organization (WHO). Prevention and management of osteoporosis: Report of a
22
WHO scientific group. Geneva, 2003.
23 24
Park H. et al. Yearlong physical activity and sarcopenia in older adults: the Nakanojo Study.
1
European Journal Applied Physiology, v.109, n.5, p.953-961, jul. 2010
2 3
RENNO, Ana Claudia Muniz et al . Os efeitos de um programa de atividade física de carga
4
progressiva nas propriedades físicas e na força óssea de ratas osteopênicas. Acta ortop. bras.,
5
São Paulo , v. 15, n. 5, p. 276-279, 2007 .
6 7
DRIUSSO, Patricia et al . Redução da dor em mulheres com osteoporose submetidas a um
8
programa de atividade física. Fisioter. Pesqui., São Paulo , v. 15, n. 3, p. 254-258, set. 2008.
9 10
Meneses Sarah Rubia Ferreira de, Burke Thomaz Nogueira, Marques Amélia Pasqual.
11
Equilíbrio, controle postural e força muscular em idosas osteoporóticas com e sem quedas.
12
Fisioter. Pesqui. [Internet]. 2012 Mar [cited 2017 Mar 05] ; 19( 1 ): 26-31.
13 14
Siqueira Fernando Vinholes, Facchini Luiz Augusto, Azevedo Mario Renato, Reichert Felipe
15
Fossati, Bastos Juliano Peixoto, Silva Marcelo Cozzensa et al . Prática de atividade física na
16
adolescência e prevalência de osteoporose na idade adulta. Rev Bras Med Esporte [Internet].
17
2009
18 19
Matsudo VKR, Calmona CO. Osteoartrose e atividade física. Diagn. tratamento,
20
2009;14(4):146-151.
21 22
Frazão Paulo, Naveira Miguel. Prevalência de osteoporose: uma revisão crítica. Rev. bras.
23
epidemiol. [Internet]. 2006 June [cited 2017 Mar 05] ; 9( 2 ): 206-214.
Rebelatto JR, Calvo JI, Orejuela JR, Portillo JC. Influência de um programa de atividade física
1
de longa duração sobre a força muscular manual e a flexibilidade corporal de mulheres idosas.
2
Rev. bras. fisioter. [Internet]. 2006 [cited 2017 Mar 05] ; 10( 1 ): 127-132.
3 4
Nóbrega Antonio Claudio Lucas da, Freitas Elizabete Viana de, Oliveira Marcos Aurélio
5
Brazão de, Leitão Marcelo Bichels, Lazzoli José Kawazoe, Nahas Ricardo Munir et al .
6
Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade
7
Brasileira de Geriatria e Gerontologia: atividade física e saúde no idoso. Rev Bras Med Esporte
8
[Internet]. 1999 Dec [cited 2017 Mar 05] ; 5( 6 ): 207-211.