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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE BLUMENAU – SANTA CATARINA.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, pelo Promotor de Justiça ao final firmado, no uso de suas atribuições, vem perante Vossa Excelência, com fundamento no disposto no artigo 129, Inciso II, da Constituição Federal e artigo 867 do Código de Processo Civil, e com base nas informações colhidas nos autos da Notícia de Fato 01.2015.0004388-0, requerer a NOTIFICAÇÃO JUDICIAL de NAPOLEÃO BERNARDES NETO, brasileiro, solteiro, Advogado e Prefeito do Município de Blumenau, podendo ser notificado na Prefeitura Municipal de Blumenau, situada na Praça Victor Konder, nº 02, nos seguintes termos:
O Ministério Público recebeu representação formulada por
Múcio Brandão Madureira, autuada como notícia de fato sob o nº
01.2015.00004388-0, na qual relata, em breve síntese, que:
1. houve a alteração do controle acionário da Empresa Nossa
Senhora da Glória, que é líder do Consórcio SIGA, prestadora do serviço de
transporte coletivo do Município de Blumenau;
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agravamento da situação financeira daquela empresa, com registro de 250
protestos e devolução de mais de 50 cheques por ausência de provisão de
fundos;
3. Foi realizado aporte financeiro no montante de R$
1.500.000,00 por parte da empresa De Amorim, por conta de uma suposta
promessa de compra e venda de ações da concessionária;
4. A fiscalização por parte do Serviço Municipal Autônomo de
Trânsito e Transporte de Blumenau – SETERB, quanto ao cumprimento das
cláusulas do contrato de concessão, é deficitária, com a existência de
inúmeras ações trabalhistas perante a Justiça especializada;
No dia 17 de junho de 2015, o SINDICATO DOS
EMPREGADOS DAS EMPRESAS PERMISSIONÁRIAS DO TRANSPORTE
COLETIVO URBANO DE BLUMENAU protocolizou expediente nesta
Promotoria de Justiça informando, em suma, que:
1. a contribuição sindical e a mensalidade dos associados ao
Sindicato estão sendo descontados regularmente, porém a empresa vem
apropriando-se indevidamente desses valores, não os repassando ao seu
titular;
2. a empresa Nossa Senhora da Glória não está depositando
o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço de seus funcionários desde
novembro de 2012;
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as contribuições devidas ao Instituto Nacional de Seguridade Social há alguns
anos, muito embora os descontos sejam feitos dos vencimentos dos
funcionários;
Encaminhado ofício ao Excelentíssimo Prefeito para a tomada
de providências quanto ao noticiado por Múcio Brandão Moreira, houve
resposta aos termos da representação, cuja parte conclusiva está colocada
nos seguintes termos:
Conforme consta do ato constitutivo da Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda., esta possui como sócios: Sackl Participações Ltda., MKF Participações Ltda., WS Participações Ltda. E AJIR Participações Ltda.
Portanto, continuam sendo exatamente os mesmos sócios que atendem o controle societário da Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda.
Assim, ao que tudo indica, em não havendo alteração do controle societário não há que se falar em ofensa ao art. 27 da Lei nº 8987/95.
Por estas razões, entende o Município, como poder concedente, que não ocorreu a alteração do controle acionário da Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda., tornando desnecessária a anuência constante do art. 27 da Lei de Concessão e Permissão.
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Ora, tais conclusões não nos parecem corretas, razão pela
qual passamos a expor as razões de fato e de direito que reclamam a imediata
intervenção do poder concedente.
O contrato de concessão nº 224/07, que tem como objeto a
exploração do serviço público de transporte coletivo do Município de
Blumenau, foi assinado no dia 09 de novembro de 2007, nos autos do
processo de Concorrência 03-018/07, no qual sagrou-se vencedor o Consórcio
SIGA, composto pelas empresas Rodovel Coletivo Ltda., Auto Viação verde
Vale Ltda., e Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda., sendo está última a
empresa líder da associação consorcial.
De acordo com a documentação acostada aos autos da
representação, a Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda., que representa o
Consórcio SIGA e que opera em torno de 65% do serviço concedido, é
constituída pelos sócios SACKL PARTICIPAÇÕES LTDA., MKF
PARTICIPAÇÕES LTDA., WS PARTICIPAÇÕES LTDA., e AJIR
PARTICIPAÇÕES LTDA.
Ocorre que, não obstante a permanência destes meses sócios,
houve a alteração do controle destas empresas, e por consequência,
mudou-se a titularidade da Empresa Nossa Senhora da Glória Ltda.
Conforme demonstra a tabela que faz parte da 27ª alteração
contratual da empresa Nossa Senhora da Glória, o capital social da empresa
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SÓCIOS Nº COTAS VALOR (R$) PARTICIPAÇÃO
SACKL PARTICIPAÇÕES 1.680.000 1.800.000,00 42% MKF PARTICIPAÇÕES 920.000 920.000,00 23% WS PARTICIPAÇÕES 920.000 920.000,00 23% AJIR PARTICIPAÇÕES 480.000 480.000,00 12% TOTAL 4.000.000 4.000.000,00 100%
Das referidas sócias da empresa Nossa Senhora da Glória,
apenas a empresa MKF PARTICIPAÇÕES LTDA. permanece sob o mesmo
comando desde a assinatura do contrato de concessão, sendo que as demais
tiveram suas cotas alienadas e passaram ao controle de JOSÉ EUSTÁQUIO
RIBEIRO URZEDO e MÚCIO BRANDÃO MOREIRA, que atualmente detém
77% das cotas sociais.
Humberto José Sackl, que originalmente era sócio das
empresas de participações, agora figura tão somente como administrador da
sociedade, juntamente com José Eustáquio Ribeiro de Urzedo.
Assim, não se está falando de mera alteração de titularidade,
mas de transferência do controle societário da Empresa Nossa Senhora da
Glória, alteração subjetiva relevante para os fins do art. 27 da Lei 8.987/95, em
especial porque fere o caráter personalíssimo do contrato de concessão e
também viola os princípios da obrigatoriedade da licitação e isonomia.
Importante salientar que no caso em tela, o elevado número de
protestos e infringências às obrigações contratuais demonstram também que
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qualificação econômico-financeira exigida pelo Edital e pelo Contrato
encontra-se profundamente alterada, em afronta ao disposto no art. 55, XIII, da Lei
8.666/93, com sérios indícios de que o consórcio não possui mais condições
financeiras para manter o serviço tal como previsto inicialmente.
De outro lado, há notícia da prática de graves irregularidades,
como a apropriação indébita de valores pertencentes ao Sindicato, apropriação
indébita dos valores devidos ao Instituto Nacional de Seguridade Social,
ausência de recolhimento do Fundo de Garantia desde o ano de 2012, aporte
de recursos financeiros de maneira irregular, possivelmente atrelado aos
contratos de locação de veículos, igualmente suspeitos, contratação de seguro
aquém das necessidades do serviço, implicando na infringência de diversas
cláusulas do contrato 224/2007, situações que até o momento não restaram
apuradas pelo Poder Público.
Assim, diante da inércia do Poder Concedente frente aos
graves fatos noticiados através desta notificação e de diversos outros
expedientes já encaminhados pelo Sindicato diretamente ao paço municipal,
procede-se esta notificação judicial para a adoção imediata de providências no
sentido de apurar os fatos e fazer cumprir as disposições legais e contratuais
violadas pela concessionária do serviço de transporte coletivo de Blumenau.
Diante do exposto, o MINSTÉRIO PÚBLICO requer a NOTIFICAÇÃO JUDICIAL do Excelentíssimo Prefeito do Município de Blumenau, NAPOLEÃO BERNARDES NETO, para que adote providências imediatas para
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apuração dos fatos e responsabilização do Consórcio SIGA e das empresas que o
compõem, pelas infringências às cláusulas do contrato 224/07, e do disposto no art.
27 da Lei 8.987/95, salientando que a manutenção da atual situação implicará no
ajuizamento de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, sem
prejuízo de eventuais medidas no campo do Direito Penal. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Blumenau, 24 de junho de 2015.
GUSTAVO MERELES RUIZ DIAZ Promotor de Justiça