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PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº..., DE 2016 (Do Sr. Valtenir Pereira) Art. 1º. Fica acrescido o artigo 131-A com a seguinte redação:

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PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº ..., DE 2016 (Do Sr. Valtenir Pereira)

“Acrescenta o artigo 131-A e seus parágrafos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º, à Constituição da República, estabelecendo as procuradorias públicas de estatais”

Art. 1º. Fica acrescido o artigo 131-A com a seguinte redação:

Art. 131-A. Nas empresas públicas e nas sociedades de economia mista, da União, dos Estados e dos Munícipios, a atividade de representação judicial e extrajudicial é exclusiva de Procuradores Públicos de Estatais, organizados em carreiras, cujo ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases.

§ 1º. Os Procuradores Públicos de Estatais exercerão, além da representação judicial e extrajudicial da entidade a qual se encontram vinculados, as atividades de consultoria, assessoramento, assistência e análise jurídica, compondo o sistema de controle interno da estatal.

§ 2º. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão possuir Procuradorias Gerais, função de livre nomeação e exoneração, escolhido dentre os Procuradores Públicos da entidade respectiva.

§ 3º. Na empresa pública e na sociedade de economia mista, obrigatoriamente, funcionará um órgão de corregedoria, para acompanhar e fiscalizar os serviços dos Procuradores Públicos da respectiva entidade.

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§ 4º. Compete à empresa pública e à sociedade de economia mista, em seu respectivo âmbito, fixar as garantias, direitos e deveres dos Procuradores Públicos de Estatais pertencentes ao seu quadro de pessoal.

§ 5º. Os ocupantes dos cargos de Procuradores Públicos de Estatais não poderão exercer advocacia fora de suas atribuições institucionais.

§ 6º. Os atuais Procuradores Públicos de Estatais, investidos no cargo até a promulgação desta emenda, poderão, excepcionalmente, nos limites estabelecidos pelo Estatuto da Advocacia, exercer a advocacia privada, desde que não exista no âmbito do ente público vedação legal ou constitucional para esse exercício.

Art. 2º. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

Há muito o País clama por disciplinar a atividade da advocacia nas estatais. Hoje, vige pluralidade de situações. Há sistemas para todos os gostos.

A proposta ora presentada visa dar unicidade ao sistema, pois não se concebe que empresas que possuem capital público comportem como se fossem feudos privados, onde tudo pode. Os sucessivos escândalos que envolvem estatais mostram que há necessidade de melhorar a governança dessas entidades. A estruturação das procuradorias é um passo importante nesse sentido, pois, ao mesmo tempo que defendem os interesses das estatais, os procuradores também devem compor o sistema de controle interno, opinando nos atos antes deles serem perpetrados.

Todavia, para que haja independência no atuar desses profissionais, necessário se faz valer o princípio constitucional de que a forma republicana de acesso a esses cargos é somente através de concurso público, não apenas de

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provas, mas também de títulos, de modo a levar para dentro dessas entidades pessoas qualificadas e experientes.

A terceirização dessa atividade é absolutamente contraproducente, vez que se constitui na precarização da nobre função da advocacia pública. É preciso, portanto, profissionalizar a área, daí a necessidade de os advogados das estatais organizarem-se em carreiras próprias, que permitam progressões meritórias ao longo do tempo, sem interferência do gestor de plantão que, quase sempre, está ali por razão políticas.

A participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases do concurso público contribui para maior transparência do processo, permitindo melhor controle social, bem como prevenindo eventuais desvios de condutas através da realização de certames viciados.

Para garantir a unicidade do sistema, a presente proposta prevê a instituição de Procuradorias Gerais, cuja função somente poderá ser exercida por um Procurador Público do quadro próprio de pessoal da estatal. A medida visa blindar a procuradoria de interferências políticas externas.

Todavia, nenhuma autonomia pode ser concedida descurando-se do controle daqueles que vão exercer a atividade, sob pena de possibilitar o florescimento de “escaninhos” de Poder, tal como Rudolf Von Hiering um dia vaticinou em seu fabuloso livro “A luta pelo direito”, daí a proposição de obrigar as estatais a criarem corregedorias internas, com o fito de acompanhar e fiscalizar a atuação dos procuradores públicos da entidade.

Para não agredir o pacto federativo e invadir a independência dos entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), bem como preservar a autonomia das empresas públicas e das sociedades de economia mista, sobretudo desta última, onde parte de suas ações pertencem a particulares, a presente proposta estabelece que caberá à própria entidade, no respectivo âmbito de sua competência, fixar as garantias, direitos e deveres dos Procuradores Públicos de Estatais pertencentes ao seu quadro de pessoal.

Considerando os antigos e recentes escândalos de corrupção que ocorreram nas estatais, a presente proposta de emenda constitucional reforça o caráter de controle interno que os procuradores públicos das estatais desempenharão, vez que, além da representação judicial e extrajudicial, onde atuam com parcialidade em defesa da empresa, eles também realizarão as atividades de consultoria, assessoramento, assistência e análise jurídica. Desse

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modo, todos os atos dos gestores deverão passar antes pelo crivo das análises de legalidade. Essa atuação há que ser com independência, e imparcialidade, baseada no princípio do livre convencimento do Procurador Público da estatal, de modo a garantir a eficácia e a eficiência do sistema de controle interno.

Outra questão enfrentada pela proposição é o caráter de dedicação exclusiva dos Procuradores Públicos de Estatais, pois não se concebe que o profissional possa, a um só tempo, atuar tanto no âmbito da Administração Pública, ainda que indireta, quanto na seara privada. Este comportamento, além de transformar a atividade do emprego público numa espécie de “bico”, configura concorrência desleal, pois aquele que trabalha na seara pública, ainda que em empresas estatais, leva vantagem na captação de clientes, que podem iludir-se com um aparente poder desses advogados na resolução de questões, apenas pelo fato deles pertencerem aos quadros da Administração Pública, sem contar o fato desses Procuradores eventualmente serem contratados apenas para que a empresa privada tenha acesso à estatal, numa relação de lobby.

Ademais, pelo princípio do paralelismo, se aos membros do Ministério Público, aos Defensores Públicos e aos Advogados da União é vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais, não tem porque os Procuradores Públicos de Estatais terem essa permissão.

Todavia, não se podem desconsiderar situações já consolidadas, onde a pessoa fez o concurso sabendo-se de antemão que poderia advogar na seara privada e, de modo concomitante, exercer o seu emprego público na estatal. Assim, é necessário criar uma regra de transição, recepcionando situações já existentes, e vedando o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais apenas para os novos empregados públicos. Desse modo, a pessoa prestará o concurso já sabendo antecipadamente da proibição e, ao mesmo tempo, acaba-se paulatinamente com a possibilidade da prática de advocacia privada à medida que os atuais empregados vagarem os seus cargos. No futuro, nenhum Procurador Público de Estatal poderá praticar atos da advocacia fora de suas atribuições funcionais.

Apresentadas as justificativas pertinentes, cumpre assinalar que a presente proposição tem por finalidade disciplinar a atuação dos advogados das empresas públicas e das sociedades de economia mista, evitando-se pluralidade de situações.

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Desse modo, apresentamos a presente Proposta de Emenda à Constituição, pedindo desde já o apoio de meus pares, certos de que ela resultará em fortalecimento da advocacia pública das estatais e, principalmente, contribuirá para melhorar o sistema de controle interno das empresas públicas e sociedades de economia mista, diminuindo a possibilidade de desmandos e de corrupção.

Pelo exposto, esperamos contar com o apoio de nossos ilustres pares para a aprovação da presente iniciativa.

Sala das Comissões, ... de ... 2016.

Referências

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