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Acidentes de trajeto no Brasil: estatísticas, causas e consequências

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA RAPHAEL TARDELLI CARVALHO

ACIDENTES DE TRAJETO NO BRASIL: ESTATÍSTICAS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Florianópolis 2018

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RAPHAEL TARDELLI CARVALHO

ACIDENTES DE TRAJETO NO BRASIL: ESTATÍSITCAS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Flavio Ricardo Liberali Magajewski, Dr.

Florianópolis 2018

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RAPHAEL TARDELLI CARVALHO

ACIDENTES DE TRAJETO NO BRASIL: ESTATÍSITCAS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 23 de Março de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador Flavio Ricardo Liberali Magajewski, Dr.

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RESUMO

A saúde e segurança dos trabalhadores transcende o chão das fábricas, e fatores alheios à organização do trabalho e aos riscos ambientais clássicos causam impacto cada vez mais evidente nas estatísticas brasileiras. Um exemplo desta afirmação é a evolução crescente dos acidentes de trajeto, equiparados aos acidentes de trabalho pela legislação. O estudo da evolução desse tipo de acidente e o esclarecimento de suas causas e consequências podem contribuir para o desenvolvimento de políticas de mobilidade urbana mais seguras para toda a população. Foi realizado estudo observacional de tipo ecológico com pesquisa de dados secundários sobre acidentes de trabalho da Previdência Social ocorridos no período de 2009 a 2015 em todo o país. Os resultados obtidos encontraram associação do crescimento do número de casos de acidentes de trajeto com o baixo índice de desenvolvimento sócio econômico da região, a baixa escolaridade dos trabalhadores, a faixa etária de 20 a 30 anos e o gênero masculino, atingindo predominantemente as mãos e punhos, e os membros inferiores.

Palavras-chave: Segurança do trabalho. Acidente de trabalho. Acidente de trajeto. Previdência Social

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ABSTRACT

The workers health and safety transcends the workplace, and factors unrelated to the organization of work and the classic environmental risks, have an increasingly evident impact on Brazilian statistics. An example of this statement is the increasing evolution of commuting accidents, which are equated with occupational accidents by legislation. The study of the evolution of this type of accident and the enlightenment of its causes and consequences can contribute to the development of safer urban mobility policies for the entire population. An observational study, ecological type, was realized with a survey of secondary data on social security occupational accidents occurred in the period from 2009 to 2015 throughout the country. The results obtained showed an association between the growth in the number of commuting accident cases and the low level of socioeconomic development in the region, the low educational level of the workers, the age group of 20 to 30 years old and the male gender. As a result, this type of accident has mainly resulted in injuries to the hands and wrists, and the lower limbs.

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo total de trabalhadores de cada região ... 19 Equação 2 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo total de acidentes de cada região ... 20 Equação 3 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto por grupos de faixa etária dos trabalhadores ... 20 Equação 4 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo gênero dos trabalhadores ... 20 Equação 5 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto por atividade econômica ... 20 Equação 6 - Taxa de incidência de acidentes do trabalho pelo total de trabalhadores da construção ... 21

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fatos históricos do seguro social no Brasil ... 28 Figura 2 - Frota de automóveis segundo grandes regiões. Brasil, 2013. ... 38 Figura 3 - Meios de transporte mais utilizados pelos brasileiros ... 52

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Pirâmide de Definição ... 32 Gráfico 2 – Proporção de acidentes de trajeto por grande região. Brasil, 2009-2015. ... 36 Gráfico 3 – Proporção percentual dos acidentes de trajeto em relação ao número total de acidentes de trabalho segundo grandes. Brasil, 2009-2015 ... 39 Gráfico 4 – Projeção para a evolução da pirâmide etária da população. Brasil, 2013-2060 .... 40 Gráfico 5 - Evolução da idade dos trabalhadores no Brasil ... 41 Gráfico 6 - Comparação da proporção do total de acidentes de trabalho pela taxa de incidência, entre homens e mulheres. ... 45 Gráfico 7 - Incidência de acidentes de trajeto pelo total de trabalhadores de cada grupo de atividade econômica ... 49 Gráfico 8 - Porcentagem das consequências dos acidentes de trabalho ... 54

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução dos acidentes de trajeto, total de acidentes de trabalho e número de empregados registrados. Brasil, 2009-2015. ... 34 Tabela 2 - Acidentes de trajeto com CAT segundo ano de ocorrência e grandes regiões. Brasil, 2019-2015. ... 35 Tabela 3 – Número médio de vínculos com a Previdência Social segundo ano e grande região. Brasil, 2009-2015. ... 37 Tabela 4 – Taxa de Incidência de acidentes de trajeto segundo grande região. Brasil, 2009-2015. ... 37 Tabela 5 – Evolução da proporção percentual dos acidentes de trajeto em relação ao número total de acidentes de trabalho segundo grandes regiões e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015. ... 38 Tabela 6 - Número de trabalhadores com vínculo com a previdência social segundo grande região, faixa etária e ano. Brasil, 2009-2015. ... 40 Tabela 7 - Número de acidentes de trajeto por faixa etária ... 41 Tabela 8 – Frequência de acidentes de trajeto segundo faixa etária e anos selecionados. Brasil, 2009 e 2014. ... 42 Tabela 9 - Incidência de acidentes de trajeto pelo número total de trabalhadores segundo ano e faixa etária. Brasil, 2009-2014. ... 42 Tabela 10 - Acidentes de trajeto segundo gênero e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015. ... 43 Tabela 11 – Taxa de Incidência de acidentes de trajeto segundo o gênero e o ano de ocorrência. Brasil, 2009-2014. ... 44 Tabela 12 – Frequência de acidentes de trabalho segundo os grupos de atividade econômica mais prevalentes e ano de ocorrência. Brasil, 2019-2015. ... 45 Tabela 13 - Número de trabalhadores por grupos de atividades econômicas selecionadas. Brasil. 2009-2015. ... 46 Tabela 14 – Frequência dos acidentes de trajeto segundo grupos de atividade econômica e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015. ... 47 Tabela 15 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto segundo grupos de atividades econômicas selecionadas e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015. ... 48 Tabela 16 – Taxa de Incidência de acidentes de trabalho no setor de construção por ano. Brasil, 2009-2015. ... 49

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Tabela 17 - Frequência ordenada de acidentes de trajeto classificados por CID. Brasil, 2009-2015 ... 51 Tabela 18 - Frequência das consequências dos acidentes de trabalho. Brasil 2009-2015 ... 53

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

A.C. Antes de Cristo

AEAT Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho

AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social

Art. Artigo

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CF Constituição Federal de 1988

CID Classificação Internacional de Doença

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividade Econômica

CNH Carteira Nacional de Habilitação

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil DENATRN Departamento Nacional de Trânsito

DEPVAT Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres

DSST Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Etc Et Cetera

FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

IAP Institutos de Aposentadorias e Pensões

IAPTEC Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Trabalhadores de Transportes e Cargas

IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários

IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensão dos marítimos e Portuários IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

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MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NR Norma Regulamentadora Urbana

NRR Norma Regulamentadora Rural

NTEP Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial de Saúde

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SAT Seguro de Acidente de Trabalho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 15 1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO ... 15 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ... 16 1.4 OBJETIVOS ... 16 1.4.1 Objetivo Geral ... 16 1.4.2 Objetivos específicos ... 16 1.5 METODOLOGIA ... 17 1.5.1 Estrutura do trabalho ... 17 1.5.2 Local do Estudo ... 18 1.5.3 População de estudo ... 18 1.5.4 Tipo de Estudo ... 18

1.5.5 Procedimentos de Coleta, Processamento e Análise de Dados ... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 22

2.1 HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ... 22

2.2 ACIDENTE DO TRABALHO ... 24

2.2.1 Definição ... 24

2.2.2 Tipos de acidente de trabalho ... 25

2.3 NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO ... 26

2.4 PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 27

2.5 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO ... 29

2.6 ESTATÍSTICA ... 30

2.7 TAXAS DE INCIDÊNCIA ... 33

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 34

3.1 ACIDENTES DE TRAJETO POR GRANDES REGIÕES ... 35

3.2 ACIDENTES DE TRAJETO PELO TOTAL DE ACIDENTES DO TRABALHO ... 38

3.3 ACIDENTES DE TRAJETO PELA FAIXA ETÁRIA ... 39

3.4 ACIDENTES DE TRAJETO POR GÊNERO ... 43

3.5 ACIDENTES DE TRAJETO POR GRUPOS DE ATIVIDADE ECONÔMICA (CNAE) 45 3.6 CIDS PREVALENTES, PARTES DO CORPO MAIS ATINGIDAS E SUAS MÚLTIPLAS CONSEQUÊNCIAS ... 50

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56 REFERÊNCIAS ... 59

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1 INTRODUÇÃO

Com todo o avanço nas pesquisas e tecnologia na área de saúde e segurança do trabalho, conforme dados do Ministério da Previdência Social, ainda há uma grande ocorrência de doenças e acidentes de trabalho no Brasil que se mantém em patamares preocupantes, acarretando significativas consequências econômicas e sociais. Dentre os diversos motivos de acidentes classificados pela previdência social, os de trajeto vem registrando uma taxa de crescimento contínua nos últimos anos (BRASIL, 2015). O estudo mais detalhado deste tipo de acidente pode esclarecer a dinâmica desse crescimento, causas, fatores associados e as consequências deles decorrentes, contribuindo para a adoção de medidas orientadas para diminuir esse evento frequente e geralmente grave.

Via de regra, o acidente de trabalho ocorre durante a execução de atividades laborais, dentro ou fora da empresa, sempre a serviço do empregador, e produz algum tipo de lesão ou não (MICHEL, 2008). Segundo dados do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, diariamente no Brasil, trabalhadores contraem doenças ou sofrem acidentes ocupacionais, muitas vezes ocasionados pela má gestão em saúde e segurança do trabalho. No entanto, em outras situações o empregador não possui qualquer controle sobre os fatores determinantes para a ocorrência do acidente, caso dos acidentes de trajeto.

De acordo com o artigo 21 da Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991, acidente de trajeto ocorre no percurso de casa para o trabalho ou vice-versa, fora do local e horário de trabalho. Mesmo não se enquadrando nas diretrizes da definição legal de acidente de trabalho, é caracterizado e equiparado como tal.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

Com dados estatísticos gerados pela Previdência Social, é possível realizar uma análise mais detalhada da evolução e distribuição dos casos de acidentes de trajeto no Brasil, determinando quais fatores exercem maior influência na ocorrência de acidentes de trajeto, e quais suas consequências. Fatores como a faixa etária, atividade econômica, jornada de trabalho, gênero, local de ocorrência etc., podem indicar oportunidades para orientar investimentos e políticas de promoção da saúde e prevenção desses acidentes.

Conforme reportagem do jornal Folha de São Paulo de 2008, também estão ligados a esse aumento o Sistema do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário e a condição econômica do país, que ampliou a sensibilidade do sistema para detectar ocorrências

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com nexo com o trabalho. Estes dois fatores são de grande influência para o crescimento das taxas de acidentes de trajeto.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Dentre o total de acidentes de trabalho registrados no Brasil, os acidentes de trajeto tem tendência de crescimento, em oposição à dos acidentes típicos e doenças ocupacionais, que apresentaram tendência de queda nos últimos anos, de acordo com dados da Previdência Social. Atualmente, os acidentes de trajeto já são responsáveis por mais de 20% dos casos registrados de acidentes de trabalho em algumas regiões do Brasil.

1.3 JUSTIFICATIVA

O estudo mais detalhado dos acidentes de trajeto é importante para que se identifiquem as variáveis com maior influência para a ocorrência dos casos de acidentes de trajeto, possibilitando informações mais consistentes para um melhor planejamento das ações a serem tomadas para a prevenção do risco desses acidentes.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar a evolução dos acidentes de trajeto ocorridos entre 2009 a 2015 no Brasil, identificando e esclarecendo fatores associados à sua ocorrência e consequências.

1.4.2 Objetivos específicos

 Analisar a evolução do número de casos de acidentes de trajeto no Brasil;

 Associar essa evolução com fatores populacionais, psicossociais e socioeconômicos;  Identificar fatores associados à evolução dos acidentes de trajeto no período estudado;  Estudar as leis e normas relacionadas com o acidente de trajeto;

 Indicar encaminhamentos que contribuam para a prevenção e redução do risco de ocorrência de acidentes de trajeto no Brasil.

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1.5 METODOLOGIA

1.5.1 Estrutura do trabalho

Este trabalho de pesquisa foi estruturado seguindo parâmetros e em conformidade com modelo da Universidade do Sul de Santa Catarina. Seguindo a metodologia de elementos pré textuais, textuais e pós textuais, divido em capítulos e sub seções secundárias e terciárias.

Pré Textual:  Capa  Contra capa  Folha de aprovação  Dedicatória  Agradecimentos  Epígrafe

 Resumo – Breve síntese do conteúdo do trabalho  Abstract – Resumo em Língua estrangeira

 Listas de todas as figuras, gráficos, tabelas etc., existentes no trabalho  Sumário – Súmula ordenada do trabalho

Textual:

 Introdução – É abertura do trabalho. Apresenta o tema que será abordado, assim como seus parâmetros, delimitações e metodologia de pesquisa. Está dividida em:

 Tema e delimitação – Definição e delimitação do tema abordado  Problema de pesquisa – Especificação da questão estudada  Justificativa – A necessidade e importância do tema abordado  Objetivos Geral e Específicos – Apresenta a que propósito se

pretende alcançar

 Metodologia – Define os métodos utilizados nesse trabalho de pesquisa. Como a estrutura do trabalho, local do estudo e população-alvo, tipo de estudo, amostra e seleção, o instrumento de

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pesquisa e os procedimentos de coleta, processamento e análise dos dados

 Fundamentação Teórica – Explana e conceitua temas para uma melhor compreensão da pesquisa pelo leitor. Temas como a história da saúde e segurança no trabalho, acidente do trabalho com suas definições e tipos, o nexo técnico epidemiológico previdenciário, a previdência social, o código de trânsito brasileiro, estatística e taxas de incidência

 Resultados – São apresentados os resultados das análises estatísticas, divididos em seções de acordo com a variável, como grandes regiões, acidente do trabalho, faixa etária, gênero e atividades econômicas

 Causas e Consequências do Acidente de Trajeto – Apresenta os resultados e reponsabilidades socioeconômicas de um acidente de trajeto

 Medidas Preventivas – O que pode ser feito para diminuir esse risco

 Considerações Finais – Algumas considerações do autor sobre os resultados obtidos com esse trabalho

Pós Textual:

 Referências – Origem dos parâmetros utilizados pelo autor para a fundamentação de suas opiniões.

1.5.2 Local do Estudo

O local de estudo foi o território brasileiro dividido em Grandes Regiões.

1.5.3 População de estudo

Foi estudada toda a população de trabalhadores contribuintes da Previdência Social – INSS - empregados no Brasil entre 2009 e 2015 que sofreram acidentes de trajeto registrados por meio da Comunicação de Acidentes de Trabalho - CAT.

1.5.4 Tipo de Estudo

Estudo observacional de tipo ecológico com coleta e análise de dados secundários sobre acidentes de trabalho no Brasil.

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1.5.5 Procedimentos de Coleta, Processamento e Análise de Dados

O estudo avaliou as bases de dados gerenciadas pela Previdência Social (DataPrev), que contém as estatísticas dos Anuários Estatístico da Previdência Social (AEPS ano), com acesso livre por meio do link http://www3.dataprev.gov.br/infologo/, e dos Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho (AEAT ano), com acesso pelo link http://www3.dataprev.gov.br/aeat/. Também foram pesquisados dados estatísticos do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus).

A extração e tabulação dos dados foram realizadas com a ajuda da ferramenta web Infologo disponibilizada gratuitamente pela previdência social.

As variáveis utilizadas foram a frequência de acidentes de trajeto, o ano de ocorrência (2009 a 2015), as grandes regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro Oeste), o gênero (masculino e feminino), a faixa etária (16 a 69) e atividade econômica (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE – 2.0), a Classificação Internacional de Doenças – CID – 10ª Revisão as consequências (sem afastamento, afastamento temporário, permanente, óbito) e a parte do corpo atingida.

Os dados foram posteriormente transferidos para o programa MS – Excel, onde foram organizados e realizados cálculos das taxas e proporções.

Primeiramente calculou-se a taxa de incidência de acidentes de trajeto para cada 1.000 trabalhadores de cada região do Brasil. Para comparar a incidência destas regiões. Utilizando a fórmula:

Equação 1 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo total de trabalhadores de cada região

Fonte: Previdência Social (2017)

Após, calculou-se a taxa de incidência de acidentes de trajeto para cada 1.000 acidentes de trabalho de cada região do Brasil. Para comparar a incidência destas regiões, mas agora, sobre os acidentes de trabalho. Utilizando a fórmula:

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Equação 2 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo total de acidentes de cada região

Fonte: Previdência Social (2017)

Em seguida, calculou-se a taxa de incidência de acidentes de trajeto para cada 1.000 trabalhadores de grupos de faixa etária diferentes. Para comparar a incidência de acidentes de trajeto em cada grupo de idade. Utilizando a fórmula:

Equação 3 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto por grupos de faixa etária dos trabalhadores

Fonte: Previdência Social (2017)

Posteriormente, calculou-se a taxa de incidência de acidentes de trajeto para cada 1.000 trabalhadores de cada gênero. Para comparar a incidência de acidentes de trajeto entre homens e mulheres. Utilizando a fórmula:

Equação 4 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto pelo gênero dos trabalhadores

Fonte: Previdência Social (2017)

Calculou-se também, a taxa de incidência de acidentes de trajeto para cada 1.000 trabalhadores, divididos por grupos de atividades econômicas. Para comparar a incidência de acidentes de trajeto entre as atividades econômicas. Utilizando a fórmula:

Equação 5 - Taxa de incidência de acidentes de trajeto por atividade econômica

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Em seguida, calculou-se a taxa de acidentes de trabalho para cada 100 trabalhadores do setor da construção. Para comparar a incidência de acidentes de trajeto com a incidência de acidentes de trabalho e, identificar o fato gerador da alta incidência de acidentes de trajeto no setor.

Equação 6 - Taxa de incidência de acidentes do trabalho pelo total de trabalhadores da construção

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Desde que o homem é homem o trabalho o acompanha e se tornou o principal diferencial para a sobrevivência e evolução da espécie. Provavelmente a preocupação com a segurança e o relacionamento do trabalho com enfermidades diversas tenha se iniciado ao mesmo tempo. Como está claro na obra “Introdução à Higiene Ocupacional”, publicada em 2004 pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO) aproximadamente entre 400 (a.C.) e 50 (a.C.), a identificação de envenenamento por chumbo em mineiros e trabalhadores metalúrgicos foi relatada por Hipócrates, em seu clássico “Ares, Águas e Lugares”. No mesmo período, a utilização de bexigas de animais como barreira para reter poeiras e fumos durante a respiração foi indicada por Plínio, o Velho, em seu tratado “De História Naturalis”.

Em 1556, George Bauer fez um levantamento a respeito das doenças e acidentes em trabalhadores de minas de ouro e prata (YAMAKAMI, 2013), e descreveu o processo de mineração, fusão e refino de metais, com sugestões para a prevenção das doenças. Foi o primeiro livro a abordar a questão da segurança no trabalho.

Em 1567, surge a frase mais famosa da toxicologia, criada por Paracelso: “Todas as substâncias são venenosas. É a dose que diferencia o veneno dos remédios”. Ele é considerado o pai da toxicologia e fez as primeiras descrições sobre doenças respiratórias relativas à atividade de mineração, com ênfase na contaminação por mercúrio (FUNDACENTRO, 2004).

Considerado o pai da medicina do trabalho o Médico Bernardino Ramazzini, deixou seu nome marcado com a publicação do clássico “De Morbis Artificum Diatriba”, no ano de 1700. Esse livro traz a relação de cerca de 50 atividades ocupacionais com doenças geradas. Foi Ramazzini também quem introduziu a expressão nas entrevistas médicas “Qual é a sua ocupação?” (Estrêla, 2016).

Em 1760, com a revolução industrial, o que antes era feito de forma mais rudimentar e lenta, passou e ser produzido de forma apressada e com a ajuda das máquinas, com foco na rapidez, redução de custos e eficácia dos processos de produção (Maximiano, 1990). Os novos processos acabaram por adoecer e acidentar boa parte da população trabalhadora das fabricas (Faria Junior, 1999). Como os empresários estavam perdendo sua mão de obra, a necessidade de cuidar da saúde de seus operários para que não tivessem de

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parar de trabalhar passou a ser considerada. Então, em 1802 na Inglaterra, foi criada a primeira lei de proteção da saúde dos operários, a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes, que limitou a jornada diária de trabalho máxima de 12 horas, proibiu o trabalho noturno, obrigou a limpeza das paredes das fábricas duas vezes ao ano e o uso de ventilação (Faria Junior, 1999). Em 1833, no Reino Unido, foi aprovada a lei “Factory Act”, que definiu diversos parâmetros a serem seguidos para manter a saúde e segurança dos trabalhadores. Ela proibia o trabalho noturno por menores de 18 anos, obrigava a instalação de escolas dentro das fábricas para todos os trabalhadores menores de 13 anos, estabelecia a idade mínima para o trabalho de nove anos e o acompanhamento médico para o desenvolvimento físico das crianças (FUNDACENTRO, 2004).

Em 1883, em Paris, foi fundada por Emílio Muller a Associação de Indústrias contra os Acidentes de Trabalho (Faria Junior, 1999).

Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), como parte do tratado de Versalhes que pôs fim à 1ª Grande Guerra Mundial. Ela foi responsável pela formulação e aplicação das normas de proteção à saúde e de segurança dos trabalhadores em âmbito internacional (FUNDACENTRO, 2004).

Já no Brasil, o tema da Saúde e Segurança no Trabalho é algo bem mais recente e as principais iniciativas nesta área podem ser vistas em ordem cronológica na tabela a seguir:

Quadro 1 – Evolução da Saúde e Segurança do trabalho no Brasil

De 1919 a 1996

1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro contra o risco profissional. 1920 – Em Tatuapé/SP, surge o primeiro médico de empresa.

1923 – Criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias, marco inicial da Previdência Social brasileira.

1930 - Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual TEM.

1933 – Surgiram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), entidades de grande porte, abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. Tais institutos foram o IAPTEC (para trabalhadores em transporte e cargas), IAPC (para os comerciários), IAPI (industriários), IAPB (bancários), IAPM (marítimos e portuários) e IPASE (servidores públicos).

1934 – Criada no Ministério do Trabalho a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho que, ao longo dos anos, passou a Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), em nível federal, e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em nível estadual.

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1943 – Criada a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata de segurança e saúde do trabalho no Título II, Capítulo V do Artigo 154 ao 201.

1966 – Unificação dos Institutos com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, atual Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

1966 – Criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores.

1972 a 1974 – Programa Nacional de Valorização do Trabalhador.

1978 – Criação das Normas Regulamentadoras Urbanas – NR’s (regulamentação da CLT, art. 154 a 201). 1988 – Promulgação da Constituição Federal (art. 7º, inciso XXII) e criação das Normas

Regulamentadoras Rurais – NRR.

1994 - Instituídos o Mapa de Riscos e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) 1996 - É criado o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)

Fonte: TAVARES (2009, p. 15, adaptado)

2.2 ACIDENTE DO TRABALHO

2.2.1 Definição

O acidente do trabalho pode ser definido pelos conceitos prevencionistas e pelo seu caráter legal ou previdenciário. De acordo com Tavares (2009), o conceito prevencionista diz que o acidente do trabalho é um fenômeno não programado, previsível e multicausal, sucedido no ambiente de trabalho ou a serviço da empresa, gerando perdas/danos de recursos e lesões. Entendem-se recursos como tempo, processo de produção, matéria prima etc. Portanto, mesmo que não haja alguma lesão ou perda material, pode existir o acidente, uma vez que certamente, gerou alguma perda de tempo em algum processo. Também é perceptível a amplitude do conceito, englobando todas as possibilidades e amparando completamente o trabalhador.

Por outro lado, o conceito legal, foi criado para ser utilizado como parâmetro para os segurados da Previdência Social e está definido pelo artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991:

“Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”

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De outra forma, a NB-18(ABNT, 1975) o define como:

“A ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão.”

A grande diferença entre os conceitos prevencionista e legal, está no fato de que para o conceito legal, deve haver lesão física, já para o prevencionista não apenas isso é levado em conta, mas também a perda de recursos (tempo, materiais etc.).

2.2.2 Tipos de acidente de trabalho

No artigo 20 da Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991, as doenças profissionais e ocupacionais são equiparadas ao acidente do trabalho:

“Art. 20 - Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.”

Pode-se perceber que o esses artigos não abrangem em sua definição, o acidente de trajeto, já que não ocorre dentro da empresa ou a serviço dela, nem no horário de trabalho e muito menos é uma doença ocupacional (BRASIL, 1991). Todavia, no artigo 21 da Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991, são definidos acidentes que equiparam-se ao acidente típico:

“Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: (...)

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: (...)

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.”

Portanto, o acidente de trajeto é tratado como acidente comum de trabalho, sendo claramente definido e caracterizado pela legislação brasileira.

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Conforme a Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991, os acidentes são definidos em três tipos:

 Acidente Típico – Causado em função da atividade profissional exercida pelo acidentado, dentro da empresa.

 Acidente Atípico – Doença profissional ou ocupacional adquirida em função do trabalho.

 Acidente de Trajeto – Ocorrido no trajeto de casa para o trabalho ou vice-versa. Fora da empresa e horário de trabalho.

2.3 NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO

Já foram apresentados os diferentes tipos de acidente do trabalho. Mas por que essa diferenciação é necessária? Para que seja possível correlacionar os acidentes/doenças do trabalho à atividade exercida pelo trabalhador. O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) foi criado pela Previdência Social e se utiliza da Classificação Internacional de Doença (CID – 10) e da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) para realizar essa correlação (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2007).

Conforme a Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991, Previdência Social é um programa de seguro público de proteção social, que tem como objetivo, quando necessário, garantir meios de subsistência ao segurado e seus dependentes. É administrada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social e suas atividades são exercidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A Classificação Internacional de Doenças - CID foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Trata-se basicamente de um catálogo, trazendo todas as doenças oficialmente reconhecidas pela ciência, de forma padronizada, como um banco de dados, agrupando também informações referentes a sinais, sintomas, aspectos anormais e vários outros detalhes de cada doença. Foi gerada pela necessidade de estatísticas sobre a saúde pública (ICD, 1993).

Já a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), é a classificação padronizada de todas as atividades econômicas do país, utilizando códigos para cada uma delas. Pela necessidade dessa padronização, a CNAE foi criada pela Secretaria da Receita Federal em conjunto com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003).

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A partir de 2007, o nexo entre a enfermidade do trabalhador e sua atividade profissional, passou a ser realizado com a metodologia do NTEP. O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário, regulamentado pelo Decreto nº 6.042, de 12 de Fevereiro de 2007, foi criado com a função de relacionar as doenças e acidentes de trabalho com uma determinada atividade profissional, para que a mesma possa ser qualificada como acidente de trabalho não mais pela associação de achados clínicos com fatores de exposição ocupacionais, mas pela comparação do risco coletivo dos trabalhadores de um determinado CNAE em relação ao risco do conjunto dos trabalhadores das demais atividades econômicas agrupadas. Uma vez que esta relação é identificada, poderá ser determinado o nexo epidemiológico, caracterizando o benefício acidentário, diferente do benefício previdenciário normal. Com isso, todos os casos que apresentavam dificuldade de prova do nexo causal por laudos periciais, quando não existia esse sistema (NTEP), passaram a ter o nexo estabelecido a partir de uma técnica estatística, contribuindo para a redução das subnotificações e gerando um significativo aumento dos casos de acidentes e doenças do trabalho informados à Previdência Social, o que gerou um certo alarde no ano de sua regulamentação. A implantação do NTEP provocou aumento de 148% nos afastamentos acidentários em 2007 (GIANNASI, 2008).

2.4 PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Previdência Social é um direito social de todos os brasileiros, previsto no Artigo 6º da Constituição Federal de 1988 (CF), entre os Direitos e Garantias Fundamentais. Garante renda não inferior a um salário mínimo para todos os trabalhadores e sua família, em situações previstas pelo Artigo 201º da CF, que diz:

“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.”

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Fonte: CAPESESP (2018)

A Previdência Social é dividida em três regimes distintos e independentes:

 Regime Geral (Art. 201 da CF, 1988) – Benefícios da Previdência Social para os empregadores, empregados assalariados, autônomos, domésticos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais.

 Regime Próprio (Art. 40 da CF, 1988) – Servidores Públicos para os empregados de empresas públicas, os agentes políticos, servidores temporários e detentores de cargos de confiança.

 Regime Complementar (Art. 202 da CF, 1988) – Previdência Complementar é um regime facultativo.

Além de garantir a seguridade social dos trabalhadores, a Previdência Social também disponibiliza diversos dados, com informações e estatísticas gerais sobre acidentes de

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trabalho, benefícios, contribuintes, arrecadação, indicadores econômicos, demografia etc. (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2018). Em sua base de dados, chamada Infologo, encontram-se os Dados Abertos da Previdência Social com o Anuário Estatístico de Previdência Social (AEPS). Segundo o próprio AEPS (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2017), é a reunião de dados sobre diversos aspectos da Previdência Social, se consolidando como a principal fonte de informações para pesquisadores, estudantes e gestores.

“Nesse sentido no AEPS são apresentados dados que permitem o acompanhamento detalhado das principais variáveis utilizadas para avaliar a evolução da Previdência Social, tais como suas receitas e despesas, o número de contribuintes, o fluxo e o estoque dos benefícios e a cobertura previdenciária, entre outros. Os dados de 2015, quando agregados com os publicados nas últimas duas décadas, permitem analisar o comportamento histórico da Previdência tornando possível identificar tendências e avaliar os efeitos das políticas implementadas ao longo desse período, bem como orientar as políticas previdenciárias a serem adotadas no futuro.”

2.5 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Ao observar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), depara-se com certos artigos que parecem, a princípio desnecessários. Como trafegar pelo lado direito das ruas, pedestres devem ter uma área específica para atravessar as ruas, os veículos precisam ter cinto de segurança e a vias precisam ser sinalizadas. Tudo isso está no CTB. Mas não foi da noite pro dia que surgiram essas ideias, são resultados de anos de avanço nessa legislação.

O então presidente Nilo Peçanha, em 1910, assinou a primeira legislação nacional de trânsito, o Decreto 8.324, tratando especificamente sobre os serviços de transporte de passageiros e carga (DENATRAN, 2010).

Em 1922, foi criado o Decreto 4.460, que proibiu algumas condutas e incentivou a criação de estradas (DENATRAN, 2010).

No ano de 1941, foi criado o primeiro Código de Trânsito com abrangência nacional. Entrou em vigor com o Decreto Lei 2.994 de 1941. No entanto, após não obter êxito em sua vigência, só valeu por 8 meses, tendo sua revogação no mesmo ano pelo Decreto Lei 3.561 de 1941. Quando aconteceu a criação o Conselho Nacional de Trânsito e os Conselhos Regionais de Trânsito (DENATRAN, 2010).

Após os Códigos de 1941, ainda seriam criados mais dois, 1 em 1966 e, o atual, em 1997. O Código Nacional de Trânsito, criado pela Lei 5.108 de 1966, continha 130 artigos e foi o código mais duradouro, sendo revogado apenas em 1997 com o atual Código de

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trânsito Brasileiro, que está até hoje. Foi instituído pela Lei 9.503 de 1997, trazendo diversas inovações para a regulamentação do trânsito no Brasil (DENATRAN, 2010).

Como o número de acidentes de trânsito só cresciam desde 1966, o novo CTB foi criado com ênfase de gerar mais segurança para os brasileiros, motoristas e pedestres. Visando à conscientização dos condutores, como bem observa (Nascimento, 1999):

“Após alguns anos de tramitação veio à luz o Código de Trânsito Brasileiro, de feição municipalista, Alguns conceitos do novo código na verdade representam uma tentativa de civilizar os nossos condutores. O Código de Trânsito é, acima de tudo, um conjunto de normas de condutas para coagir o mal educado.

(...)

O Código de Trânsito é, na realidade, uma reação da sociedade a um estado de coisas insuportável.”

O CTB possui 341 artigos e 688 resoluções inseridas ao longo do tempo. Define as atribuições para diversos órgãos de trânsito no país e estabelece normas de conduta, infrações e penalidades (DENATRAN, 2010).

2.6 ESTATÍSTICA

Hoje em dia, mesmo sem que percebamos, a estatística está em quase tudo o que fazemos. Desde informações sobre nosso time de futebol favorito durante o campeonato nacional, passando pela previsão do tempo, até a análise de dados amostrais complexos, utilizam a estatística como ferramenta essencial. Vivemos rodeados por uma enorme quantidade de informação, o que torna a Estatística extremamente útil para quem precisa tomar decisões. Como diz Moore (2000):

“Não podemos escapar dos dados, assim como não podemos evitar o uso de palavras. Tal como as palavras, os dados não se interpretam a si mesmos, mas devem ser lidos com entendimento. Da mesma maneira que um escritor pode dispor as palavras em argumentos convincentes ou frases sem sentido, assim também os dados podem ser convincentes, enganosos ou simplesmente inócuos. A instrução numérica, a capacidade de acompanhar e compreender argumentos baseados em dados, é importante para qualquer um de nós. O estudo da estatística é parte essencial de uma formação sólida."

É impossível não lembrar dela sempre apresentada como dados numéricos em quadros ou gráficos, vindos de agências do governo, referentes a fatos demográficos ou econômicos (IBGE, 1998).

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Apesar de a estatística não ser somente esse conceito popular, ela realmente teve início em levantamentos feitos para o governo (MANN, 2006). Os governos na antiguidade, desde a China, passando pelo Egito e até Roma, tinham interesse em saber sobre suas populações e riquezas. E por isso, requisitavam levantamentos sobre esses temas (EMBRAPA, 2004).

Segundo MANN (2006), ainda no século XVI, coletavam-se dados estatísticos para aplicação na administração pública e para registro de batismos, casamentos e óbitos. Em 1708, foi criado o primeiro Curso de Estatística na Alemanha. E em 1752, o alemão Gottfried Achenwall, criou o vocábulo “estatística”, que vem da palavra de origem latina “Statu”, que quer dizer “estado”, pois até então praticamente só os políticos e o estado faziam proveito de seus levantamentos. Nessa época, a definição de estatística era "O estudo quantitativo de certos fenômenos sociais, destinados à informação dos homens de Estado”.

Pode-se perceber que a estatística atual, a que conhecemos, é bem diferente da de séculos atrás, principalmente no que diz respeito à velocidade com que os dados e estatísticas são compilados e analisados. A uma velocidade de processamento de dados infinitamente maior que o homem, o computador tonou a estatística mais eficiente e até mais acessível aos seus usuários. Com imensas quantidades de informação, é imprescindível que sejam utilizados softwares de estatística para processar toda essa quantidade de informação e facilitar a tomada de decisão (Spiegel, 1994).

Conforme Farias, Soares & César (2003):

“A Estatística é uma ciência que se dedica ao desenvolvimento e ao uso de métodos para a coleta, resumo, organização, apresentação e análise de dados”.

De forma ligeiramente diferente, CRESPO (1995), também conceitua a traz sua definição de Estatística:

“A Estatística é uma parte da Matemática Aplicada que fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados e para a utilização dos mesmos na tomada de decisões”.

Não fugindo muito dessas duas definições e indo de acordo à maioria pesquisada, Milone (2004) também faz sua definição:

“Estatística é o estudo dos modos de obtenção, coleta, organização, processamento e análise de informações relevantes que permitem quantificar, qualificar ou ordenar

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entes, coleções, fenômenos ou populações de modo tal que se possa concluir, deduzir ou predizer propriedades, eventos ou estados futuros.”

Ou, simplesmente (Paul Velleman, 1974):

“Estatística é a ciência que permite obter conclusões a partir de dados”

Por essas definições, percebe-se que não há muita alteração de seus conceitos, que dizem basicamente a mesma coisa. Coletar, organizar, descrever, analisar e interpretar, serão sempre os verbos que guiarão e embasarão o estudo estatístico.

Gráfico 1 - Pirâmide de Definição

Fonte: Medeiros (2007, p. 18, adaptado pelo autor)

Já dito anteriormente, a estatística está presente em todos os campos de atuação. Não seria diferente na Saúde e Segurança do Trabalho, que utiliza a estatística para investigar o nível de segurança das atividades realizadas na empresa, por meio do estudo do comportamento e forma de distribuição de seus acidentes, concluindo sobre a eficácia das ações de segurança da empresa (TAVARES, 2009).

Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os acidentes de trabalho devem ser comunicados ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) com a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que serve para o controle estatístico,

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administrativo e epidemiológico pelos órgãos federais. Então o MTE e outros órgãos públicos federais recebem, tratam e divulgam as informações estatísticas sobre os acidentes.

2.7 TAXAS DE INCIDÊNCIA

Para a realização da análise estatística dos dados obtidos, foram utilizados dados com valores absolutos, o que só permitiu ter uma visão mais generalista sobre o assunto. Por isso, fez-se necessário a utilização de fórmulas matemáticas, chamadas taxas de incidência, para se chegar a uma informação mais correta sobre crescimento ou redução dos acidentes por cada variável. Conforme a Previdência social apresenta em seu site, esse modelo de taxa é uma das formas de se medir e comparar a frequência com que certa variável aparece.

Para mais esclarecimentos, procure no Capítulo da Metodologia os detalhes das fórmulas utilizadas para o cálculo das taxas apresentadas neste estudo.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para esta análise dos acidentes de trajeto no Brasil, utilizou-se dentre outros, principalmente, as informações coletadas junto ao bando de dados do INSS e Ministério da Previdência Social.

Com foco apenas nos acidentes de trajeto, de 2009 a 2015, foram utilizadas desta base de dados, as estatísticas dos Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS ano) e dos Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho (AEAT ano) disponibilizadas pelo dispositivo Infologo no site da Previdência Social. O Infologo é uma ferramenta que reúne todos os dados ligados à Previdência Social e gera estatísticas, tabelas, planilhas e gráficos, com divisões por tipo de acidente, município, ano, estados, faixas etárias e outras variáveis de interesse. É uma excelente ferramenta de pesquisa para o estudo da saúde ocupacional (BRASIL, 2014).

Primeiramente, comparou-se a evolução dos acidentes com a evolução do número de trabalhadores registrados no país.

Tabela 1 - Evolução dos acidentes de trajeto, total de acidentes de trabalho e número de empregados registrados. Brasil, 2009-2015.

Motivo/Situação 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Dif. % 2009-2015 Trajeto-Com Cat 90.180 95.321 100.897 103.040 112.183 116.230 106.039 +17,58 Total 733.365 709.474 720.629 713.984 725.664 712.302 612.632 -16,46 Nº de trabalhadores 45.193.098 48.649.216 51.681.597 53.912.656 55.687.889 56.576.291 54.775.531 +12,12

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Essa tabela apresenta a evolução de 2009 a 2015, do número de acidentes de trajeto na linha “Trajeto-Com Cat”, a evolução do número total de acidentes na linha “Total” e a evolução do número de trabalhadores registrados no país.

Nota-se um aumento constante do nº de trabalhadores até 2014, de 25%. Porém, em 2015, houve uma diminuição de 3%, muito provavelmente devido à crise que assolou o país naquele ano, fazendo com que milhares de brasileiros perdessem seus empregos (G1, 2015), o que refletiu sobre os números nos acidentes de trabalho.

Na linha “Total”, os valores se mantêm praticamente constantes, apenas com uma leve queda de 2,9%, até 2014. Já em 2015, comparado com 2009, há uma queda de 16%. Como esse percentual não acompanha o do nº de trabalhadores, pode-se afirmar que

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realmente houve uma queda mais acentuada no nº de acidentes do trabalho por motivo ainda a esclarecer. Uma hipótese para este resultado pode ter sido a redução mais acentuada do número de trabalhadores em atividades com maior risco de acidentes, impactando de forma mais significativa a redução observada.

Por outro lado, os acidentes de trajeto aumentaram no mesmo período, exceto entre 2014 e 2015, quando houve uma diminuição de 8,7%. A observação da sua evolução entre 2009 a 2015, indicou um aumento de quase 18% em sua ocorrência, ao contrário da diminuição do nº total de acidentes do trabalho. Em 2009, os acidentes de trajeto representavam 12% dos acidentes registrados, atingindo 17% em 2015. Se mantiver esta taxa de aumento, de quase 1% ao ano, os acidentes de trajeto serão responsáveis por quase 25% dos acidentes registrados no país na próxima década.

3.1 ACIDENTES DE TRAJETO POR GRANDES REGIÕES

Como já indicado acima, ao contrário do nº total de acidentes do trabalho no Brasil, os acidentes de trajeto aumentaram no período estudado. A distribuição dos acidentes de trajeto por grandes regiões brasileiras neste período pode indicar se esta redução foi homogênea ou se concentrou em alguma região em relação às demais. Abaixo, está apresentada, em números absolutos, os acidentes de trajeto no Brasil distribuídos pelas grandes regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul).

Tabela 2 - Acidentes de trajeto com CAT segundo ano de ocorrência e grandes regiões. Brasil, 2019-2015.

Grandes Regiões 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total

Dif. % 2009-2015 BRASIL 90.180 95.321 100.897 103.040 112.183 116.230 106.039 723.890 +17,58 NORTE 3.078 3.443 3.807 4.095 4.327 4.614 4.097 27.461 +33,10 NORDESTE 9.519 10.602 11.491 11.913 12.791 13.480 12.092 81.888 +27,03 SUDESTE 52.720 55.428 58.760 60.612 65.835 67.808 61.882 423.045 +17,23 SUL 17.619 18.230 18.947 18.417 20.097 21.077 19.663 134.050 +11,60 CENTRO-OESTE 7.244 7.618 7.892 8.003 9.133 9.251 8.305 57.446 +14,64

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Já se sabe que os acidentes de trajeto cresceram em todos os anos estudados e em todas as regiões. Considerando o total de acidentes de trajeto no período estudado, o Gráfico 2 apresenta a proporção de acidentes ocorridos em cada região:

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Com mais da metade e quase 60% de todos os registros de acidentes de trajeto do país, fica claro que a região sudeste teve grande contribuição para o total de acidentes ocorridos entre 2009 e 2015. No entanto, pelo fato de estarmos trabalhando com valores absolutos, a análise da evolução do risco de se acidentar no trajeto em cada região não pode ser feita sem considerar a variação anual no número de trabalhadores vinculados à previdência social em cada ano. Para chegar à taxa e neutralizar o efeito das diferentes populações sob risco de acidente em cada ano e região, o número de acidentes foi dividido pelo número de trabalhadores exposto ao risco em cada ano e região, e este resultado foi multiplicado por uma constante (normalmente 1000) que permite a comparação direta entre as taxas calculadas.

Portanto, é necessário que conheçamos a quantidade de trabalhadores em cada região e em cada ano estudado.

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Tabela 3 – Número médio de vínculos com a Previdência Social segundo ano e grande região. Brasil, 2009-2015. Grandes Regiões 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média 2009-2015 BRASIL 33.896.431 36.784.540 39.527.166 41.936.780 42.857.802 43.848.546 43.061.571 40.273.262 NORTE 1.570.862 1.748.311 1.922.268 2.132.919 2.128.991 2.172.671 2.130.326 1.972.335 NORDESTE 5.519.932 6.111.708 6.657.262 7.226.051 7.283.850 7.553.618 7.477.392 6.832.830 SUDESTE 18.052.272 19.482.325 20.840.201 21.909.564 22.366.614 22.736.148 22.210.603 21.085.390 SUL 6.121.356 6.585.305 7.026.734 7.358.854 7.610.553 7.805.289 7.694.538 7.171.804 CENTRO-OESTE 2.573.612 2.795.519 3.018.119 3.247.265 3.391.822 3.500.917 3.475.967 3.143.317

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Utilizando os valores das tabelas 2 e 3, foi possível calcular a taxa de incidência de acidentes de trajeto no Brasil por região no período estudado conforme procedimentos já detalhados no capítulo da metodologia.

Tabela 4 – Taxa de Incidência de acidentes de trajeto segundo grande região. Brasil, 2009-2015.

Grandes Regiões 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média

2009-2015 BRASIL 2,66 2,59 2,55 2,46 2,62 2,65 2,46 2,57 NORTE 1,96 1,97 1,98 1,92 2,03 2,12 1,92 1,99 NORDESTE 1,72 1,73 1,73 1,65 1,76 1,78 1,62 1,71 SUDESTE 2,92 2,85 2,82 2,77 2,94 2,98 2,79 2,87 SUL 2,88 2,77 2,70 2,50 2,64 2,70 2,56 2,67 CENTRO-OESTE 2,81 2,73 2,61 2,46 2,69 2,64 2,39 2,61

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

A tabela 4 apresenta os valores da incidência de acidentes de trajeto, possibilitando uma análise mais precisa sobre o assunto. Nota-se, portanto, uma incidência maior nas regiões sudeste, sul e centro-oeste. Essas três regiões apresentaram incidência de acidentes de trajeto cerca de 40% maior quando comparadas às regiões norte e nordeste.

Como o número de acidentes de transporte e de trajeto tem, entre outros motivos, relação direta com o número de automóveis em circulação em cada região, apresentamos uma estatística do noticiário divulgado pelos meios de comunicação com informações relacionadas com o número de veículos em cada região.

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Figura 2 - Frota de automóveis segundo grandes regiões. Brasil, 2013.

Fonte: G1 (2014)

Pela figura 2, nota-se boa concordância entre maior número de casos e o maior número de veículos em circulação nessas regiões.

3.2 ACIDENTES DE TRAJETO PELO TOTAL DE ACIDENTES DO TRABALHO

Além de comparar os acidentes de trajeto com o número total de trabalhadores registrados, a comparação destes com o número total de acidentes de trabalho registrados no Brasil permite uma análise da participação dos acidentes de trajeto no total de acidentes de trabalho registrados em cada região assim como uma comparação da evolução desta proporção no período estudado total de acidente de trabalho.

Tabela 5 – Evolução da proporção percentual dos acidentes de trajeto em relação ao número total de acidentes de trabalho segundo grandes regiões e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015.

Grandes Regiões 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média

2009-2015 BRASIL 12 13 14 14 15 16 17 15 NORTE 10 12 12 13 14 14 15 13 NORDESTE 10 12 12 13 15 15 17 13 SUDESTE 13 15 15 16 17 18 19 16 SUL 11 12 12 12 13 13 14 12 CENTRO-OESTE 14 16 16 16 18 18 19 17

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A tabela 5 mostra uma evolução de crescimento quase constante todos os anos e em todas as regiões, o que é preocupante.

Gráfico 3 – Proporção percentual dos acidentes de trajeto em relação ao número total de acidentes de trabalho segundo grandes. Brasil, 2009-2015

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Também apresenta na coluna “Média”, a região centro-oeste com a maior incidência de acidentes de trajeto pelo número total de acidentes de trabalho, com o sudeste vindo logo em seguida.

3.3 ACIDENTES DE TRAJETO PELA FAIXA ETÁRIA

Outra possibilidade de descrição da ocorrência dos acidentes de trajeto é a sua distribuição segundo a faixa etária mais envolvida com os mesmos.

Uma reportagem de O GLOBO (2017), sobre o envelhecimento da população informou que o envelhecimento da população brasileira é um processo acelerado que afeta não só a população em geral, mas também a classe trabalhadora.

Segundo esta reportagem, entre 2012 e 2016, o número de pessoas com 60 anos ou mais, cresceu 16%, enquanto que o número de crianças de 0 a 13 anos caiu 6,7%, o que confirma uma tendência consistente de envelhecimento da população.

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Gráfico 4 – Projeção para a evolução da pirâmide etária da população. Brasil, 2013-2060

Fonte: IBGE (2013)

Este processo, denominado de transição demográfica, decorre de vários fatores, mas especialmente da redução das taxas de fertilidade e da mortalidade infantil, tendo como cenário uma melhor qualidade de vida para uma parcela cada vez maior de brasileiros (G1, 2017). Esse envelhecimento da população resulta em uma constante diminuição dos casos de acidentes de trajeto nos trabalhadores mais jovens e um aumento nos trabalhadores mais velhos (BRASIL, 2018).

Tabela 6 - Número de trabalhadores com vínculo com a previdência social segundo grande região, faixa etária e ano. Brasil, 2009-2015.

Idade 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média Até 19 anos 1.105.171 1.202.327 1.495.730 1.682.371 1.770.364 1.699.112 1.584.782 1.505.694 20 a 24 anos 4.977.104 5.195.959 5.518.637 5.749.038 6.043.572 5.929.658 5.738.755 5.593.246 25 a 29 anos 6.305.606 6.712.571 6.983.432 7.142.585 7.310.584 7.330.896 6.996.404 6.968.868 30 a 34 anos 5.445.469 5.953.303 6.479.746 6.964.992 7.163.698 7.228.067 7.093.852 6.618.447 35 a 39 anos 4.335.272 4.677.035 5.032.349 5.392.041 5.660.371 5.922.466 6.012.007 5.290.220 40 a 44 anos 3.628.646 3.861.510 4.094.895 4.353.576 4.449.600 4.624.986 4.661.604 4.239.260 45 a 49 anos 2.879.519 3.129.477 3.376.018 3.590.463 3.688.761 3.788.377 3.781.687 3.462.043 50 a 54 anos 1.955.108 2.157.124 2.345.326 2.550.364 2.680.970 2.852.025 2.922.963 2.494.840 55 a 59 anos 1.098.354 1.228.113 1.381.491 1.538.982 1.643.190 1.758.809 1.832.388 1.497.332 60 a 64 anos 458.454 526.430 597.729 688.333 742.808 823.168 871.510 672.633 65 a 69 anos 141.627 156.877 180.179 211.317 233.378 262.449 289.745 210.796

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Com os dados da tabela 6, foi gerado este gráfico, onde fica claro o envelhecimento da população trabalhadora no Brasil.

Gráfico 5 - Evolução da idade dos trabalhadores no Brasil

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Tabela 7 - Número de acidentes de trajeto por faixa etária

Idade 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Até 19 Anos 3.440 3.780 4.043 4.031 4.502 4.492 3.721 20 a 24 Anos 17.716 18.690 19.298 18.892 19.814 19.935 17.731 25 a 29 Anos 19.387 20.147 20.895 20.418 22.221 22.794 19.933 30 a 34 Anos 14.841 16.065 17.358 18.203 20.317 20.886 18.996 35 a 39 Anos 11.012 11.498 12.346 13.256 14.580 15.478 14.806 40 a 44 Anos 8.626 8.965 9.433 9.862 10.385 11.295 10.515 45 a 49 Anos 6.781 7.157 7.662 7.855 8.512 8.793 8.058 50 a 54 Anos 4.678 5.013 5.272 5.595 6.140 6.502 6.281 55 a 59 Anos 2.490 2.666 3.014 3.215 3.704 3.863 3.857 60 a 64 Anos 909 1.032 1.150 1.272 1.457 1.604 1.534 65 a 69 Anos 215 206 277 337 387 423 448

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

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Tabela 8 – Frequência de acidentes de trajeto segundo faixa etária e anos selecionados. Brasil, 2009 e 2014.

Acidentes de Trajeto Número de Trabalhadores

Idade 2009 2014 2009-2014 2009 2014 2009-2014 Até 19 Anos 3.440 4.492 30,58% 1.105.171 1.699.112 53,74% 20 a 24 Anos 17.716 19.935 12,53% 4.977.104 5.929.658 19,14% 25 a 29 Anos 19.387 22.794 17,57% 6.305.606 7.330.896 16,26% 30 a 34 Anos 14.841 20.886 40,73% 5.445.469 7.228.067 32,74% 35 a 39 Anos 11.012 15.478 40,56% 4.335.272 5.922.466 36,61% 40 a 44 Anos 8.626 11.295 30,94% 3.628.646 4.624.986 27,46% 45 a 49 Anos 6.781 8.793 29,67% 2.879.519 3.788.377 31,56% 50 a 54 Anos 4.678 6.502 38,99% 1.955.108 2.852.025 45,88% 55 a 59 Anos 2.490 3.863 55,14% 1.098.354 1.758.809 60,13% 60 a 64 Anos 909 1.604 76,46% 458.454 823.168 79,55% 65 a 69 Anos 215 423 96,74% 141.627 262.449 85,31%

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

A comparação apresentada acima não levou em consideração os dados de 2015 por não representarem a realidade devido à crise econômica, que afetou de forma diferente as faixas etárias. Desconsiderando a faixa etária de “até 19 anos”, que apresentou um comportamento sem padrões específicos, a análise da evolução da frequência dos acidentes de trajeto em cada grupo etário, indicou que seu crescimento acompanhou o envelhecimento dos trabalhadores.

Pode-se notar também que o maior número de acidentes de trajeto se concentrou nos jovens de 20 a 30 anos, assim como nos acidentes de trânsito em geral. Como esses são números absolutos, sujeitos ao viés do tamanho diferente de cada grupo etário, para se conseguir informações mais comparáveis calculamos as taxas de incidência por faixa etária conforme detalhado no capítulo da metodologia.

Assim, temos:

Tabela 9 - Incidência de acidentes de trajeto pelo número total de trabalhadores segundo ano e faixa etária. Brasil, 2009-2014.

Idade 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Até 19 Anos 3,11 3,14 2,70 2,40 2,54 2,64 20 a 24 Anos 3,56 3,60 3,50 3,29 3,28 3,36 25 a 29 Anos 3,07 3,00 2,99 2,86 3,04 3,11 30 a 34 Anos 2,73 2,70 2,68 2,61 2,84 2,89 35 a 39 Anos 2,54 2,46 2,45 2,46 2,58 2,61 40 a 44 Anos 2,38 2,32 2,30 2,27 2,33 2,44

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45 a 49 Anos 2,35 2,29 2,27 2,19 2,31 2,32

50 a 54 Anos 2,39 2,32 2,25 2,19 2,29 2,28

55 a 59 Anos 2,27 2,17 2,18 2,09 2,25 2,20

60 a 64 Anos 1,98 1,96 1,92 1,85 1,96 1,95

65 a 69 Anos 1,52 1,31 1,54 1,59 1,66 1,61

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Como apresentado na tabela 9, a maior taxa de incidência de acidentes de trajeto ocorreu na faixa de 20 a 24 anos. Porém, diferentemente da tabela 10, que apresentou dados absolutos, nota-se na análise das taxas que conforme a população pesquisada envelhece, o número de casos diminui, em uma taxa quase constante em todo o período estudado.

3.4 ACIDENTES DE TRAJETO POR GÊNERO

Outra variável que pode caracterizar melhor o impacto dos acidentes de trabalho na população de trabalhadores é avaliar a sua distribuição segundo o gênero. Muito se sabe sobre as diferenças psicofisiológicas entre homens e mulheres, que vão desde capacidade analítica à sensibilidade emocional. Essas diferenças também são representadas e podem ser observadas no trânsito, na maneira como homens e mulheres dirigem seus veículos (IBGE, 2013).

As estatísticas de trânsito mostram que os homens são responsáveis por 71% dos acidentes de trânsito no país, enquanto as mulheres participam de apenas 11%. Isso se dá, porque as mulheres dirigem de forma mais cautelosa, menos agressiva, o que faz com que respeitem mais as leis de trânsito. Ao contrário, os homens são mais agressivos, infringem mais as leis de trânsito e normalmente dirigem acima da velocidade (G1, 2014).

A distribuição dos acidentes de trajeto segundo o sexo pode ser observada na tabela a seguir:

Tabela 10 - Acidentes de trajeto segundo gênero e ano de ocorrência. Brasil, 2009-2015.

Gênero 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total %

Masculino 58.859 61.907 64.471 64.740 69.802 71.458 63.635 454.872 62,83

Feminino 31.321 33.414 36.426 38.299 42.380 44.770 42.404 269.014 37,16

Total 90.180 95.321 100.897 103.040 112.183 116.230 106.039 723.890 100

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Pode-se notar um constante crescimento no número de casos de acidente de trajeto de 2009 a 2014, tanto de homens como de mulheres, a não ser 2015, justificado pela crise

(45)

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econômica no período, conforme já apresentado. Considerando os números absolutos, entre 2009 e 2014 houve um aumento de 21% dos acidentes de trajeto no sexo masculino e de quase 43% no sexo feminino. Entretanto este crescimento pode ser motivado pelo aumento no número de trabalhadores do gênero feminino no período estudado (G1, 2014). É necessário que se calcule a taxa de incidência para uma análise mais acurada.

Assim, tem-se:

Tabela 11 – Taxa de Incidência de acidentes de trajeto segundo o gênero e o ano de ocorrência. Brasil, 2009-2014.

Gênero 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média

Masculino 2,98 2,92 2,85 2,72 2,86 2,90 2,64 2,83

Feminino 2,48 2,45 2,44 2,37 2,49 2,62 2,39 2,46

Fonte: Previdência Social (2018, adaptado pelo autor)

Nota-se que entre 2009 e 2012, a incidência teve uma queda constante para os dois gêneros. Em 2013 e 2014, voltou a crescer, atingindo o mesmo patamar de 2009. Agora analisando as taxas de crescimento da incidência de 2009 a 2014, as mulheres tiveram um aumento de 5,5%, enquanto os homens, uma queda de 2,5%. A média das taxas do período indicou risco menor de acidentes de trajeto entre trabalhadoras mulheres (2,46) em relação aos trabalhadores do sexo masculino (2,83) no período estudado. Por outro lado, a evolução indicada pode ser um reflexo do modo de vida das mulheres na nossa sociedade. A cada dia, há um aumento de mulheres trabalhando fora, dirigindo e alcançando cargos de maior responsabilidade dentro das empresas, o que gera, consequentemente, um aumento do estresse (G1, 2014).

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