Formas de extinção do Contrato de Trabalho
GLAUCIANA DE ARAUJO SOARES
Gama, DF, 2022.
CENTRO UNIVERSITÁRIO APPARECIDO DOS SANTOS - UNICEPLAC
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S676f
Soares, Glauciana de Araujo.
Formas de extinção do Contrato de Trabalho. Gama, DF:
UNICEPLAC, 2022.
60 p.
1. Contrato trabalhista. 2. Trabalho. 3. CLT. I. Título.
CDU: 658.3
O QUE VEREMOS:
Em nossos estudos, exploraremos, no campo do Direito do Trabalho:
Formas de rescisão de Contrato de Trabalho por vontade das partes:
▪ Dispensa sem justa causa;
▪ Dispensa com justa causa;
▪ Pedido de demissão;
▪ Rescisão Indireta
Outras hipóteses de extinção - Culpa Recíproca;
- Força Maior;
- Morte das partes.
TERMINOLOGIA E VERBAS RESCISÓRIAS
A CLT usa indistintamente os termos rescisão, cessação,
terminação e dissolução para as mais diversas formas de
extinção do contrato de trabalho. O termo consagrado pela
prática é rescisão do contrato de trabalho,
independentemente da modalidade extintiva.
Formas de Extinção do Contrato de
Trabalho
O que é Rescisão de Contrato de Trabalho CLT?
A rescisão do contrato de trabalho é a formalização por
parte do empregador do término do vínculo entre as partes,
que determina o fim da relação trabalhista, que pode ser
por vontade do empregador ou do colaborador.
Classificações da rescisão do contrato trabalhista
• Sem justa causa: A iniciativa é feita por parte do empregador, onde não existe mais interesse na continuação dos serviços prestados pelo colaborador.
• Com justa causa: O contrato de trabalho sofre rescisão devido a um ato faltoso, previsto no Art. 482 – CLT, e que devido a gravidade, foi necessário o rompimento do vínculo empregatício.
• Rescisão indireta: Normalmente ocorre quando o empregador não cumpre com todos os termos previstos no contrato de trabalho. E pode ocorrer também em situações onde o colaborador sofre danos morais ou corre risco de vida no exercício da profissão.
• Acordo entre partes: um formato que surgiu com a Reforma Trabalhista, e está prevista através do Art. 484-A – CLT, e ocorre quando ambas as partes concordam com o término do contrato.
O que diz a Lei sobre a rescisão de contrato de trabalho ?
A rescisão contratual está prevista na CLT, através dos Artigos 477 e 478, conforme citações abaixo:
Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
Como funciona a rescisão de contrato de trabalho
A rescisão de contrato de trabalho é a formalização do fim do vínculo empregatício, ou seja, aponta o término da relação de trabalho por vontade do empregado ou do empregador.
Classificações para rescisão de contrato de trabalho, tanto das empresas, como dos profissionais:
• Sem justa causa;
• Por justa causa;
• Rescisão Indireta e,
• Acordo Mútuo.
Classificações para rescisão de
contrato de trabalho
COM Justa Causa
Quando ocorre falta grave por parte do trabalhador, é o momento de refletir sobre a rescisão do contrato de trabalho por justa causa.
Neste caso, o empregador deve ter a certeza absoluta das intenções do trabalhador, buscar informações e coletar provas de que houve intenção faltosa. Em alguns casos, o trabalhador não sabia das consequências de seus atos e, por isso, é
importante que exista segurança por parte do empregador quando aplicar uma penalidade tão grave como a justa causa. O empregado pode cometer mais de um motivo de justa causa.
Outro fator importante é o trabalhador ser reincidente ou não. O empregador deve buscar no prontuário profissional do trabalhador verificar se houve outras penalidades disciplinares e analisar sua história na empresa. Somente assim a empresa terá́ recursos e apoio legal suficientes.
DEMISSÃO COM JUSTA CAUSA – PREVISTAS NO ART. 482, CLT
1. Ato de improbidade – atente contra a confiança estabelecida e possa causar danos ao patrimônio da empresa;
1. Incontinência de conduta ou mau procedimento – condutas incompatíveis com o ambiente de trabalho, ex: acesso a site pornográfico. O mau procedimento é a conduta desrespeitosa no ambiente de trabalho;
3. Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador – concorrência que incorra riscos para a própria empresa;
DEMISSÃO COM JUSTA CAUSA – PREVISTAS NO ART. 482, CLT
4. Condenação criminal do empregado – condenação transitada em julgado.
5. Desídia no desempenho das respectivas funções – quando o empregado não desempenha suas funções (negligenciando-as);
6. Embriaguez habitual ou em serviço – Não se aplica aos que se encontram em estado de alcoolismo (doença);
7. Violação de segredo da empresa;
8. Ato de indisciplina ou de insubordinação – indisciplina (ferir regras coletivas), já a insubordinação deixar de atender a uma ordem superior (pessoal);
DEMISSÃO COM JUSTA CAUSA – PREVISTAS NO ART. 482, CLT
9. Abandono de emprego;
10. Ato lesivo da honra ou boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa – caluniar ou difamar um colega de trabalho;
11. Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas – violência física;
12. Prática constante de jogos de azar – vícios.
SEM JUSTA CAUSA
Demissão sem justa causa: o que é?
A demissão sem justa causa é
uma categoria de desligamento em
que o trabalhador é despedido
sem motivo legal. Portanto, aempresa deve recompensá-lo com
benefícios para manter o processo
de desligamento de acordo com
as
regras trabalhistas.O que diz a lei sobre a demissão sem justa causa?
Art. 477 CLT – É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa”.
Quais as regras?
A empresa
não precisa explicar o motivo da decisão de demitir
um funcionário, mas devenotificar o funcionário com antecedência – 30
dias previamente – ou pagar pelo aviso prévio.
Verbas rescisória, são elas:
• saldo de salário dos dias trabalhados;
• aviso prévio indenizado;
• aviso prévio indenizado proporcional;
• férias proporcionais, acrescidas de 1/3 constitucional;
• décimo terceiro proporcional;
• multa de 40% referente ao FGTS;
•
seguro-desemprego;•
saldo do FGTS.RESCISÃO INDIRETA
Rescisão Indireta
Considera-se despedida indireta a falta grave praticada pelo empregador em relação ao empregado que lhe preste serviço.
A falta grave, neste caso, é caracterizada pelo não cumprimento da lei ou das condições contratuais ajustadas por parte do empregador.
A despedida indireta é assim denominada porque a empresa ou o empregador não demite o empregado, mas age de modo a tornar impossível ou intolerável a continuação da prestação de serviços.
Demissão com Justa Causa
Demissão COM Justa Causa
O artigo 482 da Consolidação das leis trabalhistas (CLT)
nos ensina treze motivos graves que autorizam a demissão
do empregado por justa causa.
Requisitos para a justa causa
Primeiramente, o empregador não pode utilizar nenhum motivo para a justa causa que não esteja expressamente mencionado no artigo 482 da CLT. (na lista do tópico acima).
Qualquer interpretação deve seguir uma linha restritiva,
exatamente para evitar dispensas arbitrárias. Além disso,
dois requisitos são de extrema importância e devem ser
observados:
Requisitos
• Requisito temporal: a relação de causa e efeito deve estar muito clara. Para tanto, a punição deve ser na sequência ou logo após o cometimento da falta, ou ela se perderá no tempo, podendo ser só mais um trunfo na hora do descontentamento com o empregado;
• Requisito de gravidade: faltas leves devem ser punidas
levemente, com proporcionalidade e adequação.
ACORDO MÚTUO
RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO POR MÚTUO ACORDO, COM A REFORMA TRABALHISTA – LEI
13.467/17
A Lei 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, acrescentou à CLT uma nova modalidade de rescisão contratual: a rescisão por mútuo acordo entre empregado e empregador.
Nos termos do artigo 484-A, nesta modalidade de rescisão – por mútuo acordo, o empregado tem direito ao percebimento das seguintes verbas trabalhistas: (a) metade do aviso prévio, se indenizado; (b) metade da multa rescisória (20%), sobre o saldo do FGTS prevista no parágrafo 1º do artigo 18 da Lei 8.036/1990; (c) todas as demais verbas trabalhistas rescisórias, como saldo de salário, férias vencidas e proporcionais indenizadas, 13º salário, dentre outros; (d) saque de 80% do saldo do FGTS.
Cabe ressaltar que esta hipótese de extinção do contrato não autoriza a habilitação do empregado para recebimento do seguro desemprego. Outro destaque necessário, é
sobre o prazo estabelecido no artigo 477, §6º da CLT, cujo
texto da nova lei não impôs qualquer alteração.
VERBAS RESCISÓRIA:
VERBAS RESCISÓRIAS
Verbas rescisórios - definição
verbas rescisórias ou parcelas rescisórias designam, no
cotidiano trabalhista, todas aquelas rubricas normalmente
pagas ao empregado quando da extinção do contrato de
trabalho, como o saldo de salários, o décimo terceiro
proporcional, as férias (vencidas, simples e proporcionais)
etc.
Saldo de salário
Saldo de salários
é o montante devido pelo empregador ao empregado, referente aos
dias trabalhados no mês da rescisão.Exemplo: Bernardo, contratado por prazo indeterminado, recebia R$ 900,00 por mês e foi dispensado no dia 20.01.2011. Neste caso, terá direito ao pagamento do saldo de salários correspondente aos vinte dias trabalhados, calculado da seguinte forma: R$ 900,00 ÷ 30 dias = R$
30,00 por dia trabalhado → Saldo de salários = R$ 30,00 x
20 dias = R$ 600,00.
Férias
As
fériasnão gozadas ao longo do contrato de trabalho são
indenizadasquando da extinção contratual. Recorde- se que não existe pagamento de férias (gozadas ou indenizadas, simples ou em dobro) sem o respectivo terço constitucional. Assim dispõe a Súmula 328 do TST:
Súm. 328. Férias. Terço constitucional (mantida). Res.
121/2003,
DJ19, 20 e 21.11.2003.
O pagamento das férias, integrais ou proporcionais,
gozadas ou não, na vigência da CF/1988, sujeita-se ao
acréscimo do terço previsto no respectivo art. 7º, XVII.
Existem três modalidades de férias que podem ser pagas na rescisão, conforme o
caso:
a)férias vencidas, assim consideradas aquelas já adquiridas e não concedidas durante o período concessivo, as quais devem ser pagas em dobro quando da extinção contratual;
b)férias simples, que são aquelas já adquiridas, mas ainda não exigíveis, hipótese em que a extinção contratual se deu durante o período concessivo correspondente. Neste caso, o pagamento das férias será simples (férias + 1/3, sem a dobra);
c)férias proporcionais, ou seja, ainda não adquiridas (a extinção ocorre durante o período aquisitivo), devidas à razão de 1/12 para cada mês (ou fração igual ou superior a 15 dias) trabalhado durante o período aquisitivo. As férias proporcionais são devidas em qualquer modalidade rescisória, exceto na dispensa por justa causa.
Décimo terceiro
Décimo terceiro proporcional pago na rescisão corresponde
ao valor adquirido ao longo dos meses trabalhados no ano
em curso. Como o décimo terceiro é pago em dezembro de
cada ano, inicia-se um novo período aquisitivo sempre em
janeiro, independentemente da data de aniversário do
contrato de trabalho. Para cada mês trabalhado, ou fração
igual ou superior a 15 dias, o empregado adquire o direito a
1/12 a título de décimo terceiro proporcional.
Vamos Praticar!
As formas de rescisão do contrato de trabalho podem ser classificadas em: Dispensa por justa causa, Dispensa sem justa causa Pedido de demissão, Rescisão indireta e Rescisão por culpa recíproca.
Podemos afirmar:
A) Dispensa por justa causa causada pelo empregado - Ocorre quando o empregado comete faltas graves, em casos de desonestidade ou má conduta, indisciplina, negligência, abandono do emprego, violação de segredo da empresa, embriaguez em serviço, agressão física e à honra contra colegas, chefe e empregador, entre outras, como previsto no art. 482 da CLT. Nesse caso, o empregado só recebe o saldo de salário e os períodos de férias vencidas.
B) Pedido de demissão - Ocorre quando o empregado quer deixar o emprego. Nesse caso, algumas verbas rescisórias são devidas apenas pela metade, sendo elas: multa do FGTS, aviso prévio indenizado, 13° salário proporcional e férias proporcionais acrescidas de 1/3, mas tem direito ao seguro desemprego.
C) Dispensa por justa causa - Ocorre quando o fim do contrato se dá por vontade única do empregador.
Nessas circunstâncias, o empregado tem direito ao aviso prévio, férias vencidas, acrescidas de 1/3, férias proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, saldo de salário, além de multa de 40% sobre o FGTS, que é a penalidade para a dispensa imotivada.
D) Dispensa sem justa causa - Ocorre quando o fim do contrato se dá por vontade única do empregado.
Desta forma, o empregado tem direito a férias vencidas, férias proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, saldo de salário. Tem direito também de sacar os depósitos do FGTS. O empregado não tem direito ao seguro-desemprego.
Obrigada!
Glauciana.soares@uniceplac.edu.br